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FUNÇÕES DO SISTEMA MASTIGATORIO E SUA IMPORTANCIA NO PROCESSO DIGESTIVO Nos séculos anteriores ao XX o, a população idosa era uma porção relativamente pequena do total demográfico e em sua grande maioria, era composta de indivíduos edêntulos, uma decorrência do hábito de pouco freqüentarem os “consultórios” odontológicos daquelas épocas, não afeitos à prevenção e preservação e na esssência mutiladores.Felizmente, esta não é a realidade atual ou mesma a esperada durante o século XXI: os idosos são um estrato emergente, com mais educação, informação política e o mais importante é que possuem mais elementos dentários remanescentes.Isto tem trazido e trará, no nosso país, um imenso rol de necessidades às quais a área de Saúde não estava acostumada a atender seja pelo número significativo de pacientes- cerca de 18 milhões em 2007 – como com suas expectativas sociais,funcionais e estéticas comparáveis aos indivíduos de meia-idade,mas destes ainda diversa na prática clínica (Brunetti;Montenegro,2002a, Leite;Montenegro,2006) Procuraremos enfocar, neste artigo, o idoso atual, suas características diferenciais no campo odontológico, bem como suas necessidades presentes e futuras criando um entrosamento entre diversos colegas da área de saúde -sendo que aos cirurgiões –dentistas cabe fazerem uma revisão e ampliação de seus conhecimentos visando a preencher esta importante e inevitável lacuna social, já uma realidade para colegas dos países desenvolvidos e um ponto a pensar e agir efetivamente neste novo século em nosso país (Montenegro et al. 2004). As pessoas acima de 65 anos de idade deverão ser, no Brasil, cerca de 32 milhões no ano de 2050, um crescimento de mais de 400% em relação aos anos 90 do Século XX. No mesmo período, os de meia idade subirão apenas 27% nas previsões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1995), realizadas no início dos anos 90.Isto cria uma necessidade de dar atenção a este previsto aumento na demanda de serviços médicos e odontológicos, uma vez que, nos dias de hoje, nossa população de idosos já é maior que o total de habitantes de Portugal (Jacob Filho, 2003; Montenegro, 2005). Um dos fatores de diminuição da qualidade de vida e de saúde geral entre os idosos está intimamente relacionado com a possibilidade de ingestão de bons nutrientes que geralmente exigem a presença de dentes naturais sadios ou de próteses dentárias bem adaptadas e que quando não estão em boas condições de funcionamento e trituração dos alimentos, acabam por mudar hábitos alimentares, tendo como conseqüência a depauperação orgânica com o aumento dos problemas digestivos decorrentes de uma apresentação inadequada do bolo alimentar em seu interior.A mudança para dietas mais pastosas/macias, para suplantar tais problemas bucais, longe de resolver o problema, em médio prazo, só causa seu incremento e perda de um bom viver entre os mais idosos, especialmente entre os institucionalizados (Brunetti; Montenegro, 2000; Ettinger, 1973; Leal; Montenegro, 2004). Também dietas mais macias/pastosas se acumulam mais sob a superfície dentária dando início/prosseguimento aos problemas gengivo/periodontais que apresentam, bem como mudam o tônus dos músculos da mastigação (que não serão tão exigidos no dia-a-dia) com evidentes comprometimentos estéticos (rosto com sulcos pronunciados) e funcionais (perdas de dentes não repostas e/ou prótese não adaptadas com dentes desgastados levam à perda da Dimensão Vertical da face, com problemas para o ciclo mastigatório e até para a Articulação Temporo-Mandibular (Marchini; Cunha, 1999; Martins et. al. 2004; Montenegro, 2004). Ciclo mastigatório O ciclo mastigatório é constituído por uma série de movimentos dos alimentos dentro da cavidade bucal, durante os quais, além de sua diminuição em volume, recebe a vital umectação (“molhamento”) da saliva, facilitando sua redução e preparo para a ingestão. Para tanto, a participação dos dentes (em bom estado ou de próteses bem adaptadas) é fundamental desde a colocação dos alimentos na boca, onde são cortados pelos incisivos, sendo que os mais resistentes, como as carnes, são dilacerados pelos caninos.Passado este estágio é iniciada a trituração, tornando, pela ação dos pré-molares, mais fácil o “molhamento” do bolo alimentar.Esta função é complementada pela ação dos molares (primeiros, segundos e terceiros), cuja trituração no estilo pilão/cuia acaba, com a fundamental ajuda da língua, bochechas, lábios, por formatar o bolo alimentar para a sua ingestão e trabalho pelos demais componentes do sistema digestivo(Brunetti et al. 1998). Para que esta trituração/maceração ocorra é preciso que os dentes participem ativamente: por isto eles possuem pilão (cúspides “pontas”) e cuia (fossas onde as pontas das cúspides se alojam) para com os diversos movimentos do único osso móvel da face, a mandíbula, possam passar diversas vezes por estas superfícies reduzindo o bolo à forma semipastosa- mas trabalhada com a ação dos componentes da saliva- que é necessária para o início da digestão(Gerhardt et al.,2004;Marchini,2000). Porém estas movimentações não são aleatórias e seguem um ciclo, ou seja: os alimentos são apreendidos, dilacerados, triturados de um lado da boca, ”formatados” pela ação da língua, músculos e bochechas, repassados ao outro lado da boca, escorrendo pela face interna dos dentes anteriores superiores.Após uma mastigação adequada, com uma perfeita umectação pela saliva, ele está apto a ser ingerido.O movimento descrito tem a forma de uma gota d`água. Nos primórdios da humanidade, os seus habitantes só tinham alimentos não “beneficiados”, ou seja, exigiam grande potência muscular para realizar o ciclo acima proposto.Com o correr dos séculos, por influências culturais, sociais diversas, o homem procurou facilitar este trabalho e para tanto lançou mão de subterfúgios como aquecimento, imersão em molhos amaciantes, envolvimento com folhas de árvores diversas, com o único objetivo final de facilitar o processo de mastigação, fundamental para um bom funcionamento de todo o trato digestivo (Brunetti; Montenegro, 2002a; Salton; Montenegro, 2003). Desta forma, a costela do animal selvagem e a fruta in natura foram posteriormente trocadas por suflês, papas, sopas, sucos, para as quais o liquidificador e a batedeira substituíram os dentes no ato de diminuir os alimentos.Isto também trouxe uma série de outras implicações na constituição dos sucos gástricos e nas características de seus componentes.Tal mudança alimentar, ainda que gradativa para o ser humano, vem sendo observada como extremamente crítica no que tange à tonicidade dos músculos mastigatórios e faciais, na correta embebição do bolo alimentar pela saliva e do transito deste no decorrer do trato digestivo é o que afirmam diversos dos autores consultados. Shimazaki; Tanaka, em 2001, trabalharam com um grupo de 1929 idosos no Japão, seguidos por 6 anos, e observaram que uma menor morbidade ocorria entre aqueles que possuíam mais de 20 elementos dentários naturais, seguidos pelos que tinham próteses bem adaptadas. Para os edentulos ou com poucos dentes naturais remanescentes a expectativa de vida menor se concretizou, bem como apresentaram um maior agravamento no seu estado geral de saúde. O tempo de umectação do bolo alimentar pela saliva dentro da cavidade bucal, além de facilitar o processo digestivo, tem, no caso dos farináceos pouco beneficiados e das frutas e legumes, um fator benéfico adicional, qual seja o auxílio na limpeza e massageamento dos dentes e gengivas, trazendo claras vantagens, como na população carente de zonas rurais brasileiras. A formação do bolo alimentar é inata no ser humano e realçada pelos alimentos ingeridos e sua textura, que induzem à uma maior concentração salivar e ao mesmo tempo, todo o Sistema Digestivo já se prepara para o alimento que está por vir (reforçando os aspectos psicológicos embutidos na frase “comer com os olhos (e a mente)” (Nascimento etal., 2004; Ourique; Montenegro,1998) No idoso brasileiro, com ausências parciais ou totais dos dentes,grande parte destas sensações se perde, bem como a eficiência na mastigação é comprometida (por isto devem ser instruídos a mastigar mais vezes, para obter um bolo bem formatado), particularmente em uma época da vida que necessita ter sua máquina funcionando com a maior eficiência possível. Condição bucal das pessoas de 3A idade A população de 3a idade é um grupo bastante heterogêneo, devido às condições sociais, econômicas e de saúde geral, mas algumas características podem ser comuns a toda esta faixa etária. Devido a uma política de saúde no mínimo contraditória em nosso País, na 2a metade do século XX, foi dado um enfoque maior às crianças e adolescentes, deixando os indivíduos idosos à sua própria sorte e sem qualquer suporte mais dirigido por parte do Estado. Mesmo assim, devido à melhora das condições gerais de saúde de toda a população houve um aumento na expectativa de vida, que com certeza influenciou nas previsões do IBGE mostradas anteriormente. A maior queixa bucal do indivíduo idoso é a perda da eficiência mastigatória, decorrente da perda de muitos dentais naturais ou por próteses com adaptação inadequada e reflexo do abandono preventivo estatal existente nos últimos decênios, sem que haja uma política odontológica dirigida, constante e abrangente a nível nacional. Inicialmente o indivíduo nesta condição tende a se retrair socialmente (face à sua aparência), exatamente quando estava numa fase extremamente profícua de difusão de conhecimentos e enriquecedora na troca de experiências vividas, se tornando um “mutilado social” (Brunetti; Montenegro, 2003c). Prosseguindo neste processo de afastamento, as conseqüências psicológicas serão inevitáveis, podendo chegar a um desinteresse frente aos alimentos ditos saudáveis (e mais consistentes) em troca por uma dieta mais macia e pobre em nutrientes adequados, com o surgimento de deficiências nutricionais que irão comprometer o funcionamento de diversos órgãos.Por este lado, geralmente negligenciado pelo profissional imediatista, é que a perda pura e simples de um dente acaba por envolver todo o organismo do indivíduo, tanto em um enfoque holístico, como na realidade orgânica a médio/longo prazo (Ourique; Montenegro, 1998). A boca, que é o ponto inicial do sistema digestivo, pela ação prioritária das mucopolisacaridases e proteases presentes na saliva, é a responsável pela correta formatação do bolo alimentar, que é à base de umas condições orgânicas, funcionais e nutricionais adequada. No indivíduo total ou parcialmente edentado, há uma dificuldade intrínsica no trabalho do bolo alimentar, o quê lhe obriga a procurar no uso de outros alimentos mais adequados à eficiência mastigatória agora existente, o quê foi confirmado pela pesquisa de Ettinger (1973) que observou 78,7% dos indivíduos idosos possuírem problemas alimentares e somente 17,5% poderem mastigar carnes e frutas consistentes. Esta inevitável perda de um balanceamento alimentar cria condições teciduais, especialmente nas mulheres (com 92,9%), desfavoráveis para uma mastigação adequada com próteses antigas e desadaptadas.O incomodo causado pelo uso destes aparatos nestas condições precárias de funcionamento diuturnamente, gera uma tendência que as mulheres cheguem ao edentulismo antes dos homens (Brunetti; Montenegro, 2002b; Marchini et al. 1999; Montenegro; Brunetti, 2003). Em um país de 3o Mundo como o nosso, o custo do quilo de carne também ajuda a agravar a deficiência nutricional e a opção por produtos macios e com um conteúdo protéico crítico ou muitas vezes inexistente(biscoitos, salgadinhos, por exemplo) cria uma condição que apenas vai retroalimentar os graves casos de debilitação observáveis na clínica geriátrica, segundo Jacob Filho (2003). Por isto nossa indicação é que antes de nos preocuparmos com que tipo de trabalho deva o paciente receber, o profissional faça uma análise geral da dieta (com a anotação de alimentos e quantidades ingeridas por refeição) para daí poder iniciar a traçar um perfil mais abrangente daquele ser que se encontra a seu lado. A digestão e assimilação das proteínas exigem uma produção adequada do ácido hidroclorídrico, pepsina e renina nos sucos gástricos, somada à tripsina oriunda do pâncreas.Com a idade, estas secreções e as enzimas poderão se reduzir, o quê resulta em uma digestão menos eficiente (e a capacidade de absorção de proteínas) e com crises de indigestão que tenderiam a ser comuns em idosos com alimentação pobre em nutrientes adequados (Kina et al. 1998; Manetta et al. 1998; Osterberg; Landahl, 1994). Uma dieta balanceada para cada idoso- a ser proposta por uma nutricionista da equipe de saúde – apenas reforça o conceito difundido que a digestão se inicia na boca e que seria prejudicada por condições inadequada nela encontradas. A função imune, que pode variar muito entre as pessoas de 3a idade sofre com o tempo de vida uma perda funcional que compromete, por exemplo, a resistência às infecções, também pela diminuição da capacidade reprodutiva das células T, criadas no início da adolescência.Nos anticorpos IgG, IgA e IgM dos idosos observa-se um decréscimo do número encontrável na saliva (Neves; Montenegro, 2004). Em função das alterações neuro-musculares associadas ao envelhecimento, mudanças na ingestão de alimentos podem ocorrer como a aspiração, mastigação incompleta, refluxos ou inalação dos mesmos. A tonicidade da musculatura da língua é outro aspecto (e os estudos de Berg; Morgenstern, em 1997, confirmam este ponto) que acaba por criar mais um fator de readaptação das pessoas idosas, para conseguirem que o bolo alimentar possa atingir o estomago de forma mais adequada. Mas não foi obtida uma correlação da idade com a capacidade gustativa, por ser o último um fenômeno complexo que envolve a sensibilidade olfativa, tátil e a capacidade cognitiva, como, por exemplo, nos alimentos salgados conforme mostraram, em 1994, Osterberg e Landahl que a condição gustativa da ponta da língua era maior nos jovens que nos idosos.Tal fato não ocorreu nos alimentos doces.Já o estudo de mostrou que há uma pequena falha em identificar sabores amargos enquanto que para os ácidos não foi notada alteração significativa. Como se forma uma camada de restos celulares e de alimentos nas porções mais posteriores da lingual (a chamada saburra lingual), sua limpeza diária se faz mister, agora com os higienizadores de língua disponíveis no comércio brasileiro, como afirmam Leite; Montenegro em 2006, inclusive com a desobliteração das papilas gustativas, que permitirão melhor percepção do doce e do salgado na dieta de pacientes diabéticos e hipertensos, respectivamente. O decréscimo do fluxo salivar com a idade é um fato comprovado por diversos estudos (e suas implicações diretas com a capacidade de adaptação às próteses e as decorrentes queixas dos pacientes idosos após suas instalações) e que pode ser enormemente potencializada pelas medicações (e suas interações) já que o idoso acaba por usar diferentes fármacos no seu dia-a-dia.Isto apenas reafirma a necessidade do profissional que o atende estar com domínio dos mais usados e suas interações.Talvez a análise do fluxo salivar seja o fenômeno relacionado com a idade mais estudado na Odontologia, afirmaram Osterberg e Landahl em 1994. Todos os fatores até aqui citados têm envolvimento com a homeoestenose, que é uma perda da reserva fisiológica frente a agressões externas como um trauma, doença aguda ou alterações acentuadas de temperatura(Montenegro et al. 1998). Outro aspecto geralmente observado no idoso é a halitose, muitas vezes citada pelo paciente como tendo origem odontológica.O profissional deve imediatamente observar se existem crostas sobre a língua, um aumento das enzimas bacterianas (teste BANA) e a análise de acúmulo de placa bacteriana e locais de sangramento, que após um programa de 7 dias de limpeza da cavidade bucal, higienização e bochechos com clorhexidina não forem observadas melhoras, deve-se procurar por causas esofágicas ou gastrointestinais, conforme afirmaram Neves e Montenegro em2004. Apesar das diversas situações aqui mostradas, deve-se ter em mente que os fatores emocionais são um dos meios mais marcantes em afastar o cidadão da comunidade onde vive. O fato de não ter seus dentes tratados, ou a ausência de Prótese Total ou de uma Prótese Parcial Removível adequada, aguça um sentido de mutilação que é característico da idade avançada.Seja na família, no trabalho ou nos ambientes sociais, o idoso não deve ter restrições de sorrir, falar ou selecionar alimentos adequados à sua condição funcional de mastigação(Gerhardt et al. 2004). O idoso do 3o Milênio deverá ter pequenas restrições, mas deverá estar engajado em um convívio pleno na sua família e comunidade.A triste e velha imagem de um ser retraído com severa deformidade facial causada pela ausência de seus dentes e muitas vezes pela não tolerância e aceitação de aparelhos protéticos totais é um quadro do passado. A moderna prática da Odontologia par-e-passo com a geriatria comunga dos mesmos ideais da Medicina em tornar o idoso um ser feliz em uma fase tão importante de sua vida, mantendo ou restabelecendo a vital integridade do Sistema Mastigatório. NUTRIÇÃO NA TERCEIRA IDADE Uma dieta saudável é necessária ao longo de toda vida, e mais importante é a alimentação na terceira idade. Então, uma nutrição adequada, principalmente durante a terceira idade, ajuda a manter a saúde e reduzir o risco de doenças crônicas. Além disso, contribui para a vitalidade nas atividades do dia a dia, energia e bom humor, assim como para manter a independência funcional. As pessoas idosas são muito mais vulneráveis a carências nutricionais, o que impacta diretamente na sua saúde. E é exatamente sobre tudo isso que vamos falar aqui, desde a importância de uma alimentação equilibrada na terceira idade, como quais alimentos essenciais na dieta e muito mais. Por que é importante a alimentação na terceira idade? Talvez um dos pontos principais de se preocupar com a alimentação na terceira idade seja pelo fato que muitos idosos sofrem de desnutrição. Desnutrição não tem a ver especificamente com a falta de alimentos, mas sim com a falta de nutrientes essenciais para uma boa saúde. E um idoso que não recebe quantidades certas de nutrientes pode se sentir mais cansado, ter perda muscular, de equilíbrio, um sistema imunológico mais fraco, entre outros problemas. Por isso que cuidar da saúde dos idosos inclui também prestar atenção ao que eles comem, ou melhor, para que comam corretamente. Então, para evitar que a saúde fique fragilizada ou ainda limitar a perda de autonomia, é importante que as pessoas idosas obtenham todos os nutrientes que precisam. Agora, a desnutrição é um risco maior na terceira idade, por isso que uma boa alimentação é indispensável, caso contrário, o idoso pode se tornar menos resistente a infecções. Além disso, uma má nutrição pode levar à perda de massa muscular, que a longo prazo pode afetar a mobilidade. Vitaminas e minerais essenciais na dieta Muitas pessoas ainda têm certas dúvidas de qual é a alimentação na terceira idade a mais correta, especialmente para evitar determinadas doenças. Veja o que não pode faltar na dieta do idoso: · Vitamina C: É ótima para o sistema imunológico, sendo encontrada em frutas frescas, como laranja e acerola, legumes verdes, etc.; · Vitamina E: Uma vitamina antioxidante que ajuda na preservação dos neurônios; · Vitamina D: Previne a perda da densidade óssea, e é indispensável para a fixação do cálcio nos ossos. É encontrada nos ovos, manteiga, salmão, atum… · Vitaminas B: Têm um papel na qualidade da memória, combate a fadiga e a irritabilidade. Podemos encontrar nos legumes verdes, lentilhas, etc. · Vitamina A: Ajuda a prevenir e combater problemas de memória. Alguns exemplos são o brócolis, couve e espinafre. · Selênio: Combate o estresse oxidativo, que é o acelerador do envelhecimento. É encontrado em laticínios, carnes, frutos do mar, cereais, etc. É importante lembrar que, no caso da vitamina D, a alimentação não é suficiente, sendo preciso que o idoso tome sol todos os dias e talvez seja necessário um suplemento. Embora todas essas vitaminas e minerais sejam indispensáveis na dieta do idoso, é sempre uma boa ideia que um médico ou nutricionista elabore um plano de acordo com as necessidades de cada pessoa. Os benefícios de uma alimentação equilibrada na terceira idade Em primeiro lugar, saiba que, com a idade, há uma diminuição progressiva das funções olfativas e gustativas, e as pessoas idosas se queixam às vezes de falta de apetite. Isso porque a sensação de saciedade é mais rapidamente atingida. Além disso, a perda de autonomia por não conseguir preparar suas próprias refeições, a solidão e provavelmente a falta de prazer em comer mesmo, pode fazer com que o idosos Pode ser o estresse, uma depressão passageira, um tratamento médico, uma doença crônica, enfim, envelhecer bem está muito ligado à sua nutrição. Separamos aqui os maiores benefícios de uma boa alimentação na terceira idade: 1.Permanecer forte Uma alimentação saudável e equilibrada permite fortificar os ossos e promover mais energia. Dessa forma, o idoso reduz o risco de quedas, e sem falar que terá mais autonomia. É muito recomendado também a prática de alguma física, claro que de acordo com a idade e as limitações de cada um. 2.Fortalecer o sistema imunológico É essencial incluir na dieta do idoso ingredientes ricos em vitaminas, minerais e proteínas, pois isso ajuda a reforças as suas defesas. Lembrando que, um sistema imunológico forte significa uma maior proteção contra vírus e bactérias. 3.Prevenir problemas digestivos Com a idade, é normal a pessoa apresentar certos problemas digestivos: constipação, gases, diarreia, etc. No entanto, um hábito alimentar saudável permite evitar tudo isso. Por isso que é importante beber muita água e comer alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras e vegetais. 4.Ter uma pele mais saudável Uma boa alimentação na terceira idade também reflete na saúde da pele. Por exemplo, os alimentos ricos em antioxidantes combatem os radicais livres, retardando assim o aparecimento de rugas e outros sinais do envelhecimento. Na verdade, um dos maiores benefícios é envelhecer com dignidade, de forma que o idoso tenha a maior qualidade de vida possível. Dessa forma, um estilo de vida saudável e ativo é o melhor caminho para a prevenção de doenças e a chave para uma vida mais longa. Dicas para um bom equilíbrio alimentar na terceira idade Para ajudar a manter uma dieta mais saudável na terceira idade, selecionamos aqui algumas dicas: Fazer três refeições por dia É preciso que o idoso siga um ritmo de três refeições por dia. Mas também fazer um lanche entre as refeições, como comer uma fruta, um iogurte, um pedaço de queijo, etc. 5 frutas e legumes por dia Podem ser crus, cozidas ou assadas. As frutas e legumes são pouco calóricos e fornecem os minerais e vitaminas necessários. Carnes magras e peixes Contêm as proteínas indispensáveis para preservar a massa muscular, que diminui progressivamente com a idade. Vale alternar entre carne vermelha, frango e peixe. Laticínios Essenciais para combater a osteoporose e o risco de fraturas. Água É fundamental a ingestão de bastante água, principalmente porque o idoso tem uma tendência muito grande para desidratação, que é muito perigoso. Isso é o básico que não pode faltar na alimentação na terceira idade, e tenha sempre em mente que, quando chegamos à terceira idade, o organismo carece mais de algumas vitaminas e nutrientes. É importante estar atento que a terceira idade vem acompanhada de uma série de mudanças e tudo o que pudermos fazer para tornar essa fase a mais feliz e prazerosa, devemos nos empenhar ao máximo. Uma alimentação mais adequada para o idoso • Alimentos ricos em fibras são ótimos aliados na prevenção de constipação intestinal. E podem ser obtidas em verduras, legumes e comidas integrais. • A ausência da Vitamina B12 pode causar anemia, além de problemas no sistema nervoso, como a perda de memória. Por isso, é importante investirem alimentos que atendam essa necessidade.A Vitamina B12 pode ser encontrada em carnes, ovos, queijo e leite. • O consumo de cálcio é essencial para o fortalecimento e saúde dos ossos, estes que ficam enfraquecidos durante o envelhecimento. Você pode encontrá-lo nos peixes, amêndoas, couve, brócolis, soja, linhaça, grão de bico, entre outros • A Vitamina D é responsável pela absorção do cálcio. Deficiente em 78% da população, assim como revela o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e o Centro Hospitalar Universitário do Porto, a vitamina em baixos níveis está ligada à depressão. Encontra-se nos óleo de peixe, frutos do mar, sardinha e salmão. • O Potássio atua na contração muscular, necessária nos batimentos cardíacos. A hipertensão é causada justamente pela ausência de sódio e potássio. Pode ser encontrado em batata inglesa, couve, leguminosas, carnes, entre outros. O envelhecimento é um processo natural e progressivo caracterizado por modificações morfológicas, psicológicas, funcionais e bioquímicas que influenciam a nutrição e alimentação dos mesmos. Todo este processo leva ao aumento do risco de défices nutricionais. Um estado nutricional inadequado no idoso contribui de forma significativa para o incremento da incapacidade física, da morbilidade e da mortalidade, condicionando assim a sua qualidade de vida. A desnutrição no idoso pode ser confundida com sinais de envelhecimento, por isso, é importante o reconhecimento precoce para que possa ser corrigida atempadamente. Os fatores que condicionam o estado nutricional são: · Fatores ambientais: Habitação inadequada, falta de meios para confecionar refeições, dificuldade de acesso a géneros alimentícios; · Fatores neuropsicológicos: Doenças neurológicas, diminuição das capacidades cognitivas, depressão, alteração do estado emocional. · Fatores socioeconómicos e culturais: Baixo nível de educação, baixos rendimentos, acesso limitado a cuidados médicos, falta de conhecimentos alimentares/nutricionais, institucionalização, crenças, elevados gastos de saúde. · Fatores fisiológicos: Saúde oral, imobilidades, perda de massa muscular, diminuição da densidade óssea, função imunitária, ph gástrico. A diminuição da ingestão alimentar por parte dos idosos pode ocorrer em consequência de vários fatores, a saber: problemas de mastigação, de deglutição, perda ou diminuição de capacidades sensoriais (visão, olfato, paladar), patologias físicas, mentais e psiquiátricas, alterações gastrointestinais, desidratação, tabaco e bebidas alcoólicas e medicamentos. A polimedicação, ato frequente nesta fase da vida, pode interferir no estado nutricional ao nível da absorção e metabolismo de vários nutrientes pela sua interação fármaco-fármaco, fármaco-alimento, fármaco-estado nutricional. Avaliação do estado nutricional O estado nutricional do idoso pode ser avaliado por um profissional de saúde através de 4 níveis, a saber: · Avaliação clínica e funcional: exames clínicos e físicos, avaliação da autonomia e independência do idoso e estado cognitivo; · Avaliação da ingestão alimentar: os alimentos que consome, as quantidades, refeições diárias; · Avaliação antropométrica e da composição corporal: medição do peso, altura, massa gorda, massa muscular, perímetros da cintura, anca, braços, pernas; · Avaliação bioquímica e imunológica: Análises clínicas. Necessidades nutricionais no idoso Na terceira idade, é comum ocorrer uma diminuição das necessidades energéticas, pela igual diminuição dos mecanismos fisiológicos do organismo. O decréscimo da atividade física e eventual perda de massa muscular é também razão para uma dieta com menos calorias. No entanto, as necessidades em vitaminas e minerais podem aumentar, especialmente vitaminas do complexo B (b6 e b12), vitamina D, E, K e minerais como cálcio, ferro e zinco. Recomendações alimentares no idoso A alimentação do idoso deve ser completa, equilibrada, variada e baseada na Roda dos Alimentos Portuguesa, consumindo diariamente alimentos dos 7 grupos. Os idosos devem guiar-se pelas porções intermédias de cada grupo alimentar. É recomendado que façam entre 5 a 6 refeições diárias: pequeno-almoço, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. Idealmente o pequeno-almoço e lanches deverão ser compostos por uma fonte de proteína (leite, iogurte, queijo), uma fonte de hidratos de carbono (pão, aveia, bolachas) e uma peça de fruta. O almoço e jantar deverão ser compostos por uma sopa de legumes, prato constituído por uma fonte de hidrato de carbono (arroz, massa, batata, batata-doce), uma fonte de proteína (carne, peixe, ovo), legumes e leguminosas. Para sobremesa optar por uma peça de fruta e ocasionalmente por uma sobremesa com pouco açúcar. A ceia deve ser uma refeição leve como por exemplo um chá e umas bolachas. A ingestão de água deve ser reforçada, 1.5L/dia, pois os idosos têm elevado risco para a desidratação pelas possíveis perdas de líquidos e pela baixa perceção de sede. Outras recomendações que pode seguir: · Não saltar refeições; · As refeições devem ser pouco volumosas e facilmente digeríveis; · Ingerir fruta e hortícolas; · Adaptar a consistência dos cozinhados quando existirem dificuldades na mastigação, deglutição e digestibilidade; · Preparar as refeições com diferentes cores, sabores, formas, texturas e aromas; · Fazer as refeições com companhia, sempre que possível, e num ambiente calmo e agradável; · Utilizar ervas aromáticas, especiarias e sumo de limão para temperar os cozinhados (evitando o excesso de sal); · Beber água regularmente; · Moderar o consumo de açúcar, sal, gorduras e bebidas alcoólicas; · Preparar mais quantidade das refeições e congelar as porções em recipientes individuais para outras ocasiões; · Confecionar bem os alimentos (ovos, carnes, peixe e marisco), para evitar toxi-infeções alimentares; · Fazer uma caminhada antes das refeições para estimular o apetite; · Estar atento às alterações do apetite; · Incentivar o consumo de pratos tradicionais portugueses adequados do ponto de vista nutricional que incluam leguminosas e hortícolas; · Estar atento às modificações involuntárias do apetite ou de peso; · Ser fisicamente ativo, de acordo com as capacidades individuais. Adaptações na alimentação do idoso As refeições dos idosos devem ser adaptadas às suas dificuldades ou não de mastigação, deglutição e digestibilidade, e para isso é, muitas vezes, necessário a alteração da consistência dos alimentos. Os alimentos do grupo dos cereais, como o arroz, massa, aveia, pão, batata devem ser bem cozinhados e transformados em puré (no caso da batata) ou misturá-los com líquidos como o leite, chá ou água, em sopas e caldos. A fruta deve ser oferecida mais madura, cozida ou assada, bem como os legumes devem ser muito bem cozinhados e oferecidos em sopa ou misturados com outros alimentos. O alimento rico em proteína, como o caso da carne/peixe/ovo oferecê-los bem cozinhados, cortados em pedaços pequenos e misturados por exemplo na sopa ou em caldos, pois nesta fase pode haver uma rejeição por parte dos idosos a estes alimentos. As leguminosas, fonte igualmente de proteína, trituradas seriam uma melhor opção para melhorar a digestibilidade. Relativamente ao consumo de lacticínios optar pelos magros e moderar o consumo de gordura e produtos industrializados. O envelhecimento não deverá ser visto como um problema, mas como uma parte natural do ciclo de vida, por isso o cuidado com a nossa saúde será uma mais-valia para viver de forma autónoma o maior tempo possível. DISFUNÇÕES DA ATM NA TERCEIRA IDADE - Introdução; A articulação temporomandibular é tida como a mais complexa do corpo humano por realizar movimentos translacionais, apesar de pequena carrega consigo funções importantes e essenciais para a vida de qualquer ser humano, sendo estes o ato de abrir e fechar a boca, falar, e mastigar. FIGUN & GARINO em 1989 a definiu como “conjunto de estruturas anatômicas que, com a participação de grupos musculares especiais, possibilitam à mandíbula executar variados movimentos durantea execução de suas funções”, é formada por um disco articular, os ossos mandibular e maxilar e os músculos (pterigoide medial e lateral, masseter, temporal, e os suprahioideos), juntos fazem movimentos de abertura e fechamento da boca, protrusão, retração e lateralização. Qualquer desequilíbrio desta articulação que afete diretamente sua fisiologia se caracteriza como sendo uma disfunção temporomandibular – DTM, definindo assim uma desordem. A DTM é acometida em qualquer idade, sendo de caráter multifatorial (postural, oclusiva, tensão muscular, e etc.) também causada por traumatismos, tensões emocionais ou a síndrome de Brodi, pode ser classificada como leve, moderada ou severa, no entanto a partir dos 40 anos é mais recorrente porque as articulações começam a sofrer com os efeitos da senescência. Na terceira idade as doenças articulares surgem, onde umas das articulações impactadas é a ATM, nessa articulação a disfunção muitas vezes é acometida em decorrência de outras patologias como artrites, artroses, luxações discais, osteoartrites, fibromialgia, reumatismos e etc., o que acaba se tornando uma consequência. Por outro lado, algumas situações como a artrose da cabeça do côndilo da mandíbula pode ser resultado de uma DTM não tratada. A disfunção por si só já é um problema de grande impacto e quando associada com uma doença de base que prejudica ainda mais a saúde das articulações vem trazendo além de dores faciais, as cefaleias, os travamentos de mandíbulas (impossibilidade de abrir ou fechar a boca), a substituição dos alimentos na sua forma normal para a forma pastosa, e tudo isso se intensifica quando há a perda de dentes, ou até mesmo o estresse. A atenção para essa articulação na senectude deve ser diferenciada, porque sua saúde interfere diretamente na qualidade de vida do idoso, seu desarranjo provoca patologias secundárias e por muitas vezes afasta o individuo do seu meio social. O objetivo deste relato é mostrar o quanto a saúde dessa articulação interfere na vida de um idoso, o que justifica um olhar mais atento para ela. - Resultados e Discussão: Por meio da conversa tem como obter informações ricas, e durante os atendimentos de triagem no setor de fisioterapia, era perceptível o quanto um problema que por vezes é visto como minúsculo pode causar danos devastadores na vida de um ser. Durante a anamnese ficava evidente a voz aflita e angustiante quando relatado a história do problema, a falta de independência no ato de comer, ou mesmo de falar, algo que me deixou estatelada foi o fato da paciente não conseguir sorrir porque isso doía, ou até mesmo comer um bife, pelo fato de ser um alimento duro e difícil de mastigar o que impossibilitava de deglutir. Essa articulação também é prejudicada quando há um problema na cervical, ou uma patologia na coluna vertebral (escoliose, extrusão discal, hipercifose) a acentuação das curvaturas fisiológicas lordose e cifose faz com que o corpo encontre compensações para alcançar a homeostase, no processo de envelhecimento esse problema é multiplicado. Foi notório o quanto a postura era um fator determinante para o agravamento da disfunção limitando muitas vezes o paciente de fazer uma flexão de cabeça, ou olhar para o lado, o quanto essa musculatura se encontrava tensionada e dolorida, e para aqueles que se encontrava em processo de agudização de uma doença reumática as queixas se intensificava, o choro era inevitável ao relatarem a dificuldade de estar nos contando porque para falar faziam um esforço na ATM provocando algia. Quadros depressivo foi perceptível quando segundo informações colhidas a paciente disse: “... eu não consigo mais sair de casa, nem se comunicar com o meu esposo, e isso fez com que as pessoas se afastassem de mim por achar que eu não as queria por perto (...)". Outra coisa interessante e bastante relatada era o bocejo, onde o mesmo era motivo de desconforto. Houve relatos que para ter o diagnostico correto foi preciso passar por vários especialistas, o que deixava o paciente cada vez mais estressado e com o pensamento de que o problema não tem jeito ou possibilidade de cura. O que fica claro diante de todas as observações que pude assimilar é que a disfunção temporomandibular acarreta a diversos problemas ao ser como um todo, sendo eles desde os clínicos como os sociais, interferindo diretamente no dia-a-dia, impedindo o mesmo de fazer coisas obvias e simples do nosso cotidiano, como simplesmente o ato de falar que é comum e fazemos o tempo todo, ou o mastigar que é essencial, o beijar, a independência e liberdade de comer o alimento que desejar e sem dor. O impacto dessa disfunção é de alta relevância, o que precisa receber uma atenção diferenciada, sendo necessário conscientizar a população da importância do cuidar para com ela, o quanto o diagnostico precoce é necessário para obter um tratamento adequado para evitar transtornos maiores ou o desenvolvimento de patologias decorrentes da DTM. Na terceira idade principalmente é importante fazer uso da promoção em saúde para proporcionar esse idoso um envelhecimento sem chegar à linha da senilidade, porque é justamente nesse público que as doenças que comprometem a saúde das articulações se instalam, dessa forma podendo desenvolver uma disfunção e deixando esse idoso cada vez mais debilitado e impossibilitado de ser independente. As limitações encontradas no envelhecimento acontecem, em média, na faixa etária entre 50 e 60 anos, momento em que se inicia o declínio das unidades motoras funcionais, associado à atrofia dos tecidos do organismo. Destaca-se que as alterações funcionais também envolvem a região da cavidade bucal, que apresenta alterações como perda da elasticidade da mucosa aos tecidos subjacentes e de sustentação, estruturas musculares e ósseas. Nessa região, há aumento do tecido conectivo e adiposo na língua, redução do número de dentes, além de limitações gustativas e diminuição do paladar, acarretando uma diminuição na qualidade de vida dos idosos4-6. A disfunção da articulação temporomandibular (DTM) pode incluir patologias relacionadas à articulação temporomandibular (ATM), estruturas musculoesqueléticas, caracterizadas por dor ou desconforto na ATM ou ambos; é a principal causa de dor não-dentária em região orofacial, podendo levar à restrição do movimento mandibular, aumento da tensão muscular, além de rangidos, afetando a qualidade de vida do indivíduo7 . Entretanto, durante o envelhecimento pode ocorrer uma sobrecarga funcional na ATM causada pela falta de substituição de dentes perdidos, por hábitos parafuncionais, oclusão deficiente ou, ainda, traumatismos/alterações8 . Com as alterações na cavidade bucal, torna-se pertinente sugerir que idosos possam apresentar DTM, entretanto os dados disponíveis a respeito dessa condição mostram-se conflitantes. Enquanto alguns estudos indicam que a prevalência na população idosa pode estar presente9 ou ser rara10,11, outras pesquisas relatam que os idosos geralmente podem sofrer com a DTM12. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi realizar um levantamento da literatura científica a fim de identificar quais os fatores associados à disfunção da articulação temporomandibular em pessoas idosas. O processo do envelhecimento, muitas vezes, traz consigo alterações que dizem respeito tanto à saúde geral quanto à saúde bucal e que acabam por fazerem parte do declínio funcional do indivíduo devido a condições crônicas e comportamentais relacionadas ao tempo e à saúde21. Analisando os sinais e sintomas de DTM nos estudos pesquisados, observou-se que não houve um consenso dos resultados entre os autores17-20; uma pesquisa apontou que existe associação entre a severidade da doença e a presença de dor à palpação da ATM, cefaleia e músculos mastigatórios e cervicais18. Outros relacionaram a DTM com o bruxismo19, ausência de dentes posteriores e o uso de próteses totais20, e fatores ontológicos como zumbido e tontura, além da depressão17. Embora estes sinais e sintomas sejam frequentes em portadores de DTM, eles não podem serconsiderados sintomas de diagnóstico, pois podem, também, ser encontrados em indivíduos que não sofrem desta doença22. O sexo feminino apresentou uma maior prevalência de DTM17-20 estando estes achados de acordo com os resultados de outros estudos23,24, atingindo com mais frequência as mulheres. Fatores emocionais25, mudanças hormonais (menopausa)26 e alterações anatômicas, relacionadas à má-postura dos côndilos do occipital, deslocamento anterior de disco na ATM e frouxidão ligamentar são os fatores apontados como possíveis explicações27,28. As condições de desigualdades sociais de uma população refletem uma diferenciação nos perfis epidemiológicos ao observar os diferentes grupos. Sendo assim, condições socioeconômicas, culturais e ambientais de uma população geram uma estratificação dos indivíduos e grupos populacionais, com diferentes posições sociais as quais têm relação direta com as condições de saúde. Tais disparidades se expressam através da renda, educação e classe social, materializando as desigualdades sociais29. Sampaio et al.17, com o objetivo de determinar quais fatores sociodemográficos estavam associados à DTM em pessoas idosas, analisaram a prevalência de DTM entre diferentes níveis educacionais e observaram que idosos não-institucionalizados e que estudaram apenas até o ensino fundamental, apresentaram prevalência de DTM de 62,7%. Sampaio et al.17, entrevistaram 307 pessoas idosas de ambos os sexos, onde 80 eram institucionalizadas e 227 não-institucionalizadas, a prevalência de DTM foi de 50,5% da amostra, sendo: 49,8% nãoinstitucionalizados e 52,5% institucionalizados. Nos idosos não-institucionalizados, houve uma maior prevalência de DTM entre 60-70 anos (59,5%), nas pessoas com baixa renda (100%), e naquelas que apresentavam zumbido (64,4%), tontura (68,4%) e depressão (67,2%)17. Esses dados corroboram outras pesquisas que relataram que zumbido e tontura são sintomas comuns em pessoas idosas30,31, como também em pessoas com DTM. E diferem de um estudo realizado em Minesota – EUA20 com mulheres idosas institucionalizadas, o qual não encontrou associação entre a gravidade da DTM e a faixa etária e observou tendência de diminuição dos sintomas da doença com o passar da idade, além da sua ausência naquelas com mais de 80 anoS Na pesquisa realizada por Carlsson et al.19 verificouse que ser idoso e ter bruxismo pode aumentar de 3-6 vezes as chances de desenvolver DTM. O bruxismo é uma atrição rítmica de movimento não-mastigatório dos dentes e mandíbula, estando relacionado às atividades parafuncionais e pode ocorrer durante o sono ou pelo dia. Pode estar associado ao apertamento dentário, mordida do lábio, bochecha ou outros objetos, sucção digital, hábitos inadequados de postura, assim como outros hábitos que o indivíduo realiza, na maioria das vezes, inconscientemente34. A perda de dentes ou o edentulismo podem alterar a mecânica e a pressão na boca, e com isso provocar uma sobrecarga mecânica da ATM, levando a alterações clínicas35,36. Esse fato foi observado no estudo de Harriman et al.20 que verificaram que a ausência dos dentes posteriores e uso de próteses totais influenciaram na presença de DTM. Discordando com a pesquisa de Ribeiro et al.37 em que não foi encontrada associação entre uso de prótese e DTM. Depressão foi o mais forte preditor associado com prevalência de DTM17. Em muitos estudos, fatores psicológicos são indicados como etiológicos para DTM, no entanto, pouco se sabe sobre a relação entre DTM e a etiologia neurofisiológica da depressão38,39. Para os indivíduos institucionalizados, a prevalência de DTM entre aqueles com depressão foi 72,2%17, representando um crescimento em comparação com aqueles sem depressão (67,2%). Em relação ao tamanho da amostra, houve divergência entre as pesquisas selecionadas. A maioria dos estudos não fez cálculo amostral, o que pode limitar a interpretação e generalização dos resultados e conclusão desta revisão. Apenas um estudo informou qual foi o teste de avaliação cognitiva utilizado antes da coleta de dados com as pessoas idosas20. Nenhum analisou a questão da deglutição e o estado nutricional dos entrevistados com DTM. Ademais, as amostras foram selecionadas por conveniência, de maneira não-aleatória e identificadas em serviço específico17,18,20, o que pode gerar viés de seleção. É importante ressaltar, ainda, que diversos instrumentos são utilizados para avaliar a DTM e os estudos incluídos na revisão utilizaram ferramentas de medições validadas ou descritas pelos autores, entretanto, não há relato de um instrumento específico/adaptado para pessoas idosas nos artigos analisados, o que pode refletir um viés de aferição e interferir nos resultados encontrados.