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Pré-Natal

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Pré-Natal 
O pré-natal é programa abrangente de cuidados envolvendo a 
abordagem coordenada de cuidados médicos e psicossociais que 
idealmente devem ser iniciados antes da concepção, estendendo-se 
por todo o período gestacional até o parto. Desse modo, os programas 
de pré-natal devem incluir: 
→ Cuidados pré-concepcionais; 
→ Diagnóstico precoce da gestação; 
→ Avaliação pré-natal inicial; 
→ Consultas de acompanhamento pré-natais até o parto. 
Os principais objetivos do acompanhamento médico ou de 
enfermagem no pré-natal são: 
→ Identificar gestantes com fatores de risco para desfechos 
desfavoráveis 
→ Prevenir os agravo mais comuns para o binômio materno-fetal 
→ Tratar enfermidades intercorrentes 
→ Educar a gestante para um estilo de vida saudável 
→ Preparar o casal para o momento do nascimento e o puerpério 
CUIDADOS PRÉ-CONCEPCIONAIS: 
Idealmente, é recomendado que todo casal que esteja planejando uma 
gravidez faça pelo menos uma consulta pré-concepcional para 
aconselhamento e avaliação de eventuais riscos. Nessa consulta, deve 
ser feita uma anamnese cuidadosa, incluindo história médica 
pregressa do casal e de sua família, um exame físico geral e 
ginecológico, incluindo medida da pressão arterial (PA), do peso e da 
altura (incluindo índice de massa corporal [IMC]) e avaliação da flora 
vaginal e citopatológica do colo uterino, se indicado. É recomendado 
também o rastreamento sorológico de vírus da imunodeficiência 
humana (HIV), sífilis, antígenos e anticorpos da hepatite B, uma 
medida da glicemia de jejum para detectar e corrigir eventual 
hiperglicemia e um hemograma para detectar uma anemia não 
percebida. Além disso, deve ser recomendado que a futura gestante 
inicie, pelo menos 30 dias antes da concepção mantendo até a 12 a 
semana de gestação, uma reposição de ácido fólico, o que pode 
diminuir o risco de defeitos de fechamento do tubo neural no futuro 
bebê. 
DIAGNÓSTICO PRECOCE DA GESTAÇÃO: 
O diagnóstico precoce da gestação é fundamental para uma assistência 
pré-natal de qualidade, pois possibilita o início também precoce do 
acompanhamento pré-natal e dos cuidados de saúde. Além disso, 
facilita a identificação correta da idade gestacional (IG), o que é 
decisivo para o acompanhamento correto da gestação. 
O diagnóstico de gestação é feito com base em dados clínicos (história 
e exame físico) e testes subsidiários. Apesar de ser menos sensível e 
específica do que os testes laboratoriais, a avaliação clínica de sinais 
e sintomas fornece dados iniciais a respeito do grau de probabilidade 
de tratar-se realmente de gestação ou sobre a necessidade de buscar 
diagnósticos alternativos. 
A história típica é a de uma mulher na menacme, com vida sexual 
ativa, sem uso de método contraceptivo, referindo atraso menstrual ou 
amenorreia secundária. Os sinais e sintomas de gestação podem ser 
classificados como sintomas de presunção, sinais de probabilidade e 
sinais de certeza de gestação. 
Após a confirmação da gravidez, em consulta médica ou de 
enfermagem, dá-se início ao acompanhamento da gestante. Os 
procedimentos e as condutas que se seguem devem ser realizados 
sistematicamente e avaliados em toda consulta de pré-natal. 
As condutas e os achados diagnósticos sempre devem ser anotados na 
Ficha de Pré- Natal e no Cartão da Gestante. A partir desse momento, 
a gestante deverá receber as orientações necessárias referentes ao 
acompanhamento de pré-natal: sequência de consultas (mensalmente, 
se possível), visitas domiciliares e grupos educativos. 
Deverão ser fornecidos para a gestante o: 
→ O Cartão da Gestante, com a identificação preenchida, o número 
do Cartão Nacional da Saúde, o hospital de referência para o parto 
e as orientações sobre este; 
→ O calendário de vacinas e suas orientações; 
→ A solicitação dos exames de rotina; 
→ As orientações sobre a participação nas atividades educativas 
(reuniões e visitas domiciliares). 
Duas informações essenciais que devem constar explicitamente no 
Cartão da Gestante são as relacionadas ao nome do hospital de 
referência para o parto e as relativas às intercorrências durante a 
gestação. 
 
 
 
 
FLUXOGRAMA DE PRÉ-NATAL: 
 
AVALIAÇÃO PRÉ-NATAL INICIAL: 
Na primeira consulta, deve-se pesquisar os aspectos 
socioepidemiológicos, os antecedentes familiares, os antecedentes 
pessoais gerais, ginecológicos e obstétricos, além da situação da 
gravidez atual. Os principais componentes da história clinica que 
precisam ser abordados: podem ser assim listados: 
1. data precisa da última menstruação; 
2. regularidade dos ciclos; 
3. uso de anticoncepcionais; 
4. paridade; 
5. intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas; 
6. detalhes de gestações prévias; 
7. hospitalizações anteriores; 
8. uso de medicações; 
9. história prévia de doença sexualmente transmissível; 
10. exposição ambiental ou ocupacional de risco; 
11. reações alérgicas; 
12. história pessoal ou familiar de doenças 
hereditárias/malformações; 
13. gemelaridade anterior; 
14. fatores socioeconômicos; 
15. atividade sexual; 
16. uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou ilícitas; 
17. história infecciosa prévia; 
18. vacinações prévias; 
19. história de violências. 
Na pesquisa de sintomas relacionados à gravidez também deverá ser 
questionada a existência de náuseas, vômitos, dor abdominal, 
constipação, cefaleia, síncope, sangramento ou corrimento vaginal, 
disúria, polaciúria e edemas. 
É importante sanar dúvidas e minimizar a ansiedade do casal. 
Informações sobre alimentação, hábito intestinal e urinário 
movimentação fetal, assim como presença de corrimentos ou outras 
perdas vaginais ajudam a identificar situações de risco gestacional e 
orientam medidas educativas que devem ser enfatizadas durante o pré-
natal. As anotações deverão ser realizadas tanto no prontuário da 
unidade (Ficha Clínica de Pré-Natal) quanto no Cartão da Gestante; 
Os fatores de risco deverão ser identificados em destaque no Cartão 
da Gestante, uma vez que tal procedimento contribui para alertar os 
profissionais de saúde que realizam o acompanhamento pré-natal. 
Em cada consulta, o risco obstétrico e perinatal deve ser reavaliado. 
As ações da equipe devem contemplar as seguintes atividades: 
o Preenchimento da ficha de cadastramento da gestante no 
SisPreNatal ou diretamente no sistema para os serviços de saúde 
informatizados; 
o Preenchimento do Cartão da Gestante e da Ficha Clínica de Pré-
Natal: identificação e demais dados da anamnese e exame físico; 
número do Cartão Nacional de Saúde; hospital de referência para 
o parto; 
o Verificação da situação vacinal e orientação sobre a sua 
atualização, se necessário; 
o Solicitação dos exames de rotina; 
o Realização dos testes rápidos; 
o Orientação sobre as consultas subsequentes, as visitas 
domiciliares e as atividades educativas. 
Durante a anamnese deve-se colher a história clínica da paciente, 
fazendo sua identificação, colhendo dados socioeconômicos, 
antecedentes familiares, pessoais gerais, ginecológicos, sexuais, 
obstétricos e por fim perguntar acerca da gestação atual. 
No exame físico são indispensáveis os seguintes procedimentos: 
avaliação nutricional (peso e cálculo do IMC), medida da pressão 
arterial, palpação abdominal e percepção dinâmica, medida da altura 
uterina, ausculta dos batimentos cardiofetais, registro dos movimentos 
fetais, realização do teste de estímulo sonoro simplificado, verificação 
da presença de edema, exame ginecológico e coleta de material para 
colpocitologia oncótica, exame clínico das mamas e toque vaginal de 
acordo com as necessidades de cada mulher e com a idade gestacional. 
No exame físico, os mais importantes componentes que precisam ser 
incluídos na primeira visita pré-natal são os seguintes: peso, altura, 
pressão arterial, avaliaçãode mucosas, da tireoide, das mamas, dos 
pulmões, do coração, do abdome e das extremidades. 
No exame ginecológico/obstétrico, deve-se avaliar a genitália externa, 
a vagina, o colo uterino e, no toque bidigital, o útero e os anexos. Após 
a 12ª semana, deve-se medir a altura do fundo uterino no abdome. A 
ausculta fetal será possível após a 10ª-12ª semana, com o sonar-
doppler [grau de recomendação D]. 
Nas visitas subsequentes, torna-se obrigatório medir a altura uterina, 
pesar a paciente, mensurar a pressão arterial, verificar a presença de 
anemia de mucosas, a existência de edemas e auscultar os batimentos 
cardíacos fetais. Deve-se avaliar o mamilo para lactação. A definição 
da apresentação fetal deverá ser determinada por volta da 36a semana. 
O exame físico específico (gineco-obstétrico) é composto pela: 
palpação obstétrica; medida e avaliação da altura uterina; ausculta dos 
batimentos cardiofetais; registro dos movimentos fetais; teste de 
estímulo sonoro simplificado (Tess); exame clínico das mamas; 
exame ginecológico (inspeção dos genitais externos, exame especular, 
coleta de material para exame colpocitopatológico, toque vaginal). 
OBS: O exame físico das adolescentes deverá seguir as orientações 
do Manual de Organização de Serviços para a Saúde dos 
Adolescentes. 
CONSULTAS PRÉ-NATAIS: 
→ Primeira Consulta: 
A primeira consulta deve ser no início da gravidez (antes de 12 
semanas); e, em virtude da grande quantidade de informações, pode 
ser necessária uma segunda consulta inicial. Na primeira consulta pré-
natal, é necessário considerar: 
o DUM; 
o Ultrassonografia transvaginal de primeiro trimestre (11-13 +6 
semanas), essa certifica ou corrige a idade menstrual (datação), 
diagnostica gravidez gemelar, identifica algumas malformações, 
rastreia aneuploidias, prediz toxemia e parto pré-termo; 
OBS: No primeiro trimestre, estima-se a idade da gravidez pela 
medida do comprimento cabeçanádega (CCN) do embrião, com 
precisão de ± 5 dias. Após 14 semanas, a idade da gestação é calculada 
pela medida do diâmetro biparietal (DBP) ou do comprimento do 
fêmur (CF), com precisão de ± 10 dias 
o DNA fetal livre no sangue materno (cf DNA): realizado com 9 
semanas de gestação, rastreia aneuploidias, diagnostica o sexo fetal e 
determina o Rh fetal; 
o Sexagem fetal, realizado a partir de 9 semanas da gravidez, é o teste-
padrão no sangue materno por meio da técnica de biologia molecular 
(PCR). O exame baseia-se na identificação de partes do cromossomo 
Y do feto; 
o Peso e pressão arterial (PA); 
o Ausculta fetal com o sonar-Doppler é positiva entre 10 e 12 
semanas; com o estetoscópio de Pinard, somente após 20 semanas; 
o Exames complementares essenciais: 
o Identificação da mulher que necessita de cuidados adicionais; 
o Exame das mamas visando à promoção do aleitamento não está mais 
indicado na gravidez. 
→ Consultas Subsequentes: 
As consultas subsequentes serão mensais até 32 semanas; quinzenais, 
de 32 a 36 semanas; e semanais, de 36 semanas até o parto. A cada 
consulta, serão avaliados: peso, PA, batimentos cardiofetais (bcf) e 
fundo do útero. Constituem consultas especiais: 
 
HIGIENE PRÉ-NATAL: 
→ Asseio Corporal: 
A gestação não contraindica o banho diário e outras medidas de 
higiene pessoal. O banho recomendado é o de chuveiro; pois o de 
imersão, quente, prolongado, predispõe a desmaios e vertigens. 
Irrigações vaginais estão proibidas. A região genitoanal merece 
especial atenção em virtude do aumento natural de umidade. A 
higiene dos dentes e das gengivas é obrigatória. Se necessário, a 
extração dentária pode ser realizada, evitando-se, por precaução, os 
anestésicos com adrenalina. 
→ Vestuário: 
As roupas devem ser folgadas, confortáveis e compatíveis com o 
clima; quando há grande desenvolvimento mamário, o uso de sutiã é 
obrigatório. Deve-se estimular o uso de meia-calça elástica de média 
compressão para gestantes, a fim de evitar as varizes e diminuir a dor 
por estase nos membros inferiores. Os sapatos mais indicados são os 
do tipo “anabela”, com solado antiderrapante, pois, ao caminhar, 
estimulam naturalmente a circulação sanguínea nos membros 
inferiores, colaborando para o bom funcionamento da bomba 
muscular venosa, além de diminuírem dor nas pernas, edema e 
formação de varizes. 
ASPECTOS NUTRICIONAIS: 
São sugeridos cinco grupos de alimentos com recomendações. 
Na gravidez, há recomendações especiais para excluir alimentos que 
possam conter teratógenos, como o retinol, ou que estejam 
contaminados por listeriose (leite não pasteurizado, queijos 
fermentados, patê) ou toxoplasmose (carne malcozida ou vegetais 
contaminados pelo solo). Um dilema: o que recomendar para os óleos 
de peixe? Embora sejam considerados uma fonte importante de ácidos 
graxos essenciais, também podem estar contaminados com mercúrio, 
que pode ser nocivo para o cérebro fetal. 
As dietas de restrição calórica, principalmente em obesas, são 
preocupantes com relação ao desenvolvimento fetal. Embora possam 
ser inofensivas para o feto na primeira metade, podem ser danosas na 
segunda metade, visto que a restrição calórica pode levar à lipólise 
com cetonemia relativa e prejuízo no desenvolvimento mental do 
concepto. 
EXERCÍCIOS FÍSICOS: 
Para indivíduos saudáveis, 30 min ou mais de exercício moderado, 
todos os dias da semana. Na ausência de complicações médicas ou 
obstétricas, é possível adotar a mesma recomendação às grávidas. 
Nos casos de diabetes gestacional, quando não se consegue a 
euglicemia pela dieta, o exercício pode funcionar como terapia 
coadjuvante. 
A segurança de cada modalidade esportiva é determinada 
principalmente pelo movimento específico necessário para o seu 
desempenho. Atividades de risco extremo de queda ou de trauma 
abdominal devem ser evitadas na gravidez. Do mesmo modo, está 
proibido o mergulho em profundidade que exija descompressão, 
porque pode causar abortamento, parto pré-termo ou CIR. 
Corrida, tênis e treinamento de força também podem ser realizados 
com moderação para aquelas que regularmente já praticavam essas 
modalidades. Outras recomendações: 
o Após o primeiro trimestre, evitar exercícios que necessitem do 
decúbito dorsal; 
o Evitar exercícios em ambiente quente e úmido ou em caso de febre; 
o Utilizar roupas confortáveis e sutiãs adequados; 
o Beber água durante o exercício, para evitar desidratação; 
o Parar o exercício caso ocorra sangramento vaginal, tontura, dor no 
peito, cefaleia, fraqueza muscular, dor ou edema na panturrilha, 
contrações uterinas, diminuição da movimentação fetal ou perda de 
líquido pela vagina. 
Para um bom acompanhamento pré-natal, é necessário que a equipe 
de saúde efetue os procedimentos técnicos de forma correta e 
uniforme durante a realização dos exames complementares, assim 
como quando da realização dos exames clínico e obstétrico. Do 
contrário, ocorrerão diferenças significativas, prejudicando a 
interpretação dos dados e a comparação entre eles. 
É importante ressaltar, no contexto da qualidade da atenção e da 
proteção biológica, a necessidade da lavagem das mãos do 
examinador antes e após o atendimento à gestante e, especialmente, 
na eventualidade da realização de procedimentos. • 
Devem ser solicitados na primeira consulta os seguintes exames 
complementares: 
HEMOGRAMA: 
O hemograma deve ser solicitado na primeira consulta pré-
concepcional ou pré-natal com objetivo de avaliar os níveis de 
hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht). 
Durante a gestação, observa-se grande aumento do volume 
plasmático, assim como aumento da produção de hemácias. Como o 
aumento plasmático é superior ao da massa eritrocitária, ocorre 
hemodiluição, em geral com queda de cerca de 2 pontos na 
concentração de Hb em torno do fim do segundo trimestre e início do 
terceiro trimestre da gestação. Essa alteração é erroneamente chamadade “anemia fisiológica da gestação”. Segundo a Organização Mundial 
da Saúde (OMS), valores de Hb abaixo de 11 g/dL ou de Ht abaixo de 
33%, em qualquer período gestacional, indicam anemia. O Centers for 
Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos considera 
os mesmos valores no primeiro e no terceiro trimestres, mas considera 
como anemia no terceiro trimestre somente quando os valores de Hb 
estiverem abaixo de 10,5 g/dLe de Ht abaixo de 32% 
TIPAGEM SANGUÍNEA E COOMBS INDIRETO: 
A tipagem sanguínea e o fator Rh precisam ser solicitados na primeira 
consulta de pré-natal a todas as gestantes, com o intuito de identificar 
eventual incompatibilidade Rh no casal e prevenir a aloimunização 
perinatal. Se a gestante for Rh-negativa, deve ser solicitado em 
seguida o teste de Coombs indireto, a fim de identificar sensibilização 
prévia. Se este for negativo, a partir da 24ª semana, deve-se repeti-lo 
mensalmente. Se for positivo, considerar gestante previamente 
aloimunizada e seguir conduta específica. Em gestantes com história 
prévia de transfusão sanguínea, mesmo sendo Rh-positivas, devem ser 
também solicitados teste de Coombs indireto e pesquisa de anticorpos 
irregulares, pois pode ter havido aloimunização por outros antígenos. 
GLICEMIA DE JEJUM E TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE: 
Na primeira consulta pré-concepcional ou pré-natal, deve ser 
solicitada a glicemia de jejum. O rastreamento deve ser repetido entre 
a 24ª e a 28ª semana de gestação com o teste oral de tolerância à 
glicose (TOTG), que é a medida da glicemia no jejum e 1 e 2 horas 
após uma carga de 75 g de glicose VO. Para a realização do TOTG, 
recomenda-se jejum de 8 horas e restrição de carboidratos nos 3 dias 
anteriores ao teste. 
UROCULTURA: 
Toda gestante deve ser submetida a uma urocultura na primeira 
consulta de pré-natal, com objetivo de identificar e erradicar a 
bacteriúria assintomática (BA) e prevenir a ocorrência de pielonefrite 
na gestação. Gestantes hígidas, assintomáticas, com urocultura 
negativa na primeira consulta, sem nefropatias e sem história de 
infecções urinárias de repetição não necessitam repetir o exame 
durante o pré-natal. Havendo cistite (infecção baixa sintomática) ou 
pielonefrite, após o tratamento há indicação de repetir mensalmente a 
urocultura nos casos em que a gestante não estiver fazendo uso de 
quimioprofilaxia. 
Os testes rápidos com fitas e testes enzimáticos não devem ser 
utilizados para orientar tratamento nas pacientes assintomáticas, pois 
não têm capacidade de identificar BA. 
SOROLOGIA PARA SÍFILIS: 
O rastreamento para sífilis é obrigatório em todo o pré-natal. Deve ser 
solicitado um teste de Veneral Disease Research Laboratory (VDRL) 
na primeira consulta, o qual deve ser repetido no terceiro trimestre. 
Devido ao aumento dos casos de sífilis congênita no Brasil, o MS 
tornou obrigatório repetir a testagem em todas as gestantes no 
momento do parto. Se o teste realizado for o VDRL e este for positivo, 
deve-se solicitar um teste treponêmico (teste rápido para sífilis ou 
teste de absorção fluorescente contra treponema [FTA-ABS, do inglês 
fluorescent treponemal antibody-absortion ]) a fim de descartar 
falsos-positivos. 
Atualmente, as unidades básicas de saúde (UBSs) vêm realizando o 
teste rápido para sífilis na primeira consulta de pré-natal. Como esse 
teste é treponêmico, pode ser positivo mesmo se a gestante já tiver 
sido tratada anteriormente, o que pode gerar certa dúvida no 
diagnóstico. Sífilis na gestação e sífilis congênita são doenças de 
notificação compulsória pelo Sistema de Informação de Agravos de 
Notificação (Sinan). 
SOROLOGIA PARA HIV: 
A testagem do HIV deve ser realizada na primeira consulta do pré-
natal a fim de identificar gestantes soropositivas e iniciar o tratamento 
para diminuir a carga viral e o risco de transmissão vertical. Se 
negativo, deve-se repetir o teste no terceiro trimestre e no momento 
da internação hospitalar. 
O teste também tem sido feito por meio de testes rápidos ou por 
sorologia como o enzimaimunoensaio (Elisa). Os testes rápidos 
apresentam sensibilidades superiores a 98%. Se o teste rápido for 
negativo, encerra-se a investigação naquele momento e repete-se no 
terceiro trimestre e no momento da internação hospitalar. Se o 
resultado for positivo, repete-se sequencialmente; se confirmar 
positividade, inicia-se o aconselhamento e o tratamento. Se os 
resultados forem discordantes ou indeterminados, segue-se a 
investigação. 
O pré-natal da gestante soropositiva deve ser diferenciado, incluindo 
avaliação clínica mais especializada e preferencialmente 
acompanhada por um infectologista. Devem ser solicitados exames 
como o teste de Mantoux, citomegalovírus, anti-HCV (vírus da 
hepatite C [do inglês hepatitis C virus ]), carga viral e CD4. 
Nas gestantes que apresentarem o diagnóstico de soropositividade ao 
HIV no pré-natal, deve-se solicitar a genotipagem para identificação 
de possíveis mutações virais e consequentes resistências a algumas 
classes de antirretrovirais (ARVs). Quando a terapia ARV iniciar, 
devem ser monitorizados os efeitos adversos, por meio de provas de 
função hepática, renal e sintomas clínicos. 
SOROLOGIA PARA HEPATITE B: 
Com o objetivo de reduzir a transmissão materno-infantil da hepatite 
B, o MS recomenda a triagem sorológica durante a gestação. 8 O 
exame deve ser realizado na primeira consulta do pré-natal, 
independentemente da IG. A testagem também tem sido feita por meio 
de testes rápidos ou por sorologia pelo antígeno de superfície do vírus 
da hepatite B (HBsAg). Se a gestante for negativa, e o anti-HBs for 
não reagente, recomenda-se a imunização antes ou durante a gestação, 
em qualquer trimestre. Se o anti-HBs for reagente, não há mais 
necessidade de repetir o teste ao longo da gestação, uma vez que a 
gestante já está imunizada. 
Gestantes portadoras do antígeno (HBsAg reagente) devem ser 
encaminhadas no parto para unidades obstétricas que assegurem a 
administração de vacina e da imunoglobulina específica para o vírus 
da hepatite B (HBIg) ao RN. 
Quando a gestação ocorre em paciente portadora de infecção crônica 
pelo vírus da hepatite B (HBV, do inglês hepatitis B virus) com perfil 
imunológico HBsAg reagente ou antígeno do envelope do vírus da 
hepatite B (HBeAg) reagente, ocorre grave risco para o RN, pois, sem 
a imunoprofilaxia adequada no momento do parto, mais de 90% das 
crianças desenvolverão infecção aguda pelo HBV e poderão progredir 
para infecção crônica com complicações da doença hepática crônica 
na idade adulta. 
SOROLOGIA PARA TOXOPLASMOSE: 
Solicitar rotineiramente sorologia (imunoglobulina G [IgG] e 
imunoglobulina M [IgM]) para toxoplasmose é justificado apenas em 
regiões de alta prevalência dessa parasitose (p. ex., Rio Grande do Sul) 
devido ao elevado risco de acometimento fetal. Portanto, em locais 
onde a prevalência de toxoplasmose é baixa, o rastreamento não está 
justificado. 
O risco da transmissão e da infecção congênita é maior com o avanço 
da gestação, mas a gravidade é menor. 
Na ausência de anticorpos IgG e IgM no primeiro exame, repete-se no 
segundo e terceiro trimestres da gestação e inicia-se a instrução da 
adoção de práticas preventivas, como evitar a ingestão de carnes cruas 
e malcozidas, lavar bem as frutas e as verduras e evitar contato com 
animais (principalmente gatos). 
Na presença de anticorpos IgG-positivos e IgM-negativos, considera-
se a gestante imune e não há necessidade de repeti-los ao longo da 
gestação, com exceção das gestantes imunodeprimidas. 
Se no primeiro exame solicitado detectar-se a presença de IgM 
positivo, deve-se solicitar imediatamente o teste de avidez de IgG. 
Anticorpos IgG com alta avidez indicam infecção antiga e excluem 
infecção aguda nos últimos 3 a 4 meses. Anticorpos com baixa avidez 
podem significar infecção aguda. 
SOROLOGIA PARAVÍRUS DA HEPATITE C: 
Não se recomenda a pesquisa de anti-HCV de rotina no pré-natal 
devido aos baixos índices de detecção em gestantes e ao fato de ainda 
não existir imunoprofilaxia ou intervenção medicamentosa que possa 
prevenir a transmissão vertical da hepatite C. Deve-se realizar a 
sorologia nas gestantes com fatores de risco como infecção por HIV, 
uso de drogas ilícitas, antecedentes de transfusão ou transplante antes 
de 1993, mulheres submetidas à hemodiálise, mulheres com elevação 
de aminotransferases sem outra causa clínica evidente e profissionais 
de saúde com história de acidente com material biológico. 
SOROLOGIA PARA RUBÉOLA E PARA CITOMEGALOVÍRUS: 
Não há recomendação do MS para a realização de rastreamento de 
rotina na gestação para essas infecções. 
RASTREAMENTO PARA ESTREPTOCOCO DO GRUPO B: 
A identificação de gestantes portadoras (vagina, reto, bexiga) de 
estreptococo do grupo B (EGB) ou Streptococcus agalactiae abre 
oportunidade para erradicação intraparto do EGB e diminuição do 
risco de sepse neonatal por essa bactéria. Desde 2002, nos Estados 
Unidos, o CDC passou a recomendar o rastreamento a todas as 
gestantes portadoras a partir da 35ª semana de gestação, ou antes, 
quando houver TP pré-termo. A coleta é feita por meio de swab na 
região vaginal e anal. O tratamento pré-natal só deve ser feito se 
houver BA por EGB. As mulheres portadoras do EGB na vagina e no 
reto somente devem ser tratadas durante o TP. 
RASTREAMENTO PARA DOENÇAS DA TIREOIDE: 
O rastreamento universal das doenças da tireoide na gestação em 
pacientes assintomáticas é controverso. Alguns autores sugerem que 
o rastreamento não é custo-efetivo e deve ser solicitado apenas em 
situações de risco, como diabetes, áreas com deficiência de iodo, 
história familiar ou pessoal de hipotireoidismo, abortos de repetição, 
obesidade, radiação prévia em cabeça ou pescoço. 
O diagnóstico de hipotireoidismo primário na gestação é feito por 
meio da TSH, quando os valores forem superiores a 2,5 mUI/mLno 
primeiro trimestre e de 3 mUI/mLou mais no segundo e no terceiro 
trimestres. Se houver presença de TSH elevada, recomenda-se 
solicitar tiroxina (T4) livre para determinar o grau de hipotireoidismo, 
e, se a T4 livre for normal, sugere-se medir os anticorpos 
tireoperoxidase (TPO). 
RASTREAMENTO PARA DOENÇA FALCIFORME: 
A doença falciforme (DF) é uma das doenças hereditárias mais 
comuns, especialmente na população afrodescendente. A DF é 
diagnosticada por meio da eletroforese de Hb, que identifica a doença 
e o traço falcêmico. 
O rastreamento universal da DF em gestantes sem anemia e sem etnia 
afrodescendente não está justificado, embora seja recomendado pelo 
MS do Brasil 
EXAME BACTERIOSCÓPICO DE SECREÇÃO VAGINAL E CITOPATOLÓGICO 
CERVICAL: 
É recomendado que toda gestante, na primeira consulta de pré-natal, 
faça um exame a fresco de secreção vaginal para identificar 
vulvovaginites e alterações da flora vaginal. O tratamento da vaginose 
bacteriana (Gardnerella vaginalis) pode diminuir o risco de TP pré-
termo. 
Também na primeira consulta, se a gestante não estiver em dia com 
seu calendário de prevenção de câncer de colo uterino, deve-se coletar 
um raspado cervical para citopatologia com espátula de Ayre. 
NÁUSEAS: 
Estima-se que 70 a 85% das grávidas relatam náuseas e vômitos 
durante a gravidez, sintomatologia que geralmente cessa com 20 
semanas. Intimamente relacionada com hiperêmese gravídica, 
vômitos incoercíveis. 
SIALORREIA OU PTIALISMO: 
No início da gravidez, a salivação excessiva pode ser um incômodo, 
especialmente quando associada à náusea. Nesses casos, a medicação 
não obtém resultados satisfatórios. Além do fator psicogênico, a 
bromoprida também colabora para alguma melhora; a ingesta de 
alimentos cítricos e gelados pode ajudar bastante. 
PIROSE: 
Queixa comum nas últimas semanas de gestação e consequente ao 
refluxo do conteúdo estomacal para o esôfago (doença do refluxo 
gastroesofágico – DRGE) e à pressão do útero gravídico sobre o 
estômago, determinando certo grau de hérnia de hiato. Antiácidos 
devem ser evitados por levarem ao efeito rebote. A utilização de 
bromoprida 10 mg por via oral de 8/8 h melhora substancialmente os 
refluxos. Em casos graves, no final da gestação, é possível utilizar 
ranitidina 150 mg (Zylium®), 1 comprimido VO de 12/12 h por, no 
máximo, 14 dias. 
CONSTIPAÇÃO: 
Trata-se de um distúrbio trivial na gravidez, que decorre da 
diminuição da motilidade intestinal, pela ação dos hormônios 
esteroides e pressão com deslocamento dos intestinos, pelo útero 
cheio. A conduta terapêutica consiste em: 
o Dieta: consumir alimentos que formam resíduo (legumes e vegetais 
folhosos, substâncias ricas em fibras, frutas cítricas, ameixa, mamão) 
e ingesta liberada de água. 
o Medicamentos: caso a dieta e os exercícios físicos não sejam 
suficientes, prescrever laxativos como o Tamarine ® (Cassia 
angustifolia-sene), 1 cápsula à noite; ou bisacodil 5 mg (Dulcolax ®), 
1 comprimido à noite. Em casos de formação de bolus fecal baixo 
(reto-anal), pode-se prescrever sorbitol (Minilax ®), 1 frasco por via 
retal. Contudo, o uso regular e crônico desses medicamentos deve ser 
evitado. Aumentar a ingesta de aveia e de farinha de linhaça pode ser 
boa profilaxia da constipação crônica. 
HEMORROIDAS: 
Combater a constipação é a melhor maneira de prevenção, assim 
como evitar atrito anal com utilização de papel higiênico. É muito 
importante a utilização de duchas higiênicas para lavagem do ânus 
após as evacuações. Em casos necessários com extrusão 
hemorroidária ou fissuras, podem ser utilizadas pomadas 
proctológicas à base de policresuleno e cloridrato de cinchocaína 
(Proctyl ®), um supositório ou uma bisnaga por via retal, de 8/8 h, 
após as evacuações e antes de dormir à noite. 
EDEMA: 
Na avaliação do edema na gravidez, é importante diferenciar o 
generalizado do gravitacional. O edema gravitacional está limitado 
aos tornozelos e decorre do aumento de pressão nos capilares dos 
membros inferiores. Quando cessa a pressão na veia cava inferior pelo 
útero gravídico, por exemplo, no momento em que a paciente fica em 
decúbito lateral, o edema cede, como habitualmente ocorre à noite. 
Não apresenta qualquer conotação com o acúmulo de sódio e de água 
e está destituído de importância clínica. 
O edema generalizado, que se anuncia pelo súbito aumento de peso, 
engrossamento dos dedos, face vultosa e deposição de água na metade 
superior do corpo, é visto em 25 a 30% das gestantes. Apenas 10% 
das primíparas, e talvez um percentual menor de multíparas, têm esse 
tipo de edema acompanhado de hipertensão e proteinúria, 
configurando estado patológico específico da gravidez, a toxemia 
gravídica. 
O edema generalizado, na ausência de hipertensão e proteinúria, 
representa simples exagero do processo fisiológico de retenção de 
sódio (sistema renina-angiotensina-aldosterona), agravado pela queda 
de pressão oncótica plasmática, decorrente da relativa 
hipoalbuminemia gravídica. 
Os diuréticos e a dieta hipossódica não são indicados na gravidez. 
VARICOSIDADES: 
Complicações mais comuns nas multíparas e decorrem da fraqueza 
congênita das paredes musculares das veias, aumento da pressão 
venosa nos membros inferiores, inatividade e mau tônus muscular. 
Embora possam ser assintomáticas, as varicosidades dos membros 
inferiores determinam, em geral, dor, edema, ulceração e graves 
complicações, tais como tromboflebite e flebotrombose. As varizes 
vulvovaginais, por vezes, sangram profusamente no parto, obrigando 
a operação cesariana; o tratamento esclerosante e o cirúrgico estão 
contraindicados na gravidez. As medidas paliativas são: 
o Evitar ortostatismo prolongado e, quando a paciente se sentar ou se 
deitar, é necessário suspender as pernas acima do nível do corpo 
o Meias elásticas de média compressão para gestantes deve sercolocadas com as pernas elevadas, após o esvaziamento das veias por 
alguns minutos. São utilizadas durante todo o período de 
deambulação, embora possam ser retiradas por 30 min, diversas vezes 
ao dia, durante o descanso. Para alívio das dores, do edema e da estase, 
prescreve-se Venalot H ® creme (cumarina 200 mg e heparina 2.000 
UI), aplicado de 8/8 h e sempre antes de dormir, à noite. 
CÃIBRAS: 
Incidem, especialmente nos músculos da panturrilha, no segundo ou 
no terceiro trimestre de gravidez, enquanto a paciente dorme ou está 
apenas deitada. A etiologia é desconhecida, mas a fadiga das 
extremidades pode ser importante. O único tratamento que se mostrou 
relevante foi a administração de magnésio: 100 mg pela manhã e 200 
mg à tarde. 
SINTOMAS URINÁRIOS: 
A frequência e a urgência são comuns no início e no final da gestação. 
Os fatores relacionados são: no primeiro trimestre – a pressão exercida 
pelo útero gestante, em anteflexão exagerada, sobre a bexiga; nas duas 
últimas semanas da gravidez – o contato da apresentação fetal. 
TONTEIRAS E VERTIGENS: 
A instabilidade vasimotora, geralmente associada à hipotensão 
ortostática, determina insuficiência sanguínea cerebral transitória em 
virtude do acúmulo de sangue das pernas, nos territórios esplâncnico 
e pélvico. Outro fator sinalado é a tendência hipoglicemizante no 
intervalo das refeições. É necessário lembrar-se de que a síndrome de 
hipotensão supina, que ocorre no último trimestre da gestação, tem 
mecanismo diverso. 
FADIGA: 
A grávida está predisposta à fadiga no último trimestre, em 
consequência das alterações da postura e do aumento de peso. A 
anemia deve ser combatida e períodos frequentes de repouso são 
recomendados. 
SÍNDROME DOLOROSA: 
Pode ser abdominal baixa ou lombossacra. A primeira é descrita como 
sensação de peso no baixo-ventre, na prega inguinal, em virtude da 
pressão do útero gravídico nas estruturas pélvicas de sustentação e na 
parede abdominal, tensão dos ligamentos redondos, relaxamento das 
articulações da bacia, contrações uterinas (Braxton-Hicks), além de 
gases, distensão e cólicas intestinais. O segundo tipo é muito comum 
no último trimestre; tem origem na embebição das articulações 
sacroilíacas, fadiga, espasmo muscular decorrente de alterações 
posturais (lordose exagerada) e ventre pêndulo. É possível atenuar os 
eventos dolorosos por meio de repouso no leito, cintas para gestantes 
e analgésicos. 
LEUCORREIA: 
Durante a gestação, é comum o aumento da secreção vaginal 
(produção exacerbada de muco cervical, maior descamação do 
epitélio e transudação elevada pelo incremento da vascularização); 
trata-se de um corrimento branco, leitoso e não produz irritação. 
Diante das modificações na acidez vaginal ocorridas na gravidez, é 
muito frequente a inflamação por cândida. O corrimento está 
associado à coceira e ocorre dor à micção. O tratamento é feito com 
Gyno-Icaden ® (nitrato de isoconazol) – 1 aplicador (5 g) intravaginal 
ao deitar-se, por 7 noites. 
Em torno de 10 a 30% das grávidas apresentam vaginose bacteriana 
resultante de deficiência da flora normal de Lactobacillus sp. na 
vagina e crescimento relativo de bactérias anaeróbias, incluindo 
Mobiluncus sp., Gardnerella vaginalis, Prevotella sp. e Mycoplasma 
hominis. Isso provoca redução da acidez vaginal, com mau cheiro, 
embora 50% das mulheres com vaginose bacteriana sejam 
assintomáticas. 
A vaginose bacteriana é causa de parto prétermo; em geral, o 
tratamento está reservado às grávidas sintomáticas, embora estudos 
recentes tenham sugerido que a erradicação da infecção reduziria a 
taxa de parto pré-termo em mulheres com história de interrupção. Nos 
casos de mulher com risco de parto pré-termo, há indicação, na 
gravidez (12 a 16 semanas), de rastreamento para vaginose bacteriana 
e, nessas condições, o tratamento deve ser oral (SOGC, 2008): 
preferencialmente com clindamicina, 300 mg, 2 vezes/dia, durante 7 
dias. 
A tricomoníase é tratada com metronidazol geleia vaginal (Flagyl ® 
geleia vaginal) – 1 aplicador intravaginal ao deitar-se, à noite, por 10 
dias. 
+ 
 
 
 
 
A gestação é um fenômeno fisiológico e deve ser vista pelas gestantes 
e equipes de saúde como parte de uma experiência de vida saudável 
que envolve mudanças dinâmicas do olhar físico, social e emocional. 
No entanto, devido a alguns fatores de risco, algumas gestantes podem 
apresentar maior probabilidade de evolução desfavorável. São as 
chamadas “gestantes de alto risco”. 
Com o objetivo de reduzir a morbimortalidade materno-infantil e 
ampliar o acesso com qualidade, é necessário que se identifiquem os 
fatores de risco gestacional o mais precocemente possível. 
Dessa forma, o acolhimento com classificação de risco pressupõe 
agilidade no atendimento e definição da necessidade de cuidado e da 
densidade tecnológica que devem ser ofertadas às usuárias em cada 
momento. 
O acolhimento, em especial à gestante, objetiva fornecer não um 
diagnóstico, mas uma prioridade clínica, o que permite que haja 
impacto na história natural de doenças agudas graves e 
potencialmente fatais, que, se não atendidas como prioridades, podem 
levar à morte, por exemplo, uma gestante com síndrome hipertensiva. 
Portanto, é indispensável que a avaliação do risco seja permanente, 
(aconteça em toda consulta). 
GRAVIDEZ DE ALTO RISCO: 
Quando são identificados fatores associados a um pior prognóstico 
materno e perinatal, a gravidez é definida como de alto risco, passando 
a exigir avaliações mais frequentes, muitas vezes fazendo-se uso de 
procedimentos com maior densidade tecnológica. 
Nas situações de emergência obstétrica, a equipe deve estar 
capacitada para diagnosticar precocemente os casos graves, iniciar o 
suporte básico de vida e acionar o serviço de remoção, para que haja 
a adequada continuidade do atendimento para os serviços de 
referência de emergências obstétricas da Rede de Atenção à Saúde. 
As situações que envolvem fatores clínicos mais relevantes (risco 
real) e/ou fatores evitáveis que demandem intervenções com maior 
densidade tecnológica devem ser necessariamente referenciadas, 
podendo, contudo, retornar ao nível primário, quando se considerar a 
situação resolvida e/ou a intervenção já realizada. De qualquer 
maneira, a unidade básica de saúde deve continuar responsável pelo 
seguimento da gestante encaminhada a um diferente serviço de saúde. 
GRAVIDEZ DE BAIXO RISCO: 
Nos casos em que não há necessidade de se utilizar alta densidade 
tecnológica em saúde e nos quais a morbidade e a mortalidade 
materna e perinatal são iguais ou menores do que as da população em 
geral, as gestações podem ser consideradas como de baixo risco. 
Assim definida, a gravidez de baixo risco somente pode ser 
confirmada ao final do processo gestacional, após o parto e o 
puerpério. 
FATORES DE RISCO QUE PERMITEM A REALIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL PELA 
EQUIPE DE ATENÇÃO BÁSICA: 
 
 
FATORES DE RISCO QUE PODEM INDICAR ENCAMINHAMENTO AO PRÉ-
NATAL DE ALTO RISCO: 
 
FERRO E FOLATO: 
A suplementação rotineira de ferro e folato parece prevenir a 
instalação de baixos níveis de hemoglobina no parto e no puerpério. 
É recomendada a suplementação de 40mg/dia de ferro elementar 
(200mg de sulfato ferroso). Orienta-se que a ingestão seja realizada 
uma hora antes das refeições. A suplementação de ferro deve ser 
mantida no pós-parto e no pós-aborto por 3 meses. 
FOLATO PERI-CONCEPCIONAL: 
Tem forte efeito protetor contra defeitos abertos do tubo neural. Deve 
ser usado rotineiramente pelo menos dois meses antes e nos dois 
primeiros meses da gestação. Esta informação deve ser difundida por 
programas educacionais de saúde. Mulheres que tiveram fetos ou 
neonatos com defeitos abertos do tubo neural têm que usar folato 
continuamente se ainda desejam engravidar (grau de recomendação 
A). 
PIRIDOXINA (VITAMINA B6): 
Nãohá evidências para indicá-la como suplemento na gravidez, 
embora os resultados de um trabalho sugiram que seu uso pode ter 
efeito protetor em relação ao esmalte dentário (grau de recomendação 
A). 
CÁLCIO: 
Seu uso parece ser benéfico em mulheres que apresentam alto risco 
de desenvolver hipertensão na gestação e naquelas que têm baixa 
ingestão de cálcio. 
ZINCO: 
Não existem evidências suficientes para avaliar os efeitos do seu uso 
na gravidez. Os possíveis efeitos benéficos sobre a prevenção do 
trabalho de parto prematuro necessitam de novas avaliações (grau de 
recomendação A). 
PROTEÍNAS: 
A suplementação balanceada parece melhorar o crescimento fetal e 
reduzir os riscos de morte fetal e neonatal. As evidências são 
insuficientes para afirmar se existem outras vantagens potenciais 
(grau de recomendação A). 
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA A: 
A vitamina A é nutriente que atua no sistema imunológico, auxiliando 
no combate às infecções, à diarreia e ao sarampo. o Ajuda também no 
crescimento e desenvolvimento, além de ser muito importante para o 
bom funcionamento da visão. 
A falta de vitamina A pode resultar em cegueira. 
Dados de pesquisas importantes têm correlacionado a adequação das 
reservas corporais maternas de vitamina A com a redução da 
mortalidade. Portanto,em determinadas regiões, toda puérpera no pós-
parto imediato, ainda na maternidade, deve receber uma megadose de 
200.000 UI de vitamina A (1 cápsula VO), garantindo-se, assim, 
reposição dos níveis de retinol da mãe e níveis adequados de vitamina 
A no leite materno até que o bebêatinja os 6 meses de idade, 
diminuindo-se o risco de deficiência dessa vitamina entre as crianças 
amamentadas. 
As mulheres não devem receber suplementação de vitamina A em 
outros locais ou em outros períodos de sua vida reprodutiva, para que 
seja evitado o risco de teratogenicidade para o feto, caso haja nova 
gravidez em curso. 
ÁCIDO FÓLICO: 
Tem sido estimado de que cerca da metade de todos os defeitos 
congênitos pode ser evitada se mulheres em idade de gravidez 
consumirem quantidade adequada de ácido fólico, seja pela ingesta de 
alimentos fortificados com a substância ou pela suplementação com 
multivitaminas. 
Os defeitos do tubo neural (DTN) são anomalias congênitas graves 
decorrentes da falta de fechamento do tubo neural da terceira à quarta 
semana após a concepção (dia 26 ao dia 28 pós- concepção). A 
suplementação com ácido fólico diminui a incidência dos DTN de 
1,58/1.000 nascimentos para 0,86/1.000 nascimentos. As mulheres 
são consideradas de alto risco caso apresentem história de: 
o Bebê anterior com DTN; 
o Parente de 1o, 2o ou 3o grau com DTN; 
o Diabetes pré-gestacional insulinodependente; 
o Epilepsia e ingesta de ácido valproico ou carbamazepina para o 
controle da convulsão; 
o Uso de antagonistas do ácido fólico (metotrexato, aminopterina). 
O uso do suplemento periconcepcional reduz tanto o risco da 
ocorrência dos DTN (primeira gestação afetada) como de recorrência. 
O risco da recorrência é reduzido de 3,5% para 1% em mulheres 
recebendo 4 mg/dia de ácido fólico antes da gravidez e nas primeiras 
semanas após a concepção. 
Suplementos combinando ácido fólico e multivitaminas também 
reduzem a incidência de outras anomalias congênitas: defeitos 
cardiovasculares e dos membros, fenda labiopalatina, anomalias 
urinárias e hidrocefalia. Além disso, está igualmente diminuído o 
risco para neuroblastoma e leucemia na infância. 
Recomendações da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do 
Canadá (SOGC, 2007) estão descritas a seguir: 
o Mulheres em idade reprodutora devem ser avisadas para os 
benefícios da ingesta do ácido fólico em suplementos 
multivitamínicos; 
o É necessário orientá-las a manter dieta adequada com alimentos 
ricos em ácido fólico: grãos fortificados, espinafre, lentilha, ervilha, 
aspargo, brócolis, milho, laranja; 
o Mulheres com suplementação multivitamínica contendo ácido 
fólico devem ser alertadas a não ingerir mais de uma dose diária, como 
indicado pelo produto; 
o A suplementação de 5 mg de ácido fólico não mascara a deficiência 
de vitamina B12 (anemia perniciosa); 
o Mulheres que pretendem engravidar devem ingerir dieta rica em 
folato e suplementação diária de multivitaminas com ácido fólico (0,4 
a 1,0 mg) por, no mínimo, 2 a 3 meses antes da concepção e por toda 
a gravidez, período pós-parto (4 a 6 semanas) e por quanto tempo 
durar a amamentação o Pacientes com epilepsia, diabetes 
insulinodependente, obesidade (IMC > 35 kg/m2), história familiar ou 
pessoal de DTN requerem a ingesta de alimentos ricos em folato e 
suplementação diária de 5 mg de ácido fólico em multivitamínicos, 
iniciando ao menos 3 meses antes da concepção e nas 10 a 12 semanas 
iniciais da gravidez. Após 12 semanas e por toda a gestação até o 
período pós-parto (4 a 6 semanas ou enquanto durar a amamentação), 
é necessária a suplementação de multivitaminas com ácido fólico (0,4 
a 1,0 mg). 
ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3: 
Na gravidez, a dieta costuma estar desbalanceada com relação à 
quantidade de ômega-3 e deficitária quando comparada à de ômega-
6. Esse desequilíbrio pode levar a estado proinflamatório, que 
contribui para inúmeras complicações, incluindo parto pré-termo, pré- 
eclampsia e depressão pós-parto. 
A deficiência dos ácidos graxos ômega-3 no feto coloca esses bebês 
sob o risco de doenças alérgicas e desenvolvimento psiquiátrico 
subótimo. 
As principais fontes de ômega-3 são os peixes gordurosos de água fria 
(p. ex., salmão, atum), bem como truta, sardinha, ostra e mariscos, 
além do óleo de linhaça e de canola, nozes e vegetais de folhas verdes 
(rúcula). A dieta moderna proporciona 7 a 10 vezes mais ômega-6 de 
que ômega- 3, quando o correto seria 5:1. 
Algumas autoridades têm sugerido a suplementação na gravidez com 
óleo de peixe altamente purificado. O único benefício realmente 
comprovado foi a redução significativa na incidência de parto pré-
termo antes de 34 semanas em mulheres com história de interrupção 
prematura. Dose do suplemento de óleo de peixe: 1 a 3 g/dia. 
O feto não tem capacidade de sintetizar os ácidos graxos poli-
insaturados de cadeia longa (LC-PUFA) por meio dos seus 
precursores ômega-3 e ômega-6, sendo suas necessidades supridas 
pela reserva do tecido adiposo materno, cruzando a placenta por 
difusão simples. O ácido ômega-3 é indispensável para o 
desenvolvimento do cérebro e da retina fetal durante todo o terceiro 
trimestre. 
A vacinação nas mulheres em idade reprodutiva deve estar idealmente 
completa antes da gestação, para que a mãe e o feto usufruam da 
imunização. Os anticorpos da classe IgG atravessam a placenta e 
conferem proteção passiva à criança até aproximadamente os 15 
meses de vida. Esses anticorpos também são transmitidos pelo leite 
materno. As vacinas indicadas na gestação são: 
VACINA CONTRA GRIPE A E SAZONAL: 
A vacinação contra gripe é segura em qualquer IG, e gestantes são 
consideradas grupo de risco para infecção respiratória grave, devendo 
ter preferência nos programas de vacinação. 
VACINA CONTRA HEPATITE B: 
O esquema completo é de três doses (0,1-6 meses), iniciando a partir 
do primeiro trimestre e podendo estender-se até após o parto; Vacina 
contra difteria e tétano (dT) – O esquema de vacinação completo da 
dupla adulto é de três doses, devendo ser reforçada a cada intervalo 
de 5 anos. Se a mulher não tomou nenhuma dose dessa vacina antes 
de engravidar, é necessário tomar duas doses da dupla adulto, com 
intervalo de no mínimo 30 dias e complementar com a dTpa. Caso a 
mulher tenha tomado uma dose da dT antes da gestação, ela deverá 
reforçar o esquema com mais uma dose da dT após a 20ª semana. Se 
a dT tiver sido aplicada nos últimos 5 anos, não há necessidade de 
imunizar. 
VACINA CONTRA DIFTERIA, TÉTANO E COQUELUCHE (DTPA): 
A vacina dTpa deve ser recomendada,não importa o intervalo de 
tempo da última dose de dT, pois é essa a vacina que vai proteger 
contra a coqueluche no RN. Para as mulheres que se preveniram com 
duas ou mais doses da dT, recomenda-se a dTpa administrada com 
apenas uma dose. Mulheres grávidas devem tomar uma dose da dTpa 
em cada gestação, independentemente de terem tomado 
anteriormente. O MS recomenda a dTpa entre a 27ª e a 36ª semana de 
gestação, período que gera maior proteção ao RN, com efetividade de 
até 91%. Entretanto, a dose também pode ser administrada até, no 
máximo, 20 dias antes da DPP. 
As vacinas contra Pneumococcus, Neisseria meningitidis e 
Haemophilus influenzae e a vacina antirrábica podem ser aplicadas na 
gestação. 
As vacinas atenuadas (bactérias ou vírus enfraquecidos) apresentam 
risco teórico de contaminação do feto, sendo contraindicadas na 
gestação; são elas: bacilo Calmette-Guérin (BCG), tríplice viral 
(sarampo, caxumba e rubéola), varicela e febre amarela. A vacina 
contra febre amarela, apesar de contraindicada, pode ser administrada 
em gestantes quando o risco de contrair a doença for elevado. A 
vacina contra papilomavírus humano (HPV, do inglês human 
papilloma virus) é contraindicada na gestação devido à falta de 
estudos confirmando a sua segurança. 
As vacinas do tipo inativadas, como a vacina contra hepatite A e a 
vacina meningocócica conjugada, não apresentam riscos para a 
gestante e para o feto; porém, devem ser aplicadas preferencialmente 
fora do período gestacional. 
( )
A doença hemolítica perinatal (DHPN), ou eritroblastose fetal e do 
recém-nascido, é uma afecção generalizada, acompanhada de anemia, 
destruição das hemácias e aparecimento de suas formas jovens ou 
imaturas (eritroblastos) na circulação periférica, com atividade 
persistente e anômala de focos extramedulares de hematopoese. 
Decorre, originariamente, de incompatibilidade sanguínea 
maternofetal. Os anticorpos da gestante, específico para antígeno 
localizado nas hemácias do concepto, intervêm como elementos 
desencadeantes. 
ETIOPATOGENIA: 
Estão relacionados com a ocorrência de doença hemolítica os 
seguintes aspectos: 
• Incompatibilidade sanguínea maternofetal 
• Aloimunização materna 
• Passagem de anticorpos da gestante para o organismo do feto 
• Ação desses anticorpos maternos no concepto. 
→ Incompatibilidade Sanguínea Materno Fetal: 
A DHPN é decorrente de incompatibilidade sanguínea maternofetal. 
Nesse caso, o concepto apresenta fator hemático de herança paterna, 
ausente no organismo da gestante e capaz de imunizá- la, produzindo 
anticorpos específico ao referido fator. 
→ Sistema Rh: 
O sistema Rh é formado pelos antígenos “D”, “c”, “C”, “e” e “E” que 
se expressam na superfície das hemácias a partir da 6a semana de 
gestação. 
A presença do antígeno D é o que determina um indivíduo “Rh 
positivo “e a sua ausência um indivíduo “Rh negativo” (não são 
afetados). 
Para que ocorra a DHPN é necessário que o feto possua um antígeno 
sanguíneo que está ausente na circulação materna, capaz de imunizá-
la, produzindo anticorpos específicos a esse fator. Ou seja, para a 
aloimunização Rh, é necessário que a mãe seja Rh negativo e filho Rh 
positivo (portanto pai Rh positivo). 
→ Aloimunização Materna: 
A aloimunização é causada pela exposição materna a antígenos 
eritrocitários não compatíveis. Ocorre em casos de transfusão de 
sangue incompatível, uso de drogas intravesosas e transplante. Porém, 
a principal causa é a hemorragia feto-materna, que ocorre em 
aproximadamente 75% das gestações. 
A frequência e o volume da hemorragia aumentam com a evolução da 
gestação. Estima-se que um volume mínimo de 0,25ml é necessário 
para que ocorra a sensibilização. 
Após a primeira exposição a antígenos eritrocitários desconhecidos 
ocorre a sensibilização e produção de anticorpos IgM, que por terem 
um peso molecular maior, não são capazes de atravessar a barreira 
placentária. 
Numa segunda exposição a esse antígeno desconhecido ocorre uma 
resposta imunológica secundária com a produção de anticorpos IgG, 
que ultrapassam a barreira placentária, aderindo-se à membrana dos 
erirócitos fetais e causando hemólise. 
Quanto maior a carga antigênica e quanto mais frequente é a 
exposição, maior é a produção de anticorpos pela mãe, por isso a 
probabilidade de desenvolver DHPN se intensificam nas gestações 
sucessivas no caso da aloimunização Rh. 
O Coombs indireto é o teste que identifica o anticorpo contra 
hemácias no sangue materno. Ele é capaz de identificar 
imunoglobulinas do tipo IgG mas não IgM. Um teste negativo 
significa que a gestante não foi sensibilizada. 
Ao contrário do observado na incompatibilidade Rh, na 
incompatibilidade ABO não existe a necessidade da exposição prévia 
da mãe a sangue A, B ou AB. Ela já possui anti-A e anti-B no seu 
organismo em consequência à exposição a bactérias que possuem 
esses antígenos, ao longo de sua vida. Dessa forma, a DHPN pode 
ocorrer desde a primeira gestação. 
A gravidade da incompatibilidade ABO é menor que a Rh porque há 
um menor número de sítios antigênicos A e B na membrana da 
hemácia fetal e a maioria dos anti-A e anti-B maternos é IgM, sendo 
assim, não atravessam a barreira placentária. Além disso, como todos 
os tecidos expressam antígenos A e B, não só as hemácias, a pequena 
quantidade de IgG anti-A e anti-B que consegue atravessar a placenta 
se liga a outros sítios teciduais, não causando uma hemólise 
significativa. 
→ Passagem de Anticorpos da Gestante para o Feto: 
O anticorpo IgG pode atravessar a placenta por difusão passiva e 
transporte ativo e na circulação fetal se fixam às hemácias por uma 
reação antígeno-anticorpo, causando hemólise. 
→ Ação dos Anticorpos Maternos no Feto: 
A anemia fetal leva a eritropoese medular e extramedular 
(principalmente fígado, baço e parede intestinal). 
Eritrócitos jovens são lançados na circulação periférica originando o 
termo “eritroblastose fetal”. 
QUADRO CLÍNICO: 
→ Diagnóstico Anteparto: 
Na gravidez, a incompatibilidade pelo sistema Rh poucas vezes 
acomete o 1º filho, exceto se houver referência à hemotransfusão sem 
o conhecimento prévio do fator Rh. 
O histórico de um ou dois filhos normais, seguidos de recém-nascidos 
com icterícia grave e persistente, manifesta nas primeiras horas de 
vida, anemia e morte nos casos de maior agravo clínico sugerem 
aloimunização Rh. 
Em outros casos, há natimortos e hidrópicos que se repetem, 
encerrando gravidezes de curso normal. 
Em mulheres com história clinica de 1 natimorto por 
incompatibilidade Rh, a probabilidade de se reproduzir o acidente é 
de 75%, que ascende para 90% quando o histórico é de 2 natimortos. 
A incompatibilidade ABO ocorre, na 1a gravidez, em 40 a 50% dos 
casos. 
→ Ultrassonografia: 
A ultrassonografia é extremamente importante para o seguimento 
fetal na DHPN. Além de possibilitar o monitoramento de 
procedimentos invasivos, a ultrassonografia pode orientar a 
identificação dos fetos mais gravemente atingidos por anemia 
hemolítica, o que possibilita assentar o grau de seu comprometimento. 
Sinais sonográficos de descompensação fetal, de hidropisia, 
representam grave anemia do concepto, com hematócrito inferior a 
20% e hemoglobinometria com menos de 7 g/dl. 
Ultrassonografia 3D de feto hidrópico, com reconstrução de superfície 
mostrando intenso edema facial (fácies de Buda): 
Ultrassonografia 3D de tórax fetal, em que se observa derrame pleural 
bilateral e edema subcutâneo: 
Diante da ausência de hidropisia do concepto, na fase compensada do 
seu comprometimento, outros sinais sonográficos têm muito menor 
importância. 
O aumento da espessura placentária (maior que 4 cm), perda de sua 
arquitetura e maior homogeneidade parecem ser os primeiros 
indicadores da doença. 
Polidrâmnio e aumento da circunferência abdominal do feto, medida 
seriadamente, correspondemao agravamento do processo hemolítico. 
→ Diagnóstico Pós-Parto no Recém-Nascido: 
O exame do recém-nascido tem características peculiares com relação 
ao tipo de incompatibilidade e à forma clínica da enfermidade. 
o Incompatibilidade Rh: verifica-se que 10 a 15% de todos os casos 
são hidrópicos; outros 10 a 15% estão constituídos de formas leves, 
sem sintomatologia (eritroblastose de laboratório); finalmente, 70 a 
80%, formas icteroanêmicas, têm gravidade variável e exigem 
tratamento. 
o Hidropisia Fetal: os recém-nascidos com esta condição apresentam-
se muito deformados pela infiltração edematosa que lhes invade o 
corpo inteiro. O abdome de batráquio, condicionado pela ascite, 
caracteriza-se por fígado e baço enormes. Em geral natimortos, a 
sobrevivência desses bebês era exceção. As transfusões intrauterinas 
têm impedido a morte de muitos bebês hidrópicos. A hidropisia fetal 
geralmente ocorre quando a hemoglobina fetal é < 7 g/dl ou o 
hematócrito < 20%. 
o Icterícia Grave: pode-se observar icterícia, instalada precocemente, 
nas primeiras horas de vida. O aumento de volume do fígado e do baço 
é pontual. O diagnostico diferencial deve ser feito com outras 
icterícias do recém-nascido, como a chamada fisiológica ou benigna: 
esta tem início tardio (2o ou 3o dia), acomete 50% dos recém-
nascidos, cede espontaneamente, sendo rara a persistência além de 2 
semanas. A sonolência brutal seria patognomônica da icterícia 
nuclear, quando estão associados à DHPN distúrbios nervosos 
centrais, decorrentes da impregnação dos núcleos da base pela 
bilirrubina. Os sinais aparecem muitas horas depois do surgimento da 
icterícia. No período de estado, há hipertonia generalizada, cãibras e 
espasmos, com predileção destes pela musculatura da face (riso 
sardônico). A icterícia nuclear é de prognose sombria, em função das 
sequelas neurológicas, muito prejudiciais, que eclodem ao fim do 1o 
ano. 
o Anemia Grave: é a modalidade menos expressiva, clinicamente, de 
DHPN; há espleno e hepatomegalia, extrema palidez e anemia, com 
descoramento intenso das mucosas visíveis. O exame de sangue é 
fundamental. A icterícia, em geral presente, mascara a identificação 
dos sinais clínicos. No hemograma dos primeiros dias, a anemia 
constitui descoberta acidental; alcança seu máximo durante a 3a 
semana, sem relação com a icterícia e o grau de eritroblastose. 
o Incompatibilidade ABO: embora seja a mais frequente causa de 
DHPN, a anemia resultante costuma ser leve. Cerca de 20% de todos 
os bebês apresentam incompatibilidade ABO, mas apenas 5% são 
clinicamente afetados: 
• A doença ABO é frequentemente vista no 1o filho porque muitas 
mulheres do grupo O apresentam isoaglutininas anti-A e antedatam a 
gravidez. Esses anticorpos imunes são atribuídos à exposição a 
bactérias que exibem antígenos similares 
• Grande parte dos anticorpos anti-A e anti-B são IgM que não 
atravessam a placenta e, por isso, não têm acesso às hemácias fetais. 
Além disso, as hemácias fetais têm menos locais antigênicos A e B do 
que as células adultas e são, assim, menos imunogênicas. Não há 
necessidade de monitoramento da gravidez nem justificativa para o 
parto antecipado o A doença ABO é invariavelmente muito mais leve 
do que a aloimunização D e raramente determina anemia significante. 
Os bebês afetados tipicamente apresentam anemia/icterícia neonatal 
que pode ser tratada com fototerapia. 
 • Em conclusão, a aloimunização ABO é uma doença pediátrica e 
não merece maiores preocupações obstétricas. 
A aloimunização ABO pode comprometer gestações futuras, mas 
raramente é progressiva como a Rh. O critério usual para a hemólise 
neonatal por incompatibilidade ABO é: 
• Mãe do grupo O e feto A, B ou AB o Icterícia que se desenvolve nas 
primeiras 24 h 
• Vários graus de anemia, com reticulocitose e esferocitose o Teste de 
Coombs direto positivo, mas nem sempre o Exclusão de outras causas 
de hemólise no bebê. 
ACOMPANHAMENTO NA GRAVIDEZ: 
A anamnese deve ser minuciosa. São fundamentais a história das 
gestações anteriores, o desfecho de cada uma delas e os possíveis 
eventos hemoterápicos. A assistência processa-se em três fases: 
• Evidenciação da incompatibilidade sanguínea entre o casal. 
• Determinação da possível aloimunização materna. Se presente, 
deve-se monitorar seu comportamento durante a gestação atual. 
• Avaliação das condições do concepto pela dosagem 
espectrofotométrica da bilirrubina no líquido amniótico e, mais 
recentemente, por ultrassonografia, Doppler e cordocentese. 
→ Incompatibilidade Sanguínea do Casal: 
No sistema Rh, a discordância principal, gestante Rh-negativa e 
marido Rh-positivo, responde por mais de 90% das história clínicas 
de DHPN, embora se declare aloimunização materna em apenas 1:20 
casos. É significativa a proteção determinada pela incompatibilidade 
ABO. Quando o pai biológico é Rh-positivo homozigoto, todos os 
filhos serão Rh-positivos; se heterozigoto, apenas 50%. 
→ Aloimunização Materna (Teste de Coombs): 
A Determinação da sorologia materna é o primeiro passo para 
determinar sua aloimunização e, para esse objetivo, é utilizado o teste 
de Coombs indireto (exame imunoematológico no período pré-natal) 
que identifica os anticorpos anti-Rh Considera-se o título do teste de 
Coombs anormal quando associado a risco elevado de determinar 
hidropisia fetal. Esse valor varia de acordo com a experiência da 
instituição, mas em geral se situa entre 1:16 e 1:32. À 1a consulta de 
gestante Rh-negativa (com marido Rh-positivo), deve-se realizar 
pesquisa de anticorpos anti-Rh. Resultado negativo obriga à repetição 
do teste com 28 semanas. Se os teores dos anticorpos aumentam em 
cada Determinação, é provável que esteja sendo gerado um feto Rh-
positivo, que sofrerá de DHPN. Se o título é > 1:8 até o final da 
gravidez, praticamente se exclui a possibilidade de nati ou neomorto. 
Nessas condições, o teste de Coombs é repetido mensalmente. 
→ Ultrassonografia: 
Tem sido proposta uma classificação biofísica do feto na DHPN. Sua 
hidropisia é subdividida em leve, grave e terminal. A classificação, 
além de indicar o grau de comprometimento fetal, teria algum valor 
prognostico. 
→ Cardiotocografia: 
Não tem se mostrado de grande valia na DHPN, pois só se altera em 
fetos gravemente anemiados, hidrópicos, nos quais as medidas 
terapêuticas já não seriam tão eficazes para reduzir-lhes a 
morbiletalidade. Traçados terminais (lisos, sinusoides, com dips 
tardios) correspondem a fetos gravemente atingidos por DHPN. 
→ Doppler: 
Método não invasivo atualmente consagrado na avaliação do grau de 
anemia fetal. 
→ Cordocentese: 
A cordocentese promove o acesso direto à circulação fetal, 
especialmente para detectar o seu grau de anemia. Como o 
procedimento está relacionado com 1 a 2% de taxa de óbito fetal, sua 
indicação está reservada para a eventualidade de a VSmáx mostrar 
resultado > 1,5 MoM. Utilizado nesse contexto, o sangue fetal com 
hematócrito < 30% é indicativo de TIV. 
→ Dosagem Espectrofotométrica da Bilirrubina: 
Com o uso alargado do Doppler seriado da ACM, a dosagem 
espectrofotométrica da bilirrubina para diagnosticar a anemia fetal 
ficou relegada a 2o plano. A espectrofotometria do líquido amniótico 
é feita entre os comprimentos de onda de 350 a 550 mm. Nos casos 
normais, uma linha reta é observada; em caso de teor elevado de 
bilirrubina nos conceptos afetados, há deflexão ou pico no nível de 
450 mm, cuja altura é a diferença de densidade ótica (ΔDO450). 
Valores de ΔDO450 na doença hemolítica perinatal (DHPN) – curva 
de Queenan: gráficos elaborados com objetivo prognostico. 
→ Protocolo de Acompanhamento: 
Protocolo de acompanhamento do feto na DHPN baseia-se na história 
materna e no resultado dos exames Como regra geral, a 1a gravidez 
sensibilizada envolve risco mínimo fetal/neonatal; gestaçõessubsequentes estão associadas à piora do grau de anemia fetal. 
o Primeira Gestação Afetada: estando a grávida sensibilizada, o teste 
de Coombs é repetido mensalmente. Atingido o título > 1:8, a partir 
de 24 semanas de gestação dá-se início ao Doppler da ACM, que será́ 
repetido a cada 1 a 2 semanas. 
Valor da ACM > 1,5 MoM em qualquer época entre 24 e 35 semanas 
é indicação para cordocentese, determinação do hematócrito fetal e 
TIV, se necessária. 
Valores da ACM ≤ 1,5 MoM possibilitam o prolongamento da 
gravidez até 38 semanas e sua interrupção ao atingir essa data. 
Valores > 1,5 MoM após 35 semanas não são confiáveis e sugere-se 
interromper a gestação. Todavia, um protocolo recente propõe a 
realização da amniocentese para avaliar a maturidade fetal e a 
ΔDO450 nesses casos. As seguintes eventualidades são possíveis: o 
Maturidade pulmonar e ΔDO450 na curva de Queenan fora da zona 
afetada Rh-positiva de TIV – parto com 38 semanas para dar 
oportunidade para o amadurecimento hepático fetal; esta conduta 
evita a necessidade de exsanguinotransfusão e de fototerapia 
prolongada neonatal. 
Maturidade pulmonar e ΔDO450 na zona de TIV – interrupção da 
gravidez. 
Imaturidade pulmonar e ΔDO450 na zona de TIV – administração de 
corticoide e de fenobarbital oral (30 mg, 3 vezes/dia) por 7 dias, 
também reduzindo a necessidade de exsanguinotransfusão neonatal; 
parto após 7 dias. 
Imaturidade pulmonar e ΔDO450 fora da zona de TIV – repetição da 
amniocentese em 10 a 14 dias. 
o Gestação Anterior com Feto/Bebê Afetado: nessa eventualidade, o 
teste de Coombs materno é desnecessário, pois não é mais preditivo 
do grau de anemia fetal. A maioria dos centros especializados indica 
o Doppler seriado da ACM após 18 semanas e a sua repetição a cada 
1 a 2 semanas. Nos casos raros que não necessitam de TIV, o 
acompanhamento é o mesmo utilizado para a 1a gravidez afetada. 
o Determinação do Rh Fetal: o Incompatibilidade Rh: em mulher Rh-
positiva, com o teste de Coombs > 1:8, é útil conhecer o Rh fetal, não 
sem antes determinar a zigotia paterna. Se o pai é Rh-negativo, nada 
deve ser feito porque todos os conceptos serão Rh-negativos. Se a 
zigotia paterna revelar marido homozigoto para antígeno D, não é 
necessário determinar o Rh fetal, pois todos os conceptos serão Rh-
positivos. Apenas na eventualidade de o marido ser heterozigoto para 
o antígeno D pode-se optar pela avaliação do Rh fetal. A 
Determinação não invasiva do Rh fetal pode ser realizada utilizando-
se a técnica PCR real time do DNA fetal livre (cffDNA) no plasma 
materno. 
PROVAS IMUNOEMATOLÓGICAS NO RECÉM-NASCIDO: 
São indispensáveis: a determinação do grupo sanguíneo e do fator Rh 
e o teste de Coombs direto. 
→ Teste de Coombs Direto: 
Avalia a sensibilização das hemácias do recém-nascido pelos 
anticorpos maternos. Deve ser feito, sistematicamente, no sangue do 
cordão umbilical dos bebês nascidos de mulher Rh-negativa, com ou 
sem aloimunização, e mesmo se ausente história sugestiva de DHPN. 
As reações negativas não afastam, definitivamente, a doença; nos 
tipos clínicos ocasionados pelo sistema ABO, elas costumam ser 
negativas. 
→ Subsídio Anatomopatológico: 
Os focos de hematopoese extramedular (eritroblastos), encontrados 
em muitos órgãos (fígado, baço, placenta), são da maior relevância. 
Hepatoesplenomegalia está sempre presente. 
No icterus gravis os núcleos da 
base do cérebro podem tornar-se 
amarelo-esverdeados, o que 
constitui a icterícia nuclear ou 
kernicterus. A pigmentação 
ictérica parece poupar o córtex e 
nunca é observada em 
natimortos nem em bebês 
falecidos nas primeiras 24 h de 
vida; depende do nível de bilirrubina indireta plasmática, além do 
aumento da permeabilidade da barreira hematencefálica. 
O estudo da placenta mostra sua invasão pelo edema, apresentando-
se 2 a 3 vezes aumentada ponderalmente e no volume, a face fetal e 
as membranas frequentemente amareladas. 
→ Prevenção: 
o Imunoglobulina Anti-D: a imunoglobulina anti-D é um produto 
sanguíneo que contém títulos elevados de anticorpos que neutralizam 
o antígeno RhD das hemácias fetais e, assim, é efetiva na prevenção 
da aloimunização RhD. As vias de administração podem ser 
intravenosa (IV) ou intramuscular (IM). Após a administração da anti-
D, o rastreamento para anticorpos apresenta resultado fracamente 
reativo, com título baixo. O anti-D atravessa a placenta e se liga às 
hemácias fetais, sem causar hemólise, anemia ou icterícia. Reações 
adversas são raras e costumam ser leves, tais como inchaço local, dor 
de cabeça, calafrios. Também são pouco frequentes reações de 
hipersensibilidade – urticária, coceira, exantema maculopapular – que 
não resistem a antialérgicos. Embora seja muito rara a ocorrência de 
anafilaxia após o uso da IgG anti-D, recomenda-se ter à mão solução 
de adrenalina. 
o Profilaxia Pós-Parto: se a mulher Rh-negativa não receber 
profilaxia IgG anti-D no pós- parto após o nascimento de bebêRh-
positivo, a incidência de sensibilização na vigência de nova gravidez 
será́de 12 a 16%, em comparação com 1,6 a 1,9% se tiver havido a 
prevenção. Devem ser utilizados 300 µg de IgG anti-D dentro de 72 h 
do parto para mulheres Rh-negativas não sensibilizadas, com bebês 
Rh-positivos. IgG anti-D adicional deve ser administrado para 
hemorragia fetomaterna (HFM) com mais de 15 ml de hemácias fetais 
(30 ml de sangue). Se o anti-D IgG não tiver sido utilizado dentro de 
72 h do parto ou de qualquer evento potencialmente sensibilizante, ele 
poderá ser empregado em até 28 dias com algum efeito protetor. 
o Profilaxia Anteparto: em pelo menos 50% dos casos, a 
sensibilização poderia ser evitada pela profilaxia anti-D de rotina com 
28 semanas da gestação. Nesse sentido, está indicado no 1o trimestre 
da gravidez o teste de cfDNA no sangue materno para a tipagem Rh 
do feto. 
o Rastreamento Sorológico Antenatal: todas as pacientes devem ser 
rastreadas na 1a consulta pré-natal para anticorpos com o teste da 
antiglobulina indireta (teste de Coombs indireto), desde que 1,5 a 
2,0% exibam anticorpos atípicos ou irregulares. 300 µg de IgG anti-
D devem ser administrados a grávidas Rh-negativo não sensibilizadas 
com 28 semanas de gestação quando o grupo sanguíneo fetal for Rh-
positivo ou desconhecido. Todas as grávidas (D-negativas ou D-
positivas) devem ser rastreadas pelo teste de Coombs indireto para 
aloanticorpos na 1a consulta pré-natal e novamente com 28 semanas. 
Quando a paternidade do bebê for assegurada e a mãe for Rh-negativa, 
o pai deve ser submetido à tipagem Rh para eliminar a administração 
desnecessária de produto sanguíneo.A mulher com “D-fraco” (Du-
positivo) não deve receber IgG anti-D. 
o Abortamento, Gravidez Ectópica e Mola Hidatiforme: após 
abortamento ou gravidez ectópica, há indicação para o anti-D em 
mulheres Rh-negativas não sensibilizadas: 120 µg até 12 semanas e 
300 µg após esse período. O anti-D deve ser utilizado após a gravidez 
molar em mulheres Rh-negativas não sensibilizadas pela 
possibilidade de mola parcial. Se o diagnóstico de mola completa for 
certo, não há necessidade da prevenção. 
o Procedimentos Diagnósticos Fetais Invasivos: a amniocentese, a 
biopsia de vilo corial (BVC) e, especialmente, a cordocentese são 
procedimentos utilizados no diagnostico pré-natal causadores de 
HFM. Dose de 300 µg de anti-D deve ser administrada após a 
amniocentese e a cordocentese em mulheres Rh-negativas não 
sensibilizadas. Na BVC, a dose de anti-D será́de 120 µg nas primeiras 
12 semanas de gestação e de 300 µg após esse prazo em mulheres Rh-
negativas não sensibilizadas. 
o Hemorragia Anteparto, Trauma Abdominal, Versão Externa: 
podem determinar trauma placentário ou disrupção da interface 
fetomaterna com resultante HFM e sensibilização da gestante Rh-
negativa. Anti-D na dose de 120 a 300 µg é recomendado, assimcomo 
teste de Kleihauer (eluição das hemácias) em condições associadas a 
possível trauma placentário (descolamento prematuro da placenta, 
placenta prévia, traumatismo no abdome, versão externa). Se a HFM 
estimada for além daquela coberta pela dose de anti-D administrada 
(6 a 15 ml de hemácias fetais), uma dose adicional de 10 µg de anti-
D deve ser utilizada para cada 0,5 ml de hemácias fetais excedente. 
• Rezende Obstetrícia/ Carlos Antônio Barbosa Montenegro, Jorge de 
Resende Filho. – 13º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. a. 
Capítulo 13 – páginas 152 a 161 b. Capítulo 39 – páginas 422 a 432 
• Rotinas em obstetrícia / Organizadores, Sérgio H. Martins-Costa ... [et 
al.] – 7. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2017. a. Parte II – Assistência 
pré-natal – páginas 57 a 75. b. Parte II - Doença hemolítica perinatal 
– páginas 249 a 260. 
• Resumos da Med: 
https://www.passeidireto.com/arquivo/97372592/pre-natal 
 
https://www.passeidireto.com/arquivo/97372592/pre-natal

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