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Milena Lopes ROTEIRO 1 EPIDEMIOLOGIA, PROCESSO EPIDÊMICO, TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E DEMOGRÁFICA Discente: Milena Souza Lopes Turma: 5° Período 1). CONCEITUE EPIDEMIOLOGIA E FAÇA UMA EVOLUÇÃO HISTÓRICA SOBRE A EPIDEMIOLOGIA NO MUNDO E NO BRASIL. CONCEITO Para a Associação Internacional de Epidemiologia, criada em 1954, a Epidemiologia tem como objeto o “estudo de fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas”. O Dicionário de Epidemiologia de John Last a define como “o estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou eventos relacionados à saúde, em populações específicas, e a aplicação desse estudo para o controle de problemas de saúde” Ou seja, a epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde. HISTÓRIA O termo epidemiologia tem origem no grego: epi (sobre), demos (povo), logos (conhecimento), e terá sido utilizada inclusivamente por Hipócrates na Grécia antiga durante o século VI a.C. para descrever as doenças que relacionou com fatores pessoais e do meio ambiente. A evolução e a organização do pensamento epidemiológico contaram com diversos protagonistas e esteve sempre associada à preocupação em compreender e organizar a informação com vista à prevenção e controlo dos acontecimentos relacionados com a saúde das populações. Iniciou-se com conceitos fundamentais propostos por Hipócrates, há mais de dois mil e quinhentos anos, e passou pelo desenvolvimento, no século XVII, dos métodos observacionais por John Graunt, James Lind, Thomas Sydenham, William Petty e, ainda, pelas contribuições igualmente relevantes de William Farr, John Snow, Ignaz Semmelweis, Louis Pasteur, Robert Koch e Florence Nightingale, entre muitos outros. Hipócrates (460-377 a.C.), a quem é reconhecida a paternidade da Medicina, é igualmente considerado o autor dos fundamentos que estão na origem do denominado pensamento epidemiológico. Nos seus escritos tentou descrever a doença dando-lhe uma perspetiva racional, em vez de se fundamentar em argumentos sobrenaturais. Fez observações acerca da propagação das doenças e ainda sobre a forma como estas afetavam populações. Durante muitos séculos, as explicações para as doenças baseavam-se não nos métodos científicos, mas na religião, nos mitos e nas superstições. No seu tratado “Ares, Águas e Lugares”, Hipócrates especulou acerca das relações entre as doenças e o clima, a água, o solo e os ventos predominantes, sendo apresentadas descrições de doenças relacionadas com águas paradas em pântanos e lagos (como a malária, por exemplo). Ele estava certo ao referir que beber águas paradas era prejudicial, apesar de não conhecer a sua etiopatogenia, nomeadamente que as doenças daí decorrentes eram causadas por bactérias ou protozoários Milena Lopes transportados pelas excreções humanas que contaminavam a água e não pela água propriamente dita. Esse conhecimento só viria a ser sustentado em evidências científicas milhares de anos depois, com a descoberta do microscópio e com a identificação dos microrganismos. A revolução científica operada nos séculos XVII e XVIII, que culminou com os trabalhos de Galileu e Newton, como resultado de um longo e complexo processo, originou mudanças profundas de mentalidade que transformaram o mundo, em diversos aspetos. Com esta revolução surgiram as bases lógicas para o pensamento epidemiológico moderno. Durante esse período, os cientistas acreditavam que o comportamento do universo físico era ordenado e expresso em leis que se baseavam em observações. Alguns cientistas acreditavam que esta linha de pensamento se podia estender ao universo biológico e, como tal, deveriam existir igualmente leis de morbilidade e de mortalidade que descrevessem os padrões de doença e morte. O comerciante de roupas e membro fundador da sociedade real de Londres John Graunt (1620- 1674) resumiu o padrão de mortalidade nessa cidade, no século XVII. No seu livro Natural and Political Observations, relatou mortes por causas aparentes que foram usadas para providenciar um sistema de monitorização para as pragas e as pestes, tornando-se no primeiro epidemiologista a realizar estatísticas demográficas. Este método de reportar as mortes não difere muito do sistema utilizado atualmente em diversos países. Graunt efetuou várias inferências acerca dos padrões de fertilidade, morbilidade e mortalidade a partir de tabelas, designadamente tabelas de mortalidade. Conseguiu medir o risco de mortalidade em função da idade, bem como as principais causas de mortalidade da população de Londres. Graunt foi o primeiro a estimar o número de habitantes, a estrutura etária e a taxa de crescimento da população na cidade de Londres e, também, o primeiro a construir uma tabela que resumia os padrões de mortalidade e sobrevivência, criando as bases de uma nova ciência – a demografia. Ele calculou proporções e razões de mortalidade para diferentes idades, comparando-as, e dividiu as mortes em agudas e crónicas. Graunt deu um contributo inegável para a razão e para o pensamento epidemiológico do século XXI com as suas ideias simples e, ao mesmo tempo, revolucionárias. Afirmava que os acontecimentos da vida humana são mensuráveis e, como consequência dessas medições, podia definir-se e prever-se o risco de ocorrerem determinados eventos, bem como de se desenvolverem determinadas tendências. Referia ainda que esse conhecimento do risco permitia atuar tanto na rentabilização dos investimentos e dos recursos como na luta contra as causas de tais acontecimentos. Ainda no século XVII, Thomas Sydenham (1624-1689) classificou as febres que assolavam Londres, identificando a febre contínua, a intermitente e a varíola. O tratamento da época, em muito inspirado na medicina hipocrática, baseava-se na utilização do calor e do descanso. Sydenham descreveu e distinguiu diferentes doenças, incluindo algumas de natureza psicológica, e propôs alguns tratamentos rejeitados por outros médicos na época, nomeadamente o exercício e a dieta saudável Em meados do século XVIII, James Lind (1716- 1794), um cirurgião naval escocês, observou o efeito do tempo, do local, do clima e da dieta na propagação das doenças. Ele conduziu um dos mais interessantes estudos no tratamento do escorbuto, doença comum e causa de morte na época. No seu Treatise on scurvy (1754), Lind identificou os sintomas e um dado importante: o facto de a doença ser comum em marinheiros durante as suas longas viagens. Devido às suas observações, descartou a ideia prevalente de que o escorbuto era uma doença hereditária ou infecciosa e propôs como causa principal a dieta. Lind desenhou e desenvolveu possivelmente o primeiro ensaio clínico controlado através da divisão de uma amostra – apesar de pequena, de acordo com os parâmetros atuais – de Milena Lopes marinheiros com escorbuto em grupos que receberam tratamentos diferentes. A sua principal conclusão foi que aqueles que tinham consumido citrinos, haviam sido curados. Para se entenderem os fundamentos da epidemiologia e da demografia modernas, é necessário observar a Inglaterra no período da Revolução Industrial, em pleno século XIX. Em 1850 foram realizados os censos e decretou-se uma reforma sanitária em que as estatísticas vitais foram usadas para apoiar deduções acerca do crescimento populacional, os padrões de saúde e de doenças, bem como das políticas de saúde. Assim, o período antes de 1850 é denominado de ‘pré-história’ da epidemiologia e da demografia 2). OBJETIVOS E APLICAÇÕESDA EPIDEMIOLOGIA. São objetivos fundamentais da epidemiologia: • Identificar a etiologia ou os fatores de risco para uma determinada doença; • Determinar a “extensão” de uma dada doença na comunidade; • Estudar a história natural e o prognóstico das doenças; • Avaliar novas medidas preventivas e terapêuticas; • Fornece evidências quantitativas e qualitativas para o desenvolvimento de políticas de saúde e planos públicos de intervenção; E tem como aplicação destes objetivos ao controle dos problemas de saúde, com intuito de não ocasionar dano a saúde da população. 3). DIFERENÇA ENTRE TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA: Milena Lopes Mudanças nos padrões de saúde e doença das populações e às interações entre estes padrões e os determinantes econômicos demográficos e sociais. Diminuição das taxas de mortalidade, principalmente da mortalidade infantil, e o consequente aumento na expectativa de vida mudanças na composição das principais causas de morte. Progressiva redução daquelas doenças consideradas potencialmente evitáveis, como as infecciosas as atribuíveis à desnutrição e aos problemas relacionados ao parto enfermidades doenças cardiovasculares e as neoplasias, passassem para um primeiro plano, nos países centrais. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA: Processo de transição que se refere às mudanças na composição de uma população ao longo do tempo. Os níveis de fecundidade, natalidade e mortalidade provocam essas mudanças. Em geral, nas populações ao longo do tempo, inicialmente ocorre a redução dos níveis de mortalidade, que aumenta o número de vidas humanas, mas não altera sua estrutura etária. Em seguida, queda da fecundidade promove a diminuição do contingente mais jovem da população e o aumento do número de pessoas mais idosas, causando o envelhecimento da população. 4). QUAL A DIFERENÇA ENTRE INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA? PARA QUE SERVEM ESSAS DUAS MEDIDAS? INCIDÊNCIA É a frequência de casos novos de uma doença ou problema de saúde. São obtidas nos estudos que envolvem seguimento. Medem a frequência com que as pessoas adoecem independentemente do tempo que ficam doentes. Oriundos de uma população sob risco de adoecimento, ao longo de um determinado período de tempo ⇨ necessário que cada indivíduo seja observado em no mínimo duas ocasiões PREVALÊNCIA: É uma medida de frequência das doenças ou outras características em um momento determinado casos “antigos” + casos novos DIFEREÇA ENTRE ELAS Incidência é uma medida da ocorrência de novos casos durante um período especificado em uma população em risco de ter a doença. Enquanto a prevalência se refere a casos novos e casos existentes da doença, a incidência enfoca apenas os casos novos. Milena Lopes 5). COMENTE ALGUNS FATORES QUE INFLUENCIAM A PREVALÊNCIA. FATORES QUE PODEM AUMENTAR A PREVALÊNCIA: - Maior duração da doença; - Aumento da incidência; - Aumento da sobrevida, sem cura; - Imigração de casos ou emigração de pessoas sadias; - Melhoria dos recursos diagnósticos; - Melhoria do sistema de informação. FATORES QUE PODEM DIMINUIR A PREVALÊNCIA: - Menor duração da doença; - Diminuição da incidência; - Maior letalidade; - Imigração de pessoas sadias ou emigração de casos; - Aumento da taxa de cura. 6). COMENTE ALGUNS FATORES QUE INFLUENCIAM A INCIDÊNCIA. - Insuficiência na assistência à saúde; - Pouco acesso aos serviços de saúde; - Baixas condições nutricionais da população, Milena Lopes 7). O ADVENTO DOS HIPOGLICEMIANTES ORAIS, NO TRATAMENTO DO DIABETES, PROPICIA MAIOR SOBREVIDA AO DOENTE. O QUE SE PODE ESPERAR DA TAXA DE PREVALÊNCIA DE DIABETES, NA COMUNIDADE? A prevalência significa ser o número de casos existentes de uma doença em um dado momento. Com o advento de medicamentos para diabetes, vai diminuir o número de mortes por esta doença e aumenta a prevalência de doentes fazendo o uso dos medicamentos, logo, aumentará a taxa de prevalência de diabetes irá aumentar na comunidade. 8). CARACTERIZE TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E DEMOGRÁFICA DE ACORDO COM SEUS DIVERSOS ESTÁGIOS? TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA • Estágio 1: Altas taxas de mortalidade e fecundidade, com predominância de doenças infecto-parasitárias, desnutrição, crescimento populacional lento e baixa expectativa de vida (entre 20 e 40 anos). Período caracterizado por pandemias e fome; • Estágio 2: Desaparecimento das pandemias e epidemias, diminuição da mortalidade e da fecundidade em geral (Expectativa de vida entre 30 e 50 anos). A manutenção das taxas de fertilidade tornam-se fundamentais para o crescimento populacional. • Estágio 3: Doenças causadas pelo homem, crônicas e degenerativas, com baixas mortalidade e fecundidade (Expectativa de vida entre 50 e 70 anos). Redução no crescimento populacional e na aumento de idosos. • Estágio 4: Diminuição de mortalidade por doenças cardiovasculares, com aparecimento de doenças emergentes, envelhecimento populacional, modificações no estilo de vida. (Expectativa de vida entre 70 e 85 anos). • Estágio 5: TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA É a mudança na estrutura de uma população, refletindo na sua dinâmica. • 1) Primitivo ou pré-industrial: equilíbrio populacional com altas taxas de natalidade e de mortalidade, incluindo a infantil; Milena Lopes • 2) Intermediário de divergência de coeficientes: “explosão populacional” causada pela queda nas taxas de mortalidade e manutenção das altas taxas de natalidade; • 3) Intermediário de convergência de coeficientes: “envelhecimento da população” causado pela diminuição das taxas de natalidade em ritmo mais acelerado que da diminuição das taxas de mortalidade; • 4) Moderno ou pós-transição: equilíbrio populacional, com baixas taxas de natalidade e mortalidade, com aumento de esperança de vida e envelhecimento populacional. 9). DE ACORDO COM A EPIDEMIOLOGIA TEMOS DIFERENÇAS ENTRE O DIAGNÓSTICO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO DA COMUNIDADE, COMENTE SOBRE A INFORMAÇÃO NECESSÁRIA PARA OBTER UM DIAGNÓSTICO CLÍNICO E PARA OBTER UM DIAGNÓSTICO DA COMUNIDADE. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: - Histórica clínica; - Exame físico; - Exames complementares; DIAGNÓSTICO COMUNITÁRIO - Dados sobre a população; - Doenças existentes; - Causas de morte; - Serviços de saúde;
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