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UFC - SARAH

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UFC 
PROFa. Sarah Suzye 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
CURSO PRIME PARANGABA – Av. Augusto dos Anjos, 1915 (Instalações do Colégio Jim Wilson) – Fone: (85) 3208.2210 
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Crimes Contra a Administração Pública, praticados por funcionário público. 
 
1. O funcionário público 
Neste capítulo, estudaremos os crimes compreendidos entre os artigos 312 e 326 do Código 
Penal. Uma característica comum a todos eles é que todos têm que ser praticados por funcionário público – e esta 
condição foi especificada no art. 327 do CP: 
 
Art. 327 – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. 
§ 1º – Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou 
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora 
de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da 
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 2º – A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes 
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de 
função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, 
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo 
poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980) 
 
Esta noção mais abrangente serve para punir de forma mais severa qualquer pessoa que, ainda que por breves 
momentos, possa se aproveitar da sua condição de funcionário, seja titular de cargo público, empregado ou ocupante 
de cargo em comissão, ou, mesmo, servidor temporário, inclusive nos casos excepcionais (ex: o escrivão ad hoc, do art. 
305 do CPP; o mesário, nas eleições, etc.). 
Os prefeitos estão abrangidos nos crimes do art. 1º do Decreto-lei 201/67. O CP disciplinará as demais hipóteses que 
não estiverem nele contidas. 
 
Vale lembrar que, para todos os crimes do 312 ao 326 do CP incide uma MAJORANTE de pena: o agente que praticar 
quaisquer destes crimes em cargos de comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE 
(fundações, Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
 
Observe que as autarquias não foram incluídas. Cuidado!!! 
 
Ademais, a Lei nº 13.964/19 adicionou o §4º ao art. 33, segundo o qual o “§ 4º O condenado por crime contra a 
administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que 
causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 
12.11.2003)”. 
 
2. Insignificância 
De acordo com a Súmula 599 do Superior Tribunal de Justiça, editada em 2017, “O princípio da insignificância é 
inaplicável aos crimes contra a administração pública”. 
A maior parte dos precedentes da corte se refere justamente aos crimes praticados contra a administração pública, mas 
não só. Há casos nos quais se praticou crime comum, com a administração pública como vítima ou prejudicada, e não 
se aplicou a insignificância (ex: furto mediante escalada – HC 274.487/SP). 
 
3. Crimes funcionais 
A nomenclatura acima é utilizada pela doutrina para denominar os crimes contra a administração pública, praticados 
por funcionário público. Define-se crime funcional próprio/puro/propriamente dito aquele que, se não for praticado 
por funcionário, vira indiferente penal. Isso ocorre, por exemplo, na prevaricação e na condescendência criminosa (arts. 
319/320, CP). Já no caso dos impróprios/impuros/impropriamente ditos, a conduta, caso praticada por pessoa não 
CONCURSO: UFC 
 
ASSUNTO: TEORIA 
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pertencente aos quadros da administração, sofre desclassificação para delito diverso. É o que acontece em relação ao 
peculato-furto (art. 312, §1º, CP). 
4. Peculato. 
 
Peculato 
Art. 312 – Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de 
que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º – Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, 
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a 
qualidade de funcionário. 
 
Peculato culposo 
§ 2º – Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena – detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º – No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; 
se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
Peculato mediante erro de outrem 
Art. 313 – Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente 
dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem 
indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou 
solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para 
a Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
1.1 Peculato doloso (art. 312, caput) 
1.1.1 Conduta 
No caput, pune-se as condutas de apropriar-se (ter a coisa como própria ou assenhorar-se) e desviar (dar destino 
equivocado) dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular. Tais condutas deverão ser praticadas 
a título de dolo, a vontadelivre e consciente de não restituir o dinheiro, valor ou bem (apropriação) ou de dar-lhe 
destino diverso e equivocado (desvio). O peculato, de uma maneira geral, visa proteger a administração pública e a 
moralidade administrativa. 
1.1.2 Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público – art. 
327 CP. Apesar de próprio, o crime comporta concurso de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde 
que o particular não seja o autor da conduta. Deve apenas a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do 
particular que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE 
(fundações, Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
 
1.1.3 Sujeito passivo 
A Administração Pública diretamente e, quando particular a coisa, o prejudicado. 
 
Atenção: Para caracterizar o peculato-apropriação ou peculato-desvio, o agente tem que ter a posse do objeto material 
em razão do cargo. Portanto, é necessário o vínculo (posse em razão do cargo) entre a coisa e o agente. Se não houver 
posse, não há possibilidade de haver apropriação ou desvio. Ao passo que, havendo a posse, esta deve ser motivada 
pelo cargo. Caso contrário, poderá haver o crime de apropriação indébita, mas não o crime de peculato. 
 
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1.1.4 Consumação e tentativa 
O crime é material. Consuma-se, então, com o resultado danoso, isto, com a retirada da coisa da esfera de 
disponibilidade da Administração Pública, quando o funcionário se apropria ou altera o destino normal da coisa. A 
tentativa é perfeitamente possível. 
 
1.2 Peculato-furto (§1º) ou peculato impróprio 
1.2.1 Condutas 
Subtrair (retirar, tirar às escondidas) ou concorrer para subtração (colabora de algum modo para que outrem subtraia) 
de dinheiro, valor ou bem, dos quais não tem a posse. 
Observe que o nome doutrinário (peculato-furto) decorre de o verbo (subtrair) ser o mesmo do crime de furto (artigo 
155 do CP). Para que ocorra a subtração, é necessário que o agente não tenha a posse da coisa. Subtração não coaduna 
com posse. São coisas que se repelem. Quando se fala em subtração, pressupõe-se que o agente não tem a posse do 
bem subtraído. 
No entanto, aqui, o agente subtrai ou concorre para a subtração de bem que, apesar de não ter a posse, tem facilidade 
outra decorrente do cargo público. É a facilidade da qual se vale o agente (funcionário)que distingue o peculato do crime 
de furto. Em ambos há a subtração de coisa alheia móvel. Todavia, no peculato, diferentemente do que ocorre no furto, 
o agente se vale de uma facilidade (qualquer facilidade que não seja a posse, pois se for a posse não há subtração) que 
possui em razão do cargo. 
Tais condutas deverão ser praticadas a título de dolo, a vontade livre e consciente de assenhorar-se da coisa. 
 
Exemplo: O funcionário A, sabedor de onde o seu colega, B, guarda o numerário (dinheiro) recebido diariamente na 
repartição pública, vale-se de tal conhecimento e, na ausência daquele, subtrai tal valor. 
1.2.2 Sujeito ativo 
Ver item 1.1.2 
1.2.3 Sujeito passivo 
Ver item 1.1.3 
1.2.4 Consumação e tentativa 
A consumação acontece com a efetiva subtração da coisa, tal e qual no crime de furto, seguindo a teoria da amotio ou 
aprehensio. Haverá tentativa se o agente, iniciando a execução, não conseguir inverter a posse do dinheiro, valor ou 
bem por circunstâncias alheias à sua vontade. 
1.3 Peculato culposo (§ 2º e § 3º) 
1.3.1 Conduta 
O funcionário, culposamente (por imprudência, negligência ou imperícia), concorre para o crime de outrem. 
1.3.2 Sujeito ativo 
Ver item 1.1.2. 
1.3.3 Sujeito passivo 
Ver item 1.1.3 
1.3.4 Consumação e tentativa 
O crime se consuma com o resultado danoso, ou seja, com a prática do crime de apropriação, subtração ou desvio 
perpetrado por terceiro. Há necessidade então de dano ao erário. Não admite a tentativa, já que trata-se de crime 
culposo. 
 
No parágrafo 3º está inserta uma benesse legal que só ao peculato culposo se aplica. Alerta-se, desde já, que são poucas 
as provas objetivas de Direito Penal que não tratam do assunto mencionado no referido dispositivo. 
No peculato culposo, e só nele, a reparação do dano causado, ou a restituição da coisa, poderá levar à extinção da 
punibilidade ou à redução da pena pela metade. Assim, no peculato culposo, determinado evento (reparação do dano 
ou restituição da coisa) poderá levar à extinção da punibilidade ou à redução da pena pela metade. 
Se o evento (reparação do dano ou restituição da coisa) ocorre até a sentença penal irrecorrível há a extinção da 
punibilidade. Se, no entanto, lhe é posterior, há a redução da pena pela metade. 
 
1.4 Peculato Mediante Erro de Outrem (art. 313) 
1.4.1 Conduta 
Apropriar-se (vide conduta no peculato – artigo 312 do CP) de dinheiro ou utilidade que recebeu por erro de outra 
pessoa. 
 
1.4.2 Sujeito ativo 
Crime próprio. Funcionário público. Ver item 1.1.2 
 
 
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1.4.3 Sujeito passivo 
Imediato: o Estado; mediato: o prejudicado. Ver item 1.1.3. 
 
1.4.4 Elemento subjetivo 
Dolo. Aqui, não há a figura do peculato culposo. Além da vontade de se apropriar, o funcionário deve saber que recebeu 
o objeto mediante erro. Atenção: Não pode o funcionário provocar o erro. Caso provoque, responderá por estelionato 
(artigo 171 do CP). 
 
1.4.5 Consumação 
O crime se consuma não no momento em que o funcionário recebe a coisa, mas no momento em que, tendo sua posse, 
dela se apropria. A tentativa é possível. Exemplo: José, funcionário público, recebeu, por equívoco da Administração 
Pública, como vencimento o dobro da quantia que lhe cabia. Notificado a devolver, não o fez. Doutrinariamente este 
crime é conhecido como peculato-estelionato, uma vez que o estelionato contempla conduta de manter a vítima em 
erro para obter vantagem. 
 
1.5 Inserção de dados falsos em sistema de informações (peculato eletrônico) 
1.5.1 Conduta 
Inserir (lançar, colocar) ou facilitar a inserção (permitir de qualquer modo a inserção) de dados falsos; ou alterar 
(modificar) ou excluir (retirar), indevidamente, dados corretos. O agente deve visar a obtenção de vantagem indevida 
para si/outrem ou causar dano. Se a conduta não tem essa finalidade, não se configura o crime. 
 
1.5.2 Sujeito ativo 
Funcionário público. Mas, não qualquer funcionário público. Aqui, para que o crime exista, o funcionário deve estar 
autorizado a fazer as modificações necessárias no banco de dados. No mais, ver item 1.1.2. 
 
1.5.3 Sujeito passivo 
Imediato: O Estado; mediato: o prejudicado. Ver item 1.1.3. 
 
1.5.4 Elemento subjetivo 
É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de praticar as condutas do item 1.5.1. O crime, todavia, além 
da vontade de praticar as condutas descritas no tipo, exige, para sua existência, uma vontade especial, um fim especial, 
que é o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. 
 
1.5.5 Consumação 
O crime se consuma com a prática das condutas (inserir, facilitar a inserção, excluir ou alterar), independentemente de 
se alcançar o fim objetivado (obter vantagem indevida ou causar dano). Portanto, o crime é formal. Em tese, a tentativa 
é possível, bastando, para tanto, quea conduta seja fracionável no tempo. 
 
1.6 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (peculato eletrônico) 
1.6.1 Conduta 
Modificar (alteração substancial, radical) ou alterar (mudança que não chega a desnaturar substancialmente o sistema 
ou o programa) sistema de informação (conjunto de informação organizado e que dá à Administração operatividade) 
ou programa de informática, sem autorização ou solicitação de autoridade competente. Observe, então, que, se 
houver autorização ou solicitação da autoridade competente, a conduta é atípica, pois não se ajusta ao tipo penal. 
 
1.6.2 Sujeito ativo 
Funcionário público que não tem autorização ou solicitação de autoridade competente. Ver item 1.1.2. 
 
1.6.3 Sujeito passivo 
O Estado e a Administração Pública. Ver item 1.1.3. 
 
1.6.5 Elemento subjetivo 
Aqui, não há necessidade de qualquer objetivo especial. Assim, basta o dolo dirigido à consecução das condutas 
previstas no tipo penal. Portanto, até mesmo a alteração ou modificação por pessoa não autorizada com o fim de dar 
mais agilidade ao sistema configurará o crime. A conduta culposa não configura o crime. 
 
1.6.6 Consumação 
O crime se consuma com as condutas (modificar ou alterar), independentemente de qualquer resultado danoso. Assim, 
o crime é de mera conduta. Admite, em tese, a tentativa, desde que fracionável a conduta. 
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1.6.7 Forma qualificada 
O parágrafo único prevê o aumento de pena de 1/3 até a metade se das condutas decorre dano para a Administração 
Pública ou para o administrado. 
 
5. Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou Documento 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
Art. 314 – Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-
lo, total ou parcialmente: 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
5.1 Condutas 
Extraviar (dar destino equivocado), sonegar (não restituir quando solicitado) e inutilizar (tornar imprestável para o fim 
ao qual servia). A inutilização pode ser parcial ou total. 
 
5.2 Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público – art. 
327 CP. Apesar de próprio, o crime comporta concurso de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde 
que o particular não seja o autor da conduta. Deve apenas a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do 
particular que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE 
(fundações, Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
 
5.3 Sujeito passivo 
A Administração Pública diretamente e, eventualmente, o particular prejudicado, cujo documento foi confiado à 
administração. 
 
5.4 Objeto material 
Livro oficial (são livros afetos à Administração Pública) ou qualquer documento. Observe que, depois de uma hipótese 
casuística, o legislador usa de expressão absolutamente ampla: “QUALQUER DOCUMENTO”. Assim, também os livros 
particulares são considerados objeto material, já que são documentos. É necessário, todavia, que estejam na guarda do 
sujeito ativo em razão do cargo. 
 
5.5 Elemento subjetivo 
Dolo – a vontade livre e consciente de extraviar, sonegar e inutilizar. Não há crime se a conduta for culposa, 
oportunidade em que o funcionário público poderá ser administrativamente responsabilizado. 
 
5.6 Consumação 
O crime se consuma no momento em que é praticado o extravio, a sonegação ou inutilização. Em tese é possível a 
tentativa. 
 
5.7 Crime subsidiário 
O legislador, no preceito secundário (em que está prevista a pena) afirma que será ela aplicada se o fato não constituir 
crime mais grave. Assim, quando a inutilização, sonegação ou extravio for meio para crime mais grave, como o 
estelionato, por exemplo, o agente não responderá pelo crime do artigo 314 do CP, mas sim pelo mais grave. 
 
5.8 Norma penal em branco 
Depende de complemento para sua compreensão, ou seja, depende de conhecer os conceitos de livro oficial e 
documento, além do conceito de funcionário público. É conhecido como tipo penal anormal, em que há elementos 
dependentes de juízo de valor para sua compreensão. 
 
6. Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas 
 
Art. 315 – Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: 
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
6.1 Condutas 
Dar aplicação diversa da estabelecida em lei. Aqui, o agente emprega na própria Administração Pública, de forma 
irregular, verbas ou rendas. 
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6.2 Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público que 
tem competência para dispor de verbas e rendas públicas. – art. 327 CP. Apesar de próprio, o crime comporta concurso 
de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde que o particular não seja o autor da conduta. Deve apenas 
a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do particular que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE 
(fundações, Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
6.3 Sujeito passivo 
A Administração Pública. 
6.4 Elemento subjetivo 
Dolo. Não admite modalidade culposa. 
6.5 Objeto material 
Verbas (numerário predeterminado para pagamento de despesas) ou rendas (numerário auferido, arrecadado, pelo 
Estado) públicas. 
6.6 Consumação 
Consuma-se com o emprego efetivo de forma irregular. Admite a tentativa. 
 
7. Concussão 
Concussão 
Art. 316 – Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas 
em razão dela, vantagem indevida: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Excesso de exação 
§ 1º – Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, 
emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 
27.12.1990) 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
§ 2º – Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres 
públicos: 
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
7.1 Concussão (art. 316, caput)– conduta 
Exigir (impor, cobrar de forma impositiva) vantagem indevida. A pena teve recente alteração, promovida pela lei que 
instituiu o pacote anticrime (Lei nº 13.964/19). Passou a ser de 2-12 anos e multa. 
 
7.1.1 Momento da conduta 
No exercício da função; 
Fora dela (em férias, afastado, em licença); ou 
Até mesmo antes de assumi-la (nomeado, mas ainda não tomada posse, ou tendo tomado posse, ainda não iniciou o 
exercício). 
 
7.1.2 Modo da conduta 
Diretamente ou indiretamente (por meio de interposta pessoa). 
 
7.1.3 Motivo da conduta 
Em razão da função pública. Sempre em razão da função. Caso contrário, não há o crime. Poderá haver, então, a 
extorsão o constrangimento ilegal, mas não a concussão. 
 
7.2 Sujeitoativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público. – art. 
327 CP. Apesar de próprio, o crime comporta concurso de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde 
que o particular não seja o autor da conduta. Deve apenas a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do 
particular que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE 
(fundações, Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
 
 
 
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7 
 
 
7.3 Elemento subjetivo 
Dolo. Não há o crime na modalidade culposa. No entanto, a lei não exige outro elemento subjetivo, como, por exemplo, 
uma finalidade especial. 
 
Assim, para que o crime exista não é necessário que o agente exija a vantagem indevida para trabalhar bem ou mal. 
Basta que exija em razão de ser funcionário público. Portanto, no crime de concussão não há finalidade como elemento 
do tipo. 
 
7.4 Objeto material 
Vantagem indevida. É necessário que seja indevida. Caso seja devida, poderá haver constrangimento ilegal ou extorsão 
ou exercício arbitrário das próprias razões, mas jamais concussão. 
 
7.5 Consumação e tentativa 
Consuma-se com a exigência. Não é necessária a obtenção da vantagem exigida. Assim, o crime é de consumação 
antecipada, consumando-se com a conduta EXIGIR. A obtenção da vantagem é o pos factum impunível ou exaurimento 
do crime. O crime é classificado, então, como formal. 
A tentativa é admissível. 
Exemplo: O agente da polícia federal, nomeado para o cargo, dirige-se ao narcotraficante, seu conhecido, e exige 
vantagem indevida para não importuná-lo. 
 
7.6 Excesso de exação (art. 316, §§1º e 2º)
7.6.1 Condutas 
Observação: A exação, que é a cobrança pontual e regular de tributo ou contribuição social, não é crime, pois é atividade 
típica do Estado para auferir recursos para sua subsistência. O crime é o EXCESSO de exação: exigir (cobrar, demandar, 
reclamar com imperatividade) tributo ou contribuição social que sabe ou devia saber indevido; ou, sendo devido o 
tributo ou contribuição social, emprega (se utiliza), na cobrança, meio vexatório (humilhante) ou gravoso (que causa 
maior prejuízo ao contribuinte) não admitido em lei. 
 
É necessário para exista o crime que, em primeiro lugar, haja a cobrança de tributo ou contribuição social indevida 
(indevida, porque a cobrança é inoportuna ou porque o valor da cobrança excede o valor devido) e, em segundo lugar, 
que, apesar de devida, o meio empregado é contra a lei, além de vexatório ou gravoso. Aqui, na segunda modalidade, 
temos: meio não admitido em lei + gravoso = excesso de exação; ou meio não admitido em lei + vexatório = excesso 
de exação. 
 
7.6.2 Sujeito ativo 
Ver item 7.2. 
 
7.6.3 Sujeito passivo 
O Estado imediatamente, além do prejudicado. 
 
7.6.4 Objeto material 
Tributo ou contribuição social. 
 
7.6.5 Elemento subjetivo 
Dolo direto (sabe indevido) ou indireto (devia saber indevido). Não há o crime na modalidade culposa. No caso da 
exigência do indevido, o agente deve saber que é indevido ou não sabendo, a lei presume que deveria sabê-lo. Na 
segunda modalidade, o agente deve saber que está agindo (empregando meio vexatório ou gravoso) de forma não 
admitida em lei. Para a existência do crime não é necessário um fim especial. 
 
7.6.6 Consumação 
O crime se consuma com a exigência ou com o emprego do meio vexatório ou gravoso não admitido em lei. No primeiro 
caso (exigir o indevido), o crime é formal, pois independe da obtenção do indevido. Basta a exigência. Na segunda 
hipótese (emprega meio vexatório ou gravoso), por sua vez, o crime é de mera conduta. Será admitida a tentativa, caso 
fracionável a conduta. 
 
Para a existência do crime é indiferente que o agente tenha recebido o indevido e o tenha recolhido aos cofres públicos. 
A conduta reprovável não é receber o indevido. Reprovável é exigir o indevido. 
 
 
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7.6.7 Figura qualificada 
O parágrafo 2º prevê a hipótese de excesso de exação qualificado. A circunstância de o funcionário desviar em proveito 
próprio ou de outrem que recebeu indevidamente, leva à aplicação de pena maior. 
 
8. Corrupção passiva 
 
Corrupção passiva 
Art. 317 – Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de 
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 
§ 1º – A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa 
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
§ 2º – Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a 
pedido ou influência de outrem: 
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
8.1 Condutas 
Solicitar (pedir) ou receber (obter) ou aceitar promessa (pode ser tácita a aceitação: prática de ato que indique a 
aceitação). Como é crime que pode ser praticado por meio de várias condutas, diz-se na doutrina ser de conteúdo 
variado. 
 
8.1.1 Momento da conduta 
No exercício da função; 
Fora dela (em férias, afastado, em licença); ou 
Até mesmo antes de assumi-la (nomeado, mas ainda não tomada posse, ou tendo tomado posse, ainda não iniciou o 
exercício). 
 
8.1.2 Modo da conduta 
Diretamente ou indiretamente (por meio de interposta pessoa). 
 
8.1.3 Motivo da conduta 
Em razão da função pública. Sempre em razão da função. Caso contrário, não há o crime. Poderá haver, então, a 
extorsão o constrangimento ilegal, mas não a concussão. 
 
8.2 Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público – art. 
327 CP. Apesar de próprio, o crime comporta concurso de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde 
que o particular não seja o autor da conduta. Deve apenas a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do 
particular que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE 
(fundações, Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
 
8.3 Sujeito passivo 
O Estado de forma imediata e o prejudicado, mediatamente. 
 
8.4 Objeto material 
Vantagem indevida. É necessário que seja indevida. Caso devida, não há corrupção passiva. 
 
8.5 Elemento subjetivo 
Dolo. Não admite a modalidade culposa. No entanto, não se exige uma finalidade especial, como, por exemplo: para 
trabalhar mal ou bem. Basta que solicite em razão de ser funcionário público. 
 
8.6 Consumação e tentativa 
Na modalidade solicitar, o crime é formal, e, com isso, consuma-se com a ação (solicitação), independentemente do 
resultado (obtenção da vantagem indevida). Na modalidade receber, o crime se aperfeiçoa com a efetiva obtenção da 
vantagem. Portanto, o crime é material. Na modalidade aceitar promessa de tal vantagem, o crime é formal, pois não 
necessita ser recebida a vantagem. Basta que o agente exteriorize a aceitação. Assim, o crime se consuma com a simples 
aceitação da promessa de tal vantagem,independentemente de sua obtenção. 
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Em que pese alguns autores não admitirem a tentativa, não a vemos como absolutamente impossível. Assim, 
comungamos do entendimento da maioria, segundo a qual a tentativa é possível, bastando, para tanto, que a conduta 
seja fracionável (crime plurissubsistente). 
 
8.7 Causa de aumento de pena 
O parágrafo 1º prevê uma causa especial de aumento de pena no crime de corrupção passiva. De acordo com tal 
dispositivo, se o agente trabalha mal, ou seja, se o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou 
o pratica infringindo dever funcional, em razão da vantagem indevida, sua pena será aumentada em 1/3. 
 
8.8 Corrupção passiva privilegiada (§2º)
De acordo com o parágrafo 2º, a pena será menor, mas não deixa de ser corrupção passiva se o agente pratica, deixa de 
praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem. 
Observa-se que aqui as condutas são PRATICAR, DEIXAR DE PRATICAR ou RETARDAR ATO DE OFÍCIO. As condutas não são de 
solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida. Aqui, não se fala em vantagem indevida. Cede ele a pedido ou 
influência de outrem. 
É o que ocorre quando o funcionário, atendendo a pedido de conhecido, pratica ato infringindo dever funcional. Há corrupção 
passiva. 
 
9. Prevaricação 
 
Prevaricação 
Art. 319 – Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para 
satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
[prevaricação imprópria] 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho 
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela 
Lei nº 11.466, de 2007). 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
9.1 Conduta (319, caput) 
O tipo penal contempla três condutas. São elas: 
a) Retardar (não praticar no momento oportuno) indevidamente ato de ofício; 
b) Deixar de praticar (omitir), indevidamente, ato de ofício; 
c) Praticá-lo contra disposição expressa em lei, havendo a prática do ato, a despeito de expressa determinação legal em 
sentido contrário. Aqui, a conduta é comissiva. 
 
9.2 Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público – art. 327 
CP. Apesar de próprio, o crime comporta concurso de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde que o 
particular não seja o autor da conduta. Deve apenas a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do particular 
que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE (fundações, 
Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
9.3 Sujeito passivo 
O Estado. 
9.4 Elemento subjetivo 
Dolo, o que corresponde à vontade livre e consciente do agente em praticar o crime, no caso, de prevaricar. 
Todavia, não basta a vontade de retardar, deixar de praticar ou praticar infringindo expressa disposição legal. É necessário 
que o agente aja com uma finalidade específica (dolo específico ou elemento subjetivo do injusto), consistente no intuito de 
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 
 
9.5 Interesse pessoal 
Qualquer interesse, até mesmo qualquer vantagem, devida ou indevida. É necessário que o interesse seja íntimo e não tenha 
se exteriorizado por meio de: solicitação, exigência, pedido, oferta de outrem. 
Assim, se o funcionário tem interesse de, com a omissão do ato de ofício, auferir vantagem indevida que houvera solicitado, 
que lhe fora prometida, há crime de corrupção passiva e não prevaricação. 
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Caso, todavia, pretenda vantagem (interesse pessoal) que acredita futuramente lhe será oferecida, prometida, há 
prevaricação. Notamos, então, que a prevaricação é a autocorrupção. 
 
9.6 Sentimento pessoal 
É qualquer sentimento pessoal (por exemplo: raiva, dó, tolerância entre outros). 
 
9.7 Consumação 
Com o efetivo retardo, a omissão ou a prática do ato de ofício, admitindo-se a tentativa na forma comissiva 
 
9.8 Prevaricação Imprópria (art. 319-A) 
 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a 
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo : 
(Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). 
Pena – detenção, de três meses a um ano. 
 
9.8.1 Condutas 
Deixar de cumprir o dever de vedar (conduta omissiva) o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar. 
 
9.8.2 Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público – art. 327 
CP, mais especificamente o diretor de penitenciária ou agente público responsável pela vedação ao acesso dos aparelhos 
citados. Apesar de próprio, o crime comporta concurso de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde que o 
particular não seja o autor da conduta. Deve apenas a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do particular 
que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE (fundações, 
Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
9.8.3 Sujeito passivo 
O Estado. 
 
9.8.4 Objeto jurídico 
A Administração Pública. 
 
9.8.5 Objeto material 
O dever funcional de vedar. Não se pode dizer que o objeto material seja aparelho telefônico, rádio ou outro similar. 
 
9.8.6 Elemento subjetivo 
Dolo, consistente na vontade de deixar de cumprir o dever funcional. Não se pune a modalidade culposa, podendo haver 
consequências apenas nas demais esferas, como, por exemplo, a administrativa. 
 
10. Condescendência criminosa 
 
Art. 320 – Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do 
cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: 
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
10.1 Condutas 
São duas as condutas previstas no tipo. Ambas omissivas. Portanto, o crime é omissivo próprio. Com isso, não admite 
tentativa. São elas as condutas típicas: 
 
a) Deixar de responsabilizar o subordinado que cometeu infração no exercício do cargo; e 
b) Não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, quando, para responsabilização, lhe falte competência. 
 
10.2 Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público – art. 327 
CP, mais especificamente o que se encontra na condição de superior hierárquico. Apesar de próprio, o crime comporta 
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concurso de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde queo particular não seja o autor da conduta. Deve 
apenas a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do particular que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE (fundações, 
Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
 
10.3 Sujeito passivo 
Somente o Estado, não havendo a possibilidade de ser atingido por terceira pessoa. 
 
10.4 Objeto jurídico 
O bom andamento da Administração Pública. 
 
10.5 Elemento subjetivo 
Dolo, o que corresponde à vontade livre e consciente de omitir, de deixar de fazer. Todavia, a lei exige um elemento subjetivo 
especial: a indulgência, uma espécie de sentimento pessoal. Ela, indulgência, significa tolerância, benevolência, 
complacência. Portanto, não basta a vontade deixar de fazer. É necessário, além disso, que o agente atue com indulgência. 
 
10.6 Consumação 
Com a omissão, apenas, sendo inadmissível a tentativa. Portanto, como vimos, o crime é omissivo próprio. 
 
11. Advocacia Administrativa 
 
321 – Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de 
funcionário: 
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa. 
Figura qualificada 
Parágrafo único – Se o interesse é ilegítimo: 
Pena – detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
 
11.1 Condutas 
Patrocinar (advogar, defender, tutelar) interesse privado, próprio ou de outrem, perante A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 
valendo-se da condição de funcionário público. O patrocínio deve ser praticado valendo-se o sujeito de sua condição de 
servidor público. 
 
11.2 Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público – art. 327 
CP. Apesar de próprio, o crime comporta concurso de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde que o 
particular não seja o autor da conduta. Deve apenas a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do particular 
que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE (fundações, 
Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
 
11.3 Sujeito passivo 
Somente o Estado, não havendo a possibilidade de ser atingido por terceira pessoa. 
 
11.4 Objeto jurídico 
O bom andamento da Administração Pública. 
 
11.5 Elemento subjetivo 
Dolo, o que corresponde à vontade livre e consciente de patrocinar, tutelar, defender o interesse privada, sabendo-se que o 
faz prevalecendo de sua condição de funcionário público. 
 
11.6 Consumação 
Com a prática do ato que demonstre apadrinhamento, patrocínio, sendo irrelevante o resultado. Não é necessário que o 
interesse seja realmente reconhecido com certo pela Administração. Portanto, mesmo o patrocínio malsucedido leva ao 
crime. Mesmo que legítimo o interesse patrocinado, há o crime. 
 
 
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11.7 Forma qualificada 
Caso, ilegítimo ou ilegal o interesse tutelado pelo funcionário, a sua pena será aumentada. No entanto, para que ocorra o 
aumento, necessário que o agente conheça a ilegitimidade do interesse por ele tutelado. 
 
12. Abandono de função 
 
Art. 323 – Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
Figuras qualificadas: 
§ 1º – Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 2º – Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena – detenção, de um a três anos, e multa. 
 
12.1 Conduta 
Abandonar (deixar) cargo público, fora dos casos admitidos em lei. Prado, trazendo à colação os ensinamentos de Hungria, 
assinala que: “Pressuposto do delito é que, com o abandono, o cargo fique acéfalo, ou seja, sem nenhum agente que dê 
prosseguimento à atividade funcional abandonada, de forma que, estando presente o substituto do agente, não se configura 
o presente crime”. 
 
12.2 Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. O autor (aquele que executa a conduta descrita no tipo) deve ser funcionário público – art. 327 
CP. Apesar de próprio, o crime comporta concurso de agentes com particular, de acordo com o art. 30, CP, desde que o 
particular não seja o autor da conduta. Deve apenas a qualidade de funcionário do autor ser de conhecimento do particular 
que participa. 
Se o funcionário ocupa cargo em comissão, ou função de direção ou assessoramento da Adm Direta ou de FSE (fundações, 
Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas) terá aumento de um terço (1/3) da pena imposta. 
 
12.3 Sujeito passivo 
O Estado. 
12.4 Objeto jurídico 
O bom desenvolvimento da máquina pública. 
 
12.5 Objeto material 
Cargo público. É de se ressaltar que, se o funcionário público, fora dos casos admitidos em lei, abandona função pública e 
não cargo público, não há o crime. Assim, em que pese o crime ser chamado de “ABANDONO DE FUNÇÃO” não ocorre com 
o abandono da função, mas sim do cargo público. 
 
12.6 Elemento subjetivo 
Dolo, o que corresponde à vontade livre e consciente de abandonar o cargo, fora dos casos permitidos em lei. 
 
12.7 Consumação 
O crime se aperfeiçoa com o deixar por tempo relevante o cargo público. Não há que se confundir com a infração funcional 
de abandono de cargo prevista nos estatutos funcionais. Portanto, para a existência do crime não é necessário que fique 
concretizada a infração funcional. O crime é de mera conduta, não sendo necessário qualquer resultado naturalístico. 
 
12.8 Qualificadora pelo prejuízo 
Se do fato resulta prejuízo, que pode ser considerado como prejuízo social ou coletivo e o prejuízo que afeta os serviços 
públicos ou interesse da coletividade. 
 
12.9 Qualificadora pelo lugar da fronteira 
Se o fato é cometido em lugar compreendido na faixa de fronteira, a pena será aumentada tendo em conta a maior exposição 
da segurança nacional. Faixa de fronteira é aquela que se estende ao longo da fronteira e que, partindo do extremo, ingressa 
no interior de nosso Estado por 150 km. 
 
 
 
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13. Violação de sigilo funcional 
 
Art. 325 – Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a 
revelação: 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. 
§ 1° Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso 
de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração 
Pública; 
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
§ 2° Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
13.1 Conduta 
Revelar (propalar, quebrar o sigilo) ou facilitar a revelação (praticar ato que torne facilitada a revelação). 
 
13.2 Sujeito ativo 
Funcionário Público que teve ciência do fato em razão do cargo. 
 
13.3 Sujeito passivo 
O Estado e o interessado lesado com a revelação. 
 
13.4 Objeto jurídico 
O bom andamento da máquina administrativa. 
 
13.5 Objeto material 
Fato sigiloso de cujo conhecimento teve o funcionário em razão do cargo. Portanto, para que o crime ocorra, é necessário 
que o fato reveladoseja daqueles que se imponha segredo e que tenha chegado ao conhecimento do funcionário em razão 
do cargo. 
 
13.6 Elemento subjetivo 
Dolo consistente em revelar ou facilitar a revelação. 
 
13.7 Consumação 
O crime é de mera conduta. A consumação se dá com a revelação ou com a facilitação da revelação. 
No caso do §1º, comete o crime aquele que possui a senha ou outro meio de acesso a sistema de informação ou bando de 
dados da Administração Pública, que, por exigirem senha ou outro meio para se acessar, são sigilosos, e, com isso, fornece-
a ou a empresta à pessoa não autorizada. 
 
Portanto o crime é praticado por quem tem o acesso por intermédio de senha ou outro meio 
(chaves de armários, por exemplo). 
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
Já no inciso II, o crime é cometido por aquele que, não sendo autorizado, vale-se do acesso restrito de forma indevida. Ele 
toma conhecimento dos assuntos sigilosos e com isso se vale do acesso de forma indevida. 
 
13.8 Figura Qualificada 
De acordo com o parágrafo 2º, a pena passará a ser de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa se o agente, com o seu 
agir, causa dano à Administração ou a outrem, o administrado, por exemplo, que teve informações suas reveladas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Crimes contra a administração pública praticados por particular 
 
Aqui veremos os crimes comuns – que podem ser praticados por qualquer pessoa, particular ou funcionário despido da 
qualidade funcional – contra a administração em geral. 
 
1. Usurpação de função pública 
 
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
 
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
 
1.1 Sujeitos 
Trata-se de crime comum. O autor é, então, qualquer pessoa (o particular) que desempenha, indevidamente, a função 
pública – podendo contar com auxílio de terceiros. 
Pode inclusive figurar como sujeito ativo o funcionário público em função estranha da qual está encarregado. * 
* Cuidado! 
Se o agente entra na função sem que estejam satisfeitos os requisitos legais, ou continua a exercê-la 
sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso, 
o crime será de exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado (art. 324, CP). 
 
Se, por outro lado, o agente titular do cargo realiza ato de ofício após suspensão por decisão judicial, 
incorrerá nas penas de Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito (art. 
359, CP). 
 
O sujeito passivo será o Estado-administrador (União, Estados, Municípios e DF). Pode figurar como vítima secundária a 
pessoa cujo cargo foi usurpado ou que de outra forma foi lesada com a conduta do agente. 
 
1.2 Conduta 
A conduta punida pelo tipo penal é a de usurpar – assumir, desempenhar ou exercer indevidamente – atividade pública 
(podendo esta ser de natureza civil ou militar, gratuita ou remunerada, permanente ou transitória), praticando atos 
referentes ao ofício inadequadamente ocupado. 
 
Apenas intitular-se funcionário público sem o ser pode enquadrar-se na contravenção penal do art. 45 da LCP (Fingir-se 
funcionário público) ou em estelionato (art. 171, CP), a depender da finalidade do agente. 
 
E o detetive profissional/particular? 
A Lei 13.432/2017, que dispõe sobre o exercício da profissão de detetive particular, esclareceu: 
 
Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se detetive particular o profissional que, habitualmente, 
por conta própria ou na forma de sociedade civil ou empresarial, planeje e execute coleta de 
dados e informações de natureza não criminal, com conhecimento técnico e utilizando recursos 
e meios tecnológicos permitidos, visando ao esclarecimento de assuntos de interesse privado do 
contratante. 
 
Estando fora da regulamentação, portanto, a atuação criminal do detetive constitui usurpação de função pública. 
Há uma exceção no art. 5º da mesma lei, que dispõe ser possível a atuação do detetive particular em colaboração a 
investigação policial em curso, desde que expressamente autorizado pelo delegado de polícia – que poderá rejeitá-lo a 
qualquer tempo. É, contudo, proibido que este participe diretamente das diligências policiais. 
 
Resumindo, corresponde à conduta de usurpação de função pública (art. 328, CP) se o detetive particular: 
 Exerce atividade de investigação criminal fora dos casos de colaboração; 
 O faz sem contrato; 
 Se continua agindo após rejeitado pela autoridade policial. 
 
UFC 
PROFa. Sarah Suzye 
 
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1.3 Elemento subjetivo 
É o dolo, o que corresponde à vontade livre e consciente do agente em praticar o crime, no caso, de usurpar função pública. 
O desempenho da função deverá ser sempre ilegítimo. 
Não há necessidade de que o agente tenha especial fim de agir, mas se houver auferimento de vantagem, para si ou para 
terceiro, o crime será qualificado (pena de reclusão, de dois a cinco anos, e multa). 
 
1.4 Consumação e tentativa 
Consuma-se o delito a partir da efetiva prática de, ao menos, um ato inerente ao ofício que o agente indevidamente exerce. 
Não é necessária a prática de múltiplos atos ou de efetivo dano para a administração. 
 
A tentativa é possível, por exemplo, se o agente é impedido de realizar ato de ofício por circunstâncias alheias à sua vontade. 
 
1.5 Ação penal 
A ação penal será pública incondicionada. 
 
2. Resistência 
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a 
quem lhe esteja prestando auxílio: 
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. 
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. 
 
2.1 Sujeitos do crime 
Trata-se de crime comum. O autor é, então, qualquer pessoa (o particular), ainda que alheio ao ato legal (ex: amigo de 
infância da pessoa presa que tenta impedir o ato mediante violência). 
 
O sujeito passivo será o Estado-administrador (União, Estados, Municípios e DF). Pode figurar como vítima secundária o 
funcionário agredido ou ameaçado, bem como o terceiro que lhe presta auxílio, mesmo que espontâneo. 
 
2.2 Conduta 
A conduta punida pelo tipo penal é a se opor – contrariar, impedir – à execução de ato legal com meios violentos ou 
dotados de ameaça, não necessariamente grave, dirigidos ao funcionário ou a quem o auxilia. 
Se empregados contra coisa (ex: chute na viatura), o crime será de dano (art. 163, CP). 
Se a oposição se dá mediante violência, há que se verificar uma conduta ativa. Dessa forma, não se 
consideram resistência a fuga, a recusa em fornecer nome, a abrir portas, os xingamentos... estes 
casos podem amoldar-se, no entanto, aos crimes de desobediência (art. 330) ou desacato (art. 331, 
CP). 
 
O ato resistido deve ser legal, material e formalmente, mesmo que “injusto”. 
 
2.3 Elemento subjetivo 
É o dolo, que consiste na vontade livre e consciente de fazer oposição ao ato legal mediante violência ou ameaça. É 
indispensável que o agente saiba da ilicitude da qual está imbuída sua conduta. 
 
2.4 Consumação e tentativa 
A consumação estará no momento da prática do ato violento ou ameaçador, ainda que a oposição em si não impeça a 
realizaçãodo ato legal. 
Se, porventura, o ato não se realiza, estaremos diante da resistência qualificada (§1º), com pena de reclusão, de um a três 
anos. 
 
O STJ já afastou a consunção entre o desacato e a resistência, embora não tenha negado que é possível, a depender do 
caso concreto. 
 
 
 
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PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. RESISTÊNCIA E 
DESACATO. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. ABSORÇÃO DO CRIME DE DESACATO PELO DE 
RESISTÊNCIA. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPROPRIEDADE DA VIA 
ELEITA. WRIT NÃO CONHECIDO. 
1. (...) 
2. Admite-se a incidência do princípio da consunção se o agente, em um mesmo contexto 
fático, além de resistir ativamente à execução de ato legal, venha a proferir ofensas verbais 
contra policial na tentativa de evitar a sua prisão. No caso, porém, infere-se que o réu, após 
abordagem policial, desceu do seu veículo proferindo impropérios contra o funcionário público. 
Na sequência, após ter se recusado a apresentar o documento do automóvel, o ora paciente 
ofereceu propina para ser liberado. Diante disso, o policial deu-lhe voz de prisão, contra a qual 
o réu ofereceu resistência, tendo sido necessário o uso de algemas para o cumprimento do 
decreto prisional. Nesse passo, descabe falar em absorção do delito de desacato pelo de 
resistência, pois não resta demonstrada a unidade de desígnios, bem como que o réu tão 
somente buscou se esquivar da prisão. 3. De mais a mais, para infirmar as conclusões das 
instâncias ordinárias, que afastaram a aplicação do princípio da consunção, seria necessário 
revolver o contexto fático-probatório dos autos, providência que não se coaduna com a via 
estrita do writ. 4. Writ não conhecido. 
O §2º dispõe serem aplicáveis as penas correspondentes à violência (lesões corporais/homicídio) – trata-se de concurso 
formal impróprio de crimes. Em uma conduta, o agente resiste e emprega a violência, gerando a lesão ou causando a 
morte, a depender do caso. 
 
2.5 Ação penal 
A ação penal é pública incondicionada 
 
3. Desobediência (art. 330, CP) 
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
 
3.1 Sujeitos 
É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa – inclusive por funcionário público, desde que as ordens não 
sejam referentes às suas funções (pode, aqui, haver prevaricação). 
O sujeito passivo é o Estado, e, secundariamente, o funcionário autor da ordem desobedecida. 
 
3.2 Conduta 
Pune-se a desobediência (descumprimento ou não atendimento) de ordem legal de funcionário público. 
Para que exista o crime, deve-se observar a presença dos seguintes requisitos: 
 A emissão de uma ordem (escrita, falada ou gestual) direta ao agente; 
 A individualização dessa ordem; 
 O dever de que o destinatário a atenda; 
 A ausência de sanção especial para seu descumprimento. 
 
Decidiu o STJ (HC 310.901/SC) que não se caracteriza desobediência o não atendimento de requisição judicial do Defensor 
Público Geral para nomear defensor público para atuação em ação penal. A imputação viola a autonomia da DP, que tem 
atribuição exclusiva para que defina os critérios de atuação dos defensores públicos. 
 
3.3 Elemento subjetivo 
É o dolo, que compõe-se da vontade livre e consciente de desobedecer a ordem legal, ciente de que é obrigatório o 
atendimento desta. 
 
3.4 Consumação e tentativa 
A consumação ocorre a partir do desatendimento da ordem. Se a desobediência é praticada na forma omissiva, consuma-
se o crime com o fim do prazo. 
A tentativa é possível na forma comissiva (por ação) do delito. 
 
3.5 Ação penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
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4. Desacato (art. 331, CP) 
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 
4.1 Sujeitos 
É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa – inclusive por funcionário público, desde que as ordens não 
sejam referentes às suas funções (pode, aqui, haver prevaricação). 
O sujeito passivo é o Estado, e, secundariamente, o funcionário ofendido no exercício da função. 
 
O art. 7º, §2º do Estatuto da OAB previa a imunidade do advogado, no exercício da sua função, em relação aos crimes de 
injúria, difamação e desacato. 
Este dispositivo foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 1127/DF, julgado 17/05/2006 e Rcl 20.063 AgR/SP, 
julgado em 23/06/2015), tendo o STF reconhecido a inconstitucionalidade por entender que, em relação ao desacato, o 
estatuto teria extrapolado a Constituição Federal. 
 
4.2 Conduta 
Desacatar é, em síntese, menosprezar, humilhar, achincalhar, desprestigiar o servidor, seja por meio de gestos, palavras ou 
escritos. 
Pode o crime ser praticado por ação (ex.: xingamento) ou omissão (ex.: não responder a cumprimento). 
Meras críticas ou censuras à atuação não configuram desacato, assim como as indelicadezas ou petulâncias, como a não 
aceitação de convite. 
 
A Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal (item 85) esclarece: “O desacato se verifica não só quando o 
funcionário se acha no exercício da função (seja, ou não, o ultraje infligido propter officium), senão também quando se acha 
extra officium, desde que a ofensa seja propter officium”. 
Desta forma, estará configurado o crime ainda que o funcionário público não esteja no regular exercício de sua função, mas 
seja ofendido em razão dela (nexo funcional). 
Leciona Sanches (2020): 
“É pressuposto do crime que a ofensa seja praticada na presença do servidor vítima, isto é, que 
o ofendido esteja no local do ultraje, vendo, ouvindo ou de qualquer outro modo tomando 
conhecimento direto do que foi dito. Assim, deixa de haver desacato (mas apenas delito contra 
a honra), no insulto por telefone (RI'377/238); pela imprensa (RT429/352); por escrito, em 
razões de recurso (RI 534/324) etc.” 
O STF (HC 141.949/DF) acompanhou o STJ quando da discussão se o crime de desacato não contrariaria os princípios de 
liberdade de expressão, em exercício abusivo do poder punitivo estatal. 
Decidiram ambos que continua típica a conduta, já que “a ninguém é lícito usar sua liberdade de expressão para ofender a 
honra alheia”. Desta feita, permanece intocada a tipificação penal. 
 
4.3 Elemento subjetivo 
É o dolo, que consiste na vontade deliberada de achincalhar o funcionário público por meio do desprestígio não-acatador. 
 
4.4 Consumação e tentativa 
Por ser delito formal, consuma-se no momento em que o funcionário público toma conhecimento direto do desacato, não 
sendo necessário o efetivo constrangimento deste ou mesmo a sua indiferença. 
Para a maior parcela da doutrina, é impossível a tentativa, haja vista a necessidade da presença da vítima no momento da 
ofensa. 
 
4.5 Ação penal 
A ação penal será pública incondicionada. 
 
5. Tráfico de influência (art. 332, CP) 
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de 
influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é tambémdestinada ao 
funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
 
 
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5.1 Sujeitos 
É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa – inclusive por funcionário público. 
O sujeito passivo é o Estado, e, secundariamente, aquele que pagou o que foi solicitado, exigido, cobrado ou obtido pela 
suposta mediação. 
 
5.2 Conduta 
Pune-se a conduta de quem, simulando exercer influência com servidor público, solicita (pede), exige (ordena), cobra 
(requer) ou obtém (aufere), para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, de qualquer natureza, a pretexto 
de mediar o assunto. 
Se a influência é real, poderemos estar diante do delito de corrupção. 
Se o agente sobre quem o autor simula a influência não é funcionário público, pode-se estar diante do crime de 
estelionato. 
 
5.3 Elemento subjetivo 
É o dolo, a vontade livre e consciente de praticar uma das condutas descritas no tipo. Não é necessária finalidade 
específica. 
Se o agente alega ou insinua que a vantagem também é destinada ao funcionário, aumenta-se a pena da metade! 
 
5.4 Consumação e tentativa 
Consuma-se o delito (nos núcleos solicitar, exigir, cobrar) com a prática de qualquer uma das condutas, 
independentemente de efetivo auferimento de vantagem. No núcleo obter, no entanto, é necessária a efetiva percepção 
da vantagem. 
É possível a tentativa se o crime é praticado por escrito. 
 
5.5 Ação penal 
A ação penal será pública incondicionada. 
 
6. Corrupção ativa (art. 333, CP) 
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar 
ato de ofício: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite 
ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 
 
6.1 Sujeitos 
É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa – inclusive por funcionário público, despido da sua qualidade. 
O sujeito passivo é o Estado. 
 
6.2 Conduta 
Há duas condutas descritas no tipo: oferecer ou prometer vantagem indevida com o fim de que, com isso, o funcionário 
público pratique, omita ou retarda o ato de ofício. 
Pune-se a corrupção ativa praticada antes do ato funcional. Isto é, não haverá o crime se o particular oferece, promete ou 
entrega vantagem depois que o ato funcional já foi realizado – a expressão “para determiná-lo a...” infere que o ato do 
funcionário deve ser posterior. 
 
6.3 Elemento subjetivo 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de oferecer ou prometer vantagem ao funcionário público, sabendo que 
é indevida, a fim de interferir no seu exercício funcional mediante a prática, omissão ou retardamento de ato. 
 
Se o ato, em virtude da corrupção, é praticado, retardado ou omitido, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
6.4 Consumação e tentativa 
Por ser formal, o crime estará consumado no momento em que o funcionário público é cientificado da oferta ou promessa, 
mesmo que venha a recusá-la. 
A tentativa é possível, a depender do modus operandi do agente. Se for verbal, o crime será unissubsistente e não admitirá 
tentativa. Se praticado por escrito, é possível a tentativa. 
 
6.5 Ação penal 
A ação penal será pública incondicionada. 
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7. Descaminho (art. 334, CP) 
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo 
de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
I – pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
II – pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
III – vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou 
importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação 
fraudulenta por parte de outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
IV – adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria 
de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem 
falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino 
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação 
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
 
7.1 Sujeitos 
O sujeito ativo será qualquer pessoa, já que trata-se de crime comum. O funcionário público que colabora com o autor 
deste delito praticará o crime do art. 318, CP (facilitação de contrabando ou descaminho). 
O sujeito passivo será o Estado, pois titular do direito protegido. 
 
7.2 Conduta 
O contrabando pune a conduta de agir fraudulentamente, na intenção de furtar-se ao pagamento de tributos devidos pela 
circulação da mercadoria. O agente, portanto, ilude o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada ou saída de 
mercadoria não proibida. 
 
Pode haver a aplicação do princípio da insignificância quando o valor da execução fiscal não ultrapasse a R$ 20 mil (A 
Portaria nº 75/2012 do Ministério da Fazenda estipulou o valor mínimo de 20 mil reais para a execução fiscal). 
Este entendimento é adotado pelo STF (HC 139.393/PR) e pelo STJ (REsps 1.709.029 e 1.688.878). 
O STJ, no entanto, afasta o princípio no caso de reiteração delitiva (REsp 1.728.402). Embora entenda há bastante tempo 
que ações penais e inquéritos policiais em curso não possam alterar a pena-base, podem fundamentar o afastamento da 
insignificância. 
 
Descaminho por equiparação (§1º) 
I – praticar navegação de cabotagem, fora dos casos previstos em lei; 
É o comércio direto entre portos, dentro de suas águas e dos rios em seu território. Não há complemento legal ainda. 
 
II – praticar ato assimilado, em lei especial, a descaminho 
Ex: art. 39 do Decreto-lei 288/67 (“Será considerado contrabando a saída de mercadorias da Zona Franca sem a autorização 
legal expedida pelas autoridades competentes”). 
 
III – vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou 
importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação 
fraudulenta por parte de outrem; 
 
IV – adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria 
de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada dedocumentos que sabe serem 
falsos. 
 
Equiparação de atividade comercial (§2º) 
Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de 
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
 
 
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7.3 Elemento subjetivo 
É o dolo, que consiste na vontade livre e consciente de praticar a ação típica. 
 
7.4 Consumação e tentativa 
O STF (HC 121.798/BA) e o STJ (RHC 47.893/SP) têm entendido que se trata de crime formal, que se consuma a partir da 
ilusão do direito ou imposto. Dessa forma, o esgotamento da via administrativa é dispensável. 
Estará consumado o crime com a liberação pela alfândega, sem o pagamento dos tributos respectivos. 
 
A competência para processo e julgamento do crime será o juízo federal do lugar da apreensão dos bens. 
Súmula 151, STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela 
prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. 
 
7.5 Ação penal 
A ação penal será pública incondicionada. 
 
8. Contrabando (art. 334-A, CP) 
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público 
competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria 
proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os 
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido 
em residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) 
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou 
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído 
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
 
8.1 Sujeitos 
O sujeito ativo será qualquer pessoa, já que trata-se de crime comum. O funcionário público que colabora com o autor 
deste delito praticará o crime do art. 318, CP (facilitação de contrabando ou descaminho). 
O sujeito passivo será o Estado, pois titular do direito protegido. 
 
8.2 Conduta 
O tipo penal de contrabando pune a importação ou exportação clandestina, ou seja, a entrada ou saída de mercadorias 
absoluta ou relativamente proibidas. A mercadoria deve ser coisa móvel, e não abrange os produtos de importação 
temporariamente suspensa. 
 
Se o crime é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial, a pena aplica-se em dobro! 
 
Há a possibilidade de o agente fazer entrar ou sair do país a mercadoria sem que passe pela zona alfandegária 
(clandestinamente), por exemplo, utilizando-se de locais desertos, longe da fiscalização respectiva. Aqui estaremos diante 
do contrabando impróprio. Se há passagem pela alfândega, teremos o contrabando próprio. 
 
Há casos específicos (ex: drogas ou armas) em que o tráfico configurará crime específico. 
É inaplicável o princípio da insignificância ao contrabando, já que o bem jurídico vai além do valor 
pecuniário, abrangendo também o desrespeito ao interesse estatal de impedir a entrada ou saída de 
determinados produtos. 
 
Contrabando equiparado/por assimilação (§1º) 
I – praticar fato assimilado, em lei especial, a contrabando; 
UFC 
PROFa. Sarah Suzye 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
CURSO PRIME PARANGABA – Av. Augusto dos Anjos, 1915 (Instalações do Colégio Jim Wilson) – Fone: (85) 3208.2210 
21 
 
 
Invoca-se o mesmo exemplo do descaminho, o art. 39 do Decreto-lei 288/67. 
 
II - importar ou exportar clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público 
competente; 
Cita-se como exemplo a importação ou exportação de fertilizantes, inoculantes ou biofertilizantes (art. 8º do Anexo ao 
Decreto nº 4.954/04) 
 
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; 
 
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; 
 
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria 
proibida pela lei brasileira. 
 
Equiparação de atividade comercial (§2º) 
Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de 
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
 
8.3 Elemento subjetivo 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar uma das ações descritas no tipo. 
 
8.4 Consumação e tentativa 
A consumação do crime ocorrerá quando, passada a barreira fiscal, ainda que não chegue ao seu destino. 
Se o crime se pratica por ingresso ou saída por meios clandestinos, a consumação ocorre com a transposição da fronteira 
do país. Exige-se o pouso, se por avião, e o atraque, se for por meio de embarcação. 
A tentativa é possível. 
 
8.5 Ação penal 
A ação penal será pública incondicionada. 
 
9. Subtração ou inutilização de livro ou documento (art. 337, CP) 
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de 
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
9.1 Sujeitos 
O sujeito ativo será qualquer pessoa, já que trata-se de crime comum. Pode inclusive ser praticado por funcionário público, 
desde que não esteja incumbido, em razão de seu ofício, da guarda do objeto material (neste caso estaríamos diante do 
art. 314, CP). 
Se o sujeito ativo é advogado ou procurador, pode-se estar diante do art. 356, CP. 
O sujeito passivo será o Estado, pois titular do direito protegido. Secundariamente também poderá ser vítima o particular 
prejudicado com a prática criminosa. 
9.2 Conduta 
O crime consiste em subtrair (retirar) ou inutilizar (tornar sem serventia), total ou parcialmente, livro oficial, processo ou 
documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público. 
Se o documento não atende às exigências do tipo, pode-se estar diante do art. 305 do Código Penal. 
O crime é subsidiário, conforme se vê na pena: “Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais 
grave”. Havendo a adequação da conduta a crime mais grave, o agente responderá apenas por este, mais gravoso. 
 
 
9.3 Elemento

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