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UC Estrat. Paleo Aula 03 – 27/08/21 Ambientes de sedimentação Objetivos ● Introdução aos ambientes de sedimentação ● Aspectos gerais AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO Tópicos ● Intemperismo e origem dos sedimentos ● Erosão ● Transporte e sedimentação ● Diagênese e litificação ● Ambientes de sedimentação Intemperismo e origem dos sedimentos Generalidades ● O intemperismo (ou meteorização) é o conjunto de processos naturais que causa a alteração das rochas, próximas da superfície terrestre, em produtos que estejam mais em equilíbrio com novas condições físico- químicas diferentes das que deram origem à maioria dessas rochas (Ollier, 1969 e 1975). ● Nos ambientes naturais, entre os parâmetros físico-químicos mais importantes, tem-se o pH (potencial do íon hidrogênio) e Eh (potencial de oxirredução) Generalidades ● O potencial de oxirredução varia desde fortemente redutor (zona de sulfetos de ferro, como a pirita) até fortemente oxidante (zona de óxidos e hidróxidos de ferro, como a hematita). ● Ambos constituem variáveis independentes, que podem ocasionar a oxidação do ferro, a lixiviação da andesina ou a decomposição da matéria orgânica. Generalidades ● A zona de intemperismo, que corresponde à profundidade afetada por este fenômeno envolve, na prática, meia dúzia de tipos de rochas mais comuns compostas por meia dúzia de minerais principais (silicatos, óxidos, sulfetos, carbonatos, sulfatos e fosfatos), formados por oito elementos químicos mais importantes (0, Si, Al, Fe, Ca, Mg, Na e K). ● Segundo Leopold et al., (1964), dos quase 150 milhões de quilômetros quadrados de terras emersas, sujeitas à ação do intemperismo, 75% são ocupados por rochas sedimentares e apenas 25% por rochas cristalinas (metamórficas e ígneas). ● Por outro lado, mais de 90% das regiões continentais são ocupados por folhelhos (52%), arenitos (15%), granitos e granodioritos (15%), calcários (7%), basaltos (3%) e outras rochas (8%) Produtos do intemperismo ● Por definição, o intemperismo age na interface entre a atmosfera e a litosfera e inclui os processos que levam à desagregação das rochas expostas na superfície da Terra. ● São originadas partículas minerais discretas (produtos residuais) presentes na rocha matriz, que permanecem mais ou menos inalteradas, ao lado de novos minerais formados por intemperismo, além de materiais em solução. Produtos do Intemperismo Tipos de intemperismo Intemperismo físico ● O intemperismo físico por expansão térmica devida à insolação ocorreria em regiões com grandes amplitudes térmicas entre o dia e a noite, fato que é característico de regiões desérticas. ● Desse modo, as rochas expandem-se e contraem-se e, como a maioria das rochas possui condutibilidade térmica muito baixa, estabelece-se um gradiente de temperatura entre a superfície e o interior, quando uma rocha é aquecida. Intemperismo físico 1. Variação de temperatura (termoclastia); 2. Alívio de pressões; 3. Congelamento e degelo (crioclastia); 4. Crescimento de cristais (haloclastia); 5. Hidratação de minerais; 6. Processos físico-biológicos (bioclastia). Intemperismo químico ● O intemperismo químico ocorre quando o equilíbrio do conjunto de átomos, que constitui os minerais é rompido e ocorrem reações químicas que conduzem o mineral a um arranjo mais estável, sob novas condições mais próximas da superfície terrestre. ● O agente principal de intemperismo químico é a água. Poucos minerais formadores das rochas reagem com água pura, exceto os minerais mais solúveis dos evaporitos. Porém, as águas pluviais e subterrâneas são, em geral, levemente ácidas pela dissolução de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, formando um ácido carbônico (H2CO3) diluído. O pH é também frequentemente diminuído pela presença de ácidos fúlvicos e/ou húmicos produzidos por processos biológicos de degradação de materiais vegetais dos solos. Intemperismo químico ● Os principais tipos de reações químicas que ocorrem durante o intemperismo químico das rochas são: ○ dissolução; ○ oxidação ou redução; ○ hidratação ou hidrólise, ○ Carbonatação; e ○ quelação. Fatores que influenciam na velocidade do intemperismo químico 1. Clima 2. Relevo e drenagem 3. Vegetação e umidade 4. Estrutura da rocha 5. Textura da rocha 6. Constituição da rocha externos (água ionizada + °C) internos (k, comp. Química) FATORES Influência do clima Influência do clima O ambient e mai s favoráve l a ointemperismo químico é aquele em que a água e o ar passam com liberdade e Influência do relevo Quanto maior a superfície específica da rocha, maior a velocidade do intemperismo Superfície específica é a relação entre a área externa e o volume de um corpo sólido. O volume de rocha permanece com 1 m3 Superfície específica aumenta com o grau de fraturamento permeabilidade. Influência da estrutura da rocha: granito pouco fraturado e basalto muito fraturado. Influência da textura das rochas (Afanícas e faneríticas) Formação de matacões pelo intemperismo: esfoliação esferoidal Produtos do intemperismo químico sobre as rochas: matacões com esfoliação esferoidal Série de Bowen e de Goldich Série de Bowen e de Goldich. Estabilidade de minerais. Fonte: adaptada de: http://geodinamica.no.sapo.pt/html. Influência do tipo de rocha NOTAS SOBRE O INTEMPERISMO • Solos formados em ambientes onde há predominância do intemperismo físico apresentarão composição mineralógica semelhante às rochas de origem. • Nesses solos os minerais primários serão predominantes em relação aos minerais secundários. • Solos onde o intemperismo químico é predominante são mais profundos e contêm mais finos. • Nesses solos os minerais secundários serão predominantes na fração fina. • Quartzo é fisicamente estável (dureza 7 na escala Mohs) é um mineral quimicamente mais estável que a maioria dos minerais primários e predominam em solos granulares. Destino dos produtos do intemperismo: deposição Intemperismo e ciclo sedimentar ● A erosão, o transporte e a deposição são processos fundamentais na geologia física. ● Modificam o relevo e promovem a deposição nas margens continentais. ● As taxas dessas transformações são muito baixas ==> tempo. Intemperismo e ciclo sedimentar ● O ciclo sedimentar é composto pelas fases de intemperismo, erosão, transporte, deposição, litificação (ou diagênese) e soerguimento. Competência de agentes geológicos Erosão: generalidades ● A erosão é um fenômeno natural, através do qual a superfície terrestre é devastada e afeiçoada por processos físicos, químicos e biológicos de remoção, que modelam a paisagem. Erosão: generalidades ● Se uma fase de sedimentação, for interrompida por um episódio de erosão, são originadas discordâncias erosivas. ● Estas podem ser provocadas por interrupção momentânea na subsidência de uma bacia ou por mudanças nas condições hidrodinâmicas, causando erosão parcial do sedimento recém-depositado ==> comprova-se pela estrutura de corte e preenchimento (cut and fill structure) ==> discordância local do tipo diastema. Tipos de erosão ● Erosão fluvial ○ Denominada de erosão normal em geomorfologia ou erosão geológica em geologia, referindo-se ao trabalho de remodelamento do relevo exercido pelos rios nas vertentes e interflúvios. ○ Controlada pela litologia e estrutura das rochas. ● Erosão marinha ○ provocada pelas ondas nas regiões litorâneas ==> falésias marinhas ativas. Tipos de erosão ● Erosão eólica ○ O fenômeno de delação eólica que consiste na remoção de material particulado fino pela ação do vento é mais acentuado nas regiões áridas e semiáridas. ● Erosão glacial ○ Relacionada a modificação da configuração da superfície terrestre por atividade das geleiras: pavimentos estriados, vales um U, vertentes côncavas, etc. Tipos de erosão ● Erosão lateral: Efeito de erosão horizontal de rio em estado de maturidade,promovendo o alargamento do seu leito. Contrariamente, na juventude a erosão vertical conduz ao aprofundamento do leito ● Erosão vertical: Efeito de erosão vertical de rio em estado de juventude, propiciando o aprofundamento do seu leito, de maneira contrária ao rio em estado de senelidade. ● Erosão remontante: Processo de erosão que atua nas cabeceiras de um vale fluvial, conduzindo ao aumento da extensão em parte por intemperismo e gravidade, atuando em conjunto com os processos fluviais. Tipos de erosão ● Erosão diferencial ou seletiva: A erosão diferencial é um processo erosivo eminentemente seletivo. Ela faz-se mais enérgica em rochas frágeis e mas “suave” em rochas mais resistentes. Essa modalidade de erosão seletiva tem como principal mérito ressaltar as diferenças de dureza do material rochoso. ● Erosão laminar: Erosão causada por água corrente através da enchente laminar, através de fluxos rasos e espalhados não canalizados, diferentemente da maioria dos rios. Ciclo sedimentar ● Bacias sedimentares são alimentadas por sedimentos particulados (clástico) e íons em solução, formados pela denudação (erosão) de áreas emersas e transporte principalmente por rios (mas também por geleiras e vento) até a bacia. ● A água corrente dos rios transporta sedimentos particulados por tração (cascalhos e parte da areia) e suspensão (parte da areia, silte e argila). Essa água é uma parte da água precipitada como chuva. Ciclo sedimentar Ciclo sedimentar Parte do volume de chuva da bacia de drenagem tem outros destinos, pois o balanço hídrico de uma bacia fluvial é composto por vários fluxos: P = precipitação, T = transpiração, E= evaporação, ∆�= variação do volume de água do solo, ∆�= variação do volume de água do aquífero, R= escoamento fluvial na foz (run-off) � = � + � + ∆� + ∆� + Ciclo sedimentar ● O quociente do escoamento fluvial pela precipitação na área de captação é o coeficiente de run-off Ciclo sedimentar ● Se a descarga de sedimento e produtos em solução que saem de uma bacia de drenagem é D, e não há variação na proporção de sedimentos acumulados nas planícies aluviais, então a taxa de denudação média em períodos longos de tempo é dado por: Onde h = elevação, ϕ = porosidade e ρ = densidade das rochas da área-fonte, Ad = área denudada. Sendo D dado em Kg/ano. ● Assim, o cálculo da taxa de denudação exige o conhecimento dos fluxos de sedimentos e solúveis nas águas de escoamento Ciclo sedimentar ● Um conceito importante para o estudo da fábrica siliciclástica é o de Produção sedimentar (sediment yield), ou fluxo sedimentar por área da bacia de drenagem. ● Se Ds é o fluxo de sedimentos detríticos (sem solúveis), a Produção sedimentar R, é dada pela expressão: = � � � Ciclo sedimentar ● O volume total de sedimentos que chega às bacias oceânicas no planeta é de 20 x 109 t/ano, e com a Terra tem uma área de 1,49 x 108 km2 , a produção sedimentar média do planeta é de 135 t/km2/ano . ● Essa produção varia muito em cada bacia de drenagem, desde menos de 1 t/km2/ano em alguns rios da Sibéria até mais de 50.000 t/km2/ano em rios Chineses que drenam áreas de sedimentos eólicos finos (loess) de fácil erosão. ● Os principais controles sobre a produção sedimentar são precipitação (que controla alteração das rochas-fonte), efeitos topográficos (altitude, declividade, etc) e tipo de rocha-fonte. Locais e taxas de erosão totais estimadas Distribuição global da taxa de sedimentos Efeito da altitude Efeito do tipo de rocha Aporte O aporte sedimentar para a bacia é o produto da produção sedimentar pela área da captação de drenagem, assim, rios com grande captação tem mais sedimento sendo transportado. Bibliografia Bibliografia básica Suguio, K. Geologia Sedimentar. São Paulo: Editora Blucher, 2003. 9788521214908. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521214908/. Acesso em: 28 May 2021 Born, C. R. Petrologia. Porto Alegre: Grupo A, 2021. 9786556901831. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556901831/. Acesso em: 28 May 2021 CARVALHO, I. S. Paleontologia: conceitos e métodos. Vol. 1. 3a. Ed. Rio de Janeiro: Interciência. 2010. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/49835/pdf/0. Acesso em: 28 May 2021 Bibliografia Bibliografia complementar CHARLES, P.; YVES, L.; MAURICE, R.; STÉPHANE, G. Princípios de Geologia. Grupo A, 2013. 9788565837804. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788565837804/ . Acesso em: 28 May 2021 CARVALHO, I. S. Paleontologia: microfósseis e paleoinvertebrados. Vol. 2. 3a. Ed. Rio de Janeiro: Interciência. 2010. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/49836/pdf/0 Acesso em: 28 May 2021 WICANDER, R.; MONROE, J.S. Geologia - Tradução da 2ª edição norte-americana. São Paulo, SP: Cengage Learning Brasil, 2017. 9788522126194. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126194/ Acesso em: 26 May 2021 JOHN, G.; TOM, J. Para Entender a Terra. Porto Alegre: Grupo A, 2014. 9788565837828. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788565837828/ . Acesso em: 28 May 2021 SUGIO, Kenitiro. Geologia do quaternário e mudanças ambientais. São Paulo: Oficina dos textos, 2010. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/180529/epub/0 Acesso em: 28 May 2021
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