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ANALGÉSICOS OPIÓIDES Iara Portela 2 São compostos sintéticos, semissintéticos, naturais ou endógenos que interagem com receptores opioides no SNC. Morfina, Codeína, Papaverina são Opiáceos que são analgésicos estruturalmente relacionados á morfina, mas que são naturais. → Principais indicações: - Dores leves/moderadas de origem inflamatória (codeína e propoxifeno); - Dores agudas e severas de origem traumática (morfina e fentanil); - Dores severas crônicas (morfina e oxicodona); - Dor neuropática, não há boa resposta; → Via de transmissão da Dor: A via sensitiva da dor recebe estímulos químicos (receptores – CISA, P2X, P2Y, B1, B2), mecânicos (receptores - iônicos), térmicos (receptores – TRPV1 e TRPV2) que vão gerar a dor. Independentemente de qual estímulo seja o gerador da dor, ele vai promover o influxo de sódio e cálcio que vai gerar um potencial de despolarização de membrana, assim alterando o fluxo de cargas elétricas internas e externas a um neurônio, que ao alcançar o limiar do canal de sódio desenvolve o potencial de ação que vai conduzir o impulso nervoso até as áreas do SNC. → Vias nervosas periféricas da Dor: - A Dor é transmitida dos nociceptores periféricos á medula, por: ◦ Fibras α-β: Condução rápida, respondem a baixo limiar de estímulos mecânicos (toque leve, o movimento dos pelos); ◦ Fibras α-δ: Mielínicas, encontradas principalmente na pele no músculo. Condução rápida, aguda e bem localizada. Liberam Glutamato e Aspartato (frio, calor e mecânicos de alta intensidade); ◦ Fibras c: Amielínicas. Encontradas no músculo, mesentério, vísceras abdominais. Condução lenta. Dor mal localizada, difusa ou queimação. Respondem a estímulos mecânicos intensos ou irritantes químicos. Liberam somatostatina, substância P, peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP) e fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF); → Via ascendente da Dor (estimulatória): - Neurônio pré sináptico: Ao receber estímulos químico, térmico ou mecânico desenvolvem um potencial de ação promovendo a entrada do influxo de cálcio liberando assim o neurotransmissor {glutamato – age no receptor AMPa (rápida), NMDA (rápida), MGLUT (lenta), NK1 (lenta), CGRP(lenta)}, neuropeptídios CGRP, substância P); - Neurônio pós sináptico: → Via descendente da Dor (inibitória): Produz o impulso nervoso para que um indivíduo retire o agente causador da dor. Produz o potencial de ação que vai gerar a liberação de neurotransmissores que vão agir nos neurônios pós sinápticos e conduzir o impulso nervoso até que o indivíduo consiga promover a contração muscular ou a retirada do agente causador da lesão. - Como é inibida a dor de forma endógena: ◦ Norepinefrina {Em neurônios pós sinápticos, agem em receptores tipo alfa 2 que promovem a abertura de canais de potássio para o meio extracelular causando hiperpolarização da membrana; E em neurônios pré sinápticos, agem em receptores do tipo alfa 2 que inibem a despolarização de membrana e também de neurotransmissores; diminuem a liberação das vesículas sinápticas contendo neurotransmissores que vão propagar o impulso nervoso}; ◦ GABA se liga a receptores {agem em receptores pós sinápticos do tipo GABA-a (abertura de canais de cloreto) e GABA-b e μ (abertura de canais de potássio e inibição da entrada do cálcio) causando hiperpolarização da membrana, reduzindo assim os canais de sódio e diminuindo a geração do potencial de ação; e agem em receptores pré sinápticos diminuindo a liberação das vesículas sinápticas contendo neurotransmissores que vão propagar o impulso nervoso}; ◦ Endorfinas {agem em receptores pré sinápticos diminuindo a liberação das vesículas sinápticas contendo neurotransmissores que vão propagar o impulso nervoso, inibe a entrada do cálcio}; ◦ Encefalinas {inibe a entrada do cálcio}; → Mecanismos e locais da analgesia induzida pelos Opióides: ◦ Inibição da transmissão ascendente das informações nociceptivas provenientes do corno dorsal da medula espinhal; ◦ Ativação da via descendente inibitória (mesencéfalo – núcleo ventromedial rostral – corno dorsal da medula espinhal); ◦ Inibição discreta dos nociceptores periféricos; → Tipos de receptores opióides: → Distribuição dos receptores Opióides: - São localizados em áreas relacionadas com a dor: ◦ Córtex cerebral; ◦ Amígdala: não exercem ação analgésica, mas influenciam o comportamento emocional; ◦ Septo; ◦ Tálamo: mediadora da dor profunda, é influenciada pela emoção; ◦ Hipotálamo: afetam a secreção neuroendócrina; ◦ Mesencéfalo; ◦ Medula: envolvidos na recepção e integração das informações sensoriais; Fármacos Opióides: ◦ Agonistas puros (preferenciais sobre os receptores μ), tem principalmente ação analgésica; ◦ Agonistas mistos (atuam em mais de um receptor opióide); → Classificação dos Opióides: - Análogos da Morfina: ◦ Agonistas: Morfina, Heroína, Codeína; ◦ Agonistas Parciais: Nalorfina e Levalorfan; ◦ Antagonistas: Naloxona; - Derivados Sintéticos: ◦ Fenilpiperidinas (Meperidina e Fentanil); ◦ Metadona (Metadona e Dextropropoxifeno); ◦ Benzomorfan (Pentazocina); ◦ Tebaína (Etorfina); - Antagonistas: ◦ Nalorfina; ◦ Naltrexona; ◦ Naloxona; → Mecanismos moleculares dos Opióides: ◦ Receptores opióides pertencem a família dos receptores acoplados a proteína Gi; ◦ Inibem adenilciclase e reduzem cAMP; ◦ Provocam abertura dos canais de K+ e inibem os de Ca+² na membrana: diminuem assim atividade neuronal ou aumentam quando inibir sistemas inibitórios; ◦ Diminuem liberação de neurotransmissores; → Ações farmacológicas (Ex. Morfina): - Analgesia: ◦ Dores agudas e crônicas, exceto as neuropáticas (ex: neuralgia do trigêmeo); ◦ Além do efeito antinoceptivo também age no componente afetivo (sistema límbico: euforia); ◦ Nalorfina e Pentazocina possuem efeito antinoceptivo, porém poucos efeitos psicológicos; - Euforia: poderosa sensação de bem-estar e contentamento, dependendo da situação do paciente, é mediada por receptores μ; - Disforia: poderosa sensação de mal-estar mediada por receptores K; - Estes efeitos não ocorrem com codeína e Pentazocina e com Nalorfina ocorre disforia; - Depressão respiratória: receptor μ ◦ Doses terapêuticas diminuem a sensibilidade do Centro Respiratório ao > pCO2; ◦ Não ocorre depressão concomitante da função Cardiovascular; - Depressão do reflexo da tosse: ◦ Substituição no grupo fenólico = codeina; ◦ Doses sub-terapéuticas para dor; ◦ Sem correlação com efeito analgésico ou depressor; - Náusea e vômito: ◦ Ocorre em 40% dos pacientes; ◦ Estimulação da zona quimiorreceptora do gatilho emético na área postrema (ZQR) do bulbo; ◦ Apomorfina agonista dopaminérgico (ação emetogênica); ◦ Inversamente antagonistas dopaminérgicos podem ser usados para tratara emese; - Constrição pupilar: ◦ Receptores μ e K estimulam nucleo óculo-motor; ◦ Não ocorre toleråncia; ◦ Importante sinal para diagnóstico; - Trato gastrintestinal : ◦ Aumentam o tonus e diminuem a motilidade; ◦ Constipação (40-95%); ◦ Aumenta pressão sobre o trato biliar (Desconforto epigástrico e cólica biliar) → Reduzidos pela atropina; ◦ Ação sobre receptores: μ e k; → Outras ações farmacológicas (Ex. Morfina): ◦ Libera histamina nos mastócitos: * Efeito local = coceira; * Efeito sistêmico = broncoconstrição e hipotensão; ◦ Hipotensão em altas doses (efeito medular); ◦ Espasmo muscular generalisado; ◦ Imunosupressão (após uso crônico); → Tolerância: - Redução dos efeitos farmacológicos; - Desenvolvimento rápido (12 a 24h); - Tolerância para: ◦ Euforia (tolerância rápida); ◦ Analgesia, depressão respiratória (Tolerância moderada); ◦ Miose e constipação (Quase nenhuma tolerância); - Efeito agudo = redução menor da [AMPC]; - Efeito crônico = Dessensibilização e interiorização dos receptores; → Dependência: - No estado de tolerância observa-se a dependência; - Necessidade de aumentar a dose para atingir o mesmo efeito farmacológico; - Responsável: receptores μ nos sistemas mesolímpico e dopaminérgico; - Fatores psicológicos, sócio-econômicos estão envolvidos; → Síndrome da abstinência: - Morfina inibeatividade da adenilato ciclase. - Tolerância reverte inibição (Necessidade de dose maior). - Retirada de morfina aumenta atividade: ◦ Irritabilidade, perda de peso, febre, midríase, náuseas, diarréia, insonia, convulsões; - Máximo em 3 dias desaparece; → Principais opióides: - Diacetilmorfina (heroina): obtida à partir da morfina, mais lipossolúvel, menor duração , > dependência; - Codeina: obtida da morfina, bem absorvida por via oral, antitussígeno, baixa potência analgésica (dores de cabeça, costas, etc.), não induz euforia, constipação intensa; - Dextropropoxifeno: similar a codeina, com duração mais longa, dependência discutível; - Meperidina: similar a morfina, produz agitação e não sedação, antimuscarínica, euforia e dependência, < duração efeito, dependência, útil anestésico no parto, associada aos Inibidores da MAO: hipertermia e convulsões; - Fentanil: derivados da fenilpiperidina, ação similar a morfina de curta duração. Usos em anestesia; - Etorfina: análogo de grande potência (1000 vezes); utilizado para imobilizar grandes animais; - Metadona: Semelhante a morfina com menor efeito sedativo; longa duração (1/2 vida >24hs); menor dependência; síndrome de abstinência menos severa; - Pentazocina: misto agonista-antagonista. Em baixas doses potência similar a morfina, sem produzir depressão respiratória e disforia; → Outros fármacos analgésicos: - Principalmente para dores neuropáticas: ◦ Tramadol (metabólito da trazodona): *Agonista fraco nos receptores μ; * Inibidores da captura de NE; * Usado no pós-operatório; ◦ Tricíclicos (Imipramina e Amitriptilina): - Inibidores da captura de NE; ◦ Carbamazepina e Gabapentina; → Antagonistas opióides: - Nalorfina: estrutura semelhante a morfina: ◦ Antagonista μ; agonista parcial δ, k (disforia); ◦ Antagonista analgesia, depressão respiratória; ◦ Altas doses mimetiza morfina e produz dependência; ◦ Baixas doses síndrome de abstinência em dependentes; ◦ Antídoto substituído pela Naloxona; - Naloxona: ◦ Antagonista puro μ, δ, k para todos os agonistas; ◦ Antagonista da analgesia por acupuntura; ◦ Reverte depressão respiratória por opióides; ◦ Efeito curto (i.v. 1-2hs.); - Naltrexona: ◦ Similar ao Naloxona, porém com duração mais longa (1/2 vida = 10h); ◦ Uso experimental, não clínico; ◦ Neutraliza os efeitos dos opiáceos; → Diferenças farmacocinéticas entre Opióides Fortes: → Diferenças farmacocinéticas entre Opióides Fracos:
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