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SAÚDE-PÚBLICA

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
 SAúDE PúBLICA ........................................................................................ 5 
2.1 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .......................................................... 5 
 O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO SUS ........................ 6 
3.1 O Período 23/30: o nascimento da Previdência Social no Brasil .......... 7 
3.2 O Período 30/45: as proposta de contenção de gastos e o surgimento 
das Ações Centralizadas de Saúde Pública ............................................................ 9 
3.3 O Período 45/66: a crise do regime de capitalização e o nascimento do 
Sanitarismo Desenvolvimentista ............................................................................ 11 
3.4 O Período 1966/73: o acirramento da crise e a privatização da 
assistência médica ................................................................................................ 14 
3.5 O Período 74/79: crise, reforma e consolidação da rede privada em 
saúde 16 
3.6 A Década de 80: Eclosão da Crise Estrutural e a Consolidação das 
Propostas Reformadoras ....................................................................................... 19 
 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ............................................................... 23 
4.1 PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E ORGANIZATIVOS......................... 23 
 PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS ................................................................. 25 
5.1 Universalização .................................................................................. 25 
5.2 Equidade ............................................................................................ 25 
5.3 Integralidade ....................................................................................... 26 
5.4 Princípios Organizativos ..................................................................... 26 
5.5 Regionalização e Hierarquização ....................................................... 26 
5.6 Descentralização e Comando Único .................................................. 27 
5.7 Participação Popular .......................................................................... 27 
 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 29 
 
3 
 
 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 31 
7.1 Introdução .......................................................................................... 32 
7.2 Metodologia ........................................................................................ 34 
7.3 Resultados ......................................................................................... 35 
7.4 Discussão ........................................................................................... 39 
7.5 Conclusão .......................................................................................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
5 
 
 SAÚDE PÚBLICA 
2.1 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
 
Fonte:salariominimo2016.org 
O SUS não foi uma invenção de “ilustres” juristas ou dos “iluminados” 
deputados constituintes de 1988. Também não nasceu apenas do consenso entre 
grandes especialistas da área de saúde. O SUS é fruto de um amplo movimento 
social, iniciado na década de 70, em defesa da saúde do povo brasileiro, que 
consolidou a reforma sanitária brasileira. 
Tal movimento social se constituiu nas universidades, nos departamentos de 
Medicina Preventiva e Social, e em outras instituições onde se criticava o modelo 
assistencial dominante; no movimento sindical, inicialmente na categoria médica, 
onde surgiu o grupo da "Renovação Médica"; e no interior das instituições de saúde, 
onde grupos de técnicos não comprometidos com sua política oficial, propunham e 
experimentavam formas alternativas de organizar serviços. 
Este movimento foi se ampliando para diversos segmentos sociais durante a 
década de 80, que passaram também a criticar o modelo de atendimento centrado na 
medicina curativa e hospitalar, bem como o “empresariamento” do setor saúde. 
 
6 
 
Em 1986, realizou-se a VIII Conferência Nacional de Saúde, em Brasília, que 
reuniu milhares de representantes de usuários, de trabalhadores da saúde e de outros 
setores sociais e de instituições governamentais, e que delineou a proposta de 
organização de um sistema único de saúde, com assistência universal e integral à 
saúde. Mais que isto, surgiu a proposta de que a saúde passasse a ser um direito do 
cidadão e dever do Estado. 
Estávamos às vésperas da instalação do Congresso Constituinte que iria 
elaborar a nova Constituição Brasileira... 
A Constituição de 1988 incorporou a ideia de que o direito à saúde deve ser 
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de 
doenças e outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços de 
saúde para sua promoção, proteção e recuperação (artigo 196 CF/88). Nesse sentido, 
estabeleceu o Sistema Único de Saúde, no Título VIII Da Ordem Social, Capítulo II Da 
Seguridade Social, Seção II Da Saúde. 
É um "Sistema", porque não se trata somente um serviço ou uma instituição, 
mas uma rede de unidades, serviços e ações atuando coordenadamente e em 
diferentes níveis de complexidade tecnológica, no sentido de elevar os níveis de 
saúde da população. 
É "Único", porque segue os mesmos princípios e diretrizes em todo o território 
nacional, no sentido de responsabilidade das três esferas de governo: 
I – No âmbito da União, através do Ministério da Saúde; 
II – No âmbito dos Estados e Distrito Federal, através da respectiva Secretaria 
de Saúde ou órgão equivalente; 
III – No âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão 
equivalente. 
 O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO SUS 
O processo de construção do SUS é resultante de um conjunto de embates 
políticos e ideológicos, travados por diferentes atores sociais ao longo dos anos. 
Decorrente de concepções diferenciadas, as políticas de saúde e as formas como se 
organizaram os serviços não são fruto apenas do momento atual. Ao contrário, têm 
uma longa trajetória de formulações e de lutas. 
 
7 
 
A busca de referências históricas do processo de formulação das políticas de 
saúde, e da vinculação da saúde com o contexto político mais geral do país, pode 
contribuir para um melhor entendimento do momento atual e do próprio significado do 
SUS. Nesse sentido, o objetivo deste texto é apresentar, de forma organizada, os 
elementos que compõe o SUS e alguns marcos históricos da política de saúde do 
Brasil. É claro que após alguns anos de sua implementaçãolegal pela Constituição 
Federal de 1988, O SUS não é hoje uma novidade. No entanto, apesar do tempo 
decorrido e da clareza das definições legais, O SUS significa transformação e, por 
isso, processo político e prático de fazer das ideias a realidade concreta. A afirmação 
legal de um conceito é um passo importante, mas não é, em si, uma garantia de 
mudanças. Construção é a ideia que melhor sintetiza o SUS. Garantido o alicerce, 
falta compor, parte a parte, a estrutura do edifício. Não existe um caminho natural para 
isso. Os embates políticos, corporativos e a variada gama de interesses de um setor 
que mobiliza muitos recursos estarão sempre presentes. Não é a constatação da 
impossibilidade, pelo contrário, uma exortação ao trabalho político consequente. 
Como se trata de um texto introdutório, procura-se abordar os conceitos e a 
história da constituição do Sistema Único de Saúde, a partir da trajetória da política 
de Saúde e Previdência no Brasil. 
3.1 O Período 23/30: o nascimento da Previdência Social no Brasil 
O surgimento da Previdência Social no Brasil se insere num processo de 
modificação da postura liberal do Estado frente à problemática trabalhista e social, 
portanto, num contexto político e social mais amplo. Esta mudança se dá enquanto 
decorrência da contradição entre a posição marcadamente liberal do Estado frente às 
questões trabalhistas e sociais e um movimento operário-sindical que assumia 
importância crescente e se posicionava contra tal postura. Esta também é a época de 
nascimento da legislação trabalhista brasileira. 
Em 1923, é promulgada a Lei Elói Chaves que, para alguns autores, pode ser 
definida como marco do início da Previdência Social no Brasil. No período 
compreendido entre 1923 e 1930 surgem as Caixas de Aposentadoria e Pensões 
(CAP's). As CAP’s eram organizadas por empresas, de natureza civil e privada, 
responsáveis pelos benefícios pecuniários e serviços de saúde para os empregados 
 
8 
 
de empresas específicas. As CAP's eram financiadas com recursos dos empregados 
e empregadores e administradas por comissões formadas de representantes da 
empresa e dos empregados. Cabia ao poder público apenas a resolução de possíveis 
conflitos. 
No modelo previdenciário dos anos 20 a assistência médica era vista como 
atribuição fundamental do sistema, o que levava, inclusive, à organização de serviços 
próprios de saúde. Caracteriza ainda este período, o elevado padrão de despesa. 
Estas duas características serão profundamente modificadas no período posterior. 
Em relação às ações de saúde coletiva, promovidas por parte do Estado, este 
período é marcado pelo surgimento do chamado "sanitarismo campanhista", nascido 
da Reforma Carlos Chagas em 20/23. Este sanitarismo se pautava por uma visão de 
combate às doenças de massa com forte concentração de decisões e com estilo 
repressivo de "intervenção sobre os corpos individual e social". Alguns anos antes, 
havia sido criado o departamento Nacional de Saúde Pública, responsável por estas 
ações. O combate à febre amarela e gripe espanhola se deu dentro de tal modelo. 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde 
coletiva 
Nascimento da 
legislação trabalhista 
Lei Elói Chaves 
(1923) 
. CAP's - organizadas 
por empresa de 
natureza civil e 
privada, financiadas 
por empregados e 
empregadores 
Assistência médica 
como atribuição das 
CAP's através de 
serviços próprios 
Sanitarismo 
campanhista 
. 
Departamento 
Nacional de 
Saúde 
Reforma 
Carlos 
Chagas 
 
9 
 
3.2 O Período 30/45: as proposta de contenção de gastos e o surgimento das 
Ações Centralizadas de Saúde Pública 
 
Fonte: blog.euvoupassar.com.br 
Com a revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas, assumiu o poder uma 
coalizão que trouxe, de forma destacada, a preocupação com o novo operariado 
urbano. Este período foi marcado pela criação de órgãos e instrumentos que 
legitimaram a ação sindical em moldes corporativos. 
Do ponto de vista político, este período pode ser caracterizado por uma 
profunda crise, marcado por greves de trabalhadores e manifestações populares, 
principalmente entre os anos 30/35. A busca de aliados por parte do governo, que 
tentava ampliar sua base de apoio, incluindo entre elas as classes trabalhadoras 
urbanas, colocava em evidência o tema previdência social. Foi criado o Ministério do 
Trabalho, aprofundou-se a legislação trabalhista, ao mesmo tempo em que havia 
restrições e manipulações na esfera sindical. 
Em relação à Previdência Social houve profundas modificações no que se 
refere à organização e concepção. Do ponto de vista de concepção, a Previdência era 
claramente definida enquanto seguro, privilegiando os benefícios e reduzindo a 
prestação de serviços de saúde. Embora com algumas oscilações entre os institutos, 
a legislação adotada entre 30 e 45 tentará diferenciar as atribuições de benefícios e 
 
10 
 
serviços de saúde. Estes passaram a serem entendidos como concessão, e não mais 
atribuição específica, uma função provisória e secundária. Tal definição fez com 
houvesse um profundo corte nas despesas com assistência médico-hospitalar. 
Do ponto de vista organizativo, este é um momento marcado pela criação dos 
Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP's), entidades organizadas não mais por 
empresas, mas por categorias profissionais. Diferentemente das CAP's, a 
administração dos IAP's era bastante dependente do governo federal. O conselho de 
administração, formado com participação de representantes de empregados e 
empregadores, tinha uma função de assessoria e fiscalização e era dirigido por um 
presidente, indicado diretamente pelo Presidente da República. Houve uma ampliação 
da Previdência com a incorporação de novas categorias não cobertas pelas CAP's 
anteriormente. 
Caracterizaram esta época a participação do Estado no financiamento (embora 
meramente formal) e na administração dos institutos, e um esforço ativo no sentido 
de diminuir despesas, mais com a acumulação de reservas financeiras do que com a 
ampla prestação de serviços. Isto fez com que os superávits dos institutos 
constituíssem um respeitável patrimônio e um instrumento de acumulação nas mãos 
do Estado. A Previdência passou a se configurar enquanto "sócia" do Estado nos 
investimentos de interesse do governo. 
 Em relação às ações de saúde coletiva, esta foi a época do auge do 
sanitarismo campanhista. Em 1937 foi criado o primeiro órgão de saúde de dimensão 
nacional, o Serviço Nacional de Febre Amarela, em 39, o Serviço de Malária do 
Nordeste, e em 40, o Serviço de Malária da Baixada Fluminense. 
No período de 38/45 o Departamento Nacional de Saúde foi reestruturado e 
dinamizado, articulando e centralizando as atividades sanitárias de todo o país. Em 
1942 foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), com atuação voltada 
para as áreas não cobertas pelos serviços tradicionais. 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva 
Criação do Ministério 
do Trabalho 
CLT 
IAP's-organizados 
por categorias 
profissionais, com 
dependência do 
governo federal 
Corte nas despesas 
médicas, passando 
os serviços de saúde 
à categoria de 
concessão do 
sistema 
Auge do 
sanitarismo 
campanhista, 
Serviço Nacional 
de Febre 
Amarela, Serviço 
 
11 
 
de Malária do 
Nordeste e 
SESP 
3.3 O Período 45/66: a crise do regime de capitalização e o nascimento do 
Sanitarismo Desenvolvimentista 
 
Fonte: image.slidesharecdn.com/ 
Este momento pode ser subdividido em duas fases do ponto de vista da 
conjuntura política, para fins didáticos. A primeira, marcada pelo fim do Estado novo 
e pela redemocratização do País. Foi o período do desenvolvimentismo, que levou a 
um acelerado processo de urbanização e industrialização. Foi marcante no governo 
Juscelino a visão de que a solução para os problemas sociais estava mais no 
desenvolvimento do que nas questões sociais. O esgotamentodo modelo populista 
de relação entre o Estado e os trabalhadores foi-se acentuando, em associação com 
o capital estrangeiro e a possibilidade de incorporar as demandas dos trabalhadores. 
Uma segunda fase foi inaugurada com o golpe de 64, que estabeleceu uma 
ruptura com os governos democráticos anteriores. O regime instalado teve como 
características o autoritarismo, com o fechamento dos canais de participação aos 
 
12 
 
trabalhadores, e um discurso de racionalidade técnica e administrativa, que repercutiu 
nas ações de previdência e saúde. 
As ações de previdência foram, então, caracterizadas pelo crescimento dos 
gastos, elevação de despesas, diminuição de saldos, esgotamento de reservas e 
déficits orçamentários. Isto levou a um processo de repartição simples, e não mais 
capitalização como no período anterior. As explicações para tais mudanças podem 
ser colocadas como resultantes de uma tendência natural (maior número de pessoas 
recebendo benefícios, uma vez que esta foi a época de recebimento de benefícios 
dos segurados incorporados no início do sistema); como também de mudanças de 
posições da Previdência Social (desmontagem das medidas de contenção de gastos 
dos anos 30/45; crescimento dos gastos com assistência médica, que sobe de 2,3% 
em 1945 para 14,9% em 1966; crescimento dos gastos com benefícios, em função do 
aumento dos beneficiários, de mudanças nos critérios de concessão de benefícios e 
no valor médio destes). 
A legislação pós-45 foi marcada pela progressiva desmontagem das medidas 
de cunho contencionista do período anterior. Na Constituição de 46 a assistência 
sanitária foi incorporada à Previdência Social e em 53 foi promulgado o "Regulamento 
Geral dos Institutos de Aposentadoria e Pensão", que formalizou a responsabilidade 
dos mesmos com a assistência médica. A Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), 
promulgada em 1960, uniformizou os direitos dos segurados de diferentes institutos, 
o que agravou as dificuldades financeiras crescentes da previdência no período. Esta 
Lei pode ser considerada como um marco da derrota do modelo contencionista 
anterior, estendendo para o conjunto dos segurados um plano extremamente amplo 
de benefícios e serviços. Além da assistência médica e dos benefícios pecuniários, a 
legislação se referia a habitação, empréstimos e alimentação. 
A uniformização dos benefícios alcançados com a LOPS, assim como a 
extensão da Previdência Social aos trabalhadores rurais, através do Estatuto do 
Trabalhador Rural, aprovado no governo João Goulart, não foram acompanhadas de 
novas bases financeiras concretas para sua efetivação. Para fazer frente aos novos 
gastos, a contribuição dos segurados foi progressivamente elevada. Em relação à 
contribuição do Estado, a LOPS rompeu com o conceito de contribuição tripartite. 
Cabia à União, a partir de então, apenas os gastos com administração e pessoal. 
 
13 
 
Nessa mesma época, o Brasil passou a ser influenciado pelas ideias de 
seguridade social que foram amplamente discutidas no cenário internacional ao final 
da II Guerra Mundial, em contraposição ao conceito de seguro da época anterior. Ao 
mesmo tempo, viveu-se um intenso processo de construção e compra de hospitais, 
ambulatórios e equipamentos, por parte dos institutos, e de celebração de convênios 
para prestação de assistência médico-hospitalar aos segurados. 
Com o golpe de 1964 e o discurso de racionalidade, eficácia e saneamento 
financeiro, ocorreu a fusão dos IAP's, com a criação do Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS). Este fato, ocorrido em 1966, marcou também a perda de 
representatividade dos trabalhadores na gestão do sistema. A unificação enfrentava 
resistências dos grupos privilegiados pelo antigo sistema corporativo. O governo, no 
entanto, alegava que a centralização de recursos poderia ser a alternativa para 
viabilizar o cumprimento do direito de assistência à saúde. 
Com relação à assistência médica, houve um crescimento dos serviços 
médicos próprios da previdência e dos gastos com assistência médica em geral, mas 
persistia uma demanda elevada, agravada pelo fato deste direito ter sido estendido a 
todos os segurados. Os serviços próprios continuavam a conviver com o setor privado 
conveniado e contratado, também em expansão. 
O sanitarismo desenvolvimentista, característico do período, teve sua 
contribuição mais voltada para as discussões conceituais relacionadas à saúde. Os 
sanitaristas da época estabeleceram relação entre saúde e economia e definiram a 
saúde de um povo como o corolário do seu desenvolvimento econômico. Podem ser 
apontados dois marcos desta época: o primeiro a criação da Comissão de 
Planejamento e Controle das Atividades Médico-Sanitárias, com função de elaborar o 
plano plurianual, integrando as atividades de saúde ao Plano Nacional de 
Desenvolvimento; o segundo marco foi a realização da III Conferência Nacional de 
Saúde, que além de discutir as propostas elaboradas pela comissão anteriormente 
citada, sistematizou as propostas de descentralização e municipalização da saúde. 
Em relação à organização de serviços, o fato mais marcante foi a criação em 
1956, do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERU), que tinha a finalidade 
de organizar e executar os serviços de investigação e combate às principais 
patologias evitáveis existentes no período, dentre elas a malária, leishmaniose, 
 
14 
 
doença de Chagas, peste, brucelose, febre amarela, esquistossomose, e outras 
endemias existentes no país. 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva 
Constituição de 1946 
LOPS (1960) 
Estatuto do 
trabalhador rural 
. Golpe de 1964 
. INPS (1966) 
Crescimento dos 
gastos e 
esgotamento de 
reservas 
Incorporação da 
assistência sanitária 
à Previdência 
Uniformização dos 
direitos dos 
segurados 
Crescimento dos 
serviços próprios da 
Previdência 
Aumento dos gastos 
com a assistência 
médica 
Convivência com os 
serviços privados, em 
expansão 
Sanitarismo 
desenvolviment
ista 
Departamento 
Nacional de 
Endemias 
Rurais 
(DNERU) 
3.4 O Período 1966/73: o acirramento da crise e a privatização da assistência 
médica 
Foi um período marcado pelo crescente papel do Estado como regulador da 
sociedade, e pelo alijamento dos trabalhadores do processo político, ao lado de uma 
política de arrocho salarial decorrente do modelo de acumulação adotado. 
A criação do INPS, citada anteriormente, inseriu-se na perspectiva 
modernizadora da máquina estatal, aumentando o poder de regulação do Estado 
sobre a sociedade e representando uma tentativa de desmobilização das forças 
políticas estimuladas em períodos populistas anteriores. O rompimento com a política 
populista não significou alteração em relação à política assistencialista anterior, ao 
contrário, o Estado ampliou a cobertura da previdência aos trabalhadores domésticos 
e trabalhadores rurais, além de absorver as pressões por uma efetiva cobertura 
daqueles trabalhadores já beneficiados pela Lei LOPS. Excetuando os trabalhadores 
do mercado informal de trabalho, todos os demais eram cobertos pela Previdência 
Social. Em relação à assistência médica, observa-se um movimento ainda mais 
expressivo de ampliação e cobertura. 
 
15 
 
Os gastos com assistência médica, que continuaram a crescer neste período, 
chegaram a representar mais de 30% dos gastos totais do INPS em 76. A Ênfase era 
dada à atenção individual, assistencialista e especializada, em detrimento das 
medidas de saúde pública, de caráter preventivo e de interesse coletivo. Exemplo de 
descaso com as ações coletivas e de prevenção foi a diminuição do orçamento do 
Ministério da Saúde, que chegou a representar menos que 1,0% dos recursos da 
União. 
Ocorreu uma progressiva eliminação da gestão tripartite das instituições 
previdenciárias, até sua extinção em 70. Ao mesmo tempo, a "contribuição do estado"se restringiu aos custos com a estrutura administrativa. A criação do INPS propiciou a 
implementação de uma política de saúde que levou ao desenvolvimento do complexo 
médico-industrial, em especial nas áreas de medicamentos e equipamentos médicos. 
Ao mesmo tempo, e em nome da racionalidade administrativa, o INPS deu prioridade 
à contratação de serviços de terceiros, em detrimento dos serviços próprios, decisão 
que acompanhou a postura do governo federal como um todo. De 69 a 75 a 
porcentagem de serviços comprados de terceiros representou cerca de 90% da 
despesa do INPS. 
A modalidade de compra de serviços adotada possibilitou o superfaturamento 
por parte dos serviços contratados, com prejuízo do atendimento médico prestado e 
colocando em risco o sistema financeiro da instituição. Para aumentar o faturamento, 
estes serviços utilizavam os expedientes de multiplicação e desdobramento de atos 
médicos, preferência por internações mais caras, ênfase em serviços cirúrgicos, além 
da baixa qualidade do pessoal técnico e dos equipamentos utilizados. 
A expansão do complexo previdenciário criou uma nova modalidade de 
atendimento, a medicina de grupo, estruturada a partir de convênios entre o INPS e 
empresas, ficando estas com a responsabilidade pela atenção médica de seus 
empregados. O convênio empresa foi a forma de articulação entre o Estado e o 
empresariado que viabilizou o nascimento e o desenvolvimento do subsistema que 
viria a se tornar hegemônico na década de 80, o da atenção médica supletiva. 
Apesar das atribuições definidas pelo Decreto Lei 200/67 para o Ministério da 
Saúde, com subordinação da assistência médica previdenciária à política nacional de 
saúde, a prática mostrava um Ministério esvaziado em suas competências. Foram 
incorporados a ele a Fundação SESP e a Fundação das Pioneiras Sociais, dando 
 
16 
 
início à autarquização do ministério, que acompanhava processo similar da 
administração federal. 
Por parte da saúde coletiva, as ações estavam dispersas num conjunto de 
Ministérios como o da Agricultura, dos Transportes, do Trabalho, do Interior, da 
Educação, dentre outros, e internamente ao Ministério da Saúde, em um conjunto de 
órgãos da administração direta e indireta. 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva 
AI-5 
Emenda 
Constitucional nº 1 
Modernização 
autoritária 
Ampliação de 
cobertura 
previdenciária 
Ampliação do 
complexo 
previdenciário 
Aumento dos gastos 
com saúde no âmbito 
da previdência 
Extensão de 
cobertura 
Modelo de compra de 
serviços 
Convênios com 
medicina de grupo 
Autarquização do MS 
Dispersa em 
vários 
ministérios e 
em órgãos da 
administração 
direta e indireta 
3.5 O Período 74/79: crise, reforma e consolidação da rede privada em saúde 
As alterações na conjuntura política, dos pontos de vista interno e externo, 
forçaram o Estado a fortalecer a opção pela Seguridade Social, como forma de buscar 
legitimidade, o que levou à intensificação do modelo, através do aumento crescente 
de cobertura e ampliação de benefícios. 
 No ano de 1974, foram criados o Ministério da Previdência e Assistência Social 
(MPAS) e o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS). A criação do Ministério 
significou o fortalecimento das ações de previdência no interior do aparelho estatal. A 
criação do FAS proporcionou a remodelação e a ampliação dos hospitais da rede 
privada, através de empréstimos com juros subsidiados. A existência de recursos para 
investimento e a criação de um mercado cativo de atenção médica para os 
prestadores privados levou a um crescimento próximo de 500% no número de leitos 
hospitalares privados no período 69/84, de tal forma que subiram de 74.543 em 1969 
para 348.255 em 1984. 
 O II Plano Nacional de Desenvolvimento, elaborado no mesmo período, 
consagrou a separação de ações de saúde coletiva e atenção médica, e reservou os 
primeiros ao setor estatal e os segundos, via previdência social, ao setor privado. O 
 
17 
 
plano institucionalizou o modelo médico assistencial privativista e definiu 
competências para as instituições públicas e privadas. Ocorreu uma autonomização 
da política de assistência médica previdenciária, em função da revogação de parte 
do Decreto Lei 200, que estabelecia a necessidade de sua obediência à política 
nacional de saúde. 
A falta de controle sobre os serviços contratados criou condições para que a 
corrupção atingisse, em 1974, níveis que ameaçavam o equilíbrio financeiro da 
previdência. Foram definidos, então, mecanismos de enfrentamento da crise, com o 
objetivo de controlar as distorções do modo vigente, criando condições que 
possibilitassem a continuidade da expansão, sem alterar substancialmente o mesmo. 
Foram definidos mecanismos de controle ao setor contratado, através da criação da 
Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV), da 
ampliação dos convênios (convênios com sindicatos, universidades, prefeituras, 
governos estaduais, dentre outros) e da normatização e criação de novos mecanismos 
institucionais de relação público-privado e entre esferas de governo. Dentre estes, 
merece destaque o Plano de Pronta Ação (PPA) e o Sistema Nacional de Previdência 
Social (SINPAS). O PPA tinha como objetivo desburocratizar o atendimento dos casos 
de emergência, o que levou à universalização do atendimento das mesmas. Foram 
estabelecidas formas de relacionamento através de contratos, com pagamento de 
serviços prestados e convênios, com repasse de subsídios fixos. O PPA teve 
importância em virtude do início da universalização do atendimento com recursos 
previdenciários e por remunerar instituições estatais. 
A criação do SINPAS tinha como objetivo disciplinar a concessão e 
manutenção de benefícios e prestação de serviços, o custeio de atividades e 
programas, a gestão administrativa, financeira e patrimonial da previdência. Foram 
criados o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e 
o Instituto de Arrecadação da Previdência Social – (IAPAS), além de integrar os 
órgãos já existentes. A criação do SINPAS pode ser compreendida no processo de 
crescente tendência à universalização e à adoção do modelo de Seguridade Social. 
Neste período foram definidas as bases que permitiram a hegemonia na 
década de 70, do modelo assistencial privativista. De acordo com Mendes, este 
modelo se assenta no seguinte tripé: (a) o Estado como financiador do sistema, 
através da Previdência Social; (b) o setor privado nacional como maior prestador de 
 
18 
 
serviços de assistência médica; (c) o setor privado internacional como mais 
significativo produtor de insumos, em especial equipamentos médicos e 
medicamentos. 
Em relação às ações de saúde coletiva, percebeu-se uma coincidência entre 
as propostas internacionais de cuidados primários em saúde, decorrentes da 
Conferência de Alma-Ata, da qual o Brasil é um dos signatários, e a necessidade 
interna de desenvolver e expandir cobertura para contingentes populacionais 
excluídos pelo modelo previdenciário. 
Tendo como referência as experiências em vigor, as recomendações 
internacionais e a necessidade de expandir cobertura, em 1976 iniciou-se o Programa 
de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS). Concebido na 
Secretaria de Planejamento da Presidência da República, o PIASS se configurou 
como o primeiro programa de medicina simplificada do nível federal e permitia a 
entrada de técnicos provenientes do "movimento sanitário" no interior do aparelho de 
Estado. O programa concentrou suas ações nas Secretarias Estaduais de Saúde, que 
adotaram modelos desconcentrados. Em 1979 foi estendido a todo território nacional, 
o que resultou numa grande expansão da rede ambulatorial pública. 
Esta época pode ser definida como o início do movimento contra hegemônico 
que, nos anos 80, viria a se conformar como o projeto da Reforma Sanitária Brasileira.Em todo o País surgiram movimentos de trabalhadores de saúde. Foram criados o 
Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) e a Associação Brasileira de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), que participaram do processo de 
sistematização das propostas de mudança do modelo de saúde em vigor. 
Aconteceram também os primeiros encontros de secretários municipais de saúde, 
alimentando um incipiente, mas crescente, movimento municipalista em saúde. 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde 
coletiva 
- II PND 
- MPAS 
- FAS 
- SINPAS 
- Disciplina 
concessão de 
benefícios, 
prestação de 
serviços e 
administração da 
previdência 
- Remodelação 
e ampliação dos 
hospitais da rede 
privada 
- Criação do 
INAMPS 
- Separação 
das ações de 
- Cuidad
os 
primários 
em saúde 
(Alma-Ata) 
- PIASS 
- CEBES 
 
19 
 
saúde pública e 
assistência 
- ABRAS
CO 
3.6 A Década de 80: Eclosão da Crise Estrutural e a Consolidação das 
Propostas Reformadoras 
O Brasil vivia um quadro político e econômico marcado por dificuldades no 
panorama nacional e internacional, caracterizado por um processo inflacionário e por 
uma crise fiscal sem controle, ao lado do crescimento dos movimentos oposicionistas 
e de divisões internas nas forças que apoiavam o regime. A derrota do governo nas 
eleições de 1982, agregada ao crescimento do processo recessivo, quebrou as 
coesão interna do regime, determinando um redesenho de seus pactos. Teve início 
neste momento os movimentos em direção ao processo de redemocratização do País. 
Os anos 80/83 foram um período de eclosão de três crises: (a) a crise ideológica; (b) 
a crise financeira; (c) a crise político-institucional. 
A crise ideológica se caracterizou pela necessidade de reestruturação e 
ampliação dos serviços de saúde. Inspirados pelas experiências anteriormente 
relatadas e pela repercussão interna da Conferência de Alma-Ata, onde os países 
participantes reconheceram a atenção primária e a participação comunitária como 
estratégias para a conquista da meta de "Saúde para todos no ano 2.000", foi 
formulado o PREV-SAÚDE. Este projeto incorporou os pressupostos de 
hierarquização, participação comunitária, integração de serviços, regionalização e 
extensão de cobertura. A discussão do projeto fez eclodir uma divisão profunda entre 
a equipe responsável pelo mesmo e alguns setores interessados na questão saúde, 
principalmente a Federação Brasileira de Hospitais. Isto fez com que surgissem 
versões diferentes do PREV-SAÚDE, e que o mesmo tenha sido caracterizado como 
"natimorto", não chegando a ser implementado. 
A crise financeira foi decorrente do déficit crescente desde 1980. Em 
contradição com um sistema em franca expansão, a base de financiamento 
continuava sem qualquer alteração. Havia um desacordo entre a crescente absorção 
de faixas cada vez mais extensas da população cobertas pela proteção social, e a 
manutenção de um regime financeiro calcado na relação contratual. 
Ao lado da restrição das fontes de financiamento, com ausência do Estado no 
financiamento da previdência, e da expansão de cobertura, o modelo de 
 
20 
 
privilegiamento dos produtores privados de serviços de saúde implantado era 
corruptor, incontrolável e sofisticado, o que o tornava extremamente oneroso. Isto 
levou a propostas de contenção de despesas, especialmente da assistência médica. 
A crise político-institucional foi marcada pela criação do Conselho Consultivo 
da Administração de Saúde Previdenciária (CONASP), em 1981, com o objetivo de 
"operar sobre a organização e o aperfeiçoamento da assistência médica, sugerir 
critérios de alocação de recursos previdenciários para este fim, recomendar políticas 
de financiamento e de assistência à saúde, analisar e avaliar a operação e o controle 
da Secretaria de Assistência Médica da Previdência Social". 
O CONASP era composto por representantes de diferentes ministérios, por 
representantes da sociedade civil, e de parte dos prestadores de serviços de saúde 
contratados/conveniados. As propostas, de inspiração racionalizadora, visando cortar 
custos, tinham no documento " Reorganização da Assistência Médica no Âmbito da 
Previdência Social", formulado em 1982, sua maior expressão. O documento 
recuperou propostas anteriormente colocadas pelo PREV-SAÚDE, no sentido da 
hierarquização, regionalização, descentralização, integração de serviços, dentre 
outros. Propunha mudanças na sistemática de pagamentos, introduziu novos 
mecanismos de auditoria técnica e tinha a proposta da plena utilização da capacidade 
instalada dos serviços públicos de saúde, incluindo os estaduais e municipais. 
Ao lado das propostas racionalizadoras do CONASP, cresciam os movimentos 
reformadores da saúde, e o movimento oposicionista no País. Em 1982 foram eleitos 
vários prefeitos comprometidos com as propostas de descentralização, o que levou a 
bem sucedidas experiências municipais de atenção à saúde. 
A proposta do CONASP foi consubstanciada nas Ações Integradas de Saúde 
(AIS), que podem ser divididas em dois momentos: um anterior e outro posterior à 
Nova República. Mais do que um programa dentro do INAMPS e das Secretarias de 
Saúde, as AIS's passaram da estratégia setorial para a reforma da política de saúde. 
 
 
21 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Em 1984, eram destinados às AIS's 4% do orçamento do INAMPS passando 
para 12% em 1986. Ao lado do aumento de recursos destinados ao setor público, 
merecem destaque a universalização no uso de recursos previdenciários e a 
incorporação de novos atores na disputa pelos mesmos. Em 88 as AIS's abrangiam 
todos os estados e 2.500 dos pouco mais de 4.000 municípios então existentes. 
No governo da Nova República, a proposta das AIS's foi fortalecida e este 
fortalecimento passou pela valorização das instâncias de gestão colegiada, com 
participação de usuários dos serviços de saúde. 
Em 1986, foi realizada em Brasília a VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS), 
com ampla participação de trabalhadores, governos, usuários e parte dos prestadores 
de serviços de saúde. Precedida de conferências municipais e estaduais, a VIII CNS 
significou um marco na formulação das propostas de mudança no setor de saúde, 
consolidadas na Reforma Sanitária Brasileira. Seu documento final sistematiza o 
processo de construção de um modelo reformador para a saúde, que é definida como: 
" resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio 
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e 
acesso a serviços de saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado das formas de 
organização social da produção, as quais podem gerar desigualdades nos níveis de 
 
22 
 
vida". Este documento serviu de base para as negociações na Assembleia Nacional 
Constituinte, que se reuniria logo após. 
Paralelo ao processo de elaboração da Constituição Federal, uma outra 
iniciativa de reformulação do sistema foi implementada, o Sistema Unificado e 
Descentralizado de Saúde (SUDS). Idealizado enquanto estratégia de transição em 
direção ao SUS, propunha a transferência dos serviços do INAMPS para estados e 
municípios. O SUDS pode ser percebido como uma estadualização de serviços. O seu 
principal ganho foi a incorporação dos governadores de estado no processo de disputa 
por serviços previdenciários. Contudo, a estadualização, em alguns casos, levou à 
retração de recursos estaduais para a saúde e à apropriação de recursos federais 
para outras ações, além de possibilitar a negociação clientelista com os municípios. 
Enquanto resultante dos embates e das diferentes propostas em relação ao 
setor de saúde presentes na Assembleia Nacional Constituinte, a Constituição Federal 
de 1988 aprovou a criação do SUS, reconhecendo a saúde como um direito a ser 
assegurado pelo Estado e pautado pelos princípios de universalidade, equidade, 
integralidade e organizado de maneiradescentralizada, hierarquizada e com 
participação da população. 
 
Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde 
coletiva 
- Redemocratiz
ação 
- Nova 
República 
- Constituição 
de 1988 
- Lei Orgânica 
da Saúde 
- PREV-SAÚDE 
- CONASP 
- Seguridade 
Social 
- Crescimento 
da medicina 
supletiva 
- Universalizaçã
o 
- AIS 
- VIII CNS 
- SUDS 
- SUS 
- Criaçã
o do SUS 
- Formali
zação do 
conceito 
amplo de 
saúde 
 
 
23 
 
 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
4.1 PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E ORGANIZATIVOS 
 
Fonte:image.slidesharecdn.com 
A primeira e maior novidade do SUS é seu conceito de saúde. Este "conceito 
ampliado de saúde", resultado de embates teóricos e políticos, como foi visto 
anteriormente, trouxe com ele um diagnóstico das dificuldades que o setor saúde 
enfrentou historicamente, e a certeza de que a reversão deste quadro extrapolava 
limites restritivos da noção vigente. Encarar saúde apenas como ausência de 
doenças, nos legou um quadro repleto não só das próprias doenças, como de 
desigualdades, insatisfação dos usuários, exclusão, baixa qualidade e falta de 
comprometimento profissional. 
Para enfrentar esta situação era necessário transformar a concepção de saúde, 
de serviços de saúde, e até mesmo de sociedade. Uma coisa era se deparar com a 
necessidade de abrir unidades, contratar profissionais, comprar medicamentos. Outra 
tarefa era conceber a atenção à saúde como um projeto que iguala saúde com 
condições de vida. O direito à saúde, nesta visão, se confunde com o direito à vida. 
Este conceito ampliado, ao definir os elementos condicionantes da saúde, incorpora: 
 Meio físico (condições geográficas, água, alimentação, habitação, etc.) 
 
24 
 
 Meio socioeconômico (emprego, renda, educação, alimentação, educação, 
hábitos, etc.) 
 A garantia de acesso aos serviços de saúde responsáveis pela promoção, 
proteção e recuperação da saúde. 
Ou seja, para se ter saúde é preciso possuir um conjunto de fatores, como 
alimentação, moradia, emprego, lazer, educação, etc. A saúde se expressa como um 
retrato das condições de vida. Por outro lado, a ausência de saúde não se relaciona 
apenas com a inexistência ou a baixa qualidade dos serviços de saúde, mas com todo 
este conjunto de determinantes. 
A saúde precisa, desta forma, incorporar novas dimensões e se torna 
responsável por conquistas que, até então, se colocavam externas a ela. O sistema 
de saúde deve se relacionar com todas as forças políticas que caminhem na mesma 
direção, como a defesa do meio ambiente, o movimento contra a fome, as 
manifestações pela cidadania, contra a violência no trânsito, pela reforma agrária, etc. 
O SUS, ao abraçar este conceito, pressupõe ainda a democratização interna da 
gestão dos serviços e dos sistemas de saúde, como um elemento a mais no 
movimento de construção da cidadania. 
Antes de entrar na doutrina e nos princípios organizativos do SUS, é importante 
frisar dois aspectos. Em primeiro lugar o SUS faz parte das ações definidas na 
Constituição como sendo de "relevância pública", ou seja, é atribuído ao poder público 
a regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e serviços de saúde, 
independente da execução direta dos mesmos. De acordo com Flávio Andrade 
Goulart, "as competências decorrentes da relevância pública envolvem, certamente, 
o exercício de um poder regulador, de arbitragem e de intervenção executiva por parte 
das esferas do poder público e, por consequência, de suas agências de prestação de 
serviços". Este poder público pode ser traduzido como autoridade e responsabilidade 
sanitárias. Em segundo lugar, a saúde faz parte de um sistema mais amplo, o Sistema 
da Seguridade Social. De acordo com o artigo 194 da Constituição, "a Seguridade 
Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos 
e da sociedade destinada a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social". 
Ao lado do conceito ampliado de saúde, o SUS traz dois outros conceitos 
importantes, o de sistema e a ideia de unicidade. A noção de sistema significa que 
 
25 
 
não estamos falando de um novo serviço ou órgão público, mas de um conjunto de 
várias instituições, dos três níveis de governo e do setor privado contratado e 
conveniado, que interagem para um fim comum. Na lógica do sistema público, os 
serviços contratados e conveniados são seguidores dos mesmos princípios e das 
mesmas normas do serviço público. Os elementos integrantes do sistema referem-se 
ao mesmo tempo às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. 
Este sistema é único, ou seja, deve ter a mesma doutrina e a mesma forma de 
organização em todo o país. Mas, é preciso compreender bem esta ideia de unicidade. 
Num país com tamanha diversidade cultural, econômica e social como o Brasil, pensar 
em organizar um sistema sem levar em conta estas diferenças seria uma temeridade. 
O que é definido como único na Constituição é um conjunto de elementos doutrinários 
e de organização de sistema de saúde, os princípios da universalização, da equidade, 
da integralidade, da descentralização e da participação popular. Estes elementos se 
relacionam com as peculiaridades e determinações locais, através de formas previstas 
de aproximação da gerência aos cidadãos, seja com a descentralização político-
administrativa, seja através do controle social do sistema. 
 PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS 
5.1 Universalização 
Historicamente quem tinha direito à saúde no Brasil eram apenas os 
trabalhadores segurados do INPS e depois do INAMPS. Com o SUS isto é diferente, 
pois a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado 
assegurar este direito. Neste sentido, o acesso às ações e serviços deve ser garantido 
a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras 
características sociais ou pessoais. O SUS foi implantado com a responsabilidade de 
tornar realidade este princípio. 
5.2 Equidade 
O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isto não significa que a 
equidade seja sinônimo de igualdade. Apesar de todos terem direito aos serviços, as 
 
26 
 
pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades diferentes. Equidade significa 
tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. Para isso, 
a rede de serviços deve estar atenta às necessidades reais da população a ser 
atendida. A equidade é sinônimo de justiça social. 
5.3 Integralidade 
O princípio da integralidade significa considerar a pessoa como um todo, 
atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de 
ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a 
reabilitação. Ao mesmo tempo, o princípio da integralidade pressupõe a articulação 
da saúde com outras políticas públicas, como forma de assegurar uma atuação 
intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade 
de vida dos indivíduos. 
5.4 Princípios Organizativos 
Para organizar o SUS, a partir dos princípios doutrinários apresentados e 
levando-se em consideração a ideia de seguridade social e relevância pública, 
existem algumas diretrizes que orientam o processo. Na verdade, tratam-se de formas 
de concretizar o SUS na prática. 
5.5 Regionalização e Hierarquização 
A regionalização e a hierarquização de serviços significa que os serviços 
devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma 
determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com 
definição e conhecimento da clientela a ser atendida. Como se trata aqui de 
"princípios", de indicativos, este conhecimento é muito mais uma perspectiva de 
atuação do que uma delimitação rígida de regiões, clientelas e serviços. 
A regionalização é, na maioria das vezes, um processo de articulação entre os 
serviços já existentes, buscando o comando unificadodos mesmos. A hierarquização 
deve, além de proceder a divisão de níveis de atenção, garantir formas de acesso a 
 
27 
 
serviços que componham toda a complexidade requerida para o caso, no limite dos 
recursos disponíveis numa dada região. Deve Aída incorporar-se à rotina de 
acompanhamento dos serviços, com fluxos de encaminhamento (referência) e de 
retorno de informações ao nível básico do serviço (contra referência). Estes caminhos 
somam à integralidade da atenção com o controle e a racionalidade dos gastos no 
sistema. 
5.6 Descentralização e Comando Único 
Descentralizar é redistribuir poder entre os níveis de governo. Na saúde, a 
descentralização tem como objetivo prestar serviços com maior qualidade e garantir 
o controle e a fiscalização pelos cidadãos. Quanto mais perto tiver a decisão, maior a 
chance de acerto. No SUS a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada 
até o município. Isto significa dotar o município de condições gerenciais, técnicas, 
administrativas e financeiras para exercer esta função. 
 A decisão deve ser de quem executa, que deve ser o que está mais perto do 
problema. A descentralização, ou municipalização, é uma forma de aproximar o 
cidadão das decisões do setor e significa a responsabilização do município pela saúde 
de seus cidadãos. É também uma forma de intervir na qualidade dos serviços 
prestados. 
Para fazer valer o princípio da descentralização, existe a concepção 
constitucional do mando único. Cada esfera de governo é autônoma e soberana nas 
suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da 
sociedade. Assim, a autoridade sanitária do SUS é exercida na União pelo ministro da 
saúde, nos estados pelos secretários estaduais de saúde e nos municípios pelos 
secretários ou chefes de departamentos de saúde. Eles são também conhecidos 
como “gestores” do sistema de saúde. 
5.7 Participação Popular 
O SUS foi fruto de um amplo debate democrático. Mas a participação da 
sociedade não se esgotou nas discussões que deram origem ao SUS. Esta 
democratização também deve estar presente no dia-a-dia do sistema. Para isto, 
 
28 
 
devem ser criados Conselhos e as Conferências de Saúde, que tem como função 
formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde. 
Os Conselhos de Saúde, que devem existir nos três níveis de governo, são 
órgãos deliberativos, de caráter permanente, compostos com a representatividade de 
toda a sociedade. Sua composição deve ser paritária, com metade de seus membros 
representando os usuários e a outra metade, o conjunto composto por governo, 
trabalhadores da saúde e prestadores privados. Os conselhos devem ser criados por 
lei do respectivo âmbito de governo, onde serão definidas a composição do colegiado 
e outras normas de seu funcionamento, 
As Conferências de Saúde são fóruns com representação de vários segmentos 
sociais que se reúnem para propor diretrizes, avaliar a situação da saúde e ajudar na 
definição da política de saúde. Devem ser realizadas em todos os níveis de governo. 
Um último aspecto que merece destaque é o da complementaridade do setor 
privado. Este princípio se traduz nas condições sob as quais o setor privado deve ser 
contratado, caso o setor público se mostre incapaz de atender a demanda 
programada. Em primeiro lugar, entre os serviços privados devem ter prioridade os 
não lucrativos ou filantrópicos. Para a celebração dos contratos deverão ser seguidas 
as regras do direito público. Em suma, trata-se de fazer valer, na contratação destes 
serviços, a lógica do público e as diretrizes do SUS. Todo serviço privado contratado 
passa a seguir as determinações do sistema público, em termos de regras de 
funcionamento, organização e articulação com o restante da rede. Para a contratação 
de serviços, os gestores deverão proceder a licitação, de acordo com a Lei Federal nº 
8666/93. 
A criação do SUS, feita pela Constituição Federal, foi posteriormente 
regulamentada através das Leis 8080/90, conhecida como Lei Orgânica, e 81421/90. 
Estas leis definem as atribuições dos diferentes níveis de governo com a saúde; 
estabelecem responsabilidades nas áreas de vigilância sanitária, epidemiológica e 
saúde do trabalhador; regulamentam o financiamento e os espaços de participação 
popular; formalizam o entendimento da saúde como área de “relevância pública” e a 
relação do poder público com as entidades privadas com base nas normas do direito 
público.; dentre outros vários princípios fundamentais do SUS. Outros instrumentos 
têm sido utilizados para possibilitar a operacionalização do Sistema, dentre eles as 
 
29 
 
Normas Operacionais Básicas do Sistema Único de Saúde, publicadas pelo Ministério 
da Saúde, sob forma de portaria. 
 BIBLIOGRAFIA 
BARROS, M. E. D.; PIOLA, S. F. & VIANNA, S. M. Política de Saúde no Brasil: 
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Pesquisa econômica Aplicada (Epea). Plano Decenal de Desenvolvimento econômico 
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Recuperação da Saúde. Rio de Janeiro, 1968. 
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BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Saúde. Anais da V Conferência 
Nacional de Saúde. Brasília, 1975. 
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18/08/1976. Brasília, 1976. 
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Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde, jul., 2002. 
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Descentralização no Sistema Único de Saúde. Ministério da Saúde (Secretaria de 
Assistência à Saúde/Secretaria de Políticas de Saúde), s.d. 
CAMPOS, O. Planejamento Setorial de Saúde. Rio de Janeiro: Fundação de Recursos 
Humanos para a Saúde, s.d. (Departamento de Administração e Planejamento.) 
 
30 
 
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São Paulo: Pioneira, 1975. 
GENTILE DE MELLO, C. Saúde e Assistência Médica no Brasil. São Paulo: 
Cebes/Hucitec, 1977. 
LUZ, M. T. As Instituições Médicas no Brasil: instituição e estratégia de hegemonia. 
Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. 
MACHADO, M. H. (Coord.) Os Médicos no Brasil: um retrato da realidade. Rio de 
Janeiro: Editora Fiocruz, 1997. 
NUNES, A. et al. (Coords.) Medindo as Desigualdades em Saúde no Brasil. Brasília: 
Opas/ OMS/Ipea., 2001. 
PIOLA, S.; VIANNA, S. M. & OSÓRIO, R. G. Saúde no Brasil na Década de 1990. 
Brasília: Instituto de Pesquisa econômica Aplicada (Ipea), jun., 2002. 
PORTO, S. M. et al. Metodologia de Alocação Equitativa de Recursos (Relatório Final) 
Rio de Janeiro: Fiocruz (Fundação Ensptec), jan., 2002. 
RODRIGUES, B. de A. Fundamentos de Administração Sanitária. Rio de Janeiro: 
Freitas Bastos, 1967. 
 
 
 
31 
 
 LEITURA COMPLEMENTAR 
Educação em saúde e busca ativa de casos de hanseníase em uma 
escola pública em Ananindeua, Pará, Brasil 
 
Bruna Ranyelle Marinho Sousa. Universidade Federal do Pará (UFPA). bruna-
ranyelle@hotmail.com (Autora correspondente) Francisco Hepaminondas Abreu Moraes. 
Universidade Federal do Pará (UFPA). hepaminondasmoraes@hotmail.com 
Jocyane Souza Andrade. Universidade Federal do Pará (UFPA). cyanny_10@yahoo.com.br 
Ennye Sakaguchi Lobo. Hospital Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, Belém (PA). 
enalawolf@hotmail.com 
Enerli Araújo Macedo. Prefeitura Municipalde Ananindeua (PA). henerli@hotmail.com 
Carla Andréa Avelar Pires. Universidade Federal do Pará (UFPA). 
carlaavelarpires@bol.com.br 
Egon Luiz Rodrigues Daxbacher. Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). 
egondax@gmail.com 
 
Resumo 
 
Objetivo: Descrever ação para o controle da hanseníase por meio da 
educação em saúde e da busca ativa de casos na faixa etária escolar, em uma 
instituição pública de ensino do município de Ananindeua, Pará. Métodos: Trata-se 
de estudo descritivo, conduzido em uma instituição pública de ensino, incluindo 
estudantes do ensino fundamental. Em outubro e novembro de 2010 foram realizadas 
palestras na escola sobre hanseníase e outras dermatoses e, em seguida, foi feita 
uma triagem com os alunos que apresentaram alguma mancha na pele. No total de 
532 alunos envolvidos, foram identificados 55 alunos como casos suspeitos para 
hanseníase. Esses alunos foram conduzidos para consulta dermatológica, sendo 
realizados o exame clínico e a aplicação de questionários sociodemográficos. 
Resultados: A face (49%) e os membros superiores (45%) foram as principais 
regiões do corpo com lesões. Na maioria dos casos investigados tratava-se de 
pitiríase alba (42%) e pitiríase versicolor (31%). Entretanto, diagnosticou-se um caso 
de hanseníase (2%), na forma clínica tuberculóide. Conclusão: Considerando a 
abrangência do estudo, o número de casos de hanseníase encontrado é significativo 
e reafirma a alta taxa de detecção de hanseníase em menores de 15 anos no 
mailto:egondax@gmail.com
 
32 
 
município. Ações de vigilância epidemiológica devem ser intensificadas, no sentido de 
detectar a doença mais precocemente, contribuindo para a redução de estigmas e da 
restrição à participação social. 
Palavras-chave: Hanseníase. Mycobacterium leprae. Adolescentes. Educação 
em Saúde. Estudos Transversais. 
 
7.1 Introdução 
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pela Mycobacterium 
leprae. Apresenta evolução crônica, atingindo predominantemente a pele e os nervos 
periféricos. É considerada potencialmente incapacitante e, embora curável, seu 
diagnóstico ainda causa grande impacto psicossocial e comprometimento da 
qualidade de vida1,2. Trata-se de uma doença endêmica no Brasil, o que torna o país 
responsável por 93% dos casos de hanseníase no continente americano. O Brasil 
apresentou em 2011 coeficiente geral de detecção de novos casos de 17,65/100.000 
habitantes. Nesse ano foram diagnosticados 33.955 casos novos, sendo 2.420 
(7,12%) em menores de 15 anos. Segundo o Ministério da Saúde, observou-se ainda 
que 2.165 pacientes apresentaram grau II de incapacidade3,4. 
No estado do Pará, o coeficiente geral de detecção de novos casos na faixa 
etária de menores de 15 anos foi de 18,29/100.000 habitantes, sendo classificado 
como hiperendêmico e revelando a persistência na transmissão da doença e as 
dificuldades dos programas de saúde para o controle desse agravo4,5. 
O município de Ananindeua, segundo mais populoso do Pará, é um dos 87 
municípios do estado com situação hiperendêmica para hanseníase em crianças e 
adolescentes. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação 
(SINAN), fornecidos pela Secretaria de Vigilância Epidemiológica de Ananindeua, o 
coeficiente de detecção de novos casos foi 6/100.000 em 2008 e, apesar da redução 
de 45% em relação a 2004, as políticas de controle de hanseníase precisam continuar 
e se intensificar. Entre os menores de 15 anos com hanseníase, a faixa etária com 
maior quantidade de casos é a de 10 a 14 anos. Segundo o SINAN, a hanseníase 
mostrou-se mais incidente em homens, 57% em 2008, sendo que a forma clínica de 
notificação mais acometida foi a dimorfa e que 69% dos casos foram multibacilares6. 
 
33 
 
Para a transmissão da hanseníase, é necessário o convívio prolongado com 
pacientes transmissores do bacilo de Hansen. Tais bacilos são eliminados pelas 
secreções nasais e da orofaringe dos indivíduos multibacilares e penetram no 
organismo do indivíduo sadio pelas vias aéreas superiores7. Estudos relatam a 
participação de fatores genéticos contribuindo para a infecção e fenótipos clínicos da 
hanseníase8. 
A doença, inicialmente, pode se manifestar por meio de lesões de pele, tais 
como máculas hipocrômicas ou avermelhadas que apresentam alteração de 
sensibilidade. Essas lesões ocorrem em qualquer região do corpo, mas com maior 
frequência na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas. Podem aparecer 
nervos espessados e doloridos, diminuição de sensibilidade nas áreas inervadas, 
resultando em comprometimento sensitivo, motor e autonômico (alterações de 
glândulas sudoríparas e sebáceas) responsáveis pelas incapacidades e deformidades 
características da hanseníase9. O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado nos 
sinais e sintomas, no exame da pele (avaliação dermatoneurológica) e dos nervos 
periféricos e na história epidemiológica. Excepcionalmente há necessidade de auxílio 
laboratorial para a confirmação diagnóstica, sendo que seu diagnóstico é de 
competência da atenção primária à saúde7. 
A hanseníase é uma enfermidade considerada de adultos devido ao seu longo 
período de incubação, entretanto, em áreas endêmicas e quando ocorrem casos na 
família, o risco de crianças adoecerem aumenta. A ocorrência de hanseníase em 
menores de 15 anos reflete a exposição precoce e intensa, com alta carga bacilar. 
Dessa forma, a ocorrência de hanseníase em crianças é considerada um indicador da 
prevalência da doença na população geral e sua detecção é importante, uma vez que 
indica a necessidade de atividades de vigilância epidemiológica para busca de 
contactantes e identificação do caso fonte10,11. 
O Programa Nacional de Controle de Hanseníase (PNCH) tem como prioridade 
a redução de casos em menores de 15 anos de idade, pois esses casos têm relação 
com doença recente e focos de transmissão ativos. Seu monitoramento 
epidemiológico é de grande relevância para o controle da hanseníase12. Na Estratégia 
Global para Redução Adicional da Carga da Hanseníase quinquênio de 2011 a 2015, 
da Organização Mundial da Saúde, reiterou-se que o controle da hanseníase 
 
34 
 
continuará a depender da detecção precoce e do tratamento com a poliquimioterapia 
(PQT)13. 
Nesse sentido, é de grande importância que no estado do Pará, especialmente 
na cidade de Ananindeua, sejam exercidas ações visando o diagnóstico precoce, tais 
como a busca ativa de casos, além de ações de educação em saúde para o maior 
controle da hanseníase, principalmente na faixa etária escolar, na qual os índices de 
detecção são altos, indicativos de focos ativos de transmissão. 
Nesse contexto, esse estudo teve como objetivo contribuir para o controle da 
hanseníase por meio da educação em saúde e da busca ativa de casos na faixa etária 
escolar em uma escola pública do município de Ananindeua, estado do Pará, 
fornecendo informações e realizando exame dermatológico a fim de diagnosticar 
precocemente os casos de hanseníase e de outras dermatoses nessa população. 
7.2 Metodologia 
Trata-se de estudo descritivo, tendo como base populacional estudantes do 
ensino fundamental (6º ao 9º ano) de uma escola municipal localizada no município 
de Ananindeua, Pará, no Conjunto Stélio Maroja. O estudo foi realizado nos meses de 
outubro e novembro de 2010 e consistiu de duas etapas: educação em saúde na 
escola e consulta dos alunos selecionados. 
Inicialmente foram realizadas atividades de educação em saúde com os 532 
alunos matriculados no ensino fundamental (6º ao 9º ano), por meio de palestras 
ministradas de sala em sala, nos turnos da manhã e da tarde, com o objetivo de 
orientar e informar os estudantes sobre a hanseníase, a importância do diagnóstico 
precoce e o tratamento. Outras doenças dermatológicas foram também abordadas, 
com o intuito de realizar o diagnóstico diferencial com a hanseníase. Duranteesse 
primeiro momento, cada aluno recebeu uma ficha para preenchimento de informações 
sobre dados pessoais e sociodemográficos que deveria ser preenchida caso o 
entrevistado relatasse a presença de alguma alteração na pele. Ao final das palestras, 
foram selecionados os alunos que apresentavam mácula hipocrômica ou eritematosa 
ou outra lesão sugestiva de hanseníase e que aceitaram participar da pesquisa. 
Dessa forma, a população do estudo foi composta por 55 (cinquenta e cinco) 
alunos que inicialmente preencheram um questionário sociodemográfico e que 
 
35 
 
posteriormente foram encaminhados para a avaliação dermatoneurológica realizada 
por uma médica dermatologista, constituindo-se na segunda etapa do projeto. Os pais 
e/ou responsáveis assinaram Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) 
permitindo a participação dos menores no estudo. 
As crianças com problemas dermatológicos simples identificados receberam 
prescrição durante a realização da consulta com a médica especializada. Aquelas 
identificadas como portadoras de hanseníase foram encaminhadas à unidade básica 
de saúde do bairro para realizar tratamento específico. 
Importante ressaltar que os professores e a diretora se mostraram muito 
solícitos durante a realização da pesquisa, compreendendo a importância do estudo 
e contribuindo para o seu desenvolvimento, disponibilizando parte do tempo de aula 
para que fossem realizadas as palestras sobre hanseníase e demais alterações 
dermatológicas. Os pais e/ou responsáveis, entretanto, apesar de terem assinado o 
TCLE e terem sido esclarecidos sobre a importância da consulta dermatológica, não 
se mostraram muito ativos e interessados nos resultados que seriam obtidos com a 
realização do estudo. 
Os resultados obtidos foram armazenados em banco de dados para serem 
analisados e demonstrados por meio de tabelas e figuras, utilizando o software 
Microsoft Office Excel 2007. 
O presente trabalho seguiu as recomendações do Conselho Nacional de Ética 
em Pesquisa (CONEP), sendo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do 
Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará (ICS-UFPA), CAAE 
3167.0.000.073-10 e parecer nº 112/10. 
7.3 Resultados 
O perfil sociodemográfico dos alunos selecionados para a consulta 
dermatológica (Tabela 1) mostrou predominância do gênero feminino, faixa etária 
entre 12 e 14 anos incompletos e cor parda. Com relação à escolaridade, o número 
de alunos por ano foi bem distribuído, sendo a maioria dos alunos atendidos 
estudantes do 6º ano e do turno da manhã. 
 
36 
 
Quanto à procedência (Tabela 2), verificou-se que a maioria dos alunos 
atendidos pela pesquisa era da localidade Nova Esperança, situada no bairro do 
Coqueiro, próximo ao Conjunto Stélio Maroja. 
De acordo com o Figura 1, verifica-se que, conforme relato dos entrevistados, 
as principais regiões do corpo que apresentavam as lesões foram: a face (49%), os 
membros superiores (45%) e o tórax (33%). 
Com a realização da consulta dermatológica foi possível estabelecer o 
diagnóstico das manchas apresentadas pelos alunos (Figura 2). 
Tabela 1. Perfil sociodemográfico dos 55 alunos atendidos por consulta dermatológica 
no município de Ananindeua, Pará, em 2010. 
 
Variáveis Alunos (n) Alunos (%) 
Gênero 
Masculino 20 36 
Feminino 35 64 
Idade 
10 |— 12 15 27 
12 |— 14 19 35 
14 |— 16 16 29 
+ de 16 05 09 
Raça 
Branca 13 24 
Parda 26 47 
Negra 07 13 
Indígena 01 02 
Não declarou 08 14 
Série do ensino fundamental 
6º ano 18 33 
7º ano 12 22 
8º ano 11 20 
9º ano 14 25 
Turno 
Manhã 33 60 
Tarde 22 40 
 
 
Tabela 2. Procedência dos alunos que foram atendidos na consulta dermatológica no 
município de Ananindeua, Pará, em 2010. 
 
Localidades de Ananindeua Alunos (n) Alunos (%) 
 
37 
 
Conjunto Cidade Nova 09 16 
40 Horas 07 13 
Nova Esperança 19 34 
Conjunto Stélio Maroja 07 13 
Loteamento 28 de Agosto 05 09 
Outros 08 14 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Principais regiões do corpo que apresentavam lesões nos alunos 
entrevistados no município de Ananindeua, Pará, em 2010. 
 
 
 
38 
 
 
 
Observou-se que a maioria dos alunos apresentou pitiríase alba (42%), pitiríase 
versicolor (31%) e dermatite atópica (22%). Além disso, o estudo permitiu o 
diagnóstico precoce de um caso de hanseníase, na forma clínica tuberculóide, 
paucibacilar. O perfil do caso encontrado era: sexo masculino, pardo, 15 anos, 7ª 
série, morador do Loteamento 28 de Agosto. A lesão apresentava mácula hipocrômica 
com bordas papulosas, irregulares e limites imprecisos localizada em sua mão direita, 
além de placa eritematosa no cotovelo direito, com alteração de sensibilidade térmica 
e espessamento do nervo ulnar. Essa criança foi encaminhada à unidade básica de 
saúde mais próxima de sua residência e iniciou tratamento com poliquimioterapia para 
hanseníase. Foi realizada busca ativa de casos no domicílio, não tendo sido 
encontrando nenhum caso ativo, embora houvesse histórico familiar de hanseníase já 
tratada e curada. 
Durante as consultas do estudo, identificou-se ainda outro aluno, do sexo 
masculino, pardo, morador da área de ocupação Nova Esperança, que já teve a 
doença e concluiu o tratamento, apresentando apenas lesões residuais na pele. 
Importante salientar que as crianças não tiveram seu diagnóstico revelado para 
os colegas, não sendo expostas a nenhum tipo de preconceito. 
 
39 
 
7.4 Discussão 
Os dados encontrados sobre hanseníase são significativos dentro da 
população estudada, considerando-se os coeficientes utilizados pelo Programa 
Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH). O estado do Pará apresenta coeficiente 
de detecção de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos de 18,29/100.000 
habitantes, segundo dados de 20115. Nesse estudo, encontrou-se um caso de 
hanseníase em uma amostra de 532 alunos, o que evidencia uma taxa bastante alta, 
muito maior que os dados atuais apresentados para o estado do Pará, refletindo a 
condição hiperendêmica do município. Entretanto, é necessário considerar que tal 
discrepância talvez se deva à amostra bastante reduzida do estudo. 
A redução de casos em menores de 15 anos de idade, como o caso observado 
nesse estudo, é prioridade do PNCH, uma vez que esses casos têm relação com 
doença recente e focos de transmissão ativos e seu monitoramento epidemiológico é 
relevante para o controle da hanseníase12. 
Em um estudo semelhante feito por Silva et al.14 em estudantes de escolas 
públicas no município de Buriticupu, estado do Maranhão, foram identificados 20 
casos de hanseníase entre 14.653 estudantes, o que representa uma taxa de 
detecção de 1,36 casos para cada 1.000 indivíduos. Entre as faixas etárias 
observadas, a maior detecção de casos ocorreu entre 11 anos e 14 anos, com um 
total de 10 casos de hanseníase. Esse estudo apresenta dados semelhantes aos 
observados na presente pesquisa, que apresentou taxa de detecção de casos de 
1,87/1.000. 
A detecção de casos de hanseníase no sexo masculino, forma paucibacilar e 
com presença de histórico familiar nessa casuística está em consonância com o 
estudo de Lastória e Abreu15, que realizaram busca ativa de casos de hanseníase no 
estado de São Paulo. Eles encontraram um índice de detecção de 4% em menores 
de 15 anos, superior ao do presente estudo, provavelmente por limitação de amostra. 
Em estudo realizado por Ferreira et al.16 sobre dermatoses pediátricas, 
observou-se maior prevalência de dermatoses alérgicas (28,0%), seguidas por 
dermatoses inflamatórias (18,6%), dermatoses pigmentares (15,9%) e dermatoses 
infecciosas (14,4%). Em contrapartida, no presente estudo a maior prevalência foi de 
pitiríase alba (42%) e pitiríase versicolor (31%), assim como as dermatoses alérgicas 
representaram 22% dos casos. Laczynski e Cestari17 encontraram a pitiríase alba 
 
40 
 
entre as principaisdermatoses em crianças, principalmente de escola pública, o que 
corrobora dados do presente estudo. 
Um fato importante a ser discutido é a procedência dos casos diagnosticados 
pelo estudo. A maioria dos alunos era da localidade Nova Esperança (34%), Conjunto 
Cidade Nova (16%) e Conjunto Stélio Maroja (13%). A área de ocupação Nova 
Esperança é uma localidade que faz parte do Bairro do Coqueiro, em Ananindeua, 
constituindo uma área de condições higiênico-sanitárias precárias e que, de acordo 
com a investigação, apresentou um caso de hanseníase já tratada. O Conjunto Stélio 
Maroja é constituído em sua grande maioria por residências mal arejadas, pequenas 
e bastante próximas umas das outras, o que pode facilitar a transmissibilidade da 
hanseníase, bem como de outras doenças, tais como tuberculose e pneumonia. O 
caso ativo de hanseníase encontrado provém do Loteamento 28 de Agosto, que 
apresenta condições precárias semelhantes às do Conjunto Nova Esperança. Esses 
fatores são relevantes para a monitorizarão de áreas de risco e para a implementação 
de medidas de controle e planejamento das ações de vigilância em saúde. 
7.5 Conclusão 
O número de casos de hanseníase encontrados pode aparentemente ser 
irrelevante, no entanto, considerando o pequeno tamanho amostral, o resultado torna-
se significativo, reafirmando a alta detecção de hanseníase em menores de 15 anos 
no município, principalmente na faixa escolar. Isso revela a intensidade de 
transmissão da doença, alertando para o fato de que muitos outros casos podem estar 
ocultos na própria família ou localidade. 
Dessa forma, verifica-se a importância de proporcionar melhores condições de 
vida e moradia aos indivíduos com o objetivo de interromper a cadeia de 
transmissibilidade, além do monitoramento de áreas endêmicas e aumento de ações 
educativas e preventivas, a fim de se detectar a doença mais precocemente e evitar 
as consequências do diagnóstico tardio e dos estigmas sociais. Observa-se, assim, a 
necessidade de maiores estudos, especialmente nessa faixa etária que se apresenta 
como importante marcador de transmissão da hanseníase. 
Convém ressaltar que o estudo promoveu como benefício a educação em 
saúde para os alunos no que tange à hanseníase e outras dermatoses, permitindo 
 
41 
 
também que muitas dessas fossem diagnosticadas e tratadas. A alta incidência de 
pitiríase alba nos alunos, bem como a busca ativa de casos intradomiciliares de 
comunicantes de hanseníase, podem ser alvo de estudos futuros. 
 
 
42 
 
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