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1 2 (Ementa) Química de coordenação, teorias de coordenação, nomenclatura e geometria, isomeria de complexos. Teoria de valência e teoria do campo cristalino. Propriedades gerais dos elementos de transição: grupo do zinco e grupo do cobre (Referências) J. D. LEE. Química Inorgânica. Editora Edgard Blucher Ltda.5ª. ed. 1999. SHRIVER, D. F.; ATKINS, P. W. e LANGFORD, C. H. Inorganic Chemistry. Editora Oxford University Press, 2a edição. 1994. BODIE ,D.& DARL. H. Mc. D.& JONH, J.A. ATKINS, P. W. Concepts and Models of Inorganic Chemistry. Editora Wie Wily.2ª. ed. 1994. GUAGLIANO, J. V. e VALLARINO, L. M. Química. Editora Guanabara Dois S.A., 3a edição, Rio de Janeiro, 1979. 3 Química de coordenação 5 A química dos íons metálicos em solução é essencialmente a química de seus complexos. Em particular, os íons dos metais de transição formam muitos complexos estáveis, por possuir orbitais vazios ou semipreenchidos. Em solução os íons metálicos “livres” são coordenados pelos ligantes. Os complexos chamam atenção por suas variadas cores A cor do complexo vai depender de diferentes fatores: -Cátion -Ânion -Geometria 14 Como os orbitais d são geralmente utilizados para a formação das ligações em compostos de coordenação, é importante estudar suas formas e suas orientações no espaço Os cinco orbitais d não são idênticos e podem ser divididos em dois grupos. Os três orbitais t2g, possuem formas idênticas e seus lóbulos se situam entre os eixos x, y e z. Os dois orbitais eg possuem formas diferentes e seus lóbulos se situam sobre os eixos do sistema de coordenadas cartesianas. As denominações alternativas para t2g e eg são de e dg. respectivamente. Geometria Octaédrica ✓ Desenvolvida por Pauling ✓ Os ligantes formam ligações coordenadas com o metal central (ácido e base de Lewis). 15 ✓ Logo, o ligante deve ter um par de elétrons livres e o metal um orbital vazio de energia adequada para formar a ligação. ✓ A teoria permite determinar quais os orbitais atômicos do metal que são utilizados para formar a ligação. A Tlv apresenta duas limitações: - A maioria dos complexos de metais de transição são coloridos e a TLV não explica seus espectros eletrônicos. - A teoria não explica porque as propriedades magnéticas variam em função da temperatura. Paramagnético Diamagnético Apresentam elétrons desemparelhados Apresentam elétrons emparelhados ->[Co(NH3)6]3+ Co3+=[Ar] 3d6 3d 4s 4p 4d - Pares de elétrons dos ligantes ✓ ✓ ✓ ✓ Fe=[Ar] 3d6 4s2 ->[Fe(CO)5]3+ - Pares de elétrons dos ligantes ✓ ✓ ✓ 3d 4s 4p 4d 16 SPIN ALTO SPIN BAIXO Os complexos "spin alto" dn possuem um número maior de elétrons desemparelhados. Os complexos “spin baixo” dn possuem um número menor de elétrons desemparelhados. Orbitais 4d externos é denominado complexo de esfera externa. A energia desses orbitais é relativamente elevada e o complexo deve ser reativo ou lábil. O momento magnético depende do número de elétrons desemparelhados. EXEMPLO: Aplique a TLV para o composto abaixo, considerando-o que é paramagnético, diga a sua hibridização e se é de spin baixo ou spin alto: -> [Ni(H2O)4]2+ Ni3+=[Ar] 3d8 3d 3d 4s 4p 4d Contribui com 4 pares de elétrons, ou seja, com 8 elétrons Hibridização sp3 Geometria Tetraédrica Spin baixo O íon metálico também poderia formar complexos com número de coordenação quatro. Nesse caso, são possíveis dois arranjos diferentes. Deve-se lembrar que, na realidade, orbitais híbridos não existem. A hibridização consiste numa operação matemática com as equações de onda correspondentes aos orbitais atômicos envolvidos nas ligações. 17 Ligantes HIBRIDIZAÇÃO GEOMETRIA MOLECULAR FORMA 2 sp Linear 3 sp2 Trigonal Plana 4 sp3 Tetraédrica 5 dsp3 Bipirâmide trigonal 6 d2sp3 Octaédrica TEORIA DO CORPO CRISTALINO (TCC) Postula que a única interação existente entre o íon central e os ligantes é de natureza eletrostática, pois os ligantes são considerados cargas negativas ou dipolos pontuais que repele os elétrons dos orbitais d do íon metálico. Esta interação eletrostática, metal-ligante, remove parcialmente a degeneração dos cinco orbitais d, que existem no íon metálico isolado, ocasionando o desdobramento destes orbitais em conjuntos com diferentes energias. - Proposta por Bethe e van Vleck; - Considera que a força de atração entre o íon central e os ligantes do complexo é considerada como sendo de natureza puramente eletrostática ; 18 - Teoria simples e apresenta êxito na explicação dos espectros eletrônicos e das propriedades magnéticas dos complexos de metais de transição; - A teoria do campo cristalino modificada para conter as contribuições covalentes é denominada de Teoria do Campo Ligante. - Todos os orbitais d do metal central, no íon livre, têm mesma energia (degenerados); - A interação com os ligantes remove o caráter degenerado dos orbitais d quando o complexo é formado; - O campo elétrico produzido pelos ligantes na formação de um complexo não é esfericamente simétrico, sendo assim, os orbitais d não são todos afetados igualmente e o caráter degenerado é perdido. -Atração do tipo íon-íon, ou seja, a carga positiva do íon central atrai a carga negativa de um ligante como Cl, Br, CN, etc; - Atração do tipo íon-dipolo, ou seja, a carga positiva do íon central atrai o dipolo negativo de moléculas como H2O, NH3, etc Complexo OCTAÉDRICO Num complexo octaédrico, o metal se situa no centro e os ligantes nos seis vértices de um octaedro. Os eixos x, y e z apontam para três vértices adjacentes do octaedro. cartesianas ortogonais. X Y Z 19 Os lóbulos dos orbitais eg (dx2-y2 e dz2) se situam ao longo dos eixos x, y e z. Os lóbulos dos orbitais t2g (dxy, dxz e dyz) se situam entre os eixos do sistema de coordenadas. Logo, pode-se inferir que a aproximação de seis ligantes, segundo as direções x, y, z,-x,-y e - z aumentará muito mais a energia dos orbitais dx2-y2 e dz2 (que se situam ao longo dos eixos) que a energia dos orbitais dxy, dxz e dyz (que se situam entre os eixos). Portanto, sob a influência de um campo ligante octaédrico, os orbitais d se dividem em dois grupos com energias distintas. t2g A diferença de energia entre os dois conjuntos de orbitais d é representada pelos símbolos o , ou 10 D. Assim, os orbitais e tem uma energia equivalente a +0,6 A, acima da média de energia, e os orbitais t2g possuem uma energia igual a -0,4 A, abaixo da média. eg 20 Diagrama dos níveis de energia dos orbitais d num campo octaédrico. EECC o eg dx2-y2 dz2 Energia dxy dxz dyz dx2-y2 dz2 +0,6o -0,4o Nível médio de energia (baricentro) t2g dxy dxz dyz A magnitude de o depende de três fatores: 1 . Da natureza dos l igantes. 2 . Da carga do íon metál ico . 3 . Do fato do metal pertencer à pr imeira, segunda ou terce ira sér ie de metais de transição . Anal isando-se os espectros de uma sér ie de complexos do mesmo metal com d iferentes l igantes, ver if icou-se que a posição da banda de absorção (e , portanto, o valor de o var ia em função dos l igantes a ele coordenados . Campo forte Campo fraco - Spin baixo - Grande desdobramento - Emparelha os spins - Spin alto - Pequeno grau de desdobramento - Spins ocupam orbitais vazios e de menor energia 21 Os ligantes que provocam apenas um pequeno grau de desdobramento do campo cristalino são designados ligantes de campo fraco. Ligantes que provocam um grande desdobramento são denominados ligantes de campo forte. Os ligantes mais comuns podem ser dispostos em ordem crescente em relação ao grau de desdobramento desemparelhados do campo cristalino. A sequência permanece praticamente constante para os diversosmetais e é denominada série espectroquímica. Série espectroquímica o Pequeno I- < Br- < S2- < Cl- < NO3- < F- < OH- < EtOH < oxalato < H2O < EDTA < (NH3 e piridina) < etilenodiamina (en) < bipiridina < o-fenantrolina < NO2- < CN- < CO Ligantes de campo fraco Complexo de spin alto Ligantes de campo forte Complexo de baixo spin o grande Ligante de campo forte = o grande λ curto = alta energia EXEMPLO Aplique a TCC para o complexo abaixo, considerando-o que seja de campo forte. EECC o eg dx2-y2 dz2 Energia dxy dxz dyz dx2-y2 dz2 Nível médio de energia (baricentro) t2g dxy dxz dyz [Co+3(CN-1)6]-3 Co+3 = 3d6 t2g6eg0 22 [Fe2+(H2O0)6]2+ d6 10.400 17.600 spin alto spin alto [Fe2+(CN-1)6]4- d6 32.850 17.600 spin baixo spin baixo [Co3+(F-1)6]3- d7 13.000 21.000 spin alto spin alto [Co3+(NH30)6]3+ d7 23.000 21.000 spin baixo spin baixo É a energia de estabilidade reduzida que resulta da inserção de um íon de metal de transição no campo cristalino gerado por um conjunto de ligantes. Surge devido ao fato de que, quando os orbitais d são desdobrados em um campo de ligantes, alguns deles se tornam menos energéticos que antes em relação a um campo esférico, cuja variação de energia é conhecida por baricentro, no qual todos os cinco orbitais d são degenerados. Por exemplo, nos octaédricos, o conjunto de orbitais d torna-se menor em energia do que os orbitais no baricentro. Como isso, se houver algum elétron ocupando esses orbitais, o íon metálico é mais estável no campo do ligante em relação ao baricentro por uma quantidade conhecida como EECC. Por outro lado, os orbitais d no caso octaédrico, são mais energéticos em relação ao baricentro, causando a sua ocupação uma redução da EECC. EXEMPLO t2g4eg2 - EECC? Nt2g . (-0,4) + Neg . 0,6 EECC= 4 . (-0,4) + 2 . (0,6) EECC= -1,6 + 1,2 EECC= -0,4 23 De acordo com a tabe la , P e o i nf l uênc ia d i retamente no comportamento do comp lexo, ou se ja , das magni tudes da energ ia necess ár ia para promover um e létron do n íve l t2g para o e g ( i s to é , o desdobramento do campo cr i sta l ino o ) e da energ ia necessár ia para empare lhar um e létron no n íve l menor de energ ia t2g ( I sto é , P ) . P é constante para um dado íon metá l i co . Ass im , o desdobramento do campo cr i sta l ino é determ inado pe la força do campo l igante . Um l igante de campo fraco , como C l - , causará um pequeno desdobramento dos n í ve is de energ ia e o será pequeno . Nesse caso , será energet icamente mais favoráve l que os e létrons ocupem o níve l super ior eg e formem um comp lexo de “sp in a l to ” , ao invés de empare lhar os e létrons . Em contraste , l igantes de campo forte como o CN - , provocam um grande desdobramento do campo cr is ta l ino . Nesse caso , a energ ia necessár ia para empare lhar os e létro ns , P , será menor que o , e o comp lexo será de “sp in ba ixo ” . P > o = Spin alto Energia de emparelhamento maior que o desdobramento do campo cr ista l ino , ou seja , os e létrons vão ocupar os orb ita is vaz ios antes de emparelhar , pois demanda menos energ ia . P < o = Spin baixo Energia de emparelhamento menor que o desdobramento do campo cr ista l ino , ou seja , vão emparelhar antes de ocupar os orb ita is eg, pois demanda menos energ ia efeito nefelaucético Na formação do complexo P, é diminuído em 20%. Esse efeito decorre da expansão da nuvem eletrônica nos orbitais d, no qual é chamado de efeito nefelaucético. Mn3+| P = 26.000 | 10 Dq = 21.000 20% de 26.000 100% - 26000 20% - X 100 X = 520000 X = 520000 / 100 X = 5200 26000 – 5200 P = 20.800 - Spin baixo - Energia de emparelhamento é menor que o desdobramento cristalino. 24 EXERCICIO Para os íons Mn3+, Ru3+ e Co3+ desenhe o diagrama de níveis de energia do campo cristalino para os orbitais d de um complexo octaédrico e mostre o preenchimento dos elétrons d, supondo um complexo de campo fraco. Quantos elétrons desemparelhados existem em cada caso? (a) Mn3+ 1° passo: Determinar a configuração eletrônica Mn = [Ar] 3d5 4s2 -> como perde 3 elétrons -> Mn3+ =[Ar] 3d4 2° passo: Aplicando a TCC, considerando que é de campo fraco EECC o eg dx2-y2 dz2 Energia dxy dxz dyz dx2-y2 dz2 Nível médio de energia (baricentro) t2g dxy dxz dyz Mn3+ =[Ar] 3d4 -> Distribuir os 4 elétrons no diagrama Como é de campo fraco, os elétrons vão ocupar os orbitais vazios antes de emparelhar, pois demanda menos energia. 3° passo: Identificar a quantidade de elétrons desemparelhados Como visto no diagrama acima, todos os elétrons estão desemparelhados, ou seja, temos 4 elétrons desemparelhados. 25 (b) Ru3+ 1° passo: Determinar a configuração eletrônica Ru = [Kr] 4d7 5s1 -> como perde 3 elétrons -> Ru3+ =[Kr] 4d5 2° passo: Aplicando a TCC, considerando que é de campo fraco -> Distribuir os 5 elétrons no diagrama Ru3+ =[Kr] 4d5 EECC o eg dx2-y2 dz2 Energia dxy dxz dyz dx2-y2 dz2 Nível médio de energia (baricentro) t2g dxy dxz dyz Como é de campo fraco, os elétrons vão ocupar os orbitais vazios antes de emparelhar, pois demanda menos energia. 3° passo: Identificar a quantidade de elétrons desemparelhados Como visto no diagrama acima, todos os elétrons estão desemparelhados, ou seja, temos 5 elétrons desemparelhados. (c) Co3+ 1° passo: Determinar a configuração eletrônica Co = [Ar] 3d7 4s2 -> como perde 3 elétrons -> Co3+ =[Ar] 3d6 26 EECC o eg dx2-y2 dz2 Energia dxy dxz dyz dx2-y2 dz2 Nível médio de energia (baricentro) t2g dxy dxz dyz Como é de campo fraco, os elétrons vão ocupar os orbitais vazios antes de emparelhar, pois demanda menos energia. Como há 6 elétrons, primeiro eles preenchem os orbitais vazios, e depois, como vai faltar 1 elétron e não há mais orbitais vazios, resta-o ser emparelhado nos orbitais t2g, portanto, ele desce e emparelha no orbital dxy, pois demanda menos energia que emparelhar nos orbitais eg. 2° passo: Aplicando a TCC, considerando que é de campo fraco -> Distribuir os 5 elétrons no diagrama Co3+ =[Ar] 3d6 3° passo: Identificar a quantidade de elétrons desemparelhados Como visto no diagrama acima, apenas 1 orbital possui spins emparelhados, e todos os outros orbitais estão com 1 elétron desemparelhado, portanto, temos 4 elétrons desemparelhados.
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