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18
THAYLA MONIQUE GOMES PEREIRA 
MÃES NARCISISTAS
Anápolis
2021
THAYLA MONIQUE GOMES PEREIRA
MÃES NARCISISTAS 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Psicologia. 
Orientador: Jean Lima
Anápolis
2021
THAYLA MONIQUE GOMES PEREIRA
MÃES NARCISISTAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Psicologia. 
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Anápolis, 08 de Novembro de 2021.
PEREIRA, Thayla Monique Gomes. Mães Narcisistas. 2021. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Faculdade Anhnaguera, Anápolis, 2021.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo compreender o Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) e como ele afeta as relações maternais, principalmente entre mães e filhas. O TPN acaba por afetar a vida de muitas jovens que convivem com o mesmo dentro de casa, que sofrem sem saber que se trata de um transtorno e que não é apenas caprichos de suas mães. A relação entre essas mães e seus filhos acaba por ser muito desgastante, cercada de atritos e discussões muitas das vezes geradas por motivos fúteis e que poderiam ser resolvidas com simples conversas.As mães narcisistas muitas das vezes acabam por ver seus filhos como sendo parte de si, sentem invejas das conquistas dos mesmos e dão fim ao estereótipo de que toda mãe deve ser “boazinha”. No estudo foi feito várias pesquisas teóricas em fontes confiáveis sobre a definição do transtorno, como é as relações maternais que tem a presença do TPN e como a psicologia pode estar atuando frente o mesmo. 
Palavras-chave: TPN. Narcisismo. Mães. 
PEREIRA, Thayla Monique Gomes. Narcissistic Mothers. 2021. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Faculdade Anhanguera, Anápolis, 2021.
ABSTRACT
This paper aims to understand Narcissistic Personality Disorder (PND) and how it affects maternal relationships, especially between mothers and daughters. TPN ends up affecting the lives of many young women who live with it at home, who suffer without knowing that it is a disorder and that it is not just their mothers' whims. The relationship between these mothers and their children turns out to be very stressful, surrounded by friction and discussions often generated by futile reasons and that could be resolved with simple conversations. Narcissistic mothers often end up seeing their children as part of themselves, they are envious of their achievements and end the stereotype that every mother must be “good”. In the study, several theoretical researches were done in reliable sources about the definition of the disorder, how is the maternal relationship that has the presence of TPN and how psychology can be acting against it.
Keywords: TPN. Narcissism. Mothers.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
TPN	Transtorno de Personalidade Narcisista
15
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	13
2.	TRANSTORNO DE PERSONALIDADE nARCISISTA - TPN	15
3.	O TPN E SUAS RELAÇÕES	18
4.	ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA MINIMIZAÇÃO DO SOFRIMENTO	21
REFERÊNCIAS	23
 
1. INTRODUÇÃO
Na mitologia grega (MENDONÇA, 2019), Narciso era filho do deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope. Ao nascer, sua mãe o levou a um adivinho e perguntou se Narciso viveria por muito tempo, pois era dono de uma grande beleza. O então adivinho, respondeu que sim, desde que o menino nunca conhecesse a si próprio pois, se isso acontecesse, uma maldição seria lançada e isso causaria sua morte.
Ao crescer, sempre cercado de muita bajulação, uma ninfa chamada Eco, apaixonou-se loucamente por Narciso, mas teve o seu amor negado por ele. A ninfa, com raiva, pediu para Nêmesis, a deusa da vingança, que lançasse uma maldição em seu amor não correspondido, “que Narciso se apaixone com muita intensidade, mas não consiga possuir sua amada”. A maldição foi lançada e Narciso se apaixonou, mas não por uma mulher, e sim por sua própria imagem.
Para o fim desta história, há dois desfechos. Um diz que Narciso morreu de desgosto admirando seu reflexo na água, querendo-o tanto, mas não conseguindo possuí-lo. Já em outras versões, diz que ele morreu afogado ao tentar tocar na imagem que via refletida no riacho.
Assim nasceu o termo ‘Narcisismo’, que em 1899 o psiquiatra Paul Nacke usou em seu estudo sobre perversões sexuais, onde descrevia o termo como sendo o amor de uma pessoa por si mesmo. Posteriormente foi definido de diversas formas por vários estudiosos, mas sempre trazendo à tona o ser humano e sua auto erotização.
Uma mãe narcisista, geralmente, não vê um problema em si própria mas acabam por trazer muito sofrimento para aqueles que convivem diariamente com ela. O presente trabalho trouxe luz a esta questão tão pouco discutida em ambientes de saúde.
Afinal, essas jovens crescem, se tornam estudantes, empresárias, funcionárias, esposas e mães, e a pergunta que fica é: como estas mães narcisistas influenciam na vida de suas filhas?
O objetivo aqui é compreender como o Transtorno de Personalidade Narcisista afeta as mães e suas filhas. Se verá a definição de TPN, apontamentos de como se dá o relacionamento entre pessoas com o transtorno e a descrição de como a psicologia pode atuar para minimizar o sofrimento de uma relação entre mãe narcísica e sua filha.
O tipo de pesquisa realizado neste trabalho foi uma Revisão Bibliográfica, Qualitativa e Descritiva baseando-se em textos de grandes psicanalistas como Paul Nacke – em 1899 no texto “Kritisches zum Kapitel der normalen und pathologischen Sexualität” (“Crítica para um capítulo da sexualidade normal e patológica”) – e Havelock Ellis – em 1898 no texto “Auto-erotism: a study of the spontaneus manifestation of the sexual impulse” (“Autoerotismo: um estudo sobre a manifestação espontânea do impulso sexual).
No capítulo um se vê o significado do TPN e sua origem, desde seus pesquisadores até o Manual de Diagnósticos e Estatísticas de Transtornos Mentais. No segundo capítulo, pode se observar como se dá o relacionamento entre pessoas com o TPN, e, por fim, no terceiro capítulo à descrição de como a psicologia pode atuar na minimização do sofrimento provindo de uma relação entre mãe narcísica e sua filha. 
 
2. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE nARCISISTA - TPN
Paul Nacke, psiquiatra e criminologista, nascido em 1851, ficou conhecido por seus estudos sobre homossexualidade e, em 1899, por dar vida ao termo narcisismo que, até então, descrevia uma pessoa que tratava o seu próprio corpo como um objeto sexual (GUIMARÃES e ENDO, 2014).
Havelock Ellis, médico e psicólogo, nascido em 1859, também recebe créditos por, em 1898, relacionar o narcisismo à atos perversos. É Kaufmann (1993/1996) que diz que Ellis foi o primeiro a usar a expressão Narciso “para caracterizar na vertente patológica essa forma de amor voltada para a própria pessoa” (GUIMARÃES e ENDO, 2014) e depois Nacke retomou o termo ‘Narcismus’ para colocar como uma perversão sexual. 
Apesar das pequenas diferenças, os termos são postos de tal maneira que o consenso seria que a noção de narcisismo teria sido formada em dois momentos: Havelock Ellis fez a primeira alusão ao mito de Narciso no interior de um debate psicopatológico em 1898 e Paul Nacke – um ano depois fazendo referencia ao texto de Ellis – teria cunhado a palavra. (GUIMARÃES e ENDO, 2014)
Há ainda, no ‘Dicionário de psicanálise’, uma atribuição para Alfred Binet (1857-1911) sobre a criação do termo narcisismo. 
 Narcisismo. Temos empregado pela primeira vez em 1887, pelo psicólogo francês Alfred Binet (1857-1911), para descrever uma forma de fetichismo que consiste em se tomar a própria pessoa como objeto sexual. (GUIMARÃES e ENDO, 2014)
Binet traz a ideia de fetiche e, dentro do mesmo, coloca o narcisismo como sendo o resultadode um objeto-fetiche que se distancia da mulher (Binet colocava os homens como sendo maioria em relação à fetiches) e se aproxima de si mesmo, onde partes do próprio corpo ou objetos que se assemelham a partes do corpo são a causa de sua “excitação”.
 Talvez o que se esconde por detrás dos êxtases incontroláveis de alguns fetichistas não seja a imagem da mulher mutilada (partes do corpo feminino), mas a imagem da mutilação de si ( partes do próprio corpo). (GUIMARÃES e ENDO, 2014)	Comment by Bruna Sevilha: espaçamento simples entrelinhas e informe a página e recuo de 4 cm 
Binet acaba por antecipar o que Freud traria em 1914. Há quatro subtipos propostos por Freud sobre o amor de pessoa narcísica: (a) ela ama o que ela mesma é; (b) ama o que já foi; (c) ama o que gostaria de ser; e (d) ama a pessoa que foi parte dela mesma.
Segundo Binet, essa forma de fetichismo seria uma variação do subtipo onde a pessoa escolhe um objeto que o mesmo associa à uma representação de uma parte de si. É apenas um deslocamento da palavra parte: “de uma pessoa ama a pessoa que foi parte dela mesma para uma pessoa ama a parte da pessoa que foi dela mesma” (GUIMARÃES e ENDO, 2014).
Binet nos traz um narcisismo masculino onde o homem está em busca de seu objeto-fetiche, que lhes trazem uma forte e incontrolável excitação sexual. Já Ellis – citado anteriormente – vem com um fetichismo feminino onde as mulheres se cultuam nos espelhos de suas residências totalmente nuas e não se atraem por outras pessoas. 
Nacke, erroneamente citado por muitos anos (até mesmo por Freud em 1914) como sendo o primeiro autor a utilizar o termo Narcisismo, está a todo momento tentando dividir as bases para uma sexualidade saudável de uma patológica e, dentre essas separações, ele traz a diferença entre vaidade e narcisismo. 
A vaidade seria um olhar contemplativo do próprio corpo, da própria forma, considerada parte da sexualidade normal; enquanto que o narcisismo seria um olhar sexualizado, um olhar que busca – em si e para si – a satisfação sexual e , por isso, é considerado como patológico. (GUIMARÃES e ENDO, 2014)
Nacke, não só sendo um psiquiatra, mas também um criminologista, coloca o narcisismo como sendo uma perversão o que o colocaria, na primeira década do século XX, no quadro clínico do catálogo de perversões “Psychopathia Sexualis” juntamente com necrofilia, delírios eróticos, assassinato por luxúrias, masoquismo, canibalismo, dentre outros (GUIMARÃES e ENDO, 2014).
Após toda esta contextualização sobre o início do Narcisismo e como os autores lhe foram resignificando, no CID-IV o narcísico se encontra dentre os Transtornos de Personalidade que é 
um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é generalizado e inflexível, tem início na adolescência ou no começo da idade adulta, é estável ao longo do tempo e provoca sofrimento ou prejuízo. (CID-IV, p. 641)
No TPN, suas características principais estão no sentimento de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia. As pessoas que apresentam este transtorno, frequentemente, supervalorizam suas capacidades e ampliam suas realizações; podem parecer presunçosos e arrogantes; se sentem, de certa forma, ofendidos se aqueles que o cercam não valorizarem seus esforços e tendem a desvalorizar a contribuição os outros (CID IV, p. 667-668).
Constantemente estão fantasiando sobre sucesso, beleza, poder e amor. Fazem comparações favoráveis com pessoas famosas e privilegiadas, se colocando como superior e especial, e esperam tal reconhecimento. Com isso, os narcisistas, procuram estar com pessoas que também possuem tais credenciais de serem especiais ou de situação financeira elevada fazendo assim um “jogo de espelho” onde estar na presença de tal pessoa faz com que ela também se sinta especial (CID IV, p. 668).
Apesar de terem uma autoestima elevada, a mesma é frágil, então sempre estão em busca de atenção e admiração. Esses indivíduos se preocupam apenas com si mesmo e, se encontram um amigo ou alguém para conversar, fala apenas de si e de seus problemas não dando abertura para os sentimentos do outro. São muitas vezes julgados como pessoas frias e que não possuem interesse mútuo (CID IV, p. 668).
As pessoas com TPN invejam os outros e suas conquistas por acharem que eles seriam mais merecedores dessas realizações ou dos privilégios, muitas das vezes acha que os outros estão com inveja dela mesma e não dá os devidos créditos para os outros, fazendo justamente o contrário e desdenhando das conquistas alheias (CID IV, p. 668).
 
3. O TPN E SUAS RELAÇÕES
A figura materna é sempre vista como alguém com amor, carinho, uma visão idealizada e romântica, porém isso não acontece em todos os casos. Como se vê no capítulo anterior, o Narcisismo refere-se a uma característica da personalidade, é algo individual que, portanto, afeta o papel da mãe. (FERREIRA, s.d.)
É importante entender que antes de serem mães, as mulheres são indivíduos, que possuem uma história prévia e que podem sim, ter problemas e limitações psicológicas e emocionais que ultrapassam o que é saudável, e essa condição será sim transmitida na sua forma de se relacionar com seus filhos, trazendo consequências, às vezes graves, para estes. (FERREIRA, s.d.)
Deve se contar ainda com características específicas presentes nas mães narcisistas, e tem que lembrar de que é sempre necessário um diagnóstico feito por um especialista (psiquiatra e psicólogo) para que aja uma certeza da patologia. (FERREIRA, s.d.) 
Dentre tais características se tem: (FERREIRA, s.d.)
· Ser o centro das atenções, muitas vezes sendo inconveniente e chamativa;
· Exagerada importância para as aparências, preocupado constantemente com sua reputação, status e poder;
· Atua com frequência – sendo abusiva na relação com os filhos(as), porém na presença de terceiros se mostra dócil e amável;
· Sem autocrítica – não consegue ver os próprios erros;
· Egotista, espera que os filhos(as) a ajudem, mas não se interessa em retribuir;
· Controladora e mandona;
· Manipuladora – usa as emoções dos filhos(as) contra eles;
· Vingativa, não aceita ser contrariada, quando isso ocorre se vinga de forma fria e planejada;
· Agressiva (pode ser física, emocional ou psicológica). Ocorre de forma explícita ou disfarçada, rebaixa os filhos(as) justificando que é para educar, ou para o bem deles, por exemplo.
· Competitiva, vê os filhos(as) como rivais;
· Nunca pede desculpas, etc.
Conviver com uma mãe assim, que não realiza o papel de mãe idealizado como se vê em filmes ou até mesmo entre os colegas de escola, acaba por ser uma fardo muito grande para seus filhos que traz traumas e alteram suas próprias personalidade. (FERREIRA, s.d.)
Durante a infância os abusos alteram a personalidade, aparecendo sintomas que geram dificuldades e incapacidades; na adolescência surgem sentimentos de inadequação, isolamento, depressão, baixa autoestima, fobia social, etc. Na vida adulta, os sintomas afetam também a vida profissional, a pessoa questiona sua sanidade, se sente incapaz e dúvida de si mesmo, prioriza o outros e esquece-se de si, tem dificuldade de dizer não porque busca sempre agradar, possui dificuldades de se relacionar com as pessoas, etc. (FERREIRA, s.d.)
A relação entre mãe com TPN e seus filhos acaba por ser marcada por conflitos e atritos, muitas das vezes causadas por motivos fúteis. Tais mães acabam por usar de provocações para que assim o filho reaja de forma negativa e colocam-se como vítimas da situação. (ARAM, 2021)
Outra questão apontada pela psicóloga é que, embora o narcisista transpareça que se ama muito, na verdade ele é alguém frágil, com imensa carência de amor, baixa autoestima e que se sente invariavelmente desamparado. “Geralmente são pessoas cujo desenvolvimento emocional foi pouco fomentado pelo seus cuidadores”. (ARAM, 2021)
As mães narcisistas, muitas das vezes, pensam em seus filhos como uma posse permanente, como se fossem sua propriedade, são mães que invadem a privacidadedos filhos e os expõe de forma constrangedora. (ARAM, 2021)
É válido ressaltar, que tais mães projetam suas frustrações mais em suas filhas do que em seus filhos, muitas vezes possuem um “bode expiatório” e um “filho dourado”. Isto é, o filho favorito e aquele outro (ou outros) que são culpados de tudo. (MORRIGAN, 2016)
O filho dourado é visto pela mãe narcisista como sendo uma extensão de si mesma, onde ela projeta todas as suas qualidades. Este filho sempre recebe o melhor de tudo, desde afeto à bens matérias, suas conquistas por mais pequenas que sejam, são celebradas, e seus delitos encobertos. (MORRIGAN, 2016)
Já o filho “bode expiatório”, é onde a mãe projeta todos os defeitos. Acaba por ser o que nunca faz nada certo, onde suas realizações são dispensadas e qualquer gasto de dinheiro é feito com relutância. Este filho, muitas das vezes, recebe até mesmo castigos por ter feito algo bom, nada muito explícito – para não acabar com a narrativa de que a culpa é dele – mas são dados de forma sutil e oculta.(MORRIGAN, 2016)
Compreensivelmente, estas divisões entre irmãos leva-os a terem ciúmes uns dos outros. Isto, claro, causa fricção entre as crianças, o que convém à mãe narcisista. Dividir e conquistar dá-lhe muitas oportunidades para triangulação. Por vezes, o filho dourado pode até ser incentivado pela mãe narcisista, diretamente ou taticamente, a intimidar o bode expiatório para aumentar o atrito. (MORRIGAN,2016)
O “bode expiatório” pode ainda receber recompensas com o fracasso. Pode obter aprovação por viver abaixo de suas expectativas. Ele é muitas vezes posto como o recipiente identificado que é onde todos os males familiares são depositados e que paga pelos mesmo. (MORRIGAN, 2016)
Este diferenciação entre os filhos ainda acaba por afetar ambos, onde o filho “perseguido” pode desenvolver outros transtornos como já citado acima, mas o “predileto” também pode desenvolver uma falta de limites e de autoconhecimento, cria uma grande dependência da mãe onde não é capaz de dar um passo sem a aprovação da mesma; ao contrário do “bode expiatório” que se torna independente. (MORRIGAN, 2016)
Há ainda, o “filho invisível” que é o que a mãe narcisista simplesmente ignora, é como se o mesmo não estivesse ali. As crianças que crescem como sendo o “invisível” geralmente se tornam pessoas vazias de sentimentos, que nunca receberam nada da mãe, nem amou ou ódio, porém quando o “filho dourado” é descartado, entra para uma faculdade se muda por exemplo, o amor da mãe é mudado para o “filho invisível” que está tão carente de afeto materno que aceita ser manipulado pela mãe. (DESTAQUES PSICOLOGIAS DO BRASIL, 2019)
De um modo geral, os filhos de mãe narcisistas sofrem profundas sequelas psicológicas, independentemente da posição em que ocupam diante da mãe. O “dourado” tenta Ser passivo de abuso psicológico de amigos, namorado e maridos. O “bode expiatório” vive na defensiva, vê problema onde não tem e se sente insuficiente em quase tudo o que faz. O “invisível” geralmente desenvolve depressão, está sempre para baixo, em busca de um sentido para a sua existência. (DESTAQUES PSICOLOGIAS DO BRASIL, 2019)
Ao notar este transtorno na mãe, geralmente percebido pelo filho “bode expiatório”, é difícil romper com o ideal de que a mãe sempre quer o melhor para seus filhos, nem sempre querem. (LISAUSKAS, 2018)
 
 
4. ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA MINIMIZAÇÃO DO SOFRIMENTO
Como dito no capítulo anterior, o filho classificado como “bode expiatório” é quem, na maioria dos casos, percebe que há um comportamento estranho na mãe e resolve investiga-lo. Até mesmo em sua infância, quando não tinha ainda está noção, a mãe pode levar este filho para uma terapia na tentativa de mostrar para ele que o mesmo é o errado, deixando em evidencia uma tentativa de conserta-lo (MORRIGAN, 2016). Nesta tentativa há dois caminhos: 
(...) terá um mau terapeuta que vai acreditar na narrativa dos pais tal como é apresentada e reforçar ainda mais a crença da sua própria maldade e falha. Ou, terá um bom terapeuta que vê as mentiras e tenta tratar a dinâmica disfuncional real em vez do indivíduo supostamente quebrado. (MORRIGAN, 2016)
Neste segundo caso, os pais ainda encontrarão uma desculpa E terminarão a terapia de forma imediata, tal desculpa ainda estará ligada ao filho culpando-o da falta de sucesso da terapia. (MORRIGAN, 2016)
É necessário destacar quem em grande maioria quem busca pela terapia é a filha e não a mãe narcisista, pois a mesma não consegue ver em si tal transtorno. A filha busca por apoio psicológico na tentativa de ajuda para se distanciar desses abusos, tirando de si o fardo da culpa que a tanto tempo sua mãe lhe passou. (DESTAQUES PSICOLOGIAS DO BRASIL, 2019)
O profissional que ira atender este caso deve primeiramente, reunir os antecedentes, identificar o problema e entendê-lo de forma cognitiva. Deve-se sentir e transformar as mensagens negativas que foram herdadas, dando suporte para a paciente se aceitar e se separar psicologicamente da mãe, dando inicio assim à uma consciência autêntica. (GIRALDO e MCBRIDE, 2019)
A paciente precisa desenvolver em si um sentimento maternal, onde ela mesma pode lhe amar, lhe dar carinho e cuidar-se. Só assim poderá começar um relacionamento novo com sua mãe não lhe dando espaço para as características narcisistas e nem repassando tal legado. (GIRALDO e MCBRIDE, 2019)
No entanto, embora a perspectiva seja encorajadora, não é um caminho fácil: “A terapia é necessária nesse processo para que o paciente se possa sentir validado e reconhecido”. (GIRALDO e MCBRIDE, 2019)
Este, porém, é um processo longo já que é muito difícil para a paciente romper este “processo de acusação” as mães por sentimentos de culpa e pela questão de tabu que este assunto traz. (GIRALDO e MCBRIDE, 2019)
Em suas sessões a filha prejudicada poderá aprender a enfrentar seus medos, observando tal emoção sobre diferentes aspectos. É neste espaço que ela ira reviver suas memórias e assim resignificá-las. (ALIANÇA ESPAÇO TERAPÊUTICO, 2020)
Na maioria dos casos, a paciente busca sair de casa na esperança de se afastar do male que lhe persegue, porém em algumas ocasiões este afastamento não é possível. No livro “Psicopatas do Cotidiano” de Katia Mecler (2015), há algumas ferramentas que podem ser utilizadas para uma convivência mais pacífica.
Por exemplo, um dos primeiros passos seria ser um bom ouvinte tendo em vista que esta mãe com TPN sempre estará falando de si e de seus problemas por menores que sejam. Não deve esperar reconhecimento ou agradecimentos (ao menos que ela queira algo em troca). O terapeuta pode até mesmo recomendar exercícios diários para aumentar a autoestima da paciente e ajudá-la à se proteger das desqualificações que ira sofrer por parte de sua mãe. (KATIA MECLER, 2015)
Procure não rejeitá-la ou criticá-la, pois reagirá desqualificando você em progressão geométrica. E não baixe a guarda, assumindo o papel de grágil ou de vítima. (KATIA MECLER, 2015)
A dica mais valiosa que pode ser passada para tais filhas, é que evite confrontos diretos ou indiretos pois quem se aborrecerá será ela e não sua mãe. (KATIA MECLER, 2015)
5. Considerações finais
O estudo mostra como é o relacionamento com pessoas que possuem o Transtorno de Personalidade Narcisista, além de mostrar sua origem em meio a psicologia e como os estudiosos foram explorando cada vez mais esta área e dando novos significados para tal. 
Assim como proposto nos objetivos antes já expostos, o relacionamento entre filha e mãe narcisista acaba por ser muito complicado e turbulento onde os filhos sofrem e dão origem a outros transtornos mentais também presentes no DSM. 
Lembre-se que o psicanalista deve sim se preocupar com este cliente e procurar descobrir sua historia familiar, o ajudar em relação a autoestima e mostrar que ele não é o errado desta história.
REFERêNCIAS
ALIANÇA ESPAÇO TERAPÊUTICO. IDENTIFICANDO UMA MÃE NARCISISTA. Aliança Espaço Terapêutico: Consultório de Psicologia. 2020. Disponível em: https://www.aliancaterapeutica.com/post/identificando-uma-m%C3%A3e-narcisista. Acesso em: 22 outubro 2021.
ARAM, André. MÂES COM TRANSTORNO NARCISISTA: O PRAZER DELAS É O SOFRIMENTO DOS FILHOS. Viva bem: 2021. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/02/maes-com-transtorno-narcisista-o-prazer-delas-e-o-sofrimento-dos-filhos.htm . Acesso em: 22 outubro 2021.
DESTAQUES PSICOLOGIAS DO BRASIL. COMO O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE NARCISISTA NAS MÃES REFLETE EM SEUS FILHOS. Psicologias do Brasil: 2019. Disponível em: https://www.psicologiasdobrasil.com.br/como-o-transtorno-de-personalidade-narcisista-nas-maes-reflete-em-seus-filhos/ . Acesso em: 22 outubro 2021.
FERREIRA, Andrea. MÂES NARCISISTAS. [s.d.]. Disponível em: https://www.psicologoeterapia.com.br/psicologo-ajuda-emocional/maes-narcisistas/ . Acesso em: 22 outubro 2021.
FRANCÊS, Allen. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais DSM-IV. São Paulo: Manole, 1994.
GUIMARÂES, Luiz Moreno; ENDO, Paulo Cesar. A ORIGEM DA PALVRA NARCISISMO. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlpf/a/t34rBQhyJmJDxVLTgdwmWVD/?lang=pt. Acesso em: 01 outubro 2021.
LISAUSKAS, Rita. ‘A MÃE NARCISISTA É HABILIDOSA EM SE FAZER DE VÍTIMA E DIZER QUE A FILHA É INGRATA’, EXPLICA PSICANALISTA. Estadão: 2018. Disponível em: https://emais.estadao.com.br/blogs/ser-mae/a-mae-narcisista-e-habilidosa-em-se-fazer-de-vitima-e-de-dizer-que-a-filha-e-ingrata-explica-psicanalista/ . Acesso em: 22 outubro 2021.
GIRALDO, J. C.; MCBRIDE, K. Traduzido por Pedro Martins. MÃES NARCISISTAS. Pedro Martins: Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta. 2019. Disponível em: https://www.clinico-psicologo.com/maes-narcisistas/ . Acesso em: 22 outubro 2021.
MECLER, Kátia. PSICOPATAS DO COTIDIANO: COMO RECONHECER, COMO CONVIVER, COMO SE PROTEGER. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2015.
RAWICZ, Silvia. O “FILHO DOURADO” E O FILHO “BODE EXPIATÓRIO”. Silvia Rawicz: Psicoterapia & Orientação Psicológica. 2016. Disponível em: https://superandoabuso.com/o-filho-dourado-e-o-filho-bode-expiatorio/ . Acesso em: 22 outubro 2021.

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