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Processo Penal I

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	Processo Penal I
	
	
	
	Catarina Marrão
↠Conceito do Processo Criminal:
É o meio pelo qual o acusado da prática de uma infração penal é submetido ao poder judiciário para fins de processo e julgamento. É um conjunto de regras, normas, que tem por finalidade de regular o direito de punir do Estado ao aplicar o direito material no caso concreto.
Em regra, o poder punitivo é do Estado. Contudo, com o Estatuto do índio (L. 6.001/73), em seu artigo 47, há hipótese de permissão que os índios apliquem sansões punitivas próprias entre eles.
↠Sistemas Processuais Penais:
✘Acusatório:
É o sistema adotado no código de processo penal brasileiro, que tem como principal característica a separação das funções de acusar, julgar e defender, colocando cada parte do processo com as suas atribuições trazidas tanto pela Constituição Federal (art. 127 ao 132), quanto pelo Código de Processo Penal (art. 251 ao 268).
✘Inquisitivo:
Adotado na Europa ocidental até o século XIX, este sistema concentrava em uma única pessoa as funções de acusar e julgar, e em alguns lugares, até mesmo defender. Não havia, portanto, direito a ampla defesa. (Em ampla defesa, leia-se: possibilidade de autodefesa e defensor técnico [audiência + presença = autodefesa + defesa técnica]. Ausência de ampla defesa é uma nulidade processual)
✘Misto:
É aquele em que há compatibilidade entre os dois sistemas anteriores. 
Para alguns doutrinadores, este seria o adotado no Brasil, no entanto, não prevalece este entendimento, principalmente após a entrada em vigor da lei 13.964/19 (pacote anticrime).
Súmula Vinculante nº 14 do STF – Não se pode negar ao interesse do acusado, vista aos documentos e fases processuais, ainda que na fase do inquérito. Isso é um exemplo de que há ampla defesa na fase do inquérito, ou seja, não se caracteriza como misto, pois na parte do inquérito de um sistema inquisitivo, não há ampla defesa.
↠Princípios do Processo Penal:
1º Ampla Defesa:
É um princípio basilar do ordenamento jurídico brasileiro, artigo 5º, LV, CF. A ampla defesa é auto defesa, analisada em conjunto com a defesa técnica. O primeiro divide-se em direito de audiência (de ser interrogado) e de presença (presenciar a prova produzida no curso do processo), enquanto a defesa técnica seria o profissional de direito habilitado para defender o acusado no processo.
2º Contraditório:
É analisado através de um binômio, Informação + Reação. 
Pode ser exercido no momento em que a prova está sendo produzida ou em um momento posterior a produção de prova.
Na primeira hipótese, ocorre o contraditório real, ou seja, a reação ocorre no momento da informação (art. 202, CPP – prova testemunhal).
Já no segundo, ocorre o contraditório deferido ou postergado, que ocorre em um momento posterior ao de sua produção (art. 158, CPP – exame de corpo de delito; art. 479, CPP – documentos probatórios).
OBS: Para alguns doutrinados, frente a hipótese prevista no artigo 225 do Código de Processo Penal estaríamos diante de uma antecipação de contraditório. Trata-se de pensamento minoritário, porque a maior parcela da doutrina classifica a hipótese como contraditório real, pois as partes estão presentes na oitiva antecipada.
3º Juiz Natural:
É o princípio que garante que todo e qualquer acusado será julgado por um juiz competente (art. 5º, LII, CF), adotados os critérios de fixação de competência (art. 69 ao 91 do CPP). Busca, portanto, impedir a criação de tribunal de exceção, dando conhecimento prévio de quem será a julgador no caso concreto.
Para estabelecer a competência do julgador, três critérios básicos são adotados:
	1º - Ratione Loci – Em razão do local;
	2º - Ratione Personae/Funcionae – Em razão da função;
	3º - Ratione Materiae – Em razão da natureza da infração penal cometida.
4º Imparcialidade:
É um princípio inerente a garantia da jurisdição (juiz natural), garantindo a todo e qualquer cidadão de ser julgado por um juiz que tenha preferência por alguma das partes. 
E dizer, que o juiz deve estar dotado de sua plena capacidade objetiva ou subjetiva de julgar alguém.
 
Essas hipóteses estão previstas nos artigos 252 e 254 do Código de Processo Penal, impedimento e suspeição.
OBS: Decorrente dos princípios anteriormente citados, Maria Elizabeth Queijo dividiu as provas do processo penal em quatro tipos:
Provas que necessitam de cooperação ativa são aquelas que demandam de uma ação por parte do réu. No direito brasileiro, observando o princípio da não auto incriminação, o réu pode se recusar a colaborar com a sua produção. – Recusa.
Ex.: A recusa no bafômetro gera sansões, mas são punições administrativas. (No processo penal não há sansão por recusa.)
Em um segundo momento, a cooperação passiva é descrita pela doutrinadora, e significa que não há por parte do réu uma ação, mas apenas a sua tolerância quanto a prova a ser produzida. – Réu não pode se recusar a prova.
Ex.: Reconhecimento de pessoas (art. 266 a 228 do CPP).
Há ainda dois outros tipos de situação que abordados, o primeiro é a prova invasiva, que é aquela que adentra a superfície corporal, causando lesão no investigado. – Réu pode recusar.
Ex.: Extração compulsória de sangue/cabelo. 
O segundo são as provas não invasivas, que são aquelas obtidas na superfície corporal, mas não se invade o corpo humano (pode até tocar, mas não adentra). – Réu não pode recusar.
Ex.: Cabelo solto no ombro, pele embaixo da unha (bem CSI).
OBS: L.12.037/09 – Identificação criminal. Se a pessoa acusada for totalmente desconhecida e sem documentos, gerará assim uma discussão principiológica a cerca de qual tipo de provas serão aceitas, recusáveis ou acatadas pelo juízo.
↠Inquérito Policial:
↠Conceito:
É o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciaria para apurar a autoria e materialidade delitiva, a fim de subsidiar, minimamente, o titular da ação penal (art. 4º ao 23 do CPP). Em regra, é um procedimento preparatório para ação penal. (Dispensável.)
↠Natureza Jurídica do IP:
É um procedimento, ou seja, nele não incidem os princípios típicos da instrução criminal.
Há posicionamento em sentido contrário, dos chamados garantistas extremados, como, por exemplo, Aury Lopes Jr., que segundo a Lei 13.245/16 (que alterou o art. 7º do Estatuto da OAB), haveria uma espécie de contraditório no IP.
Por ser um procedimento administrativo, onde não incide os princípios da instrução criminal, poderia o juiz condenar exclusivamente com base no que foi colhido dentro do inquérito policial?
 Não, o art. 155 do CPP, que não foi alterado pelo pacote anticrime, veda essa possibilidade, logo, o que é produzido durante as investigações preliminares são elementos informativos e não provas, porque não foram submetidas ao crivo do contraditório.
↠Provas Cautelares:
Na definição de Renato Brasileiro: “São aquelas que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo, em relação às quais o contraditório será diferido ou postergado. Podem ser produzidas durante a fase investigatória e judicial, sendo que, em regra, dependem de autorização judicial.”
 Ex.: Interceptação Telefônica (Lei. 9.296/96).
“Trata-se de medida investigatória que tem no “elemento surpresa” o pressuposto de sua eficácia. Assim, o investigado só terá conhecimento da produção dessa prova após a sua conclusão.”
↠Provas Não Repetíveis:
Ainda para o autor: “São aquelas provas que não podem ser renovadas, ou seja, elas se esgotam quando realizadas durante o inquérito. Como sugere a própria nomenclatura, não tem como ser produzida novamente em virtude do desaparecimento da fonte probatória, em regra, não dependem de autorização judicial.
Ex.: Exame pericial após sofrer lesões corporais leves, pode ser determinada pela própria autoridade policial, imediatamente após tomar conhecimento da prática da infração. (diligência investigatória do art. 6º, VII do CPP)”. Contraditório postergado ou diferido.
↠Prova Antecipada:
A prova antecipada é uma espécie de prova cautelar, produzida sob ocrivo do contraditório, no momento distinto daquele legalmente previsto pelo ordenamento jurídico brasileiro. Necessita de prévia autorização judicial e pode ser produzida tanto durante as investigações quanto durante o processo judicial.
 É especificamente o caso do art. 225 do CPP, é o depoimento ad perpetuam rei memoriam.
Ex.: Testemunha presencial do delito hospitalizada, em estado grave; e art. 366, CPP. Contraditório Real ou para a prova.
 ↠Características Do Inquérito Policial:
✘Inquisitivo:
Trata-se de característica amplamente adotada pela doutrina e pela jurisprudência. É, pois, um procedimento que não está submetido ao contraditório e tampouco há um rito determinado durante o curso das investigações, ou seja, elas são conduzidas/presididas de forma discricionária pela autoridade policial. (Em sentido contrário, Aury Lopes Jr.)
✘Discricionário:
Conforme exposto acima, não há um rigor procedimental a ser observado durante o inquérito policial, a exemplo disso, o art. 6º e 7º do CPP, traz diligências a serem determinadas a critério da autoridade policial. O art. 14 do CPP é outro exemplo da discricionariedade.
✘Oficial:
Ficará a cargo da autoridade policial (civil ou federal) a presidência do IP, ou seja, a cargo de órgão oficial do Estado (ver art. 144 da CF).
✘Oficioso:
Ao tomar conhecimento da infração penal pública incondicionada, a Autoridade Policial estará obrigada a agir de ofício, independente de provocação da vítima ou qualquer outra pessoa. Deve, sendo a primeira forma de instauração do IP, art. 5º, I, iniciar o procedimento investigatório de ofício, dentro de sua circunscrição. 
Ex.: Delegada ao assistir o programa BBB percebe que um dos participantes tratava de sua parceira de forma agressiva, e aos olhos da autoridade policial em questão se tratava de caso de violência doméstica. De ofíco, a delegada instaurou o inquerito contra este participante (caso verídico).
✘Indisponível:
Nos termos do Art. 17 do CPP, a autoridade policial não poderá determinar o arquivamento do inquérito policial. Atualmente, de acordo com a reforma no pacote anticrime, prevê o legislador, embora o Min. Luiz Fux tenha suspendido a eficácia de alguns dispositivos, que o arquivamento se dará pelo MP (art. 28 do CPP).
A autoridade policial irá presidir de forma discricionária a investigação, porém, não dispõe dela, ou seja, não pode determinar que a investigação seja arquivada.
✘Escrito:
De acordo com o art. 9º do CPP, todas as peças do inquérito policial deverão ser reduzidas a escrito, ou seja, até mesmo o depoimento que é uma prova produzida oralmente, deverá ser escrito. O IP não tem um fim em si, seu objetivo é fornecer justa causa.
Há, no entanto, posicionamento de doutrinadores que afirmam que, em razão da necessidade de se interpretar de maneira progressiva ou subsidiária o Código de Processo Penal que entrou em vigor em janeiro de 1942. Para isso, o art. 405, §1º do CPP, traria a hipótese de utilização de meios tecnológicos no curso do inquérito policial.
✘Sigiloso: 
Advém do art. 20 do CPP. Em regra, a doutrina divide o sigilo em interno e externo. Diz-se, externo aquele voltado às pessoas alheias a investigação. Devemos observar que um dos fatos de existência das investigações é o elemento surpresa, logo, para garantir a efetividade do trabalho durante as investigações, impõe-se o sigilo.
Já o interno, seria aquele voltado para os sujeitos processuais, no Brasil, não há sigilo para o MP e nem para o Juiz, questão que será discutida após o Pacote Anticrime.
A questão do advogado. É absoluto o sigilo das investigações?
A resposta está na súmula vinculante nº. 14.
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”
✘Dispensável:
Havendo justa causa, hoje prevista no art. 385 do CPP, o Ministério Público poderá dispensar o inquérito policial. Por isso, uma das características do IP é ser meramente dispensável.
*Justa causa?
1ª posição: Para o Afrânio Silva Jardim: “é o suporte probatório mínimo sobre autoria e materialidade delitiva, possui natureza jurídica de uma quarta condição da ação.”
2ª posição: Marcellus Polastri: “não é uma quarta condição da ação, mas sim algo inerente a toda ação penal, trata-se de condição específica para o recebimento da denúncia.”
Formas de Instauração do IP:
A forma de acordo com a espécie de ação penal (art. 5º, I, II do CPP).
I - De ofício: Significa espontaneamente, sem provocação. Exemplificando, a autoridade policial verificando que na esfera de atribuição (não ha de se falar em competência) dela ocorreu uma crime de ação penal pública incondicionada, deve se instaurar o IP.
II - Mediante requisição: Mediante a “requisição do juiz” não foi recepcionado pela constituição, por ser incompatível com o sistema acusatório, uma vez que o juiz não teve ter nenhuma ingerência (no que tange o que foi posto na lei do pacote anti crime) no inquérito policial.
A natureza jurídica de “requisição”é caráter de ordem.
Já a segunda parte do inciso II não tem qualquer discussão. Mediante requisição de MP, obriga o delegado, pois a atividade da polícia para atividade fim do MP. O IP busca justamente autoria e materialidade para que o titular da ação penal entre em juízo, a atividade policial é meio para o fim almeja pelo MP. O delegado de policia não tem obrigatoriedade de seguir o que o MP pede, porque quem preside a investigação é o delegado.
A terceira possibilidade de instauração do inciso II, Mediante requerimento da vítima (ofendido). É um pedido que a vítima faz, que não obriga o delegado. O requerimento pode ser por escrito ou oral.
E se esse requerimento da vitima for negado pela autoridade policial? Cabe algum recurso administrativo (não tem recurso no CPP pra isso, §2º art. 5º do CPP)?
Sim, um recurso administrativo para o chefe de polícia (secretario de polícia Civil).
Através do Auto de Prisão em Flagrante (302 e 304 do CPP)
É chamada noticia criminis de cognição coercitiva.
Instauração nos crimes de ação pub condicionada e ação penal de iniciativa privada:
Toda ação penal é publica, o que muda na ação penal é a iniciativa. Se você está falando de ação penal privada, não é porque ela é privada que ela pertence ao particular, ela só é de INICIATIVA privada, onde o particular age em nome próprio buscando uma pretensão do Estado.
Como é a instauração de IP nessas hipóteses?
Na ação penal publica condicionada a representação se instaura através de representação. A representação é uma espécie de pedido/autorização para que seja instaurado o IP e a respectiva ação penal.
Natureza jurídica do pedido/autorização 
É uma condição de procedibilidade. Significa dizer que sem representação não pode ter IP. 
E se iniciar o IP sem representação? Não há problema, desde que tenha representação até os 6 meses do conhecimento do autor do fato criminoso para manifestar a minha vontade (precedente o STF).
A representação é voltada a apuração do fato criminoso, independe de quem seja os autores.
OBS: Cuidado para não confundir com a queixa crime. Logo, mencionou, um e não mencionou outro, o delegado vai apurar o fato, pois a representação e voltada para a apuração.
Crimes de ação penal de iniciativa privada:
Se instaura o IP com o requerimento da vítima, ou por substituição processual (art. 31 CPP).
Cabe flagrante em crime de ação penal privada?
!ª Orientação (pacífica com a jurisprudência): É possível a prisão-captura, porém para lavrar o APF (auto de prisão em flagrante) será indispensável a manifestação da vontade da vítima.
2º Orientação (Paulo Rangel): até mesmo a prisão-captura exige a manifestação de vontade da vítima, trata-se de condição de procedibilidade para procedê-la. 
Diligências Investigatórias:
Art. 6º - CPP: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciandopara que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.      
Alguns cuidados devem ser tomados quando da realização destas diligências, como a observância das regras processuais de apreensão de coisas, bem como às regras constitucionais sobre inviolabilidade do domicílio (art. 5°, XI da CF), direito ao silencio do investigado (art. 5°, LXIII da CF), aplicando-se no que tange ao interrogatório do investigado, as normas referentes ao interrogatório judicial (art. 185 a 196 do CPP), no que for cabível.
Em se tratando de determinados crimes, a autoridade policial ou o MP poderão requisitar dados ou informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. São eles:
⇒ Sequestro ou cárcere privado 
⇒ Redução à condição análoga à de escravo 
⇒ Tráfico de pessoas 
⇒ Extorsão mediante restrição da liberdade (“sequestro relâmpago”) 
⇒ Extorsão mediante sequestro 
⇒ Facilitação de envio de criança ou adolescente ao exterior (art. 239 do ECA). 
Ou seja, em se tratando de um desses crimes o CPP expressamente autoriza a requisição direta pela autoridade policial (ou pelo MP) dessas informações, podendo a requisição ser dirigida a órgãos públicos ou privados (empresas de telefonia, etc.).
Diligencias investigatórias não descritas no Art. 6º CPP (rol exemplificativo):
✘Interceptação Telefônica – Lei 9296/96:
É um meio de prova complementar, ultima medida investigatória.
I.T. em sentido estrito: Duas ou mais pessoas conversando e existe um terceiro interceptando esse dialogo sem o conhecimento destes. 
OBS: 
Existe uma diferença conceitual caso um dos interlocutores tenha conhecimento da gravação, pois caso isso ocorra estaremos diante de uma escuta telefônica . 
Agora, E.T. é permitida pela lei brasileira? Pode ser utilizada dentro do IP?
Para o STJ é uma modalidade de interceptação, e desde que haja prévia ordem judicial ela é valida. 
Na jurisprudência esse entendimento é pacifico, mas tem uma corrente minoritária que diz que a escuta telefônica não pode ser utilizada, pois o interlocutor que sabe da escuta pode manipular a conversa de maneira a influenciar e conduzir da forma que lhe interessa a gravação.
A gravação clandestina de conversa telefônica ocorre quando a há duas ou mais pessoas conversando e um dos interlocutores está gravando as conversas (sem autorização legal). Esta não é modalidade conceitual de I.T., porém, o STJ admitiu essa gravação em caso anterior.
OBS: Art. 157 é para o acusador, mas se for prova ilícita pro reo, elas são perfeitamente permitidas no processo penal brasileiro.
A gravação clandestina ambiental tem previsão legal somente na lei 12.850 que fala sobre a organização criminosa. Definição: Art. 3º, II da referida lei. 
Atenção! 
Qual é o prazo da Interceptação Telefônica? Art. 5 da lei 9.296, 15 dias renováveis ou prorrogáveis por igual tempo quantas vezes forem necessárias para as investigações.
✘Busca e Apreensão – Art. 240 ao 250 CPP
É uma das diligências investigatórias permitidas no inquérito policial. A princípio devemos ressaltar que busca é uma coisa e apreensão é outra completamente diversa.
Busca é a diligência realizada pelos agente do Estado para investigação e descoberta de algo que interessa para o processo penal, podendo ser realizada em pessoas ou lugares, como, por exemplo o domicílio (c/c art. 150, §4º).
Busca pessoal – Art. 240, §2º e 244 do CPP: Busca realizada na superfície corporal. Importante saber que o objeto por ela trazido é considerado extensão do corpo humano, ou seja, bolsa, sacola, roupas e até mesmo o carro (jurisprudência) é extensão da busca pessoal. A busca pessoal independe de mandado.
OBS: Art. 249 – Mulher que faz busca em mulher, a não ser que resulte em retardamento ou prejuízo da diligência.
Busca domiciliar – Art. 240, §1º do CPP : É aquela em que se procura alguma pessoa ou algum objeto em domicílio (e art. 150 CP) alheio. De acordo com o art. 5º, XI da CF, a casa é asilo inviolável e ninguém pode entrar sem o consentimento do morador, salvo em flagrante, desastre, prestar socorro ou durante o dia por ordem judicial (salvo se o morador consentir que se realiza a noite). 
OBS: O conceito de dia no processo penal é divergente, alguns dizem que é do primeiro ao ultimo raio de sol, segundo ao conceito físico-astronômico. Mas existem outro conceito mais clássico considerando dia de 06:00 às 18:00. 
OBS: Estatuto da ordem art. 7º – “II - a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia;”
Apreensão – diferentemente da busca, é uma medida que visa a guarda de objetos/coisas/pessoas tornando-a indisponível ou sob custódia do Estado enquanto tiverem interesse para o processo.
Quanto a restituição dos bens apreendidos, poderá ser feito pedido, desde que as coisas apreendidas não interessarem mais o processo ou não tenham relação com o caso (Art. 118 do CPC).
OBS:
Princípio da Serendipidade – Descoberta fortuita de prova. Olhamos para esse princípio principalmente quando se descobre algo que fora apreendido para um caso e este que fora apreendido serve para outro caso.
Teoria dos frutos das árvores envenenadas – Teoria norte americana que explana sobre as provas obtidas de maneira errônea, como busca e apreensão fora do horário, mesmo que obtida prova, ela não será utilizada por ter sido obtida por meio de um vício no horário, podendo ser arguida nulidade. Mesma hipótese para as provas obtidas por meios ilícitos.
Art. 7 do CPP – “Reconstituição” : Muito utilizada em alguns tipos de crimes para clarear a mente de quem vai julgar, desde que essa não contrarie a moralidade e a ordem publica.
O réu é obrigado a participar dessa diligencia investigatória? Não, pois ele não é obrigado a produzir prova contra si. Ele só vai fazer se for bom, interesse da defesa.
A parte final do artigo (desde que essa não contrarie a moralidade e a ordem publica), a lei veda situações que podem gerar constrangimento, principalmente para a própria vitima (encenar cena de estupro ou chacina). Deve se avaliar se é uma prova ideal de se realizar ou não.
A testemunha (art. 203/206) só pode recusar a ir e dizer a verdade se isto a incriminar. A testemunha pode ficar calada? Não, calar a verdade também é crime (exceto situações excepcionais).
Indiciamento:
A partir das diligências realizadas, se consegue todos os caminhos para apontar aquela pessoa como suposto autor do crime. Se todas as diligencias mostram que possivelmente aquela pessoa é autor do crime, este será apontado como autor do fato criminoso. Esse indiciamento ocorre quando as diligencias realizadas pelas investigações apontam para alguém como sendo autor de uma infração penal investigada.É um ato privativo da autoridade policial..
A natureza jurídica desse indiciamento, para o STF , tem um caráter ambíguo. Pois se por um lado o indiciamento trás um constrangimento, por outro, apesar desse constrangimento, nasce direitos e garantias constitucionais a serem preservados (art. 8 do Pacto São José da Costa Rica).
Prazo Do Inquérito Policial: 
Em regra o inquérito policial quando o indiciado estiver preso será de 10 dias, ou se estiver solta será de 30 dias (para os crimes gerais, se tiver previsão em lei especial modificando esse prazo, esse deverá ser observado) (art. 10 do CPP).
Esse prazo de 30 dias, com o réu solto, essa regra é absoluta? Esse é um prazo processual impróprio segundo o STJ, então não há nenhuma ilegalidade se o inquérito for concluído após esse prazo de 30 dias.
OBS: Cifra negra: a grande maioria das infrações que não são punidas, pois através do IP não se consegue chegar a uma conclusão.
O que ocorre em massa principalmente no Estado RJ é o arquivamento do inquérito, e temos que lidar com esta hipótese. É o caso em que essa investigação não tem o mínimo para dar inicio ao processo e conteúdo para o MP principalmente.
Arquivamento Do IP:
(importante para concurso e OAB 2ª fase)
Enfrentou uma alteração significativa, a nível Brasil, uma modificação sistemática pelo pacote anticrime (L.13.954/19).
O que é?
É a medida possível que o MP apos a análise do inquérito (procedimento investigatório) para concluir que não tem elementos mínimos naquelas diligencias investigatórias, deixando ele paradinho enquanto não tem fatos suficientes.
Na pratica, a autoridade policial pede retorno dos autos a delegacia para tentar mais atos, cessado esse vai e vem, ele é arquivado. Quem arquiva o IP, nos termos do art. 28 do CPP é o MP. Antes do pacote anticrime era o MP que requeria ao poder judiciário para este decretar o arquivamento, a redação do art. 28 era diversa do atual.
No RJ já era assim, mesmo antes da L. 13.945/19.
Ação Penal: 
Art. 24 ao 62 do CPP. - A ação penal é o meio pelo qual o Estado ou particular dão início ao processo-crime, pedindo a condenação de terminada pessoa.
Para Libman, é o direito subjetivo público de se dirigir ao Estado-Juiz, pedindo a aplicação do direito objetivo no caso concreto. 
Toda ação penal é publica, porque o interesse de punir é do Estado. Com exceção do Estatuto do Índio (permite que os grupos tribais apliquem penas em si próprios), quem aplica a pena é o Estado.
O que muda nas ações penais é a legitimidade, quando se for classificar se ela será de iniciativa publica ou privada.
Classificação das Ações Penais:
1- Ações penais de conhecimento - são constitutivas ou declaratórias (negativas): 
Serão constitutivas (desconstitutivas) nas situações, a exemplo do art. 621 do CPP.
Serão de conhecimento as ações cautelas e ação de execução.
Ação penal declaratória é a que diz alguma coisa.
2- Cautelares: Art. 282 e seguintes do CPP.
3- Execução: L. 7.210/84
Ação Penal de Iniciativa Pública X Privada:
Ação Penal Pública:
Conceito: 
É aquela que tem como legitimado para interposição o MP, nos termos do art. 127 ao 129 da CF.
Espécies de ação penal pública:
Incondicionada – Aquela que não precisa de nenhuma condição para ser promovida pelo MP, sem que a iniciativa dependa de qualquer condição para o seu inicio. DOMINUS LITIS
Aqui não existe retratação da vítima no caso da lei Maria da Penha.
Condicionada à representação – São aqueles crimes que o interesse público fica em segundo lugar, considerando que a lesão atinge o interesse privado também, porém, o titular da ação continua sendo o MP. (representação é um pedido à autorização a autoridade legal pedindo para que o Estado atue em determinados crimes) (ver o art. 39 do CPP c/c item V da exposição de motivos).
Tourinho Filho diz: “Sendo a representação
aquela condição à qual se subordina a propositura da ação penal, nos casos previstos em lei, inegavelmente sua natureza é processual. (…) A despeito de ser processual sua natureza, há nela consideráveis aspectos penais, pois o seu não-exercício acarreta a decadência, que é causa extintiva de punibilidade”.
Esse pedido de representação tem prazo?
Sim, de 6 meses a partir do conhecimento da autoria.(art. 38 do CPP e 103 do CP).
O que é a retratação ?
Retirada daquele pedido feito (autorização) ao MP (art. 25 do CPP) para o prosseguimento do feito, pode ser feito até o momento do oferecimento da denúncia, após o oferecimento da denúncia a representação será irretratável.
Princípios da ação penal pública:
Obrigatoriedade da ação penal
Presentes os requisitos/condições da ação penal, o MP deverá propor a ação penal. Porém diversas alterações legislativas, como a lei 12.850/13 no instituto da delação premiada, bem como o acordo de não persecução penal (ANPP) previsto no Art. 28-A do CPP mitigaram/relativizaram este princípio.
A discussão desse tópico é feita atualmente após a vinda do pacote anticrime, essa situação traz o art.28-A do CPP o acordo de não persecução penal, e isso é uma inspiração do processo penal norte americano e lá se está acostumado com o sistema plea bargain. Antigamente não se discutia nenhuma situação especifica que impedia o MP de agir.
Nesse principio era assim: presente os indícios de uma ação penal (indico da autoria e prova da materialidade) o MP era obrigado a dar inicia uma ação penal.
Agora, com a reforma, ainda há esse principio? Vai se discutir se ele é obrigado a agir ou não. Nos termos do art. 29 ele veio possibilitar o acusado junto de seu adv. e o órgão de acusação transacionarem penas (acordos de não persecução), ajustes entre eles não perseguir aquela pessoa (acusado) por determinados fatos acusados como criminosos. O juiz tem que homologar esse acordo e o acusado tem que cumprir certos requisitos postos mais brandos do que uma futura pena.
Aqui podemos comparar com a transação penal feita no JECRIM, há autores que vão falar dessa mitigação feita pelo pacote, dizendo que o ANPP advém de uma discricionariedade regrada assim como uma transação penal.
OBS: L. 12.850 – trouxe no art. 3º-A e 4º a possibilidade da colaboração premiada (maneira que o artigo trata a delação premiada). É um meio de obtenção de prova, uma negocio jurídico, personalíssimo, com natureza jurídica para meio de obtenção de prova, formalizado entre um colaborador (alguém que traz luz a determinada situação processual, crime) e de maneira voluntária e eficaz acaba entregando outros participantes da organização ou entregando a estrutura dos esquemas ou recuperação daquilo subtraído ou confissão para pano de fundo de delação ... buscando benefícios a se alcançar em troca das informações prestadas .
Muitos doutrinadores criticam a colaboração premiada e sua constitucionalidade. Geraldo Prato diz que é inconstitucional esse meio de obtenção de prova porque se está impulsionando um sistema que não é o acusatório, um sistema processual mais inquisitivo, e muitas das vezes quem está preso é que vai fazer uma colaboração, e a partir do momento que você restringe a liberdade de alguém, essa pessoa tem vontade de colaborar ou tá fazendo porque tá na cadeia? Isso tiraria a voluntariedade. Imagine só, você prender alguém com pano de fundo para obter uma colaboração premiada (e inventa os motivos pelo art. 312)... O Estado estaria se aproveitando de um criminoso para fazer justiça deixando de ter seu trabalho de investigação, indo as provas ao MP de mão beijada. Defende-se de o colaborador só poder dar os fatos se não estiver preso.
Essa opinião é minoritária.
Tem doutrinador que diferencia delação de colaboração. Art. 187, §2º, II do CPP.
Princípio da Indisponibilidade:
 Esta no art. 42 do CPP, diz que o MP não pode desistir da ação que ele tenha interposto, ou seja, a partir do momento que ele ingressa em juízo ele não pode desistir de ação penal que tenha iniciado (oferecida a denuncia). O MP não dispõe da ação penal. “A pretensão punitiva não é do MP, mas sim do Estado (Afrânio silva jardim).”
Critica muito grande a esseprincipio pelo que traz o art. 385 do CPP, que discute a sua constitucionalidade.
Princípio da Indivisibilidade: 
Ação penal publica é indivisível, deveria ser promovida contra todos os autores do fato criminoso.
O STF tem precedentes no sentido de possibilitar a divisão da ação penal, entoa esse princípio não seria mais aplicado ao processo penal brasileiro mas é de extrema importância ao processo doutrinário, dizendo que as ações penais publicas são sim divisíveis, principalmente quanto ao momento, ficando a critério da acuação do melhor momento para iniciar o processo crime. Só é pacífico a indivisibilidade nos crimes de ação de iniciativa privada.
Princípio da Intranscendência: 
O processo não irá passar da pessoa do processado.
Princípio da Oficialidade: 
A ação publica é promovida pelo MP, que é um órgão oficial.
AÇÃO PENAL PRIVADA:
Conceito: 
Ocorre quando o Estado, como titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou seu representante legal, ocorrendo a chamada “legitimidade extraordinária”.
O que diferencia da publica é quem inicia o processo. A INICIATIVA é privada nessa espécie de ação penal, e o Estado transfere para o particular a legitimidade para a propositura da ação.
Nos crimes contra a honra, a violação imediata é contra a vítima, em um segundo momento é quando o interesse geral entra em cena. Nesse tipo de crime, se afeta mais o amago da vítima do que o interesse geral, mas mesmo assim será o Estado que investigará e buscará a punição quando necessário.
Há hipóteses em que a vítima não tem interesse no agir, como em um filho que macula a honra do pai, e esse pai não que as repercussões que geram uma ação penal, sendo assim escolha da vítima.
Espécies de Ação Penal:
Ação penal exclusivamente privada – É aquela que é a regra geral de ação de iniciativa privada, isto é, espécie inerente aos crimes contra a honra, cabível no caso de morte a sucessão processual.
Ação penal de iniciativa privada personalíssima – É aquela que só pode ser exercida pelo ofendido. No caso de morte do ofendido se perde o direito, não cabendo sucessão processual (art. 30 do CPP faz alusão ao rol CADI, que não cabe aqui nesse caso)..
Ação penal privada subsidiária da pública – (Art. 5º, LIX da CF) Se o MP no prazo legal, no processo de ação penal publica, não exercer a pretensão e ficar em inércia, o particular de forma subsidiária vai tomar a legitimidade da ação pública. (Essa ideia vale também as para as ações populares, art. 5º, LXXIII da CF)
Princípios da ação penal privada:
Princípio da Oportunidade e Conveniência:
Na ação publica, em regra o MP é obrigado a agir (mesmo que mitigado atualmente), aqui na iniciativa privada é diametralmente oposto a obrigatoriedade. Mediante os critérios de oportunidade e conveniência a vitima vai escolher se quer ou não escolher se quer ou não oferecer a queixa crime.
Por ser crimes que afetam mais de forma imediata ao particular e mediata a coletividade, o legislador deixou a critério do ofendido se ele vai agir ou não. 
Princípio da Disponibilidade:
No principio da indisponibilidade na ação penal publica, o MP tinha que ir até o fim sem possibilidade de desistência, aqui na iniciativa privada, o particular pode dispor do processo em andamento. Ou seja, o processo não precisa ir até o final se o articular não tiver. 
Temos pelo menos três formas de disposição da ação penal privada:
1 – Perdão do Ofendido;
2 – Perempção;
3 – Conciliação.
Princípio da Indivisibilidade:
Nos princípios anteriores o particular não é obrigado a agir, mas uma vez que ele escolher tomar uma atitude, ele deve fazer como um instrumento de processo e não de vingança, devendo agir contra todos os autores do fato criminoso (art. 48 do CPP).
Princípio da Intranscendência:
A ação penal privada só pode ser proposta ao provável autor do delito, mesma coisa da ação penal publica, vigora o principio da Intranscendência (pena não pode passar da pessoa do apenado, logo o processo não pode passar da pessoa a do criminoso).
Causas de Extinção da punibilidade na ação penal de iniciativa privada:
Renúncia:
Art. 107, V do CPP, tem como cauda de extinça da punibilade a renúncia. 49, 50 e 57 do CPP. queeeee
É um ato unilateral e voluntário, em que o ofendido abdica do direito de exercer o seu direito (legitimidade). É uma causa extintiva da punibilidade, prevista no art. 107, V do CP, está diretamente relacionada ao princípio da oportunidade ou conveniência, sendo cabível antes do início do processo (ligado ao principio da oportunidade e conveniência)
Perdão: 
É um ato bilateral e voluntário, que no curso do processo o ofendido decide não prosseguir com a demanda, perdoando o acusado, considerado também uma cauda extintiva da punibilidade (ligado ao principio da disponibilidade e a exposição de motivos do CPP).

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