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TEORIA CONSTITUICIONAL DO PROCESSO

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TEORIA CONSTITUCIONAL DO PROCESSO
PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS
Não são inferiores aos princípios constitucionais, o que eu faço é dividi-lo em
princípios didáticos.
a) Dispositivo (ou inércia da jurisdição), art 2º, do CPC: o processo começa a
partir das partes, o poder judiciário é inerte – o poder judiciário só atua por
provocação – julgo que chegar até mim – como provoco? Com o direito de
ação para quebrar a inércia, levando uma lide para eles.
b) Oralidade ou diálogo entre as partes: estabelece que haverá predomínio da
linguagem falada sobre a escrita, quando for possível – atos específicos, ex:
audiência – um momento em que haverá um diálogo entre as partes,
juntamente com o juiz; sustentação oral, o momento em que as partes falam
para o julgador nos tribunais – domínio na fala –
c) Cooperação, artigo 6º, do CPC: todos os sujeitos devem cooperar em si para
encontrar a “verdade” – adversários, há limites éticos – no processo deve ter o espírito
adversário, mas que devem cooperar para encontrar a solução.
d) Persuasão racional, art. 371, do CPC: não é porque eu juntei a prova, que
ela não possa me prejudicar – provas vista para o processo e não somente
para se favorecer, o juiz que irá analisar e julgar as provas diante do processo,
sendo de visão geral, além de indicar o porquê de ter escolhido a prova, em
vez da outra
e) Princípio da boa-fé e lealdade processual, art 5º, do CPC: reconhecimento
dos próprios erros para não recorrer e não questionar, quando se tem razão
(boa-fé); a testemunha não é instrumento para favorecer réu nenhum, pois ela
é auxiliar do juiz; eu devo agir de forma íntegra com a ética, conduta a ser
adotada pelo processo;
- Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I - Deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - Alterar a verdade dos fatos;
- Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar
multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor
corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a
arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.
- Falso testemunho - artigo 342, do CP
- Ônus da prova: cada parte deve mostrar aquilo que alega – o que cada pessoa
deve provar --- INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA: a pessoa que tem que trazer o
fato – acusado, ex: a Julia deve provar que o notebook não explodiria e que foi mal
uso do consumidor – ela que tem que provar
� JURISDIÇÃO (PARTE 1)
Tripé estruturante fundamental da ciência processual: 1º conceitos de jurisdição:
compreender e o que faz a jurisdição – poder judiciário; 2º meios pelos quais eu
acesso o poder judiciário, o poder de ação; 3º a relação jurídica que é formada
quando nós buscamos o poder judiciário, juiz, autor e o réu – objeto de relação
jurídica processual.
JURISDIÇÃO: dizer o direito
● É uma função estatal que tem por escopo a atuação da vontade concreta
da lei por meio da substituição da vontade das partes, para torná-la efetiva
T = VA VC - TRANSFORMAÇÃO DA VONTADE DA LEI ABSTRATA PARA A
SUBSTITUIÇÃO DA VONTADE DA LEI CONCRETA
VA: a lei se aplica a todos, mesmo que haja grupos determinados
� O Juiz torna a vontade da lei abstrata e concreta retirá-la da abstração e
aplicá-la em um caso concreto
� Substituição: a partir que submetemos o nosso conflito ao judiciário, a decisão
e a vontade passa a ser do juiz, já que teve que procurar o Estado para
resolver – estimula as alternativas para valer as suas vontades, sendo um
acordo diante do processo > mas se estiver aguardando sentença, será a
vontade do juiz.
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos
limites da questão principal expressamente decidida.
● CARACTERÍSTICA:
1) Substitutividade: um acordo que favoreça o seu lado, sendo um acordo com o
adversário – a decisão judicial
2) Exclusividade: aptidão para coisa julgada material, só a decisão judicial –
decisão definitiva ou imutáveis, quando não está de acordo com o julgamento
de determinado assunto, e passa a recorrer a justiça, por não concordar com a
decisão de tal departamento
3) Imparcialidade: terceiro que é estranho ao conflito. Não pode ser interessado -
desinteresse total no resultado do processo
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no
processo:
I - Em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou
como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - De que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - Quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro
do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - Quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;
V - Quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa
jurídica parte no processo;
4) Monopólio do Estado: só o Estado pode distribuir justiça – concepção
clássico – arbitragem é um novo método de solução de justiça (esvaziar o
poder judiciário – pago – atividade de aplicação de direito, feito em uma
estrutura estatal – equivalente)
5) Inércia: o poder judiciário só é provocado, quando é acionado pelo direito de
ação juntamente com a lide
6) Unidade: função de julgamento de processo federal, trabalhista, civil, penal,
etc.
� PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
1) Investidura (art, 95 da CF – garantias e vedações da magistratura – como
me torno juiz? Como é o concurso?): investido na jurisdição - forma de obter
acesso ao judiciário, através do concurso - mini ser advogado
PASSOS: se formar em direito, 5 anos - bacharel → 3 anos de atividade jurídica (
emenda 45 do art. jurídico) - aumentar a idade para ter mais experiência → atividade
jurídica, determinada pela edital do concurso (aceita por todas as atividades jurídica,
OAB) → CONCURSO DE 3 A 5 FASE (1 - múltipla escolha; 2 - dissertativa e 3 -
exame oral) → PASSEI → 2 anos de estágio probatório → vitaliciado
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre
o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante
concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados
do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três
anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de
classificação;
Garantias e vedações da magistratura - vitaliciedade, termo que a CF utiliza para
cargos do funcionário publico, em que após 3 anos eles adquirem estabilidade;
inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos
- Vitaliciedade quer dizer que o juiz, após de transcorrido o turno de dois anos
desde sua posse e exercício da função, somente a perderá em decorrência de
sentença judicial transitada em julgado, em processo no qual lhe seja garantido
o direito de se defender, respeitando devidamente o contraditório
- Inamovibilidade significa que o juiz não pode ser removido de sua sede de
atividade para uma diferente sem a sua concordância, exceto nos casos de
patente interesse público, e com voto de dois terços do tribunal, como já visto.
- A irredutibilidade de vencimentos, terceira garantia dos magistrados
brasileiros constitucionalmente prevista, oferece ao juiz a impossibilidade de ter
qualquer redução em seu salário, seja por ato administrativo ou sentença.
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Art. 42 - São penas disciplinares:
I - advertência;
II - censura;
III - remoção compulsória;
IV - disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço;
V - aposentadoriacompulsória com vencimentos proporcionais ao tempo de
serviço;
VI - demissão.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos
três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
2) Princípio da aderência ao território: os magistrados somente têm autoridade
nos limites territoriais do Estado - a jurisdição se aplica a determinado território, ela
se adere a um espaço e é aplicada nesse espaço. Por exemplo, no Brasil a
jurisdição restringe-se ao estado brasileiro.
- somente exercerá suas jurisdições em seu território de trabalho
3) Princípio da indelegabilidade: é vedado ao juiz, que exerce atividade pública,
delegar as suas funções a outra pessoa ou mesmo a outro Poder estatal - não se
pode passar suas atividades jurídicas para outra pessoa
4) Princípio da inevitabilidade: significa que a autoridade dos órgãos
jurisdicionais, sendo emanação do próprio poder estatal soberano, impõe-se por si
mesma, independentemente da vontade das partes ou de eventual pacto para
aceitarem os resultados do processo (posição de sujeição/submissão) - (inercia - o
conflito vai até o Estado para que ele seja provocado, em que passa a exercer
seus impulsos através desse impulsos oficiais) - não preciso pedir autorização
para que a justiça atue, independente da minha vontade, pois o processo vai
chegar ao fim
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso
oficial, salvo as exceções previstas em lei.
5) Inafastabilidade ou indeclinabilidade: não pode haver lei que afaste o cidadão
em busca da justiça
6) Princípio do juiz natural: à existência de juízo adequado para o julgamento de
determinada demanda, conforme as regras de fixação de competência, e à
proibição de juízos extraordinários ou tribunais de exceção constituídos após os
fatos
7) Princípio da inércia: atuar sempre que provocado, indistintamente
➢ EQUIVALENTES JURISDICIONAIS (JUSTIÇA MULTIPORTAS)
Embora o poder judiciário seja uma forma de busca de solução de justiça, ele não
é o único resolver de conflito judicial. São técnicas de solução de conflito que não
são jurisdicionais. Equivalem à jurisdição porque servem para resolver conflitos.
São eles:
1) Autotutela: em regra, é proibida, porque nos remete ao tempo da barbárie, já
que um dos conflitantes impõe a solução do conflito ao outro.
Excepcionalmente, é permitida como, por exemplo, na legítima defesa, no
desforço incontinenti nas ações possessórias, etc - sendo a mais primitiva,
nascida com o homem na disputa dos bens necessários à sua sobrevivência,
representando a prevalência do mais forte sobre o mais frágil. (NÃO É MAIS
PERMITIDA)
2) Autocomposição: em vez de impor a lei do mais forte, há a discussão de
ideias para chegarem a um acordo, solução espontaneamente - sem
intervenção de terceiros para resolução do conflito - as partes conflitantes
chegam à solução do conflito, sem imposição de uma vontade sobre a outra,
podendo ocorrer extrajudicialmente ou em juízo. É chamada pelos americanos
de alternative dispute resolution. Há três espécies de autocomposição:
2.1) Transação: forma mais tradicional, na qual a solução é dada pelas partes, sendo
que cada uma delas faz concessões recíprocas;
2.2) Renúncia: não há concessões recíprocas, mas apenas unilateral, por parte do
autor que abdica de sua pretensão. Exemplo: artigo 999, do CPC: “A renúncia ao
direito de recorrer independe da aceitação da outra parte”.
2.3) Reconhecimento: : também não se vislumbram concessões recíprocas, mas
apenas unilateral, por parte do réu que reconhece a razão do autor. Exemplo: artigo
487, inciso III, alínea “a”, do CPC: “haverá resolução de mérito quando o juiz
homologar: o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção”; 13.140/2015) - diferenças da conciliação: aproxima as partes através
do diálogo, mas não sugere hipóteses de solução, diferente do conciliador que pode
fazer sugestões.
3) Arbitragem (Lei nº 9.307/96): tem-se um terceiro que decide e impõe sua
decisão. No Direito Brasileiro, a decisão arbitral, em regra, não pode ser
discutida no Poder Judiciário, nem precisa de homologação para ser exigida
➢ CLASSIFICAÇÃO DA JURISDIÇÃO
A jurisdição possui duas grandes espécies: a contenciosa e a voluntária.
- Voluntária: a é atividade resultante de negócio jurídico que se exige um ato do
Estado, para que o negócio se realize ou complete - não há lide, só atividade
administrativa
- Contenciosa: tem duas divisões: justiça comum e especial/especializada
● Especializada: trabalhista; militar e eleitoral
● Comum: estadual (competência civil e criminal) e federal (competência civil e
criminal)
PODER JUDICIÁRIO
A própria justiça é que faz a distinção entre a JUSTIÇA COMUM e a JUSTIÇA
ESPECIALIZADA
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre
cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de
notável saber jurídico e reputação ilibada.
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três
Ministros.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) (Vide ADIN 3432)
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público
externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;

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