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Direito Previdenciário - parte 2

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Direit� Previdenciári� � d�
Seguridad� Socia�
A Seguridad� Socia�
1. Revisã� Históric� � Conceitua�
O direito à seguridade social pode ser compreendido, na terminologia adotada por
Paulo Bonavides, como um direito fundamental de segunda geração, naquele rol de direitos
umbilicalmente vinculados ao Estado do Bem-estar Social. Tendo sido antes de atribuição da
iniciativa privada, com o decorrer dos anos “o seguro adquiriu aspecto predominantemente
social e revestiu-se de caráter obrigatório, quando o Estado, reconhecendo a necessidade
comum de todos os homens de garantir uma estabilidade para o futuro, instituiu o seguro
social”.
O termo risco social é empregado para designar os eventos que ocorrem na vida de
todos os homens, com certeza ou probabilidade significativa, provocando um desajuste nas
condições normais de vida, em especial na obtenção dos rendimentos decorrentes do trabalho,
gerando necessidades a serem atendidas, pois nestes momentos críticos, normalmente não
podem ser satisfeitas pelo indivíduo. Na terminologia do seguro, chamam-se tais eventos de
“riscos” e por dizerem respeito ao próprio funcionamento da sociedade, denominam-se
“riscos sociais”. Os regimes previdenciários são instituídos com a finalidade de garantir aos
seus beneficiários a cobertura de determinadas contingências sociais. Os riscos sociais cuja
cobertura é suportada pelo regime geral são elencados no art. 1.º da lei nº 8.213/91, com
exceção do desemprego involuntário, que é objeto de lei específica: lei n.º 7.998/90.
(ROCHA e BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 31/32).
Desta feita, como a Constituição de 1988 construiu um Estado do Bem-Estar Social
em nosso território, a proteção social brasileira é, prioritariamente, obrigação do Estado.
Hoje, no Brasil, entende-se por seguridade social o conjunto de ações do Estado no sentido de
atender às necessidades básicas de seu povo nas áreas de Previdência Social, Assistência
Social e Saúde. Compete à União legislar privativamente sobre essa matéria (art.22, inciso
XXIII, CF/88).
No Brasil, a seguridade social foi instituída pela Constituição de 1988, contra os
riscos sociais que podem gerar miséria e a intranquilidade social, sendo uma conquista do
Estado Social de Direito, que deverá intervir para realizar esses direitos fundamentais de
segunda geração.
O Poder Público deve, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base
nos seguintes objetivos: a) universalidade da cobertura e do atendimento; b) uniformidade e
equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; c) seletividade e
distributividade na prestação dos benefícios e serviços; d) irredutibilidade do valor dos
benefícios; e) eqüidade na forma de participação no custeio; f) diversidade da base de
financiamento; g) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, dos aposentados e do
Governo nos órgãos colegiados (art.194, § único, CF/88).
A doutrina previdenciária costuma separar uma seguridade mínima de uma
seguridade máxima. A seguridade mínima busca garantir condições que estão relacionadas
com prestações fundamentais (proteção dos direitos fundamentais). Na seguridade máxima o
objetivo não é garantir o fundamental apenas, mas uma qualidade de vida, uma vida boa, que
vai além do básico.
A Saúde vem garantida pela Carta Magna como direito de todos e dever do Estado,
que deve ser assegurada mediante ações que visem a reduzir os riscos de doença e seus
agravamentos. O acesso aos programas de Saúde Pública necessariamente deve seguir os
princípios da igualdade e universalidade do atendimento. Logo, neste campo, o acesso deve
ser garantido a todos e de forma igual, sem qualquer tipo de contribuição, de forma que o
atendimento público à saúde deve ser gratuito.
E, segundo a jurisprudência do STF, o direito à saúde pode ser exigido judicialmente
dos entes políticos, que são solidários na sua prestação (RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA). Não se há falar em violação ao princípio da separação de poderes. Há,
inclusive, uma proposta de súmula vinculante em tramitação na Suprema Corte, a fim de
sufragar a tese da solidariedade entre os entes federados na prestação dos serviços de saúde.
A Assistência Social, por sua vez, tem como princípios informativos a gratuidade da
prestação é basicamente a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à
prevenção da incidência de riscos, através da proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência e à velhice, bem como aos deficientes e a reintegração ao mercado de trabalho
daqueles que necessitarem.
Note-se que a diferença primordial entre as atividades da saúde e da assistência
social, é que esta tem um espectro menor, ou seja, a saúde tem o caráter de universalidade
mais amplo do que o previsto para a assistência social.
Logo, a assistência social visa a garantir meios de subsistência às pessoas que não
tenham condições de suprir o próprio sustento, dando especial atenção às crianças, idosos e
deficientes, independentemente de contribuição à seguridade social.
A mais autêntica forma de assistência social é a prevista no art. 203, V, da
Constituição Federal, onde fica garantido o valor de um salário mínimo mensal à pessoa.
Questão interessante é a previsão do amparo social, previsto no inciso V do art.203
da Constituição Federal de 1988, conforme dispõe a lei. A lei nº 8742/93 (LOAS) previu
pressupostos rígidos para concessão do amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso,
especialmente no tocante ao requisito econômico (a renda do grupo familiar não deve superar
¼ do salário mínimo per capita – após declarada a constitucionalidade do requisito legal na
ADI 1232, o STF, por ocasião do julgamento da Rcl 4374/PE, reviu sua posição, afirmando:
“Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias
mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações
legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros
benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 5. Declaração de
inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei
8.742/1993. 6. Reclamação constitucional julgada improcedente.” (Rel. Min. Gilmar
Mendes; DJE: 03/09/13).
Sobre a possibilidade de revisão, em sede de Reclamação, do entendimento já
firmado em controle concentrado, o Relator utilizou a expressão BALANÇAR DE OLHOS:
“A oportunidade de reapreciação das decisões tomadas em sede de controle abstrato de
normas tende a surgir com mais naturalidade e de forma mais recorrente no âmbito das
reclamações. É no juízo hermenêutico típico da reclamação – no “balançar de olhos” entre
objeto e parâmetro da reclamação – que surgirá com maior nitidez a oportunidade para
evolução interpretativa no controle de constitucionalidade. Com base na alegação de afronta
a determinada decisão do STF, o Tribunal poderá reapreciar e redefinir o conteúdo e o
alcance de sua própria decisão.”
A Previdência Social, por sua vez, tem por fim assegurar aos seus beneficiários
meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de
serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem
dependiam economicamente.
Note-se então que o conceito de Previdência Social traz ínsito o caráter de
contributividade, no sentido de que só aqueles que contribuírem terão acesso aos benefícios
previdenciários. A diferença primordial entre os ramos da seguridade social, sendo claro que
é que a assistência social e a saúde independem de contribuição, e a previdência, pressupõe
contribuição.
Em termos objetivos, em sua acepção ampla, a previdência social abarca todos os
regimes previdenciários existentes no Brasil (básicos e complementares, públicos e privados).
2. Princípi� d� Seguridad�
O legislador constituinte e o ordinário entenderam por positivar os princípios da
seguridade social. Destaca-se que apesarde denominados objetivos pelo texto constitucional,
o parágrafo único do artigo 194 contém verdadeiros princípios, pois descrevem as normas
elementares da seguridade, as quais direcionam toda a atividade legislativa e interpretativa
deste ramo do Direito.
2.1. Solidariedad� o� Solidarism�
Princípio positivado pelo constituinte de 1988 (art. 3º, I), este princípio visa à
chamada evolução coletiva. A liberdade e a igualdade dada a cada um possibilita a evolução
individual de todos, mas há que se atender aos anseios de uma evolução coletiva, sem a qual
a sociedade não alcança o seu bem-estar de felicidade. Pois bem, ao adotá-la como princípio,
torna-se obrigatória a contribuição da maioria em prol da minoria.
É este princípio que permite e justifica uma pessoa ser aposentada por invalidez em
seu primeiro dia de trabalho, sem ter contribuição recolhida pelo sistema.
Também é a solidariedade que justifica a cobrança de contribuições pelo aposentado
que volta a trabalhar. Este deverá adimplir seus recolhimentos mensais, como qualquer
trabalhador, mesmo sabendo que não poderá obter nova aposentadoria (um dos argumentos
contra a desaposentação). A razão é a solidariedade: a contribuição de um não é exclusiva
deste, mas sim para a manutenção de toda a rede protetiva.
A solidariedade é a justificativa elementar para a compulsoriedade do sistema
previdenciário, pois os trabalhadores são coagidos a contribuir em razão da cotização
individual ser necessária para a manutenção de toda rede protetiva, e não para a tutela do
indivíduo, isoladamente considerado.
Há uma verdadeira SOCIALIZAÇÃO DOS RISCOS com toda a sociedade, pois os
recursos mantenedores do sistema provêm dos orçamentos públicos e das contribuições
sociais, onde aqueles que pagam tributos que auxiliam no custeio da seguridade social, mas
hoje ainda não gozam dos benefícios e serviços, poderão no amanhã serem agraciados,
trazendo uma enorme estabilidade jurídica no seio da sociedade.
Essa norma principiológica fundamenta a criação de um fundo único de previdência
social. No âmbito do Regime Próprio de Previdência Social (previdência dos servidores
públicos efetivos e militares), há expressa previsão deste princípio (art. 40 da CF).
2.2. Universalidad� d� Cobertur� � d� Atendiment�
O constituinte previu a universalidade em seus dois aspectos: o objetivo (cobertura),
buscando-se cobrir todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade, e
subjetivo (atendimento), que diz respeito a todas as pessoas que integram a população,
inclusive os estrangeiros. No que se refere a este segundo aspecto, esta é a regra em relação à
saúde e à assistência social. Como a previdência social é, a princípio, restrita aos que exercem
atividade remunerada, foi criada a figura do segurado facultativo para atender ao
mandamento constitucional.
Assim sendo, a previdência social terá sua universalidade limitada/mitigada por sua
necessária contributividade, haja vista limitar-se aos beneficiários do seguro não atingindo
toda a população.
2.3 Uniformidad� � Equivalênci� d� Benefíci� � Serviç� à� Populaçõe�
Urbana� � Rurai�
Os benefícios e serviços oferecidos às populações urbana e rural devem ser os
mesmos (uniformidade) e decorrentes dos mesmos eventos (equivalência). Vale lembrar que,
a partir da CF/88, foi instituído o Regime Geral de Previdência Social, deixando de existir os
regimes específicos para trabalhadores rurais e urbanos.
É decorrência também dos princípios da solidariedade e da igualdade: sendo a área
rural extremamente deficitária, os trabalhadores urbanos auxiliam no custeio dos benefícios
rurais. Além disso, a igualdade material determina alguma parcela de diferenciação entre
estes dois segurados, sendo que a própria Constituição prevê contribuições diferenciadas para
o pequeno produtor rural (art. 195, §8º).
Cuida-se do corolário do Princípio da Isonomia no sistema da seguridade social, que
objetiva o tratamento isonômico entre povos urbanos e rurais na concessão das prestações da
seguridade social.
Isso não quer dizer que não se possa existir um tratamento diferenciado, desde que
haja um fator de discriminem justificável diante de uma situação concreta.
Logo, os eventos cobertos pela seguridade social em favor dos povo urbanos e rurais
deverão ser os mesmos, salvo algum tratamento diferenciado razoável, sob pena de
discriminação negativa injustificável e consequente inconstitucionalidade material da norma.
2.4. Seletividad� � Distributividad� n� Prestaçã� d� Benefíci�
Diante da impossibilidade real de se cobrir todos os riscos sociais, assim como de
atender a todos aqueles que habitam nosso território, o constituinte conferiu ao legislador
uma espécie de mandato específico com o escopo de que este estude as maiores carências em
matéria de Seguridade Social.
Assim, o princípio da universalidade deve ser lido em conjunto com os princípios da
seletividade e distributividade.
A universalidade objetiva fica condicionada à seletividade, que permite ao legislador
escolher quais as contingências sociais que serão cobertas pelo sistema de proteção social em
face de suas possibilidades financeiras.
A universalidade subjetiva, por sua vez, é limitada pela ideia de distributividade. A
lei irá dispor a que pessoas os benefícios e serviços serão estendidos. Como exemplo de
aplicação desse princípio, podemos citar o salário-família e o auxílio reclusão.
Por fim, vale ressaltar que, em relação à saúde, a universalidade alcança todas as
camadas da população, que fazem jus à utilização de todos os recursos existentes no estado
atual da ciência médica (atendimento integral). Não têm aplicação, aí, os princípios da
seletividade e distributividade.
Sérgio Pinto Martins afirma que na assistência social o princípio da distributividade
ganha a sua dimensão máxima, pois redistribui as riquezas da nação apenas em favor dos
miseráveis.
2.5. Irredutibilidad� d� Valor d� Benefíci�
Segundo o Supremo Tribunal Federal, o princípio da irredutibilidade impede que
seja imposta uma redução efetiva dos valores nominais das prestações da seguridade,
garantindo ao beneficiário, se não a manutenção do seu padrão de vida e do seu poder
aquisitivo, ao menos a capacidade de honrar os compromissos já assumidos.
Destaque-se que a CF/88, no seu art. 201, § 4º, impõe o reajustamento periódico da
renda mensal do benefício, de modo a preservar o seu valor real (Irredutibilidade do valor
nominal para os benefícios da seguridade X Irredutibilidade do valor real dos benefícios
previdenciários);
Este princípio decorre da segurança jurídica, uma vez que não será possível a
redução do VALOR NOMINAL de benefício da seguridade social, vedando-se o retrocesso
securitário.
Não é possível que o Poder Público reduza o valor das prestações mesmo durante os
períodos de crise econômica.
No que concerne especificamente aos benefícios previdenciários, ainda é garantido
constitucionalmente no art. 201, §4º, o reajustamento para manter o valor real, conforme
índices que refletem a irredutibilidade material.
2.6 Equidad� n� form� d� participaçã� n� custei�
O custeio da seguridade social deverá ser o mais amplo possível, mas precisa ser
isonômico, devendo contribuir de maneira mais acentuada para o sistema aqueles que
dispuserem de mais recursos financeiros, bem como os que mais provocarem a cobertura da
seguridade social.
É uma norma dirigida ao legislador, importa na responsabilidade compartilhada entre
o Estado e a sociedade civil pela manutenção financeira da Seguridade Social. A participação
no custeio, dessa forma, deverá levar em conta as condições contributivas do indivíduo (sua
capacidade financeira) e o risco envolvido. Sendo assim, a contribuição de cada um deve ser
proporcional ao seu poder aquisitivo.
Nesse sentido, a classe empregadora tende a contribuir com parcela maior que a dos
empregados, e, dentre as empresas, aquelas cuja atividade importa em maior risco social
devem verter maiores contribuições. Veja, no entanto, que não se trata do conceito clássicode
capacidade contributiva originário do Direito Tributário, o qual até excluiria a contribuição
em algumas situações.
A capacidade citada tem como limite o caráter necessariamente contributivo do
sistema: ainda que dotado de parcos recursos, o trabalhador é compulsoriamente filiado ao
regime, sendo obrigado a contribuir. Mas nada impede a redução de sua contribuição,
compensando esta perda com o aumento da cotização de outros mais abastados (interação
com o princípio da solidariedade).
OBS: Situações que podem gerar tratamento diferenciado (art. 195, § 9º, CF): a)
atividade econômica desenvolvida; b) utilização intensiva de mão-de-obra; c) porte da
empresa; d) condições estruturais do mercado de trabalho;
2.7. Diversidad� d� Bas� d� �nanciament�
O financiamento da Seguridade Social (e da previdência) não pode se fazer com
base em uma única fonte de tributos, sob pena de onerar por demais uma classe social ou
atividade econômica ou permitir que oscilações setoriais venham a comprometer a
arrecadação de contribuições. A diversidade faz com que se atinja um maior número de
pessoas, garantindo uma constância maior de entradas, além de uma maior efetividade do
princípio da solidariedade.
Assim, a Constituição Federal de 1988 prevê diversas formas do financiamento da
Seguridade Social, por meio da empresa, dos trabalhadores e dos entes públicos (princípio da
tríplice forma de custeio), além dos concursos de prognósticos; ademais, prevê a
possibilidade de se instituir, através de lei complementar, novas fontes de custeio (art. 195, §
4º).
A EC nº 42/2003 incluiu no texto constitucional mais uma fonte de custeio para a
seguridade social, a saber, a contribuição do importador de bens e serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar (art. 195, IV, da CF/88).
Com base neste princípio, qualquer proposta de unificação das contribuições sociais
em uma única, como se tem defendido, é evidentemente inconstitucional, além de
extremamente perigosa para a seguridade social.
- ASPECTOS: a) diversidade do financiamento sob o aspecto objetivo: previsão de
uma PLURALIDADE DE FATOS GERADORES que ensejem contribuições; b) diversidade
do financiamento sob o aspecto subjetivo: previsão de uma PLURALIDADE DE SUJEITOS
responsáveis pelo financiamento da seguridade social (empregador; trabalhador; receita de
concursos e prognósticos; importador).
Em termos de previdência social, é tradicional no Brasil o tríplice custeio desde
regimes constitucionais pretéritos (a partir da Constituição Federal de 1934), com a
participação do Poder Público, das empresas e dos trabalhadores em geral.
Outrossim, É PERMITIDA A CRIAÇÃO DE NOVAS FONTES DE CUSTEIO
PARA A SEGURIDADE SOCIAL, MAS HÁ EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL
EXPRESSA DE QUE SEJA FEITA POR LEI COMPLEMENTAR, NA FORMA DO
ARTIGO 195, §4°, SOB PENA DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL DA LEI
ORDINÁRIA.
2.8. Caráter Democrátic� � Descentral�ad� d� Administraçã�, mediant�
Gestã� Quadripartit�, co� participaçã� d� Trabalhadore�, d�
Empregadore�, d� Ap�entad� � d� Govern� n� Órgã� Colegiad�
Embora único o sistema, deve ser ele gerido de forma descentralizada (com o
propósito de maior efetividade) e com a participação do povo (para que se conceda maior
legitimidade às decisões). Em decorrência desse princípio, foram criados diversos órgãos,
como o Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS, o Conselho Nacional de
Assistência Social e o Conselho de Gestão da Previdência Complementar.
Na verdade este princípio é decorrência da determinação contida no artigo 10 da
Constituição, que assegura a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados
dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação.
2.9. Orçament� Diferenciad�
A Seguridade Social deve ter orçamento próprio separado do da União, com o
objetivo de evitar que os recursos destinados às suas atividades sejam desviados para cobrir
despesas deste Ente (art. 165, § 5º, III, da CF/88).
De efeito, o Sistema Nacional de Seguridade Social é um instrumento tão importante
de realização da justiça social que o legislador constitucional criou uma peça orçamentária
exclusiva para fazer frente às despesas no pagamento de benefícios e na prestação de
serviços.
Assim, os recursos do orçamento da seguridade social são afetados pelo custeio do
referido sistema, não podendo ser utilizados para outras despesas da União, em regra.
2.10. Precedênci� d� Font� d� Custei�
Segundo a Constituição de 1988, nenhum benefício ou serviço da Seguridade Social
pode ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total (art. 195,
§5º). Esse princípio visa a proteger as finanças da Seguridade Social e, consequentemente, a
efetivação dos benefícios e serviços já garantidos por ela. Sérgio Pinto Martins aponta este
como princípio da Seguridade Social. Esse princípio está relacionado com o equilíbrio
financeiro e atuarial.
Foi com base nesse princípio que o STF entendeu que pela impossibilidade de
majoração das pensões por morte efetivadas antes do advento da lei n.º 9.032/95 (além do
argumento tempus regit actum).
Sem embargo, no Informativo n.º 599, o STF, valendo-se da técnica do distinguishing,
entendeu ser possível a aplicação imediata dos novos tetos previdenciários trazidos pelas
Emendas Constitucionais n.º 20/98 e n.º 41/2003 aos benefícios pagos com base em teto
anterior, de menor expressão econômica.
De fato, o que essa norma busca é uma gestão responsável da seguridade social, pois a
criação de prestações no âmbito da previdência, da assistência ou da saúde pressupõe a prévia
existência de recursos públicos, sob pena de ser colocado em perigo todo o sistema com
medidas irresponsáveis.
Por conseguinte, antes de criar um novo benefício da seguridade social ou
majorar/estender os já existentes, deverá o ato de criação indicar expressamente a fonte de
custeio respectiva, através da indicação da dotação orçamentária, a fim de se manter o
equilíbrio entre as despesas e as receitas públicas. Este princípio não poderá ser excepcionado
nem em hipóteses anormais, pois a Constituição é taxativa .
3. Princípi� d� Previdênci� Socia�
3.1. �liaçã� Obrigatóri�:
São segurados da Previdência Social todos aqueles que exercem atividades
vinculadas ao Regime Geral, nos termos da lei, e não estão vinculados a regime próprio. A
exceção ao princípio fica por conta dos chamados segurados facultativos, aos quais a lei abre
a possibilidade de aderirem ao regime geral, mediante o recolhimento de contribuições e
desde que não estejam filiados a outro regime próprio;
3.2. Caráter Contributiv�
O direito aos benefícios depende do recolhimento de contribuições. Contudo, se a
responsabilidade pelo recolhimento das contribuições era de terceiros, o segurado fará jus às
prestações da Previdência Social;
3.3. Equilíbri� �nanceir� � Atuaria�
A execução da política previdenciária deve respeitar a relação entre o custeio e o
pagamento de benefícios. A introdução do fator previdenciário pela Lei nº 9.876/99 veio a
concretizar esse princípio;
3.4. Garanti� d� Benefíci� Mínim�
Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do
trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (CF/88 – art. 201, §2º).
Segundo o princípio do valor mínimo, garante-se ao indivíduo (trabalhador, aposentado,
pensionista, assistido...) uma renda capaz de "atender às suas necessidades vitais básicas e às
de sua família como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e Previdência Social" (CF/88 – art. 7º, IV); (A. Araújo – o auxílio acidente, por ter
caráter indenizatório pode ser inferior ao salário mínimo)
3.5. Correçã� Monetári� d� Salári� d� Contribuiçã�
Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão
atualizados, na forma da lei (CF/88 – art. 201, §3º).
3.6. Preservaçã� d� Valor Rea� d� Benefíci�
É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente,o valor real, conforme critérios definidos em lei (CF/88 – art. 201, §4º).
3.7. Previdênci� Complementar Facultativ�
“Admite-se a participação da iniciativa privada na atividade securitária, em
complemento ao regime oficial, e em caráter de facultatividade para os segurados”, devendo
esta ser regulada por meio de lei complementar (LC nº 109/2001). Antes da EC nº 20/98, o
seguro complementar deveria ser mantida pela própria Previdência Social;
3.8. Indisponibilidad� d� Direit� d� Beneficiári�
São indisponíveis os direitos previdenciários dos beneficiários do regime, não
cabendo a renúncia, preservando-se, sempre, o direito adquirido daquele que, tendo
implementado as condições previstas em lei para a obtenção do benefício, ainda não o tenha
gozado. Os benefícios não se sujeitam a arresto, sequestro ou penhora, e só podem sofrer
descontos determinados por lei ou por ordem judicial.
3.9. Comutatividad�
Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de
contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que
os diversos regimes de Previdência Social se compensarão financeiramente, segundo critérios
estabelecidos em lei (CF/88 – art. 201, §9º).
3.10. Igualdad�
O §1º do art. 201 da CF/88, com a redação dada pela EC nº 20/98, veda a adoção de
requisitos e critérios diferenciados para concessão de aposentadorias aos beneficiários do
Regime Geral de Previdência Social, ressalvados os casos de atividades exercidas em regime
especial e portadores de deficiência (neste último caso, regulamentado pela LC 142/13);
3.11. Princípi� d� Tempu� Regi� Actu�
Enquanto não esteja explicitamente previsto na legislação da previdência social
como seu princípio informador, entende-se que ele integra o rol, sendo muitas vezes usado
para definir o regime jurídico dos benefícios previdenciários, pois deverá ser aplicada a lei
vigente na data do nascimento do direito à prestação previdenciária.
É que o ato administrativo de concessão de um benefício pela Previdência Social
classifica-se como ato jurídico perfeito, conquanto surta efeitos por dias, meses, anos ou
décadas, pois a obrigação de pagamento das parcelas do benefício é mensal, configurando-se
uma relação jurídica continuada ou de trato sucessivo.
O ato jurídico de concessão de um benefício se aperfeiçoa sob a vigência de uma
lei, mas comumente continua gerando efeitos jurídicos sob a vigência de um ou mais regimes
jurídicos instituídos por leis novas, o que não raro gera um conflito aparente intertemporal,
especialmente quando o novel regime é mais benefício aos segurados e seus dependentes.
Assim, a rigor, a lei nova não se aplicará ao benefício concedido anteriormente,
mesmo sendo melhor para o segurado, salvo previsão expressa em sentido contrário para
favorecer os beneficiários.
3.12. Automaticidad� da� Prestaçõe�
Há, ainda, o Princípio da Automaticidade das Prestações, que estatui serem devidas
as prestações previdenciárias mesmo na hipótese de não pagamento das contribuições
previdenciárias, quando a responsabilidade tributária pelo recolhimento for das empresas
tomadoras dos serviços, o que ocorre no Brasil com os segurados empregados, trabalhadores
avulsos e contribuintes individuais prestadores de serviços à pessoa jurídica.
Assim, se uma empresa não recolher as contribuições previdenciárias do seu
empregado, o INSS deverá deferir o benefício, não podendo alegar a mora da empresa,
devendo a Secretaria de Receita Federal do Brasil proceder à cobrança das contribuições em
atraso, caso ainda não decaídas.
Vale frisar que o Princípio da Automaticidade das Prestações não se aplica às
hipóteses em que o próprio segurado é responsável direto pelo pagamento das contribuições
previdenciárias, conforme será visto.
4. Eficáci� � Interpretaçã� da� Norma� D� Seguridad�
4.1. Interpretaçã� da� Norma�
Quanto aos métodos, a interpretação pode ser classificada da seguinte forma:
a) gramatical ou literal (verba legis): consiste em verificar qual o sentido do
texto a partir da análise da linguagem empregada;
b) histórica: há necessidade de se analisar a evolução do instituto sobre o
qual versa a norma;
c) autêntica: é a realizada pelo próprio órgão que editou a norma, e que irá
declarar seu sentido, alcance, conteúdo, por meio de outra norma jurídica.
Também é chamada de interpretação legal ou legislativa;
d) sistemática: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com
a análise do sistema no qual está inserido, sem se ater a interpretação
isolada de uma norma, mas sim ao conjunto;
e) teleológica ou finalística: a interpretação será dada ao dispositivo legal de
acordo com o fim colimado pelo legislador.
Quanto ao resultado, a interpretação pode ser restritiva ou extensiva.
a) Restritiva: quando a lei possui palavras que ampliam a vontade da
lei, e acabe à interpretação reduzir esse alcance.
b) Extensiva: quando a lei carece de amplitude, ou seja, diz menos do
que deveria dizer, devendo o intérprete verificar qual os reais limites da
norma.
OBS: Princípio in dubio pro misero: em caso de dúvida, a decisão deve ser a mais favorável
ao beneficiário. Deve ser aplicado com cautela, pois não é lícito ao aplicador do Direito
ignorar preceito expresso em lei, aplicando outro mais favorável, com base no pro misero.
O intérprete deve estar atento aos fundamentos e objetivos do estado Democrático de
Direito (arts. 1º e 3º da CF), notadamente a dignidade da pessoa humana e a redução das
desigualdades sociais.
4.2. Eficáci�
A eficácia, no sentido jurídico, diz respeito à capacidade da norma de produzir
efeitos. Essa capacidade possui uma larga faixa de incidência, podendo ser total ou parcial e,
ainda, cabendo falar-se em normas que são apropriadas a produzir efeitos mais ou menos
intensos e relevantes.
A eficácia da norma jurídica pode ser dividida em relação ao tempo e ao espaço.
a) Eficácia no Tempo: a eficácia no tempo refere-se à entrada da lei em
vigor. Normalmente, as disposições securitárias entram em vigor na data da
publicação da lei, com eficácia imediata, mas certos dispositivos, tanto do
Plano de Custeio como do de Benefícios, necessitam ser complementados
pelo regulamento, e só a partir da existência deste terão plena eficácia.
Quanto às regras de custeio, o § 6º do artigo 195 da Constituição estabelece
que as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social
somente poderão ser exigidas após o transcurso de 90 dias da data da
publicação da lei que as houver instituído ou majorado, não lhes sendo
aplicável o disposto do art. 150, III, b, da CF (princípio da anterioridade).
As demais regras entrarão em vigor na data da publicação da lei.
b) Eficácia no Espaço: A eficácia no espaço diz respeito ao território em
que vai ser aplicada a norma. A lei de Seguridade Social se aplica no Brasil,
tanto para os nacionais como para os estrangeiros nele residentes, de acordo
com as regras determinadas pelo Plano de Custeio e Benefícios e outras
especificações atinentes à matéria.
Excepcionalmente, a legislação admite como segurado obrigatório “o brasileiro ou
estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal
ou agência de empresa nacional no exterior, ou em empresa domiciliada no exterior, cuja
maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional” (art. 11, I, “c”
e “f”, da Lei nº 8.213/91), bem como “o brasileiro civil que trabalha para a União, no
exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro
efetivo, ainda que ali domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação
vigente do país do domicílio.” (art. 11, I, “e”, da Lei nº 8.213/91)
Importa destacar que o art. 85-A da Lei nº 8.212/91 estabelece que os tratados,
convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo
internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão
interpretados como lei especial.
5. Definiçã� � Natur��Jurídic�
A seguridade social no Brasil consiste no conjunto integrado de ações que visam a
assegurar os direitos fundamentais à saúde, à assistência social e à previdência social, de
iniciativa do Poder Público e de toda a sociedade (art. 194 da CF).
A Seguridade Social tem natureza pública, ou seja, é uma imposição legal,
independente de contrato e da vontade das partes envolvidas. Ostenta, simultaneamente, a
natureza jurídica de direito fundamental da 2a e da 3a dimensões, vez que tem natureza
prestacional positiva (direito social) e possui caráter universal (natureza coletiva).
Existe muita semelhança entre Previdência Social e contrato de seguro, uma vez que
a pessoa contribui e tem cobertura de certos eventos, sendo que alguns estudiosos chegam a
concluir que aquela é uma espécie deste. Mas, na verdade, existem apenas semelhanças,
sendo em sua essência espécies diversas, principalmente porque o seguro traz a idéia de
contrato, ligado ao direito privado, enquanto que a previdência social é eminentemente
pública, face à repercussão social de suas ações.
A seguridade social é integrada por três ramos: saúde, assistência social e
previdência social.
6. Fonte�
As fontes do Direito Previdenciário são a Constituição Federal, a lei (especialmente
as Leis nº. 8.212 e 8.213 de 1991) e outros atos normativos regulamentares (especialmente o
Decreto. 3.048/99). Para Wladimir Novaes Martinez, os tratados podem ser considerados
fontes do DP.
Lazzari e Castro lembram que o costume não pode ser considerado fonte do DP, em
razão do princípio da legalidade. Devem, porém, ser entendidas como fontes do DP, no
âmbito interno da Previdência Social, as decisões sumuladas do Conselho de Recursos da
Previdência Social (CRPS), já que vinculam a Administração.
Também as normas coletivas são fontes do DP, pois criam complementações de
benefícios previdenciários. Os regulamentos de empresa estabelecem complementação de
benefícios previdenciários, mediante contribuição da empresa e do empregado. Neles, são
previstos alguns requisitos para o direito à complementação do benefício.

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