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Matemática Financeira Avançada Pós-Graduação Núcleo de Educação a Distância – www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 – 25 de Agosto – Duque de Caxias – RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitora de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão – PROPEX Nara Pires Pró-Reitor de Administração Acadêmica Carlos de Oliveira Varella Pró-Reitora Comunitária Sônia Regina Mendes 4 Matemática Financeira Avançada UNIVERSIDADE UNIGRANRIO Copyright © 2018, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Produção editoração gráfica: Susane Bonifácio Revisão: Camila Andrade e Laís Sá Desenvolvimento instrucional: Andréia Ribeiro Conteudista: Vicente Eudes Veras da Silva Mestrado e Doutorado: • Doutor em Educação – UNESA (2012). • Especialização em Educação a Distância – UNISEB (2015). • Mestre em Educação – UNESA (2003). • Especialização em Matemática e Estatística – UFLA (2000). • Especialização em Docência Universitária – UCB (1997). Graduação: • Bacharel em Administração – UNESA (2015). • Licenciatura e Bacharel em Matemática – FAHUPE (1988). Experiência Profissional: • Professor – UNIGRANRIO. Período: 2017 – Atualmente. • Professor – Universidade Estácio de Sá (UNESA/RJ). Período: 2002 – Atualmente. • Professor – Universidade Veiga de Almeida. Período: 2014 – 2017. S586m Silva, Vicente Eudes Veras da. Matemática Financeira Avançada / Vicente Eudes Veras da Silva. – Duque de Caxias, RJ: Unigranrio, 2018. 32 p.: il. ; 23 cm Referências: p.32 1. Matemática financeira. 2. Taxas de juros. 3. Títulos (Finanças). I. Título. CDD – 650.01513 Sumário Introdução ......................................................................................... 06 Objetivos ........................................................................................... 07 1. Escolha Intertemporal do Consumidor..................................... 08 2. Regimes de Capitalização e Desconto ....................................... 08 2.1 Desconto ................................................................................. 13 3. Taxa Proporcional e Taxa Equivalente ...................................... 15 4. Séries Uniformes (HP 12C) ..................................................... 18 5. Sistemas de Amortização ......................................................... 22 6. Valor Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno ................... 25 Síntese ............................................................................................... 31 Referências ......................................................................................... 32 6 Matemática Financeira Avançada Introdução A matemática financeira é uma ferramenta útil que tem por objetivo estudar as diversas formas de evolução do valor do dinheiro no tempo, bem como as formas de análise e comparação de alternativas para aplicação/obtenção de recursos financeiros. O campo de aplicação desta disciplina é bastante amplo, pois suas técnicas são necessárias em operações de financiamento de quaisquer naturezas: crédito a pessoas físicas e a empresas, financiamentos habitacionais, crédito direto ao consumidor, entre outras. Essas técnicas financeiras também são úteis quando devemos decidir entre investimentos alternativos. Assim, a matemática financeira tem aplicação em diversas operações cotidianas de nossas vidas, estando presente no cálculo de pagamentos de contas com atraso, desconto de cheques, aplicações financeiras, empréstimos, financiamentos imobiliários, renegociação de dívidas e até na avaliação da viabilidade financeira de projetos de investimentos. Matemática Financeira Avançada 7 Objetivos Ao final desta disciplina, você será capaz de: • Fornecer ferramentas para avaliação dos problemas práticos que envolvem questões de matemática financeira; • Discutir elementos que baseiam decisões de investimentos. 8 Matemática Financeira Avançada 1. Escolha Intertemporal do Consumidor Entre as diversas escolhas com as quais o agente econômico se depara diariamente, o conflito entre consumir e poupar é, sem dúvida, um dos mais relevantes para a ciência econômica, cuja sequência de resultados vem a determinar a trajetória de consumo intertemporal desses agentes. A escolha intertemporal tem estreita ligação com fenômenos que estão na ordem do dia, tais como comportamentos de poupança, consumo e investimento. Figura 1: Poupar ou comprar? Fonte: Dreamstime. Escolhas intertemporais definem-se como escolhas que envolvem trocas entre custos e benefícios que ocorrem em diferentes pontos temporais (URMINSKY; ZAUBERMAN, 2014). Por exemplo, o impacto de uma variação na taxa de juros sobre o comportamento dos consumidores pode ser analisado a partir de suas decisões de consumo no tempo e de sua escolha intertemporal associada aos valores presente e futuro de sua utilidade. Em síntese, quando decide-se gastar hoje, em vez de guardá-lo para o futuro, você está tomando uma decisão intertemporal. 2. Regimes de Capitalização e Desconto Regime de capitalização é a forma em que se constata o crescimento do capital (valor presente ou principal), podendo ser pelo regime de capitalização simples ou composta. Matemática Financeira Avançada 9 Regime de Capitalização Simples Os juros que incidem sobre um empréstimo são chamados de juros com capitalização simples, sendo que, a cada período que dura o empréstimo, os juros são calculados sempre em cima do valor inicial do empréstimo ou principal. Nessa categoria, os juros de cada período serão sempre calculados em função do capital inicial (PV = Valor Presente). Fórmula Geral: • FV = PV. (1+ i . n) Sendo: • FV: Valor Futuro - é a soma de juros no período mais principal. • PV: Valor Presente de Principal aplicado. • i: Taxa de juros expressa em decimais. • n: Período de aplicação. Vejamos um exemplo: Uma pessoa aplicou o capital de R$ 1.200,00 a uma taxa de juros simples de 2% a.m., durante 14 meses. Determine os juros e o montante dessa aplicação. Atenção: Os números que expressam a taxa de juros são acompanhados de uma expressão que indica a temporalidade da taxa. Essas expressões são abreviadas da seguinte forma: • ad = ao dia • am = ao mês • at = ao trimestre • aq = ao quadrimestre • as = ao semestre • aa = ao ano No vídeo Economizando para o amanhã, amanhã, de Shlomo Benartzi, você verá que é fácil economizar dinheiro na próxima semana. Mas e se fosse agora? Shlomo Benartzi diz que isso é um dos nossos maiores obstáculos para economizarmos o suficiente para a aposentadoria. Ele ainda lança a seguinte pergunta: Como nós mudamos esse comportamento desafiador para uma solução comportamental? Vídeo Assista agora https://www.ted.com/talks/shlomo_benartzi_saving_more_tomorrow/transcript?language=pt-br 10 Matemática Financeira Avançada Dados: • n = 14 meses • PV = R$ 1.200,00 • I = 2% ao mês = 0,02 • FV = ? Solução: • FV = PV . (1 + i . n) • FV = 1.200 . (1 + 0,02.14) • FV = 1.200 . (1 + 0,28) • FV = 1.200 . 1,28 • FV = R$ 1.536,00 (este é o MONTANTE (FV) da aplicação). Somente os juros: 1.536,00 - 1.200,00 = R$ 336,00 (este é o valor dos JUROS da aplicação). Regime de Capitalização Composta O regime de capitalização composta é o mais comum em nosso dia a dia. Ele é largamente aplicado pelas instituições financeiras e no cálculo econômico em geral. Nesse regime, os juros calculados em um determinado período são incorporados ao principal. Isso te lembra algo? Os juros do cartão de crédito normalmente utilizam essa forma de cobrança. Bom, os juros que foram incorporados passam a fazer parte da base para o cálculo dos juros no período seguinte – é o que comumente denominamos de juros sobre juros. Ano Saldo inicial Taxade Juros Base de Cálculo Juros do Período Saldo Final 1 1.000,00 10% 1.000,00 100,00 1.100,00 2 1.100,00 10% 1.100,00 110,00 1.210,00 3 1.210,00 10% 1.210,00 121,00 1.331,00 4 1.331,00 10% 1.331,00 133,00 1.464,00 Tabela 1: Regime de capitalização composta. Fonte: Do autor. Matemática Financeira Avançada 11 Explicando melhor, podemos dizer que o juro produzido em cada período é agregado ao saldo do início desse período, constituindo uma nova base para o cálculo do juro no período seguinte. A esse processo de agregação de juro aos saldos iniciais de cada período, dá-se o nome de capitalização de juros ou, simplesmente, capitalização. Nesse sentido, o capital inicial (C = PV), ao final de n períodos de aplicação, a uma taxa de juros i ao período, irá gerar um montante (M) ou valor futuro (FV) de: • M = C . (1 + i)n ou FV = PV . (1 + i)n Vejamos um exemplo: Calcule o MONTANTE (FV) de um capital de R$ 1.000,00 aplicado por 6 meses a uma taxa de juros de 3% a.m., sabendo-se que a capitalização é mensal. Dados: • PV = 1.000,00 • n = 6 m • i = 3% a.m. • FV = ? Solução: • FV = PV . (1 + i)n • FV = 1000 . (1 + 0,03)6 • FV = 1000 . (1,03)6 • FV = 1000 . 1,19405 • FV = R$ 1.194,05 O seguro-desemprego é um auxílio temporário disponibilizado pelo governo aos trabalhadores que ficam desempregados. Trata-se de um benefício de garantia e assistência ao trabalhador e seus dependentes durante um período temporário. O benefício é somente válido para trabalhadores que tenham sido demitidos sem justa causa. Na prática 12 Matemática Financeira Avançada Valor do salário (média dos 3 últimos meses) Valor da parcela Até R$ 1.480,25 Salário médio * 0,8 Entre R$ 1.480,26 e R$ 2.647,33 O que exceder a R$ 1.480,25, multiplica-se por 0,5 (50%) e soma-se a R$ 1.184,20 Maior que R$ 2.647,33 R$ 1.677,74 Tabela 2: Seguro-desemprego 2018. Fonte: Do autor. O trabalhador poderá receber entre 3 e 5 parcelas do benefício, porém, a quantidade de parcelas dependerá de quanto tempo ele trabalhou com carteira assinada. Tempo de trabalho Nº de parcelas 6 a 11 meses 3 parcelas 12 a 23 meses 4 parcelas 24 meses ou mais 5 parcelas Tabela 3: Tempo de trabalho x número de parcelas. Fonte: Do autor. Situação: Antônio recebia de salário bruto o valor de R$ 2.000,00. Ele trabalhou por exatamente 2 anos e tinha plenas condições de recebimento do benefício na forma da lei. a) Quanto receberá de seguro-desemprego e por quanto tempo? Resolução: Antônio irá receber 5 parcelas (trabalhou 24 meses) no valor de R$ 1.677,74 cada uma. b) Se Antônio juntar o total recebido de seguro-desemprego e, depois, aplicar o total a juros compostos de 1,5% a.m, quanto ele terá ao final de 1 ano? Resolução: Antônio irá receber 5 parcelas (trabalhou 24 meses) no valor de R$ 1.677,74 cada uma. O total será de R$ 8.388,70. Matemática Financeira Avançada 13 Logo, teremos: Dados: • PV = R$ 8.388,70 • n = 1 ao = 12 meses • i = 1,5% a.m. • FV = ? Solução: • FV = PV . (1 + i)n • FV = 8.388,70 . (1 + 0,015)12 • FV = 8.388,70 . (1,015)12 • FV = 8.388,70 . 1,1956 • FV = R$ 10.029,53 2.1 Desconto Existem, basicamente, dois tipos de desconto: o desconto comercial (bancário ou por fora) e o desconto racional (ou por dentro). Os dois tipos podem ser aplicados em operações de juros simples (desconto simples) e de juros compostos (desconto composto). No Brasil, as operações de desconto mais usuais são: a) Desconto simples comercial ou bancário (por fora); b) Desconto composto racional (por dentro). Desconto Simples Comercial ou Bancário (por fora) É aquele em que a taxa de desconto incide sempre sobre o Valor Nominal ou Valor Futuro (FV). É utilizado no Brasil, principalmente, nas chamadas operações de “desconto de duplicatas” realizadas pelos bancos, sendo, por essa razão, também conhecido por desconto bancário ou comercial. • Dc = FV. i.n Sendo que i representa a taxa de desconto e n o prazo. 14 Matemática Financeira Avançada Vejamos um exemplo: Antecipando em dois meses o pagamento de um título, obtivemos um desconto simples comercial, que foi calculado com base na taxa de 2% a.m. Sendo R$ 31.104,00 o valor nominal do título (FV): a) Qual o valor do desconto (Dc)? b) Qual o valor atual (PV), em reais? Dados: • FV = R$ 31.104,00 • i = 2% a.m. = 0,02 • n = 2 meses • PV = ? Solução: a) Qual o valor do desconto (Dc)? • Dc = FV . i.n • Dc = 31104 . 0,02 . 2 • Dc = R$ 1.244,16 (Valor do desconto simples comercial) b) Qual o valor atual (PV), em reais? • PV= FV – Dc • PV = 31.104 - 1.244,16 = R$ 29.859,84 (Valor atual do título) Desconto Composto Racional (por dentro) O desconto composto “por dentro” (ou racional) é aquele estabelecido segundo as conhecidas relações do regime de juros compostos. Assim sendo, o desconto composto racional é a diferença entre o valor nominal (FV) e o valor atual de um título (PV), quitado antes do vencimento. Na prática, o desconto “por dentro” ou racional nada mais é do que a diferença entre o valor futuro de um título (FV) e o seu valor atual (PV), determinado com base no regime de capitalização composta, portanto, de aplicação generalizada. • PV = FV (1 + i)n Antecipando em dois meses o pagamento de um título, obtivemos um desconto racional composto, que foi calculado com base na taxa de 2% a.m. Matemática Financeira Avançada 15 Sendo R$ 31.104,00 o valor nominal do título (FV): a) Qual o valor atual (PV), em reais? b) Qual o valor do desconto (Dr)? Dados: • FV = R$ 31.104,00 • i = 2% a.m. = 0,02 • n = 2 meses • PV = ? Solução: a) Qual o valor atual (PV), em reais? • PV = 31.104 PV = 31.104 PV = 31.104 (1 + 0,02)2 (1,02)2 1,0404 • PV = R$ 29.896,19 (Valor atual do título) b) Qual o valor do desconto (Dr)? • Dr= FV – PV • Dr = 31.104 - 29.896,19 • Dr = R$ 1.207,81 (Valor do desconto composto racional) 3. Taxa Proporcional e Taxa Equivalente É muito comum vermos, em dicas básicas de economia, que o consumidor tenta sempre fazer suas compras à vista, pois, ao comprar a prazo, o consumidor está contraindo uma dívida que deverá ser paga em um período predeterminado. É necessário muito cuidado e atenção porque, quando se parcela o valor de um produto, além de pagar pelo que está comprando, o consumidor também pagará pelo prazo que lhe está sendo concedido. 16 Matemática Financeira Avançada Taxa Proporcional Duas taxas são proporcionais se ambas produzirem o mesmo juro ou montante acumulado ao final do período considerado, no regime de juros simples. Vale lembrar que essas taxas devem ser aplicadas ao mesmo capital, pelo mesmo intervalo de tempo. Assim, considerando o período de um ano, as seguintes taxas são proporcionais entre si: • 1% ao mês 3% ao trimestre 6% ao semestre 12% ao ano. Exemplo 1 Calcule a taxa semestral proporcional a 6% a.m. Sabemos que 1 semestre = 6 meses, então: 6% (taxa mensal) X 6 meses (período proporcional) = 36% a.s. Exemplo 2 Calcule a taxa mensal proporcional a 101,22% a.a. Sabemos que 1 ano = 12 meses, então: 101,22 % (taxa anual) / 12 meses (período proporcional) = 8,435 % a.m. Taxa Equivalente Duas taxas de juros são equivalentes se ambas produzirem o mesmo juro ou montante acumulado ao final do período considerado, no regime de juros compostos. Vale lembrar que essas taxas devem ser aplicadas ao mesmo capital, pelo mesmo intervalo de tempo. Para relacionar, de modo sistemático, essas equivalências, consideram-se as seguintes nomenclaturas: • ia - taxa de juros anual; • it - taxa de juros trimestral; • is - taxa de juros semestral; • im - taxa de juros mensal; • id - taxa de juros diária. • (1 + ia)1 = (1 + is)2 = (1 + it)4 = (1 + im)12 = (1 + id)360 Vejamos um exemplo de cálculo da taxa equivalente de um período menor para um período maior: Calcule a taxa semestral equivalente a 6% a.m. Matemática Financeira Avançada 17 Dados: • n = 1 semestre= 6 meses • i = 6 % a.m. • (1 + is) 1 = (1 + im) 6 • 1 + is = (1 + 0,06)6 • 1 + is = (1,06)6 • 1 + is = 1,41852 • is = 1,41852 – 1 • is = 0,41852 A taxa semestral equivalente é de 41,85 %. Registre nas teclas financeiras: • F REG (limpar todos os registros anteriores) • 100 CHS PV • 6 n • 6 i • FV • RCL PV + (aparece no visor: 41,85) A taxa semestral equivalente é de 41,85%. Vejamos um exemplo de cálculo da taxa equivalente de um período maior para um período menor: Calcule a taxa mensal equivalente a 101,22% a.a. Dados: • n = 1 ano = 12 meses • i = 101,22 % • (1 + ia)1 = (1+im)12 • im = (1 + ia )1/12 - 1 • im = (1 + 1,0122)1/12 – 1 • im = (2,0122)1/12 - 1 Como funciona o exemplo acima na calculadora HP 12C? 18 Matemática Financeira Avançada • im = 1,06 - 1 • im = 0,06 A taxa mensal equivalente é de 6%. Registre nas teclas financeiras: • STO EEX (a HP12C deve conter, na parte inferior, do lado direito do visor, a letra “c”) • F REG (limpar todos os registros anteriores) • 100 CHS PV • 12 1/x n • 101,22 i • FV • RCL PV + (aparece no visor: 6,00) A taxa mensal equivalente é de 6 %. Não se preocupe com a possibilidade de tornar o seu filho uma pessoa avarenta ou materialista demais. É importante falar sobre dinheiro desde cedo. Leia o artigo proposto e fique por dentro do assunto. 4. Séries Uniformes (HP 12C) Uma série de pagamentos pode ser usada para constituir um capital ou pagar um dívida de forma parcelada, denominada Série uniforme de pagamentos. Vamos analisar o procedimento de duas séries de pagamentos uniformes, em um intervalo de tempo que se refere à taxa de juros considerada. Série uniforme com pagamentos postecipados Série uniforme com pagamentos antecipados Os pagamentos ou recebimentos são efetuados no FIM de cada intervalo de tempo. Os pagamentos ou recebimentos são efetuados no IN CIO de cada intervalo de tempo. Quadro 1: Séries uniformes. Fonte: Do autor. Saiba mais Como funciona o exemplo acima na calculadora HP 12C? Leia agora https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/6-dicas-para-ensinar-criancas-a-gastar-poupar-e-investir/ Matemática Financeira Avançada 19 As principais funções financeiras da HP 12C para operações com séries uniformes são: • TECLA PMT (Periodic Payment Amount ) da HP 12C É o valor de uma parcela que pode ser adicionada ou subtraída do montante a cada período. • Como operar com o registrador PMT da HP 12C É preciso, inicialmente, determinar se a série calculada é postecipada (configurada por [g] [END]) ou antecipada (configurada por [g] [BEG]). • Desembolsos e recebimentos Vale a pena lembrar que os desembolsos de caixa devem ser colocados com sinal negativo, e recebimentos com o sinal positivo. Figura 2: Calculadora HP 12C. Vejamos um exemplo de série uniforme com pagamentos postecipados: Dado PV Achar PMT. Um par de sapatos está anunciado por R$ 200,00 para pagamento à vista ou em 5 prestações iguais e mensais, sendo a primeira para daqui a 30 dias após a compra. Calcule o valor das prestações, sabendo que a taxa de juros compostos cobrada pela loja é de 5% a.m. Dados: • PV = R$ 200,00 • n= 5 meses • i = 5 a.m. • PMT? BEG END 20 Matemática Financeira Avançada Solução: • Como a série calculada é postecipada (Usar [g] [END]). • Série uniforme com pagamentos postecipados: Dado PV achar PMT. Passos HP-12C Resposta 1º 2º 3º 4º 5º 46,19 Valor da prestação Tabela 4: Pagamentos postecipados: Dado PV Achar PMT. Fonte: Do autor. Vejamos um exemplo de série uniforme com pagamentos postecipados: Dado FV Achar PMT. Uma pessoa deseja acumular R$ 100.000,00 aplicando um valor todo mês durante 5 anos, a uma taxa de juros de 1,2% ao mês, a fim de realizar a viagem dos seus sonhos. Determine o valor de cada parcela a ser depositada mensalmente: Dados: • FV = R$ 100.00,00 • n= 5 anos = 60 meses • i = 1,2 % a.m. • PMT? Solução: • Como a série calculada é postecipada (Usar [g] [END]). • Série uniforme com pagamentos postecipados: Dado FV achar PMT. f REG 200 PVCHS 5 5 n i PMT Matemática Financeira Avançada 21 Passos HP-12C Resposta 1º 2º 3º 4º 5º 1.147,61 Valor da parcela Tabela 5: Pagamentos postecipados: Dado FV Achar PMT. Fonte: Do autor. Vejamos um exemplo de série uniforme com pagamentos antecipados: Dado PV Achar PMT. Um veículo custa, à vista, R$ 50.000,00, mas pode ser adquirido em 12 prestações mensais iguais, sob uma taxa de 1,5% a.m., sendo que a primeira prestação é no ato da compra. Determine o valor das prestações. Dados: • PV = R$ 50.00,00 • n= 12 meses • i = 1,5 % a.m. • PMT? Solução: • Como a série calculada é antecipada (Usar [g] [BEG]). • Série uniforme com pagamentos antecipados: Dado PV achar PMT. Passos HP-12C Resposta 1º 2º 3º 4º 5º 4.516,26 Valor da prestação Tabela 6: Pagamentos antecipados: Dado PV Achar PMT. Fonte: Do autor. f REG 100000 FVCHS 60 1,2 n i PMT f REG 50000 PVCHS 12 1,5 n i PMT 22 Matemática Financeira Avançada Vejamos um exemplo de série uniforme com pagamentos antecipados: Dado FV Achar PMT Um investidor tem uma promissória para quitar, daqui a 8 meses, no valor de R$ 95.000,00. Considerando que um título em renda fixa rende 1,45% a.m., calcule o valor do depósito mensal que deve ser realizado, a partir de hoje, em uma instituição bancária, a fim de que tenha o valor de resgate que precisa. Dados: • FV = R$ 95.00,00 • n= 8 meses • i = 1,45 a.m. • PMT? Solução: • Como a série calculada é antecipada (Usar [g] [BEG]). • Série uniforme com pagamentos antecipados: Dado FV achar PMT. Passos HP-12C Resposta 1º 2º 3º 4º 5º 11.124,06 Depósito mensal Tabela 7: Pagamentos Antecipados: Dado FV Achar PMT. Fonte: Do autor. 5. Sistemas de Amortização Quando fazemos um financiamento de um bem, seja de automóvel ou de uma casa, ou um empréstimo para uma empresa, é preciso determinar como serão pagos os juros e amortizações devidos ao longo do tempo. No Brasil, os sistemas mais utilizados são: • Sistema de Amortização Constante (SAC); • Sistema de Amortização Francês (Tabela Price). f REG 95000 FV CHS 8 1,45 n i PMT Matemática Financeira Avançada 23 Vejamos, com mais detalhes, a seguir: Sistema de Amortização Constante (SAC) O financiamento é pago em prestações decrescentes. Cada parcela compreende o pagamento de juros e da amortização de parte do principal. Essa modalidade é utilizada em financiamentos imobiliários e em financiamentos às empresas, por parte de entidades governamentais. Em cada período, o principal remanescente decresce do valor de uma amortização. Como todas as amortizações são iguais, esse decréscimo será uniforme, e, portanto, os juros dos períodos também serão uniformemente decrescentes ao longo do tempo. Vejamos um exemplo: Um empréstimo no valor de R$ 12.000,00 foi contraído para ser pago pelo SAC em 6 prestações mensais, a uma taxa de juros de 2% a.m. Solução: • Para montagem da planilha, devemos, inicialmente, calcular o valor da amortização, considerando a seguinte fórmula: A = P n Sendo: • A = Amortização • P = Principal • n = números de prestações Resolução: • A = P n • A = 12.000 / 6 • A = R$ 2.000,00 Figura 3: Amortização do saldo devedor pelo SAC. Fonte: Faz a Conta. 24 Matemática Financeira Avançada Sistema de Amortização Francês (Tabela Price) Esta modalidade de amortização consiste em uma série de pagamentos iguais e periódicos. A parcela periódica de pagamentos compreende os juros do período mais a amortização de parte do principal. Esta modalidade é utilizada, principalmente, no crédito direto ao consumidor. Observe que, em um pagamento parcelado, os juros de cada prestação vão diminuindo com o tempo, pois o principal remanescente vai se tornando cada vez menor. Como o valor da prestação é constante, a parcela de amortização de cada prestação vai aumentando ao longo do tempo. Há uma grande polêmica relativa à ocorrênciade capitalização de juros na Tabela Price, evento proibido no ordenamento legal brasileiro. Isso tem gerado questionamentos, sobretudo no campo jurídico, resultando em milhares de ações judiciais. Muitos desses questionamentos são desprovidos de qualquer fundamento matemático. Neste artigo, você verá um tratamento analítico do modelo matemático da Tabela Price, que busca trazer uma contribuição técnica ao tema. Vejamos um exemplo: Um empréstimo no valor de R$ 12.000,00 foi contraído para ser pago, pela Tabela Price, em 6 parcelas ao mês, a uma taxa de juros de 2% a.m. Solução: • Como no Sistema de Amortização Francês a prestação é constante, utilizamos a fórmula a seguir para o cálculo da prestação: • P = PV . (1 + i)n . i (1 + i)n - 1 Sendo: • PV = valor presente • P = prestação • n = número de parcelas • i = taxa de juros = 2% = 0,02 Importante Leia agora http://lares.org.br/Anais2010/images/468-422-1-RV.pdf Matemática Financeira Avançada 25 Figura 4: Amortização do saldo devedor pela Tabela Price. Fonte: Faz a Conta. 6. Valor Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno Vamos, agora, conhecer uma das técnicas mais sofisticadas para realizar um orçamento de capital (Valor Presente Líquido) e veremos, também, um dos métodos mais sofisticados de se avaliar propostas de investimentos: a Taxa Interna de Retorno (TIR) ou Intern Rate of Return (IRR). Valor Presente Líquido Para Gitman (2010, p.369), o Valor Presente Líquido (VPL) considera: Explicitamente o valor do dinheiro no tempo. É considerada uma técnica sofisticada de orçamento de capital. Todas as técnicas desse tipo descontam de alguma maneira os fluxos de caixa da empresa a uma taxa especificada. Essa taxa, comumente chamada de taxa de desconto, retorno requerido, custo de capital ou custo de oportunidade, consiste no retorno mínimo que um projeto precisa proporcionar para manter inalterado o valor de mercado da empresa. Por sua vez, Casarotto Filho (2011, p.116) define VPL como um cálculo simples, que “em vez de se distribuir o investimento inicial durante sua vida (custo de recuperação do capital), deve-se somar os demais termos do fluxo de caixa para somá-los ao investimento inicial de cada alternativa. Escolhe-se aquela que apresentar melhor valor presente líquido”. O Valor Presente Líquido (VPL) ou Net Present Value (NPV) é um dos instrumentos sofisticados mais utilizados para avaliar propostas de investimento de capital. 26 Matemática Financeira Avançada Método Prático: • VPL = - Investimento Inicial + FC1 + FC2 + … + FCn (1 + i)1 (1+i)2 (1+i)n Sendo: • FCn = Saldo do fluxo de caixa no período n. • i = taxa de juros estipulada (taxa mínima de atratividade) ou custo de capital do projeto do investimento. Vejamos um exemplo: Uma instituição está analisando a perspectiva de um novo empreendimento, o que permitirá alavancar as suas vendas. Sabe-se que o custo de capital da empresa é igual a 10% ao ano, e o fluxo de caixa operacional líquido está estimado na Tabela 8, apresentada a seguir: Anos 0 1 2 3 4 Valores (2.500.000) 600.000 750.000 800.000 1.500.000 Tabela 8: Fluxo de caixa operacional líquido. Fonte: Do autor. Figura 5: Fluxo de Caixa. Fonte: Do autor. Sendo assim, determine o Valor Presente Líquido (VPL). Solução: • Substituímos os valores dos respectivos fluxos de caixa na fórmula a seguir: 600.000 750.000 800.000 1.500.000 2.500.000 Matemática Financeira Avançada 27 • VPL = - Investimento inicial + FC1 + FC2 + … + FCn (1 + i)1 (1 + i)2 (1+i)n • VPL = -2.500.000 + 600.000 + 750.000 + 800.000 + 1.500.000 (1,10)1 (1,10)2 (1,10)3 (1,10)4 • VPL = -2.500.000 + 600.000 + 750.000 + 800.000 + 1.500.000 1,1 1,21 1,331 1.4641 • VPL = -2.500.000 + 545.455 + 619.835 + 601.052 + 1.024.520 • VPL = -2.500.000 + 2.790.862 = R$ 290.862,00 Solução: VPL calculado por meio da HP 12C Figura 6: Calculadora HP 12C. Registre nas teclas financeiras: • F REG (limpar todos os registros anteriores) • 2500000 CHS g Cfo • 600000 g CFj • 750000 g Cfj • 800000 g Cfj • 1500000 g Cfj • 10 i (lembre-se de que a taxa i é de 10%) CFo NPV CFj 28 Matemática Financeira Avançada • f NPV (teclar f e, em seguida, NPV) • Aparecerá, no visor da calculadora, o valor de R$ 290.861,28. Interpretação do VPL • O projeto é viável, pois o VPL (considerando o período de 4 anos) é maior do que zero (+ R$ 290.862,00); • O VPL apurado indica que a empresa atingiria, além do mínimo esperado (10%), um resultado excedente, em dinheiro, de R$ 290.862,00. Taxa Interna de Retorno Ela representa a taxa de desconto que iguala, em um único momento, os fluxos de entradas com os de saídas de caixa. A TIR representa a rentabilidade interna de um projeto, obtida pelo desconto do fluxo de caixa observado nos períodos de análise, e que anule o valor do investimento inicial. A Taxa Interna de Retorno, que é possível obter com o projeto, é equiparável a uma taxa mínima de atratividade. Esse método consiste em calcular a taxa que anula o valor presente dos fluxos de caixa do projeto. Em outras palavras, é a taxa que produz um VPL igual a zero e pode ser obtida por meio da seguinte fórmula: • Normalmente, as empresas utilizam como Taxa Mínima de Atratividade (TMA) os custos dos financiamentos ou os índices econômicos, levando em conta também o risco dos projetos. A regra de decisão é a seguinte: • TIR ≥ TMA projeto é viável; • TIR < TMA projeto não é viável. Observação: A complexidade na determinação da TIR pode ser evidenciada observando-se a equação que envolve o seu cálculo, uma vez que consiste na resolução de um polinômio de grau "n" (número de períodos no fluxo de caixa), por interpolação linear ou por processos matemáticos interativos. Nesse sentido, para facilitar esse cálculo, vamos recorrer à calculadora HP 12C. Matemática Financeira Avançada 29 Vejamos um exemplo: Considere o projeto A de uma determinada empresa, conforme o fluxo de caixa visualizado na Figura 7, para cinco anos. Figura 7: Fluxo de Caixa. Fonte: Do autor. a) Calcule a Taxa Interna de Retorno (TIR). b) Considerando o custo de capital de 15%, o projeto A é aceitável? Solução: TIR calculada por meio da HP 12C CFo CFj IRR Figura 8: Calculadora HP12C. 13.000 9.000 10.000 7.000 24.000 20.000 30 Matemática Financeira Avançada Registre nas teclas financeiras: • F REG (limpar todos os registros anteriores) • 24000 CHS g Cfo • 13000 g CFj • 9000 g Cfj • 10000 g Cfj • 7000 g Cfj • 20000 g CFj • f IRR (teclar f e, em seguida, IRR) • Aparecerá, no visor da calculadora, o valor de 37,71 (37,71%). Interpretação da TIR: • O projeto é viável, pois a TIR é maior que a TMA (37,71% é visivelmente superior a 15%); • Se a TIR fosse igual a 15%, também indicaria que o projeto é viável, pois o mínimo esperado também teria sido atingido; • Esse excedente de TIR em relação à TMA (37,71 – 15 = 22,71%) não tem significado na análise de investimento; apenas evidencia a viabilidade do projeto. É um indicativo da riqueza que está sendo agregada. Matemática Financeira Avançada 31 Síntese A matemática financeira tem como objetivo principal o estudo do valor do dinheiro no tempo. Inicialmente, estudamos o regime de capitalização simples e o regime de capitalização composta. Para esses dois regimes de capitalização, vimos as relações fundamentais entre suas variáveis, questões relativas às taxas de juros e operações de descontos. Abordamos, também, como devemos calcular as prestações de um financiamento, dando ênfase à série uniforme de pagamentos. Verificamos os dois principais sistemas de amortização de dívidas (Sistema de Amortização Constante e a Tabela Price), bem como os modelos de prestação constante e de amortização constante por sua relevância na vida cotidiana. Por fim, conhecemos as ferramentas para análise de viabilidade dosprojetos de investimentos, o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). Esta disciplina oferece a base necessária para o entendimento do assunto, assim como disponibiliza algumas formas de cálculos que facilitam suas realizações com praticidade, como a utilização da calculadora financeira HP 12C. 32 Matemática Financeira Avançada Referências BENVENHO, A. C. A polêmica da capitalização de juros na tabela price: uma abordagem matemática. 10ª Conferência Internacional da Lares. 2010. Disponível em: <http:// lares.org.br/Anais2010/images/468-422-1-RV.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2018. CASAROTTO FILHO, N. Análise de investimentos. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2011. EXAME. Seis dicas para ensinar crianças a gastar, poupar e investir. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/6-dicas-para-ensinar-criancas-a-gastar- poupar-e-investir/>. Acesso em: 17 abr. 2018. FAZ A CONTA. Empréstimos e Financiamentos na Tabela SAC. Disponível em: <fazaconta.com/financiamentos-tabela-sac.htm>. Acesso em: 27 abr. 2018. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. HAZZAN, S.; POMPEO, J. N. Matemática financeira. 6 ed. Saraiva, 2007. SOBRINHO, J. D. Matemática financeira. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2000. TED. Shlomo Benartzi saving more tomorrow. Disponível em: <https://www.ted. com/talks/shlomo_benartzi_saving_more_tomorrow/transcript?language=pt-br>. Acesso em: 17 abr. 2018. URMINSKY, O; ZAUBERMAN, G. The psychology of intertemporal preferences. 2014. Disponível em: <http://home.uchicago.edu/ourminsky/Urminsky_ Zauberman_2014.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2018. http://lares.org.br/Anais2010/images/468-422-1-RV.pdf http://lares.org.br/Anais2010/images/468-422-1-RV.pdf https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/6-dicas-para-ensinar-criancas-a-gastar-poupar-e-investir/ https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/6-dicas-para-ensinar-criancas-a-gastar-poupar-e-investir/ https://www.ted.com/talks/shlomo_benartzi_saving_more_tomorrow/transcript?language=pt-br https://www.ted.com/talks/shlomo_benartzi_saving_more_tomorrow/transcript?language=pt-br http://home.uchicago.edu/ourminsky/Urminsky_Zauberman_2014.pdf http://home.uchicago.edu/ourminsky/Urminsky_Zauberman_2014.pdf Introdução Objetivos 1. Escolha Intertemporal do Consumidor 2. Regimes de Capitalização e Desconto 2.1 Desconto 3. Taxa Proporcional e Taxa Equivalente 4. Séries Uniformes (HP 12C) 5. Sistemas de Amortização 6. Valor Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno Síntese Referências
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