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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 O CONTEXTO HISTÓRICO DA VELHICE ................................................. 4 2.1 O envelhecimento na contemporaneidade ........................................... 9 3 ASPECTOS NUTRICIONAIS E O ENVELHECER ................................... 24 4 INDICADORES PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO .................... 37 5 INDICADORES FÍSICOS DO ENVELHECIMENTO ................................. 45 6 ASPECTOS SOCIAIS DO ENVELHECIMENTO ...................................... 57 7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 60 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 O CONTEXTO HISTÓRICO DA VELHICE Fonte: revistabula.com Conforme a Organização Mundial de Saúde - OMS (2005, p. 8 apud DARDENGO C; et al., 2018), “o envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade”. Também de acordo com Veras e Caldas (2004, p. 424 apud DARDENGO C; et al., 2018): “O século XX se caracterizou por profundas e radicais transformações, destacando-se o aumento do tempo de vida da população como o fato mais significativo no âmbito da saúde pública mundial. Uma das maiores conquistas da humanidade foi à extensão do tempo de vida”. (VERAS e CALDAS. 2004, p. 424 apud DARDENGO C; et al., 2018). Poucos séculos se passaram até que a população atingisse um bilhão de pessoas, o que ocorreu em 1830. A partir daí o termo “velho” mudou inúmeras vezes, variando conforme o tempo histórico e social. Segundo Beauvoir (1990 apud DARDENGO C; et al., 2018) os velhos não possuíam uma categoria própria, sendo incluídos na categoria dos adultos. Ao se analisar a história, verifica-se que em algumas sociedades antigas, os velhos eram valorizados, em virtude de sua experiência, auxiliando os mais jovens em suas atividades diárias, transmitindo seus conhecimentos adquiridos no transcorrer da vida. Já na Grécia, o envelhecimento era visto conforme a classe social. Se pertencentes à elite, detinham o poder político, econômico e cultural, sendo 5 reconhecidos como sábios, diferentemente daqueles pertencentes às classes sociais inferiores, que representavam a invalidez, a doença e a morte (HORN, 2013 apud DARDENGO C; et al., 2018). Beauvoir (1990 apud DARDENGO C; et al., 2018) destaca a história da velhice em algumas sociedades, sobretudo na China antiga e no Japão, que privilegiavam seus velhos. Os velhos chineses instituíram um poder centralizado e autoritário. Segundo Beauvoir (1990, p. 112 apud DARDENGO C; et al., 2018) “Confúcio modelou à imagem da coletividade o microcosmo que deu a esta como base a família. Toda a casa devia obediência ao homem mais idoso”. Acredita-se que a pessoa idosa era vista como sendo possuidor de um certo poder sobrenatural, devido à sua longa vida, ocupando um lugar de destaque, associando sabedoria e experiência. Na Antiguidade, verifica-se que alguns consideravam a velhice como causadora de conflito de gerações. Beauvoir (1990, p. 122 apud DARDENGO C; et al., 2018) afirmava que a ideia de honra estava relacionada à da velhice. Para a mesma autora, a velhice era integrada à sabedoria, tendo a longevidade lhe conferido experiência e autoridade. Segundo Beauvoir (1990, p. 136 apud DARDENGO C; et al., 2018) Aristóteles ressaltava que: “É preciso que o corpo permaneça intacto para que a velhice seja feliz: uma bela velhice é aquela que tem a lentidão da idade, mas sem deficiências. Ela depende ao mesmo tempo das vantagens corporais que se poderia ter, e também do acaso. O declínio do corpo acarreta o do indivíduo inteiro”. (BEAUVOIR .1990, p. 136 apud DARDENGO C; et al., 2018). Conforme destacado por Lemos et al. (2015 apud DARDENGO C; et al., 2018) verifica-se, no passado, que os Babilônios, Hebreus e os Gregos davam grande importância aos problemas inerentes à velhice, e pesquisavam formas de se impedir o processo de envelhecimento. Para os Babilônios a imortalidade era um ideal a ser conquistado. Os gregos desprezavam seus velhos e os colocavam em serviços subalternos e humilhantes, enaltecendo a beleza e a juventude. Apenas o filósofo grego Platão possuía uma visão onde a velhice estaria ligada a sabedoria, prudência, sensatez e astúcia. 6 Os Hebreus se destacavam pela importância dada a seus velhos, que eram vistos como os chefes naturais. Na cultura hebraica destaca-se “Matusalém” que, segundo as escrituras, teria vivido 969 anos. Para eles, uma vida longa era vista como uma benção. Na sociedade romana os velhos detinham uma posição privilegiada. Eles possuíam a autoridade de “ pater famílias”, ou “pais de famílias”. Porém, esta autoridade provocava a ira das gerações mais novas, conforme DARDENGO C; et al., (2018). Segundo Souza et al. (2007 apud DARDENGO C; et al., 2018) com a queda do Império Romano os velhos perderam seus privilégios na sociedade, tornando-se vítimas dos mais jovens. Ainda conforme Souza et al. (2007 apud DARDENGO C; et al., 2018) os Incas e Aztecas tratavam seus velhos com muito respeito e consideração. O cuidado para com eles era visto como de responsabilidade pública. De acordo com Busse e Blazer (1992 apud DARDENGO C; et al., 2018), verifica-se no Antigo Testamento, que as pessoas viviam até idades muito longevas, como por exemplo, os 10 patriarcas que viveram antes do dilúvio: Enoc (365 anos), Lamec (777 anos), Malaleel (895 anos), Enos (905 anos), Cainan (910 anos), Set (912 anos), Adão (930 anos), Noé (950 anos), Jared (962 anos) e Matusalém (969 anos). Esses registros de longevidade aparecem no Antigo Testamento. Porém, de modo geral, o Cristianismo revelou uma visão negativa da velhice. Os escritores cristãos associavam a velhice à doença, decrepitude e pecado. De acordo com Ferrigno (1991 apud DARDENGO C; et al., 2018) os idosos pertencentes às tribos nômades, em virtude dos habituais deslocamentos em busca de alimentos eram frequentemente abandonados pelo caminho, assim como aqueles pertencentes às tribos guerreiras. Verificou-se que, também, nas sociedades agrícolas, a existência de abundância de alimentos não era condição para a proteção e valorização dos velhos. Levava-se em conta a capacidade deles em produzir e gerar riquezas. Percebe-se, também, que durante muitos séculos, a velhice foi vista como doença, talvez por ter sido, conforme registros históricos, estudada por pessoas ligadas à área médica, como por exemplo Galeno, que no século II escreveu sobre as funções fisiológicas dos idosos. Durante os séculos posteriores, a velhice foi pouco estudada. Aristóteles e Leonardo Da Vinci realizaram alguns estudos, porém todos eles consideravam a velhice como doença (BORGES,2007 apud DARDENGO C; et al., 2018). 7 Lemos et al. (2015 apud DARDENGO C; et al., 2018) destacou que no Século VI tinha-se a visão da velhice como uma época de interrupção dos trabalhos, surgindo, então, a ideia da criação dos asilos para idosos carentes. Na Idade Média - época das grandes batalhas, os velhos eram obrigados a realizar trabalhos humilhantes e degradantes, como forma de sobrevivência. Segundo Bertoldo (2010, p. 18 apud DARDENGO C; et al., 2018), também nos Séculos XII, XIII, XIV e XV, a velhice era associada ao declínio do corpo, considerada como uma fase de doenças físicas e mentais. “Tanto entre os nobres, quanto entre os camponeses, a força física prevalecia: os fracos não tinham lugar (BEAUVOIR, 1990, p. 162 apud DARDENGO C; et al., 2018). ” Também segundo Beauvoir (1990, p. 162), durante os séculos XIII e XVII, surgiram várias publicações sobre o processo de envelhecimento, em vários países da Europa, como a França, Alemanha, Itália, Rússia e Áustria, os quais aconteciam sempre voltados aos estudos da área médica. Ainda segundo Lemos et al. (2015 apud DARDENGO C; et al., 2018) observou-se que, entre os séculos XIV e XV, houve uma grande epidemia de peste negra e cólera, que deixou milhares de mortos entre os mais jovens, deixando uma população envelhecida. Este fato facilitou o surgimento de uma maior valorização dos mais velhos aumentando, porém, o conflito entre as gerações, que havia diminuído no final do Império Romano. Segundo Almeida (2005 apud DARDENGO C; et al., 2018), no período Renascentista, em torno do século XVI, surgiram estudos nos quais a velhice era descrita como sendo um período de conquistas. Alguns trabalhos científicos sobre o envelhecimento humano, que tem como seus autores Bacon (1963 apud DARDENGO C; et al., 2018) e Descartes (1996 apud DARDENGO C; et al., 2018), acreditavam ser apenas o desenvolvimento de métodos científicos eficazes para ‘vencer’ as transformações da velhice. Bacon (1963 apud DARDENGO C; et al., 2018) defendia a ideia de que um espírito jovem inserido em um corpo velho faria regredir a evolução da natureza. Já Erasmo de Roterdâ, via a velhice como “uma carga e a morte como necessária”. Segundo ele, a loucura era o único remédio contra a velhice. Nos séculos XVI e XVII tem-se um período de maior observação do processo de envelhecimento, onde acreditava-se em poder se encontrar as causas da velhice através de análises dos sintomas. Tem-se, a partir daí, com o advento da revolução industrial, o surgimento 8 de alguns estudos comparando o corpo humano as máquinas, por isso sujeito a desgastes, conforme DARDENGO C; et al., (2018). Attias-Donfut (1991, p. 85 apud DARDENGO C; et al., 2018) destacou que alguns historiadores situam o século XVIII como “o nascimento do envelhescente”, reconhecendo a velhice como uma idade digna. Já no início do século XIX, a velhice não era vista com bons olhos, sendo os velhos considerados como mendigos, em virtude da dificuldade de se conseguir trabalho. Dessa forma, a velhice era associada à incapacidade de produzir. Conforme Peixoto (1998 apud DARDENGO C; et al., 2018), na França “era denominado velho (vieux) ou velhote (veillard) aquele indivíduo que não desfrutava de status social – muito embora o termo velhote também fosse utilizado para designar o velho que tinha sua imagem definida como ‘bom cidadão’”. Debert (1999 apud DARDENGO C; et al., 2018) destacou que a elite dominante da época via os velhos com total indiferença, ignorando-os completamente, mas a partir da segunda metade do século XIX, o número de velhos aumentou substancialmente e a sociedade não podia mais ignorá-los, passando a desvalorizá- los. Surge, então, a noção ambivalente da velhice. Ainda segundo Debert (1999, p. 14 apud DARDENGO C; et al., 2018), é “esse movimento que marca as sociedades modernas, onde, a partir da segunda metade do século XIX a velhice é tratada como uma etapa da vida caracterizada pela decadência física e ausência de papéis sociais". No entanto, com as mudanças no modo de produção capitalista, onde o principal objetivo é o lucro, através da exploração da força de trabalho ocorreu uma desvalorização social dos idosos. Verificou-se, conforme citado por Silva (2008 apud DARDENGO C; et al., 2018), que a noção de velhice como etapa da vida surgiu no período de transição entre os séculos XIX e XX. Algumas mudanças modificaram o curso da vida, propiciando o surgimento do conceito de velhice como se conhece hoje. Dois fatores foram fundamentais: a formação de novas disciplinas médicas que estudam o corpo envelhecido e a criação das pensões e aposentadorias. Gradativamente, a velhice passa a ser vista como um estado fisiológico específico, com características específicas que se reúnem sob o signo da “senescência”. A partir do surgimento da medicina moderna, observa-se a análise da velhice e do envelhecimento como problemas clínicos pertencentes a um processo contínuo, onde a morte passa a ser vista como resultado de doenças inerentes à velhice, conforme DARDENGO C; et al., (2018). 9 Rezende (2008 apud DARDENGO C; et al., 2018) destacou que nas primeiras décadas do Século XX, os aspectos relacionados à velhice tiveram destaque, principalmente pelos seus aspectos negativos, à medida que se exaltava a força física e a capacidade para o trabalho, que se constituíam como requisitos essenciais à sua sobrevivência. Desse modo, a Revolução Industrial colaborou para a quebra dos papéis assumidos pelos idosos, transformando a configuração da sociedade e da família, alterando as relações familiares. Ainda conforme Rezende (2008 apud DARDENGO C; et al., 2018), nos idos de 1930, a velhice adquire um maior significado, sendo vista sob a ótica social, demandante de assistência e atendimento das necessidades essenciais. Porém, a partir dos anos 1960, percebeu-se uma mudança na forma de se ver a velhice, em virtude das aposentadorias e pensões, através da adoção de uma nova política social. Segundo Groisman (1999 apud DARDENGO C; et al., 2018), ao se estabelecer a velhice como categoria social, marcada pela decadência física e pela invalidez, assim como pelos novos direitos adquiridos, seguiu-se um período no qual a sua importância social cresceu significativamente. Groisman (1999 apud DARDENGO C; et al., 2018) e Debert (1999 apud DARDENGO C; et al., 2018) destacaram as décadas de 1960 e 1970 como um dos períodos mais marcantes para a construção do significado social da velhice, quando ela adquire uma visibilidade social. Verificou-se, então, que a temática do envelhecimento e da longevidade humana existia desde a mais remota história, tendo seu enfoque na busca da eterna juventude. E nas últimas décadas, teve maior destaque devido ao aumento do número de idosos em todo mundo, e por se tornarem objeto de estudo na comunidade acadêmica. Desta maneira, a velhice e o processo de envelhecimento nas culturas primitivas demonstram que existiam várias formas de se pensar e viver a velhice, não havendo formas pré-definidas, mas um conjunto de situações particulares, considerando-se as especificidades de cada cultura, conforme DARDENGO C; et al., (2018). 2.1 O envelhecimento na contemporaneidade A população idosa tem aumentado aos poucos nos últimos tempos, o que faz questionar o lugar em que o sujeito idoso ocupa na sociedade atual. Desta forma, este 10 capítulo visa apresentar questões relacionadas ao idoso, iniciando com alguns dados estatísticos. Abordará sobre os diferentes contextos acerca da velhice no decorrer da história, e como a imagem da pessoa idosa foi sendo conceituada com o passar dos anos até os dias de hoje, conforme DALMOLIN D; (2018). No ano de 2012, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018 apud DALMOLIN D; 2018), a população com 60 anos ou mais era de25,4 milhões. Em cinco anos, os 4,8 milhões de novos idosos correspondem a um crescimento de 18% do grupo dessa faixa etária, no qual tem se tornado cada vez mais significante no Brasil. As mulheres são a maioria nesse grupo, com o total de 56% dos idosos, enquanto os homens idosos totalizam 44% do grupo. Nos últimos anos, vem se observando uma tendência de envelhecimento da população, que é decorrente do aumento da expectativa de vida pela melhoria nas condições de saúde, como também devido a taxa de fecundidade, pois o número de filhos por mulher vem caindo muito nos últimos tempos. Esse é um fenômeno mundial, não acontece somente no Brasil. A medida que o número de idosos aumentará, o de crianças de idade de 0 a 9 anos deve cair nas próximas décadas, conforme DALMOLIN D; (2018). De acordo com o levantamento do IBGE, no ano de 2017, o país tinha 13,5% de idosos no total da população, e em dez anos poderá chegar a cerca de 17,4% do total de habitantes. Segundo as estimativas do IBGE, a taxa de fecundidade continuará caindo, o que hoje representa cerca de 1,77 filho por mulher, no ano de 2060, a tendência é que o número médio de filhos por mulher seja de aproximadamente 1,66. Diante disso, percebe-se que a tendência é de ter um número maior de idosos, devido à taxa de natalidade estar diminuindo, conforme DALMOLIN D; (2018). De acordo com estes dados há uma projeção para que no ano de 2031, o número de idosos (43,2 milhões) supere pela primeira vez o número de crianças e adolescentes, de 0 a 14 anos de idade (42,3 milhões). A população acima de 60 anos deve duplicar no Brasil até o ano de 2042, em comparação com o ano de 2017, onde deverá atingir 232,5 milhões de habitantes, sendo 57 milhões de idosos, conforme dados e estimativas do IBGE, conforme DALMOLIN D; (2018). 11 Diante destes dados, é importante abordar sobre o desenvolvimento humano, como um processo que está em constante evolução, desde o início da vida até o fim dela. Desta forma, Papalia e Feldman (2012 apud DALMOLIN D; 2018) apresentam oito períodos do desenvolvimento humano que são: Período pré-natal (da concepção ao nascimento); Primeira infância (do nascimento aos 03 anos); Segunda infância (03 a 06 anos); Terceira infância (06 a 11 anos); Adolescência (11 aproximadamente a 20 anos); Início da idade adulta (20 a 40 anos); Vida adulta (40 a 65 anos); Vida adulta tardia (65 anos em diante). É importante pensar de que maneira o indivíduo envelhece. Segundo Freud (1901- 1905 apud DALMOLIN D; 2018), no processo de desenvolvimento psicossexual, durante os primeiros anos de vida, o indivíduo tem a função sexual ligada à sobrevivência, onde o seu prazer é identificado no próprio corpo. O corpo é erotizado, ou seja, as excitações sexuais estão localizadas em fragmentos do corpo. Desse modo, Freud (1901-1905 apud DALMOLIN D; 2018) apresenta cinco fases do desenvolvimento sexual. A primeira é a fase oral, período do nascimento a um ano de idade, onde a zona erógena é a boca, e que através dela a criança obtém prazer. Ela é dependente de outra pessoa na qual lhe dê alimento, desenvolvendo um sentimento de confiança e conforto através dessa estimulação. A segunda fase é a anal, período de um a três anos de idade, onde a criança tem de aprender a controlar suas necessidades corporais, desenvolvendo esse controle obtêm-se um sentimento de realização e independência. Isso tudo, depende de como os pais se aproximam da criança, e aqueles que utilizam elogios e certas recompensas certamente irão obter resultados positivos ajudando as crianças se sentirem capazes e produtivas, conforme DALMOLIN D; (2018). A terceira fase é a fálica, de três a seis anos de idade, onde a zona erógena são os genitais. Nesse período as crianças começam a descobrir as diferenças entre o masculino e o feminino, e segundo Freud (1901-1905 apud DALMOLIN D; 2018), os meninos viam seus pais como rivais pelo afeto da mãe. A quarta fase é o período de latência, dos seis anos de idade até a puberdade, onde nessa fase os interesses da libido são suprimidos. É importante para o desenvolvimento de habilidades sociais e autoconfiança. E a quinta e última, a fase genital, período da puberdade até a morte, 12 quando o objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, e sim em um objeto externo, o outro. É na fase genital que o idoso se encontra, onde a atividade sexual nessa fase da vida é afetada pelas mudanças físicas. Devido ao avanço da idade, os idosos relatam ter cada vez mais dificuldades com o desejo sexual. “Muitos adultos mais velhos, apesar das mudanças físicas, ainda assim continuam a encontrar prazer nessa atividade” (BEE, 1997, p. 533 apud DALMOLIN D; 2018). Conforme Papalia e Feldman (2012 apud DALMOLIN D; 2018), há dois tipos de envelhecimento. O envelhecimento primário, que é caracterizado como sendo um processo gradual e inevitável, no qual se inicia cedo e continua ao longo dos anos, e o envelhecimento secundário, que resulta de doenças, abusos e maus hábitos, fatores estes, que em grande parte podem ser controlados. Na percepção de Papalia e Feldman (2012, p. 573 apud DALMOLIN D; 2018) os cientistas dizem existir três grupos de idosos, os cientistas sociais especialistas em envelhecimento dizem ter três grupos de idosos, o “idoso jovem”, o “idoso, idoso” e o “idoso mais velho”. Cronologicamente, os idosos jovens são pessoas entre 65 e 74 anos que, em geral, são ativas, animadas e vigorosas. O idoso, idoso, pessoas entre 75 e 84 anos, e o idoso mais velho, pessoas de 85 anos em diante, estão mais propensos a uma condição de fragilidade e doença, e têm dificuldade em administrar as atividades diárias da vida (ADVs). Para a mesma autora, a expectativa de vida é a idade máxima que uma determinada pessoa viverá, considerando sua saúde e idade atual. Baseia-se na média de longevidade ou no tempo de vida de determinada população. O tempo de vida é o período mais longo que o humano pode viver. Um exemplo, é o caso de Jeanne Clement, uma francesa que morreu aos 122 anos de idade, sendo as mulheres em geral que vivem mais tempo, apresentando taxas de mortalidade mais baixas do que os homens, em praticamente todo o mundo. Isso se deve ao fato de que as mulheres cuidam mais de si mesmas, do que os homens deles mesmos, conforme DALMOLIN D; (2018). O sono também é um fator que acaba interferindo nessa fase da vida. De acordo com Papalia e Feldman (2012 apud DALMOLIN D; 2018), ele já não é mais o mesmo, as pessoas idosas tem a tendência de dormir e sonhar menos do que costumavam, o que faz com que elas acordem mais facilmente em razão de problemas físicos. Na presença dos distúrbios do sono, os mesmos devem ser tratados imediatamente, do contrário, eles podem causar a depressão. Dessa forma, o excesso de sono ou a falta dele pode acarretar em um risco maior de morte. 13 O sexo também já não é mais o mesmo do que era antes. Os homens, em geral, levam um tempo maior para ter uma ejaculação, necessitando ainda de algum estímulo. A atividade sexual pode causar um prazer maior nas pessoas mais velhas no momento em que elas reconhecem que é apenas uma atividade normal e saudável, e são os homens que tem a tendência maior de permanecerem sexualmente ativos durante a velhice (PAPALIA e FELDMAN, 2012 apud DALMOLIN D; 2018). Para Silva (2008 apud DALMOLIN D; 2018), o envelhecimento é um processo no qual cada sujeito vai vivenciar essa fase da vida de uma maneira, é singular para cada um, depende da cultura de cada pessoa. O processo de envelhecimento tem sido considerado um fenômeno relativamente atual na população brasileira devido ao aumento significativo de idosos no país e, em decorrência desse processo, uma falta de preparação de políticas que atuem para promover a saúde do idoso e a melhoria na qualidade de vida. SegundoBeauvoir (1990 apud DALMOLIN D; 2018), a velhice deve ser compreendida em sua totalidade, por ter uma dimensão existencial que transforma a relação de um indivíduo com o tempo, o mundo e sua própria história. Na mitologia e na literatura a imagem da velhice varia de acordo com o tempo e o lugar. A imagem da velhice está representada de maneira confusa e contraditória. Sendo, para cada indivíduo, um destino singular, ou seja, o seu próprio. Vida é um sistema instável no qual se perde e se reconquista o equilíbrio a cada instante; a inércia é que é o sinônimo de morte. A lei da vida é mudar. Uma nova forma de olhar para o envelhecimento, de associar a velhice à vida e não à morte (BEAUVOIR, 1990, p. 13 apud DALMOLIN D; 2018). De acordo com DALMOLIN D; (2018), a mesma autora traz uma contribuição em sua obra: “A Velhice”, sobre a história acerca das sociedades, mencionando que a China antiga proporcionou uma condição privilegiada aos velhos, no qual a civilização chinesa exigia um poder centralizado e autoritário, onde toda a casa devia obediência ao homem mais idoso. É possível, também ter um entendimento de como o idoso era reconhecido dentro da sociedade judaica, sendo um povo fortemente reconhecido pelo respeito com que cercou a velhice. Sua sociedade era reconhecida como sendo patriarcal, onde os ancestrais eram eleitos porta-vozes de Deus, considerando a longevidade como suprema recompensa da virtude: Os cabelos brancos são uma coroa de honra: é no caminho da Justiça que essa coroa é encontrada [...] Abençoada por Deus, a velhice exige obediência 14 e respeito: “Tu te levantarás diante dos cabelos brancos e honrarás a pessoa do velho”- prescreve o Levítico (BEAUVOIR, 1990. p. 115 apud DALMOLIN D; 2018). Na mesma obra a autora comenta a respeito da expectativa de vida do idoso no decorrer da história em diversas sociedades e em épocas diferentes, ressaltando o olhar sobre a imagem que esse sujeito idoso desperta no outro. Beauvoir (1990, p. 271 apud DALMOLIN D; 2018), faz um levantamento sobre o aumento da longevidade no decorrer dos séculos, desde a Antiguidade, a expectativa de vida no nascimento não parou de crescer; era de 18 anos entre os romanos, de 25 anos no século XVII. Em cem crianças, vinte e cinco morriam antes de um ano, outras vinte e cinco antes dos 20, e vinte e cinco entre 20 e 45 anos. [...] no século XVIII, a expectativa de vida na França era de 30 anos. [...] em 1851, havia na França 10 % de pessoas idosas de mais de 60 anos, a partir do século XVIII, a proporção dos velhos na população dobrou. A sociedade consumista do mundo moderno é marcada por uma cultura de imagem, onde que a felicidade está implicada na beleza e juventude. Nessas circunstâncias a velhice vem sendo caracterizada por uma imagem negativa, remetendo-nos a pensamentos de rejeição e medo do envelhecimento. Beauvoir (1990, p. 266 apud DALMOLIN D; 2018), destaca que o tempo na velhice. O velho - salvo exceções - não faz mais nada. Ele é definido por uma exis, e não por umas práxis. O tempo o conduz a um fim- a morte- que não é o seu fim, que não foi estabelecido por um projeto. E é por isso que o velho aparece aos indivíduos ativos como uma “espécie estranha”, na qual eles não se reconhecem. De acordo com Beauvoir (1990 apud DALMOLIN D; 2018), com o passar dos anos a figura do sujeito idoso perdeu seu valor social e simbólico, passando a ter uma imagem negativa e fragilizada. Hoje, o velho já não é mais reconhecido como aquele que transmite seus valores e saberes, é considerado como sendo um ser debilitado, aposentado. Antes, o envelhecimento que poderia ser considerado um privilégio de poucos, hoje passa a ser um lugar comum. Ao mesmo tempo em que envelhecer se refere a um prolongamento de vida, o ideal que se tem, na contemporaneidade é o de prolongamento de características que dizem de um adolescer. Segundo Bee (1997 apud DALMOLIN D; 2018), o idoso sofre com algumas mudanças físicas nesse período da vida. Mudanças como, por exemplo: nos sentidos de audição, gosto e olfato e sono, como citado também por Papalia e Feldman (2012 apud DALMOLIN D; 2018) esse último. Perdas de audição leves ou moderadas não 15 são sinônimo de isolamento da pessoa idosa, ou dela viver infeliz, mas caso se agrave nota-se problemas sociais ou psicológicos, podendo levar a depressão. Os homens têm mais tendência a terem problemas auditivos do que as mulheres, isso se deve, aos mesmos em sua grande maioria trabalharem em locais com alto nível de ruídos. Mudanças em relação ao gosto mudam muito de um indivíduo para o outro e não são tão grandes, aumentando com a idade, tanto para sabores mais salgados como mais azedos (SCHIEBER, 1992 apud BEE, 1997 apud DALMOLIN D; 2018). Já no olfato, as mudanças são maiores, o que pode reduzir certos prazeres na vida do idoso, e muitas vezes usando em excesso algum tempero para tentar sentir o seu gosto, pode vir a ocasionar problemas maiores de saúde. Mudanças no sono também ocorrem em adultos com mais de 65 anos de idade, pois costumam acordar com maior frequência durante a noite, e adultos mais velhos geralmente acordam cedo e vão dormir mais cedo também. Costumam cochilar durante o dia devido suas noites mal dormidas, se tornando assim pessoas matutinas ao invés de noturnas. Essas mudanças físicas geralmente são encontradas em todos os idosos (BEE, 1997 apud DALMOLIN D; 2018). Conforme Bee (1997 apud DALMOLIN D; 2018), as incapacitações físicas e mentais também estão presentes nesse período de vida, onde aqueles que apresentam alguma forma de incapacitação por diversos anos, evidenciam taxas mais elevadas de mortalidade e de incapacitação ao longo dos próximos anos. São poucos os idosos que apresentam uma melhora em suas funções físicas, entre uma observação e outra. A doença de Alzheimer não é algo próprio da velhice, acontece também nas outras fases da vida, mas na maioria das pessoas os sintomas iniciam depois dos 60 anos de idade. É considerada uma incapacitação mental, que é causada por um conjunto de mudanças na estrutura do cérebro. Se inicia de forma lenta, perdendo aos poucos a memória, o idoso começa a fazer constantes repetições durante conversas no seu dia a dia, dentre outros. Logo após, começa a perder a memória de eventos recentes e não reconhece mais seus familiares, bem como nome de objetos comuns presentes no seu cotidiano e de como se faz determinadas tarefas diárias que antes fazia, como por exemplo, escovar os dentes (BEE, 1997 apud DALMOLIN D; 2018). 16 A velhice é uma fase do desenvolvimento humano, na qual não é somente uma fase de perdas e incapacidades para a pessoa idosa. O envelhecimento pode provocar limitações, intensificando com o passar do tempo, como doenças crônicas e acidentes graves, conforme DALMOLIN D; (2018). Mas, além disso, é um processo de vida, definido por mudanças biopsicossociais específicas. Essas mudanças, de acordo com Rosa e Vilhena (2016 apud DALMOLIN D; 2018), podem ser observadas em vários ciclos vitais na infância e adolescência, sendo de origem biológica, psicológica e social. Assim, percebe-se, que o envelhecimento é algo complexo e dinâmico e que os indivíduos não envelhecem todos da mesma maneira. Kreuz e Pereira Franco (2017 apud DALMOLIN D; 2018) apontam que o envelhecimento humano é um processo progressivo que compreende além da aprendizagem, o amadurecimento e seu desenvolvimento. É necessário por parte do sujeito que envelhece, se adaptar às mudanças desta fase de vida, onde aparecem perdas físicas, sociais e cognitivas. Precisam enfrentar mais perdas do envelhecimento do que ganhos, onde seus lutos podem decorrer de perdas no âmbito social, financeiro e simbólico. Segundo os mesmos autores, a saída dos filhos da casa dos pais, a aposentadoria compulsória, a confirmação de que seu esposo (a) está morrendo ouo enfrentamento da viuvez e da solidão; o aparecimento de doenças ou comorbidade; o declínio da beleza e da força física; a perda pelo exercício da sexualidade; a perda da perspectiva do futuro; são algumas das situações nas quais o idoso se depara, sendo algo impactante para ele, conforme DALMOLIN D; (2018). Desta forma, convém ao idoso fazer mudanças no seu modo de viver, fazendo uso efetivo de seus recursos emocionais para atuar neste contexto de perdas concretas e simbólicas. Deste modo, o luto é vivido de maneira singular para todo e qualquer sujeito, conforme DALMOLIN D; (2018). Pessoas idosas, aposentadas, que não estão mais no mercado de trabalho, atualmente, têm sido desvalorizadas, vistas como pessoas inúteis, sem capacidade para fazer alguma coisa. Pois, segundo Carmo e Castro (2016, p. 4 apud DALMOLIN D; 2018), numa sociedade de consumo “onde o valor social prioritário é poder econômico, o velho é discriminado e excluído por não ser mais produtivo, nem se integrar nos padrões de beleza e juventude culturalmente valorizados”. 17 De acordo com Bosi (1983 apud DALMOLIN D; 2018), ao perder sua força de trabalho, o velho não é mais capaz de produzir e nem reproduzir absolutamente nada, não tem mais liberdade de escolha ou de dar opiniões, tendo que ceder seu lugar às pessoas mais jovens. Cada vez mais torna-se dependente e, em muitos casos, não é mais cuidado pela própria família, sendo levado para abrigos, lar de idosos, de longa permanência. Conforme Silva (2008 apud DALMOLIN D; 2018), estudos compreendem o surgimento da terceira idade como algo característico da velhice, dizendo que é possível vivenciar esta fase da vida de uma maneira prazerosa. Os sujeitos que não podem, não conseguem ou não querem ter uma velhice autônoma, de prazer, são sujeitos dependentes. Segundo o mesmo autor, nas últimas décadas, devido às novas perspectivas identitárias, a velhice era compreendida como um momento de repouso da pessoa idosa, enfraquecimento, isolamento do meio social, agora é compreendida como um momento de lazer, de desfrutar a vida, o que, de certa forma, não pôde ser vivenciado em sua juventude, surgindo, nesse momento da vida, novos comportamentos e modos de pensar, conforme DALMOLIN D; (2018). Bosi (2004 apud DALMOLIN D; 2018) denomina “memórias-lembrança”, as lembranças mais significativas para os idosos. Essas lembranças representam as substâncias de suas próprias vidas no presente, o que diferencia dos jovens, uma vez que, para eles, é um momento de reflexão e fuga. A autora chama a atenção para a questão da memória, as memórias são, por conseguinte, elementos fundamentais neste processo de construção identitária, tanto as chamadas “memórias-hábitos”, exigência dos processos de socialização, quanto as chamadas “memórias lembrança”, aquelas que trazem “`à tona da consciência um momento único, singular, não repetido, irreversível da vida (p. 456). No que se refere à memória, segundo a mesma autora, suas lembranças surpreendem pela riqueza de eventos, pois são tantas histórias, tantos acontecimentos e atividades vivenciados, e que não fazem mais parte do interesse cotidiano de crianças e jovens na sociedade atual. Enquanto os idosos relatam brincadeiras, jogos, cantos e danças, as crianças e jovens de hoje se envolvem com as tecnologias, celulares e jogos eletrônicos, conforme DALMOLIN D; (2018). 18 De acordo com Argimon et al. (2011 apud DALMOLIN D; 2018), durante a velhice, o idoso passa a ser observado constantemente em sua vida. Passa a ser controlado e monitorado em praticamente tudo o que faz, desde os cuidados básicos às atividades que deseja realizar no seu dia a dia. Os autores ainda ressaltam que, nessa fase da vida, o idoso, não sendo mais saudável, não é capaz de produzir, o que o torna uma pessoa incapaz, sem valor algum para a sociedade. No que diz respeito às mulheres, os autores sustentam, que estas têm envelhecido de forma mais saudável e ativa do que os homens, isso se deve ao fato de que, há tempos atrás, as mulheres não trabalhavam fora de casa, permaneciam somente em seus lares, com sua ocupação apenas os afazeres domésticos. Atualmente, em grande parte isso não acontece, pois, as mesmas têm um trabalho fixo, remunerado, buscando sua independência, seu sustendo, como os homens, sempre o fizeram (ARGIMON et al., 2011 apud DALMOLIN D; 2018). Ao se lembrar do passado o sujeito idoso não está simplesmente descansando, mas se ocupando, conscientemente, dos momentos vividos, contando e revivendo suas lembranças, a partir dos papéis guardados, cartas, fotos, e conversas com as pessoas da mesma faixa etária, interrogando-as. São as recordações ocupando um lugar específico (HALBWACHS, 1980, apud BOSI, 1983 apud DALMOLIN D; 2018). Há um momento em que o homem maduro deixa de ser um membro ativo da sociedade, deixa de ser um propulsor da vida presente do seu grupo: neste momento, de velhice social resta-lhe, no entanto, uma função própria: a de lembrar. A de ser a memória da família, do grupo, da instituição, da sociedade (BOSI, 1983, p. 23 apud DALMOLIN D; 2018). A convivência diária dos idosos com pessoas mais jovens e a dependência na vida destes podem gerar desentendimentos. A relação que antes era boa, estável, pode não ser mais, não havendo diálogo entre eles o que é a base para uma boa relação, pode resultar em algum tipo de violência, física ou psicológica, contra a pessoa idosa, conforme DALMOLIN D; (2018). De acordo com Saraiva e Coutinho (2012 apud DALMOLIN D; 2018), a violência é concebida como um fenômeno social com implicações subjetivas, construída nas relações estabelecidas entre as pessoas, instituições e grupos da sociedade na qual o indivíduo pertence. Segundo o artigo 4º do Estatuto do Idoso (2008 apud DALMOLIN D; 2018) nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de 19 negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. Conforme o Caderno de Violência contra a Pessoa Idosa (2007 apud DALMOLIN D; 2018), a violência aumentou de forma significativa, principalmente em crianças, jovens, mulheres, pessoas com deficiência e idosos. A violência contra pessoas idosas é uma violação aos direitos humanos, sendo uma das causas mais importantes de doenças, lesões, isolamento, perda de produtividade, dentre outros. Para a grande maioria das pessoas há uma certa dificuldade de compreender a ocorrência do problema, pois acreditam que é somente nas instituições que os idosos sofrem algum tipo de violência, sendo impossível de serem maltratadas em outros locais, como em seus próprios lares, por exemplo. Ainda conforme o Caderno de Violência contra a Pessoa Idosa (2007 apud DALMOLIN D; 2018), quando se fala em violência contra as pessoas idosas, logo pensa-se em violência física, mas esta não é a única, há inúmeras formas de violência, como: violência psicológica, social, moral, sexual, familiar, econômica, institucional, estrutural, podendo resultar à atos de omissão e negligência. A violência contra a pessoa idosa se define como qualquer ato, único ou repetitivo, ou omissão, que ocorra em qualquer relação supostamente de confiança, que cause danos ou incômodo à pessoa idosa. São inúmeras as razões pelas quais as pessoas possam vir a sofrer algum tipo de violência, dentre elas, a fragilização das relações familiares; estresse do cuidador; isolamento social; como também pelo desequilíbrio de poder entre a vítima e o agressor. Não é uma tarefa fácil para os cuidadores, os quais não tendo apoio da comunidade em geral podem sofrer algum tipo de estresse e assim, apresentar comportamentos que levem ao abuso e violência perante a pessoa idosa. De acordo com o Caderno de Violência contra a Pessoa Idosa (2007, p. 24 apud DALMOLIN D; 2018): É preciso romper ovéu do silêncio que cobre o assunto. A violência à pessoa idosa ocorre na sua grande maioria no contexto familiar, praticada por um membro da família da pessoa idosa. Muitas vezes, em defesa do agressor (filho, filha, neto, neta...) o idoso se cala, omite e muitas vezes, somente a morte cessará a cadeia dos abusos e maus tratos sofridos. É muito difícil penetrar na intimidade da família. Se para mulheres em situação de violência, em muitas situações, é difícil denunciar o marido 20 agressor, para as pessoas idosas a dificuldade acentua-se muito mais em denunciar ou declarar que seus filhos são os agressores. Muitas pessoas idosas se culpabilizam pela violência sofrida ou então ou acham que é normal da idade sofrer a violência, conforme DALMOLIN D; (2018). Ainda conforme o Caderno de Violência contra a Pessoa Idosa (2007 apud DALMOLIN D; 2018), a violência passa muitas vezes despercebida pelos profissionais. Portanto, é de extrema importância observar o comportamento e a comunicação entre a possível vítima e o possível agressor. Envelhecer não é sinônimo de perda de autonomia, pois toda pessoa idosa é responsável pelas suas escolhas, ou seja, poderá tomar decisões sobre sua vida, se ela tiver capacidade para tal, do caso contrário cabe a seus responsáveis o poder de decisão. Sofrer algum tipo de violência pode provocar na pessoa idosa medo, fazendo com que ela fique com dificuldade para decidir algo. Diante da violência contra a pessoa idosa, a sociedade como um todo, deverá prestar mais atenção a pessoa idosa, elaborando alternativas com o fim de erradicar as causas das diversas violências que este contingente populacional sofre. Tenhamos em mente que todas as melhorias investidas nos idosos de hoje é com certeza uma melhora para todos nós que mais tarde deveremos chegar a esta etapa da vida (CADERNO DE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA, 2007, p. 22 apud DALMOLIN D; 2018). O acompanhamento nutricional se faz necessário nessa faixa etária da vida. De acordo com Tramontino et al (2009 apud DALMOLIN D; 2018), a nutrição pode influenciar na qualidade de vida da pessoa idosa. Há vários problemas que podem ser causados devido uma má alimentação e maus cuidados, tais como: cáries, perda de dentes e até doenças, entre outros. Por isso, é necessário ter um acompanhamento nutricional, para assim, ter uma alimentação adequada, tendo uma velhice saudável, evitando doenças e melhorando a qualidade de vida. Segundo Papalia e Feldman (2012 apud DALMOLIN D; 2018), cinco a cada seis norte-americanos, com idade igual ou maior há 60 anos precisam melhorar suas dietas, e mulheres mais velhas tendem a ter dietas mais saudáveis do que os homens. Da mesma forma que o ganho de peso não é saudável para as pessoas idosas, a perda dela também não é, pois pode ocasionar em fraqueza muscular e fragilidade. Portanto, é importante ter uma dieta saudável, na qual pode reduzir os riscos de obesidade, pressão e colesterol alto. 21 A atividade física também tem seus benefícios para a pessoa idosa. O exercício regular, segundo Papalia e Feldman (2012 apud DALMOLIN D; 2018), pode fortalecer algumas partes do corpo, como por exemplo, o coração e os pulmões, além de proteger contra vários problemas, dentre eles: a hipertensão, doenças cardíacas e diabetes, ajuda a manter a velocidade, força, resistência e respiração do idoso. Os exercícios ajudam também na prevenção de dores, diminuição do estresse, melhorando o estado mental e o desempenho cognitivo. A prática constante pode promover o bem-estar para a pessoa idosa, aumentando assim a expectativa de vida da mesma. Promove saúde e qualidade de vida para qualquer sujeito, inclusive para o idoso, possibilitando um estilo de vida mais saudável, diante também de uma dieta balanceada, além de melhorar significamente a qualidade de vida, retarda o processo de envelhecimento e atua como eficácia no combate e prevenção das doenças degenerativas. Diante do desenvolvimento tecnológico, é notável que as pessoas se tornaram mais acomodadas frente a qualquer tipo de esforço físico, resultando em uma população mais obesa. Portanto, deve ser incentivado em todas as faixas etárias o hábito de praticar regularmente algum tipo de exercício físico (NEGREIROS, 2007 apud DALMOLIN D; 2018). Assim como a atividade física, a fisioterapia é muito importante nessa faixa etária, pois além de reduzir o risco de quedas e lesões, é responsável pela melhora funcional do idoso. É essencial a realização de vários exercícios para melhorar a resistência, o equilíbrio e a força muscular. De acordo com Assis et al. (2007), a fisioterapia também utiliza os exercícios fisioterapêuticos na água para realizar a prevenção, a manutenção e melhorar a funcionalidade dos idosos. A água auxilia na sua flexibilidade gerando diminuição da tensão muscular e na movimentação das articulações. Diante disso, percebe-se a importância da fisioterapia para a pessoa idosa, conforme DALMOLIN D; (2018). Em relação aos cuidados paliativos (cuidados assistenciais oferecidos para todo paciente que tenha uma doença fora de possibilidades de cura visando melhor qualidade de vida através da prevenção e alívio do sofrimento imposto pela doença) no paciente idoso, segundo Júnior e Reis (2007 apud DALMOLIN D; 2018), as principais funções do fisioterapeuta são de ajudar o paciente a manter sua identidade e autonomia, gerar conforto, treinar habilidades, promover atividades com o corpo, 22 bem como incentivar seu convívio diário com a família e amigos. Dessa forma, a fisioterapia pode desempenhar um papel importante para o idoso. Nas últimas três décadas, conforme Silva e Saldanha (2012 apud DALMOLIN D; 2018), houve um aumento significativo de pessoas acima de 50 anos com diagnóstico de Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). O impacto da doença nessa faixa etária está relacionado além do diagnóstico, com a vivência de situações de descriminação em seu cotidiano, seja por revelar sua sexualidade que é considerada por parte da sociedade como inexistente, seja pelos estereótipos associados à Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Para a sociedade e para os próprios idosos, a possibilidade de uma pessoa com mais de 60 anos de idade ser infectada pelo HIV parece ser irrelevante, pois nessa faixa etária a sexualidade ainda é tratada como tabu. Porém, todas as pessoas são vulneráveis à doença, não somente as mais jovens. Vale ressaltar que somente em 2009, devido ao aumento dos casos diagnosticados nessa faixa etária, as campanhas de prevenção à AIDS promovidas pelo Ministério da Saúde do Brasil foram dirigidas as pessoas acima de 50 anos (SILVA E SALDANHA, 2012 apud DALMOLIN D; 2018). A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS), embora se apresente como doença, em pessoas acima de 50 anos, chama a atenção para uma série de fatores específicos, onde deve-se levar em conta tanto os fatores biológicos como suas implicações psicológicas e sociais, tanto para a pessoa que está com a doença como também para seus familiares e pessoas de convívio. Diante do desenvolvimento da doença acontecem mudanças na vida cotidiana, onde o uso da medicação deve ser regular e deve se ter um cuidado contínuo para evitar o aparecimento de doenças oportunistas (SILVA e SALDANHA, 2012 apud DALMOLIN D; 2018). De acordo com os mesmos autores, a AIDS se apresenta na velhice como um acontecimento de menor impacto quando comparada entre os jovens. Nos jovens, a doença acabaria provocando danos maiores, devido os mesmos não aproveitarem a vida em tempo maior, havendo certas limitações. Um exemplo é no mercado de trabalho, que através da saúde debilitada o mesmo não poder exercer mais suas funções ou até mesmo pela ausência de oportunidades, o que tornaria a morte um acontecimento mais próximo, conforme DALMOLIN D; (2018). 23 Em meio a esse processo,existem ainda, os conflitos subjetivos vivenciados, como a falta de preparo para lidar com determinada situação, o sentimento de culpa e vergonha diante dos outros e o sentimento de proximidade da morte. A convivência com a AIDS, além do sofrimento causado pela doença, também é alvo de preconceito por parte de muitas pessoas, o que infelizmente, acaba contribuindo para a morte social da mesma (SILVA e SALDANHA, 2012 apud DALMOLIN D; 2018). O sexo não deve ser visto como doença, mas como uma forma de obter prazer em qualquer idade. A sexualidade, tanto na terceira idade como nas demais faixas etárias, não se refere unicamente ao ato sexual. Pode ser compreendida e vivenciada de várias maneiras, tais como na troca de afeto e carinho, através do contato físico, por meio do cuidado corporal, dentre outros. “Assim, a vida sexual muda constantemente ao longo de toda a evolução individual, porém só se encerra com a morte” (SOUSA, 2008 apud SANTOS et al., 2017, p. 28 apud DALMOLIN D; 2018). Em relação à sexualidade os autores complementam: Sexualidade é um conjunto de manifestações em formato de pensamentos, comportamentos e sentimentos, que podem ser reveladas em todas as idades de maneiras diferentes, sim, mas não menos importantes e prazerosas. Para as pessoas na terceira idade, a vivência da sexualidade pode ter diversos pontos positivos, sendo uma oportunidade de expressar amor, carinho, afeto, sensualidade e admiração por alguém (ALMEIDA e LOURENÇO, 2007 apud SANTOS et al., 2017, p. 32 apud DALMOLIN D; 2018). Devido ao progresso da medicina, pode-se prolongar a expectativa de vida, pois o conhecimento é usado como objeto de poder. Porém, esses últimos dias de vida, muitas vezes, são vivenciados de maneira dolorosa pelo sujeito. Negreiros (2007 apud DALMOLIN D; 2018), aponta cinco estágios que caracterizam a tomada de consciência do sujeito de seu estado terminal de vida. O primeiro estágio é o da negação, uma espécie de defesa temporária, onde o sujeito tem um tempo para assimilar a triste notícia e para que possa diminuir o impacto causado pela mesma. O segundo estágio é o da raiva, marcado pelo ressentimento. O terceiro estágio é o da barganha, no qual se faz muitas promessas a Deus, com a finalidade de encontrar um aliado que lhe prometa que o mesmo continuará vivo. O quarto estágio é o da depressão, no qual o paciente entra em contato com a angústia e a solidão, percebendo que o fim de sua vida se aproxima. 24 E, por fim, o último estágio, da aceitação, no qual o sujeito demonstra-se mais ameno, aceitando sua real situação, conforme DALMOLIN D; (2018). De acordo com Negreiros (2007 apud DALMOLIN D; 2018), o corpo está mais fraco e cansado, sabe-se que ele não durará eternamente, então a morte passa a ser vista pelo idoso como certeza inescapável. Pensar sobre a morte faz o idoso refletir e recordar toda sua história, como suas vitórias e seus fracassos. Sendo a morte, culturalmente vista como um fim, colocando o sujeito de frente com o vazio, como se todos os anos de sua vida não valessem absolutamente nada, restando esperar pela única certeza que lhe resta, o seu morrer. A partir disso, percebe-se que o idoso tem um papel importante em algumas sociedades, sendo ele o suposto saber de experiências de vida, um saber que deve ser aproveitado e jamais esquecido. Já em outras, esse saber não interessa, onde dessa forma o idoso acaba sendo abandonado ou deixado de lado, não tendo mais valor para determinadas sociedades, uma vez que este não produz mais, o que nos dias de hoje parece representar ser mais importante, conforme DALMOLIN D; (2018). 3 ASPECTOS NUTRICIONAIS E O ENVELHECER Fonte: portaldoenvelhecimento.com.br 25 O envelhecimento acontece de forma natural ao qual provém do organismo as inúmeras alterações anatômicas e funcionais, tendo como resultado as condições de saúde e o estado nutricional do idoso. Situação que pode ter como circunstância efeitos fisiológicos, medicamentoso, diminuição da percepção sensorial, alterações mentais, além de outras reações do organismo podendo desenvolver doenças que possam reduzir o apetite, (COELHO et al. 2017 apud SILVEIRA J; et al., 2018). Segundo a Associação Americana de Saúde Pública, o estado nutricional é definido como a “condição de saúde de um indivíduo influenciado pelo consumo e utilização de nutrientes e identificada pela correlação de informações obtidas através de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos”, conforme SANTOS H; (2011). Os problemas alimentares em todas as idades incluem tanto a desnutrição como o consumo excessivo de calorias. Nos idosos, a desnutrição pode ser causada pelo acesso limitado a alimentos, dificuldades socioeconômicas, falta de informação e conhecimento sobre nutrição, escolhas erradas de alimentos, alimentos ricos em gordura, por exemplo, doenças e uso de medicamentos, perda de dentes, isolamento social, deficiências cognitivas ou físicas que inibem a capacidade de comprar comida e prepará-la, situações de emergência. Portanto, o estado nutricional é detectado a partir de vários parâmetros, que podem ser utilizados e avaliados de forma isolada ou associada (FELIX, 2009; NAJAS, 2005 apud SANTOS H; 2011). É de fundamental importância conhecer as mudanças corpóreas normais que ocorrem durante o processo de envelhecimento. As alterações biológicas próprias deste processo incluem a progressiva diminuição da massa corporal magra e de líquidos corpóreos, o aumento da quantidade de tecido gorduroso, a diminuição de vários órgãos (rins, fígado, pulmões) e, sobretudo uma grande perda de músculos esqueléticos. Todos esses aspectos justificam a busca de condutas e diagnósticos nutricionais que visem à melhora da qualidade de vida desse grupo etário (NAJAS, 2005 apud SANTOS H; 2011). Na região semiárida do Brasil, a obesidade como problema de saúde pública é um fenômeno bastante recente, uma vez que esta sempre se caracterizou pelo pobre perfil nutricional de sua população, consequência dos indicadores socioeconômicos e ambientais desfavoráveis, permanentemente registrados. Segundo Gallon (2010 apud SANTOS H; 2011), as necessidades nutricionais apresentam particularidades de acordo com o avanço da idade. 26 Os requerimentos nutricionais no climatério e na menopausa têm características especiais, devido ao aumento dos fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV), osteoporose, demência e câncer. Uma dieta adequada e exercícios físicos são ferramentas importantes para diminuir e para prevenir a morbidade e a mortalidade relacionada à obesidade, hipertensão e DCV, conforme SANTOS H; (2011). No caso especifico da mulher climatérica, os excessos nutricionais relacionam- se com o alto consumo de alimentos energéticos, principalmente provenientes de gorduras saturadas. Porém, não são apenas os excessos que preocupam, mas a deficiência nutricional dos alimentos ingeridos (GALLON, 2010 apud SANTOS H; 2011). Segundo Friedrich (2007 apud SANTOS H; 2011), mulheres a partir do início do climatério apresentam progressivo aumento de peso, com sobrepeso em média de 75% da população avaliada, com o aumento do risco de morbidade, principalmente relacionadas a doenças cardiovasculares. Foi feito um estudo baseado na análise dos resultados obtidos com a aplicação de um programa de intervenção nutricional e de exercício físico, sobre o perfil antropométrico e os hábitos alimentares de mulheres obesas no climatério, permitiu concluir que a perda de peso corporal se dá com maior intensidade na presença de exercício físico e a associação de dieta e educação nutricional mostrou-se efetiva na promoção de mudanças no consumo habitual de alimentos (MONTEIRO, 2004 apud SANTOS H; 2011). No processo de envelhecimento, a importância da alimentação é comprovada por estudos epidemiológicos, clínicos e de intervenção,que têm demonstrado ligação consistente entre o tipo de dieta e o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis, incluindo as doenças cardíacas coronarianas, doenças cérebro- vasculares, vários tipos de cânceres, diabetes mellitus, cálculos biliares, cáries dentárias, distúrbios gastrointestinais e várias doenças ósseas e de articulações, além do uso prolongado de medicamentos que interferem no apetite, no consumo e na absorção de nutrientes (FELIX, 2009 apud SANTOS H; 2011). A educação nutricional tem sido destaque em diversos estudos epidemiológicos (FELIX, 2009; OPAS, 2005; VECCHIA, 2005 apud SANTOS H; 2011) em especial naqueles nos quais os resultados apontam para a correlação entre comportamento alimentar e doenças (OMS, 1990 apud SANTOS H; 2011). 27 Existem evidências de que cerca de 70% dos idosos institucionalizados ingerem dieta deficiente em energia e fibras, e entre os pacientes idosos internados, cerca de 80%, apresenta níveis reduzidos de albuminemia e 50%, emagrecimento importante (MARCHINI, 1998 apud SANTOS H; 2011) É fundamental que as alterações próprias do envelhecimento sejam os mais precocemente possíveis diferenciadas dos sinais clínicos de desnutrição. A terapêutica nutricional desempenha papel importante na promoção da saúde, prevenção da doença e no cuidado geral, tanto em situações clínicas quanto cirúrgicas tanto para o idoso homem/mulher. Essa prevenção e/ou controle da desnutrição em idosos, seja em nível ambulatorial, hospitalar ou institucionalizado, deve ser uma meta considerada por toda a equipe de saúde nos serviços de atendimento a esta população, conforme SANTOS H; (2011). De acordo com SANTOS H; (2011), a aplicação de métodos de avaliação nutricional que permitam uma vigilância do estado nutricional deve englobar os três níveis de controle do processo saúde-doença: Nível l – controle dos condicionantes e determinantes da desnutrição, conforme SANTOS H; (2011) Nível II – controle de riscos, conforme SANTOS H; (2011) Nível III – controle de danos. Para tanto, é necessário que os serviços de saúde apliquem rotineiramente instrumentos sensíveis na identificação de alterações do estado nutricional, a fim de que se possa identificar de forma mais precisa o déficit nutricional existente. Este procedimento permitiria intervenções nutricionais mais precocemente (WAITZBERG, 2001 apud SANTOS H; 2011). Segundo estudo de Campos et al., (2006 apud SANTOS H; 2011) que avaliou o estado nutricional de 1.661 de idosos, sem estarem institucionalizados, das regiões do Sudeste e Nordeste e fatores associados de idosos brasileiros, a prevalência para o sobrepeso foi de 32,3%; 11,6% de obesidade; 50,4% eutrófico e apenas 5,7% de baixo peso. O gênero feminino apresentou chance 1,32 vezes maior de sobrepeso e 4,11 vezes maior de obesidade e os portadores de doenças crônicas apresentaram maior risco de alterações do estado nutricional do que no gênero masculino. 28 Outro estudo realizado, desta vez, com idosos institucionalizados (FELIX, 2009 apud SANTOS H; 2011), encontrou proporções de 36,1% de desnutridos, 16,7% de sobrepeso + obesidade e 47,2% de eutróficos, tendo as mulheres 50% de risco nutricional de desnutrição. O risco para doenças cardiovasculares, segundo os parâmetros antropométricos foi mais elevado nas mulheres (86,4%), em comparação aos homens (57,1%), conforme SANTOS H; (2011). Ambos os estudos confirmam a tendência de crescimento significativo da população idosa no Brasil e a vulnerabilidade nutricional deste grupo populacional, indicando a necessidade de acompanhamento sistemático do estado nutricional. Desta forma, a educação nutricional configura-se como base para melhoria da qualidade de vida dessa parcela da população, conforme SANTOS H; (2011). Porém, seguindo a linha de raciocínio de Melo et al. (2015 apud SILVEIRA J; et al., 2018), o organismo ao chegar à idade senil sofre diversas alterações anatômicas e funcionais, como repercussões nas condições de saúde e nutrição. Muitas dessas mudanças são progressivas, ocasionando concretas reduções na capacidade funcional, desde a sensibilidade para os gostos primários até os processos metabólicos do organismo. De acordo Menezes et al. (2010 apud SILVEIRA J; et al., 2018), o conjunto de dificuldades encontradas para adquirir o ideal nutricional do idoso nos mostra a necessidade de buscar novas maneiras no cotidiano de entender diferentes costumes e práticas alimentares de um público delicado. Sendo assim, é preciso encontrar maneira de convencimento inovadora e posturas que demonstrem conhecimento técnico e ao mesmo tempo disponibilidade para adaptação de culturas diferentes propiciando satisfação e felicidade. Tendo em vista a qualidade de vida dessa população existe uma grande possibilidade de prevenir e recupera o bem-esta dessa classe, contudo tendo um acompanhamento adequado e um olhar abrangente sobre as necessidades nutricionais desta faixa etária, uma atenção especial nas questões relacionada à saúde emocional, físicas, dificuldades econômicas entre outras, conforme SILVEIRA J; et al., (2018). 29 Há alguns métodos seguros para diagnosticar o estado nutricional do idoso. As medidas antropométricas é uma delas, tendo como finalidade identificar o desvio nutricional sobre eutrofia, tanto antes, quanto após a educação nutricional. Contudo os parâmetros só melhoram após as práticas educativas, o que é considerado positivo, pois com a melhora no perfil nutricional é possível uma maior qualidade de vida. Na análise dietética, pode-se perceber a inadequação dos nutrientes com mais precisão, o que poderá indica maior comprometimento da saúde dos idosos por carências ou excessos alimentares. (SEGALLA; SPINELLI, 2013 apud SILVEIRA J; et al., 2018). Para motivar a saúde nutricional foi criado vários Guias Alimentares que orientam a população na melhor escolha de alimentos e porções adequadas. Uma das mais usadas e a pirâmide alimentar, um mecanismo de educação nutricional, que indica que a dieta apresente um número de porções adequadas dos grupos de alimentos mais importantes que são: (cereais, vegetais, frutas, carnes e leite). Entretanto, o guia alimentar para a população brasileira recomenda o consumo preferencial de alimentos in natura e minimamente processados além de recomendar que se evitem alimentos ultra processados e que contenham gorduras trans, a fim de prevenir doenças causadas por tipo de alimento (BOHN et al. 2016 apud SILVEIRA J; et al., 2018). A busca por qualidade de vida é importante para verificar as mudanças positivas no estado nutricional dos idosos, juntamente com as atividades a ser desenvolvidas dentro desse contexto irão motivar a população a ter uma maior autonomia e autocuidado. Neste sentido, pode-se visualizar que independentemente da idade, a execução de exercício físico diário são importantes na melhora do comportamento e hábitos alimentares, proporcionando assim uma melhor condição nutricional, qualidade de vida e longevidade e consequentemente dando um suporte para uma saúde adequada concedido ao idoso a se manter longe do risco de desnutrição, e de doenças causadas por erros alimentares, conforme SILVEIRA J; et al., (2018). 30 As intervenções sobre educação em saúde vêm crescendo como um todo. Com o foco de desenvolver atividade educativa. A prática educativa combinada com saúde alimentar vem como um modo de ajudar os idosos a enxergar a alimentação saudável de uma forma mais divertida, porém aproximando da realidade em que existente, pois nesse percurso o autocuidado é uma forma indispensável para manter com a mente e o corpo em equilíbrio e vitalidade (COUTINHO et al. 2016 apud SILVEIRA J; et al., 2018). Diante de tanta informação direcionada ao público idoso, a sociedade visa aprimorar as condutas mais importantese relevantes para esta fase da vida. Tendo como os pilares da educação nutricional apresentada pela (UNESCO, 2010 apud SILVEIRA J; et al., 2018) que são: aprender a conhecer, fazer, viver e ser. Considerando nesse aspecto as condições socioeconômicas para concretizar tal modelo, assim se adequar a cada realidade. Com toda essa temática de qualificar e capacitar profissionais da área de saúde, é possível alcançar grandes resultados que evidenciem uma resposta plausível, mediante interesse mútuo de cada grupo responsável por essa população. Público esse, que almeja uma vida com menos sofrimento e mais disposição para viver. Embutindo no contexto a efetividade que abre espaço para construir o conhecimento e favorecer o convívio social, facilitando o desenrolar do sistema, conforme SILVEIRA J; et al., (2018). O conceito de educação ao longo da vida aparece, como um caminho a percorrer por toda história da humanidade, estando embutido nesse processo hábitos alimentares e qualidade de vida. Eles superam a distinção tradicional entre educação inicial e educação permanente, dando resposta ao desafio relatório desencadeado por um mundo em rápida transformação. Além de permanecer atual, essa exigência tornou-se ainda mais imediata e para supera, impõe-se que cada um aprenda tudo aquilo que vai acrescentar algo benéfico para a sua existência. (UNESCO, 2010 apud SILVEIRA J; et al., 2018). Envelhecimento - mudanças fisiológicas e consequências nutricionais: Numa perspectiva biológica, o envelhecimento é um percurso de degradação do organismo. Esta deterioração, que está associada à passagem do tempo, compromete a capacidade que o organismo tem de sobreviver. Nem todos os órgãos reagem da mesma forma ou ritmo. Muitas modificações influenciam negativamente o 31 consumo e a absorção de nutrientes. Alterações da pele têm por consequência, perturbações na conversão de vitamina D, conforme SILVA A; (2013). Constata-se uma perda de peso e uma perda de apetite e de necessidade de comer. A alimentação é reduzida, quer a nível calórico quer a nível dos nutrientes específicos. A proporção de água do corpo diminui em 20% e a gordura corporal aumenta. A taxa metabólica diminui, e esta por sua vez faz diminuir o consumo oral. Por isso os idosos, mais dificilmente conseguem seguir o padrão dietético ou a dose diária recomendada (RDA - recommended daily allowance) de vitaminas e minerais; especialmente, quando o consumo em calorias está abaixo de 1500 kcal, conforme SILVA A; (2013). O aumento da proporção de gordura corporal de quase 50 % dá-se à custa da diminuição da massa muscular magra, com o consequente decréscimo da taxa metabólica de cerca de 2 % por cada 10 anos. Além disto o envelhecimento traz a redução da atividade física e os gastos energéticos. Menos hormônio de crescimento, menos massa corporal magra com o avançar da idade. Mas não diminui, ou diminui pouco, a necessidade de vitaminas, minerais e elementos vestigiais. Para compensar o consumo reduzido de alguns nutrientes, os idosos deveriam comer alimentos com alta concentração de nutrientes, conforme SILVA A; (2013). Distúrbios da deglutição, peristaltismo esofágico prejudicado; sonda transpilórica diminuída; esvaziamento gástrico mais lento; atividade de colecistoquinina (CCK) aumentada; acloridria suave (resultado de gastrite atrófica); tempos prolongados do trânsito intestinal, aspiração silenciosa e pneumonia; hipotensão pós-prandial, obstipação, incontinência fecal e doença diverticular, são também alterações habituais nos idosos. Particularmente no que diz respeito aos distúrbios de deglutição, o idoso produz menos saliva, perde dentes (40% dos idosos a partir dos 65 anos perdem dentes) e a mastigação e deglutição tornam-se mais difíceis, conforme SILVA A; (2013). O fígado, com mais idade, tem menos tamanho e menos fluxo sanguíneo, embora a função seja preservada (assim, níveis baixos de albumina não deviam ser considerados como consequência de envelhecimento). Existe nos idosos, um declínio do relaxamento adaptativo do fundo gástrico e uma taxa aumentada de enchimento antral que leva à saciedade precoce. Pessoas de idade apresentam muitas vezes gastrite atrófica menos secreção de ácido clorídrico e fator intrínseco, com prejuízos 32 na absorção de vitamina B12, cálcio, ferro, ácido fólico e zinco, conforme SILVA A; (2013). Além disso, altera-se a produção de hormônios gastrointestinais, tanto relacionadas com a fome como com a saciedade. Nos idosos, a redução da produção e/ou a redução da sensibilidade para a ação dos hormônios gastrointestinais podem explicar as reduções de apetite com a idade. Concentrações dos hormônios orexigênicas (do apetite) mais baixas no jejum e pós-prandiais e concentrações aumentadas e mais prolongadas, de hormônios e peptídeos anorexigênios (da saciedade) pós-prandiais podem em parte explicar a anorexia do envelhecimento. Uma vez que é mais lento o esvaziamento gástrico e o transito intestinal, conforme SILVA A; (2013). Embora a insulina não seja um hormônio gastrointestinal regulador de apetite, exerce um efeito anorexigênico e está relacionada com os hormônios gastrointestinais. Concentrações aumentadas de insulina em jejum e pós-prandiais, e a reduzida tolerância à glucose, que acontecem no decorrer do envelhecimento, podem causar também diminuição da ingestão de alimentos. Altas concentrações de insulina poderiam inibir o apetite nos mais velhos, como forma de baixar esses níveis, conforme SILVA A; (2013). Verifica-se frequentemente que, as pessoas de idades avançadas têm reduzidas as suas funções olfativas, manifestam menos gosto pelo doce e salgado e, o comer não lhes desperta prazer nem interesse. Durante o envelhecimento, várias mudanças fisiológicas e patológicas podem levar a preferências ou hábitos alimentares deficientes. Problemas articulares, de visão e audição podem também dificultar e reduzir a mobilidade e o acesso aos alimentos, conforme SILVA A; (2013). Estratégias para promover uma alimentação saudável: De acordo com Souza (2016 apud SILVEIRA J; et al., 2018), a eficácia de um consumo alimentar balanceado, com a presença de alimentos que compõe os principais grupos de alimentos nutritivos, evita o desenvolvimento de doenças cardiovasculares nos idosos. 33 Em meio a várias técnicas nutricionais indicadas para a melhorar a alimentação e saúde do idoso, há uma maior preocupação em controlar os fatores de risco cardiovascular acompanhado da mudança do estilo de vida, uma vez que diferentes padrões dietéticos modulam diferentes aspectos do processo de doenças crônicas e fatores de risco cardiovasculares, como fenômenos oxidativos, níveis lipídicos no plasma, resistência sistêmica à insulina e metabolismo glicídico, pressão arterial, função endotelial e inflamação vascular. Portanto a prevenção seguida de boas orientações pode evitar tais complicações, conforme SILVEIRA J; et al., (2018). Para que haja um melhor resultado nas intervenções desse grupo é preciso oferecer um ambiente agradável, onde a participação no momento das preparações pode favorecer de forma qualitativa a adesão as a tais orientações. Possibilitar um maior conforto, segurança e autonomia no dia a dia das pessoas idosas é uma medida que tem impactado positivamente na autoestima. Algumas estratégias são fundamentais para que o idoso consiga se adaptar à nova realidade. Como escolher alimentos que eles tenham o habito de comer e agregar outros que seja rico em nutrientes, além de ter o cuidado de preparar uma alimentação em ambiente harmonioso, conforme SILVEIRA J; et al., (2018). Segundo Mallmann (2015 apud SILVEIRA J; et al., 2018), os resultados podem ser positivos se à interação entre atividade física, vida social e saúde mental, possa incentivar a prática de atividades físicas como açãode educação em saúde, promovendo a interação do idoso com o meio social em que vive podendo estimular de forma benéfica as atividades mentais. Através dessa iniciativa, a atividade física pode contribuir na melhora do desempenho de vida diária e no bem-estar emocional, promovendo a percepção de qualidade de vida e em geral suas dimensões dentro de cada contexto. Dentre várias estratégias, a promoção e realização de atividades lúdicas pode ser um meio de atrair os idosos para participar de forma prazerosa dos programas educacionais relacionado à saúde alimentar e nutricional articulando saberes técnicos e populares utilizando recursos individuais e coletivos. As oficinas educativas, é uma das formas de abordar esse público com mais facilidade, despertando neles o interesse pelo assunto relacionado à alimentação, conforme SILVEIRA J; et al., (2018). 34 De maneira que esse modelo, pode avaliar e promover a saúde do idoso, enfatizando diversas variáveis do campo do saber considerado de maneira atividades de educação em saúde realizando com grupo para promoção do autocuidado em saúde interdisciplinar e multidimensional. Dentre essas variáveis, a alimentação saudável constitui aspecto importante na qualidade de vida na terceira idade (Oliveira et al. 2018 apud SILVEIRA J; et al., 2018). A troca de saberes ainda é a maior ferramenta para trabalhar a educação como um todo. Parti do princípio que conhecimento gera autoconfiança e consequentemente qualidade de vida em todas as áreas, seja alimentar, social, intelectual, familiar. Por isso faz-se necessário utilizar abordagens que potencialize o empoderamento do ser humano para a promoção da autonomia e do autocuidado de zelar pela própria vida, conforme SILVEIRA J; et al., (2018). Conforme Combinato et al. (2010 apud SILVEIRA J; et al., 2018) trabalhar de forma grupal a promoção da saúde com pessoas idosas, é uma das maneiras mais proveitosa para ampliar o conhecimento e inserir coletivamente a importância de ter uma boa qualidade de vida. Tais práticas traz a possibilidade de conscientizar essas pessoas que para recuperar ou manter a saúde alimentar é preciso aceitar as orientações e praticá-las. É fato que atividades como essa, ao serem identificadas com o campo da Educação em Saúde, pode ampliar as informações e alcançar um número maior de pessoas para tal fim. Qualidade de vida no envelhecimento humano O termo qualidade de vida, para Minayo, Hartz e Buss (2000 apud SOUSA J; 2013), abrange diversos significados, que atribuem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se dirigem em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da diversidade cultural. Nos dias atuais, a qualidade de vida é determinada como o entendimento do indivíduo em sua atual situação de vida, no âmbito da cultura e principalmente dos sistemas de valores onde vive e, também, é colocada em evidência a relação entre seus objetivos, suas expectativas, seus padrões e suas preocupações. Esta definição inclui seis domínios principais, são eles: saúde mental e física, independência, relacionamento social, relacionamento com o meio-ambiente e o padrão espiritual (WHO, 1995 apud INOUYE et al., 2010 apud SOUSA J; 2013). 35 No estudo de Fleck et al. (2003 apud SOUSA J; 2013) é destacada a importância científica e social de se investigar as condições que influenciam o bem- estar no envelhecimento e os fatores que são associados à qualidade de vida de idosos, com o intuito de criar alternativas de intervenção e oferecer ações e políticas na área da saúde, tendo como objetivo criar e buscar alternativas de intervenção à população que envelhece. Embasados em estudos gerontológicos, o bem-estar e a qualidade de vida na velhice são conceitos complexos, multifatoriais, e incluem diversas variáveis, associadas tanto às dimensões individuais quanto coletivas do ato de envelhecer (LIMA, 2008 apud SOUSA J; 2013). Assim sendo, a qualidade de vida sentencia a percepção de que os indivíduos têm e se suas necessidades estão sendo cumpridas ou, ainda, que lhes estão sendo recusadas oportunidades de alcançar a felicidade e a autorrealização - profissional ou pessoal - com autonomia de seu estado de saúde físico ou das condições sociais e econômicas (OMS, 1998 apud PEREIRA et al. 2006 apud SOUSA J; 2013). Percepção sobre a velhice Entre os fatores que mais afetam o bem-estar das pessoas idosas, destaca-se a perda da independência ocasionada pelas doenças crônicas ou acidentes; a falta de uma rede social de apoio, amigos e familiares, e as questões econômicas, que interferem na qualidade do atendimento médico e da alimentação e no acesso às atividades de lazer (ROCHA et al. 2010 apud SOUSA J; 2013). A percepção de satisfação com a vida, em sua maioria, tende a ser vista de forma positiva entre os idosos. Em situações em que se confronta a avaliação objetiva (realizada por exames e/ou por profissionais) com a avaliação realizada pelo próprio idoso (o modo como ele se percebe), potencialmente essas dimensões se complementam e enriquecem a avaliação objetivamente realizada, pois os idosos dispõem de informações únicas que não seriam relatadas por familiares ou, muito menos, observadas com a avaliação padronizada aplicada por profissional treinado no momento da coleta de dados (NERI, 2007 apud SILVA, 2010 apud SOUSA J; 2013), (KIKUCHI, 2005 apud. LIMA, et al. 2008 apud SOUSA J; 2013). Para Sally Roach (2009 apud SOUSA J; 2013), os problemas psicossociais vividos pelos idosos envolvem aspectos psicológicos e sociais. Os idosos enfrentam diversos problemas psicossociais devido às respostas emocionais que ocorrem como 36 resultado do processo de envelhecimento normal, doenças agudas e crônicas, mudanças de papel ou status, problemas com moradia ou dificuldades relacionados a serviços médicos. E quaisquer destes problemas, segundo a autora, produzem estresse e podem levar a problemas psicossociais. Com uma linha teórica diferenciada, Aranha (apud Papalléo Netto, 2007: p. 255 apud SOUSA J; 2013), disserta o seguinte, “O velho é sempre o outro; nunca conseguimos nos reconhecer como tal, a menos que a limitação nos encontre e nos faça encarar aquilo de que fugimos a vida toda. De uma hora para outra seremos “velho”, o tão temido “velho” e teremos de responder à difícil pergunta: “O que é ser velho? ” Teremos de questionar se é possível aprender a conviver com tal condição e se não será tarde demais para tanto”. A velhice é rodeada por momentos de reflexão, de análise, especialmente do passado que, quando não é satisfatória, pode favorecer sentimentos de rejeição e de culpa responsáveis por desenvolver muitos comprometimentos emocionais no idoso (ARANHA, 2007 apud SOUSA J; 2013). A maioria das pessoas somente busca ajuda ou tratamento após a tomada de consciência das mudanças geradas pelos efeitos físicos, psicológicos e/ou sociais resultantes do processo de envelhecimento. Quando os indivíduos não podem mais negar esses efeitos o panorama de envelhecimento passa a ser ameaçador, gerando o medo de desagregação e da desintegração. O que antes era único, integrado e suficiente, passa então a ser visto como transitório e, portanto, finito (ARANHA, 2007 apud SOUSA J; 2013). A investigação sobre o envelhecimento como fase do ciclo vital é bem desenvolvida na psicologia do envelhecimento e influenciou diversos estudos gerontológicos. Um adulto idoso que se sente satisfeito com a vida e sente que a vida vale a pena atendeu com sucesso o critério de integridade do ego, obtendo o sucesso almejado. Essa pessoa sente que, apesar de todas as decisões não terem sido ideais, as decisões tomadas foram as melhores naquele tempo e, como consequência, tiveram bons resultados (HOCKENBURY; HOCKENBURY, 2003). A pessoa que
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