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estágio supervisionado ii FarMáCia UNIDADE II 2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD ___________________________________________________________________________ Barbosa, Irla Carla de França. Estágio Supervisionado II – Farmácia: Unidade 2 - Recife: Grupo Ser Educacional, 2021. ___________________________________________________________________________ Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 3 Sumário Para início de converSa ....................................................................................... 4 eXciPienTeS uTiLiZadoS na Farmácia maGiSTraL ...................................... 6 diluentes ............................................................................................................................................... 6 Tensoativos (agentes molhantes) .................................................................................................... 6 desintegrantes ..................................................................................................................................... 6 conservantes ........................................................................................................................................ 7 corantes ............................................................................................................................................... 7 adoçantes (edulcorantes) .................................................................................................................. 7 aromatizantes ....................................................................................................................................... 7 TÉcnicaS de diLuiÇÃo em Farmácia maGiSTraL ........................................ 9 introdução ............................................................................................................................................. 9 GaranTia da QuaLidade ........................................................................................ 11 audiToria inTerna ................................................................................................. 15 o FarmacÊuTico e a Farmácia de maniPuLaÇÃo ....................................... 19 4 ESTÁGIO SUPERVISIONADO II - FARMÁCIA UNIDADE II Para início de converSa Olá! Querido (a) aluno (a), vamos dar início a mais uma unidade da disciplina de Estágio Supervisionado II. Está pronto (a)? Então vamos lá! Nesta disciplina trataremos de temas relacionados à qualidade do processo de manipulação através da verificação das etapas estudadas na unidade I. Veremos a partir de agora o processo de garantia da qualidade! Além disso, resgataremos alguns conceitos da farmacotécnica que serão imprescindíveis na sua caminhada, como a função e o tipo de excipientes e a estabilidade de medicamentos manipulados. Bons estudos! orienTaÇõeS da diSciPLina Na Unidade I, nós iniciamos a disciplina de Estágio Supervisionado II com uma introdução à farmácia magistral. De uma maneira geral, nós vimos como funcionam os setores existentes em uma farmácia de manipulação, qual a legislação atual que rege o seu funcionamento e o papel do farmacêutico e sua importância. Nesta unidade, resgataremos alguns conhecimentos da farmacotécnica e relembraremos a função dos excipientes utilizados na farmácia magistral. Vamos aprender também sobre a garantia da qualidade, definindo esse sistema tão importante e conhecendo as ferramentas que o compõem. Bons estudos! 5 PaLavraS do ProFeSSor Você já deve estar um pouco mais familiarizado com a farmácia magistral agora. Já conheceu um pouco dos setores, dos afazeres e como funciona a rotina. Dando continuidade a esta área do campo profissional, você verá neste guia algo que andará lado a lado com o farmacêutico durante sua jornada: a qualidade. Saberá como se dá o processo para garantia e manutenção dessa qualidade. Este guia possui muitos detalhes sobre processos e materiais utilizados em uma farmácia de manipulação. Então, a dica é estar sempre atento à prática e aos Guias da disciplina, relacionando o conteúdo teórico com a vivência para que você tenha o máximo de aproveitamento. Espero que você esteja gostando do conteúdo e do estágio! Vamos em frente! 6 eXciPienTeS uTiLiZadoS na Farmácia maGiSTraL Ao longo da disciplina, aprendemos bastante sobre manipulação de medicamentos e das propriedades de alguns fármacos, como aqueles que possuem baixo índice terapêutico, por exemplo. Além disso, vimos também as formas farmacêuticas que podemos manipular, como os sólidos, semissólidos e os líquidos. Esses são pontos fundamentais para conhecermos durante a prática na farmácia magistral. Porém, é importante também saber que os fármacos não estão sozinhos. Existem alguns componentes com finalidades distintas que são adicionados a uma preparação, chamados adjuvantes ou excipientes. Esses compostos são, atualmente, considerados como constituintes essenciais, que garantem o desempenho do medicamento e ainda otimizam o efeito terapêutico. É possível dizer que a qualidade do medicamento depende também dos excipientes e não apenas do fármaco, já que estes são capazes de modificar a liberação e/ou estabilidade das substâncias ativas e, consequentemente, sua biodisponibilidade. Porém, é preciso tomar muito cuidado na escolha de um excipiente, pois ele precisa ser compatível com o fármaco, que possui características físico-químicas particulares. Dessa maneira, é preciso que seja gerado um produto estável, eficaz, atraente, de fácil administração e seguro. Durante o estágio supervisionado você verá com muita frequência a utilização dos excipientes nas preparações. Então, veremos a seguir os tipos de excipientes mais utilizados e suas funções. diluentes Estes excipientes têm a função de enchimento da formulação, ou seja, fornecer o volume necessário para a preparação. Eles estão em maior quantidade na formulação sólida e permite a preparação de cápsulas com peso conveniente. Em outras palavras, este excipiente garante a uniformidade do conteúdo na cápsula. Relembre o item sobre técnicas de diluição na Unidade I. Dentre os diluentes mais utilizados estão a lactose, amido e a celulose microcristalina. Tensoativos (agentes molhantes) São utilizados na formulação de fármacos pouco solúveis, aumentando a molhabilidade destes em água. Através da redução da tensão superficial pó/água, contribui para um aumento da solubilidade aquosa de vários fármacos, aumentando assim o contato do fármaco com o meio. Os tensoativos exercem um papel muito importante na biodisponibilidade, podendo, em muitos casos, aumentá-la. Exemplos de tensoativos utilizados: polissorbato 80 e lauril sulfato de sódio. desintegrantes São utilizados para acelerar a dissolução ou desintegração das cápsulas em água ou nos líquidos do organismo. É necessário que as cápsulas se desagreguem rapidamente para se permitir uma ação desejada, só assim é possível verificar a atividade terapêutica. Devido à sua propriedade de desintegração, o amido é o mais utilizado. 7 conservantes Os parabenos (metilparabeno e propilparabeno) são os conservantes mais utilizados nas preparações. Trata-se de antimicrobianos de largo espectro, hidrossolúveis, insípidos, incolores e inodoros. As concentrações de parabenos nos medicamentos são variáveis, porém dificilmente excedem 1%. corantes Podem ser orgânicos, inorgânicos, naturais ou artificiais. São exemplos de inorgânicos: dióxido de titânio eóxidos de ferro. Os corantes naturais são derivados de plantas e animais. adoçantes (edulcorantes) A sacarose é um dos mais utilizados e pode agir como conservante e antioxidante, tem baixo custo e não deixa gosto residual, além de melhorar a viscosidade dos alimentos líquidos. A lactose é um açúcar amplamente utilizado como edulcorante e estabilizante, mas também para completar o conteúdo final de medicações. A lactose é extraída do leite de vaca por coagulação e filtração da espuma do leite, com separação de suas proteínas, e tem como função estabilizar as preparações farmacêuticas. É importante esclarecer que a presença da lactose em medicamentos não é considerada uma contraindicação ao seu consumo por pacientes com alergia a proteína do leite de vaca. aromatizantes Aromatizantes podem ser naturais ou artificiais e são utilizados para melhorar o sabor dos medicamentos. Não é necessária sua especificação nas bulas, e normalmente são segredos industriais. Veja na tabela a seguir alguns tipos de excipientes e sua função na formulação, de maneira resumida. 8 9 TÉcnicaS de diLuiÇÃo em Farmácia maGiSTraL introdução Dentre as diversas classes de medicamentos preparados na farmácia magistral, estão aqueles com estreita margem terapêutica, ou seja, aqueles que possuem a dose terapêutica muito próxima à dose tóxica. Na Unidade I, nós vimos que a mistura homogênea de pós é uma etapa crítica na preparação de cápsulas em farmácias magistrais. Dessa maneira, quando uma quantidade pequena de um fármaco potente precisa ser misturada com um pó, o grau de mistura deve ser o melhor possível, para garantir a maior uniformidade da dose. Existem algumas consequências para uma mistura de pós ineficaz, e dentre elas está o aumento na variação da quantidade de fármaco nas cápsulas, o que resulta na reprovação do produto acabado, devido ao risco que as substâncias com estreita margem terapêutica oferecem. Ao realizar o processo de mistura, é importante que seja ponderada a proporção fármaco-excipiente, ou seja, a proporção de substância ativa em relação à quantidade de excipientes na formulação. Quanto menor for a quantidade de substância ativa na mistura, mais difícil será alcançar a uniformidade no teor. Com o objetivo de garantir a distribuição homogênea desses tipos de substâncias por toda a mistura, 10 o método mais empregado é a diluição geométrica. Esse método de diluição consiste na mistura por trituração, em quantidades progressivas, do fármaco e do excipiente. De acordo com a dosagem do fármaco, existe uma tabela pré-estabelecida que define qual a proporção da diluição geométrica deve ser utilizada: Vamos ver de maneira prática como funciona a diluição geométrica por etapas: 1. Pesar todos os componentes da diluição; 2. Colocar o componente em menor quantidade em um gral, no caso, o princípio ativo; 3. Selecionar o componente em maior quantidade (excipiente inerte) e colocar no gral uma quantidade aproximadamente igual ao volume do pó do primeiro componente; 4. Triturar bem os pós até obter uma mistura uniforme; 5. Adicionar o volume de pó do segundo componente (excipiente inerte) igual ao volume de pó presente no gral e triturar bem; 6. Continuar adicionando pó no gral dessa maneira, até que o excipiente inerte seja adicionado completamente. Guarde eSSa ideia! Quando falamos em diluição geométrica 1:100, significa dizer que a mistura terá 1 parte do fármaco para 99 partes do excipiente inerte. Assim como para uma proporção 1:10, teremos 1 parte do fármaco para 9 partes do excipiente, e 1:1000 teremos 1 parte do fármaco para 999 partes do excipiente. Quando falamos em uma diluição geométrica, estamos dizendo que, a cada mistura, o valor desta será duplicado. Para uma mistura na proporção 1:100 serão misturados 1g de fármaco com 1g do excipiente, triturando-os com o pistilo em um gral. Logo após, serão misturados mais 2g de excipientes à primeira mistura e novamente triturados. Em seguida, mais 4g, 8g, 16g, 32g, até completar os 100g totais da mistura. 11 PraTicando Quantos gramas de uma trituração 1:10 são requeridos para obter 25mg de fármaco? R- Na proporção 1:10, significa dizer que a cada 10g da mistura, haverá 1g do fármaco. Transformando as unidades de medida na mesma escala, é possível dizer que 25mg equivale a 0,025g do fármaco. Logo, poderemos resolver este cálculo com uma simples regra de três: 1g do fármaco -------- 10g mistura 0,025 do fármaco ------- X X = 0,25 da mistura. Ou seja, em 0,25g da mistura haverá 25mg do fármaco. Seguindo todos os procedimentos recomendados para a realização da diluição geométrica, é possível garantir a uniformidade da mistura, assegurando então que todas as partes dela apresentem a mesma quantidade do princípio ativo. Dessa maneira, poderá ser assegurado ao paciente que ele ingerirá a dosagem correta do medicamento, garantindo seu tratamento de maneira segura e eficaz. Ao longo da disciplina, você deve ter percebido a repetição e ênfase na palavra “qualidade”. É para isso que a regulamentação foi criada, para estabelecer critérios que garantam essa qualidade. Mas afinal, como saber se os processos estão sendo seguidos de acordo com as exigências? Se ao final da manipulação houver algum erro ou não conformidade, como saber em qual parte do processo isto ocorreu? Bem, na farmácia de manipulação, bem como na indústria, deve existir um sistema chamado “Garantia da Qualidade”, que permite rastrear e monitorar as etapas do processo. Veremos a seguir do que se trata. GaranTia da QuaLidade Segundo a RE no 67 de 2007, a Garantia da Qualidade tem como objetivo assegurar que os produtos e serviços estejam dentro dos padrões de qualidade exigidos. Para assegurar a qualidade das fórmulas manipuladas, a farmácia deve possuir um Sistema de Garantia da Qualidade (SGQ) que incorpore as Boas Práticas de Manipulação em Farmácias (BPMF), totalmente documentado e monitorado. Em uma farmácia magistral, a Garantia da Qualidade é um sistema que deve ser muito bem estruturado, tendo por objetivo a melhoria dos produtos, dos processos de manipulação e do sistema como um todo. Dessa maneira, é muito importante que todas as pessoas da empresa estejam envolvidas no sistema, do diretor ao colaborador. 12 Dentre outros, o Sistema de Garantia da Qualidade deve assegurar que: a) as operações de manipulação sejam claramente especificadas por escrito e que as exigências de BPMF sejam cumpridas; b) os controles necessários para avaliar as matérias-primas sejam realizados de acordo com procedimentos escritos e devidamente registrados; c) os equipamentos sejam calibrados, com documentação comprobatória; d) exista um programa de treinamento inicial e contínuo; e) sejam estabelecidos prazos de validade, assim como as instruções de uso e de armazenamento das fórmulas manipuladas. PraTicando O item 15.2 da RDC 67/2007 aponta a necessidade de que “os equipamentos sejam calibrados, com documentação comprobatória.” Na sua opinião, qual é a importância deste item para as Boas Práticas de Manipulação? R- Apesar de parecer algo simples, precisamos entender que: se um equipamento não estiver calibrado, não poderei confiar no valor que estou obtendo, certo? No caso de uma balança, se não for pesado o valor correto para a manipulação do medicamento, interferiremos na dose do medicamento do paciente, podendo levar a uma subdose, que possivelmente comprometerá a eficácia do tratamento, provocando um provável agravamento do seu quadro; ou uma superdosagem, causando desde uma intoxicação e até a morte, a depender da janela terapêutica do medicamento em questão. Apesar de as exigências serem estabelecidas em lei, a qualidade não deve ser apenas um requisito legal, mas essencial. Isso porque uma empresa que possui as especificações de todos os seus insumos e conta com um procedimento de compra padronizado evita que estes sejam reprovados pelo Controle de Qualidade.Existem alguns elementos básicos que contribuem para construção de um Sistema de Garantia da Qualidade, por exemplo: • Procedimentos operacionais Padrão (PoP) para todas as atividades relevantes: são instruções detalhadas e descritas para alcançar a uniformidade na execução de uma função específica, seja na produção ou na produção de um serviço. Este deve ser revisado periodicamente, para verificar a necessidade de eventuais alterações. Temos como exemplos de POP na farmácia de manipulação: POP de limpeza e sanitização das áreas, equipamentos e utensílios; POP de higiene; POP de encapsulamento; POP de rotulagem; POP de diluição geométrica. 13 Para que você visualize melhor a estrutura de um POP, observe a figura a seguir. Trata-se de um POP de higienização das mãos utilizado em uma farmácia de manipulação. Note que existe um cabeçalho com o título do POP, o número do documento, e quantas vezes ele foi revisado. Além disso, no corpo no POP está o seu objetivo, a descrição dos procedimentos que devem ser realizados, quem deve seguir tais procedimentos e, ao final, o nome e assinatura dos responsáveis pela elaboração e pela revisão.w viSiTe a PáGina Neste material disponibilizado pelo Ministério da Saúde, você encontrará alguns POP’s reais referentes às Unidades de Farmácia Popular no Brasil. Nem todos os POP’s são aplicados à Farmácia de Manipulação, porém a maioria deles tem uso em comum. Note os itens obrigatórios já citados no material, como: descrição e objetivo, responsável pela elaboração, responsável pela aprovação, código do POP e descrição dos processos. Fique atento a todos os detalhes! Link: http://sereduc.com/1bsCI8 http://www.dirad.fiocruz.br/files/pops2016.pdf 14 • especificações de materiais (insumos farmacêuticos, embalagens): consiste em uma descrição detalhada dos requisitos que esses materiais devem atender. A especificação da embalagem deve conter nome e/ou código interno de referência e os requisitos quantitativos e qualitativos com os respectivos limites de aceitação e modelo do rótulo, no caso de material de rotulagem. Dentre as especificações das matérias-primas, intermediários e insumos farmacêuticos ativos, devem possuir nome da matéria-prima, intermediário ou insumo farmacêutico ativo, quando aplicável, de acordo com a DCB, DCI ou CAS, e seu respectivo código de identificação, referência da monografia farmacopeica, além dos requisitos quantitativos e qualitativos com os respectivos limites de aceitação e forma física. • manual de Boas Práticas de manipulação: as boas práticas estabelecem uma série de roteiros para as diferentes etapas do processo, padronizando o funcionamento de todos os setores da farmácia de manipulação. • Plano de Gerenciamento de resíduos de Saúde: o gerenciamento de resíduos é de extrema importância, pois seu descarte inadequado pode gerar riscos e comprometer recursos naturais e a qualidade de vida das pessoas, inclusive das futuras gerações. A RDC ANVISA nº 306/04 orienta a implementação do Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS, apoiando as equipes técnicas das instituições da área da saúde neste processo. viSiTe a PáGina A ANVISA elaborou esta obra sobre os Resíduos de Serviços de Saúde, na qual os resíduos são classificados de acordo com os seus riscos. O guia completo reúne as diretrizes que orientam a implantação de um plano de gerenciamento para os serviços de saúde geradores de resíduos. Link: http://sereduc.com/34R5t0 • documentação legal: autorizações de funcionamento, licenças municipais, estaduais etc. Você pode relembrar os documentos exigidos por lei para farmácias de manipulação no guia da unidade I desta disciplina. • registro da qualidade: estes registros servem para demonstrar que todos os procedimentos foram executados e que possíveis desvios foram analisados e documentados, ou seja, para garantir rastreabilidade. A figura adiante mostra o exemplo de um registro da produção de cápsulas, que reúne informações como peso aparente e peso efetivo de cada lote, garantindo que a variação de peso esteja dentro do limite permitido. O responsável assina ao final, garantindo que realizou o processo da maneira correta. 15 Fonte: LEAL et al, 2018 • registros de manipulação (ordens/fichas de manipulação) com a devida rastreabilidade: o registro da manipulação consiste em um número gerado após o aviamento da receita, que deve estar carimbada, possuir identificação do estabelecimento e data da dispensação. Essa é uma maneira de comprovar que o procedimento de dispensação foi feito de maneira adequada, e houve a conferência da prescrição e da formulação. • registros complementares (temperatura e umidade): este controle é imprescindível, visto que as matérias-primas e medicamentos precisam ser armazenados corretamente, e que qualquer alteração física ou química podem causar a perda de sua eficácia. Existem outras ferramentas que também fazem parte de um sistema de Garantia da Qualidade, onde podemos citar os registros de reclamações de clientes, programas de treinamento de funcionários, auditorias internas, qualificação de fornecedores e qualificação de equipamentos. audiToria inTerna Auditoria interna é uma das ferramentas mais importantes da garantia da qualidade. Através dela é possível avaliar o cumprimento das Boas Práticas de Manipulação (BPM), traçar planos de correção e/ou de melhoria contínua. A auditoria interna envolve obrigatoriamente pessoas da Garantia da Qualidade para uma revisão consistente do sistema de qualidade implantado. A autoinspeção é realizada pelo responsável do estabelecimento. Ambos fundamentam-se no anexo VII da RDC 67/2007, devendo ser realizada, no mínimo, uma vez ao ano. Os critérios para a avaliação do cumprimento dos itens de BPM baseiam-se no risco potencial inerente a cada item. Sendo eles: 16 item imPreScindíveL (i): aquele que pode influir em grau crítico na qualidade, segurança e eficácia das preparações magistrais ou oficinais e na segurança dos trabalhadores em sua interação com os produtos e processos durante a manipulação. item neceSSário (n): aquele que pode influir em grau menos crítico na qualidade, segurança e eficácia das preparações magistrais ou oficinais e na segurança dos trabalhadores em sua interação com os produtos e processos durante a manipulação. item recomendáveL (r): aquele item que pode influir em grau não crítico na qualidade, segurança e eficácia das preparações magistrais ou oficinais e na segurança dos trabalhadores em sua interação com os produtos e processos durante a manipulação. item inFormaTivo (inF): aquele que oferece subsídios para uma melhor interpretação dos demais itens. Durante a auditoria, dada a observação de uma não conformidade, esta deve ser devidamente registrada e um plano de ação deve ser desenvolvido contendo as ações corretivas e/ou preventivas cabíveis. Um plano de ação deve conter: item e grau de não conformidade, sugestão resolutiva, responsáveis, prazo para correção e situação de correção (efetuada ou não). Para fixar e contextualizar um pouco do conteúdo, vamos ver alguns exemplos práticos da vivência da farmácia magistral. Lembrando que tais dados são fornecidos pelo sistema da farmácia no momento da ordem de manipulação. Mesmo assim, é necessária a atenção do farmacêutico para possíveis erros e correções. Desta maneira, é imprescindível que o profissional saiba não só realizar estes cálculos como também rever e realizar ajustes, caso necessário. PraTicando O médico prescreveu para um paciente: Ginkgo Biloba 80 mg, 30 cápsulas. No controle de qualidade, o Ginkgo Biloba, para aquele fornecedor e lote, apresentou-se em 0,53g/ ml. Qual seria o tamanho de cápsula a ser escolhida, com base nessas informações? R – A informação trazida pelo fornecedor é a densidade (0,53g/mL). A partir dele encontraremos o volume ocupado pelo pó. A dosagem necessária (80mg) deve ser transformadapara a mesma unidade. Para realizar o cálculo, 80mg = 0,08 g. Neste caso, uma regra de três simples resolve a questão: 0,53g de Ginkgo Biloba ---------- 1mL 0,08g de Ginkgo Biloba ---------- X X = 0,150 mL 17 Neste caso, baseado na tabela vista anteriormente, a cápsula no 04 já atenderia a formulação. Porém, lembre-se que a formulação também é composta por excipientes. Assim, verifica-se qual excipiente será utilizado conforme a padronização de excipientes na farmácia, qual sua densidade e qual seu percentual na formulação, para então definir o volume da cápsula final. Posteriormente, é feito o controle do processo para saber se a manipulação foi feita de acordo com as Boas Práticas de Manipulação. São realizados ensaios como descrição, aspecto, características organolépticas e peso médio. A imagem abaixo retrata os diferentes tamanhos das cápsulas de acordo com sua capacidade de medida em volume. Como dito na resolução da questão, o Ginkgo Biloba ocupa um volume de 0,150 mL, e a cápsula escolhida foi a número 4, que possui capacidade para 0,20 mL. Isto significa que a o volume restante deve ser preenchido pelo excipiente padronizado na farmácia. Fonte: LeadTop Pharmaceutical Machinery China. Disponível em: http://pt.pharma-packing-machine.com/news/solid-dosage-forms-capsules-28976748.html Acesso em: 03 ago. 2021. PraTicando Como preparar uma formulação de esmalte de miconazol 2%, em uma quantidade total de 8 mL? 1- Conferir a ordem de manipulação e realizar os cálculos necessários para pesagem da formulação. Miconazol em uma concentração 2%, significa dizer que há 2g ou 2mL em 100 mL. Dessa maneira, uma regra de três simples também resolve o problema: 2g miconazol -------- 100 mL X -------- 8 mL de base X= 0,16 g de miconazol para a formulação desejada. 2- Antes de iniciar a manipulação, deve-se sempre limpar balanças, bancadas e utensílios com papel toalha e álcool 70%; 18 3- Em um papel manteiga, pesar a quantidade calculada de miconazol; 4- Transferir para um gral, triturar e levigar com a própria base esmalte (esta etapa serve para uniformizar o tamanho da partícula do pó e facilitar sua solubilização na base esmalte); 5- Realizar o controle em processo conforme a legislação vigente (descrição, aspecto, caracteres organolépticos, pH, peso ou volume antes do envase.), anotando as informações na ordem de manipulação; 6- Envasar em embalagem padronizada; 7- Rotular. PraTicando Vejamos como deve ser preparada a seguinte formulação de xarope de captopril: Captopril ----------------------- 1mg/mL Xarope simples q.s.p. ------ 100 mL 1 - O primeiro passo sempre será conferir a ordem de manipulação e realizar os cálculos necessários. 1mg de Captopril ------ 1 mL X ------ 100 mL Se para cada mL de formulação há 1mg de captopril, é possível dizer que nos 100 mL do xarope haverá, claramente, 100 mg de captopril. 2 - Antes do início da manipulação, limpar balanças, bancadas e utensílios com papel toalha e álcool 70%; 3 - Triturar a quantidade pesada de captopril em um gral com o auxílio de um pistilo. 4 - Adicionar cerca de 30 ml de água destilada ao gral e homogeneizar. 5 - Verter parte da base xarope no gral, homogeneizar bem e transferir a mistura para um cálice graduado. 19 6 - Completar o volume necessário, vertendo o restante do xarope base no cálice graduado. 7 - Homogeneizar, verificar o pH e regular o sabor, caso seja necessário, conforme padronização da farmácia (lembre-se da utilização do flavorizante para mascarar o sabor, como vimos anteriormente); 8 - Realizar o controle em processo conforme a legislação vigente (descrição, aspecto, caracteres organolépticos, pH, peso ou volume antes do envase), anotando as informações na ordem de manipulação; 9 - Envasar em embalagem padronizada; 10 - Rotular. o FarmacÊuTico e a Farmácia de maniPuLaÇÃo Nessas duas unidades, você teve a oportunidade de conhecer um pouco da rotina de uma farmácia de manipulação, seus setores e a manutenção da qualidade dos processos. Ao longo da disciplina, espero que você consiga correlacionar os conteúdos teóricos e práticos e, além de tudo, aprender e somar todo o conhecimento adquirido à sua vida profissional. Vamos agora falar mais um pouco, de maneira resumida e reflexiva, sobre o papel do farmacêutico e seus desafios numa farmácia magistral. Não apenas na farmácia magistral, mas em todo estabelecimento que estiver, a principal função e objetivo do profissional farmacêutico é promover o uso racional de medicamentos, ou seja, assegurar a qualidade e a eficácia do tratamento ao paciente. No entanto, pode-se afirmar que, na farmácia magistral, este pode ser um desafio ainda mais difícil, visto que é um mercado ainda em ascensão. Existem ainda muitos questionamentos acerca da qualidade de produtos manipulados quando comparados aos medicamentos industrializados. No entanto, como já visto nesta disciplina, a manipulação necessita de seleção criteriosa de princípios ativos e da dose correta para obter a eficácia terapêutica desejada. Além disso, a farmácia magistral busca trabalhar em parceria com os médicos, ao oferecer informações pertinentes de cada fármaco. A fórmula magistral valoriza o médico que a prescreve, melhora a relação médico-paciente e permite um equilíbrio da fórmula para o paciente que, como pessoa única e individual em sua sintomatologia, nem sempre se adapta às formulações já estabelecidas. Baseado nisso, vamos analisar o conceito do Uso Racional de Medicamentos. Ele é definido como o 20 processo que compreende: a prescrição apropriada; a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em condições adequadas e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade. Após essa análise, é possível verificar que, sem as formulações magistrais, o uso racional de medicamentos não poderia ser alcançado, visto que nem sempre os preços dos medicamentos industriais são acessíveis à população de baixa renda. Segundo a Associação Nacional das Farmácias Magistrais (ANFARMAG), a farmácia magistral representa cerca de 10% de todo o mercado de medicamentos no Brasil. Os medicamentos manipulados são economicamente mais vantajosos do que os de referência, genéricos ou similares. No entanto, a importância da farmácia magistral não se resume a questões econômicas. Este segmento tem a constante preocupação de fornecer medicamentos de alta qualidade, com o intuito de valorizar o atendimento médico/paciente. Além disso, existe a necessidade da presença constante do profissional farmacêutico, que é o responsável por implementar um sistema de qualidade adequado para o cumprimento das normas vigentes. Ele também deve avaliar as prescrições, supervisionar todo o processo de manipulação, qualificar fornecedores, participar de estudos de farmacovigilância, promover atividades de treinamento operacional, executar autoinspeções periódicas, controlar toda documentação e prestar atenção farmacêutica, a fim de garantir a qualidade do medicamento manipulado, promovendo o seu uso seguro e racional. Portanto, o farmacêutico exercita uma profissão que necessita de domínio na área técnica, mas não apenas isto. Este deve ser um profissional multifacetado, que deve estar atento às questões administrativas, financeiras e humanitárias, visto que deve prestar atenção farmacêutica em boa parte do tempo de sua atuação. 21 PaLavraS do ProFeSSor Querido (a) Aluno (a), estamos chegando ao final da segunda unidade da disciplina de Estágio Supervisionado II em Farmácia. Neste encontro, você teve a oportunidade de conhecer como funciona uma farmácia magistral, desde a documentação para funcionamento até a verificação da qualidade de um produto acabado e todas as etapas envolvidas neste percurso. Nas próximas unidades, estaremos juntos conhecendo o estágio em Indústria Farmacêutica eseus diferentes ramos. Nos vemos na próxima unidade! Até logo! reFerÊnciaS BiBLioGráFicaS AULTON, M. E. Delineamento de formas farmacêuticas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. BARBOSA, C.M. et al. A importância dos procedimentos operacionais padrão (POPs) para os centros de pesquisa clínica. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 57, n. 2, p. 134-135, 2011. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 8 out. 2007. CHAUDHARI, S. P.; PATIL, P. S., Pharmaceutical Excipients: A review. International Journal of Advances in Pharmacy, Biology and Chemistry, v. 1, n. 1, p. 21–34, 2012. FERREIRA, A. O. Guia prático da farmácia magistral. São Paulo: Pharmabooks, 2008. MIGUEL, M.D; ZANIN, S.M.W; MIGUEL, O.G; ROZE A.O; OYAKAWA, C.N; OLIVEIRA, A.B.O. Cotidiano das farmácias de manipulação. Visão Acadêmica, [S.l.], dez. 2002. ISSN 1518-8361. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/academica/article/view/509>. Acesso em: 03 ago. 2021. _GoBack
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