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Caderno digitado - Constitucional I

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Prévia do material em texto

Prof. Marcus Magalhães 2018.2 Willian da S. Nascimento
1. Introdução ao estudo do Direito Constitucional
O Direito Constitucional é o ramo do estudo jurídico dedicado à estrutura básica do ordenamento normativo. Nele se examinam as regras matrizes de todo o direito positivo. 
O objeto imediato do Direito Constitucional é a Constituição, e aqui se desenvolvem esforços por compreender em que consiste, como ela é, quais as suas funções, tudo propiciando as bases para o aprimoramento constante e necessário das normas de proteção e promoção dos valores que resultam da necessidade de respeito à dignidade da pessoa humana e que contribuem para conformá-la no plano deontológico.
A Constituição assume a missão de organizar racionalmente a sociedade, especialmente na sua feição política. É o estatuto do poder e o instrumento jurídico com que a sociedade se premune contra a tendência imemorial de abuso dos governantes. É também o lugar em que se expressam as reivindicações últimas da vida em coletividade e se retratam os princípios que devem servir de guia normativo para a descoberta e a construção do bem comum.[footnoteRef:1] [1: MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 56-57)
] 
2. Perspectiva histórica
[...] a ideia de Constituição, como a vemos hoje, tem origem mais próxima no tempo e é tributária de postulados liberais que inspiraram as Revoluções Francesa e Americana do século XVIII.[footnoteRef:2] [2: MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 58)] 
Ao utilizarmos esse excerto como fonte de inspiração para desenvolver-se uma síntese do amadurecimento histórico da Constituição e do Constitucionalismo, seremos pontuais em aduzir apenas os resultados das teorias, determinando os momentos culminantes do delinear histórico. 
Prima facie, a de se entender a finalidade da Constituição dos modernos. Estes, até então, dirigidos por governos monárquicos, absolutistas, por vezes, tiranos, violadores das liberdades e garantias individuais de seus súditos, detinham em si, um poder discricionário e indeterminado. É nesse contexto, que, as insurreições ocorreram, contudo, na história de todas as civilizações, a todo momento ocorriam revoltas, revoluções, com o simples desejo de apropriar-se do poder e, de tornar-se o novo mandatário, legitimando-se pelo uso da violência como meio de controle social.
 A grande virada de perspectiva, foi na concentração do poder em um único diploma legal, retirando-lhe dos homens, tornando-os súditos de uma ficção jurídica, que não tem desejos subjetivos, tão pouco vontades incontroláveis, algo inimaginável, sobretudo, a consolidação da Constituição, pretendia limitar os poderes dos homens, sabendo estes a sua natureza, como preleciona Montesquieu, ao aduzir que “todo homem que tem poder é tentado a abusar dele; vai até onde encontra limites”, essa é a premissa do Constitucionalismo, pretende conter o arbítrio dos condutores da vontade geral, tangenciando-os, afim de garantir o respeito as liberdades individuais, o denominado Liberalismo. 
3. Classificação dos Direitos Fundamentais e suas respectivas gerações
O avanço que o direito constitucional apresenta hoje é resultado, em boa medida, da afirmação dos direitos fundamentais como núcleo da proteção da dignidade da pessoa e da visão de que a Constituição é o local adequado para positivar as normas asseguradoras dessas pretensões. 
A relevância da proclamação dos direitos fundamentais entre nós pode ser sentida pela leitura do Preâmbulo da atual Constituição. Ali se proclama que a Assembleia Constituinte teve como inspiração básica dos seus trabalhos o propósito de “instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança”.
O cristianismo marca impulso relevante para o acolhimento da ideia de uma dignidade única do homem, a ensejar uma proteção especial. O ensinamento de que o homem é criado à imagem e semelhança de Deus e a ideia de que Deus assumiu a condição humana para redimi-la imprimem à natureza humana alto valor intrínseco, que deve nortear a elaboração do próprio direito positivo.
A defesa de que certo número de direitos preexistem ao próprio Estado, por resultarem da natureza humana, desvenda característica crucial do Estado, que lhe empresta legitimação – o Estado serve aos cidadãos, é instituição concatenada para lhes garantir os direitos básicos.
Os direitos fundamentais assumem posição de definitivo realce na sociedade quando se inverte a tradicional relação entre Estado e indivíduo e se reconhece que o indivíduo tem, primeiro, direitos, e, depois, deveres perante o Estado, e que os direitos que o Estado tem em relação ao indivíduo se ordenam ao objetivo de melhor cuidar das necessidades dos cidadãos. [footnoteRef:3] [3: MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 197-200)
] 
3.1 1ª Geração (Limitar o arbítrio estatal e assegurar liberdades individuais) 
Pretendia-se, sobretudo, fixar uma esfera de autonomia pessoal refratária às expansões do Poder. Daí esses direitos traduzirem-se em postulados de abstenção dos governantes, criando obrigações de não fazer, de não intervir sobre aspectos da vida pessoal de cada indivíduo. São considerados indispensáveis a todos os homens, ostentando, pois, pretensão universalista. Referem-se a liberdades individuais, como a de consciência, de reunião, e à inviolabilidade de domicílio. São direitos em que não desponta a preocupação com desigualdades sociais. O paradigma de titular desses direitos é o homem individualmente considerado.[footnoteRef:4] [4: MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 201)
] 
No tocante, devemos considerar o contexto da idealização dos direitos fundamentais da 1ª geração, século XVIII, pós-revolução Francesa e Americana, pretendiam apenas se desvencilhar dos estados absolutistas, permeando assim, suas liberdades.
3.2 2ª Geração (Direitos sociais) 
O descaso para com os problemas sociais, que veio a caracterizar o État Gendarme, associado às pressões decorrentes da industrialização em marcha, o impacto do crescimento demográfico e o agravamento das disparidades no interior da sociedade, tudo isso gerou novas reivindicações, impondo ao Estado um papel ativo na realização da justiça social. O ideal absenteísta do Estado liberal não respondia satisfatoriamente, às exigências do momento.
Como consequência, uma diferente pletora de direitos ganhou espaço no catálogo dos direitos fundamentais – direitos que não mais correspondem a uma pretensão de abstenção do Estado, mas que o obrigam a prestações positivas. São os direitos de segunda geração, por meio dos quais se intenta estabelecer uma liberdade real e igual para todos, mediante a ação corretiva dos Poderes Públicos. Dizem respeito a assistência social, saúde, educação, trabalho, lazer etc.
Os direitos de segunda geração são chamados de direitos sociais, não porque sejam direitos de coletividades, mas por se ligarem a reivindicações de justiça social – na maior parte dos casos, esses direitos têm por titulares indivíduos singularizados.[footnoteRef:5] [5: (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 201)
] 
3.3 3ª Geração (Direitos Metaindividuais)
[...] peculiarizam-se pela titularidade difusa ou coletiva, uma vez que são concebidos para a proteção não do homem isoladamente, mas de coletividades, de grupos. Tem-se, aqui, o direito à paz, ao desenvolvimento, à qualidade do meio ambiente, à conservação do patrimônio histórico e cultural.[footnoteRef:6] [6: (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 201-202)
] 
4. Conceito de Constituição (Stricto sensu)
[...] é o ato de constituir, de estabelecer, de firmar; ou, ainda, o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização, formação. Juridicamente, porém, Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normasreferentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.[footnoteRef:7] [7: ’ (MORAES, Direito constitucional, 13ª ed., 2003, p. 29)
] 
Nessa senda, Gilmar Mendes assevera: 
[...] a Constituição emerge como um sistema assegurador das liberdades, daí a expectativa que proclame direitos fundamentais. As liberdades, igualmente, são preservadas mediante a solução institucional da separação de poderes. Tudo isso, afinal, há de estar contido em um documento escrito. Quando esses traços são levados em conta, está sendo estabelecido um sentido substancial de Constituição. ‘’
Com base nos conceitos produzidos por Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, é possível enxergar uma unidade de pensamento nos distintos autores, quando descrevem a Constituição como limitador do poder estatal e porquanto, garantidor dos direitos fundamentais dos cidadãos. Para que a mesma exerça tais finalidades, esta determina e intervém nos órgãos estatais e até mesmo em seus cidadãos, pressionando-os à alinharem-se aos fundamentos que instituem esse estado constitucional. Esse seria o sentido Material da Constituição, nesse turno, o sentido Formal tem os seguintes caracteres: ‘’ A Constituição, em sentido formal, é o documento escrito e solene que positiva as normas jurídicas superiores da comunidade do Estado, elaboradas por um processo constituinte específico. São constitucionais, assim, as normas que aparecem no Texto Magno, que resultam das fontes do direito constitucional, independentemente do seu conteúdo. Em suma, participam do conceito da Constituição formal todas as normas que forem tidas pelo poder constituinte originário ou de reforma como normas constitucionais, situadas no ápice da hierarquia das normas jurídicas.[footnoteRef:8] [8: (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 86)
] 
	
5. Neoconstitucionalismo
Como já aludido no trecho final do tópico 2:
[...] todo homem que tem poder é tentado a abusar dele; vai até onde encontra limites Essa é a premissa do Constitucionalismo, pretende conter o arbítrio dos condutores da vontade geral, tangenciando-os, afim de garantir o respeito as liberdades individuais, o denominado Liberalismo. 
Dessa maneira, o Constitucionalismo, promove o controle da imperatividade estatal, garantindo a liberdade do cidadão, limitando o arbítrio do tirano, vez que, a sociedade que fundou o Constitucionalismo, queria apenas a garantia de sua liberdade, de sua propriedade e da livre iniciativa, fazendo-se mister, um controle de constitucionalidade das condutas estatais que os colocariam em risco.
O Neoconstitucionalismo, concatenado após a segunda grande guerra, entende que, o preceito fundamental da Constituição, em apenas garantir as liberdades individuais não se faziam suficientes na atual conjuntura, pois, os direitos humanos, foram devastados, suprimidos e relativizados pelos governos despóticos, utilizando-se de premissas variadas para promoverem seus horrores particulares. Dessa maneira, o Neoconstitucionalismo confunde-se com a 2ª geração dos Direitos fundamentais, no que concerne atribuir ao estado a persecução da concretização dos direitos fundamentais arraigados nos textos constitucionais, não sendo algo facultativo, mas uma imposição da nova ordem mundial, temendo-se uma nova rebelia que colocasse em risco a sociedade como um todo. 
Nesse sentido, Gilmar Mendes preleciona: 
 O instante atual é marcado pela superioridade da Constituição, a que se subordinam todos os poderes por ela constituídos, garantida por mecanismos jurisdicionais de controle de constitucionalidade. A Constituição, além disso, se caracteriza pela absorção de valores morais e políticos (fenômeno por vezes designado como materialização da Constituição), sobretudo em um sistema de direitos fundamentais autoaplicáveis. Tudo isso sem prejuízo de se continuar a afirmar a ideia de que o poder deriva do povo, que se manifesta ordinariamente por seus representantes. A esse conjunto de fatores vários autores, sobretudo na Espanha e na América Latina, dão o nome de neoconstitucionalismo.[footnoteRef:9] [9: (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 80)
] 
6. Sentidos da Constituição (Sociológico, Politico, Jurídico e Culturalista)
· Sociológico: Ferdinand Lassalle, em sua obra “A Essência da Constituição”, revelou os fundamentos sociológicos das Constituições: os fatores reais de poder. Segundo ele, a Constituição seria, tão somente, o somatório dos fatores reais de poder que regem uma nação – poderes econômicos, políticos, religiosos, militares etc. A Constituição escrita seria uma “mera folha de papel”, não sendo apta a conduzir o processo político por não possuir força normativa. Quem determina o rumo do Estado é a Constituição real resultante do somatório dos fatores reais de poder.[footnoteRef:10] [10: (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, grifo nosso, p. 29)] 
· Político: Carl Schmitt, em sua obra “Teoria da Constituição”, afirma que a Carta Magna representa a decisão política fundamental – decisão concreta sobre o modo e a forma de existência da unidade política (o Estado). Assim, a Constituição reflete o resultado da vontade política fundamental do Poder Constituinte originário (aquele que elabora o texto da Constituição) quanto aos temas ligados à estruturação do Estado.[footnoteRef:11] [11: (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, grifo nosso, p. 30)] 
· Jurídico: ‘’ A Constituição sob a ótica jurídica é vista como um sistema unitário e harmônico de normas jurídicas, norma fundamental do Estado e da vida jurídica de um povo, paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico. Segundo Kelsen: ‘’A Constituição é norma pura sem influência sociológica, política ou filosófica.[footnoteRef:12] [12: (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, grifo nosso, p. 31)] 
· Culturalista: O sentido culturalista de Constituição desenvolvido por J. H. Meirelles Teixeira engloba os sentidos sociológico, político e jurídico. Significa que a Carta é fruto de um fato cultural, ou seja, produzida pela comunidade, podendo sobre ela influir. Esse sentido culturalista conduz ao conceito de Constituição total ou integral, que consiste justamente na integração dos aspectos sociais, políticos, jurídicos e econômicos que conformam o Texto Maior, chegando na sua perspectiva unitária.[footnoteRef:13] [13: (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, grifo nosso, p. 31)
] 
7. Classificação das constituições 
Os itens com cor realçada são os adotados pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
7.1 Quanto ao conteúdo
a) Formal: é aquela consubstanciada de forma escrita, por meio de um documento solene estabelecido pelo poder constituinte originário;
b) Material: consiste no conjunto de regras materialmente constitucionais, estejam ou não codificadas em um único documento.
7.2 Quanto à forma
a) Escritas: é o conjunto de regras codificado e sistematizado em um único documento, para fixar-se a organização fundamental. Canotilho denomina-a de constituição instrumental, apontando seu efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade;
b) Não escritas: é o conjunto de regras não aglutinadas em um texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções (exemplo: Constituição Inglesa). 
7.3 Quanto ao modo de elaboração
a) Dogmática: se apresenta como produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito dominante;
b) Histórica: é fruto da lenta e contínua síntese da História e tradições de um determinado povo (exemplo: Constituição Inglesa).
7.4 Quanto à origem
a) Promulgadas: também denominadas democráticas ou populares, as Constituições que derivam do trabalho de uma Assembleia NacionalConstituinte composta de representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração (exemplo: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988);
b) Outorgadas: as elaboradas e estabelecidas sem a participação popular, através de imposição do poder da época (exemplo: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC n.° 01/1969). 
7.5 Quanto a estabilidade
a) Rígidas: constituições escritas que poderão ser alteradas por um processo legislativo mais solene e dificultoso do que o existente para a edição das demais espécies normativas (por exemplo: CF/88 - art. 60);
b) Flexíveis: em regra não escritas, excepcionalmente escritas, poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário;
c) Semirrígidas: algumas regras poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente por um processo legislativo especial e mais dificultoso;
d) Imutáveis: onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas. Em algumas constituições, a imutabilidade poderá ser relativa, quando se preveem as chamadas limitações temporais, ou seja, um prazo em que não se admitirá a atuação do legislador constituinte reformador.
Observação: Ressalte-se que a Constituição Federal de 1988 pode ser considerada como super-rígida, uma vez que em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas, excepcionalmente, em alguns pontos é imutável (CF, art. 60, § 4. ° - cláusulas pétreas).
7.6 Quanto à finalidade
a) Programática ou dirigentes: não se bastam com dispor sobre o estatuto do poder. Elas também traçam metas, programas de ação e objetivos para as atividades do Estado nos domínios sociais culturais e econômicos;
b) Garantia: tendem a concentrar a sua atenção normativa nos aspectos de estrutura do poder, cercando as atividades políticas das condições necessárias para o seu correto desempenho. Aparentemente, não fazem opções de política social ou econômica.
7.7 Quanto ao modo de ser (ontológica)
a) Normativa: são as que logram ser lealmente cumpridas por todos os interessados, limitando, efetivamente, o poder;
b) Nominal: são formalmente válidas, mas ainda não tiveram alguns dos seus preceitos “ativados na prática real”. Na visão de Loewenstein, nesses casos, “a situação real não permite a transformação das normas constitucionais em realidade política”, mas ainda “se pode esperar que, com o tempo, normas que até agora somente possuíam validez nominal tornar-se-ão, também, normativas;
c) Semântica: seria a formalização do poder de quem o detém no momento. Não tenciona limitá-lo, mas mantê-lo, mesmo que professe “uma adesão de boca aos princípios do constitucionalismo.
8. Poder Constituinte
O Poder Constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. 
 A doutrina aponta a contemporaneidade da idéia de Poder Constituinte com a do surgimento de Constituições escritas, visando à limitação do poder estatal e a preservação dos direitos e garantias individuais.[footnoteRef:14] [14: ’ (MORAES, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 43)
] 
8.1 Titularidade e Exercício do Poder Constituinte
[...] a titularidade do poder constituinte pertence ao povo, pois o Estado decorre da soberania popular, cujo conceito é mais abrangente do que o de nação. Assim, a vontade constituinte é a vontade do povo, expressa por meio de seus representantes. 
 Necessário transcrevermos a observação de Manoel Gonçalves Ferreira Filho, de que "o povo pode ser reconhecido como o titular do Poder Constituinte mas não é jamais quem o exerce. É ele um titular passivo, ao qual se imputa uma vontade constituinte sempre manifestada por uma elite". Assim, distingue-se a titularidade e o exercício do Poder Constituinte, sendo o titular o povo e o exercente aquele que, em nome do povo, cria o Estado, editando a nova Constituição.[footnoteRef:15] [15: (MORAES, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 44)] 
8.2 Espécies de Poder Constituinte
O Poder Constituinte classifica-se em Poder Constituinte originário ou de 1. ° grau e Poder Constituinte derivado, constituído ou de 2.° grau.[footnoteRef:16] [16: ’ (MORAES, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 43)
] 
8.3	Poder constituinte originário 
A autoridade máxima da Constituição, reconhecida pelo constitucionalismo, vem de uma força política capaz de estabelecer e manter o vigor normativo do Texto. Essa magnitude que fundamenta a validez da Constituição, desde a Revolução Francesa, é conhecida com o nome de poder constituinte originário.
Ao contrário do que ocorre com as normas infraconstitucionais, a Constituição não retira o seu fundamento de validade de um diploma jurídico que lhe seja superior, mas se firma pela vontade das forças determinantes da sociedade, que a precede.
‘(...) a Constituição é produto do poder constituinte originário, que gera e organiza os poderes do Estado (os poderes constituídos), sendo, até por isso, superior a eles.
Dizem os autores que se trata de um poder que tem na insubordinação a qualquer outro a sua própria natureza; dele se diz ser absolutamente livre, capaz de se expressar pela forma que melhor lhe convier, um poder que se funda sobre si mesmo, onímodo e incontrolável, justamente por ser anterior a toda normação e que abarca todos os demais poderes; um poder permanente e inalienável; um poder que depende apenas da sua eficácia.
Em suma, podemos apontar três características básicas que se reconhecem ao poder constituinte originário. Ele é inicial, ilimitado (ou autônomo) e incondicionado.
É inicial, porque está na origem do ordenamento jurídico. É o ponto de começo do Direito. Por isso mesmo, o poder constituinte não pertence à ordem jurídica, não está regido por ela. Decorre daí a outra característica do poder constituinte originário – é ilimitado. Se ele não se inclui em nenhuma ordem jurídica, não será objeto de nenhuma ordem jurídica. O Direito anterior não o alcança nem limita a sua atividade. Pode decidir o que quiser. De igual sorte, não pode ser regido nas suas formas de expressão pelo Direito preexistente, daí se dizer incondicionado.
Afinal, só é dado falar em atuação do poder constituinte originário se o grupo que diz representá-lo colher a anuência do povo, ou seja, se vir ratificada a sua invocada representação popular. Do contrário, estará havendo apenas uma insurreição, a ser sancionada como delito penal.
É por isso, também, que os estudos sobre o poder constituinte originário costumam se referir à eficácia atual, como traço distintivo desse ente. Quem atua como poder constituinte originário “deve-se consistir numa força histórica efetiva, apta para realizar os fins a que se propõe”. Não é quem quer ou pensa estar legitimado para tanto que será poder constituinte originário, mas “quem está em condições de produzir uma decisão eficaz sobre a natureza da ordem”.
Não há espaço para decisões caprichosas ou totalitárias do poder constituinte originário, já que ele existe para ordenar juridicamente o poder do Estado; portanto, vai instituir um Estado com poderes limitados. “Um poder absoluto que queira continuar a ser absoluto não cabe numa Constituição, (...) que representa uma delimitação frente ao exercício arbitrário do poder ou frente ao domínio puro e duro da arbitrariedade. ” ’ (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, grifo nosso, p. 153-158)
8.3.1 Formas de expressão do poder constituinte originário	
‘’ Inexiste forma prefixada pela qual se manifesta o poder constituinte originário, uma vez que apresenta as características de incondicionado e ilimitado. Pela análise histórica da constituição dos diversos países, porém, há possibilidade de apontar duas básicas formas de expressão do poder constituinte originário: Assembléia Nacional Constituinte e Movimento Revolucionário (outorga). ‘’ (MORAES, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 44)
8.4 Poder Constituinte Derivado 
‘’ O Poder Constituinte derivado está inserido na própria Constituição, pois decorre deuma regra jurídica de autenticidade constitucional, portanto, conhece limitações constitucionais expressas e implícitas e é passível de controle de constitucionalidade. 
 Apresenta as características de derivado, subordinado e condicionado. É derivado porque retira sua força do Poder Constituinte originário; subordinado porque se encontra limitado pelas normas expressas e implícitas do texto constitucional, às quais não poderá contrariar, sob pena de inconstitucionalidade; e, por fim, condicionado porque seu exercício deve seguir as regras previamente estabelecidas no texto da Constituição Federal. ‘’ (MORAES, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 46)
8.4.1 Espécies de poder constituinte derivado
O Poder Constituinte derivado subdivide-se em poder constituinte reformador e decorrente.
8.4.2 Poder Constituinte derivado reformador
‘’ Embora as constituições sejam concebidas para durar no tempo, a evolução dos fatos sociais pode reclamar ajustes na vontade expressa no documento do poder constituinte originário. Para prevenir os efeitos nefastos de um engessamento de todo o texto constitucional, o próprio poder constituinte originário prevê a possibilidade de um poder, por ele instituído, vir a alterar a Lei Maior. 
Aceita-se, então, que a Constituição seja alterada, justamente com a finalidade de regenerá-la, conservá-la na sua essência, eliminando as normas que não mais se justificam política, social e juridicamente, aditando outras que revitalizem o texto, para que possa cumprir mais adequadamente a função de conformação da sociedade. As mudanças são previstas e reguladas na própria Constituição que será alterada. ‘’ (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 174)
8.4.3 Poder Constituinte derivado decorrente
‘’ O Poder Constituinte derivado decorrente é a capacidade dos Estados-membros/Distrito Federal, unidades da federação, de elaborarem as suas próprias Constituições/Lei Orgânica, no intuito de se auto-organizarem. O exercício deste Poder recai sobre as Assembleias Legislativas dos Estados-membros/Câmara Legislativa do Distrito Federal. ‘’ (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, grifo nosso, p. 30)
8.4.4 Poder Constituinte derivado revisor‘
’ Possibilidade instituída pelo Poder Constituinte originário de ser realizada uma ÚNICA revisão, após 5 anos da promulgação da CF/1988, mediante votação, por maioria absoluta do Congresso Nacional, em sessão unicameral (art. 3º do ADCT). Sua atuação foi limitada pelas cláusulas pétreas (art. 60, § 4º). Importante destacar que somente seis Emendas Constitucionais de revisão foram editadas à época (1994), não sendo mais possível na ordem constitucional vigente nova manifestação do Poder Constituinte derivado revisor, em razão de sua eficácia exaurida. ‘’ (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, grifo nosso, p. 30)
9. Direito Constitucional Intertemporal
Com o advento de uma nova Constituição, surgem vários fenômenos ligados à transição constitucional.
9.1 Supremacia da Constituição
‘’ O conflito de leis com a Constituição encontrará solução na prevalência desta, justamente por ser a Carta Magna produto do poder constituinte originário, ela própria elevando-se à condição de obra suprema, que inicia o ordenamento jurídico, impondo-se, por isso, ao diploma inferior com ela inconciliável. De acordo com a doutrina clássica, por isso mesmo, o ato contrário à Constituição sofre de nulidade absoluta. ’’ (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 161)
9.2 Recepção
‘’ É certo que o poder constituinte originário dá início à ordem jurídica. Isso, porém, significa que todos os diplomas infraconstitucionais perdem vigor com o advento de uma nova Constituição?
Uma resposta positiva inviabilizaria a ordem jurídica. Por isso se entende que aquelas normas anteriores à Constituição, que são com ela compatíveis no seu conteúdo, continuam em vigor. 
Diz-se que, nesse caso, opera o fenômeno da recepção, que corresponde a uma revalidação das normas que não desafiam, materialmente, a nova Constituição. 
Kelsen sustenta que as leis anteriores, no seu conteúdo afinadas com a nova Carta, persistem vigentes, só que por fundamento novo. A força atual desses diplomas não advém da Constituição passada, mas da coerência que os seus dispositivos guardam com o novo diploma constitucional. Daí Kelsen dizer que “apenas o conteúdo dessas normas permanece o mesmo, não o fundamento de sua validade”.
As normas antigas, ainda, devem ser interpretadas à luz das novas normas constitucionais. ’’ (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, grifo nosso, p. 163)
9.3	Repristinação
‘’Que acontece com a lei que perdeu vigência com o advento de uma nova ordem constitucional, quando esta é revogada por uma terceira Constituição, que não é incompatível com aquela norma infraconstitucional? 
A restauração da eficácia é considerada inviável. Não se admite a repristinação, em nome do princípio da segurança das relações, o que não impede, no entanto, que a nova Constituição expressamente revigore aquela legislação. À mesma solução se chega considerando que só é recebido o que existe validamente no momento que a nova Constituição é editada. A lei revogada, já não mais existindo então, não tem como ser recebida. ‘’ (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, grifo nosso, p. 167)
9.4 Retroatividade mínima
‘’ Reconhece-se, assim, como típico das normas do poder constituinte originário serem elas dotadas de eficácia retroativa mínima, já que se entende como próprio dessas normas atingir efeitos futuros de fatos passados. As normas do poder constituinte originário podem, excepcionalmente, ter eficácia retroativa média (alcançar prestações vencidas anteriormente a essas normas e não pagas) ou máxima (alcançar fatos consumados no passado), mas para que opere com a retroatividade média ou máxima, o propósito do constituinte deve ser expresso. É nesse sentido que se diz, hoje, que não há direito adquirido contra a Constituição. 
Vale assinalar que a eficácia retroativa mínima é apanágio da norma proveniente do constituinte originário. O legislador comum não pode afetar ato jurídico perfeito ou direito adquirido, nem mesmo nos efeitos futuros [com relação à nova lei] dos atos praticados antes da mesma lei. A garantia do art. 5º, XXXVI, o veda. ’’ ’ (MENDES e GONET, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, grifo nosso, p. 173)
10. Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais
‘’ É certo que o constitucionalismo não aceita a ideia de norma constitucional desprovida de eficácia. Ao revés, é possível afirmar que toda norma constitucional é dotada de eficácia jurídica (aptidão para produzir efeitos). O que se tem, na verdade, são normas constitucionais com graus variados de eficácia jurídica e aplicabilidade, de acordo com a normatividade que lhes tenham sido emprestadas pelo constituinte. Assim, à luz da doutrina de José Afonso da Silva, as normas constitucionais são classificadas, quanto ao grau de eficácia jurídica e aplicabilidade, em normas constitucionais de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada. ‘’ (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, grifo nosso, p. 46)
Aplicabilidade Imediata: produzem, ou ao menos possuem a possibilidade de produzir, todos os efeitos visados pelo constituinte (originário ou derivado), desde sua criação.
 Direta: não dependem de nenhum ato normativo posterior para sua inteira normatividade. 
Integral: não podem ser restringidas por nenhuma lei superveniente.
10.1 Normas constitucionais de eficácia plena	
"(...) aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular" (por exemplo: os "remédios constitucionais. ‘’ (MORAIS, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 33)
· Possuem aplicabilidadeimediata, direta e integral.
10.2 Normas constitucionais de eficácia contida
‘’(...) são aquelas "que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados" (por exemplo: art. 5. °, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer). ‘’ (MORAIS, Curso de direito constitucional, 13ª ed., 2018, p. 33)
· Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral.
10.3	Normas constitucionais de eficácia limitada
‘’(...) dependem da emissão de uma normatividade futura. Ou seja, essas normas não produzem com a simples promulgação da Constituição ou da edição de uma emenda constitucional os seus efeitos essenciais, dependendo da regulamentação posterior que lhes entregue a eficácia, sendo qualificadas, assim, como normas não autoaplicáveis. 
A utilização de certas expressões como “a lei regulará”, “a lei disporá”, ou “na forma da lei” indicam que a vontade do constituinte precisa ser complementada para o pleno efeito da norma constitucional. ‘’ (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, grifo nosso, p. 48)
· Possuem aplicabilidade mediata, indireta.
11. Supremacia, Estrutura e Elementos da Constituição
11.1	Supremacia 
‘’ Nos Estados que adotam Constituições rígidas, as normas constitucionais só podem ser alteradas segundo um procedimento mais solene do que aquele previsto para a elaboração e a modificação dos atos normativos infraconstitucionais. Nesse modelo, segundo o escalonamento normativo proposto por Hans Kelsen, a Constituição ocupa o ápice do ordenamento jurídico, servindo de fundamento de validade para a produção normativa subsequente, ou seja, as normas constitucionais possuem uma força destacada apta a condicionar a validade da legislação infraconstitucional, daí se falar em supremacia formal das normas constitucionais em face dos demais atos normativos.
Como consequência da supremacia constitucional, pode-se afirmar que TODAS as normas constitucionais, independentemente de seu conteúdo, equivalem-se em termos de hierarquia jurídica e são dotadas de supremacia formal em relação às demais normas infraconstitucionais. ‘’ (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, p. 57)
11.2	Estrutura
11.2.1 Preâmbulo
É a parte precedente do texto constitucional que sintetiza os valores e objetivos adotados pela Constituição Federal.
11.2.2 Parte dogmática
‘’ A parte dogmática da Constituição Federal de 1988 constitui o seu corpo principal, congregando os princípios fundamentais, os direitos e garantias fundamentais, a organização do Estado, a organização dos Poderes, a defesa do Estado e das Instituições Democráticas, a tributação, o orçamento, a ordem econômica, a ordem financeira, a ordem social e as disposições constitucionais gerais. É, enfim, o texto da Constituição Federal que vai do art. 1º ao art. 250. ‘’ (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, p. 57)
11.2.3 Ato das disposições constitucionais transitórias
‘’ O ato das disposições constitucionais transitórias (ADCT) é o conjunto de normas constitucionais que assumem dupla função: a) realizar a transição entre a nova ordem constitucional e a que foi substituída (exemplo: art. 25 do ADCT); b) disciplinar provisoriamente determinadas situações, enquanto não regulamentadas em definitivo por lei (exemplo: art. 16 do ADCT). Independentemente da função exercida pela norma constante do ADCT, sua característica marcante é que, uma vez cumprido o objetivo buscado pelo constituinte, perde sua eficácia jurídica por exaurimento de seu objeto. ‘’ (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, p. 58)
11.2.4 Emendas constitucionais
‘’ As emendas constitucionais podem ser de reforma ou de revisão. As emendas constitucionais de reforma são fruto do exercício do Poder Constituinte derivado reformador. Por sua vez, as emendas constitucionais de revisão decorreram do exercício do Poder Constituinte derivado revisor. Noutro giro, o procedimento para a edição de uma emenda constitucional de reforma (EC) é permanente, razão pela qual pode, a qualquer momento, ser efetuada uma nova modificação constitucional, desde que respeitado o devido processo legislativo constitucional capitulado no art. 60. ‘’ (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, p. 58)
11.2.5 Atos internacionais equivalentes à emenda constitucional
‘’ A partir da promulgação da emenda constitucional 45/2004, o Brasil passou a admitir que tratados internacionais sobre direitos humanos fossem incorporados ao ordenamento jurídico pátrio com força de emenda à Constituição. É o que prevê o § 3º do art. 5º: “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”. (DUTRA, Direito constitucional essencial, 3ª ed., 2017, p. 58) 
11.3	Elementos da Constituição Federal de 1988
São agrupadas de acordo com a sua natureza e a sua finalidade:
· Elementos orgânicos: conjunto de normas que regulam a estrutura do Estado e do poder (Título III – Da Organização do Estado; Título IV – Da Organização dos Poderes; Título V, Capítulos II e III – Das Forças Armadas e da Segurança Pública; e Título VI – Da Tributação e do Orçamento);
· Elementos limitativos: normas que trazem o elenco dos direitos e garantias fundamentais, que limitam o exercício do poder estatal (Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais, com exceção do Capítulo II – Direitos Sociais);
· Elementos sociológicos: normas que revelam o compromisso das Constituições modernas entre o Estado individualista (Estado Liberal) e o Estado Social (intervencionista) (Título II, Capítulo II – Dos Direitos Sociais; Título VII – Da Ordem Econômico e Financeira; e Título VIII – Da Ordem Social);
· Elementos de estabilização constitucional: conjunto de normas destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas (art. 102, I, a – ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade; arts. 34 a 36 – Da Intervenção; arts. 102 e 103 – jurisdição constitucional; e Título V, Capítulo I – Do Estado de Defesa e do Estado de Sítio);
· Elementos formais de aplicabilidade: normas que estatuem regras de aplicação das Constituições (Preâmbulo; ADCT; art. 5º, § 1º; e normas que contêm as cláusulas de promulgação).
12. Hermenêutica Constitucional
A atribuição de sentido a um preceito constitucional é atividade marcada por considerável potencial de efeitos vários sobre a ordem jurídica e sobre o quotidiano dos indivíduos. A atividade destinada a descobrir o sentido de uma Constituição, que proclama valores a serem protegidos, seguidos e estimulados pelos poderes constituídos e pela própria sociedade, assume inescondível relevo para a vida social e para a definição do Direito.
Interpretar a Constituição é buscar conhecer um ato normativo, uma lei; mas, quando comparada com a interpretação típica dos outros ramos do Direito, a interpretação constitucional se cerca de características distintas, que lhe desenham um campo único.
A interpretação constitucional tende a acarretar impacto sobre todo o direito positivo do Estado, já que é a Constituição a norma suprema em uma comunidade e a fonte de legitimidade formal de toda a sua ordem jurídica.
Dispondo a Constituição sobre as relações entre os poderes e destes com as pessoas, a interpretação constitucional não se desprende, tampouco, de uma ineliminável pressão ideológica e política.
As constituições contemporâneas absorvem noções de conteúdo axiológico e, com isso, trazem para a realidade do aplicador do direito debates políticos e morais.
A interpretação casuística da Constituição éesterilizante, como é também insensata a interpretação que queira compelir o novo, submetendo a sociedade a algo que ela própria, por seus processos democráticos, não decidiu.
A interpretação da Constituição se torna, assim, propensa a controvérsias, que se estendem desde as técnicas que lhe são adequadas até os limites a que se deve ater.
Levando em conta a estrutura das normas constitucionais
É sempre oportuno o aviso de Eros Roberto Grau, quando concita a que não nos esqueçamos de que “os textos normativos carecem de interpretação não apenas por não serem unívocos ou evidentes – isto é, por serem destituídos de clareza –, mas sim porque devem ser aplicados a casos concretos, reais ou fictícios”
Por isso mesmo é que “o intérprete discerne o sentido do texto a partir e em virtude de um determinado caso dado (...).
A norma, portanto, não se confunde com o texto, isto é, com o seu enunciado, com o conjunto de símbolos linguísticos que forma o preceito. Para encontrarmos a norma, para que possamos afirmar o que o direito permite, impõe ou proíbe125, é preciso descobrir o significado dos termos que compõem o texto e decifrar, assim, o seu sentido linguístico.
555Análise do programa normativo: inquietações técnicas para o intérprete
Para que a norma possa incidir sobre um caso concreto é preciso definir o significado dos seus dizeres. No Direito Constitucional, essa tarefa também é levada a cabo com os recursos das regras tradicionais de interpretação. Para a compreensão do texto normativo, faz-se uso da interpretação gramatical, buscando-se o sentido das palavras; da interpretação sistemática, visando à sua compreensão no contexto amplo do ordenamento constitucional; e da interpretação teleológica, com que se intenta desvendar o sentido do preceito, tomando em conta a sua finalidade determinante e os seus princípios de valor1
PAG 138 MENDES

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