Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hiago Manoel Araujo Medicina-P4 FÁRMACOS OPIOIDES -São analgésicos (tratam dor) -Copiam o sistema biológico de analgesia -Sistema biológico utiliza-se de OPIOIDES ENDÓGENOS (analgésicos naturais – controle biológico da dor) -Maior eficácia • DOR E NOCICEPÇÃO -Conceito de DOR: É uma experiência sensorial e emocional desagradável advinda de um dano tecidual (potencial ou real) ou descrita em termos que sugerem tal dano (psicológico) -DOR ≠ NOCICEPÇÃO -Dor é a percepção pelo córtex somatossensorial (envolve emocional e fisiológico) -Nocicepção é condução da informação e ativação de vias de dor por estímulos (envolve o fisiológico) -Nocicepção: VIA ASCENDENTE DA DOR (sensorial) -Neurônio aferente primário (periferia → corno dorsal da medula espinhal) -Neurônio de segunda ordem (corno dorsal da medula espinhal → tálamo) -Neurônios terciários (tálamo → córtex) -A nocicepção ocorre desde o estímulo e ativação das vias de sinalização nociceptivas -A dor ocorre com a chegada da informação no córtex, quando ocorre a percepção -Via ascendente é uma via EXCITATÓRIA -Sinapse principal ocorre no corno dorsal da medula espinhal -Neurônio primário aferente → Libera GLUTAMATO (NT excitatório) → Liga-se a receptores glutamatérgicos no neurônio pós- sináptico → Induz despolarização (gera PA) -Via DESCENDENTE da dor: Controle e modulação (efetora) -Ocorre após a chegada da informação nociceptiva ao cérebro -É a resposta fisiológica ao estímulo doloroso (algo desagradável → SNC tenta modular e reduzir) -Modulação ocorre por meio de NTs que controlam via ascendente (sensorial) -Impedem neurotransmissão entre neurônio aferente primário e secundário no corno dorsal da medula -Alguns NTs envolvidos: Serotonina, endorfina, encefalinas, NA, Ach (naturais) -Sistema biológico de analgesia -Via descendente é uma via INIBITÓRIA Periferia Medula -NTs naturais induzem a modulação endógena -Mimetização da via por opioides -Via descendente modulam PA em ambos os neurônios (primário e secundário) -No neurônio primário: NTs moduladores ligam-se a receptores no neurônio pré-sináptico → Bloqueiam canal de Ca → Reduzem influxo de Ca → Diminui exocitose de vesículas sinápticas contendo NT excitatório -No neurônio secundário: -Ação indireta: Menos exocitose de vesículas pré-sinápticas contendo NT excitatório → Menor ativação dos receptores de glutamatérgicos na membrana pós-sináptica → Menor ativação de canais de Na → Menor influxo de sódio → Despolarização mais difícil -Ação direta: NTs moduladores ligam-se ao neurônio pós-sináptico → Induzem abertura dos canais de K+ → Maior efluxo de K+ (queda do potencial elétrico da célula) → Despolarização mais difícil → Abertura de canais iônicos de Cl- (GABAa) → Maior influxo de Cl- → Hiperpolarização do neurônio → Diminui geração de PA → Informação nociceptiva não é continuada no neurônio secundário -Mecanismos externos tentam copiar essa via de modulação para agir contra a dor -Atualmente, algumas terapias induzem/potencializam esse tipo de via (aromaterapia, musicoterapia) -Fármacos analgésicos, cirurgias e outras terapias tendem a agir nesse mecanismo -Tipo de terapia depende da característica da dor (localização, intensidade, tipo) -Existem 2 tipos de ANALGÉSICOS (fármacos que atuam contra a dor) -Opioides: dor moderada e intensa (possuem efeitos colaterais significativos, por isso usado em casos mais graves – dependência, tolerância) -Deve-se usar a menor dose no menor tempo -Não opioides: dor leve/branda e/ou crônica -Nociceptores (receptores nociceptivos): Maior limiar (ativados por último – receptores de tato, pressão, temperatura são ativados mais facilmente) -Ativam-se apenas com estímulos nociceptivos (injúria real ou potencial) -Receptores do tipo TERMINAÇÕES LIVRES -Fibras nociceptores aferentes (via sensorial): Periferia Medula -A beta: condução rápida – mais sensíveis (ativadas por estímulos diversos, não apenas dor) -A delta: MIELINIZADAS – condução rápida do estímulo doloroso – 1ª dor -C: AMIELÍNICAS- condução lenta do estímulo – 2ª dor -Fibras nociceptoras são sensibilizadas perifericamente por estimuladores da dor: bradicinina, prótons, histaminas, prostaglandinas e NGF (fator de crescimento do nervo) -Maioria são citocinas inflamatórias -Sensibilização periférica ocorrer por estímulos mecânicos, químicos (citocinas), térmicos -Receptores ativados por agentes sensibilizadores, induzem abertura e fechamento de canais necessários para a despolarização neuronal -Distúrbios na sensibilização periférica: -ALODINIA: quando um estímulo não doloroso é interpretado como doloroso -HIPERALGESIA: quando um estímulo doloroso é interpretado com uma maior intensidade do que o habitual • FÁRMACOS OPIOIDES -Histórico: -Obtido do suco da papoula (planta) -Uso do ópio para extrações dentárias, cefaleia, disenterias e sedação antes de Cristo -Principais substâncias: morfina, codeína, papaverina e tebaína -Tem efeitos poderosos por mimetizarem sistema endógeno de modulação da dor -RECEPTORES OPIOIDES: -Mu: Sedação, inibe respiração, age no TGI (Endorfinas) -Delta: Modula liberação de hormônios e NTs (Encefalinas) -Capa: Efeitos psicotomiméticos, age no TGI (Dinorfinas) -Opioides endógenos: neuromoduladores da resposta à estímulos externos -Endorfinas, dinorfinas e encefalinas -Modulação sensorial (analgesia), hormonal -Modulação do TGI -Atuam no sistema de recompensa e motivação, humor, ansiedade e emoção (potencial viciante) -Atuam na cognição (aprendizagem e memória) -Atuam na regulação da temperatura corporal -MECANISMOS DE AÇÃO: 1. Ação central: -Sinapse entre neurônio aferente primário e secundário no corno dorsal da medula espinhal -Modula para baixo a transmissão ascendente da nocicepção -Agem IMPEDINDO A LIBERAÇÃO DE NEUROTRANSMISSORES (neurônio primário): -Fármaco opioide externo ou modulador endógeno liga-se ao RECEPTOR Mu-opioide na membrana do neurônio pré-sináptico (neurônio aferente primário) -Agonistas-Mu: opioides externos, endorfinas e encefalinas -Após a interação agonista-receptor → Bloqueio na abertura dos canais de cálcio → Diminui influxo de cálcio → Menor exocitose de vesículas contendo NT glutamato (excitatório) → Redução/modulação da via excitatória ascendente da nocicepção -O segundo mecanismo é agir REDUZINDO A RESPOSTA NEURONAL PÓS-SINÁPTICA (neurônio secundário): -Ligação dos agonistas-Mu ao receptor Mu-opioide no neurônios pós-sináptico induz a abertura de canais de K+ -Aumento da condutância do K+ (maior efluxo) -Cai potencial elétrico da células → Hiperpolarização -Não há abertura de canais de Na voltagem- dependentes → Não gera PA 2. Ação periférica: -Age INIBINDO A ADENILATO-CICLASE na via nociceptiva -Via nociceptiva: Injúria → liberação de agentes sensibilizadores → agem nos receptores acoplados à proteína G (neurônio) → Fosforila canais de K+ para fechamento (reduz efluxo de potássio) e canais de Na+ para abertura (induz influxo de sódio) → Induz despolarização → geração de PA → condução da informação de dor pelo neurônio aferente primário -Agonista Mu-opioides agem tornando mais difícil ativação dos nociceptores (não ocorre despolarização) -Receptores Mu-opioides estão presentes nas terminações livres das fibras nociceptivas (dendritos do neurônio primário aferente – pré-sináptico) -Receptores acoplados à proteína G do tipo I (Gi) → Inibitória -Inibe enzima adenilato-ciclase → Não converte AMPc → Baixa concentração de AMPc → Não ativa PKA → Não ativa PKC → Não fosforila canais de K+ e Na+ (continuaocorrendo efluxo de K+ e não ocorre influxo de Na+) -Hiperpolarização da célula (não gera PA) -Segunda via de hiperpolarização por agonistas Mu- opioides em terminações nervosas livres (periferia) -Ligação do agonista com Receptor Mu acoplado a Gi → Subunidade beta e gama induzem cascata de reações → induz produção de n NOS (enzima óxido nítrico sintetase) → Aumento da produção e concentração de NO (óxido nítrico) → Ativa enzima Gc (guanilato- ciclase) → Transforma GTP em GMPc → Ativa PKG → Fosforila canais de K+ para que ocorra sua abertura → Maior efluxo de K+ → Hiperpolarização -EFEITOS FARMACOLÓGICOS 1. Analgesia: efetiva em dores associadas a lesão, inflamação e câncer -Mais efetivo na dor contínua que na aguda e intermitente -Mais usados: morfina, codeína e derivados 2. Euforia: bem-estar e contentamento (sistema de recompensa) -Contentamento é importante na analgesia de pacientes com dor crônica → Tratamento paliativo -Redução do medo, ansiedade e sofrimento 3. Hipoatividade do TGI: diminui a motilidade gástrica (demora para ocorrer esvaziamento gástrico) -Queda na concentração de HCl -Queda na secreção de sais biliares, pancreáticos e intestinais -Maior reabsorção de água → Constipação 4. Induzem liberação de histamina por mastócitos: causa prurido, vasodilatação, hipotensão e broncoconstricção 5. Ação no sistema cardiovascular: Hipotensão e bradicardia 6. Depressão respiratória: reduzem a sensibilidade do bulbo ao CO2 → induz redução de FR -Não ocorre em todo mundo -Depende da dose → É um efeito colateral -Região quimiossensora do bulbo que detecta [CO2] e [O2] e controla respiração possui receptores Mi-opioides RELEMBRANDO: Receptor acoplado à Proteína G do tipo S (Gs) -Estimuladora -Ativação da enzima Adenilato-Ciclase → Transforma ATP em AMPc → Ativa enzima PKA → Ativa enzima PKC → Fosforila canais para induzir resposta necessária -Receptores Mi-opioides ativados são inibitórios → atrapalham a identificação da [CO2] e [O2] -Inibição do centro respiratório no bulbo → Não consegue identificar aumento de [CO2] → Maior [CO2] sem alterar FR -TOLERÂNCIA: -Diminuição do efeito da droga com administrações repetidas -Uso do fármaco causa fosforilações em seus receptores (quanto mais o uso repetido → mais fosforilações) → a partir da 3ª fosforilação, o receptor é inativado e retirado da membrana -Proteínas b-arrestina (ARRB1) são responsáveis por retirar receptor fosforilado da membrana -Menos receptores na membrana → Menos canais para fármaco se ligar → Efeito reduzido -Sensação de necessidade de doses maiores para conseguir atingir o efeito esperado (pode induzir dependência) -DEPENDÊNCIA: -Mudanças nos ajustes homeostáticos do organismo por ação da presença do fármaco ou por falta dele -Retirada abrupta do uso do fármaco causa distúrbios na homeostasia -Dependência física: relaciona-se à tolerância → necessidade de doses maiores para obter efeito esperado → doses maiores causam alterações orgânicas que quando ficam na ausência do fármaco, causam crise de abstinência -Síndrome de abstinência: ocorre quando há interrupção abrupta após uso crônico do fármaco -Há protocolo de desmame de opioides -Estágios da síndrome: -Estágio 1 (2-36h); Estágio 2 (12-72h); Estágio 3 (36-72h) -Dependência psicológica: Desejo pela droga -OPIOIDES SINTÉTICOS: 1. CODEÍNA: -Única diferença entre codeína e morfina, quimicamente, é uma metila -Corpo metaboliza codeína em morfina (2 fármacos ativos) -Agente espamolítico (inibi motilidade visceral) -Codeína é menos efetiva que morfina no tratamento da dor -Baixa afinidade com receptores Mu (morfina se liga mais) 2. FENTANIL -Muito lipossolúvel (maior absorção -> atravessa BHE) -Muito mais potente que morfina -Biodisponível a partir de várias vias de administração 3. METADONA -Usado para tratamento de dependência química e tratamento de dor -Alívio prolongado da dor: tem meia vida longa (24h) e tempo de ação longo (8h de alívio da dor) -Uso 1x por dia -Pouca relação com euforia → potencial menor de causas dependência -Outros medicamentos: uso em 4x por dia → Sentimento de euforia mais recorrente durante o dia → Maior potencial de dependência -INDICÕES CLÍNICAS: -Dor aguda e crônica (lesão, inflamação, câncer) -Pré-operatório -Infarto do miocárdio: analgesia, vasodilatação e bradicardia -Cirurgia abdominal e torácica -Dependência química: agonistas de longa duração (menor quantidade de administração – menor relação entre administração e sensação de bem-estar) -Tratamento de dor lombar: TRAMADOL (tramal) -Opioide inibidor da recaptação de serotoninas e NA (tem características antidepressivas) -Ação dual: antidepressivo e analgésico -INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS -EFEITOS ADVERSOS: -SNC: Sedação, náuseas e vômitos, miose (sinal de intoxicação), euforia, disforia -Pele: rubor e alergia (ação histamínica) -Sistema cardíaco: hipotensão ortostática e desmaio (vasodilatação causada por histamina) -Intoxicação: tratar com NALOXONA (antagonista Mu- opioide mais eficaz)
Compartilhar