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Resumo Neurofisiologia

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Lucas Moreira – 72C 
1 
RESUMO NEUROFISIOLOGIA 
 
 
Conceitos Básicos: 
 
1. “Centros de Processamento”: nos possuímos no tronco e no hipotálamo, cerca de 16 
“aplicativos”, que na verdade são núcleos de SC (locais de altas concentração de pericários) 
em meio a SB, que comandam reações reflexas que buscam manter a homeostase do 
organismo, deste modo, procurando aproximar um situação real da ideal para o bom 
funcionamento do corpo. Exs: núcleo do trato solitário no bulbo, que comanda o reflexo 
respiratório de aumento ou diminuição das IRPM, centro vasomotor, controle da temperatura 
do hipotálamo, ... 
• Exemplos: 
I. Baixa da PO2, aumento da PCO2 e baixa do pH => percepção pelos 
quimiorreceptores centrais => sinal para o centro respiratório dorsal do bulbo 
=> alteração dos tempos de estímulo aos músculos inspiratórios, o que leva a 
uma alteração da profundidade da respiração; além da alteração das IRPM 
II. Aumento da osmolaridade sanguínea acima de 300mOsm => geração do 
sentimento de sede pelo organismo => consumo de água adicional => impulso 
para a hipófise produzir ADH => retenção de água no organismo 
III. Aumento da Temperatura Corpórea => percepção por receptores específicos 
=> diminuição do tônus simpático na pele; vasodilação; diminuição da 
atividade muscular; aumento do tônus simpático colinérgico nas glândulas 
sudoríparas; diminuição da secreção de T3, T4 e NE. 
IV. Diminuição do volume sanguíneo e consequente baixa da PA => percepção 
pela mácula densa => estimulo da casca da renina-angiotensina => secreção de 
aldosterona => aumento da reabsorção de Na+ nas células principais da 
segunda metade do túbulo distal e do túbulo coletor cortical => osmose de água 
+ alteração nos níveis de ADH secretados pela hipófise 
 
2. Plasticidade: num contexto geral, é a capacidade que o nosso organismo possuí de ser 
adaptar conforme os estímulos do meio, deste modo, se encaixando a eles. Diferentemente 
da elasticidade, aqui quando cessado o estímulo, a transformação ainda persiste por um 
tempo. Como exemplos no corpo humano podemos definir o aprendizado, a memória, a 
Lucas Moreira – 72C 
2 
hipertrofia muscular e a proliferação de vasos em um tecido hipoxêmico. Este conceito é 
norteado pela lei do uso e desuso de Lamarck, apesar de não se limitar a esta lei, uma vez 
que possuímos limitantes no nosso genótipo e outros exemplos que não se encaixam na 
mesma. 
• Estímulos: por definição, é um agente capaz de gerar uma resposta fisiológica, que é 
ordenada geneticamente para ocorrer de maneira correta 
• Período Crítico: são fases temporais, nas quais nossos sistemas apresentam potencial 
plástico máximo. Nestes períodos, também é importante ressaltar que são neles onde 
os sistemas se tornam mais vulneráveis à privação de recursos. Ex: períodos da 
juventude, onde é mais fácil o aprendizado, como, por exemplo, de uma nova língua. 
Todavia, nem sempre esses períodos críticos existem e, em muitos casos, a plasticidade 
pode ser plena a despeito da idade 
• Plasticidade nos Sistemas Celulares: a plasticidade, a despeito de regulações de 
respostas, trata da expressão de novos personagens, reformulação morfológica, 
mudança no fenótipo, deleção, ..., ou seja, de alterações que não se revertem 
espontaneamente. Assim sendo, o processo de plasticidade é entrópico (apresenta um 
custo energético crescente), tal como ocorre na evolução, em que espécies não involuem 
por si só se forem retiradas do seu ambiente. Tendo isso em mente, tanto espécies quanto 
fenótipos podem assumir um padrão anterior de ordem, mas deverá haver uma pressão 
ambiental que remeta a este padrão, no nosso caso, basicamente, é o padrão de 
homeostase do nosso organismo. 
 
 
2.1. Neuroplasticidade: é a capacidade do sistema nervoso de se transformar conforme 
pressões do meio externo. Estas transformações incluem desde lesões causadas por 
traumatismos até mecanismos de aprendizagem e memória 
• Estas transformações podem ser temporárias ou duradouras. As mudanças 
temporárias ocorrem nas sinapses, fazendo com que circuitos mais utilizados 
fiquem mais facilitados (com o potencial de repouso mais próximo do limiar); isto 
ocorre através de neurotransmissão metabotrópica, através de segundos 
mensageiros e da síntese proteica de canais. Já as modificações definitivas incluem 
a síntese de novos axônios, ou então de novas espinhas dendríticas, que são as 
regiões que recebem os inputs dos neurônios que chegam ao corpo celular. 
• As conexões que formam as redes neuronais são práticas, ou seja, capazes de se 
transformar, e ficam mais fortes ou mais fracas dependendo da frequência de 
uso. Assim sendo, os neurônios seriam como o conjunto de vias de uma cidade. 
Lucas Moreira – 72C 
3 
Quanto mais caminhos alternativos você tiver para chegar aonde deseja, mais fácil 
será chegar ao destino 
• Um grande exemplo da neuroplasticidade é a fisioterapia com, por exemplo, uma 
vítima de um AVE que criou uma hemiplegia de lado direito. Neste processo, a 
fisioterapeuta gera um estímulo, que chega ao giro pré-central, é interpretado, e 
manda uma resposta eferente, que pelo corpo caloso, pode alternar de lado e chegar 
ao seu local de destino. O grande desafio de reabilitações, como a do exemplo, é 
acessar as informações agora inacessíveis por caminhos diferentes, por meio de 
uma reorganização de uma rede neural. 
 
3. Neurotransmissores: são os responsáveis pela propagação de um potencial de ação em 
uma sinapse química. O nosso sistema nervoso possuí uma infinidade de neurotransmissores, 
dentre os quais mais importantes são: 
I. Acetilcolina: relacionado com o aprendizado e a memória 
II. Noradrenalina: relacionado com o estado de alerta, ou de vigília, se ligando 
basicamente, a receptores excitatórios. 
III. Dopamina: é sintetizado por neurônios da substância negra do mesencéfalo, e possuí 
em geral um efeito inibitório. 
IV. Glicina: acredita-se que atue como neurotransmissor inibitório. 
V. GABA: possuí SEMPRE ação inibitória, tanto quem substâncias gabaenérgicas são 
utilizadas como anticonvulsivantes 
VI. Glutamato: possuí um efeito sempre excitatório. 
VII. Serotonina: age como inibidor das vias de dor na medula espinal e acredita-se que 
sua função inibitória no SN superior auxilie no controle do humor, possivelmente até 
mesmo provocando o sono. 
VIII. Óxido Nítrico: sua função até hoje não é bem definida. 
IX. Histamina: está relacionado ao alerta. 
 
4. Padrões de Comportamento: o comportamento basicamente, é um tipo de resposta 
específico que o SN tem para certa interação com o meio externo. Estas respostas possuem 
um objetivo específico, tendo como objetivo último o bem-estar do indivíduo 
 
4.1. Comportamento Reflexo: é o tipo de mais simples, uma vez que são inerentes à 
estruturas dos circuitos neurais, secundários a um arco sináptico simples, com o seu 
interneurônio estando localizado no H medular. Por definição, os reflexos são 
Lucas Moreira – 72C 
4 
comportamentos inatos, involuntários e estereotipados, porém podem ser modulados 
por mecanismo neurais mais complexos – tanto que lesões nos centros nervosos 
superiores podem acentuar reflexos ou até mesmo liberar reflexos antes inativos, como, 
por exemplo, o reflexo de Babinski em casos de lesão do neurônio motor superior 
• Um exemplo simples de um reflexo é quando encosta-se em um objeto quente. 
Neste contato, um receptor capta a temperatura do objeto, faz sinapse com um outro 
neurônio, que, por via aferente leva o estímulo para o interneurônio no H medular, 
este neurônio interpreta a informação e, por via eferente, manda um estímulo para 
o músculo se contrair para assim acabar com o contato com o objeto em questão 
Grande parte das ações do SNA é reflexa 
 
4.2. Comportamentos Automáticos ou Automatismos: estes comportamentos são aqueles 
que ocorrem sem a menor consciência de que eles estão ocorrendo,como, por exemplo, 
os de andar, digitar, pilotar, jogar videogames, e muitos outros. 
• Muitos destes comportamentos são iniciados a partir de uma vontade (vontade de 
dirigir, por exemplo). Todavia, uma vez iniciados os seus movimentos específicos 
se dão de maneira automática. Estes comportamentos têm objetivos específicos 
muitos bem ajustados ao contexto do nosso dia a dia, deste modo, liberando o SN 
para se ocupar de outra cognição consciente (se ocupa de apenas uma destas por 
vez, ou seja, somos “monotasks”). 
• Estes comportamentos são adquiridos por nós, memorizados, e com um alto grau 
de sua repetição, são transferidos para o núcleo caudado e o putámen, onde são 
armazenados como automatismos. 
 
4.3. Comportamentos Impulsivos: são movimentos voluntários, imediatos e motivados por 
nossas emoções (motivados na maioria dos casos por um conflito de bibliotecas 
cerebrais), sendo na nossa espécie os impulsos mais comuns os sexuais, agressivos, 
apetitivos ou evasivos 
• Nosso organismo possuí um aparato cerebral destinado a policiar e a conter nossos 
impulsos, chamado córtex orbitofrontal, uma região do córtex pré-frontal 
relacionada com a função de controle inibitório. Contudo, atos impulsivos são 
muito difíceis de controlar quando estamos em situações de estresse físico ou 
mental, principalmente na presença de fome, sede ou medo extremo. Obs: 
algumas substâncias como o álcool e a cocaína prejudicam a função do córtex 
orbitofrontal, dando vazão aos impulsos 
 
Lucas Moreira – 72C 
5 
4.4. Decisões: são as estruturas mais complexas de comportamento, sendo que muitas vezes 
nem se exteriorizam, mantendo-se reclusas na mente de quem as projeta. Logo, a decisão 
sendo um comportamento premeditado, oriundo de um julgamento crítico, ocorre 
sempre após um intervalo de tempo, o qual a separa do estímulo que a causou. 
• Uma decisão sempre resulta de uma verdadeira análise de inúmeras variáveis, 
baseadas nas nossas experiências próprias e no que nos foi ensinado, que 
termina em um julgamento de custos e benefícios. Assim sendo, acredita-se que 
a memória de trabalho, sediada no córtex pré-frontal, é um mecanismo 
fundamental para que as decisões ocorram 
• Tendo isto em mente, a capacidade de tomada de decisões está diretamente 
relacionada com a nossa experiência de vida (ou seja, nossa idade), com a nossa 
cultura geral (biblioteca de hipóteses) e com a nossa inteligência (capacidade de 
formular hipóteses e testá-las mentalmente) 
 
4.4.1. Tomada de Decisão: em toda tomada de decisão há um conflito de duas bibliotecas 
que possuímos no nosso cérebro. A primeira está localizada em áreas do lobo frontal 
dos dois hemisférios, e está relacionada com possíveis comportamentos, basicamente, 
é o que nos foi ensinado sobre o mundo e a sociedade desde a nossa infância. A outra 
está localizada no lobo parietal, e está relacionada com experiências próprias 
relevantes, bem como seu conhecimento acerca do mundo. Ambas as bibliotecas estão 
conectadas pelo fascículo arqueado ou supervia (possuí a maior velocidade condução 
de impulsos do organismo), e quando há a chegada de um estímulo, antes de se chegar 
a uma decisão, ambas as vias se comunicam e trocam informações. Caso ambas as 
bibliotecas contenham informações concordantes acerca deste estímulo há uma 
tomada de decisão tranquila. Todavia, caso haja um conflito de bibliotecas, há uma 
decisão difícil, repleta de tensão e que requer muito mais pensamento. OBS: caso esta 
decisão seja definida bem, há um crescimento da autoestima pessoal, mas caso seja mau 
definida, há um grande crescimento da autodiscrença pessoal (motivo pelo qual, por 
exemplo, muitos cirurgiões perdem a crença em suas habilidades após uma tomada de 
decisão que julgam ter sido errada). 
• Os 4 passos da tomada de decisão: 
1. O córtex pré-motor é ativado para tomar decisões básicas 
sobre movimentos físicos inconscientes 
2. Se for necessário mais do que uma simples ação física, 
determinada área do córtex um pouco além é convocada, 
para planejar e refinar a rota da ação 
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6 
3. Se a situação for feita em um contexto complicado, serão 
ativadas as áreas do córtex pré-frontal relacionadas à 
comparação de situações passadas e presentes 
4. Por fim, a área mais frontal do cérebro é envolvida, 
combinando em um único plano integrado todas as 
informações reunidas até o momento 
 
 
5. Sistema Reticular Ativador: como seu próprio nome diz, é um conjunto de neurônios 
espassados que estão presentes no mesencéfalo, e que possuem a função de bombardear o 
córtex cerebral com estímulos, a fim de nos manter sobre o estado de vigília. Estes neurônios 
são reverberativos, ou seja, quando o neurônio 1 manda um estímulo para o 2, que vai para o 
3, para o 4, e depois para o cérebro, este estímulo volta direto para o 1, assim, criando uma 
espécie de circuito fechado de estímulos reentrantes. 
• Este sistema possuí mecanismos de ajuda excitatória, como atividades físicas, 
atividades com demanda intelectual, luz e sonoridade, frio, etc; bem como é estimulado 
por neurotransmissores, tais como histamina, noradrenalina, acetilcolina, dopamina, ...., 
etc. 
• Do mesmo modo, possuí mecanismos de ajuda inibitória, como repouso, olhos 
fechados, silêncio, conforto térmico, ..., etc; além disso, também é inibido por 
hormônios como serotonina e melanina (esta última é produzida pela pineal quando 
estimulada pelo núcleo supraquiasmático do hipotálamo, que é estimulado pelos centros 
subcorticais, que por sua vez, são estimulados pelos mecanismos inibitórios já citados 
acima) 
• Nos possuímos 10 níveis de consciência e alerta, que se baseiam na nossa atividade 
mental (alta ou baixa), na direção do nosso foco (interior ou exterior) e na nossa 
concentração (alta ou difusa). 
• Além disso, nossa atenção pode ser voluntária ou involuntária (quando um telefone 
toca). Quando ela é voluntária, ainda pode ser subdividida em focalizada (seletiva), 
sustentada (ex: motorista), concentrada, dividida e difusa 
 
6. Aprendizado: toda informação para ser aprendida necessita de ser adquirida, consolidada, 
armazenada e evocada, tudo isso com absoluta atenção 
I. Aquisição: se dá por meio das estruturas sensoriais, como a visão, a audição e o tato, 
que transduzem a energia do estímulo, transformando-a em potenciais de ação 
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II. Consolidação: é o processo que decide se determinada informação será ou não 
armazenada, sendo que essa decisão vai depender de sua motivação, a qual é 
determinada por circuitos emocionais, como o hipotálamo. Se a decisão for que sim 
várias alterações bioquímicas ocorrerão em suas sinapses para tornar facilitados os 
circuitos neurais relacionados com essa informação, a fim de que se formem os 
chamados traços bioquímicos de memória, ou engramas. Todo esse processo de 
consolidação ocorre no hipocampo 
X. “Limpeza”: acredita-se que a limpeza das inúmeras informações não consolidadas 
ocorra durante o sono, deste modo, aí está a sua importância para o correto 
funcionamento dos nossos sistemas neurais. Em palavras leigas, ele realiza a limpeza 
do nosso “memory card” cerebral, nos deixando preparados para mais um dia de novas 
informações. 
III. Armazenagem: ocorre em regiões difusas do córtex cerebral. 
IV. Evocação: este processo envolve a organização dos traços de memória, ou 
engramas, em uma sequência coerente no tempo e ocorre principalmente no córtex 
pré-frontal, por um fenômeno denominado memória de trabalho. 
 
7. Memória: é responsável por recolher os incontáveis fenômenos de nossa existência em um 
todo unitário; se não fosse a força unificadora da memória, nossa consciência se estilhaçaria 
em tantos fragmentos quanto os segundos já vividos. Assim sendo, é a memória que 
proporciona uma singularidade ao indivíduo 
• Edição da Memória: cada indivíduo é capaz de editarsua própria memória. Ou seja, 
quando alguém presencia um evento, as imagens, os sons, os cheiros e as impressões 
pessoais são traduzidos em termos bioquímicos 
• Uma informação após ser consolidada no hipocampo pode seguir dois caminhos. Se a 
informação envolver um comportamento motor, o aprendizado ocorre no subcórtex 
(cerebelo e núcleos da base, como o núcleo caudado e o putámen), este tipo de memória 
não se extingue com o desuso e criam os automatismos. No entanto, se a informação 
for de conteúdo exclusivamente linguístico, após a consolidação no hipocampo essas 
memórias seguem para regiões difusas no córtex cerebral (esta configuração difusa 
previne a perda total da memória em lesões cerebrais) 
• Classificação das Memórias: 
I. Memória Declarativa: são memórias sobre as quais podemos falar, ou seja, 
podemos declarar que elas existem e podemos ainda relatar como as 
adquirimos. São memórias de fatos, eventos e conhecimentos 
• A amnésia representa a perda deste tipo de memória 
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II. Memória Procedural: são coisas que sabemos fazer mas não sabemos como 
as fazemos, como por exemplo, falar, soletrar certa um palavra, etc. 
• Quase nenhuma doença ocasiona a perda destas memórias. As 
exceções são a Alzheimer e o Parkinson 
III. Hábitos: são coisas que estamos acostumados a fazer, como nadar, andar e 
saltar, ou seja, são memórias não facilmente declaráveis, mas constituem 
memórias extremamente duradouras. No início, o aprendizado de hábitos é 
declarativo, uma vez que precisamos pensar para fazer, mas com o tempo 
conseguimos realiza-las sem pensar. Isto ocorre porque agora se formou um 
automatismo secundário, já que, após o aprendizado, as representações 
passam a ficar armazenadas no cerebelo e núcleos da base. 
IV. Memória de Trabalho: é o terceiro tipo de memória que possuí a função de 
contextualizar o indivíduo, gerenciando as informações que transitam pelo 
cérebro. Essa memória dura apenas alguns segundos, que são suficientes 
para que o indivíduo coloque em ordem as etapas da tarefa que está 
realizando. Deste modo, basicamente esta memória é responsável por 
conservar uma informação na consciência enquanto tal informação está 
sendo processada, ou seja, ela só opera enquanto a informação está sendo 
processada, e após tal processamento se extingue, não formando engramas 
• O famoso “branco” ocorre quando algum evento agudo (estresse, 
trauma, susto) apaga o conteúdo da nossa memória de trabalho e então 
perdemos o fio da meada do nosso pensamento. 
• Outro papel fundamental da memória de trabalho é comparar as 
informações novas que nos chegam pelas vias sensoriais com aquelas 
já armazenadas nas nossas bibliotecas, como, por exemplo, ocorre na 
tomada de decisão. 
• É óbvio que determinada informação que esteja sendo 
temporariamente processada pela memória de trabalho poderá, 
ocasionalmente, se transformar em memória duradoura, formando 
engramas e se tornando uma memória declarativa. Para que isso 
ocorra, basta que haja motivação 
• Outra função fundamental da memória de trabalho é de evocar as 
memórias declarativas, uma vez que, para que isso ocorra é 
necessário ordenar os engramas, a fim de que a edição de ideias 
ocorra de maneira coerente no espaço e no tempo 
 
Lucas Moreira – 72C 
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O córtex pré-frontal é responsável pelas chamadas funções executivas do 
córtex, que envolvem três grandes subfunções: (1) a organização temporal da 
memória, que é realizada pela memória de trabalho; (2) o ajuste preparatório, 
que consiste nas funções de planejamento de ações e estratégias; e (3) o controle 
inibitório, que é a função cognitiva que atua como uma “censura” interna, 
racionalizando as emoções e viabilizando o convívio social 
• Além destes, ainda há mais algumas subdivisões da memória, tais como: 
➢ Memória Espacial: localizada no lobo parietal 
➢ Memória de Conhecimento Geral: localizada no lobo 
temporal 
➢ Memória Episódica: localizada nos corpos mamilares 
➢ Memória Emocional: localizada na amígdala 
 
8. Movimentos Táxicos ou Harmônicos: são todos controlados por um sistema de controle 
junto ao cerebelo, que incluí os núcleos da base, como o corpo estriado, núcleo caudado e 
putámen; córtex motor; globo pálido e substância negra; AFBR: área facilitadora bulbo-
reticular; motoneurônio GABA e ALFA, fuso, músculos agonista e antagonistas. 
 
 
FISIOLOGIA DA DOR E AS TEORIAS DA DOR: 
 
1. Tipos de Dor: 
I. Dor Rápida: também denominada como dor pontual, em agulhada, aguda ou elétrica. 
Este tipo de dor é sentida em menos de um segundo, sendo transmitida por fibras do 
tipo A mielinizadas. Esta não é sentida nas vísceras e avisa rapidamente a pessoas 
sobre o perigo e, portanto, desempenha papel importante na reação imediata do 
indivíduo para se afastar do estímulo doloroso. 
II. Dor Lenta: também denominada como dor persistente, pulsátil, nauseante e crônica. 
Esta dor geralmente está associada à destruição tecidual, e é sentida após um segundo, 
uma vez que, é conduzida por fibras C não-mielinizadas. A principal substância que 
induz à dor após dano tecidual é bradicinina, sendo que a sua intensidade está 
relacionada ao aumento local da concentração do íon potássio ou à elevação da 
concentração de enzimas proteolíticas, que atacam diretamente as terminações 
Lucas Moreira – 72C 
10 
nervosas e estimulam a dor por fazer as membranas nervosas mais permeáveis aos íons. 
Ex: dor do infarto. 
• Por conta deste sistema duplo de inervação para dor, o estímulo doloroso súbito, em 
geral, causa sensação dolorosa dupla: dor rápida que é transmitida para o cérebro 
pela via de fibras A, seguida, em 1 segundo ou mais, por uma dor lenta transmitida 
pela via das fibras C, caso o estímulo causador do processo doloroso continue. 
 
III. Dor Referida: ocorre quando uma pessoa sente dor em uma parte do corpo que fica 
distante do tecido causador. Por exemplo, a dor na região do corpo irradiada para o 
braço em casos de infarto do miocárdio. A dor referida é ocasionada porque, os ramos 
das fibras para a dor visceral fazem sinapse na medula espinal, nos mesmos 
neurônios de segunda ordem que recebem os sinais dolorosos da pele. Quando as 
fibras viscerais são estimuladas, os sinais dolorosos são conduzidos pelo menos por 
alguns dos mesmos neurônios que conduzem os sinais dolorosos da pele, e a pessoa 
tem a impressão de que as sensações se originam na pele. A dor visceral quando é 
referida para a superfície do corpo, a pessoa, em geral, a localiza no segmento 
dermatômico de origem do órgão visceral no embrião. 
 
 
IV. Dor Visceral: é a dor oriunda diretamente de uma víscera, sendo geralmente 
ocasionada por sua infecção, inflamação, necrose, espasmos da musculatura lisa de 
vísceras ocas, distensão excessiva de víscera oca e/ou isquemia. Esta dor é difícil de 
Lucas Moreira – 72C 
11 
se localizar. Quando a doença afeta a víscera, o processo doloroso geralmente se 
dissemina para o peritônio, pleura ou pericárdio. Estas superfícies parietais são supridas 
com intensa inervação dolorosa. 
 
 
2. Receptores e Estímulos para Dor: os receptores para dor são terminações nervosas livres e 
existem em diversos locais do nosso organismo, tais como, as camadas superficiais da pele, o 
periósteo, as paredes das artérias, os ligamentos articulares e as meninges cranianas. 
2.1 Estímulos para Dor: a dor pode ser desencadeada por estímulos dolorosos mecânicos, 
térmicos (acima de 45 graus) e químicos. A dor rápida é desencadeada por estímulos 
mecânicos e térmicos, enquanto a dor crônica é desencadeada por todos os três tipos 
2.2. Substâncias Nociceptivas: as substâncias que excitam o tipo químico da dor são: 
bradicinina (dores mais fortes), serotonina, histamina, íons potássio, ácidos (como por 
exemplo o lático), acetilcolina e enzimas proteolíticas. Além disso, as protaglandinas e a 
substância Paumentam a sensibilidade das terminações nervosas, mas não excitam 
diretamente essas terminações. Estes dois últimos são responsáveis pelo fenômeno da 
hiperalgesia, que consiste no aumento progressivo da excitação dos receptores de dor 
conforme o estímulo permanece, em especial nas dores lentas. Este fenômeno é de 
fundamental importância para possibilitar que a pessoa fique ciente da presença do estímulo 
lesivo, enquanto a dor persistir 
• Isquemia Tecidual como Causa da Dor: geralmente quanto maior o metabolismo 
desse tecido, mais rapidamente a dor aparece. As principais causam para a sua 
ocorrência estão no acúmulo de ácido lático nos tecidos em virtude do 
metabolismo anaeróbico de suas células, e na liberação de K+, bradicininas e 
enzimas proteolíticas em virtude da lise celular. 
• Espasmo Muscular como Causa de Dor: parte da sua ocorrência se dá pela 
estimulação do nocirreceptores mecanossensíves, da obstrução de vasos sanguíneos 
que leva à isquemia e por fim, pela liberação de substâncias indutoras da dor. 
 
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3. Vias de Transmissão da Dor: após entrar na medula, os sinais dolorosos tomam duas vias para 
o encéfalo, pelo trato neoespinotalâmico e o trato paleoespinotalâmico. 
a. Trato Neoespinotalâmico para Dor Rápida: as fibras do tipo A mielinizadas 
transmitem principalmente as dores térmicas e mecânicas agudas. Eles terminam na 
lâmina I (lâmina marginal) do corno posterior, e excitam os neurônios de segunda ordem 
do trato. Estes neurônios dão origem às fibras longas que imediatamente decussam pela 
comissura anterior e depois acendem para o encéfalo nas colunas anterolaterais. 
Algumas de suas fibras terminam nas áreas reticulares do tronco cerebral e no grupo 
nuclear dorsal do talámo, mas a maioria termina no complexo vertebrobasal. Dessas 
áreas talâmicas, os sinais são transmitidos para o giro pós-central. 
• Acredita-se que a substância secretada na sinapse na lâmina I seja o Glutamato. 
 
b. Trato Paleoespinotalâmica para Dor Lenta: nesta via as fibras periféricas do tipo C 
terminam na medula espinal quase inteiramente nas lâminas II e III dos cornos dorsais, 
que, em conjunto, são referidas como substância gelatinosa, em seguida, a maior parte 
dos estímulos passa por um ou dois neurônios de fibra curta, antes de entrar na lâmina V, 
também no corno dorsal. Ai, os últimos neurônios da via dão origem a axônios longos, 
que se unem, em sua maioria, às fibras de dor rápida, decussando e indo em direção ao 
encéfalo pela via anterolateral. 
• O provável neurotransmissor liberado pelos neurônios que entram no corno 
posterior é a Substância P. 
• A maioria desta via termina, de modo difuso, no tronco cerebral, sendo que 
somente um décimo de suas fibras ascende até o tálamo. A maioria das fibras 
termina em uma entre três áreas: núcleos reticulares do bulbo, da ponte e do 
mesencéfalo; na área tectal do mesencéfalo; ou na região cinzenta 
periaqueductal, que circunda o aqueduto de Sylvius 
 
 
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4. Sistema de Supressão da Dor no Cérebro e na Coluna Vertebral: o nosso sistema nervoso 
possuí a capacidade de suprimir as aferência de sinais dolorosos, num sistema que recebe o 
nome de sistema de analgesia. Este sistema consiste em três grandes componentes: (1) as áreas 
de substância cinzenta periaqueductal do mesencéfalo e região superior da ponte que 
circunda o aqueduto de Sylvius (são neurônios secretores de encefalina). Os neurônios desta 
área enviam sinais para (2) os núcleos magno da rafe e reticular paragigantocelular (são 
neurônios secretores de serotonina). Desses núcleos, os sinais de segunda ordem são 
transmitidos pelas colunas dorsolaterais da medula espinal para o (3) complexo inibitório de 
dor localizado nos cornos dorsais da medula espinal, que por sua vez, liberam encefalina, 
que é responsável por ocasionar uma inibição pré-sinaptica e pós-sinaptica das fibras 
dolorosas na sua sinapse no corno posterior. Os dois principais neurotransmissores associados 
a este sistema são a encefalina (estimulada por atividades físicas) e a serotonina (estimulada 
pelo estado de bem-estar). A estimulação elétrica dos neurônios de qualquer um destes três 
componentes gera um sistema que acaba por ocasionar a inibição da dor no corno posterior da 
medula. 
• Algumas substâncias como a B-endomorfina, anti-inflamatórios, hidrocortisona 
e a dinomorfina conseguem simular a ação destes neurotransmissores e atuar na 
inibição dos sinais dolorosos no corno posterior da medula. 
 
5. Teorias da Dor: as teorias acerca da dor são descritas em seis, que acabam por complementar 
umas às outras. 
 
I. Teoria Neuroanatômica: esta teoria surgiu a partir de René Descartes e diz que a dor é um 
fenômeno constituído por estímulos elétricos que partiam de uma lesão qualquer e, através de 
um trajeto composto por neurônios era conduzida até o cérebro, onde ocorria sua interpretação. 
Assim sendo, esta teoria considerava exclusivamente a estimulação dos nocirreceptores e o 
trajeto desses estímulos (as duas vias) na medula até o tálamo (onde ocorre a percepção de 
dor) e daí para o córtex, onde havia a localização da dor. 
 
II. Teoria das Sensações e Padrões: além do pensamento da teoria neuroanatômica, esta teoria 
também considerou a estimulação de outros tipos de receptores (tato, pressão, frio) também 
podem ocasionar dor; também considerou que o estímulo entra dois níveis acima e abaixo no 
corno posterior da medula. Além disso, também admitiu-se que quando estes estímulos sobem 
até o cérebro mandam colaterais para o hipotálamo, onde encontra-se o centro do simpático, 
Lucas Moreira – 72C 
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assim, desencadeando os 4 reflexos da dor: taquicardia, atitude antálgica, grito e 
incapacidade de dormir. 
 
III. Teoria dos Portões: foi descrita em 1965 e centrou sua atividade acerca dos fenômenos de 
excitação e inibição que ocorrem no corno posterior da medula, onde na excitação de fibras 
neuronais finas (nocireceptores), ocorre a passagem do estímulo, porém na excitação de 
fibras grossas (mecanorreceptor), ocorre a inibição deste estímulo. Assim, sempre que 
houvesse predomínio na atividade elétrica no sistema mecanorreceptor havia a tendência de 
diminuir os níveis de dor e toda vez que houvesse predomínio para o lado dos nocireceptores 
haveria a tendência de aumentar a dor. 
• Esta teoria explicou o por que de ocorrer a melhoria da dor na compressão 
mecânica de certa área e na acunputura, o mecanismo da coceira e da acentuação 
da transmissão de estímulos dolorosos na Herpes zoster (onde há a destruição das 
fibras grossas) 
 
IV. Teoria Química: privilegiou a descoberta de substâncias químicas envolvidas na transmissão 
sináptica do impulso doloroso, algumas o acentuando a dor e outras a inibindo. Entres a 
principais substâncias destacam-se substância P (acentuador da dor nos receptores periféricos e 
mediador natural das fibras paleoespinotalâmicas), histamina, bradicininas e prostaglandinas. 
Entre as substâncias que inibem a dor estão a encefalina e a serotonina. 
 
 
V. Teoria da Dor como Fenômeno Físico-Psíquico-Social: esta teoria possuí os seguintes 
constituintes: 
• Fenômenos dolorosos agudos são nitidamente relacionados a mecanismos 
conhecidos relacionados à estimulação dos nocireceptores e sua transmissão aos 
centros superiores 
• Grande importância dos fenômenos químicos de excitação e inibição na 
transmissão sináptica no corno posterior, tal como é estabelecida na teoria dos 
portões 
• Existência de áreas de supressão da dor 
• O papel de inibição cortical. Na inibição de uma atividade mental distinta, como 
pensamento, distração mental e atividade laborativa, ocorre a inibição da 
percepção de dor 
• O papel da tensão psicológica (ansiedade): quando tenso o indivíduo o indivíduo 
tem uma contração muscular, prejudicando o afluxo de sangue para as estruturas 
Lucas Moreira– 72C 
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musculares, consequentemente, o metabolismo passa a ser anaeróbico, com 
produção de ácido lático, potente irritador dos receptores de dor. 
 
• Além disso, foi determinado que o córtex insular ajuda a localizar a dor, e a amigdala dá 
impressões emocionais à dor. 
 
VI. Matriz Body-Self: foi proposta em 2001 por Melzack, que propôs que a dor é uma 
experiência multidimensional, produzidas por impulsos com padrões característicos, que 
denominou “neuro-características”, geradas por uma rede neural espalhada pelo corpo. 
Além disso, também considerou-se que em casos de “dor psicológica”, o SNC por conta 
de sua neuroplasticidade já incorporou a dor, sendo que nestes casos, o tratamento 
aconselhado é a terapia ocupacional 
 
FISIOLOGIA MEDULAR 
• Capítulos 48, 49 (sensações térmicas) e 55 
• Possuí como limites o forame magno e L1/L2; possuí 32 nervos, sendo 16 pares, cada um 
com uma raiz sensitiva dorsal, com um gânglio (neurônios pseudounipolares), e uma raiz 
motora ventral (neurônios bipolares) 
• Possuí a função de conduzir estímulos aferentes de: 
➢ Exterocepção: são as nossas sensações relacionadas ao meio externo, tais como, 
tato, pressão, dor, temperatura. Todas elas sobem pelo trato espinotalâmico, 
passam pelo tálamo e chegam ao córtex pós-central. 
➢ Propriocepção Consciente: são informações que nos permite situar no espaço. 
Deste modo, estas informações são captadas das cápsulas articulares e ligamentos 
e sobem pelos fascículos grácil e cuneiforme. Além disso, este tipo de 
propriocepção ainda pode ser subdividida em protopática (em que não há a 
capacidade de distinção) e epicrítica (com capacidade de distinção) 
➢ Interocepção: informações de PA, equilíbrio químico, osmolaridade sanguínea, 
..., 
➢ Propriocepção Inconsciente: são informações advindas dos fusos musculares, que 
sobem pelo trato espinocerebelar, transmitindo informações da variação de 
comprimento. Estas informações são fundamentais para que o cerebelo possa 
comandar os nossos movimentos. 
• Possuí também a função de conduzir estímulos eferentes, tais como a via piramidal, 
pelo trato corticoespinal (conecta o NMS ao NMI, sendo que são divididos em dois, 
Lucas Moreira – 72C 
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um lateral com a maioria das fibras e um anterior), o trato reticuloespinal, o trato 
tectoespinal, o trato vestibuloespinal e o trato rubroespinal (acompanha o trato 
corticoespinhal lateral, deste modo, descendendo pelo funículo lateral). 
 
 
1. Motoneurônios, Interneurônios e Células de Renshaw: são corpos neuronais presentes no 
corno anterior da substância cinzenta da medula espinal 
 
I. Motoneurônio Alfa: são basicamente o NMI. Estes neurônios dão origem às fibras motoras 
grandes do tipo A alfa, que se ramificam várias vezes após chegarem ao músculo e inervam 
grandes fibras musculares esqueléticas. A estimulação de um motoneurônio alfa estimula 
de 3 a 100 fibras musculares, e a esse conjunto dá-se o nome de unidade motora. OBS: 
quantos menos fibras possuí uma unidade, mais preciso é o movimento determinado por ela. 
 
II. Motoneurônio Gama: são células localizadas sempre ao lado dos motoneurônios alfa, e 
com metade do tamanho dos mesmos. Estes neurônios recebem estímulos dos tratos ponto 
reticulo-espinal (vem da área reticular da ponte) e bulbo reticulo-espinal (vem da área 
reticular do bulbo), sendo ambos comandadas pelo cerebelo (controle feito por meio dos 
núcleos da base, globo pálido e substância negra). Após isso, o este neurônio manda seus 
axônios, por meio de fibras A gama (menos calibrosas), para as fibras intrafusais dos fusos 
musculares. Estes motoneurônios são responsáveis pelo ‘amortecimento do movimento’ 
A. Trato Ponto Reticulo-Espinal: estimula o motoneurônio gama. 
B. Trato Bulbo Reticulo-Espinal: inibe o motoneurônio gama. 
 
III. Interneurônios: estão localizados em toda a porção da substância cinzenta medular, sendo 
cerca de 30 vezes mais numerosas que os motoneurônios do corno anterior, sendo muito 
excitáveis. Somente poucos sinais eferentes vindos do trato corticoespinal, terminam 
diretamente sobre os neurônios motores do corno anterior. Em vez disso, quase todos os 
sinais são transmitidos primeiramente para os interneurônios, onde são adequadamente 
processados. Este processamento se dá pela combinação dos sinais do trato corticoespinal 
com sinais de outros tratos espinais ou de nervos espinais (todos os outros tratos, tais como, 
o reticuloespinal e o tectoespinal convergem neste neurônio), antes de, por fim, convergir 
sobre os neurônios motores anterior para controlar a função muscular. 
 
Lucas Moreira – 72C 
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IV. Células de Renshaw: são células também localizadas no corno anterior da medula, em 
íntima associação com os neurônios motores. Nas proximidades destes corpos celulares, 
saem ramos colaterais do axônio dos neurônios motores. Essas são células inibitórias que 
transmitem sinais inibitórios para os neurônios motores circunjacentes. Assim, a 
estimulação de cada neurônio motor tende a inibir os neurônios motores adjacentes, efeito 
chamado de inibição lateral. Este efeito é importante para que o sistema motor focalize ou 
ressalte seus estímulos, deste modo, garantindo foco no movimento desejado. 
 
 
 
 
 
2. Fuso Muscular: 
 
I. Estrutura: cada fuso é constituído de 3 a 12 fibras intrafusais muito delgadas que estão 
ligadas em suas extremidades ao glicocálice das fibras grandes e circunjacentes 
musculares esqueléticas extrafusais. Todavia, a porção central quase não possuí 
filamentos de actina e miosina. Portanto, esta região não sei contraí, quando as 
extremidades se contraem. Em vez disso, ela funciona como um receptor sensorial. 
 
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II. Inervação Motora: é realizada pelas fibras eferentes tipo A gama advindas do 
motoneurônio gama 
III. Inervação Sensitiva: a sua porção receptora é a porção central. O receptor presente nesta 
região pode ser estimulado de duas formas: (1) com o aumento do comprimento do 
músculo, assim ocasionando estiramento da região central do fuso; ou (2) mesmo que o 
comprimento do músculo não se altere, a contração das regiões terminais das fibras 
intrafusais provocam o estiramento da região central do fuso. Além disso, são 
encontrados dois tipos de receptores sensoriais nesta região, terminações aferentes 
primárias e secundárias 
i. Receptores Primários: é uma grande fibra sensorial do tipo Ia, que envolve a parte 
central do fuso, formando assim, o receptor aferente primário ou anuloespiral. 
ii. Receptores Secundários: é uma fibra do tipo II, que inerva a região receptora em 
um ou ambos os lados do receptor primário. 
 
IV. Lei do Fuso: é uma lei criada pelo Hudson, que afirma que o estado do nosso músculo 
reflete o estado dos nossos fusos musculares. Deste modo, para que um músculo relaxe, as 
fibras intrasfusais tem de estar relaxadas, caso contrário, este relaxamento não ocorre, sendo 
inibido por um reflexo do fuso. 
• Quando queremos, por exemplo, relaxar um músculo, um estímulo é gerado no nosso 
córtex-motor, desce pela via piramidal e então, manda uma colateral para o cerebelo 
(trato corticopontocerebelar), que pelo trato bulbo reticulo-espinal, manda um 
estímulo inibidor para o motoneurônio gama. Deste modo, há um pré-relaxamento 
das fibras intrafusais antes que o relaxamento do próprio músculo aconteça. Este 
fenômeno, denominado de coativação, é de suma importância para impedir que o 
reflexo do fuso muscular se oponha à uma alteração voluntária do comprimento 
muscular. 
• Nas minhas palavras, são o modelo a ser seguido e desejado pelos músculos. Assim 
sendo, a tendência é que as fibras musculares tendam a tentar ter seu nível de contração 
o mais parecido possível ao das fibras intrafusais (este ajuste ocorre por meio do 
feedback somatossensorial explicado mais à frente no resumo). 
 
V. Reflexo de Estiramento: é gerado quando há um estiramentorápido e inesperado de um 
músculo, gerando assim, uma contração reflexa deste músculo em questão. O circuito 
neuronal deste reflexo é o seguinte: 
• (1) há o estiramento rápido e inesperado de um músculo ➔ este estiramento também 
estira as fibras intrafusais, assim, gerando um estímulo que é percebido pelo 
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receptor anuloespiral do fuso ➔ este receptor conduz um estímulo aferente até o 
corno posterior da medula, onde ele adentra na substância cinzenta ➔ há uma sinapse 
direta com o motoneurônio alfa, deste modo, gerando um estímulo eferente que 
ocasiona a contração muscular reflexa. 
• O reflexo patelar (há o estiramento do quadríceps femoral) é considerado um reflexo 
de estiramento. Estes reflexos são utilizados para verificar o funcionamento das via 
aferentes e eferentes da medula, e, tendo como base que eles possuem uma certa 
inibição central (principalmente dos núcleos reticulares do tronco), se há alguma 
lesão nesta região ou não (os reflexos associados à lesões centrais tendem a ser mais 
fortes). OBS: a manobra de Jendrassik (mandar o paciente puxar os dedos e contrair a 
musculatura da face) é utilizado para distrair a atenção do indivíduo e permitir o 
funcionamento do reflexo patelar 
• Clônus: ocorre quando um reflexo de estiramento se repete e continua a oscilar por 
longos períodos. Em geral, ele ocorre apenas quando o reflexo está muito sensibilizado 
pelos impulsos facilitadores provenientes do cérebro, como, por exemplo, na 
síndrome do NMS em casos de AVE ou TCE (lado oposto da lesão). 
 
VI. Reflexo Flexor: na sua forma clássica, o reflexo flexor é provocado mais fortemente pela 
estimulação das terminações para dor, tais como alfinetada, calor, ferimento e, por essa 
razão, ele é também chamado de reflexo nociceptivo. Se alguma parte do corpo, exceto os 
membros, é estimulada dolorosamente, essa parte do corpo de modo semelhante será 
afastada do estímulo, mas o reflexo pode não se restringir aos músculos flexores, embora 
seja basicamente o mesmo tipo de reflexo. Portanto, os vários padrões deste reflexo em 
diferentes áreas do corpo são chamados reflexos de retirada. 
• Circuito Neuronal: um estímulo doloroso é aplicado, por exemplo na mão, e 
estimula os receptores nociceptores ➔ estes receptores conduzem o estímulo até a 
medula pela raiz dorsal onde estimula os interneurônios, que por sua vez, 
estimulam os neurônios motores no corno anterior ➔ este neurônio forma dois 
circuitos: (1) um circuito divergente para propagar o reflexo aos músculos 
necessários para a retirada; (2) e circuitos para a inibição dos músculos 
antagonistas, chamados de inibição recíproca 
 
VII. Reflexo Extensor Cruzado: após 0,2 a 0,5 segundo após o estímulo provocar reflexo 
flexor no membro, o membro oposto começa a se estender. Esse reflexo é chamado de 
extensor cruzado. Esta extensão pode empurrar todo o corpo para longe do objeto, que 
causa o estímulo doloroso no membro retirado. 
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• Circuito Neuronal: após o estímulo doloroso entrar na medula e fazer sinapse com 
interneurônios, estes interneurônios também fazem a excitação de neurônios 
motores anteriores do lado oposto da medula, que por sua vez, causam a contração 
e a consequente extensão dos músculos envolvidos neste reflexo. 
 
 
VIII. Papel dos Fusos Musculares no Tônus Muscular e no seu nível correto de Tensão: 
primeiramente, o nível correto de tensão de um músculo é quando seus filamentos 
encontram-se já com certo grau de sobreposição, assim sendo, qualquer movimento 
ocasionado por um ‘desejo súbito’ (ex: parar um carro quando uma moto do nada cruza na 
sua frente) ocorre de maneira mais fácil. Em outras palavras, o músculo já encontra-se 
‘sensível’ à quaisquer estímulos súbitos para contração. O caminho neurológico para que 
isto ocorra é feito da seguinte forma: 
• A partir do estabelecimento de um maior nível de concentração há a geração de uma 
ordem do cerebelo. Este ordem ocasiona uma descarga leve do trato ponto reticulo-
espinal, que chega até o corno anterior da medula e faz uma sinapse excitatória com 
o motoneurônio gama ➔ este neurônio motor manda um estímulo aferente até as 
fibras intrafusais, deste modo, causando o tensionamento do fuso ➔ isto gera um 
estímulo que é percebido pelo receptor anuloespiral, que manda um estímulo aferente 
de volta para medula ➔ após entrarem no corno posterior, há uma sinapse que causa 
a excitação moderada do motoneurônio alfa, que por sua vez, manda estímulo 
eferentes que são responsáveis por criar esta interdigitação basal dos filamentos 
musculares. 
• Hipertonia Muscular em Momentos de Ansiedade: há uma descarga moderada do 
trato ponto reticulo-espinal, o que gera uma excitação maior do motoneurônio gama, 
gerando uma contração mais fortes das fibras intrafusais e, por consequência, uma 
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excitação maior do receptor anuloespiral. Esta maior excitação acaba por ocasionar uma 
forte ativação do motoneurônio alfa, o que acaba por ocasionar uma contração 
muscular propriamente dita. Esta contração ocluí o fornecimento sanguíneo, fazendo 
com que o metabolismo muscular se torne anaeróbico, o que acaba por ocasionar a 
liberação de ácido lático e a excitação dos receptores nociceptivos, deste modo, 
ocasionando dor. 
• Em momentos de tensão, em que há um grau de concentração, em geral os reflexos, 
como o patelar, encontram-se exacerbados. Isto ocorre por conta da contração tensiva 
dos músculos situados nos dois lados de um tendão 
 
 
 
3. Órgão Tendinoso de Golgi: 
 
I. Estrutura e Localização: o órgão tendinoso de golgi é um receptor encapsulado 
localizado em tendões musculares. 
II. Função: este órgão é responsável por detectar a tensão do músculo refletida no tendão, 
deste modo, gerando a nossa propriocepção consciente. 
III. Reflexo Tendinoso de Golgi: os sinais obtidos por este órgão são transmitidas por fibras 
nervosas do tipo Ib, transmitindo sinais para áreas da medula espinal e também após 
fazerem sinapse no corno posterior, por vias de fibras longas, tais como os tratos 
epinocerebelares, para o cerebelo, e, por outros tratos, para o córtex cerebral. O sinal 
local da medula excita interneurônio inibitório, que inibe o motoneurônio alfa. Assim 
sendo, este reflexo tendinoso é inteiramente inibitório e serve como um sistema de 
feedback negativo que impede o desenvolvimento de uma tensão excessiva no músculo 
que acabaria por levar à uma lesão neste. 
• Reação de Alongamento: é ocasionada quando a tensão no músculo se torna 
extrema, deste modo, o efeito inibitório do órgão tendinoso pode ser tão grande que 
leva à reação rápida na medula central, que causa o relaxamento instantâneo de 
todo o músculo. Isto ocorre quando tentamos carregar um objeto muito pesado, mas 
logo em seguida acabamos o soltando. 
 
 
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X. Reflexos de Importância Clínica: 
A. Reflexo Patelar: ocasiona uma contração do quadríceps femoral e avalia o nervo 
femoral (raízes L1, L2 e L3) 
B. Reflexo Bicipital: ocasiona uma contração do bíceps braquial que ocasionará uma 
flexão do cotovelo e uma supinação do antebraço. Avalia o funcionamento do nervo 
músculo-cutâneo (raízes C5 e C6) 
C. Reflexo Tricipital: ocasiona uma contração do tríceps braquial que ocasionará uma 
extensão do cotovelo. Avalia o funcionamento do nervo radial (raízes C6-C7) 
D. Reflexo Aquileu: ocasiona uma contração do tríceps sural levando a uma flexão 
plantar. Avalia o funcionamento do nervo tibial (raízes L4, L5, S1, S2 e S3) 
E. Reflexo Cutâneo-Plantar (superficial): ocasiona a flexão dos dedos (alterado gera 
uma extensão que gera o nome de Sinal de Babinski, sendo um indício de lesão no 
NMS). Avalia o funcionamento L5, S1 e S2 
F. Reflexo Cutâneo-Abdominal: ocorre a estimulação rápida da parede abdominal no 
sentido látero-medial, sendo testada em três níveis epigástrico,umbilical e hipogástrio. 
Esta estimulação ocasiona contração ipslateral dos músculos abdominais da região 
estimulada com desvio da linha alba e da cicatriz umbilical para o lado estimulado. Este 
reflexo avalia o funcionamento de T6-T9 (plano superior), ou T9-T11 (plano médio), 
ou T11-T12 (plano inferior). 
 
• Estes reflexos podem ser classificados na seguinte escala: 
0. Ausente 
1. Hipoativo 
2. Normal 
3. Hiperativo 
4. Hiperativo com Clônus 
5. Patológico 
 
 
XI. Reflexos do Tronco Encefálico: estão organizados de A – E do mais alto para o mais 
baixo. 
A. Reflexo Pupilar: é utilizado para avaliar o funcionamento tanto do II quanto do 
III par cranianos. Ele ocorre do seguinte modo: há a estimulação luminosa do 
olho de um paciente; esta luz é captada na retina e transportada pelo nervo óptico 
(II par); na altura do mesencéfalo (lesões aqui causam dilatação pupilar nos dois 
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lados) este nervo faz sinapse com o núcleo de Edinger-Westphal, que por sua vez, 
estimula o nervo óculo-motor (III par), fazendo com que este ocasione a contração 
pupilar de ambos os lados. O reflexo do lado que você estimula recebe o nome de 
reflexo foto-motor direto, enquanto do lado contralateral é chamado de consensual. 
OBS: pessoas cegas podem possuir reflexo pupilar normal, caso a lesão seja no 
sulco calcarino (lobo occipital). 
B. Reflexo Córneano: é utilizado para avaliar o funcionamento tanto do trigêmeo (V 
par) quanto do facial (VII par). Ele ocorre do seguinte modo: é utilizado um 
pedaço de algodão para estimular a parte lateral da córnea, fortemente inervado 
por V1. Este nervo conduz o estímulo até o tronco, mais especificamente na região 
da ponte, onde fecha uma sinapse com os núcleos do nervo facial. O facial por 
fim, ocasionará a contração da pálpebra (a pessoa pisca) 
C. Manobra Óculo-Cefálica: é utilizada apenas em indivíduos em coma, para avaliar 
a movimentação ocular (nervos III, IV e VI) juntamente com o sistema vestibular 
(VIII nervo), em uma integração que ocorre em um nível mais baixo da ponte 
(logo, se o reflexo está presente a ponte está preservada). Ela é feita do seguinte 
modo: há a movimentação da cabeça para o lado (neste caso participam o III e o 
VI pares), ou para cima e para baixo (neste caso participam o III e o IV pares), 
sendo que o olho tenta ficar preso ao alvo (geralmente na linha média). Quando 
movimentamos a cabeça em uma direção e os olhos vão junto, chamamos isto de 
reflexo de olho de boneca 
D. Reflexo de Resfriamento Vestibular: é outro reflexo utilizado, em indivíduos em 
coma, para verificar a movimentação ocular juntamente com o sistema 
vestibular, em uma integração que ocorre em níveis mais baixos da ponte. Ele é 
feito do seguinte modo: começamos a jogar soro gelado no tímpano de uma 
pessoa, isso faz com que as células do sistema vestibular diminuam sua 
temperatura e, por consequência, também a sua permeabilidade. Isto faz com que 
elas se despolarizem menos deste lado, o que gera uma informação que é 
interpretada na ponte como se a cabeça estivesse girando. Assim sendo, há a 
estimulação dos nervos oculares, que movimentarão apenas os olhos, no mesmo 
lado de aplicagem do soro. 
E. Reflexo da Apneia: é utilizado para avaliar o funcionamento do bulbo. Ele é feito 
do seguinte modo: pegamos um indivíduo estável e retiramos o suporte à 
ventilação. Quando a sua PCO2 aumentar e seu pH sanguíneo baixar, há a 
estimulação de quimiorreceptores que irão estimular o centro pneumotáxico, que 
por sua vez, irá controlar o grupo respiratório dorsal, de modo a aumentar as 
IRPM do paciente. Este reflexo estará ausente em lesões no bulbo e em 
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traumatismos medulares altos, caso a PCO2 suba acima de 55mmHg e não haja 
resposta. 
 
4. Vias Ascendentes Medulares: podem ser divididas em três: uma coluna dorsal-lemnisco 
medial, uma anterolateral e uma espinocerebelar. 
 
4.1. Vias Sensitivas da Coluna Dorsal-Lemnisco Medial: são as vias compostas por fibras 
nervosas grossas e mielinizadas que sobem por meio da região da coluna dorsal de SB 
(sensações advindas de membros mais inferiores sobem pelo fascículo grácil, enquanto as de 
mais superiores pelo cuneiforme) da medula até a porção dorsal do bulbo, onde fazem sinapse 
com os núcleos grácil e cuneiforme. Estes núcleos originam neurônios de segunda ordem, que 
imediatamente decussam e ascendem pelos lemniscos mediais até o tálamo (neste trajeto o 
lemnisco recebe informações sensoriais advindas do trigêmeo), onde terminam no complexo 
ventrobasal. Neste local originam-se neurônios de terceira ordem que se projetam até o centro 
somatossensorial, o giro pós-central. Nesta via estão contidas as informações de tato 
epicrítico, vibração e propriocepção consciente. 
• Via de Tato: o tato é percebido pelos corpúsculos de Vater-Paccini, Meissner 
(pele glabra, mais abundantemente na ponta dos dedos e nos lábios) e Merkel, além 
de também receptores pilosos. Todos estes transmitem seus sinais por meio de 
fibras mielinizadas do tipo Aβ (exceção feita à algumas terminações livres táteis 
que transmitem seus impulsos por fibras amielinizadas do tipo C, em geral 
transmitindo apenas as cócegas). 
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25 
4.2. Vias Sensitivas Espinotalâmicas Anterolaterais: são vias compostas por fibras nervosas 
mielinizadas mais finas, que após entrarem na medula pelas raízes nervosas dorsais, fazem 
sinapse no corno dorsal (lâminas I, IV, V e VI), imediatamente trocando de lado e 
ascendendo pelas colunas anterior e lateral da medula. Estas vias terminam em todos os 
níveis do tronco cerebral e no tálamo. Mais especificamente ela termina nos núcleos 
reticulares do tronco de modo difuso, e nos complexos ventrobasal e intralaminares do 
tálamo. Do complexo ventrobasal (em geral junto da via da coluna dorsal) as informações 
são levadas ao córtex somatossensorial. Nesta via estão contidas as sensações de dor (se 
subdivide em dois tratos, um neo-espinotalâmico e um paleo-espinotalâmico) , temperatura 
(seja frio ou calor), sexuais e de tato protopático. 
• Como já dito, as sensações de dor são detectadas por terminações nervosas livres 
(estímulos intensos e químicos). As sensações de calor são captadas pelos 
corpúsculos de Ruffini, enquanto as de frio pelos de Krause, enquanto os 
extremos de cada são captadas pelos receptores de dor. Nestas condições extremas 
há a estimulação dos receptores de dor por conta da alteração da permeabilidade 
celular ou da sua própria lise, o que acaba por liberar íons potássio e enzimas 
proteolíticas, que são responsáveis por excitar essas terminações livres. 
 
4.3. Função do Tálamo em Ambas as Vias: quando o córtex somatossensorial do ser humano é 
destruído a pessoa permanece com um grau de sensibilidade tátil protopática, mantém 
grande parte da percepção da sensibilidade dolorosa (perda apenas a capacidade de 
localização da dor) e uma considerável parte da percepção de temperatura. Portanto, o tronco 
cerebral e o tálamo desempenham importantes funções na discriminação das sensações da 
via espinotalâmica anterolateral. Todavia, quase toda as percepções das sensações da via 
coluna dorsal-lemnisco medial são perdidas. 
 
4.4. Tratos Espinocerebelares: são em total quatro, sendo dois ventrais e dois dorsais. Esta via 
possuí os neurônios com a maior velocidade de condução do organismo. 
• O trato dorsal sobe pelo funículo lateral da medula mais dorsalmente, chega ao 
cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior e termina no verme e na zona 
intermediaria do cerebelo, no mesmo lado de sua origem. Os sinais transmitidos 
por este trato vem principalmente dos fusos musculares e, em menor grau, de 
outro receptores como o órgão tendinoso de Golgi e receptores articulares. Todos 
estes sinais notificam o cerebelo sobre: (1) da contração muscular, (2) do grau de 
tensão exercido sobre os músculose seus tendões, (3) das posições e velocidades 
Lucas Moreira – 72C 
26 
de movimento das diferentes partes do corpo, e (4) das forças que agem sobre a 
superfície do corpo. 
• Por outro lado, o trato ventral sobe pelo funículo lateral mais anteriormente (os 
sinais excitam as células de Clark, que originam um trato ascendente e fazem 
sinapse com outras células de Clark do outro lado da medula, deste modo, 
garantindo que este trato chegue em ambos os lados do cerebelo) entra no cerebelo 
pelo pedúnculo cerebelar superior, mas termina em ambos os lados do cerebelo. 
Este trato recebe muito menos informações de receptores periféricos. Em vez disso, 
eles são excitados, principalmente, por sinais motores que chegam aos cornos 
anteriores da medula pelos (1) tratos corticoespinal e rubroespinal; e (2) dos 
geradores de padrão motor interno, na própria medula. Desse modo, essa via 
central diz ao cerebelo quais sinais motores chegaram aos cornos anteriores; essa 
informação, levada ao cerebelo, é chamada de cópia de eferência, ou seja, de todo 
comando exercido, sobre o corno anterior da medula espinal. 
 
 
5. Vias Descendentes Medulares: 
 
5.1. Trato Corticoespinal (Piramidal): é a principal via de saída do córtex motor. Este trato pode 
se originar de qualquer uma das regiões do córtex motor. Depois de sair do córtex, suas fibras 
passam pelo ramo posterior da cápsula interna, e depois, desce pelo tronco cerebral, 
formando as pirâmides bulbares. A maior parte das fibras piramidais, então, cruza na parte 
inferior do bulbo, para o lado oposto e desce pelos tratos corticoespinais laterais, para, 
finalmente, terminarem, em sua maioria nos interneurônios das regiões intermediários de SC 
da medula. Algumas fibras não decussam no bulbo, mas descem ipsilateralmente no bulbo, 
Lucas Moreira – 72C 
27 
formando os tratos corticoespinais ventrais. Muitas, se não todas as fibras desse trato, acabam, 
por fim, cruzando para o lado oposto da medula, seja em regiões cervicais, seja na região 
torácica alta. Estas vias podem estar relacionadas à movimentos posturais bilaterais pelo córtex 
motor suplementar. 
• As fibras mielinizadas de mais alto calibre desta via se originam das células gigantes 
de Betz, localizadas no córtex motor primário (estas representam apenas 3% do total de 
fibras em cada trato). 
• Este trato pode ter diferentes tamanhos, podendo ser (1) curto como o trato 
corticonuclear; (2) de médio tamanho como o corticocervical; (3) ou grande como o 
corticolombar; sendo os mais longos os que vão para os esfíncteres anal externo e 
pré-ureteral 
 
5.2. Tratos Reticuloespinal e Vestibuloespinal: se originam de um número moderado de fibras 
motoras que se desvia para a substância reticular e os núcleos vestibulares do tronco (algumas 
dessas fibras saem daqui e vão para o cerebelo por meio dos tratos reticulocerebelar e 
vestibulocerebelar), então, descem pela medula e acabam nos interneurônios da SC medular. 
 
5.3. Trato Rubroespinal: se origina de células gigantes, semelhantes às de Betz, que estão 
localizadas na porção magnocelular do núcleo rubro (estas células são estimuladas por tratos 
advindos do córtex motor ou por colaterais do trato corticoespinal), cruza de lado na parte 
inferior do tronco cerebral, e então, desce de maneira adjacente e anterior aos tratos 
corticoespinais laterais nas colunas laterais da medula. Este trato termina quase sempre nos 
interneurônios e serve como uma via acessória para a transmissão de sinais relativamente 
discretos do córtex motor para a medula. 
 
5.4. Tratos Reticuloespinal Pontino e Bulbar: o pontino descende na coluna anterior da medula 
e transmite sinais excitatório para tanto motoneurônios gama, quanto alfa. Já o bulbar descende 
na coluna lateral e transmite sinais inibitórios para estes mesmos neurônios motores. 
 
5.5. Tratos Vestibuloespinais Lateral e Medial: são dois tratos originários dos núcleos 
vestibulares localizados no tronco, que descem por meio da coluna anterior da SB da medula, 
sendo que o lateral se superpõe ao reticuloespinal pontino. 
Lucas Moreira – 72C 
28 
 
 
CÓRTEX SOMATOSSENSORIAL: 
1. Localização: em geral, os sinais sensoriais de todas as modalidades sensoriais de algum modo 
terminam no giro pós-central. Em geral a metade anterior do lobo parietal está relacionada, 
quase inteiramente, com a recepção e interpretação dos sinais somatossensoriais. Mas a metade 
posterior dos lobos parietais promove níveis maiores de interpretação. 
• Os sinais visuais terminam no lobo occipital no sulco calcarino, enquanto os auditivos 
terminam no lobo temporal na área de Wernicke, mais especificamente no giro temporal 
transverso anterior. 
 
2. Orientação Espacial dos Sinais Provenientes de Diferentes Partes do Corpo: a figura abaixo 
mostra um corte transversal do encéfalo, no nível do giro pós-central, indicando as 
representações de diferentes partes do corpo em regiões distintas da área somatossensorial. 
 
 
 
• Algumas áreas do corpo são representadas por grandes áreas no córtex somático – a área 
dos lábios é a maior de todas, seguida pela da face e do polegar – enquanto o tronco e a 
parte inferior do corpo são representadas por áreas relativamente pequenas. As 
Lucas Moreira – 72C 
29 
dimensões dessas áreas são diretamente proporcionais ao número de receptores 
sensoriais especializados, em cada área periférica do corpo. 
 
3. Funções da Área Somatossensorial: a ampla excisão bilateral da área somatossensorial I 
provoca a perda dos seguintes tipos de julgamento sensorial. 
I. A pessoa é incapaz de localizar discretamente as diferentes partes do corpo. 
Entretanto, ela pode localizar essas sensações grosseiramente em uma das mãos, uma 
vez que, a análise do tato protopático se dá em certo grau no tronco e no putámen. 
II. A pessoa é incapaz de analisar diferentes graus de pressão sobre o corpo 
III. A pessoa é incapaz de avaliar o peso dos objetos 
IV. A pessoa é incapaz de avaliar os contornos e as formas dos objetos. Esse distúrbio é 
chamado estereognosia 
V. A pessoa é incapaz de avaliar a textura dos materiais porque este tipo de julgamento 
depende de sensações muito críticas, causadas pelo movimento dos dedos sobre a 
superfície que está sendo avaliada. 
• Observe que nesta descrição nada foi dito a respeito da perda das sensibilidades dolorosa 
e térmica. Na ausência apenas da área somatossensorial, a avaliação dessas modalidades 
de sensibilidade ainda é preservada, tanto em qualidade quanto em intensidade. 
Entretanto, as sensações são pouco localizadas, indicando que a localização da dor e da 
sensibilidade térmica depende, principalmente, do mapa topográfico do corpo na área 
somatossensorial. 
 
CONTROLE CENTRAL DA MOTRICIDADE 
• Anteriormente ao sulco central, ocupando aproximadamente o terço posterior do lobo 
frontal, está localizado o córtex motor. Esta região é subdividida em três: (1) o córtex 
motor primário (giro pré-central), (2) a área pré-motora e (3) a área motora 
suplementar. 
 
Lucas Moreira – 72C 
30 
1. Regiões do Córtex Motor: 
 
1.1. Córtex Motor Primário: esta região compreende basicamente o giro pré-central, assim, 
começando lateralmente na fissura cerebral lateral, estende-se para cima até a parte mais 
alta do hemisfério cerebral e, então, mergulha na profundidade da fissura longitudinal. Se 
irmos da direção do sulco de Sylvius até dentro da fissura longitudinal do cérebro a 
topografia desta região é a seguinte: a região da face e da boca, perto da fissura de Sylvius; 
o braço e a área da mão, na parte média do córtex motor primário; o tronco perto do ápice 
do cérebro; e as áreas da perna e do pé, na parte do córtex motor primário que mergulha na 
fissura longitudinal. A excitação de um só neurônio do córtex motor, em geral excita um 
movimento específico e não um músculo específico. Para fazer isso excita um padrão demúsculos separadas, cada um dos quais contribui com sua própria direção e força de 
movimento muscular. Esta área basicamente gera o “grosso” do movimento, sendo ele 
mais especificado e refinado na área pré-motora e na área suplementar, o que também é 
realizado pelo cerebelo e plos trato extra-piramidais da medula. 
 
1.2. Área Pré-Motora: é uma área localizada anteriormente ao córtex motor primário, que 
estende-se para baixo, para a fissura de Sylvius e, para cima, na fissura longitudinal, onde 
tem contato com a área motora suplementar. A topografia e as funções desta região são 
essencialmente as mesmas do córtex motor primário. Todavia, os sinais neurais gerados 
na área pré-motora causam ‘padrões’ muito mais complexos de movimento do que os 
discretos gerados no córtex motor primário. Para realizar isso, a parte mais anterior da 
área pré-motora desenvolve primeiro uma ‘imagem motora’ do movimento muscular total 
que deve ser realizado. Depois, no córtex pré-motor posterior, essa imagem excita cada 
padrão de atividade muscular sucessivo, necessário para atender a imagem. Essa porção 
envia seus sinais diretamente para o córtex motor primário, a fim de excitar músculos 
específicos ou, mais frequentemente, por meio dos núcleos da base e do tálamo de volta 
ao córtex motor primário. Deste modo, essa área possuí um papel sobretudo no 
planejamento dos movimentos 
• Neurônios-Espelho: são uma classe especial de neurônios aqui localizados, que 
transformam representações sensoriais de ações que são ouvidas ou sentidas em 
representações motoras dessas ações. Deste modo, sendo importantes para entender as 
ações de outras pessoas e para aprender novas habilidades por imitação. 
 
1.3. Área Motora Suplementar: é uma área motora que se situa principalmente na fissura 
longitudinal, mas se estende alguns centímetros até o córtex motor superior. As contrações 
Lucas Moreira – 72C 
31 
desencadeadas pela estimulação desta área costumam ser bilaterais, e não unilaterais. 
Em geral, essa área funciona em conjunto com a área pré-motora para gerar movimentos 
responsáveis pela postura geral de todo o corpo, movimentos de posição da cabeça e dos 
olhos e assim por diante, como base para o controle motor mais fino dos braços e das 
mãos, pela área pré-motora e pelo córtex motor primário. 
 
1.4. Áreas Especializadas do Controle Motor na Área Pré-Motora: 
A. Área de Broca: a área de broca é definida como o centro de expressão humano, 
ou seja, é onde nossas palavras são formadas. Assim sendo, é a área responsável 
por controlar o músculos envolvidos na fala. Esta região está localizada no giro 
frontal inferior (dentro da região da área pré-motora), e em 95% dos casos 
apenas no hemisfério esquerdo. A lesão desta área não impede a pessoa de 
vocalizar, mas sim de formar palavras compreensíveis. 
B. Campo dos Movimentos Oculares Voluntários: está localizada no lobo frontal 
na área pré-motora imediatamente acima da área de Broca. A lesão desta área 
impede o individuo de movimentar voluntariamente os olhos em direção aos 
diferentes objetos, em vez disso, os olhos tendem a travar involuntariamente 
sobre objetos específicos. Essa área frontal também controla os movimentos das 
pálpebras, como o de piscar. 
C. Área de Rotação da Cabeça: pouco mais acima, na área pré-motora, sua 
estimulação elétrica desencadeia a rotação da cabeça. Essa área se associa 
estreitamente ao campo de movimentos oculares; ela direciona a cabeça em 
direção a diferentes objetos. 
D. Área para Habilidades Manuais: está localizada na área pré-motora, 
imediatamente anterior à área do córtex motor primário, relacionada às mãos 
e dedos. Isso significa que, quando tumores ou lesões causam a destruição dessa 
área, os movimentos manuais ficam sem coordenação e sem proposito, 
patologia chamada de apraxia motora (https://youtu.be/3CFU0ZquPQU). 
 
1.5. Controle da Precisão Muscular e o Feedback Somatossensorial: quando sinais neurais 
do córtex motor causam contração, sinais somatossensoriais percorrem de volta todo o 
caminho da região ativada do corpo, para os neurônios no córtex motor que estejam 
iniciando a ação. A maioria desses sinais se originam dos fusos musculares, órgãos 
tendinosos de Golgi ou receptores táteis da pele que recobre os músculos. Esses sinais 
somáticos costumam causar aumento do feedback positivo da contração muscular pelo 
seguinte modo: no caso dos fusos musculares, se as fibras intrafusais se contraírem mais 
https://youtu.be/3CFU0ZquPQU
Lucas Moreira – 72C 
32 
que as grandes fibras musculares (sempre se contraem antes pelo sistema já 
explicado), as partes centrais dos fusos se excitaram; sinais desses fusos então 
retornam rapidamente às células piramidais, para advertir que as grandes fibras 
musculares não se contraíram o suficiente. As células piramidais excitam mais ainda 
o músculo, ajudando sua contração a alcançar a contração dos fusos musculares (quem 
faz esse comparação do movimento ideal com o real é o cerebelo). 
 
1.6. Estimulação dos Neurônios Motores Anteriores: os tratos corticoespinais laterais e 
rubroespinais terminam nos interneurônios na área intermediaria da SC medular, estes 
neurônios então fazem sinapse com os motoneurônios alfa, os excitando. Esta última 
excitação ativa células de Renshaw adjacentes lateralmente à este neurônios. Estas células 
então são responsáveis por gerar uma inibição lateral dos outros motoneurônios não 
desejados no movimento em questão. 
• Na inturmescência cervical da medula, onde as mãos e os dedos são representados, grande 
número de fibras corticoespinais e rubroespinais também terminam diretamente nos 
motoneurônios alfa, permitindo, desse modo, a via direta do cérebro para ativar a 
contração muscular. 
 
2. Núcleo Rubro: este núcleo localizado no mesencéfalo funciona em estreita associação com o 
trato corticoespinal. Ele recebe grande número de fibras derivadas do córtex motor primário, 
pelo trato corticorrubral, bem como colaterais do trato corticoespinal, quando atravessa o 
mesencéfalo. Essas fibras fazem sinapse na porção mais posterior deste núcleo, a parte 
magnocelular, que contém grandes neurônios semelhantes às células de Betz. Esses grandes 
neurônios dão origem ao trato rubroespinal, que cruza para o lado oposto na parte inferior do 
tronco cerebral, seguindo trajeto imediatamente adjacente e anterior ao trato corticoespinal 
lateral, passando pelas colunas laterais da SB da medula. As fibras neste trato terminam em sua 
maioria nos interneurônios da SC, juntamente com as fibras do trato corticoespinal, mas 
algumas também terminam diretamente nos motoneurônios do corno anterior. 
• Função do Sistema Corticorrubroespinal: a parte magnocelular do núcleo rubro possuí 
representação somatográfica de todos os músculos do corpo, como acontece no córtex 
motor. Portanto, a estimulação de ponto único, nessa parte do núcleo rubro causa 
contração de músculo isolado ou de pequeno grupo de músculo. No entanto, a precisão 
de representação é muito menos desenvolvida que no córtex motor. Assim sendo, a via 
corticorrubroespinal serve como rota acessória para a transmissão de sinais 
relativamente discretos do córtex para a medula. 
Lucas Moreira – 72C 
33 
• O conjunto formado pelos tratos corticoespinais e rubroespinais são chamados de sistema 
motor lateral da medula (o medial é formado pelo vestibulorreticuloespinal). 
• A destruição das fibras corticoespinais, mas com a via corticorubroespinal intacta, ainda 
podem ocorrer alguns movimentos discretos, exceto os movimentos para controle fino dos 
dedos e das mãos, que ficam consideravelmente comprometidos. 
 
3. Controle das Funções Motores pelo Tronco Cerebral: o tronco cerebral é diretamente 
responsável por regular (1) o controle da respiração, (2) controle do sistema cardiovascular, 
(3) controle parcial da função gastrointestinal, (4) controle de movimentos estereotipadosdo 
corpo, (5) controle do equilíbrio e (6) controle dos movimentos oculares 
 
3.1. Núcleos Reticulares Pontinos e Bulbares: os núcleos reticulares se dividem em dois 
grupos principais: (1) núcleos reticulares pontinhos, localizados um pouco posterior e 
lateral à ponte, estendendo-se para o mesencéfalo; e (2) núcleos reticulares bulbares, que 
se estendem por todo o bulbo, situando-se ventral e medialmente perto da linha média. 
Esses dois grupos de núcleos funcionam, em particular, de maneira antagônica entre si. 
• Sistema Reticular Pontino: os núcleos pontinos transmitem seus sinais 
excitatórios descendentes para o trato reticuloespinal pontino na coluna anterior 
da medula. As fibras desse trato terminam diretamente em ambos neurônios 
motores do corno anterior, assim, excitando os motoneurônios gama (já 
discutido na parte de lei do fuso) e os alfa. No caso dos alfas, são responsáveis 
pela excitação dos músculos axiais do corpo, que sustentam o corpo contra a 
gravidade – isto é, os músculos da coluna vertebral (paravertebrais) e os 
músculos extensores das extremidades. Os núcleos pontinos possuem alto grau 
de excitabilidade e recebem fortes sinais excitatórios dos núcleos vestibulares, 
bem como dos núcleos profundos do cerebelo. Portanto, quando o sistema 
excitatório pontino fica sem oposição do bulbar provoca excitação tão poderosa 
Lucas Moreira – 72C 
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dos músculos antigravitários em todo o corpo, que animais quadrupedes, quando 
colocados na posição em pé, sustentam o corpo contra a gravidade sem quaisquer 
sinais dos níveis mais altos do cérebro. 
 Sustentação do Corpo em Pé: primeiramente para ficar de pé o 
movimento é comandado pelo córtex motor. Quando já estamos nesta 
posição, há descargas do sistema vestibular sobre a área reticular da 
ponte, fazendo com que haja uma descarga sobre os motoneurônios 
gama dos músculos antigravitários agonistas e antagonistas. Isto 
causa a contração das fibras intrafusais, e pela lei do fuso (neste caso 
não haverá controle cerebelar, uma vez que, logo após o receptor 
anuloespiral perceber a distensão do fuso, ela vai para o corno 
posterior e fecha um sistema sináptico com o motoneurônio alfa), dos 
músculos ao redor. 
 
 
• Sistema Reticular Bulbar: os núcleos bulbares transmitem sinais inibitórios que 
para os mesmos neurônios motores gama e alfa-antigravitários por meio de trato 
diferente, o trato reticuloespinal bulbar, localizado na coluna lateral da medula. 
Estes núcleos recebem fortes sinais colaterais de aferência do trato 
corticoespinal, do trato rubroespinal e de outras vias motoras. Esses tratos e vias 
normalmente ativam o sistema inibitório reticular bulbar para contrabalancear 
os sinais excitatórios os sinais excitatórios do sistema reticular pontino, assim, 
sob condições normais, os músculos corporais não ficam anormalmente tensos. 
 
 
 
3.2. Papel dos Núcleos Vestibulares para Excitar os Músculos Antigravitários: todos os 
núcleos vestibulares funcionam em associação com os núcleos reticulares pontinos para 
controlar os músculos antigravitários. Estes núcleos transmitem fortes sinais excitatórios 
por meio dos tratos vestibuloespinais lateral e medial, nas colunas anteriores. Sem essa 
sustentação dos núcleos vestibulares, o sistema reticular pontino perderia grande parte da 
excitação dos músculos axiais. O papel específico dos núcleos vestibulares, contudo, é o 
de controlar seletivamente os sinais excitatórios para os diferentes músculos 
antigravitários, de modo a manter o equilíbrio em resposta a sinais do sistema vestibular. 
Lucas Moreira – 72C 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Aplicações Clínicas: 
 
4.1. Síndrome de NMS x NMI: a primeira é ocasionada ou por um dano às áreas centrais 
motoras ou ao trato corticoespinal (uma vez que este são apenas axônios das células 
centrais), enquanto a segunda é ocasionada por uma lesão dos nervos periféricos ou dos 
neurônios motores do corno anterior. 
 
 SINAL NMS NMI 
Força Diminuída ➔ Plegia/ 
Paresia 
Diminuída ➔ Plegia/ 
Paresia 
Tônus Aumentado/ Espástico Diminuído/ Flácido 
Reflexos Profundos Aumentados Ausentes 
Trofismo Diminuído (por desuso) Diminuído (por 
desnervação) 
Sinal de Babinski Presente Ausente 
Clônus Presente Ausente 
 
• Geralmente durante um período de 3 a 4 semanas de uma lesão de NMS todos os sinais desta 
síndrome tendem a não aparecer. Este período agudo é chamado de Choque Medular. Para 
avaliar se essa fase já passou é utilizado o reflexo sacral (se presente, passou, se não, ela ainda 
Lucas Moreira – 72C 
36 
persiste), no qual você retrai a sonda do paciente ou pressiona a glande ou o clitóris e, assim, irá 
ocorrer uma contração do esfíncter anal. 
 
4.2. Escala de Coma de Glasgow: é utilizada para gerar uma abordagem estruturada, aumentar 
a acurácia e por gerar uma maior reprodutibilidade inter-examinador e entre estudos. Esta 
escala vai de 15 a 3, e é utilizada da seguinte forma: 
A. Checar Resposta Ocular: 
1. Sem resposta 
2. Abre os olhos à uma resposta de dor 
3. Abre os olhos ao receber uma ordem vocal 
4. Abre os olhos de maneira espontânea 
 
B. Checar Resposta Verbal: 
1. Nenhuma resposta 
2. Fala apenas ruídos incompreensíveis 
3. Fala palavras inapropriadas ou sem nexo 
4. Está falando, mas encontra-se desorientado (não sabe seu próprio nome, 
onde mora, ....) 
5. Está orientado e conversando normalmente 
 
C. Checar Resposta Motora: 
1. Nenhuma resposta 
2. Apresenta apenas extensão com rotação medial (sinal de 
descerebração ➔ lesão abaixo do núcleo rubro) ao ser estimulado 
fisicamente com dor 
3. Apresente uma flexão bizarra e anormal ao ser estimulado 
(descortificação ➔ lesão acima do núcleo rubro) 
4. Tenta retirar a fonte da dor com uma flexão 
5. Localiza a dor 
6. Obedece a uma ordem verbal e realiza o movimento corretamente. 
Lucas Moreira – 72C 
37 
 
 
• Glasgow-P: foi recentemente criado e avalia a resposta pupilar do paciente. Você primeiro o 
avalia na ECG normal e depois subtrai os pontos desta avaliação. Logo, esta avaliação vai de 
15 até 1. 
0. As duas pupilas respondem com miose à luz 
1. Uma das pupilas não responde à luz 
2. Ambas as pupilas não respondem à luz. 
 
4.3. ABCDE: é a avaliação primária do enfermo 
 
A. Airway: verificação da via aérea do paciente, com proteção da coluna cervical 
B. Breathing: verificação da ventilação e respiração do paciente 
C. Circulation: verficicação da qualidade da circulação do paciente com controle de 
hemorragias 
D. Disability: avaliação da disfunção neurológica do paciente (Glasgow) 
E. Exposition: exposição/ controle do ambiente, além de verificação de seus resultados. 
 
SISTEMA VESTIBULAR E A MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO: 
 
• O sistema vestibular é o órgão sensorial para detectar sensações de equilíbrio do corpo. 
Encerrado em sistema de túbulos e câmaras ósseas, com localização na parte petrosa do osso 
Lucas Moreira – 72C 
38 
temporal, há o chamado labirinto ósseo. Dentro desse sistema estão tubos e câmaras 
membranosas, no chamado labirinto membranoso. 
 
• As imagens acima (uma representativa e uma real) mostram o labirinto membranoso. Ele é 
composto pela cóclea (ducto coclear); três canais semicirculares; e duas grandes câmaras, o 
utrículo e o sáculo. A cóclea não quase nenhuma função no equilíbrio, sendo importante na 
audição; já os canais semicirculares as duas câmaras possuem papel fundamental nisto. 
 
1. Máculas: localizada na superfície interna de cada utrículo e sáculo, existe uma pequena área 
sensorial chamada mácula. A mácula do utrículo se situa em sua maior parte no plano 
horizontal, na superfície inferior do utrículo, e desempenha papel importante na determinação 
da orientação da cabeça, quando ela está em posição ereta. Inversamente, a mácula do sáculo 
está localizada

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