Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso de Bacharelado em Direito – Direito Processual Constitucional I Docente: André Puccinelli Júnior 9º semestre - noturno Priscila Candida Martins da Silva RGA: 201720020361 Responder as questões abaixo e encaminhá-las por e-mail até 21/10/2019. 1. Diferenciar Adin por Omissão de Mandado de Injunção. O Mandado de Injunção está previsto no art. 5º, LXXI, da Constituição Federal e a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão disposta no art. 103, § 2º, da Carta Magna. Ambas foram criadas para combater omissões constitucionais e são aplicadas quando o Poder Público deveria legislar, mas ainda não criou a legislação aguardada pelo text o constitucional. Aplicadas para combater as omissões estatais, quando violadoras do texto maior. Uma das importantes distinções entre os dois tipos de ação diz respeito à legitimidade ativa. Nos termos do art. 5º, LXXI, da CF, qualquer pessoa física ou jurídica prejudicada pela ausência de norma envolvendo o seu caso particul ar poderá impetrar Mandado de Injunção. Já na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, temos um controle concentrado, sendo legitimados ativos apenas aqueles que aparecem no art. 103, da Constituição Federal. Outra importante diferença refere-se à competência para processar e julgar. No caso do Mandado de Injunção, a competência para processar e julgar o mandado de injunção encontra-se espalhada entre diversos órgãos jurisdicionais, sendo exemplo do que chamamos de competência difusa. Já na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão temos um exemplo de controle concentrado, realizado, especialmente, pelo Supremo Tribunal Federal. O Mandado de Injunção é uma ação de natureza subjetiva utilizada como instrumento de controle concreto ou incidental de constitucionalidade da omissão, voltado à tutela de direitos subjetivos, que visa a garantia de direitos. Destina -se a tornar imediatamente viável o exercício de direitos fundamentais. Somente é possível a impetração da injunção se, em decorrência da falta de norma regulamentadora, tornar-se inviável o exercício de algum direito. Já a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão é uma ação de natureza objetiva para controle abstrato ou principal de constitucionalidade da omissão, empenhada na defesa objetiva da Constituição Federal, ou seja, visa a garantia da Constituição tornando efetiva uma norma constitucional, independentemente de o enunciado definir um direito ou não. Sua aplicação ocorre quando a omissão impede a efetividade de qualquer norma constitucional, seja ela a respeito a um direito constitucional, ou não. A única relação de causalidade exigida é entre a omissão do poder público e a não efetividade de qualquer norma constitucional. A Ação de Injunção independe de expiração de prazo para que a omissão seja caracterizada. A omissão se dará desde o momento em que não for possível o exercício de um direito em decorrência de falta de norma regulamentadora. No entanto, na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, o decurso de um prazo razoável para caracterização da omissão inconstitucional é fundamental para sua admissibilidade. A competência para processar e julgar o Mandado de Injunção é partilhada entre vários órgãos judiciários: Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Superior Tribunal Militar, Tribunal Superior Eleitoral e da Justiça Federal, Tribunais Regionais Eleitorais, além dos Órgãos da Justiça dos Estados, conforme dispuserem suas Constituições e leis de organização judiciárias. Em relação à Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, a competência é exclusivamente do Supremo Tribunal Federal ou dos Tribunais de Justiça dos Estados (nas omissões contestadas perante as Constituições Estaduais). Observa-se então que a atividade normativa supletiva do Poder Judiciário, no Mandado de Injunção, é um meio para a garantia de viabilidade e exercício do direito, sendo uma ação de controle concreto, que instaura uma relação jurídica entre pessoas definidas e seus efeitos limitam-se às partes desta relação processual (inter partes). Enquanto isso, a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão é o próprio fim para a concretização da norma constitucional, aplicada em face sua natureza abstrata e objetiva, onde não há partes materiais nem qualquer controvérsia e seus efeitos são erga omnes. O Mandado de Injunção e a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão podem sobrepor-se, nas hipóteses em que a omissão se refira à ausência de medida para tornar efetiva norma constitucional definidora de direito fundamental. 2. Como se caracteriza a omissão legislativa em constitucional? A omissão legislativa é verificada quando existe inércia na elaboração de atos normativos necessários à realização dos comandos constitucionais. A incompatibilidade do ato jurídico com a Constituição, ou seja, sua inconstitucionalidade, será verificada quando a Constituição imputar a obrigação de o Poder Público editar comandos normativos essenciais à fruição de direitos nela previstos e este permanecer inerte. O legislador possui a faculdade de legislar. Essa faculdade é conhecida como autonomia da função legislativa ou liberdade de conformação do legislador, que tem a liberdade institucional de escolher o que vai ou não regulamentar. Porém, existem hipóteses previstas na Constituição nas quais o legislador tem o dever de legislar, devendo-se reconhecer sua discricionariedade estrutural, dentro daquilo que a Constituição obriga ou proíbe. No Brasil, o dever de legislar decorre das normas constitucionais de eficácia limitada, ou seja, aquelas que precisam de regulamentação para produzir eficácia plena. Portanto, ocorre a omissão do legislador quando o Poder Legislativo se mantém inerte, obstando a fruição dos direitos constitucionais pelos indivíduos, causando-lhes danos. 3. Quais as espécies de Mandado de Injunção? E quem pode impetrá-los? O Mandado de Injunção pode ser de duas espécies: individual ou coletivo. Antes mesmo da promulgação da Lei nº 13.300/2016, a doutrina e a jurisprudência já admitiam a utilização do Mandado de Injunção Coletivo, por analogia à Lei do Mandado de Segurança. Admite-se Mandado de Injunção Coletivo do mesmo modo que se admite Mandado de Segurança Coletivo. Ocorre que com a nova lei, agora está expresso na legislação essa possibilidade. Trata-se de uma positivação do que já era jurisprudência do STF. O Mandado de Injunção Individual pode ser proposto por qualquer pessoa física ou jurídica para defesa de interesse próprio. Nessa situação, o remédio constitucional pode ser impetrado contra o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. O Mandado de Injunção Coletivo pode ser proposta pelos legitimados previstos no art. 12, da Lei nº 13.300/2016, para defender em nome próprio o direito alheio. São legitimados para a propositura do Mandado de Injunção Coletivo o Ministério Público, a Defensoria Pública, Partido Político com representação no Congresso Nacional, Organização Sindical, Entidade de Classe ou Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano. É importante observar que o Partido Político deve ter representação no Parlamento, ou seja, pelo menos um congressista, seja deputado federal ou senador, e que seu Mandado de Injunção deve ser para assegurar as prerrogativas de seus integrantes ou relacionadas com a finalidade partidária. Do mesmo modo, para propor ações diretas perante o STF, as associações devem estar constituídas há pelo menos 1 (um) ano. Portanto, são legitimados ativos para a propositura do Mandado de Injunção o particular, a pessoa jurídica, o Ministério Público, o partido político, as associações, sindicatos, entidades de classe e a Defensoria Pública. O Supremo Tribunal Federal possuía o entendimento de que não seria possível a impetração de Mandado de Injunçãopor parte de pessoas jurídicas de direito público, conforme exposto pelo MI 537, entretanto, o entendimento atual da Suprema Corte é de que é possível que as pessoas jurídicas de direito público sejam legitimadas ativas para a propositura do Mandado de Injunção, conforme entendimento disposto no MI 725. 4. A regulamentação normativa superveniente sempre terá eficácia “ex nunc”? Quando um Mandado de Injunção é julgado procedente, sendo reconhecida a mora e dada sentença aditiva em favor do impetrante, a decisão transitou em julgado. Nessa situação, se após a decisão surge uma norma regulamentadora desse direito discutido, a previsão do art. 11, caput, da Lei nº 13.300/2016 é de que “a norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável”. Nesse sentido, aquele que conseguiu a decisão favorável, transitada em julgado, no Mandado de Injunção será regido pela decisão até que venha uma norma regulamentadora posterior. Com a vigência dessa nova norma regulamentadora, o direito do autor do Mandado de Injunção passa a ser regido pela nova Lei, salvo se a lei for mais benéfica para o autor do que a decisão do Mandado de Injunção. Portanto, prevalece a norma mais favorável. 5. Quando o judiciário julga procedente o mandado de injunção e decreta a mora legislativa, que providência ele poderá adotar? Ao reconhecer a mora legislativa, o judiciário irá deferir a injunção para determinar um prazo razoável para que o legitimado passivo edite a norma regulamentadora do direito. Se não houver a regulamentação do ordenamento no prazo determinado aí sim o judiciário irá estabelecer as condições em que o impetrante exercerá tal direito. É o que estabelece o art. 8º, da Lei nº 13.300/2016. De acordo com esse artigo, a Lei parece ter adotado a Teoria Concretista Intermediária. Vale ressaltar que, nos casos em que for verificado que o impetrado não respeitou o prazo estabelecido em outro Mandado de Injunção, o judiciário dispensará a concessão de prazo para suprir a mora, conforme estabelecido no parágrafo único do artigo supracitado. A atuação do judiciário é para evitar que o impetrante não tenha a possibilidade de exercer plenamente um direito assegurado na Constituição devido a uma omissão legislativa. A Lei priorizou o caráter individual da posição concretista de acordo com o caput do artigo nono, entretanto o § 1º permitiu que o Tribunal dê caráter erga omnes ou ultra partes à decisão quando isso for indispensável ao exercício do direito. Então, na prática quem vai decidir é o juiz ao julgar o Mandado de Injunção. 6. Quando conceder a injunção o judiciário sempre precisará fixar prazo para a legislação regulamentar a norma constitucional? A Lei do mandado de injunção afirma que se a mora legislativa for constatada, ou seja, se ficar atestado que há uma demora do legislador em regulamentar o direito previsto na Constituição, o Judiciário poderá: a) determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; b) estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que o interessado poderá promover ação própria visando exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. A eficácia da decisão, em regra, é limitada às partes do processo, o que quer dizer que ela só vai valer para quem entrou com o mandado. No entanto, se a natureza do direito a ser regulamentado exigir, podem ser concedidos efeitos a outras pessoas, bem como, após o fim de todos os recursos, a decisão poderá ser aplicada imediatamente a outros mandados de injunção em curso, sem a necessidade de fixação de prazo para regulamentação nos casos de repetições. 7. Quais são os requisitos para impetração de mandado de injunção? São requisitos para impetração de mandado de injunção são, simultaneamente: a) Tratar-se de norma constitucional de eficácia limitada, prescrevendo direito constitucional subjetivo relacionado às liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. b) Falta de norma regulamentadora, tornando inviável o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas acima mencionados, por omissão do Poder Público. Ausente um destes dois, deve o lesado utilizar outro mecanismo de proteção e garantia de seus direitos. Assim há um verdadeiro nexo de causalidade e efeito necessários para poder adotar tal instrumento: o cidadão precisa necessariamente não conseguir exercitar determinado direito seu, ou seja, tendo seu direito inviabilizado em virtude da omissão legal acerca dest e. O STF julgou diversos Mandados de Injunção e estabeleceu a necessidade desse nexo de causalidade. Portanto, assim como a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, o Mandado de Injunção surge para sanar uma falha denominada síndrome de inefetividade das normas constitucionais. 8. Mandado de Injunção Coletivo induz litispendência em relação ao Individual? Não. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva. Implica dizer que, o ajuizamento de uma ação individual não será prejudicado por uma ação coletiva que possua as mesmas partes, causa de pedir e pedido. No entanto, para se beneficiar dos efeitos da coisa julgada, o impetrante individual deverá desistir da ação no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva. Em suma: concorrendo duas ações (individual e coletiva), composta pelas mesmas partes, causa de pedir e pedido, o autor da ação individual não será prejudicado, exceto com relação aos efeitos da coisa julgada. É o que preconiza o art. 13, parágrafo único, da Lei nº 13.300/2016. 9. Qual a extensão dos efeitos da decisão de mandado de injunção? Não havia unanimidade no âmbito do Supremo Tribunal Federal quanto ao alcance da decisão no Mandado de Injunção, ora sendo limitado às próprias partes (inter partes), ora à coletividade em geral (erga omnes). A Lei nº 13.300/2016 definiu a controvérsia adotando a Teoria Concretista Direta, estabelecendo que a decisão terá, em regra, eficácia subjetiva limitadas às partes. No entanto, poderá ser conferida eficácia erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante. Tem-se, portanto, que, em regra, o efeito será inter partes, aplicando-se somente ao impetrante, mas, dependendo do caso, poderá ser fixado efeito ultra partes ou erga omnes. Esse já era o entendimento do STF, que agora está positivado no art. 9º, da Lei do Mandado de Injunção. 10. O que acontece com o Mandado de Injunção se durante o seu trâmite processual o órgão competente proceder à regulamentação da norma constitucional? Observa-se então que a atividade normativa supletiva do Poder Judiciário, no Mandado de Injunção, é um meio para a garantia de viabilidade e exercício do direito, sendo uma ação de controle concreto, que instaura uma relação jurídica entre pessoas definidas e seus efeitos limitam-se às partes desta relação processual (inter partes). Se houver um Mandado de Injunção ainda não julgado e vier uma norma regulamentadora do direito discutido nesse processo, ele deve ser extinto sem resolução do mérito. O Mandado de Injunção perde o objeto. É o que dispõe o parágrafo único, do art.11, da Lei nº 13.300/2016.
Compartilhar