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1 Independência dos Estados Unidos 8A História 29 Aula À medida que o modo de produção capitalista se consolidava na Europa, o Antigo Sistema Colonial entra- va em decadência. Como você deve lembrar, o Antigo Sistema Colonial repousava nas práticas mercantilistas. As colônias deveriam fornecer matérias-primas baratas, consumir produtos metropolitanos e empregar os excedentes da mão de obra das metrópoles. O “exclusivo comercial” impedia a liberdade de comércio. Porém, à medida que o capitalismo avançava, essas práticas tornavam-se obsoletas. O capitalismo, para se expandir, necessitava de mercados consumidores e trabalho assalariado. Isso não existia no Antigo Sistema Colonial; daí as pressões, no- tadamente da Inglaterra, para que as coisas mudassem. É evidente que os fatores internos não devem ser ignorados, nem as ideias libertárias do século XVIII, fruto da difusão do pensamento iluminista. É verdade, também, que a independência dos Estados Unidos abriu o caminho para que outros países buscassem a emancipação política. Ou seja, podemos considerar o processo de libertação das Treze Colônias Inglesas na América o movimento precursor da luta pela indepen- dência no restante do continente americano. Portanto, a independência dos Estados Unidos (1776) se tornou um estímulo para que as demais colônias americanas também questionassem o Antigo Sistema Colonial e lutassem por sua emancipação política. Antecedentes A independência das Treze Colônias inglesas da Amé- rica do Norte foi determinada, em última instância, pela necessidade econômica e política de romper o Pacto Colonial. O Pacto, expansão da política mercantilista metropolitana, com seu caráter monopolista e restritivo, tornara-se um entrave à expansão das forças produtivas da economia colonial. Como consequência, deixou de corresponder aos interesses da classe dominante das colônias. Os antagonismos entre a classe dominante metropolitana e a classe dominante das colônias tornaram-se cada vez mais intensos. Um dos mais importantes antecedentes que ocasio- nou a luta pela libertação das Treze Colônias foi a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) entre a França e a Inglaterra. Mas de que maneira uma guerra entre ingleses e france- ses poderia ter influenciado a independência america- na? Após o conflito contra a França, a Inglaterra, mesmo vitoriosa, encontrava-se em uma grave crise econômica e bastante endividada em função dos investimentos bélicos realizados para vencer os inimigos franceses. Sendo assim, os ingleses, visando à superação da crise econômica, aumentaram os impostos e intensificaram a exploração colonial em suas colônias americanas. Até então, na relação entre metrópole e colônia predomina- va certa liberdade econômica (comercial) e política (au- tonomia dos colonos com relação à metrópole). Porém, após a guerra contra a França, os ingleses procuraram obter junto às suas Treze Colônias maior quantidade de riquezas que pudessem equilibrar as finanças abaladas com a guerra. Portanto, A Guerra dos Sete Anos, apesar de vencida pela Inglaterra, obrigou a Coroa a impor me- didas restritivas às Treze Colônias. Procurando restaurar o equilíbrio financeiro, a metrópole apertava as malhas do Pacto Colonial, com vários atos: • Lei do Açúcar (1764): restringiu o comércio de açúcar originário diretamente das Antilhas, aumentando os impostos sobre o produto importado. • Lei do Selo (1765): impôs a obrigatoriedade de que todo documento impresso (documentos, livros e jornais), nas colônias, circulasse contendo um selo do governo britânico. • Tarifas Townshend (1767): aumentaram os impostos sobre diversos produtos comercializados na colônia, tornando-os bem mais caros para a população local. 2 Extensivo Terceirão • Lei do Chá (1773): decretou o monopólio de comér- cio do chá na colônia para a Companhia das Índias Orientais, empresa controlada pelos ingleses. A reação dos colonos frente ao aumento da explora- ção inglesa foi imediata. O monopólio sobre a comercia- lização do chá prejudicou o comércio local e deu origem a uma série de protestos por parte dos colonos. O prin- cipal episódio aconteceu na noite de 16 de dezembro de 1773, quando um grupo de colonos, disfarçados de índios, invadiu o Porto de Boston e saqueou um navio inglês carregado de chá. A mercadoria saqueada foi jogada no mar, causando um prejuízo de 75 mil dólares à Companhia das Índias Orientais. Esse protesto ficou conhecido como “Boston tea party ”. ` Boston Tea Party A reação inglesa às rebeliões coloniais foi bastante enérgica e ficou conhecida como Leis Intoleráveis, conjunto de medidas coercitivas que contribuiu para agravar ainda mais a já conturbada relação entre as colô- nias e o governo britânico. Dentre as principais medidas repressoras, devemos destacar que os ingleses exigiram o pagamento de indenização pela carga saqueada; decretaram o fechamento do Porto de Boston e determi- naram que o julgamento dos envolvidos fosse realizado em tribunais na Inglaterra e não na colônia. Além da imposição dessas Leis Intoleráveis, como chamaram os colonos, ficou clara a intenção da Inglaterra de aumentar ainda mais a exploração colonial, o que contribuiu para deflagrar em toda a colônia o desejo de libertação e de conquista da emancipação política. Processo de independência Em 1774, os representantes das colônias america- nas, exceto a Geórgia, enviaram seus delegados a um Congresso em Filadélfia. Nesse Congresso, apesar de se manterem leais ao rei, os colonos pediram a supressão das “Leis Intoleráveis” e firmaram uma Declaração dos Direitos dos Colonos, no qual pediram a supressão das Bi bl io te ca d o Co ng re ss o do s E st ad os U ni do s limitações ao comércio e à indústria, bem como dos impostos abusivos. O rei reagiu, pedindo aos colonos que se submetessem; estes, porém, não se curvaram diante da Coroa britânica. Eles haviam resolvido que era preferível “morrer livres a viver escravos”, e o poderio do até então invencível Império Inglês foi desafiado e, o mais surpreendente, foi vencido. Em 1775, iniciaram-se as ações militares entre os ingleses e os colonos americanos. Depois de diversos combates e das arbitrariedades cada vez maiores das tropas inglesas, os representantes das colônias reuniram-se no Segundo Congresso de Filadélfia, e Thomas Jefferson, democrata de ideias avançadas, redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos, promulgada a 4 de julho de 1776. O fazendeiro George Washington foi elevado a comandante das tropas dos colonos americanos. ` George Washington Apesar das derrotas iniciais, o exército dos colonos, com bravura, conseguiu se recuperar dos insucessos. Em 1777, Washington obteve as vitórias de Princeton e Trenton. A luta de guerrilhas enfraqueceu enormemente o exército britânico. “... guerrilheiros como An- drew Pickens, Thomas Sunter, Francis Marion, James Williams, William Davies e Elijah Clarke. Esses homens lutaram contra os índios e usavam a tática apreendida contra a Inglaterra. Dirigiam pequenos grupos de homens extremamente aguerridos nos rápidos e demolidores assaltos contra os ingleses.” Herbert Aptheker Aula 29 3História 8A À procura de apoio para a causa da independência, partiu para a Europa o americano Benjamim Franklin. Após a vitória de Saratoga, Franklin obteve o apoio da França, Holanda e Espanha. Os franceses enviaram para a América o jovem Lafayette e Rochambeau. A marinha britânica passou a sofrer ataques constantes da marinha espanhola, da francesa e da holandesa. Indiscutivelmente, o apoio das nações europeias, ini- migas da Inglaterra, foi providencial à causa americana. Sobre esse assunto, eis o que diz o historiador Herbert Aptheker: “... Ao considerar os aspectos puramente mili- tares, é necessário salientar o papel da França. O esforço dessa nação foi de grande valia... Seu valor foi inesti- mável na obtenção de dinheiro, créditos e suprimentospara os rebeldes... Em Yorktown, havia 7 800 franceses e 8 845 americanos; as baixas francesas foram duas vezes superiores às americanas”. Finalmente, em 1781, os ingleses foram cercados pelos americanos e franceses. O rio York foi bloqueado pela esquadra francesa. Washington estava no comando do supremo, e os ingleses, derrotados na Batalha de Yorktown, renderam-se incondicionalmente. A paz só foi firmada, em 1783, pelo Tratado de Paris, quando os Estados Unidos tiveram sua independência reconhe- cida. A Espanha recebeu a Flórida e Minorca; a França recebeu o Senegal e parte das Antilhas, que pertenciam à Inglaterra. Mais tarde, entre 1812 e 1815, ocorreu uma nova guerra entre os Estados Unidos e a Inglaterra. Essa guerra consolidou a independência norte-americana. Un ite d St at es C ap ito l R ot un da , W as hi ng to n D. C TRUMBULL, John. Surrender of Lord Cornwallis. 1820. 1 óleo sobre tela: color.; 3,7 m x 5,5 m. United States Capitol Rotunda, Washington D.C. ` John Trumbull (1756-1843) A Constituição Depois de reconhecida oficialmente a indepen- dência, os Estados Unidos precisavam elaborar sua constituição. Promulgada em 1787, a Constituição dos Estados Unidos, fundamentada em princípios liberais e iluministas, instituiu um governo republicano, presi- dencialista e federalista. Para a presidência, foi eleito o comandante da luta pela independência, George Washington. Foi estabele- cida a tripartição dos poderes: o Legislativo, composto de duas Câmaras (deputados e senadores), o Executivo, representado pelo presidente e vice-presidente da República, eleitos por quatro anos, e o Judiciário, cons- tituído por juízes e pelos tribunais. Vale observar que as liberdades individuais e a cidadania não foram ple- namente garantidas. Predominou o critério censitário no qual, para se obter o direito de voto, era preciso ter alguma propriedade de terra ou capital. Categorias so- ciais foram excluídas, como índios, negros e mulheres, que não foram contemplados com o direito de votar. CHRISTY, Howard. Assinatura da Constituição dos Estados Unidos. 1940. 1 óleo sobre tela: color.; United States Capitol, Washington D.C. ` Assinatura da Constituição dos Estados Unidos (1910) Un ite d St at es C ap ito l, W as hi ng to n D. C 4 Extensivo Terceirão Testes Assimilação 29.01. (UECE) – O conteúdo da declaração de Independên- cia dos Estados Unidos da América é típico do pensamento iluminista presente nas colônias no século XVIII. O autor de destaque desse documento seguramente é a) Abraham Lincoln. b) Thomas Jefferson. c) George Washington. d) Samuel Adams. 29.02. (ESPCEX – SP) – Embora estivessem subordinadas às leis inglesas, as Treze Colônias norte-americanas gozavam de certa autonomia no que dizia respeito aos assuntos internos. No século XVIII, as relações entre as Colônias e Londres se deterioraram pouco a pouco. Os conflitos se acirraram em 1773, levando o Parlamento britânico a aprovar medidas restritivas em relação à Assembleia de Massachusetts, nas Treze Colônias, que foram denominadas como: a) Atos de Navegação de Cromwell. b) Pacto do Mayflower. c) Leis Intoleráveis. d) Primeiro Congresso Continental. e) Leis Townshend. 29.03. (ESPCEX – SP) – Em 1781, o general inglês Cornwallis rendeu-se aos revoltosos norte-americanos, na batalha de Yorktown, dando início às negociações que levaram a In- glaterra a reconhecer os Estados Unidos da América como nação livre. Na formação desse novo estado pode-se destacar a) um poder central forte e nenhuma autonomia política e administrativa aos estados membros. b) a adoção do sistema parlamentarista. c) a participação política dos indígenas e negros. d) um poder central muito fraco e estados membros com muita autonomia política e administrativa. e) a formação de um estado com base em ideias oriundas do Iluminismo. 29.04. (CEFET – RJ) – Sobre o processo de independência das treze colônias inglesas, podemos afirmar as seguintes considerações, EXCETO: a) Teve amplo apoio da Espanha que inclusive liderou o movimento de emancipação política nas treze colônias, quando estas se enfraqueceram durante a guerra contra a Inglaterra. b) Contou com a influência das ideias iluministas que ques- tionavam as formas de poder existentes, além de divulgar ideais de liberdade. c) Não trouxe mudanças significativas para os escravos tendo em vista que esta forma de trabalho fora mantida mesmo depois da independência, em 1776. d) Estabeleceu, no final do movimento, uma nova nação republicana e federalista, mas ainda com características econômicas e sociais bem distintas entre o norte e o sul. Aperfeiçoamento 29.05. (UFRGS) – Considere o enunciado abaixo e as três propostas para completá-lo. A Independência das treze colônias inglesas na costa leste da América está inserida na conjuntura das revoluções atlânticas. A declaração da independência dessas colônias sustentava que 1. todos os homens nascem iguais, sendo dotados de di- reitos inalienáveis, como a vida, a liberdade e a aspiração à felicidade. 2. a origem de todo o poder reside no povo, cabendo a ele a organização de seu próprio governo. 3. os direitos inalienáveis deveriam ser estendidos a toda população, extinguindo-se a escravidão e o extermínio dos índios. Quais propostas estão corretas? a) Apenas 1. c) Apenas 3. e) 1, 2 e 3. b) Apenas 2. d) Apenas 1 e 2. 29.06. (FGV – SP) – Em 1776, foi declarada a emancipação política dos Estados Unidos. Comparando o processo de independência estadunidense com outros casos na América, podemos afirmar que a) a independência dos Estados Unidos foi pacífica, seme- lhante ao processo brasileiro e diferente do restante da América espanhola, caracterizado pelas guerras contra forças metropolitanas. b) a escravidão não foi abolida pelo governo dos Estados Unidos no momento da independência política, de maneira semelhante ao que ocorreu no Brasil e na maior parte da América Latina. c) ao contrário do caso brasileiro e latino-americano, a inde- pendência dos Estados Unidos foi liderada pelas camadas populares da sociedade colonial. d) a instauração de repúblicas democráticas é um traço co- mum entre o processo de emancipação política dos Estados Unidos e o das outras nações do continente americano. e) ao estabelecer a sua independência, os líderes estadu- nidenses imediatamente concederam direito de voto às mulheres, o que não ocorreu no Brasil e tampouco no restante da América Latina. Aula 29 5História 8A 29.07. (UFSJ – MG) – A respeito da Independência dos Estados Unidos da América, é correto afirmar que ela a) derivou de um processo de nego- ciação pacífica entre a Grã-Bretanha e suas treze colônias da América do Norte, instalou uma república na qual todos os cidadãos adultos tinham direito a voto e manteve a escravidão. b) derivou de um processo de nego- ciação pacífica entre a Grã-Bretanha e suas treze colônias da América do Norte, instalou uma república na qual só os grandes proprietários tinham direito a voto e manteve a escravidão. c) derivou de uma guerra entre a Grã-Bretanha e suas treze colônias da América do Norte, instalou uma monarquia constitucional que imi- tava o regime britânico e eliminou a escravidão. d) derivou de uma guerra entre a Grã-Bretanha e suas treze colônias da América do Norte, instalou uma república na qual boa parte dos ci- dadãos adultos tinha direito a voto e manteve a escravidão. 29.08. (MACK – SP) – O processo de emancipação política dos EUA esteve relacionado ao avanço do capitalismo na Inglaterra, à expansão dos princípios liberais, à rivalidade anglo-francesa e ao próprio desenvol- vimento das Treze Colônias. Portanto, a aceleração do processo de ruptura entre a metrópole inglesa e suas co- lônias americanas deveu-se a) às tentativas de expansão francesa na América do Norte e ao apoio recebido por parte dos colonos re- sidentes na região e dastribos indí- genas, simpatizantes dos franceses. b) ao natural desenvolvimento de um processo, próprio das colônias de povoamento, que sempre pautaram sua existência em uma enorme auto- nomia perante à metrópole inglesa. c) às tentativas inglesas de aprofundar os laços de dominação colonial e à reação dos colonos americanos diante das medidas fiscais e ad- ministrativas que anulavam sua relativa autonomia. d) ao desenvolvimento das práticas liberais dentro da economia metropolitana e à divulgação de princípios que combatiam o monopólio colonial, assim como a permanência da escravidão. e) à tentativa inglesa de abolir a utilização da mão de obra escrava em suas colô- nias americanas e também de bloquear o contato comercial dos seus colonos nas Antilhas. 29.09. (UFU – MG) – De acordo com Bernard Baylin, em seu livro As Origens Ideológicas da Revolução Americana, depois da promulgação da Lei do Selo, os colonos americanos começaram a pensar que havia uma conspiração inglesa para cercear as liberdades na América do Norte. E essa crença transformou o sentido da luta dos colonos e acelerou o movimento de oposição, que posteriormente acabou levando à independência e à criação dos Estado Unidos da América. Em relação à Lei do Selo, é correto afirmar que a) essa lei foi aprovada pelo Parlamento Inglês em 1765, estabelecendo que todos os documentos em circulação na colônia americana deveriam receber selos provenientes de toda a Europa e, somente com esses, sua circulação estaria legalizada. b) essa lei durou vários anos, mas, devido às ações dos representantes dos colonos americanos no parlamento inglês, tal taxa foi cancelada sob forte protesto de parlamentares representantes dos interesses comerciais da metrópole. c) o rei justificava essa lei, argumentando que o tesouro inglês havia se esgotado com a Guerra dos Sete Anos, e que também era dever dos colonos pagar as dívidas, contraídas também a favor dos interesses deles. d) essa lei taxava também artigos de consumo, como o chá, o vidro, o papel e outros. Por causar a elevação de preços desses artigos, a Lei do Selo provocou inúmeros confrontos, considerado um dos fatores que conduziu ao processo de independência dos Estados Unidos da América. 29.10. (CEFET – MG) – Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. (Declaração de Independência dos Estados Unidos da América) Disponível em: <http://www.uel.br/pessoal/jneto/gradua/historia/recdida/declaraindepeEUAHISJNeto.pdf>. Acesso em 12 de setembro de 2019 Em agosto de 1776, Harry, escravo de propriedade de George Wa- shington, fugiu em direção ao território ocupado pelas tropas britâni- cas, atraído pela promessa de liberdade feita pela Inglaterra. Em julho de 1783, embarcou num navio inglês e partiu junto com as tropas vencidas em Nova York; outros 2774 negros embarcaram com ele. Harry Washing- ton, como foi registrado, passou a viver numa comunidade de negros livres na província de Nova Escócia, Canadá. Traduzido e adaptado de LEPORE, Jill. These truths: a history of the United States. New York, W. W. Norton & Company, 2008, p.94-107. A leitura dos trechos acima permite afirmar que a luta pela independência das treze colônias britânicas na América do Norte a) gerou intensos combates nas cidades e grande imigração de pessoas para o continente. b) excluiu determinados grupos sociais das prerrogativas humanas defendidas pelos ideais do movimento. c) eliminou a possibilidade de convivência pacífica entre britânicos e estaduni- denses no continente americano. d) estendeu o conceito de cidadania às populações que ocupavam o continente antes da chegada dos europeus. 6 Extensivo Terceirão Aprofundamento 29.11. (PUCCAMP – SP) – Os homens reunidos em socie- dade (relevem-me este tom meio pedante) estão virtual e tacitamente obrigados a obedecer às leis formuladas por eles mesmos para a conveniência comum. Há, po- rém, leis que eles não impuseram, que acharam feitas, que precederam as sociedades, e que se hão de cumprir não por uma determinação de jurisprudência humana, mas por uma necessidade divina e eterna. Entre essas, e antes de todas, figura a da luta pela vida (...) (ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 432) A imposição, pelas metrópoles, de leis severas às populações de suas colônias, contribuiu para acirrar movimentos pela independência nas Américas. Isso pode ser constatado ao examinarmos o impacto a) da aprovação da Reforma Bourbônica nas colônias hispâni- cas, instituindo leis que reforçavam o pacto colonial e o poder da igreja, por meio da Companhia de Jesus, causando, assim, revoltas populares cujo alvo era a figura do Rei da Espanha. b) da imposição da Lei do Chá, nas Treze Colônias (atuais Estados Unidos), coroando uma sequência de leis consi- deradas intoleráveis pelos colonos por restringirem a liber- dade de comércio e aumentarem a taxação de impostos. c) da instituição de uma monarquia independente na Nova Espanha (atual México) por sua própria metrópole, a fim de manter elos coloniais sob nova roupagem e sem a interferência da Igreja, causando violenta reação popular. d) de medidas segregacionistas de cunho racista em Saint Do- mingue (atual Haiti) pela França, cujo governo censurou os ideais da Revolução Francesa nessa sua colônia caribenha. e) da aplicação da Devassa no Brasil colonial, cobrança coletiva aplicada reiteradamente para completar a quota de ouro devida à Coroa portuguesa que despertou, na população colonial, fortes sentimentos antilusitanos. 29.12. (FGV – SP) – “Consideramos (...) que todos os ho- mens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Que para garantir esses direitos são instituídos entre os homens governos que derivam os seus justos poderes do consentimento dos governados; que toda vez que uma forma qualquer de governo ameace destruir esses fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir um novo go- verno, assentando a sua fundação sobre tais princípios e organizando-lhe os poderes da forma que pareça mais provável de proporcionar segurança e felicidade.” A Declaração de Independência dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004, p. 53. Sobre a Declaração de Independência dos Estados Unidos, é correto afirmar que: a) Defendia o princípio da igualdade de direitos dos seres humanos, mas condenava o direito à rebelião como uma afronta à ordem social. b) O radicalismo da sua formulação, com respeito ao direito de rebelião dos escravos, provocou forte reação dos pro- prietários de escravos em toda a América. c) Sua formulação foi baseada no ideário liberal-iluminista e acabou influenciando outros movimentos políticos na América e na Europa. d) Influenciada pelos tratadistas espanhóis, a declaração defendia a origem do poder divino e condenava a deso- bediência dos subordinados. e) A declaração sustentava que os governos poderiam cer- cear a liberdade dos indivíduos em nome da segurança e da felicidade coletivas. 29.13. (ESPM – SP) – Em 1773, procurando aliviar as difi- culdades financeiras da Companhia das Índias Orientais, o governo britânico concedeu-lhe o monopólio do chá nas colônias. Os colonos reagiram e disfarçados de índios, patriotas de Boston, abordaram navios que transportavam chá, lançando a mercadoria nas águas do porto. (H. C. Allen. História dos Estados Unidos da América) A ação descrita pelo texto levou o parlamento britânico a promulgar, em 1774, as Leis Coercitivas ou, como foram chamadas pelos colonos, Intoleráveis. Tais leis: a) lançavam impostos sobre vidro e corantes; b) interditavam o porto de Boston até que fosse pago o prejuízo causado pelos colonos; c) proibiam aemissão de papéis de crédito na colônia que, até então, eram usados como moeda; d) impunham aos colonos os custos do alojamento e for- necimento de víveres para as tropas britânicas enviadas para a colônia; e) enfraqueceram a autoridade do governador de Massa- chusetts. 29.14. (UPF – RS) – Na Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, em 1776, os colonos, na escrita de Thomas Jefferson, registraram: “Estas colônias unidas são, e têm o direito a ser, Estados livres e independentes e toda ligação política entre elas e a Grã-Bretanha já está e deve estar total- mente dissolvida.” É correto dizer que a afirmação de liberdade e independência presente no documento está relacionada: a) ao interesse das colônias do Norte de se separarem das colônias do Sul, em função dos entraves que a organização social escravista sulina criava ao desenvolvimento capitalista. b) à vontade dos colonos norte-americanos de se aliarem com a França revolucionária, que lhes oferecia oportuni- dades mais promissoras para as trocas comerciais. c) ao propósito dos colonos de alcançar a autonomia po- lítica, embora preservando o monopólio comercial, que favorecia a economia das colônias do Norte. d) à formalização de uma separação política que, na prática, já existia, como comprova a liberdade comercial da qual gozavam tanto as colônias do Norte quanto as do Sul. e) à reação dos colonos norte-americanos, baseada nas ideias dos filósofos iluministas, contra a tentativa de reforçar as medidas de exploração colonial impostas pela Inglaterra. Aula 29 7História 8A 29.15. (UFPR) – Alexis de Tocqueville, um dos grandes teóri- cos da democracia na América, afirma em sua obra de 1835: “Quando comparo as repúblicas gregas e roma- nas com essas repúblicas da América, as bibliotecas manuscritas das primeiras e seu populacho grosseiro com os mil jornais que circulam nas segundas e com o povo esclarecido que as habita; quando em segui- da penso em todos os esforços que ainda são feitos para julgar uns com a ajuda dos outros e prever, pelo que aconteceu há dois mil anos, o que acontecerá em nossos dias, sou tentado a queimar meus livros, a fim de aplicar apenas ideias novas a um estado social tão novo”. TOCQUEVILLE, Alexis. de. “A Democracia na América”. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 355-356. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a formação da democracia nos Estados Unidos da América, é correto afirmar: a) O “estado social tão novo” apregoado pelo autor refere-se à existência de uma democracia fundamentada nos pres- supostos do Despotismo Esclarecido que caracterizava o sistema político no Antigo Regime na Europa. b) Tocqueville sugere que, diferente das repúblicas gregas e romanas, a experiência democrática americana resultou na formação de uma população grosseira e iletrada, con- sequência da leitura de jornais em vez de livros. c) A instituição precoce da democracia liberal nos Estados Unidos foi responsável pela implementação da “missão civilizadora” que possibilitou a incorporação pacífica das populações indígenas nativas na sociedade nacional e assegurou a manutenção do seu modo de viver. d) Por considerar a democracia na América uma ruptura histórica, Alexis de Tocqueville afirma que a democracia norte-americana foi um episódio original e sem prece- dentes em experiências históricas anteriores. e) Ao destacar o ineditismo da democracia norte-americana, Tocqueville refere-se ao fato de a Declaração de Indepen- dência dos Estados Unidos (1776) ter conferido igualdade, liberdade e direitos irrestritos às mulheres e aos escravos. 29.16. (PUC – RJ) – Às vésperas da independência das 13 colônias inglesas na América, em janeiro de 1776, Thomas Paine publica o seu famoso panfleto Senso Comum, no qual defendia enfaticamente a separação da Inglaterra: “A Inglaterra é, apesar de tudo, a pátria-mãe, di- zem alguns. Sendo assim, mais vergonhosa resulta sua conduta, porque nem sequer os animais devo- ram suas crias nem fazem os selvagens guerra a suas famílias; de modo que esse fato volta-se ainda mais para a condenação da Inglaterra. [...] Europa é a nossa pátria-mãe, não a Inglaterra. Com efeito, este novo continente foi asilo dos amantes perseguidos da liber- dade civil e religiosa de qualquer parte da Europa [...] a mesma tirania que obrigou os primeiros imigrantes a deixar o país segue perseguindo seus descendentes”. A partir da leitura do documento acima, responda os itens a seguir. a) Explique as razões para a referência que o autor do panfle- to faz à “vergonhosa conduta” e à “tirania” para descrever as relações da Inglaterra com suas colônias nesse momento. b) Indique duas ações empreendidas pela coroa inglesa que exemplifiquem essa conduta. 29.17. (UFJF – MG) – Leia atentamente um trecho da De- claração de Independência dos Estados Unidos, de 1776. Quando, no curso dos acontecimentos huma- nos, se torna necessário a um povo dissolver os la- ços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno para com as opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação. Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar es- ses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de go- verno se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo gover- no, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conve- niente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. (...) 8 Extensivo Terceirão Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem- -lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos Guardiães para sua futura segurança. Tal tem sido o sofri- mento paciente destas colônias e tal agora a necessidade que as for- ça a alterar os sistemas anteriores de governo. A história do atual Rei da Grã-Bretanha compõe-se de repetidas injúrias e usurpações, tendo todos por objetivo direto o estabelecimento da tirania absolu- ta sobre estes Estados. Fonte: Disponível em: <http://www.arqnet.pt/portal/ teoria/declaracao_vport.html>. Acesso em: 28 ago. 2014. a) Segundo os autores da declaração, quais as justificativas para a ruptura com a metrópole? b) Relacione a Declaração a um ideário político do período. Desafio 29.18. (UERJ) – ` Fac-símile da Declaração Unânime de Independência dos Treze Estados Unidos da América, 4 de julho de 1776. Disponível em: <htttp://www.commons.wikimedia.org.> Por que os direitos devem ser apresentados numa declaração? Por que os países e os cidadãos sentem a necessidade dessa afirmação formal? Em 1776, as palavras “carta”, “petição” pareciam inadequadas para a tarefa de garantir os direitos. “Petição” implicava um pedido ou apelo a um poder superior, e “carta” significava frequentemente um antigo documento ou escritura. “Declaração” tinha um ar menos submisso. Jefferson, portanto, começou a Declaração de Independência com a seguinte explicação da ne- cessidade de declará-la: “Quando, no curso dos acontecimentos humanos, torna-se necessário que um povo dissolva os laços políticos que o ligam a outro e assuma entre as potências da terra a posição separada e igual a que lhe dão direito as Leis da Natureza e do Deus da Natureza, um respeito decente pelas opiniões da humanidade requer que ele declare as causas que o impelem à separação.” Adaptado de HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos: uma história.São Paulo: Cia. Das Letras, 2009. A Declaração Unânime de Independência dos Treze Estados Unidos da América representou, à época, uma mudança quanto ao entendimento dos direitos dos habitantes das colônias. Aula 29 9História 8A Gabarito 29.01. b 29.02. c 29.03. e 29.04. a 29.05. d 29.06. b 29.07. d 29.08. c 29.09. c 29.10. b 29.11. b 29.12. c 29.13. b 29.14. e 29.15. d 29.16. a) O autor está inconformado com a política Inglesa diante dos Es- tados Unidos. A Inglaterra venceu a França na Guerras dos Sete Anos, 1756-1763, porém contraiu dívidas e repassou o prejuízo para os colonos na forma de impostos. O autor critica a tirania da política inglesa bem como a exploração econômica. b) Criação de diversos impostos como as leis do chá, açúcar, alo- jamento, selo, etc. Inconformados com tais desmandos e ins- pirados pelos escritos dos pensadores John Locke e Thomas Paine, grandes opositores da dominação colonial, os colonos norte-americanos começaram a se opor à presença britânica nas Treze Colônias. Em dezembro de 1773, organizaram uma revolta contra o monopólio do chá que ficou conhecida como Boston Tea Party. Intransigente aos protestos coloniais, a Ingla- terra decidiu fechar o porto de Boston (local da revolta) e impor as chamadas Leis Intoleráveis. 29.17. a) O texto se apoia nas ideias do pensador inglês John Locke, de- fensor dos “direitos naturais” do homem, tais como o direito à vida, liberdade, propriedade e à busca da felicidade. Caso o go- verno instituído não garanta estes direitos cabe à sociedade civil se rebelar. A metrópole inglesa, segundo o texto, tem abusado do poder político e explorado muito a colônia. b) A Declaração está vinculada ao ideário Iluminista, movimento filosófico do século XVIII que defendia ideias como liberdade política, religiosa e de expressão, igualdade política, entre outras. 29.18. a) Um dos aspectos: – defesa do direito à liberdade dos povos – utilização de uma declaração como estratégia de luta política – defesa do direito ao estabelecimento de governos autônomos – repúdio às políticas alfandegárias e tributárias associadas à dominação metropolitana b) Dois dos movimentos: – defesa do liberalismo político – revoltas de colonos, na América Espanhola – Inconfidência Mineira, na América Portuguesa – críticas ao absolutismo real, em sociedades europeias a) A partir do texto, apresente um aspecto que caracteriza essa mudança. b) Identifique, também, dois movimentos políticos, ocorridos no mundo ocidental, associados às repercussões internacionais dessa declaração. 10 Extensivo Terceirão História 8AAula 30 Independência na América Espanhola Assim como contextualizamos a independência das Treze Colônias inglesas dentro do processo de Crise do Sis- tema Colonial, a libertação colonial ocorrida na América Espanhola também se inseriu dentro desse contexto mais amplo que se manifestava no continente americano desde o final do século XVIII. Ou seja, fatores externos como a difusão dos ideais iluministas e o exemplo da Independência dos Estados Unidos motivaram as colônias ocupadas pela Espanha a lutarem contra o domínio da Metrópole nas primeiras décadas do século XIX. Acompanhe no mapa a seguir a cronologia dos principais movimentos de independência ocorridos na América Latina. Independência na América Latina Ta lit a Ka th y Bo ra Podemos destacar os seguintes fatores que, conjugados, contribuíram para o processo de emancipação das colô- nias espanholas da América: • O desenvolvimento industrial inglês: com a Revolu ção Industrial, a Inglaterra torna-se a principal nação exporta- dora de produtos manufaturados. O monopólio comercial exercido pela Espanha restringia as relações mercantis. Por isso, os ingleses estavam interessados em apoiar os movimentos emancipacionistas. • O desenvolvimento das colônias: gerava o apa recimento de novas camadas sociais, de núcleos urbanos e de quadros administrativos. • Os interesses entre colônia e metrópole tornam-se antagônicos. A política mercantilista desenvolvida pela Espa- nha prejudicava enormemente as colônias; daí as reações. Aula 30 11História 8A • A política fiscal, extremamente severa, provocou di- versas reações (Nova Granada e Chile). Os espa nhóis adotavam uma política mercantilista. • A influência das ideias iluministas: foi muito gran- de para os intelectuais criollos. • Exemplo da independência dos Estados Unidos: Com a independência, as jovens nações america nas, muitas vezes, transcrevem literalmente textos da Constituição dos Estados Unidos. • A invasão da Espanha pelas tropas de Napoleão: o rei da Espanha foi deposto e no lugar dele foi colocado José Bonaparte, irmão de Napoleão. Nas colônias, os criollos declararam-se fiéis ao monarca deposto. Po- rém, ao mesmo tempo que afirmavam a sua lealdade, faziam uma série de exigências (liberdade de comércio, igualdade entre chapetones e criollos e autonomia) que colocavam em risco todo o sistema colonial. Os cabildos (ór gãos equivalentes às Câmaras Municipais no Brasil) passaram a depor as autoridades metropoli- tanas. O Império Colonial Espanhol esfacelava-se. • A desigualdade de tratamento: favorecia os chape- tones (nascidos na Espanha) e prejudicava os criollos (brancos nascidos na América). A aris tocracia crioula, poderosa economicamente, porém barrada nas possi- bilidades de progresso social e político, sendo espoliada pela Coroa espanhola e seus representantes na América, vai lutar para romper com a metrópole que a explora. Sobre o assunto, eis uma feliz síntese de Pierre Chaunu: “A Revolução foi, antes de mais nada, uma obra da aristocracia crioula, com ou sem o apoio da população mestiça. Os índios foram quase sempre testemunhas passivas dos acontecimentos que os ulltrapassavam, isto quando não tomavam partido, primeiro, pela Espanha, senhor distante contra o criollo, senhor imediato. A Revolução da América Latina, a região mais aristocrática da Terra, foi es- sencialmente um empreendimento aristocrático. É na perspectiva “criolla” que devemos nos colocar”. Podemos afirmar, portanto, que o processo de eman- cipação das colônias espanholas consistiu em uma luta da elite colonial, composta pelos criollos (aristocracia rural) contra a Metrópole. Sem manifestar preocupação com as massas populares (índios, mestiços e escravos), os criollos protagonizaram uma luta de caráter elitista, a fim de conquistarem maior autonomia política. Embora o movimento de independência tivesse contado com a participação popular, a elite criolla conduziu todo o pro- cesso temendo que lideranças populares conquistassem direitos e alterassem a ordem social vigente. Aos criollos pouco importava garantir melhores condições de vida aos camponeses; ao contrário, almejavam a manutenção dos seus privilégios econômicos. Fases 1a. fase: de 1810 a 1816 – Os colonos foram derrota- dos, pela inex periência e falta de apoio externo. 2a. fase: de 1817 a 1824 – Os revolucionários recebe- ram apoio ex terno, especialmente da Inglaterra. México Em 1810, o padre Miguel Hidalgo liderou milhares de campo neses numa luta contra o domínio espanhol. Os rebeldes, além do fim do domínio espanhol, exigiam a igualdade racial e a distribuição de terras. Os revolu- cionários foram reprimidos de forma violenta, po rém a causa sobreviveu. Em 1820, a Revolução Liberal, na Espanha, obrigou o reacionário rei Fernando a aceitar uma Constituição libe- ral. Os conservadores mexicanos ficaram atemorizados e, sob a lide rança de Agustín de Iturbide, expul saram as guarnições espanholas. Iturbide publicou o Plano de Iguala que assegurava os privilégios da religião católica “sem tolerância de ne- nhuma outra”, um governo mo nárquico, a conservação e o respeito à propriedade tal qual existia, a ma nutenção de estrutura estatal. Além disso, o plano convidava Fer- nando VII, rei da Espanha, para trasladar-se ao México ou enviar alguém de sua dinastia para usar a coroa do Imperador.Em 1822, Agustín de Iturbide tornou-se Imperador. Teve de sus tentar uma renhida luta com os re publicanos comandados por Antônio Lopes de Santa- na. Acabou deposto e executado. América andina No século XVIII, a região foi palco de diversas revol- tas. A mais grave ocorreu no Peru, em 1780: os índios eram liderados por Tupac Amaru. Descendente dos incas por linha materna, era um índio culto e de posição econômi ca abastada. Lutou para que os impostos abu- sivos fossem revoga dos. Percebendo a insensibilidade da Coroa espanhola, reuniu o seu povo e anunciou a anulação do tributo. Apesar do heroísmo dos indígenas, Tupac Amaru foi vencido, teve a língua cortada e depois tentaram esquartejá-lo sem sucesso. Mais de 80 mil índios foram mortos. Francisco Miranda foi o mais célebre dos precursores da Independência das nações ame ricanas. Participou, ao lado dos colonos norte-americanos, das lutas que estes travaram para conseguir a Independência dos Estados Unidos. Lutou ao lado dos revolucionários franceses (1792-1797), esteve na África, lutando como soldado espanhol. Com o auxílio dos ingleses e norte-ame ricanos, Miranda tentou libertar a Venezuela. Sucumbiu em 1812, foi preso e deportado para a Espa nha, onde veio a falecer. 12 Extensivo Terceirão © W ik im ed ia C om m on s/ M ar tin To va r y To va r ` Francisco Miranda Argentina e Chile José de San Martin e Mator ras, nascido na Argentina, em 1778, recebeu, graças à posição de sua família, esme- rada educa ção. Foi indiscutivelmente o maior estratego da independência, pois compreendeu que o centro da resistên- cia estava no Peru. A Argentina tornou-se indepen dente em 1810; contudo, a união só é realizada no Congresso de Tucumã, em 1816. Nes- te mesmo ano (9 de julho de 1816), uma de claração formal de independência vem a cimentar a unidade recen temente estabelecida. San Martín está livre para ajudar o Chile. ` San Martin © W ik im ed ia C om m on s/ In st itu to N ac io na l S an m ar tin ia no , B ue no s A ire s No Chile, venceu a batalha de Chacabuco. O herói chileno Bernardo O’Higgins consolidou a independência de sua pátria após a vitória na Batalha de Maipu. San Martin, com o apoio do almirante inglês Lord Cochrane, entrou no Peru. A independência foi proclamada (1821). O general Antonio Sucre con solidou a independência do Peru (Batalha de Ayacucho, 1824), e também ajudou a consolidar a independência da Bolívia. Paraguai e Uruguai A independência do Paraguai foi concluída por José Gaspar Rodri- gues de Francia, doutor em Direito, que ditatorialmente exerceu uma efetiva defesa da soberania nacional. Governou procurando amparar os interesses da massa de pequenos camponeses. O Uruguai, antiga Província Cisplatina, estava sob ocupação brasileira. José Artigas, democrata pro gressista e de grande sensibilidade social, foi o líder das lutas pela independência. Em 1825, um grupo de pa triotas, conhecido como “os 33 orientais”, iniciou uma bem conca- tenada campanha militar contra o Império do Brasil. A independência efetivou-se em 1828. Haiti A Ilha de São Domingos acabou sendo dividida entre espanhóis e franceses. Os franceses passaram a dominar a parte ociden tal da ilha, onde estabeleceram grandes plantações de açúcar. Milhares de escravos foram importados do Da omé e do Senegal. Em 1789, 85% dos 800 000 habitantes do Haiti eram escravos. Em todo o século XVIII, ocorreram diversas re beliões de escravos, sendo todas reprimidas com violência. Após a Revolução Francesa, a luta pela indepen dência intensificou- -se. Toussaint Louverture conse guiu unificar os diferentes grupos em um exército disciplinado. Aproveitando-se da situação interna da França, deu início a uma bem-sucedida rebelião. Lou verture conseguiu que a convenção nacional francesa ratificasse o decreto que abolia a escravidão na Ilha de São Domingos e o nomeasse general. Com a ascensão de Napoleão Bonaparte, a escra vidão foi restabele- cida e Louverture foi preso. Acabou morrendo na França, em 1803. Em 1802, os líderes negros Alexandre Pétion, Henri Christophe e Jean-Jacques Dessalines se uni ram para combater os franceses. A 1o. de janeiro de 1804 a colônia francesa de São Domingos tornou-se independente, adotando o nome nativo de Haiti. Os escravos foram libertados. Dessalines autocoroou-se imperador com o título de Jacques I. Acabou sendo assassinado em 1806. Houve uma Guerra Civil. O país foi dividido. Pétion governava o sul e Henri Christophe tornou-se rei (Henri I), governan do a região ao norte. Com a morte de Pétion (1818) e de Henri I (1820), Jean Pierre Boyer unificou o país e conquistou a parte oriental da ilha de colonização espanhola. Em 1843, a divisão definitiva: República do Haiti, na parte ociden tal, e República Dominicana, na parte oriental. Aula 30 13História 8A América Latina após a independência Sob o aspecto socioeconômico, o processo de independência na América de colonização espanhola guardou certa semelhança com relação à indepen- dência do Brasil, que também se configurou como um movimento liderado e conduzido pela elite e que manteve o povo à margem do processo, sem que pro- vocasse rupturas na ordem econômica e social. Com relação à organização política e territorial, no entanto, as independências do Brasil e das ex-colônias espa- nholas apresentam significativas diferenças. Enquanto no Brasil, por exemplo, não ocorreu fragmentação político-territorial, pois o Império Brasileiro manteve a unidade do seu território. Na América Latina, essa foi uma das principais características do processo de independência. Ou seja, na América Espanhola, surgi- ram várias novas nações independentes após as lutas de libertação dos diversos vice-reinos e capitanias até então subordinadas à Espanha. A formação de diversos países, substituindo os grandes vice-reinos espanhóis, deveu-se à falta de unidade na luta das colônias pela liberdade e aos interesses divergentes entre as várias lideranças políticas pró-independência (disputa pelo poder entre as oligarquias regionais). Simón Bolívar (1783-1830), um dos principais líde- res do processo de luta pela independência na América Latina, sonhava com a unidade entre as novas nações americanas. Bolívar defendeu um projeto de unificação para for- talecer a luta pela emancipação das colônias, afirman- do que o isolamento entre elas dificultaria o processo, porém seu sonho de formar uma América forte e unida não se efetivou, pois na medida em que as colônias americanas se libertaram do domínio espanhol, deram origem a diversos países e a América se fragmentou politicamente. Simón Bolívar manifestou seu ideal de unidade da América do Sul na chamada Carta da Jamaica, de 1815, e, posteriormente, convocou as principais lideranças para participarem do Congresso do Panamá (1826). O projeto de Bolívar fracassou, em parte devido às pressões contrárias dos Estados Unidos e da Inglaterra, mas também em função dos interesses das elites locais pelo poder político. No que se refere à posição das grandes potências, é claro que uma América frag- mentada (dividida politicamente em diversos países) seria mais facilmente dominada sob o ponto de vista econômico. O processo de independência das colônias es- panholas terminou, portanto, com o surgimento de vários países economicamente frágeis e dependentes do mercado internacional. Estes se libertaram do controle espanhol, mas foram vítimas do imperialismo inglês e estadunidense no decorrer dos séculos XIX e XX. Outra realidade do período pós-independência foi a manutenção dos privilégios políticos e econômicos apenas de uma pequena elite que, de maneira geral, foi protagonista das lutas pela independência na grande maioria das colônias. De maneira geral, a independên- cia não resultou em mudanças na estrutura social que pudessem gerar significativas melhorias à condição de vida para a população local. Governos autoritários,comandados pelos caudilhos (grandes proprietários), excessiva concentração de renda e da propriedade, juntamente com profunda desigualdade social, foram características predominantes nas novas nações latino- -americanas do século XIX. © W ik im ed ia C om m on s/ La C as a de N ar iñ o, B og ot á ` Símon Bolivar 14 Extensivo Terceirão Testes Assimilação 30.01. (UFRGS) – A partir da segunda metade do século XVIII, o chamado antigo sistema colonial, baseado nas práticas e nos princípios mercantilistas, enfrentou uma profunda crise. Desta crise resultou um conjunto de movimentos de inde- pendência nas áreas coloniais da América Latina. Considere os seguintes elementos. I. A Revolução Industrial na Inglaterra. II. A luta pela liberdade de comércio e pela autonomia. III. O desenvolvimento socioeconômico das colônias. IV. A influência das ideias iluministas. V. A política napoleônica. VI. A rivalidade entre a elite local e os representantes da elite metropolitana. Quais dentre eles contribuíram para a emancipação das colônias e rompimento do pacto colonial? a) Apenas I e II b) Apenas I e IV c) Apenas I, III e V d) Apenas II, IV e VI e) I, II, III, IV, V e VI 30.02. (FUVEST – SP) – “Neste território não poderá haver escravos. A servidão foi abolida para sempre. Todos os ho- mens nascem, vivem e morrem livres...” “Todo homem, qualquer que seja sua cor, pode ser admitido em qualquer emprego.” Artigos 3 e 4 da Constituição do Haiti, assinada por Toussaint L’Ouverture, 1801. Lendo o texto anterior e associando-o ao processo de in- dependência das Américas espanhola e francesa, é possível concluir que: a) como no Haiti, em todos os demais movimentos houve uma preocupação dominante com as aspirações populares; b) a independência do Haiti foi um caso especial nas Amé- ricas, pois foi liderada por negros e mulatos; c) na mesma década da independência do Haiti, as demais colônias do Caribe alcançaram a libertação; d) o movimento de independência do Haiti foi inspirado pelo modelo dos Estados Unidos; e) a independência do Haiti foi concedida por Napoleão Bonaparte, com base nos princípios liberais. 30.03. (CEFET – RJ) – Sobre o processo de independência das colônias espanholas, em comparação com o do Brasil, podemos afirmar que: a) nas colônias espanholas, o processo de emancipação foi mais elitista que no Brasil, já que aqui o movimento de independência foi muito popular, incluindo as classes mais pobres e revolucionárias nas decisões políticas. b) a escravidão no Brasil foi abolida como sistema de traba- lho, enquanto em todas as ex-colônias espanholas houve um esforço amplo e imediato de manter toda forma de trabalho compulsório. c) tanto no Brasil como nas colônias espanholas, a Repú- blica foi o sistema de governo mais aceito, por isso fora implantado logo após a independência sob o controle e regulação das elites coloniais locais. d) no Brasil, o processo de independência não resultou no esfacelamento do território, mantendo uma unidade geo- gráfica, enquanto, na América Espanhola, surgiram vários países a partir do movimento de emancipação política. 30.04. (FATEC – SP) – O nome com que foi batizado o maior torneio entre clubes de futebol sul-americano homenageia o conjunto de líderes dos processos de independência dos países da América do Sul. Os prin- cipais “libertadores” foram Simón Bolívar e José de San Martín, que atuaram nos processos de independência de diversos países. Disponível em: <https://tinyurl.com/y72ma2xo>. Acesso em: 31.05.2018. Adaptado. Sobre esses processos de independência, é correto afirmar que a) Bolívar foi o responsável pela opção monarquista, adotada nas novas nações independentes. b) Venezuela, Bolívia e Panamá se tornaram, a partir do ideal dos libertadores, uma nação única. c) Bolívar fracassou em seu projeto de formação de uma grande nação pan-americana. d) Argentina, Paraguai e Uruguai se uniram ao Brasil para a criação de uma grande nação monarquista. e) San Martín ficou conhecido como “libertador” por seu papel na abolição da escravidão na Guatemala. Aperfeiçoamento 30.05. (UNESP – SP) – ... os continentes americanos, pela condição livre e independente que assumiram e man- têm, não deverão, daqui por diante, ser considerados objetos de futura colonização por parte de quaisquer potências europeias... Mensagem da presidência dos Estados Unidos ao Congresso, em 1823. Sobre essa mensagem, é correto afirmar que: a) tornou-se letra morta, pelo fato de esse mesmo governo iniciar uma política neocolonial no continente; b) alardeou os desígnios dos Estados Unidos no sentido de justificar sua futura dominação sobre a América Latina; c) nasceu da necessidade de o governo norte-americano ser aceito como parceiro no clube das potências da época; Aula 30 15História 8A d) provocou entre as potências europeias uma perda de interesse pelo continente americano em geral; e) ficou conhecida como a doutrina Monroe, a qual, naque- le momento, expressava os interesses de toda a América. 30.06. (ACAFE – SC) – Acerca do processo de independên- cia da América espanhola e suas consequências, todas as alternativas estão corretas, exceto a: a) No Congresso do Panamá, em 1826, Simon Bolívar propôs uma integração entre as nações do continente. Os poderes locais não abriram mão de sua autonomia e a ideia fracassou. b) Ao propor a Doutrina Monroe “a América para os Ameri- canos”, os Estados Unidos eram contrários a interferência europeia na América, porém, tal doutrina expressava uma política imperialista estadunidense no continente. c) As estruturas políticas após a independência e o sur- gimento de vários países, não efetivou uma grande mudança no poder; as camadas populares foram alijadas do poder e os caudilhos garantiram um poder absoluto em seus domínios. d) O início da luta pela ruptura com a Espanha foi co- mandada pelos chapetones e articulada nos moldes da Independência dos Estados Unidos da América, unificando-se todas as juntas governamentais num governo unitário. 30.07. (ACAFE – SC) – No rastro dos movimentos influen- ciados pela ideologia Iluminista e até pela independência dos Estados Unidos da América, no século XVIII, acentua- ram-se os movimentos pela ruptura da América espanhola com a Metrópole, na primeira metade do século XIX. Nesse contexto é correto afirmar, exceto: a) Organizando-se a partir dos cabildos e formando as juntas governativas, os revoltosos depuseram autori- dades metropolitanas e assumiram a administração das colônias. b) Os chapetones, com o ideal nacionalista de quem já havia nascido na América, foram os principais organiza- dores das lutas contra o domínio metropolitano. c) Simon Bolívar, conhecido como um dos “libertadores da América”, foi um exemplo típico da ideologia da elite criolla. d) A Doutrina Monroe, instituída pelos Estados Unidos apoiou as independências da América Latina na guerra contra a Metrópole espanhola. 30.08. (UFRGS) – A ocupação napoleônica na Espanha criou condições propícias aos movimentos de libertação ocorridos na América espanhola. Em relação a esses pro- cessos de emancipação, assinale a alternativa correta. a) Graças à fraqueza temporária da Espanha, as emanci- pações políticas ocorreram de forma pacífica, mediante negociações diplomáticas. b) As elites da América espanhola desejavam a emanci- pação para estabelecer monopólios mercantis, pois a Espanha praticava o livre comércio em suas colônias. c) Influenciada pelos princípios franceses dos Direitos Uni- versais, a aristocracia “criolla” pretendia, com o processo de independência, promover mudanças estruturais, instaurando regimes democráticos e estendendo o voto ao conjunto da sociedade. d) Os processos de independência da América espanhola foram incentivados pela Independência americana, pela Revolução Francesa e pelo pensamento do Iluminismo. e) O latifúndio e a escravidão foram abolidos, pois foram consideradosprejudiciais à modernização econômica do continente latino-americano. 30.09. (PUC – SP) – Quanto aos processos de independên- cia na América Hispânica e no Brasil no início do século XIX, pode-se afirmar que: a) ambos foram marcados por guerras, mas no pós-inde- pendência a América Hispânica conservou a unidade do período colonial e o Brasil foi dividido politicamente; b) ambos receberam auxílio francês e inglês, mas no pós- -independência o Brasil rompeu os laços com a Inglater- ra e a América Hispânica se aproximou mais da França; c) ambos foram influenciados pelo pensamento iluminis- ta, mas no pós-independência na América Hispânica predominou a ideia republicana e o Brasil se tornou uma monarquia; d) ambos contaram com apoio militar dos Estados Unidos, mas no pós-independência o Brasil se aliou aos norte- -americanos e a América Hispânica entrou em conflito com eles; e) ambos foram negociados, mas no pós-independência a autonomia da América Hispânica foi apenas provisória e a brasileira se tornou definitiva. 30.10. (UFG – GO) – Na primeira metade do século XIX, a América Latina foi convulsionada pelos movimentos de independência, provocando instabilidade na política internacional. Diante desse contexto, o governo norte- -americano anunciou a Doutrina Monroe (1823), que se relaciona com: a) a defesa do continente americano de possíveis inter- venções político-militares por parte das monarquias europeias. b) o incentivo a projetos políticos de expansão colonial dos EUA em direção ao continente sul-americano. c) o apoio ao projeto de unidade política entre os países da América Central, defendida pelo líder Simón Bolívar. d) a garantia da ampliação do mercado externo para escoamento da produção industrial do norte dos EUA. e) a criação de acordos comerciais entre EUA e os recém- -criados países latino-americanos. 16 Extensivo Terceirão Aprofundamento 30.11. (UFSC) – Assinale a(s) proposição(ões) verdadeira(s) referente(s) às lutas pela independência das colônias da América Latina. O amor da liberdade deve ser, [...] invencível como é a morte; deve [...] ter a sede do infinito; deve ser gran- de como o universo que o contém. ANDRADA, José Bonifácio de. Discursos Parlamentares. Apud HOLANDA, S. B. História da civilização. São Paulo: Nacional, 1979. 01) O surgimento de líderes nacionalistas na América do Sul, como Simón Bolívar e José de San Martin, influenciou o êxito das lutas pela independência. 02) O longo período de submissão à política praticada por Portugal e Espanha nas colônias provocou descontenta- mentos que, com o tempo, transformaram-se em mani- festações pela independência. 04) Na Espanha e em Portugal, a difusão das ideias de pen- sadores como Locke, Voltaire e Rousseau desempenhou papel relevante nos esforços de manter o controle sobre as colônias na América. 08) Os argentinos, na sua maioria descendentes de nações indígenas, mantiveram o regime monárquico, mais pró- ximo de suas tradições culturais milenares. 16) O Brasil proclamou sua independência de Portugal em 1822, sendo a única colônia sul-americana a adotar o regime monárquico de governo ao se tornar indepen- dente. 30.12. (UDESC) – Analise as proposições em relação à Inde- pendência dos países latino-americanos, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa. ( ) As guerras da independência dos países da América, de colonização espanhola, ocorreram principalmente na primeira metade do século XIX e estão vinculadas à ocupação da Espanha pelo exército francês de Napoleão Bonaparte. ( ) Ao se tornarem independentes de suas metrópoles, na primeira metade do século XIX, a maioria dos novos pa- íses latino-americanos também proclamaram a liberta- ção dos escravos e o fim da escravidão. ( ) Muitos países latino-americanos independentes tinham uma população majoritariamente descendente de gru- pos indígenas. Um exemplo é o México que em 1821, ano da independência, tinha 40% da população indí- gena, 40% da população mestiça e 20% da população europeia ou de seus descendentes. ( ) Um dos países mais pobres da América Central, na atualidade, é o Haiti, que teve sua capital, Porto Prín- cipe, arrasada por um terremoto em 12 de janeiro de 2010. Este país foi colônia francesa e sua economia era baseada em grandes propriedades para a exportação com a utilização do trabalho escravo. Foi o último país da América Latina a se tornar independente e a abolir a escravidão. Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo. a) F – F – V – F b) V – F – V – F c) V – F – F – V d) V – F – V – V e) F – V – F – F 30.13. (PUCCAMP – SP) – A proclamação das repúblicas nas ex-colônias hispano-americanas, na América do Sul, ocorreu a) concomitantemente às proclamações de independência, uma vez que, ao avaliarem o resultado de décadas de Império no Brasil, as elites desses países decidiram-se pelo regime republicano e democrático. b) concentradamente nas primeiras décadas do século XIX, com forte atuação das elites criollas e a circulação de proje- tos políticos visando à formação de grandes confederações. c) lentamente, efetivando-se décadas após a emancipação política em relação à Espanha, por meio de processos internos de lutas sangrentas entre elites monarquistas e liberais federalistas. d) precocemente, uma vez que o exemplo norte-americano e os ideais da Revolução Francesa orientaram o desencadear de processos revolucionários que resultaram na instituição de repúblicas nessa região, no século XVIII. e) naturalmente, considerando que as elites criollas, total- mente avessas aos baluartes do poder espanhol, apoiaram as reformas bourbônicas, declarando-se republicanas e decididas a abolir as instituições coloniais. 30.14. (FPP – PR) – A partir de meados do século XVIII, os ideais iluministas atravessaram o Atlântico, influenciando em grande medida o início dos movimentos de independência dos países americanos. Observe as afirmações a seguir sobre esse tema: I. A independência das trezes colônias britânicas na Amé- rica teve influência direta de autores iluministas, como o inglês John Locke, que afirmava que o governo deveria garantir os direitos naturais aos homens, como a liberda- de, a felicidade e a prosperidade. II. No Brasil, não chegaram os ideais iluministas; por esse motivo, quando o país tornou-se independente, em 1822, continuou sendo uma Monarquia, já que o ideal republicano não circulava na colônia. III. Os ideais iluministas de liberdade e de igualdade esti- veram presentes nos movimentos de independência da América Espanhola, iniciados entre o final do século XVIII e o começo do século XIX, e que foram liderados pela elite letrada colonial, que se mostrava insatisfeita com a sua diferença em relação às elites metropolitanas. IV. Um dos principais líderes dos movimentos de independên- cia das Américas foi Simón Bolívar. Por esse motivo, atual- mente, governos que questionam a interferência externa em suas economias são denominados de “bolivarianos”. Estão CORRETAS apenas as afirmações: a) I e III. d) II, III e IV. b) I, III e IV. e) I, II e III. c) I e IV. Aula 30 17História 8A 30.15. (UFPR) – Leia o texto a seguir: É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o mundo novo uma só nação com um só vínculo, que ligue suas partes entre si e com o todo. Já que tem uma mesma origem, uma mesma língua, mesmos costumes e uma religião, deveria, por conseguinte, ter um só go- verno que confederasse os diferentes Estados que have- rão de formar-se [...]. Fonte: <http://www.iela.ufsc.br/noticia/sim%C3%B3n-bol%C3%ADvar-e-carta-da- -jamaica>. Acesso em: 06 agosto 2017. Considerando o extrato da “Carta de Jamaica”, de Simón Bolívar, e com base nos conhecimentos sobre as independências na América espanhola, assinale a alternativa correta. a) Os movimentos de independência na América espanhola foram impulsionados pela tentativa de invasão napoleônica no Haiti recém-libertado.A Carta de Jamaica foi o docu- mento que fundamentou esses movimentos. b) Os movimentos de independência foram liderados por mestiços e escravos que ansiavam conseguir a liberdade expulsando os espanhóis. Aproveitando a ausência do rei Fernando VII, encarcerado por Napoleão, Bolívar escreveu a carta na Jamaica, chamando todas as colônias a se unirem para formar uma grande federação contra a coroa espanhola. c) Simón Bolívar foi o grande artífice das independências da América espanhola. Seu carisma e poder de mando per- mitiram unir todos os movimentos em uma grande frente libertadora, que começou na Argentina em 1816 e chegou até a Colômbia em 1821. d) O projeto de Simón Bolívar era tornar as colônias governa- das pela Espanha em uma grande confederação de estados nos moldes das colônias americanas do Norte, porém as diferenças entre alguns líderes no interior do movimento anticolonial não viam com bons olhos esse projeto. e) A Carta de Jamaica foi a primeira declaração de independên- cia das colônias espanholas. Escrita no formato da declaração de independência haitiana, declarava o fim da escravidão nas colônias e a expulsão dos peninsulares das terras americanas. 30.16. (UFPR) – Considere o seguinte extrato da declaração de independência haitiana: 1º de janeiro de 1804 O General em Chefe ao Povo do Haiti, Cidadãos – compatriotas –, eu reuni, neste dia solene, os corajosos comandantes que, às vésperas de receber o último suspiro da liberdade agonizante, derramaram seu sangue para preservá-la. Estes generais, que comandaram as lutas de vocês contra a tirania, ainda não terminaram. A reputação francesa ainda obscurece nossas planícies: todas as coisas evocam a lembrança das crueldades da- quele povo bárbaro. Nossas leis, nossos costumes, nossas cidades, tudo encerra características dos franceses. Ou- çam o que estou dizendo! Os franceses ainda têm um pé em nossa ilha! E vocês se creem livres e independentes daquela república, que combateu todas as nações, é ver- dade, mas nunca conquistou aqueles que seriam livres! (Transcrição a partir da versão publicada em David Armitage, Declaração de indepen- dência: uma história global. São Paulo: Companhia das Letras, 2011). Com base nesse fragmento e nos conhecimentos sobre o assunto, considere as seguintes afirmativas sobre a Revolução Haitiana (1791-1804) e seu significado para as independên- cias americanas: 1. Antes de se chamar Haiti, a ilha se chamava Santo Domin- go e estava sob domínio espanhol, sendo invadida pelos franceses a mando de Napoleão. 2. O Haiti foi a primeira república das Américas a se libertar da dominação europeia e abolir a escravidão. 3. A particularidade da revolução haitiana é que foi dirigida por escravos, libertos e mulatos e inspirada nos princípios que os próprios franceses teriam levantado durante sua revolução. 4. A revolução haitiana contou com o apoio de escravos e libertos da colônia espanhola de Cuba. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. 30.17. (UFJF – MG) – No processo de Independência e ao lon- go do século XIX muitas nações latino-americanas foram mar- cadas pelo fenômeno político conhecido como Caudilhismo. Documento 1 Sugestão de tradução: VIVA A FEDERAÇÃO Aos amantes da pessoa do Ilustre Restaurador das Leis Governador e Capitão Geral da Província D. Juan Manuel de Rosas Aos Verdadeiros Federais. ` Cartaz com a imagem do argentino Juan Manuel de Rosas, considerado um dos grandes caudilhos do século XIX. Fonte: <htttps://www.goo.gl/1xWbzp.> 18 Extensivo Terceirão Documento 2 “Na América Latina o termo caudilho ainda continua a ser usa- do, como o de cacique, para de- signar chefes de partido local ou de aldeia, com características de- magógicas. Presentemente, parte dos estudiosos da ciência política creem que o Caudilhismo é par- ticularmente significativo para a compreensão da gênese do milita- rismo na América Latina.” Adaptado de BOBBIO, Norberto. Dicionário de Políti- ca, Brasília: Editora UnB, 2000. Com base nestas informações e em seus conhecimentos, assinale a alter- nativa CORRETA: a) O caudilhismo foi um fenômeno político típico dos países europeus, e que foi exportado para o Brasil e demais países americanos. b) Os caudilhos se opunham ao poder do Exército e da Igreja e defendiam a centralização em oposição ao federalismo. c) Pode-se afirmar que o caudilhismo foi um fenômeno tipicamente urbano, ligado ao processo de expansão da industrialização. d) Os caudilhos foram fundamentais para o estabelecimento das demo- cracias que caracterizaram os países americanos desde o século XIX. e) O caudilhismo tem vinculação com as elites locais, e é um poder baseado no carisma do líder (o caudilho), no uso da força e no apoio dos proprietários de terra. 30.18. (UERJ) – Haiti é um farol ele- vado sobre as Antilhas, em direção ao qual os escravos e seus senho- res, os oprimidos e os opressores, voltam seus olhares. HENRI GRÉGOIRE, 1824 Citado por MOREL, M. O abade Grégoire, o Haiti e o Brasil: repercussões no raiar do século XIX. Revista Almanack Braziliense, nº 2, novembro/2005. A Revolução Haitiana, iniciada em 1791, causadora da independência daquela região de colonização fran- cesa, gerou repercussões que impac- taram tanto as sociedades americanas quanto as europeias. A imagem e o texto exemplificam algumas impres- sões sobre esse movimento. Indique um aspecto da Revolução Haitiana que a diferenciou dos outros pro- cessos de emancipação política de colônias americanas. Em seguida, identifique duas repercussões desse episódio para as sociedades americanas e europeias. Desafio 30.19. (UNICAMP – SP) – Leia atentamente o trecho da carta escrita em 1830 por Simón Bolívar ao General J. J. Flores. A partir da leitura e de seus conhecimentos, responda às questões. Meu querido General: V. Ex.ª sabe que governei durante vinte anos e deles tirei apenas pouco resultados certos: 1º) a América é ingovernável para nós; 2º) aquele que serve a uma revolução ara no mar; 3º) a única coisa que se pode fazer na América é emigrar; 4º) este país cairá infalivelmente em mãos da multidão desenfreada, para depois passar a pequenos tiranos quase imperceptíveis, de todas as cores e raças; 5º) devorados por todos os crimes e extintos pela ferocidade, os eu- ropeus não se dignarão a nos conquistar; 6º) se uma parte do mundo voltasse ao caos primitivo, este seria o último período da América. Adaptado de Simón Bolívar, Escritos políticos. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1992, p. 32. a) Identifique dois aspectos políticos do processo de independência da América espanhola. b) Explique como o texto contradiz o projeto político inicial de Bolívar para a América. Aula 30 19História 8A 30.20. (UERJ) – DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA NA AMÉRICA DE COLONIZAÇÃO ESPANHOLA (1808-1850) VICE-REINADOS (1808) CAPITANIAS- -GERAIS (1808) ESTADOS INDEPENDENTES (ATÉ 1850, EXCETO QUANDO INDICADO) Nova Espanha Guatemala Honduras, El Salvador, Guatemala Nicarágua Costa Rica México Cuba Cuba (1898) Haiti República Dominicana Nova Granada Venezuela Venezuela Colômbia Equador Panamá (1903) Peru Chile Chile Peru Prata – Bolívia Argentina Uruguai Paraguai Adaptado de FREIRE, Américo et al. História em curso. São Paulo: Editora do Brasil,2008. Apesar da fragmentação da América Espanhola em dez repú- blicas no momento da indepen- dência (até meados do século já havia 16), políticos, intelectuais e escritores, nos anos 1850 e 1860, mantinham a ideia ante- riormente propagada (não só por Simón Bolívar) de que existe uma consciência e identidade hispa- no-americana/latino-americana comum que supera os “naciona- lismos” locais e regionais.Eles argumentavam que a “América Latina” era fundamentalmente distinta dos Estados Unidos, a “outra” América. Acima de tudo, também acreditavam que os Es- tados Unidos eram seu inimigo. Adaptado de BETHELL, Leslie. O Brasil e a ideia de “América Latina” em perspectiva histórica. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 22, n. 44, 2009. A noção de América Latina, construí- da a partir de meados do século XIX, está associada a processos internos e externos aos países da região. Apresente um fator de ordem interna responsável pela dinâmica territorial retratada na tabela. Cite, ainda, uma ação política dos Estados Unidos, entre 1840 e 1910, que reforçava o entendimento de políticos, intelec- tuais e escritores, ressaltado no texto, diante desse país. 20 Extensivo Terceirão Gabarito 30.01. e 30.02. b 30.03. d 30.04. c 30.05. e 30.06. d 30.07. b 30.08. d 30.09. c 30.10. a 30.11. 19 (01, 02, 16) 30.12. b 30.13. b 30.14. b 30.15. d 30.16. b 30.17. e 30.18. Um dos aspectos: – Levou à criação da primeira República Negra das Américas. – O processo de independência foi iniciado por violentas rebeli- ões escravas. – A emancipação política acarretou também o fim da escravidão. Duas das repercussões: – difusão das ideias liberais – ampliação das críticas à legalidade da escravidão – ocorrência de outras rebeliões escravas nas Antilhas – alterações nos fluxos do tráfico intercontinental de escravos – crescimento da oposição britânica à continuidade do tráfico de escravos – difusão do medo em relação à violência de revoltas escravas (haitianismo) 30.19. a) No contexto da independência da América Espanhola, 1800- 1830, ocorreu uma fragmentação política surgindo vários países adotando repúblicas. b) As diferenças regionais e disputas políticas impossibilitaram a realização do ideário político de Bolívar que era o pan-america- nismo, ou seja, a unificação política da América Espanhola. 30.20. A colonização na América possui diversas particularidades. A colo- nização portuguesa foi mais centralizada (Governo Geral) quando comparado com a colonização espanhola. No decorrer do século XIX, diversos fatores contribuíram para o processo de fragmentação na América de colonização espanhola, frustrando diferentes ideias pan-americanistas de unidade (Simon Bolívar), esforço coletivo de políticos, intelectuais e escritores que buscaram construir um sen- so de unidade e identidade por meio da noção de América Latina. Dentre os fatores de ordem interna que explicam o processo de fragmentação na América de colonização espanhola, devem ser realçados a colonização fragmentada em Vice-reinos e Capitanias Gerais, o quadro de instabilidade política com golpes de Estado e levantes miliares; as disputas entre os caudilhos, representantes do poder local; os constantes conflitos entre liberais e conservadores, na luta entre os defensores da centralização e da descentralização, traço destacado em obras literárias como “Cem Anos de Solidão”, do escritor colombiano Gabriel Garcia Marques. Na construção da noção de América Latina, conforme salientado no texto por Leslie Bethell, a ideia de que os Estados Unidos eram hostis à América Latina foi construída e influenciada por diversas ações daquele país. Um primeiro exemplo pode ser encontrado na expansão territo- rial diante do México, com a anexação do Texas pelos E.U.A. e as diversas guerras travadas, que acarretariam significativas perdas resumidas na frase do ex-presidente Porfírio Dias: “pobre México, tão distante de Deus, tão perto dos Estados Unidos.” Outros exem- plos conhecidos são decorrentes da Guerra hispano-americana e de seus desdobramentos, com a independência de Cuba diante da Espanha e o questionamento da soberania da ilha, devido à emen- da Platt que autorizava intervenções militares dos E.U.A. Por fim, as muitas intervenções e mobilizações de tropas na América Central possuem no apoio à independência do Panamá diante da Colôm- bia e nas condições para construção do Canal e sua exploração um outro conjunto de ações que permitem compreender a percepção negativa construída diante dos EUA na região.
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