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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS CURSO DE DIREITO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO I SARAH LOPES MALTA A EFICÁCIA DA LEI MARIA DA PENHA NO COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER Relatório parcial de pesquisa apresentado à coordenação do Curso de Direito da Universidade São Judas, como requisito parcial para a continuidade das atividades de pesquisa necessárias à elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso, o qual é requisito parcial para obtenção do diploma em Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Dr. Jackson Passos Santos São Paulo 2020 1. Resumo do Projeto Ao decorrer da história a mulher tem sido vítima da violência doméstica e familiar, quer seja de natureza verbal, física, psicológica, sexual e ou até mesmo patrimonial. Após muita repercussão e pressão nacional e internacional, no Brasil, derivados do caso da Maria da Penha, foi sancionada, editada e publicada a Lei 11.340 de 2006, tal qual tem por objetivo a preservação da mulher vítima da violência doméstica e familiar. A referida lei traz em seu bojo um conjunto de instrumentos que visa promover a proteção e acolhimento emergencial à vítima, afastando-a do agressor, bem como também criou meios para assegurar a assistência social da ofendida. Utilizando-se de metodologia diversificada, tendo com isso o escopo de analisar tais institutos de proteção à mulher bem como a sua eficácia na sociedade. Palavras-chave: violência doméstica; Maria da Penha; institutos de proteção; eficácia. 2. Introdução/Justificativa A violência contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, com base no artigo 5° da Lei 11.340/06, que é elucidativo ao definir o que é a violência doméstica e familiar. Nesse sentido, fica claro que a Lei Maria da Penha cria meios de coibir a violência doméstica e familiar contra mulher, bem como é uma lei tratada com base nos direitos humanos, tendo em vista de que se apresentou como uma resposta Estatal a previsão Constitucional do §8° do artigo 226 da Constituição Federal, o qual determina a criação de mecanismos para coibir a violência no âmbito das relações familiares, bem como a ratificação do Brasil de inúmeros tratados internacionais sobre o tema1, por exemplo, a Convenção de Belém do Pará ou Convenção Interamericana para Prevenir, Punir, Erradicar a Violência contra a Mulher, que é um instrumento internacional de direitos humanos adotado pela Comissão Interamericana de Mulheres (CIM) da Organização dos 1 Eduardo; DENORA, Emmanuella Magro. Lei Maria da Penha: tutela diferenciada dos direitos das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Revista Brasileira de Ciências Criminais. Vol. 133.ano 25.p. 219-255. São Paulo: Ed. RT. Jul. 2017. p. 241. Estados Americanos (OEA), é o primeiro tratado internacional legalmente vinculante que coloca no rol taxativo de crimes todas as formas de violência contra a mulher. Outrossim, tendo em vista o cenário atual do qual o mundo se encontra, devido a pandemia do Covid-19, o Núcleo Maria da Penha (Numape) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) aponta que houve o aumento da violência doméstica, devido ao fato de que o isolamento social faz com que a vítima fique em contato frequente com o agressor, tornando-se mais vulnerável, o que entrava a busca por ajuda e a realização de denúncia. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública no estudo “Violência doméstica durante a pandemia de Covid-19”, apresentado em maio, demonstram que o feminicídio no país cresceu em 22,2% nos meses de março e abril deste ano se comparado ao mesmo período de 2019, além disso, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos as denúncias aumentaram em 17,9% em todo o país e em abril o crescimento foi de 37,6%. Diante deste contexto atual, se torna visível a existência de um paradoxo no isolamento social a fim de resguardar a saúde: ficar recolhido na residência é uma medida de prevenção ao vírus, mas também pode ser um fator de aumento para a prática de violência doméstica contra a mulher. Desta forma, houve um expressivo aumento de tempo de convivência entre o agressor e a vítima, o que torna os mecanismos de proteção dos direitos humanos das mulheres ainda mais importantes.2 Não obstante, isso não ofusca o fato de que no Brasil a violência doméstica contra a mulher é fruto de uma sociedade historicamente desenvolvida sobre alicerces patriarcais, os quais descrevem a situação da inferioridade que ainda se encontra em várias regiões do país. A mulher foi criada desde o nascimento para ser submissa ao pai e subsequentemente ao marido. Ante a falta de existência de direitos, estava proibida de votar e prover o próprio sustento, realizando atividades subalternas, como cuidar da casa e dos filhos, ficando assim, submissa ao marido, o qual é responsável para trabalhar e prover o sustento do lar, exercendo assim o 2 LAVORATTI, Anna Claudia; CHOW, Beatriz Grazano; BROCHADO, Gabriel Pinho; SOTO, Idarmis Knight; SILVA, Brenda Carolina Quenric; BONILLA, Irvin Uriel López; FILHO, Carlos Alberto de Moraes Ramos; SILVA, Keyane Angélica Harshe; RAMOS, Catarina M. V.; SUÁREZ, Luis Eduardo Lucido; LIMA, Clarisse Lupman Ferraz; KAZMIERCZAK, Luiz Fernando; GOMES, Eduardo Biacchi; FACHIN, Melina Girardi; CAMBI, Eduardo; DURÁN, Mitchell Sarahi Zapata; LEANY, Érika; KLEE, Paloma Marita Cavol; PIOVESAN, Flávia; GALLO, Patrícia; SOSA, Fernando Molina; FRIZON, Rafael Santana. Direitos Humanos em Tempos de Pandemia. P. 114. Instituto Memória. poder sobre toda a família. Nesse sentido, além do sofrimento recorrente, a violência doméstica gera e estimula um aprendizado que normalmente não fica restrito apenas ao ambiente familiar. As crianças e jovens que crescem neste meio, na maioria das vezes respondem aos conflitos do cotidiano, que são característicos da juventude, por meio da violência, que foi a linguagem aprendida. As consequências da violência dentro do lar se tornam invisíveis para a sociedade, porque quando tais atos ocasionam uma morte, um misto de vinganças e agressões mútuas envolvendo jovens, gera outras inúmeras vítimas, dado que a origem de todos os problemas foi mascarada por uma sucessão de acontecimentos. Bem como, a Lei 11.340/06 pode ser entendida como uma política pública. Segundo Rua (1998), o conceito de política pública está relacionado a procedimentos formais e informais destinados à resolução pacífica dos conflitos. Com isso, a Lei Maria da Penha pode ser entendida como uma política do Estado brasileiro que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.3 Além dos aspectos políticos, culturais e jurídicos, a violência doméstica também retrata um problema de saúde pública, uma vez que a violência doméstica está constantemente concatenada a traumas físicos e mentais, e isso leva as mulheres a buscarem frequentemente os serviços de saúde. Por último, a Lei 11.340/06 trouxe em seu rol taxativo a criação de Juizados de Violência Doméstica, as medidas protetivas de urgência, do papel do Ministério Público, da assistência judiciária, entre outros assuntos que serão abordados no trabalho. Dito isso, pretende-se apontar tais institutos que visam a proteção da mulher bem como, se há a sua eficácia de fato, se tais medidas são executadas na prática da maneira esperada. 3. Objetivos O objetivo geral da pesquisa é sobre o papel que a Lei Maria da Penha exerce na função de proteção às vítimas da violência doméstica, assim como 3 GEISA RAFAELA AMANCIO, THAÍS LIMA FRAGA, CRISTIANA TRISTÃO RODRIGUES. Análise da Efetividade da Lei Maria da Penha e dos Conselhos Municipais da Mulher no combate à violência doméstica e familiar no Brasil. Textos & Contextos (Porto Alegre), vol. 15, n. 1, p. 3. analisar suas medidas de proteção e se há sua devida eficácia. Por fim, identificar doutrinas e jurisprudências que apontem sobre o tema referido. 4. Metodologia/MétodoA pesquisa será desenvolvida em caráter descritivo, a abordagem do trabalho será feita de forma quantitativa-qualitativa, valendo-se do método dialético, uma vez que serão utilizados a pesquisa bibliográfica de artigos científicos, livros, leis, jurisprudências e sites relacionados ao tema abordado. Outro método será a pesquisa de campo, por meio de formulários e pesquisas para se ter um parâmetro geral de como é o comportamento da sociedade diante do tema da pesquisa. 5. Resultados preliminares encontrados O artigo 1° da Lei 11.340 é esclarecedor quanto a sua existência, pois veio para reparar o problema que tem sido gerado e, também coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher por meio dos mecanismos criados. Ademais, até o momento só foi analisado de maneira geral que é um problema que engloba a saúde pública e que também afeta diretamente a sociedade, gerando um círculo vicioso e assim tornando-se um problema social. 6. Cronograma de atividades a serem desenvolvidas: Ago/ 20 Se t/2 0 Ou t/2 0 Nov/ 20 De z/2 0 Ja n/2 1 Fe v/2 1 Mar/ 21 Abr /21 Mai /21 Jun /21 Escolha do Tema X Adequação de Objetivos, Problema e Hipóteses X Pesquisa Bibliográfica X Redação Relatório Parcial X Entrega do Relatório Parcial X Coleta de Dados X X Análise de Dados X X X Redação do Artigo Científico X X X X X Revisão de Normas X Entrega Final X 7. Previsão da publicação da pesquisa A pesquisa, quando finalizada, será submetida a análise para publicação em revistas científicas universitárias e anais de congressos que aceitem a submissão de artigos de acadêmicos de Direito, além do repositório jurídico do próprio Curso de Direito da Universidade São Judas. 8. Referências Bibliográficas Parciais CARNEIRO, Alessandra Costa; FRAGA, Cristina Kologeski. A Lei Maria da Penha e a proteção legal à mulher vítima em São Borja no Rio Grande do Sul: da violência denunciada à violência silenciada. Junho 2012. CAMPOS, Antônio Alessandra Sousa. A Lei Maria da Penha e sua efetividade. 2008. CERQUEIRA, Daniel; MATOS, Maria Vieira Martins; MARTINS, Ana Paula Antunes; JUNIOR, Jony Pinto. Avaliando a efetividade da Lei Maria da Penha. IPEA, 2015. NORETO, Karita Coêlho; BARBOSA, Igor de Andrade. A efetividade da Lei Maria da Penha no Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. RIBAS, Carolline Leal. Da (in) eficácia da Lei Maria da Penha: avanços e desafios a serem superados. SANTOS, Letícia Aparecida dos. (In) Eficácia da Medida Protetiva prevista na Lei Maria da Penha: proteção da vítima frente à atuação do Estado. NEVES, Fabianne Lopes. A efetividade da Lei Maria da Penha na luta contra violência doméstica à mulher. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas. 2018. LIMA, Adriano Gouveia; ARAUJO, Alves Isabella. A efetividade da violência doméstica e familiar contra a mulher e os institutos de proteção. SILVA, Flávia Esthefania Duarte da. Lei Maria da Penha (N° 11.340/06): Violência Doméstica e a Falta de Efetividade na Aplicação de Medidas Protetivas. SILVA, Thayná Aparecida da. Efetividade e eficiência no combate à violência doméstica contra a mulher. AMANCIO, Geisa Rafaela; FRAGA, Thaís Lima; RODRIGUES, Cristina Tristão. Análise da efetividade da Lei Maria da Penha e dos Conselhos Municipais da Mulher no Combate à violência doméstica e familiar no Brasil. Textos e Contextos (Porto Alegre), vol. 15, n° 1, 2016. GOMES, Camilla de Magalhães. Direito Penal e Gênero - O tratamento da mulher em situação de violência doméstica na Lei Maria da Penha. 2013. BASÍLIO, Ana Tereza. A violência doméstica durante a Covid-19. 2020. Revista Consultor Jurídico. BAKKER, Raísa. A Convenção de Belém do Pará e o caso Maria da Penha. 2018. LAVORATTI, Anna Claudia; CHOW, Beatriz Grazano; BROCHADO, Gabriel Pinho; SOTO, Idarmis Knight; SILVA, Brenda Carolina Quenric; BONILLA, Irvin Uriel López; FILHO, Carlos Alberto de Moraes Ramos; SILVA, Keyane Angélica Harshe; RAMOS, Catarina M. V.; SUÁREZ, Luis Eduardo Lucido; LIMA, Clarisse Lupman Ferraz; KAZMIERCZAK, Luiz Fernando; GOMES, Eduardo Biacchi; FACHIN, Melina Girardi; CAMBI, Eduardo; DURÁN, Mitchell Sarahi Zapata; LEANY, Érika; KLEE, Paloma Marita Cavol; PIOVESAN, Flávia; GALLO, Patrícia; SOSA, Fernando Molina; FRIZON, Rafael Santana. Direitos Humanos em Tempos de Pandemia. P. 108. Instituto Memória. 9. Anexos No trabalho em comento, serão anexadas decisões judiciais, portarias e tudo mais que se fizer necessário para o esclarecimento da pesquisa. São Paulo, dezembro de 2020.
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