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Flávia Licia Mendes de Assis 1 Sistema Gustativo e olfatório 1- Caracterizar as suas estruturais A olfação e a gustação são formas de quimiorrecepção, um dos sentidos mais antigos na perspectiva evolutiva. - Há três sistemas sensoriais associados o olfato, a gustação e o sistema quimiossensorial trigeminal-dedicados à detecção de substâncias químicas no ambiente, por meio de receptores que interagem com moléculas relevantes no meio; I. O sistema olfatório detecta moléculas presentes no ar denominadas odorantes. Os odorantes fornecem informações sobre si, ambiente, alimentos e substâncias nocivas ou irritantes. II. O sistema gustatório detecta o gosto de moléculas hidro ou lipossolúveis. Os gostos fornecem informações adicionais sobre a qualidade, a quantidade, o prazer e a segurança acerca do alimento ingerido; III. O sistema trigeminal oferece informação sobre moléculas irritantes ou nocivas que entram em contato com a pele ou com as mucosas dos olhos, da boca e do nariz; 1.1 Gustativo Além da língua, outras áreas da boca, como o palato, a faringe e a epiglote, também estão envolvidas no processo de gustação; - Os aromas do alimento que estamos consumindo também passam pela faringe rumo à cavidade nasal, onde podem ser detectados pelos receptores olfativos. LÍNGUA As papilas gustatórias são protuberâncias cercadas por invaginações do epitélio lingual que formam valas, para concentrar as moléculas estimulantes gustatórias. - Cada papila tem de um a várias centenas de botões gustativos, que são classificadas quanto a sua forma em: foliadas (bordas laterais), circunvaladas (base) e fungiformes (dorso e extremidade anterior); - Os estímulos químicos chegam primeiro aos receptores das papilas fungiformes e, então, os receptores das papilas foliadas, circunvaladas e por ultimo os botões na faringe, na laringe e no esôfago superior. BOTÕES GUSTATIVOS Os botões gustatórios, os sítios para as células receptoras gustatórias, estão distribuídos ao longo da superfície lateral das papilas, bem como das paredes; - O sistema gustatório percebe cinco tipos de estímulos: salgado, azedo, doce, amargo e umami (provocado por glutamato de sódio ou outros aminoácidos encontrados em alimentos ricos em proteínas); Obs: Baixas concentrações, misturas de substâncias podem provocar sensações gustatórias novas, porque em baixas concentrações, a resposta protetora a gostos aversivos pode ser ignorada, levando as pessoas a adquirir preferência por uma variedade de gostos azedos e amargos, como o limão e a quinina. Receptores: Cada um dos cinco gostos primários corresponde a classes diferentes de receptores proteicos expressos em conjuntos de células gustatórias. Estrutura Poro gustativo: Orifício próximo à superfície da língua, onde as substâncias gustatórias solubilizadas são concentradas e apresentadas diretamente aos receptores celulares; Células gustatórias (Não são consideradas neurônio): Estão reunidas em torno do poro gustativo; Na superfície apical das células receptoras possui microvilosidades que estão orientadas para o poro gustatório; As células gustatórias são células epiteliais polarizadas com uma região apical e outra basal, separadas por junções oclusivas; Contém também, os canais iônicos de transdução (para salgado e azedo) e os receptores acoplados a proteínas G (para doce, umami e amargo) restritos ao domínio apical. Na base das células fazem sinapses com os terminais do axônios gustativos aferentes. Células basais e regeneração Flávia Licia Mendes de Assis 2 As células gustatórias têm um tempo de vida em torno de duas semanas, provavelmente por exposição a agentes infecciosos e toxinas). Elas aparentemente são regeneradas a partir das células basais, que são células-tronco mantidas na língua madura. - Esse processo depende da influência do nervo sensorial, porque, se o nervo for cortado, o botão gustativo degenerará. 1.2 Olfativo Cheiramos com uma pequena e fina camada de células no olfato da cavidade nasal, denominada epitélio olfativo. EPITÉLIO OLFATIVO - Uma camada de neurônios e células de suporte que revestem aproximadamente metade da cavidade nasal; Possui três tipos de células principais: as células receptoras olfativas (locais da transdução), células de suporte (produção de muco) e células basais (fonte de novos receptores). Muco: - Secretado pelas glândulas de Bowman e células epitepiais - É totalmente renovado a cada 10 min - Permitem o contato dos odorantes com o epitélio olfatório, por meio da dissolução das moléculas odorantes. - Contém: Mucopolissacarídeos, Anticorpos, Enzimas, que garantem proteção inicial, prendendo e neutralizando agentes químicos potencialmente perigosos. -Além de proteínas capazes de se ligar a odorantes, captando os odorantes lipossolúveis e facilitando o seu contanto com a membrana dos quimiorreceptores. Neurônio receptor olfativo: São células bipolares, onde na superfície apical originam um único processo que se expande em uma saliência arredondada (botão dendrítico) de onde várias microvilosidades, denominadas cílios olfativos, se estendem dentro de uma espessa camada de muco. O axônio dessas células atravessam a membrana basal, a lamina crivosa até o glomérulo no bulbo olfatório Obs: Totalmente renovada em cada 6 a 8 semanas pela proliferação e diferenciação das células basais. Glomérulo Onde as fibras olfatórias receptoras fazem sinapses axodentriticas com as fibras olfatórias tufosas e mitrais. Bulbo olfatório O bulbo olfatório fica posicionado dentro do crânio, bem no ponto onde as fibras primárias atravessam a placa crivosa. No bulbo estão situados as células mitrais e em tufo projetam- se do bulbo olfatório pelo trato olfatório), bem como interneurônios (células granulares e periglomerulares) que realizam os primeiros estágios de processamento da informação transduzidas pelos receptores e levada ao encéfalo. ASPECTOS DAS PROTEÍNAS RECEPTORAS E AS SUBSTÂNCIAS ODORÍFERAS - Na superfície das células há varios tipos de proteínas receptoras para discriminar as milhares de substâncias odoríferas; Obs: Nós temos aprox. 350 genes que codificam as proteínas dos receptores. Cada gene de receptor tem uma estrutura única, que permite que as proteínas codificadas por esses genes liguem odorantes diferentes. - O epitélio olfativo está organizado em algumas grandes zonas, e dentro de cada zona, as células receptoras estão espalhados aleatoriamente. ➢ Cada célula receptora expressa uma única proteína receptora olfativa, e diferentes células estão Flávia Licia Mendes de Assis 3 espalhadas aleatoriamente para formar o botão gustativo. ➢ Registros com microelétrodos, mostraram que 9 das três diferentes células mostram que cada uma responde a muitos estímulos odoríferos, mas com preferências diferentes. - Medindo a resposta de todas as três células receptoras, cada um dos quatro estímulos odoríferos pode ser distinguido claramente. COMO AS CÉLULAS RECEPTORAS DISCRIMINAM OS ESTIMULOS ODORÍFEROS? ❖ Diferença de sensibilidade - Cada proteína receptora liga diferentes substâncias odoríferas mais ou menos facilmente - Portanto, a célula receptora é mais ou menos sensível a esses estímulos, ou seja, algumas células são mais específicas para a estrutura química das substâncias odoríferas às quais elas respondem. ❖ Limiares diferentes a um odorante em particular - Ou seja, neurônios receptores que são inativos a uma concentração basal de um determinado odorante podem ser ativados quando expostos a concentrações maiores do mesmo odorante. - Essas características indicam por que a percepção de um odor pode mudar emfunção de sua concentração. Conclusão Cada célula olfativa produz informação bastante ambígua sobre o tipo e a intensidade de estímulo odorífero. - O trabalho das vias olfativas centrais é analisar o conjunto completo de informações que chega do epitélio olfativo (o código de população) e utilizá-lo posteriormente para classificar os estímulos. 2- Descrever o processo de transdução 2.1 Gustativo A transdução quimiossensorial é iniciada no domínio apical dessas células, onde possuem receptores e moléculas de sinalização concentradas nas microvilosidades e no domínio basal consiste em especializações secretórias que fazem sinapse com axônios aferentes primários dos ramos de três nervos cranianos: o facial (VII), o glossofaríngeo (IX) e o vago (X). Os neurotransmissores liberados nas células gustatórias permanecem incertos, mas acredita-se que incluem serotonina e ATP. TRANSDUÇÃO A transdução gustativa envolve diversos processos diferentes, e cada sabor básico pode usar um ou mais mecanismos. Estímulos gustativos podem: 1. Passar diretamente através de canais iônicos (salgado e ácido); 2. Ligar-se a, e bloquear canais iônicos (ácido); 3. Ligar-se a receptores de membrana acoplados a proteínas G, que ativam segundo mensageiros que, por sua vez, abrem canais iônicos (doce, amargo e umami). SABOR SALGADO E AZEDO Os gostos salgados e azedo são provocados por estímulos iônicos, como os íons carregados positivamente em sais (Na+) ou o H+ em ácidos. Os íons nas substâncias salinas e ácidas iniciam a transdução sensorial por meio de canais iônicos específicos, provavelmente um canal de Na+ sensível à amilorida (salgado) e um canal catiônico não específico permeável ao H+ , membro da família de canais receptores de potencial transitório (TRP, de transient receptor potential (azedo). Em ambos os casos (descritos em A e B), a corrente positiva através dos canais de cátions leva à despolarização da célula. Transdução do salgado 1) Células gustativas sensíveis para salgado possuem um canal seletivo ao Na+ sensíveis a amilorida; 2) Esses canais são bastante diferentes dos canais de sódio dependentes de voltagem que geram potenciais de ação. 3) Quando você introduz uma substância salgada na boca... Flávia Licia Mendes de Assis 4 4) A concentração de Na⁺ aumenta no lado de fora do receptor, e o gradiente de Na⁺ através da membrana fica maior; 5) O Na⁺ se difunde a favor do gradiente para dentro da célula, e a corrente de entrada induz a despolarização da membrana, o potencial de receptor; 6) Essa despolarização, por sua vez, causa abertura dos canais de sódio e cálcio dependentes de voltagem, próximo das vesículas sinápticas; 7) Isso desencadeia a liberação de neurotransmissor sobre o axônio gustativo aferente. Transdução do azedo Ácidos, como o HCl, dissolvem-se em água e liberam íons hidrogênio (H⁺); - Os prótons (H⁺) são os agentes causadores da sensação de acidez. Os prótons afetam receptores de duas maneiras: 1) O H⁺ pode entrar pelos canais de sódio sensíveis à amilorida (mesmo do salgado) e isso causar uma entrada de corrente de H⁺, que despolariza a célula. 2) Os íons hidrogênio podem ligar-se, e bloquear canais seletivos para K⁺. Assim, quando a permeabilidade de membrana ao K⁺ decresce, a membrana despolariza. SABOR DOCE E UMAMI Para substâncias doce, umami, diferentes classes de receptores acoplados a proteínas G medeiam a transdução. - Para os estímulos doce, receptores T1R2 e T1R3 ativam canais de Ca2+ TRPM5, mediados por um mecanismo dependente de PLCβ2 e IP3. - Para aminoácidos, receptores T1R1 e T1R3 transduzem os estímulos por meio do mesmo mecanismo dependente de PLCβ2 /IP3 /TRPM5. Obs: Já que o doce usa o mesmo sistema de 5 segundo mensageiro que os receptores para o estímulo amargo. Por que nós não confundimos as substâncias? - As proteínas que formam o receptor são expressados em células gustativas diferentes; - As células gustativas para ambos os sabores, por sua vez, conectam-se a axônios gustativos diferentes. Assim entregues ao SNC ao longo de diferentes linhas de transmissão. SABOR AMARGO - Substâncias amargas são transduzidas por receptores T2R associados à proteína G gustducina, que não é encontrada em células gustatórias que expressam receptores para doce ou umami. O receptor T1R1/T1R3 é amplamente seletivo para os L-aminoácidos encontrados em proteínas (mas não para seus D-enantiômeros). A despolarização usam o mesmo mecanismo PLCβ2/ IP3/ TRPM5, usado para o doce e umami. Transdução geral do doce, amargo e umami 1) Quando você introduz alguma destas substancias na boca... 2) A substância se liga a um receptor para o sabor amargo (ou doce ou umami), ativa uma proteína G, a qual estimula a enzima fosfolipase C; 1) Em seguida, o isoforma PLCβ2 ligado a subunidade alfa, leva a um aumento na concentração de inositol trisfosfato (IP3); 2) O IP3 ativa um tipo especial de canal iônico TRP (especificamente o canal TRPM5), o qual se abre, permitindo a entrada de Na⁺; 3) Ocorre a despolarização dessas células, causando a abertura de canais de cálcio dependente de voltagem, permitindo a entrada de Ca²⁺ na célula; 4) O IP3 também pode induzis a liberação de Ca²⁺ dos estoques intracelulares. 5) Essas duas fontes de cálcio ajudam a desencadear a liberação do neurotransmissor, dessa forma estimulando o axônio aferente gustativo. 2.2 Olfativo A transdução de sinal no epitélio olfatório começa com a ligação do odorante aos receptores proteicos específicos concentrados nas superfícies externa dos cílios olfativos. Flávia Licia Mendes de Assis 5 Antes da identificação dos receptores proteicos, a sensibilidade ao odor localizada nos cílios; Transdução 1) As moléculas odorantes no muco ligam-se diretamente (ou são conectadas por meio de proteínas ligantes) a um dos muitos receptores localizados nas membranas dos cílios. 2) Essa associação ativa uma proteína G Golf que, por sua vez, ativa uma adenilato-ciclase 3 (uma adenilato-ciclase específica do sistema olfatório), resultando em um aumento de AMP cíclico (AMPc). 3) Um alvo do AMPc é um canal catiônico que, quando aberto, permite o influxo de Na+ e Ca2+ no cílio, resultando em despolarização. 4) O aumento de Ca2+ intracelular abre canais de Cl-, responsáveis pela maior despolarização nos receptores olfativos. 5) O potencial do receptor é reduzido em magnitude quando a concentração do AMPc diminui em função da clivagem por fosfodiesterases específicas. 6) Ao mesmo tempo, o Ca2+ complexa-se com calmodulina (Ca2+-CaM) e se liga àquele canal, reduzindo sua afinidade por AMPc. 7) Por fim, o Ca2+ é removido pela ação de um trocador de Na+ /Ca2+ na membrana. Obs: Adaptação- Mesmo na presença contínua da substância odorífera, a resposta olfativa diminui; Isso ocorre porque a resposta do receptor em si se adapta à substância odorífera em cerca de um minuto, diminuindo a resposta. 3- Descrever as vias 3.1 Gustativo 1) As células gustatórias (os receptores periféricos) são encontradas em botões gustatórios distribuídos na superfície dorsal da língua, no palato mole, na faringe e na parte superior do esôfago; 2) Essas células estabelecem sinapses sobre axônios primários que correm ao longo da corda timpânica e dos ramos superiores do nervo facial, do ramo língual, do nervo glossofaríngeo e do ramo laríngeo superior do nervo vago, inervando os botões gustatórios na língua, no palato, na epiglote e no esôfago, respectivamente,nimportante para a integração dos gostos; 3) Os axônios centrais desses neurônios sensoriais projetam-se às regiões rostral e lateral do núcleodo tracto solitário no tronco encefálico; 4) Axônios da parte rostral (gustatória) do núcleo solitário projetam-se ao complexo ventral posterior do tálamo, onde eles terminam na metade medial do núcleo ventral posterior medial. 5) Esse núcleo, por sua vez, projeta-se a várias regiões do neocórtex, incluindo a ínsula anterior no lobo temporal (o córtex insular gustatório) e o opérculo do lobo frontal. 6) Há também uma área neocortical gustatória secundária na porção caudal lateral do córtex orbitofrontal, onde os neurônios respondem a uma combinação de estímulos visuais, somatossensoriais, olfatórios e gustatórios. 7) Por fim, projeções recíprocas conectam o núcleo do trato solitário através dos núcleos da ponte ao hipotálamo e à amígdala. 8) Supõe-se que essas projeções influenciem aspectos afetivos e de experiência de aversão a alimento, de apetite, de saciedade e de outras respostas homeostáticas associadas à ingestão. Flávia Licia Mendes de Assis 6 3.2 Olfativo Os axônios das células mitrais são a única estação de retransmissão para a informação olfatória ao restante do encéfalo. 1) Os axônios das células mitrais de cada bulbo olfatório formam um feixe, o trato olfatório; 2) O trato olfatório lateral que se projeta ao núcleo olfatório acessório, ao tubérculo olfatório, aos córtices entorrinal e piriforme, bem como a porções da amígdala; 3) O principal destino do trato olfatório é o córtex piriforme, situado na posição ventromedial do lobo temporal, próximo ao quiasma óptico; 4) Os neurônios do córtex piriforme, que respondem a odores, e os sinais das células mitrais dos glomérulos, que recebem projeções de receptores olfativos específicos, permanecem parcialmente isolados. 5) A maioria das projeções do trato olfatório lateral são ipsilaterais; entretanto, um conjunto de axônios das células mitrais cruza a linha mediana, presumivelmente iniciando o processamento bilateral de alguns aspectos da informação olfatória; 6) Os axônios das células piramidais do córtex piriforme, projetam-se a vários núcleos talâmicos e hipotalâmicos e também ao hipocampo e à amígdala. 7) Alguns neurônios do córtex piriforme também inervam diretamente uma variedade de áreas no neocórtex, incluindo o córtex orbitofrontal, onde respostas multimodais a estímulos complexos, em particular alimentares, incluem um componente olfatório.
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