Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@resumosdamed_ 1 TRANSTORNO DEPRESSIVO TEORIAS BIOLÓGICAS DA DEPRESSÃO (NEUROTRANSMISSORES E MARCADORES BIOLÓGICOS). FATORES BIOLÓGICOS Os sistemas monoaminérgicos - norepinefrina, dopamina, serotonina e histamina – são considerados sistemas neuromodulares, mais amplos, e os distúrbios tendem a ser efeitos tanto secundários ou epifenomenais quanto relacionados direta ou causalmente com a etiologia e a patogenia. AMINAS BIOGÊNICAS. Das aminas biogênicas, a norepinefrina e a serotonina são os dois neurotransmissores mais implicados na fisiopatologia dos transtornos do humor. NOREPINEFRINA. A correlação sugerida por estudos de ciências básicas entre a down regulation dos receptores beta-adrenérgicos e as respostas clínicas aos antidepressivos é provavelmente a evidência isolada mais convincente indicando um papel direto do sistema noradrenérgico na depressão. Outras evidências implicaram também os receptores beta2 pré- sinápticos na depressão, visto que sua ativação resulta em redução da quantidade de norepinefrina liberada. Esses receptores também estão localizados nos neurônios serotonérgicos e regulam a quantidade de serotonina liberada. SEROTONINA. Com o forte efeito que os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) – por exemplo, a fluoxetina – têm tido sobre o tratamento da depressão, a serotonina se tornou a amina biogênica neurotransmissora mais comumente associada à depressão. A identificação de múltiplos subtipos de receptores serotonérgicos também aumentou a expectativa da comunidade de pesquisa sobre o desenvolvimento de tratamentos ainda mais específicos para depressão. Além do fato de os ISRSs e outros antidepressivos serotonérgicos serem eficazes no tratamento da depressão, outros dados indicam que a serotonina está envolvida na fisiopatologia desse transtorno. A depleção da serotonina pode precipitar depressão, e alguns pacientes com impulsos suicidas têm concentrações baixas de metabólitos da serotonina no líquido cerebrospinal (LCS) e concentrações baixas de zonas de captação de serotonina nas plaquetas. DOPAMINA. Dados indicam que sua atividade pode estar reduzida na depressão e aumentada na mania. A descoberta de novos subtipos de receptores de dopamina e o aumento no entendimento da regulação pré e pós- sináptica de sua função enriqueceram ainda mais a pesquisa sobre a relação entre a dopamina e os transtornos do humor. Os medicamentos que reduzem as concentrações da dopamina – por exemplo, a reserpina – e as doenças que também têm esse efeito (p. ex., doença de Parkinson) estão associados com sintomas depressivos. Em contraste, medicamentos que aumentam suas concentrações, como a tirosina, a anfetamina e a bupropiona, reduzem os sintomas de depressão. Duas teorias recentes sobre dopamina e depressão são que a via mesolímbica da dopamina pode ser disfuncional e que seu receptor D1 pode ser hipoativo na depressão. ACETILCOLINA (ACH) A acetilcolina (ACh) é encontrada nos neurônios que se distribuem de forma difusa por todo o córtex cerebral. Os neurônios colinérgico têm relações recíprocas ou interativas com todos os três sistemas de monoamina. Níveis anormais de colina, que é um precursor de ACh, foram encontrados na necropsia de cérebros de alguns pacientes @resumosdamed_ 2 deprimidos, talvez refletindo anormalidades na composição de fosfolipídeo das células. Agentes agonistas e antagonistas colinérgicos têm efeitos clínicos diferentes sobre depressão e mania. Os agonistas podem produzir letargia, falta de energia e retardo psicomotor em indivíduos saudáveis, exacerbar os sintomas na depressão e reduzir os sintomas na mania. Esses efeitos em geral não são suficientemente fortes para ter implicações clínicas, e os efeitos adversos são problemáticos. Os agonistas colinérgicos podem induzir alterações na atividade hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal (HHS) e no sono que imitam aquelas associadas com depressão grave. GABA: O GABA tem um efeito inibidor sobre as vias ascendentes monoaminérgico, particularmente os sistemas mesocortical e mesolímbico. Reduções dos níveis plasmáticos, do LCS e cerebral de GABA foram observadas na depressão. Por sua vez, os receptores de GABA sofrem regulação ascendente por antidepressivos, e alguns medicamentos GABAérgicos têm efeitos antidepressivos fracos. Esse neurotransmissor é dependente da Glicina, já que essa substância é a precursora do GABA. Além disso, o GABA tem relação próxima com o metabolismo do Glutamato, já que dependendo do ciclo utilizado, o Glutamato pode ser transformado em GABA. Os aminoácidos glutamato e glicina são os principais neurotransmissores excitatórios e inibitórios no SNC. Esses aminoácidos ligam-se a sítios associados com o receptor de N-metil-D-aspartato (NMDA), e um excesso de estimulação glutamatérgica pode causar efeitos neurotóxicos. Significativamente, existe alta concentração de receptores de NMDA no hipocampo. O glutamato, portanto, pode operar em conjunto com a hipercortisolemia para mediar os efeitos neurocognitivos prejudiciais da depressão recorrente grave. SEGUNDOS MENSAGEIROS E CASCATAS INTRACELULARES. A ligação de um neurotransmissor e um receptor pós-sináptico desencadeia uma cascata de processos ligados à membrana e intracelulares mediados por sistemas de segundo mensageiro. Os receptores nas membranas celulares interagem com o ambiente intracelular por meio de proteínas ligantes do nucleotídeo guanina (proteínas G). As proteínas G, por sua vez, se conectam a várias enzimas intracelulares (p. ex., adenilato ciclase, fosfolipase C e fosfodiesterase) que regulam a utilização de energia e a formação de segundos mensageiros, como o nucleotídeo cíclico (p. ex., adenosina monofosfato cíclico [cAMP] e monofosfato cíclico de guanosina [cGMP]), bem como os fosfatidilinositóis (p. ex., inositol trifosfato e diacilglicerol) e cálcio-calmodulina. Os segundos mensageiros regulam a função dos canais iônicos da membrana neuronal. Evidências crescentes também indicam que agentes estabilizadores do humor agem sobre as proteínas G ou outros segundos mensageiros. ALTERAÇÕES DA REGULAÇÃO HORMONAL. Alterações duradouras nas respostas neuroendócrinas e comportamentais podem resultar de estresse precoce grave. Estresse prolongado pode induzir alterações no estado funcional dos neurônios e acabar levando a morte celular. Estudos recentes com humanos deprimidos revelam que uma história de trauma precoce está associada com atividade HHS aumentada acompanhada de alterações estruturais (i.e., atrofia ou diminuição de volume) no córtex cerebral. Atividade de HHS elevada é uma característica de respostas a estresse em mamíferos e uma das ligações mais claras entre depressão e a biologia do estresse crônico. Hipercortisolemia na depressão sugere um ou mais dos seguintes distúrbios centrais: tônus inibitório de serotonina diminuído; impulso aumentado de norepinefrina, ACh ou hormônio liberador de corticotrofina (CRH); ou diminuição da inibição do feedback do hipocampo. A atividade elevada de HHS na depressão foi documentada por meio de excreção de cortisol livre urinário (UFC), coletas de níveis de cortisol plasmático intravenoso (IV) de 24 horas (ou de segmentos de tempo mais curtos), níveis de cortisol salivar e testes da integridade da inibição @resumosdamed_ 3 de feedback. Esses testes de inibição de feedback não são utilizados como um teste diagnóstico porque hiperatividade adrenocortical (embora em geral menos prevalente) é observada na mania, na esquizofrenia, na demência e em outros transtornos psiquiátricos. ATIVIDADE DO EIXO TIREOIDIANO. Aproximadamente 5 a 10% das pessoas avaliadas para depressão têm disfunção tireoidiana ainda não detectada, conforme refletido por nível basal do hormônio estimulante da tireoide (TSH) elevado ou resposta de TSH aumentada a uma infusão de 500 mg do neuropeptídeohipotalâmico hormônio liberador de tireotrofina (TRH). Essas anormalidades muitas vezes estão associadas com níveis elevados de anticorpos antitireoidianos e, a menos que corrigido com terapia de reposição hormonal, podem comprometer a resposta ao tratamento. Um subgrupo ainda maior de pacientes deprimidos (p. ex., 20 a 30%) apresenta uma resposta de TSH embotada à administração de TRH. Até o momento, a principal implicação terapêutica de uma resposta de TSH embotada é a evidência de um risco aumentado de recaída apesar da terapia antidepressiva preventiva. Vale destacar que, ao contrário do teste de supressão com dexametasona (TSD), a resposta de TSH embotada a TRH geralmente não se normaliza com tratamento eficaz. HORMÔNIO DO CRESCIMENTO. O hormônio do crescimento (GH) é secretado da hipófise anterior após estimulação por norepinefrina (NE) e dopamina. A secreção é inibida por somatostatina, um neuropeptídeo hipotalâmico, e por CRH. Níveis de somatostatina do LCS diminuídos foram relatados na depressão e níveis aumentados foram observados na mania. PROLACTINA. A prolactina é liberada da hipófise pela estimulação da serotonina e é inibida por dopamina. A maioria dos estudos não encontrou anormalidades significativas da secreção de prolactina basal ou circadiana na depressão, embora uma resposta embotada a vários agonistas de serotonina tenha sido descrita. Essa resposta é incomum entre mulheres antes da menopausa, o que sugere que o estrogênio tenha um efeito moderador. ALTERAÇÕES DA NEUROFISIOLOGIA DO SONO. A depressão está associada com perda prematura do sono profundo (de onda lenta) e aumento no despertar noturno. Este último é refletido por quatro tipos de distúrbio: 1. aumento nos despertares noturnos 2. redução no tempo de sono total 3. aumento do sono de movimentos oculares rápidos (REM) fásico 4. aumento da temperatura corporal. A combinação de movimento REM aumentado e sono de onda lenta diminuído resulta em uma redução significativa no primeiro período de sono não REM (NREM), um fenômeno chamado de latência REM reduzida. Esta, junto com déficits do sono de onda lenta, normalmente persistem após a recuperação de um episódio depressivo. A secreção de GH embotada após o início do sono está relacionada com diminuição do sono de onda lenta e mostra comportamento in- dependente de estado ou tipo traço semelhante. A combinação de latência REM reduzida, densidade REM aumentada e manutenção do sono diminuída identifica aproximadamente 40% dos pacientes ambulatoriais deprimidos e 80% dos internados deprimidos. Achados falso-negativos costumam ser observados em pacientes mais jovens, hipersonolentos, que, na verdade, podem experimentar aumento no sono de onda lenta durante episódios de depressão. Cerca de 10% dos indivíduos saudáveis têm perfis de sono anormais, e, como ocor- re com a não supressão de dexametasona, casos de falso-positivos são vistos com frequência em outros transtornos psiquiátricos. Foi verificado que pacientes que manifestam um perfil de sono caracteristicamente anormal são menos responsivos a psicoterapia e apresentam um risco maior de recaída ou recidiva e podem se beneficiar, sobretudo, da farmacoterapia. @resumosdamed_ 4 DISTÚRBIOS IMUNOLÓGICOS. Os transtornos depressivos estão associados com várias anormalidades imunológicas, incluindo diminuição da proliferação de linfócitos em resposta a mitógenos e outras formas de imunidade celular comprometida. Esses linfócitos produzem neuromoduladores, como o fator liberador de corticotrofina (CRF), e citocinas, peptídeos conhecidos como interleucinas. Parece haver uma ligação com gravidade clínica, hipercortisolemia e disfunção imunológica, e a citocina interleucina-1 pode induzir atividade gênica para a síntese de glicocorticoide. IMAGEM CEREBRAL ESTRUTURAL E FUNCIONAL. A tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) têm permitido métodos sensíveis e não invasivos para avaliar o cérebro vivo, incluindo os tratos cortical e subcortical, bem como lesões da substância branca. A anormalidade mais consistente observada nos transtornos depressivos é a maior frequência de hiperintensidades anormais nas regiões subcorticais, tais como as regiões periventriculares, os gânglios da base e o tálamo. Aumento ventricular, atrofia cortical e alargamento sulcal também foram relatados em alguns estudos. Alguns pacientes deprimidos também podem ter volumes reduzidos do hipocampo ou do núcleo caudado, ou de ambos, sugerindo defeitos mais focais em sistemas neurocomportamentais relevantes. Áreas de atrofia difusas e focais foram associadas com maior gravidade da doença, bipolaridade e aumento dos níveis de cortisol. O achado de tomografia por emissão de pósitrons (PET) mais amplamente reproduzido na depressão é uma diminuição no metabolismo cerebral anterior, que é em geral mais pronunciada no lado esquerdo. De um ponto de vista diferente, a depressão pode estar relacionada com um aumento relativo na atividade do hemisfério não dominante. Outros estudos observaram reduções mais específicas do fluxo sanguíneo ou do metabolismo cerebrais, ou de ambos, nos tratos dopaminergicamente inervados dos sistemas mesocortical e mesolímbico na depressão. Novamente, as evidências sugerem que os antidepressivos normalizam essas mudanças pelo menos em parte. Além de uma redução global do metabolismo cerebral anterior, foi observado aumento do metabolismo da glicose em diversas regiões límbicas, em particular entre pacientes com depressão recorrente relativamente grave e história familiar de transtorno do humor. Durante episódios de depressão, o aumento do metabolismo da glicose está correlacionado com ruminações importunas. CONSIDERAÇÕES NEUROANATÔMICAS. A nneurociência afetiva moderna focaliza-se na importância de quatro regiões cerebrais na regulação das emoções normais: o córtex pré- frontal (CPF), o cingulado anterior, o hipocampo e a amígdala. O CPF é considerado a estrutura que contém representações de objetivos e as respostas adequadas para alcançá-los. Enquanto a ativação do lado esquerdo de regiões do CPF é mais envolvida em comportamentos dirigidos a objetivos ou necessidades naturais, as regiões do CPF direito são implicadas em comportamentos de esquiva e na inibição de atividades orientadas a necessidades naturais. Pensa-se que o córtex cingulado anterior (CCA) sirva como ponto de integração de estímulos atencionais e emocionais. O hipocampo está mais claramente envolvido em várias formas de aprendizagem e memória, incluindo o condicionamento do medo, bem como na regulação inibitória da atividade do eixo HHS. A aprendizagem emocional ou contextual parece estar relacionada com uma conexão direta entre o hipocampo e a amígdala. A amígdala parece ser um local crucial para o processamento de estímulos novos de significado emocional e para a coordenação e organização de respostas corticais. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO. Um transtorno depressivo maior ocorre sem uma história de um episódio maníaco, misto ou hipomaníaco. O episódio depressivo maior deve durar pelo menos duas semanas, e normalmente uma pessoa com esse @resumosdamed_ 5 diagnóstico também experimenta pelo menos quatro sintomas de uma lista que inclui alterações no apetite e peso, alterações no sono e na atividade, falta de energia, sentimentos de culpa, problemas para pensar e tomar decisões e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. QUADRO CLÍNICO o O humor deprimido e perda de interesses ou prazer são os sintomas fundamentais da depressão. Os indivíduos podem dizer que se sentem tristes, desesperançados, na “fossa” ou inúteis. Para um paciente, o humor deprimido muitas vezes adquire uma qualidade distinta que o diferencia da emoção normal de tristeza ou luto. o Com frequência, os pacientes descrevem os sintomas de depressãocomo uma dor emocional angustiante e, às vezes, se queixam de serem incapazes de chorar, um sintoma que se resolve quando melhoram. o Cerca de dois terços de todos os pacientes deprimidos cogitam o suicídio, e 10 a 15% cometem-no. Aqueles recentemente hospitalizados por uma tentativa ou ideação suicida têm um risco mais alto durante a vida de suicídio bem-sucedido do que aqueles que nunca foram hospitalizados pela mesma razão. o Alguns indivíduos deprimidos parecem não ter consciência de sua depressão e não se queixam de um distúrbio do humor, ainda que exibam afastamento da família, dos amigos e de atividades que antes lhes interessavam. o Quase todos os deprimidos (97%) se queixam de redução da energia, têm dificuldade de terminar tarefas, têm mau desempenho na escola e no trabalho e menos motivação para desenvolver novos projetos. o Cerca de 80% se queixam de dificuldades para dormir, especialmente de despertar matinal precoce (i.e., insônia terminal), e de despertares múltiplos ao longo da noite, durante os quais ruminam sobre seus problemas. o Muitos têm diminuição do apetite e perda de peso. Pacientes classificados com aspectos atípicos experimentam aumento do apetite e de peso e dormem por mais tempo do que o habitual. o A ansiedade é um sintoma comum da depressão e afeta até 90% de todas as pessoas deprimidas. o As várias mudanças na ingestão de alimentos e no repouso podem agravar condições clínicas coexistentes, como diabetes, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica e doenças cardíacas. Outros sintomas vegetativos incluem anormalidade na menstruação e diminuição do interesse e do desempenho nas atividades sexuais. Os problemas sexuais muitas vezes podem levar a encaminhamentos inadequados, como terapia de casais ou terapia sexual, quando os médicos falham em reconhecer o transtorno depressivo subjacente. o Cerca de 50% de todos os pacientes descrevem uma variação diurna de seus sintomas, com aumento de gravidade pela manhã e diminuição dos sintomas à noite. Os sintomas cognitivos incluem relatos subjetivos de incapacidade de se concentrar e dificuldades para pensar Ansiedade (incluindo ataques de pânico), abuso de álcool e queixas somáticas (p. ex., obstipação e cefaleias) frequentemente complicam o tratamento da depressão. DEPRESSÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES. o Fobia escolar e apego excessivo aos pais podem ser sintomas de depressão em crianças. o Mau desempenho escolar, abuso de drogas, comportamento antissocial, promiscuidade sexual, ociosidade e fuga de casa podem ser sintomas de depressão em adolescentes. DEPRESSÃO EM IDOSOS. o A depressão é mais comum em pessoas mais velhas do que na população em geral. o Vários estudos indicam que a depressão em pessoas mais velhas pode estar correlacionada a condição socioeconômica baixa, perda de um cônjuge, doença física concomitante e isolamento social. @resumosdamed_ 6 o Outros estudos indicaram que a depressão em idosos é pouco diagnosticada e raramente tratada, sobretudo por médicos gerais. O baixo reconhecimento dessa depressão pode ocorrer porque o transtorno aparece com mais frequência por meio de queixas somáticas nos idosos do que nos grupos mais jovens. Além disso, a discriminação de idade (ageismo) pode influenciar e levar os médicos a aceitar sintomas depressivos como normais em pacientes mais velhos. DIAGNÓSTICO CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO DSM-5 PARA TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. Nota: Não incluir sintomas nitidamente devidos a outra condição médica. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.) 2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.) 4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior. Nota: Respostas a uma perda significativa (p. ex., luto, ruína financeira, perdas por um desastre natural, uma doença médica grave ou incapacidade) podem incluir os sentimentos de tristeza intensos, ruminação acerca da perda, insônia, falta de apetite e perda de peso observados no Critério A, que podem se assemelhar a um episódio depressivo. Embora tais sintomas possam ser entendidos ou considerados apropriados à perda, a presença de um episódio depressivo maior, além da resposta normal a uma perda significativa, também deve ser cuidadosamente considerada. Essa decisão requer inevitavelmente o exercício do julgamento clínico baseado na história do indivíduo e nas normas culturais para a expressão de sofrimento no contexto de uma perda. o Obs.: Ao diferenciar luto de um episódio depressivo maior (EDM), é útil considerar que, no luto, o afeto predominante inclui sentimentos de vazio e perda, enquanto no EDM há humor deprimido persistente e incapacidade de antecipar felicidade ou prazer. A disforia no luto pode diminuir de intensidade ao longo de dias a semanas, ocorrendo em ondas, conheci- das como “dores do luto”. Essas ondas tendem a estar associadas a pensamentos ou lembranças do falecido. O humor deprimido de um EDM é mais persistente e não está ligado a pensamentos ou preocupações específicos. A dor do @resumosdamed_ 7 luto pode vir acompanhada de emoções e humor positivos que não são característicos da infelicidade e angústia generalizadas de um EDM. O conteúdo do pensamento associado ao luto geralmente apresenta preocupação com pensamentos e lembranças do falecido, em vez das ruminações autocríticas ou pessimistas encontradas no EDM. No luto, a autoestima costuma estar preservada, ao passo que no EDM os sentimentos de desvalia e aversão a si mesmo são comuns. Se presente no luto, a ideação autodepreciativa costuma envolver a percepção de falhas em relação ao falecido (p. ex., não ter feito visitas com frequência suficiente, não dizer ao falecido o quanto o amava). Se um indivíduo enlutado pensa em morte e em morrer, tais pensamentos costumam ter o foco no falecido e possivelmente em “se unir” a ele, enquanto no EDM esses pen- samentos têm o foco em acabar com a própria vida porcausa dos sentimentos de desvalia, de não merecer estar vivo ou da incapacidade de enfrentar a dor da depressão. D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco. Nota: Essa exclusão não se aplica se todos os episódios do tipo maníaco ou do tipo hipomaníaco são induzidos por substância ou são atribuíveis aos efeitos psicológicos de outra condição médica. EXAME PSICOPATOLÓGICO DA DEPRESSÃO DESCRIÇÃO GERAL O retardo psicomotor generalizado é o sintoma mais comum de depressão, ainda que também seja observada agitação psicomotora, sobretudo em pacientes mais velhos. Torcer as mãos e arrancar cabelos são os sintomas mais observados da agitação. De forma clássica, o indivíduo deprimido tem uma postura encurvada, sem movimentos espontâneos e com o olhar desviado para baixo, sem encarar o Humor, afeto e sentimentos: reclusão social e redução generalizada da atividade. o Fala: redução da taxa e do volume da fala; demoram a responder a perguntas e o fazem de forma monossilábica. o Distúrbios da percepção: Mesmo na ausência de delírios ou alucinações, tem depressão psicótica para alguns pacientes cuja regressão é visível – mudos, sem tomar banho e evacuando nas roupas. Delírios congruentes com o humor em uma pessoa deprimida incluem os de culpa, pecado, inutilidade, pobreza, fracasso, perseguição e doenças somáticas terminais (tais como câncer ou “apodrecimento” do cérebro). o Pensamento: visões negativas do mundo e de si próprios o Sensório e cognição • Orientação. A maioria dos pacientes deprimidos está orientada em relação a pessoa, lugar e tempo, embora alguns possam não ter energia ou interesse suficientes para responder a perguntas sobre esses assuntos • Memória. 50 a 75% de todos os pacientes deprimidos têm um comprometimento cognitivo, algumas vezes referido como pseudodemência depressiva. Esses pacientes comumente se queixam de dificuldade de concentração e de esquecimento. o Controle dos impulsos: 10 a 15% de todos os indivíduos deprimidos cometem suicídio, e cerca de dois terços têm ideação suicida. Os que apresentam aspectos psicóticos às vezes consideram matar alguém como resultado de seus sistemas delirantes, mas os mais gravemente deprimidos com frequência não têm a motivação e a energia para agir de forma impulsiva ou violenta. o Julgamento e insight: muitas vezes hiperbólicas; eles enfatizam demais seus sintomas, seu transtorno e seus problemas de vida. É difícil convencê-los de que a melhora é possível. o Confiabilidade: dão grande ênfase ao ruim e minimizam o bom. Um erro clínico comum é acreditar sem questionamento em um indivíduo deprimido que declara não ter funcionado em uma tentativa anterior com medicamentos antidepressivos. Essas @resumosdamed_ 8 afirmações podem ser falsas e necessitam de confirmação de outras fontes. ESCALAS DE AVALIAC ̧ÃO OBJETIVA DA DEPRESSÃO Escalas de avaliação objetiva da depressão podem ser úteis na prática clínica para documentar o estado clínico do paciente deprimido. o Zung. A Escala de Autoavaliação da Depressão de Zung é um relato de 20 itens. A pontuação normal é de 34 ou menos; a pontuação deprimida é de 50 ou mais. A escala fornece um índice global da intensidade dos sintomas depressivos do paciente, incluindo a ex- pressão afetiva da depressão. o Raskin. A Escala de Depressão de Raskin é avaliada pelo médico, que mede a gravidade da depressão, conforme o que ele observa e o paciente relata, em uma escala de 5 pontos de três dimensões: relato verbal, comportamento exibido e sintomas secundários. A escala tem uma variação de 3 a 13; a pontuação normal é 3, e a pontuação deprimido é 7 ou mais. o Hamilton. A Escala de Avaliação da Depressão de Hamilton (HAM- D) é amplamente utilizada com até 24 itens, sendo cada um classificado de 0 a 4 ou de 0 a 2, com a pontuação total de 0 a 76. O médico avalia as respostas do paciente a perguntas sobre sentimentos de culpa, pensamentos de suicídio, hábitos de sono e outros sintomas de depressão, e as pontuações são derivadas da entrevista clínica DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DEPRESSÃO COM OUTRAS DOENÇAS CLÍNICAS O diagnóstico de transtorno do humor devido a uma condição médica geral deve ser considerado. Deixar de obter uma boa história clínica ou de considerar o contexto da situação de vida atual do indivíduo pode levar a erros diagnósticos. Pacientes adolescentes deprimidos devem ser testados para mononucleose, e aqueles que estão acentuadamente acima ou abaixo do peso devem ser testados para disfunção suprarrenal e tireoidiana. Homossexuais, homens bissexuais e pessoas que abusam de drogas intravenosas devem ser testados para a AIDS. Pacientes mais velhos devem ser avaliados para pneumonia viral e outras condições clínicas. A maioria das causas clínicas de transtornos depressivos pode ser detectada com uma história médica abrangente, um exame físico e neurológico completo e exames de sangue e urina de rotina. A avaliação deve incluir testes para as funções tireoidiana e suprarrenal, porque doenças de ambos os sistemas endócrinos podem aparecer como transtornos depressivos. No transtorno do humor induzido por substância, uma regra razoável é que qualquer medicamento que o paciente deprimido esteja usando deve ser considerado um fator potencial para o transtorno do humor. Medicamentos cardíacos, anti- hipertensivos, sedativos, hipnóticos, antipsicóticos, antiepilépticos, antiparkinsonianos, analgésicos, antibacterianos e antineoplásicos são todos comumente associados com sintomas depressivos. Os problemas neurológicos mais comuns que manifestam sintomas depressivos são doença de Parkinson, doenças demenciais (incluindo Alzheimer), epilepsia, doenças cerebrovasculares e tumores. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL COM DISTIMIA. O aspecto mais característico da distimia, também conhecida como transtorno depressivo persistente, é a presença de um humor deprimido que dura a maior parte do dia e está presente quase continuamente. Existem sentimentos associados de inadequação, culpa, irritabilidade e raiva; afastamento da sociedade; perda de interesse; e inatividade e falta de produtividade A distimia distingue-se do transtorno depressivo maior pelo fato de os pacientes se queixarem de que sempre estiveram deprimidos. Portanto, a maioria dos casos é de início precoce, começando na infância ou na adolescência e, sem dúvida, ocorrendo na época em que os pacientes atingem a faixa dos 20 anos. @resumosdamed_ 9 Embora a distimia possa ocorrer como uma complicação secundária de outros transtornos psiquiátricos, seu conceito central se refere a um transtorno depressivo subafetivo ou subclínico com 1. cronicidade de baixo grau por pelo menos dois anos; 2. início insidioso, com origem muitas vezes na infância ou na adolescência; 3. um curso persistente ou intermitente. A história familiar de indivíduos com distimia é normalmente repleta de transtornos depressivos e bipolares, o que é um dos achados mais consistentes a apoiar seu elo com os transtornos do humor primários. TRATAMENTO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO. HOSPITALIZAÇÃO Indicações claras para hospitalização são o risco de suicídio ou homicídio, a capacidade acentuadamente reduzida do indivíduo de obter alimento e abrigo e a necessidade de procedimentos diagnósticos. Uma história de sintomas de rápida progressão e a ruptura do sistema de apoio habitual também são indicações para a hospitalização. TERAPIA PSICOSSOCIAL Embora a maioria dos estudos indique – e a maioria dos médicos e pesquisadores acredite – queuma combinação de psicoterapia e farmacoterapia é o tratamento mais eficaz para transtorno depressivo maior, alguns dados sugerem outra visão: tanto uma quanto a outra isoladas são eficientes, pelo menos em episódios depressivos maiores leves, e o uso regular da terapia combinada aumenta o custo do tratamento e expõe o paciente a efeitos adversos desnecessários. Três tipos de psicoterapia de curto prazo – terapias cognitiva, interpessoal e do comportamento – foram estudados para determinar sua eficácia no tratamento do transtorno depressivo maior. A psicoterapia de orientação psicanalítica também tem sido utilizada para transtornos depressivos, e muitos médicos a utilizam como método principal. O que a diferencia dos três métodos de psicoterapia de curto prazo são os papéis ativo e diretivo do terapeuta, os objetivos diretamente reconhecíveis e os desfechos para a terapia de curto prazo. ESTIMULAÇÃO DO NERVO VAGO A estimulação experimental do nervo vago em vários estudos sobre o tratamento de epilepsia verificou que os pacientes apresentavam melhora do humor. Essa observação levou ao uso da estimulação do nervo vago (ENV) por meio de um dispositivo eletrônico implantado na pele, semelhante a um marca-passo cardíaco. Estudos preliminares mostraram que muitos pacientes com transtorno depressivo maior recorrente, crônico, entravam em remissão quando tratados com ENV. ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA A estimulação magnética transcraniana (EMT) é promissora como tratamento para depressão. Ela envolve o uso de pulsos muito curtos de energia magnética para estimular células nervosas no cérebro. É indicada especificamente para o tratamento de depressão em adultos que não conseguiram obter uma melhora satisfatória com um medicamento antidepressivo anterior na dose e duração efetivas mínimas ou acima delas no episódio atual. Os pacientes não necessitam de anestesia ou sedação e permanecem acordados e alertas. É um procedimento ambulatorial de 40 minutos prescrito por um psiquiatra, realizado no consultório, e costuma ser administrado diariamente por 4 a 6 semanas. O evento adverso mais comum relacionado ao tratamento foi dor ou desconforto no couro cabeludo. A terapia de EMT é contraindicada para pessoas com implantes metálicos ou objetos metálicos não removíveis na ou em torno da cabeça. FOTOTERAPIA @resumosdamed_ 10 É um tratamento para transtorno afetivo sazonal (TAS). Nesse transtorno, as pessoas costumam experimentar depressão à medida que o fotoperíodo do dia diminui com a chegada do inverno. A fototerapia em geral envolve expor o paciente afetado a luz brilhante na variação de 1.500 a 10 mil lux ou mais, via de regra com uma caixa de luz sobre uma mesa ou escrivaninha. A fototerapia é, em geral, bem tolerada. Fontes luminosas mais modernas tendem a utilizar intensidades de luz mais baixas e vêm equipadas com filtros; os pacientes são instruídos a não olhar direto para a fonte de luz. Como ocorre com qualquer antidepressivo eficaz, a fototerapia, em raras ocasiões, foi implicada na mudança de alguns pacientes deprimidos para mania ou hipomania. Além da depressão sazonal, a outra principal indicação para fototerapia pode ser os transtornos do sono. Ela tem sido utilizada para diminuir a irritabilidade e a redução da função associada com mudança de turno de trabalho. Há relatos de melhora nos transtornos do sono em pacientes geriátricos com exposição a luz brilhante durante o dia. Do mesmo modo, algumas evidências sugerem que o jet lag (síndrome do fuso horário) poderia responder à terapia luminosa. Dados preliminares relatam que a fototerapia pode beneficiar alguns indivíduos com TOC que apresentam uma variação sazonal. FARMACOTERAPIA Após um diagnóstico ter sido estabelecido, uma estratégia de tratamento farmacológico pode ser formulada. O diagnóstico preciso é crucial porque os transtornos do espectro unipolar e bipolar requerem regimes de tratamento diferentes. O objetivo do tratamento farmacológico é a remissão dos sintomas, não apenas sua redução. Pacientes com sintomas residuais, em oposição à remissão total, têm mais probabilidade de vivenciar uma recidiva ou reincidência de episódios de humor e um comprometimento contínuo do funcionamento diário. Transtorno depressivo maior: A utilização da farmacoterapia específica quase duplica a chance de que um paciente deprimido se recupere em um mês. Todos os antidepressivos atualmente disponíveis podem levar até 3 a 4 semanas para exercer efeitos terapêuticos significativos, embora possam começar a apresentar seus efeitos mais cedo. A escolha dos antidepressivos é determinada pelo perfil de efeito colateral menos prejudicial a condição física, temperamento e estilo de vida de um determinado paciente. A disponibilidade de várias classes de antidepressivos, muitos com mecanismos de ação diferentes, representa evidência indireta de heterogeneidade de supostas lesões bioquímicas. Ainda que os primeiros agentes antidepressivos, os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) e os antidepressivos tricíclicos (ATCs), ainda sejam utilizados, compostos mais novos têm tornado o tratamento da depressão mais “favorável ao médico e ao paciente”. DIRETRIZES CLÍNICAS GERAIS. O erro clínico mais comum que leva a uma tentativa malsucedida de um medicamento antidepressivo é o uso de uma dosagem muito baixa por um tempo muito curto. A menos que eventos adversos impeçam, a dosagem de um antidepressivo deve ser elevada ao nível máximo recomendado e mantida nesse nível por pelo menos 4 ou 5 semanas antes que a tentativa seja considerada infrutífera. De modo alternativo, se um paciente estiver melhorando clinicamente com uma dosagem baixa do medicamento, essa dosagem não deve ser aumentada a menos que a melhora clínica pare antes de o benefício máximo ser obtido. Quando um paciente começa a não responder a dosagens adequadas de um medicamento após 2 ou 3 semanas, os médicos podem decidir pela obtenção de uma concentração plasmática desse medicamento, se houver um teste disponível. O teste pode indicar falta de adesão ou disposição farmacocinética particularmente incomum do medicamento e pode sugerir, nesse caso, uma dosagem alternativa. DURAÇÃO E PROFILAXIA. @resumosdamed_ 11 O tratamento antidepressivo deve ser mantido por pelo menos seis meses ou de acordo com a duração de um episódio anterior, o que for maior. O tratamento profilático com antidepressivos é eficaz para reduzir o número e a gravidade de reincidências. Um estudo concluiu que, quando os episódios têm um intervalo de menos de dois anos e meio, o tratamento profilático por cinco anos provavelmente seja o indicado. Outro fator que sugere tratamento profilático é a gravidade dos episódios depressivos anteriores. Episódios que envolveram ideação suicida significativa ou comprometimento do funcionamento psicossocial podem indicar a necessidade desse tratamento. Quando o tratamento antidepressivo é interrompido, a dose do medicamento deve ser diminuída gradualmente ao longo de 1 a 2 semanas, dependendo da meia-vida do composto em particular. Vários estudos indicam que a manutenção da medicação antidepressiva parece ser segura e eficaz para o tratamento da depressão crônica. SELEÇÃO DO MEDICAMENTO INICIAL A escolha do tratamento inicial depende da cronicidade da condição, do curso da doença (um curso recorrente ou crônico está associado com maior probabilidade de sintomas depressivos subsequentes sem tratamento), da história familiar de doença e resposta ao tratamento, da gravidade dos sintomas, das condições clínicas gerais ou outras condições psiquiátricas concomitantes, das respostas anteriores a outros tratamentos da fase aguda, de possíveis interações medicamentosas e da preferência do paciente. o Os tipos clínicos de episódios depressivos maiores podem ter respostas variáveis a determinados antidepressivos ou a outros agentes. Pacientescom transtorno depressivo maior com aspectos atípicos podem responder preferencialmente a tratamento com IMAOs ou ISRSs. o Antidepressivos com ação dupla tanto em receptores serotonérgicos como noradrenérgicos demonstram maior eficácia nas depressões melancólicas. o Pacientes com depressão sazonal do inverno podem ser tratados com terapia luminosa. o O tratamento de episódios depressivos maiores com aspectos psicóticos pode requerer uma combinação de um antidepressivo e um antipsicótico atípico. Vários estudos também demonstraram que a ECT é eficaz para essa indicação – talvez mais eficaz do que a farmacoterapia. ESCOLHA DE UMA SEGUNDA OPÇÃO DE TRATAMENTO. Quando o tratamento inicial for malsucedido, a mudança para um tratamento alternativo ou um reforço ao atual é uma opção comum. A escolha entre mudar de um tratamento inicial único para um novo tratamento único (em oposição a acrescentar um segundo tratamento ao primeiro) baseia-se na história de tratamento anterior do paciente, no grau de benefício alcançado com o tratamento inicial e na preferência do paciente. Via de regra, mudar em vez de acrescentar é preferível após a falha de um medicamento inicial. No entanto, estratégias de acréscimo são úteis com pacientes que obtiveram algum benefício com o tratamento inicial, mas que não alcançaram a remissão. o As estratégias de acréscimo melhor documentadas envolvem lítio ou hormônio tireoidiano. Uma combinação de um ISRS e bupropiona também é muito utilizada. o Na verdade, nenhuma estratégia de combinação demonstrou conclusivamente ser mais eficaz do que outra. A ECT é eficaz nas formas de depressão psicótica e não psicótica, mas costuma ser recomendada apenas para casos repetidamente não responsivos ou a pacientes com transtornos muito graves. Uma nova terapia envolve o uso do agente anestésico cetamina, que demonstrou eficácia na depressão resistente a tratamento. Ela tem um mecanismo de ação que inibe o receptor da proteína ligante de glutamato N-metil-D-aspartato (NDMA) pós-sináptica. Visto que as anormalidades na sinalização glutamatérgica foram implicadas no transtorno depressivo maior, isso pode explicar sua eficácia. Uma @resumosdamed_ 12 resposta positiva costuma ser observada em 24 horas, e a melhora do humor dura cerca de 2 a 7 dias. Os efeitos colaterais mais comuns são tontura, cefaleia e falta de coordenação, que são transitórios. Sintomas dissociativos, incluindo alucinações, também podem ocorrer. TRATAMENTO COMBINADO. Medicamento e psicoterapia formal são, muitas vezes, combinados na prática. Se os médicos considerarem que os transtornos do humor são, em essência, originados por questões psicodinâmicas, sua ambivalência sobre o uso de medicamentos pode resultar em uma resposta insatisfatória, falta de adesão e provavelmente dosagens inadequadas para um período de tratamento tão curto. De forma alternativa, se os médicos ignorarem as necessidades psicossociais de um paciente, o resultado da farmacoterapia pode ser comprometido. Várias tentativas de uma combinação de farmacoterapia e psicoterapia para pacientes ambulatoriais com depressão crônica mostraram resposta e taxas de remissão mais altas para a combinação do que para cada um dos tratamentos usados de maneira isolada. SUICÍDIO: EPIDEMIOLOGIA Em 2012, cerca de 804 mil pessoas morreram por suicídio em todo o mundo, o que corresponde a taxas ajustadas para idade de 11,4 por 100 mil habitantes por ano – 15,0 para homens e 8,0 para mulheres (OMS, 2014). A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, e a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. As taxas de suicídio vem aumentando globalmente. Além disso, cada suicídio tem um sério impacto na vida de pelo menos outras seis pessoas. NO BRASIL Entre 2010 e 2019, ocorreram no Brasil 112.230 mortes por suicídio, com um aumento de 43% no número anual de mortes, de 9.454 em 2010, para 13.523 em 2019. Análise das taxas de mortalidade ajustadas no período demonstrou aumento do risco de morte por suicídio em todas as regiões do Brasil. A taxa nacional em 2019 foi de 6,6 por 100 mil habitantes. Destacam-se as Regiões Sul e Centro-Oeste, com as maiores taxas de suicídio entre as regiões brasileiras. FATORES DE RISCO TENTATIVA PRÉVIA DE SUICÍDIO: É o fator preditivo isolado mais importante. Pacientes que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente. DOENÇA MENTAL: Sabemos que quase todos os suicidas tinham uma doença mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente não tratada ou não tratada de forma adequada. Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas e transtornos de personalidade e esquizofrenia. Pacientes com múltiplas comorbidades psiquiátricas têm um risco aumentado, ou seja, quanto mais diagnósticos, maior o risco. DESESPERANÇA, DESESPERO, DESAMPARO E IMPULSIVIDADE: Esses sentimentos são fortemente associados ao suicídio (deve estar atento pois desesperança pode persistir mesmo após a remissão de outros sintomas depressivos). A impulsividade, principalmente entre jovens e adolescentes, figura como importante fator de risco. A combinação de impulsividade, desesperança e abuso de substâncias pode ser particularmente letal. IDADE: O suicídio em jovens aumentou em todo o mundo nas últimas décadas. Os comportamentos suicidas entre jovens e adolescentes, incluem humor depressivo, abuso de substâncias, problemas emocionais, familiares e sociais, história familiar de transtorno psiquiátrico, rejeição familiar, negligência, além de abuso físico e sexual na infância. O suicídio também é elevado entre os idosos, devido a fatores como: perda de parentes, sobretudo do cônjuge; solidão; @resumosdamed_ 13 existência de enfermidades degenerativas e dolorosas; sensação de estar dando muito trabalho à família e ser um peso morto para os outros. GÊNERO: Os óbitos por suicídio são em torno de três vezes maiores entre os homens do que entre mulheres. Inversamente, as tentativas de suicídio são, em média, três vezes mais frequentes entre as mulheres. Atualmente, há evidências de que os conflitos em torno da identidade sexual causem um maior risco de comportamento suicida, DOENÇAS CLÍNICAS NÃO PSIQUIÁTRICAS: Doenças clínicas não psiquiátricas foram associadas ao suicídio de maneira independente de outros dois fatores de risco bem estabelecidos, como a depressão e o abuso de substâncias. As taxas de suicídio são maiores em pacientes com câncer; HIV; doenças neurológicas, como esclerose múltipla, doença de Parkinson, doença de Huntington e epilepsia; doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico; doença pulmonar obstrutiva crônica; além de doenças reumatológicas, como o lúpus eritematoso sistêmico. Os sintomas não responsivos ao tratamento e os primeiros meses após o diagnóstico também constituem situações de risco. Pacientes com doenças clínicas crônicas apresentam comorbidades com transtornos psiquiátricos, com taxas variando de 52% a 88%. Portanto, é necessário rastrear sintomas depressivos e comportamento suicida nesses pacientes, especialmente diante de problemas de adesão ao tratamento. EVENTOS ADVERSOS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA: Maus tratos, abuso físico e sexual, pais divorciados, transtorno psiquiátrico familiar, entre outros fatores, podem aumentar o risco de suicídio. Na assistência ao adolescente, os médicos, os professores e os pais devem estar atentos para o abuso ou a dependência de substâncias associados à depressão, ao desempenho escolar pobre, aos conflitos familiares, à incerteza quanto à orientação sexual, à ideação suicida, ao sentimento de desesperança e à falta de apoio social. Um fator de risco adicionalde adolescentes é o suicídio de figuras proeminentes ou de indivíduo que o adolescente conheça pessoalmente. Existe, também, o fenômeno dos suicidas em grupo ou comunidades semelhantes que emitem o estilo de vida. HISTÓRIA FAMILIAR E GENÉTICA: O risco de suicídio aumenta entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativa de suicídio. Estudos de genética epidemiológica mostram que há componentes genéticos, assim como ambientais envolvidos. O risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou. FATORES SOCIAIS: Quanto menos laços sociais tem um indivíduo, maior o risco de suicídio. As pessoas que emigram são, pela sua própria definição privada de apoios sociais estáveis, mais suscetíveis ao suicídio. No entanto, novamente o próprio fato de migração não deve ser utilizado a fim de minimizar a importância de perturbações mentais, quando estas estão presentes. Desempregados com problemas financeiros ou trabalhadores não qualificados têm maior risco de suicídio: a taxa referente a mortes deste tipo aumenta em períodos de recessão econômica, principalmente nos três primeiros meses da mudança de situação financeira ou de desemprego. Viver sozinho parece aumentar o risco de suicídio, com taxas mais elevadas entre indivíduos divorciados ou que nunca se casaram. FATORES PROTETORES: Autoestima elevada; bom suporte familiar; laços sociais bem estabelecidos com família e amigos; religiosidade independente da afiliação religiosa e razão para viver; ausência de doença mental; estar empregado; ter crianças em casa; senso de responsabilidade com a família; gravidez desejada e planejada; capacidade de adaptação positiva; capacidade de resolução de problemas e relação terapêutica positiva, além de acesso a serviços e cuidados de saúde mental. Obs.: Durante uma avaliação do risco de suicídio em um indivíduo, os fatores de proteção não devem ser usados para obscurecer aqueles fatores que identificam o risco de suicídio. ABORDAGEM E MANEJO DO COMPORTAMENTO SUICIDA. @resumosdamed_ 14 O primeiro passo é a identificação dos indivíduos de risco por meio da avaliação clínica periódica que inclui uma entrevista clínica e, frequentemente, a coleta de dados junto a terceiros. A OMS aponta três características psicopatológicas comuns no estado mental dos suicidas. São elas: 1. Ambivalência: o desejo de viver e de morrer se confundem no sujeito. Há urgência em sair da dor e do sofrimento com a morte, entretanto há o desejo de sobreviver a esta tormenta. Muitos não aspiravam realmente morrer, apenas queriam sair do sentimento momentâneo de infelicidade, acabar com a dor. Se for dado oportunamente o apoio emocional necessário para reforçar o desejo de viver, logo a intenção e o risco de sui- cídio diminuirão. 2. Impulsividade: o suicídio, por mais planejado que seja, parte de um ato que é usualmente motivado por eventos negativos. O impulso para cometer suicídio é transitório e tem duração de alguns minutos ou horas. Pode ser desencadeado por eventos psicossociais negativos do dia a dia e por situações como: rejeição; recriminação; fracasso; falência; morte de ente querido; entre outros. Acolher a pessoa durante a crise com ajuda empática adequada pode interromper o impulso suicida do paciente. 3. Rigidez: quando uma pessoa decide terminar com a sua vida, os seus pensamentos, sentimentos e ações apresentam-se muito restritivos, ou seja, ela pensa constantemente sobre o suicídio e é incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar ou de sair do problema. Estas pessoas pensam rígida e dramaticamente pela distorção que o sofrimento emocional impõe. Todo o comportamento está inflexível quanto à sua decisão: as ações estão direcionadas ao suicídio e a única saída possível que se apresenta é a morte; por isso é tão difícil encontrar, sozinho, alguma alternativa. O funcionamento mental gira em torno de três sentimentos: intolerável (não suportar); inescapável (sem saída); e interminável (sem fim). Existe uma distorção da percepção de realidade com avaliação negativa de si mesmo, do mundo e do futuro. Há um medo irracional e uma preocupação excessiva. O passado e o presente reforçam seu sofrimento e o futuro é sombrio, sem perspectiva e com ausência de planos. Surge a ideação e a tentativa de suicídio, que pode culminar com o ato suicida. O peso da decisão de morrer repousa na interpretação dos eventos e a maioria das pessoas, quando saudável, não interpreta nenhum evento como devastador o suficiente para justificar o ato extremo. Todas as avaliações devem pesquisar: a) Se a pessoa possui uma doença mental e qual doença, nem como sintomas proeminentes. b) O histórico suicida do individuo ou antecedentes familiares de tentativas e/ou suicídio. c) Se pessoa tem pensamentos atuais de morte, pensamentos de suicídio, tem planos e/ou meios para se matar. Avaliar desespero, desesperança e desamparo. d) Características de personalidade: Resiliência, respostas anteriores a situações estressoras, tolerância à dor psíquica, julgamento adequado ou não à realidade. Considerar sempre a presença de impulsividade e agressividade. e) Fatores estressores crônicos e recentes: A pessoa passa por situações estressoras recentes, como migração, separação conjugal ou perda de uma pessoa próxima. Estressores considerados socialmente humilhantes podem ter risco ainda maior (falência; prisão; traição conjugal perda do emprego) f) Fatores psicossociais e demográficos: Situação laboral (estar desempregado ou aposentado); estado marital (viúvos, separados, solteiros), religiosidade; história de abuso físico ou sexual na infância/adolescência; idade entre 15 e 30 anos ou acima de 65 anos; e ser do sexo masculino. g) Presença de outras doenças @resumosdamed_ 15 AVALIAÇÃO DO RISCO Após uma avaliação detalhada da história do indivíduo, incluído suicidabilidade e doença mental, vamos estabelecer o nível do risco e a conduta a ter para reduzi-lo. RISCO BAIXO A pessoa teve alguns pensamentos suicidas, mas não fez nenhum plano. MANEJAR: o Escuta acolhedora para compreensão e amenização de sofrimento; o Facilitar a vinculação do sujeito ao suporte e ajuda possível ao seu redor – social e institucional; o Tratamento de possível transtorno psiquiátrico. ENCAMINHAR: o Caso não haja melhora, encaminhe para profissional especializado; o Esclareça ao paciente os motivos do encaminhamento; o Certifique-se do atendimento e agilize ao máximo, tendo em vista a excepcionalidade do caso; o Tente obter uma contrarreferência do atendimento. RISCO MÉDIO A pessoa tem pensamentos e planos, mas não pretende cometer suicídio imediatamente. MANEJAR: o Total cuidado com possíveis meios de cometer suicídio que possam estar no próprio espaço de atendimento; o Escuta terapêutica que o possibilite falar e clarificar para si sua situação de crise e sofrimento; o Realização de contrato terapêutico de não suicídio; o Investimento nos possíveis fatores protetivos do sui- cídio; o Facha da família e amigos do paciente os verdadeiros parceiros no acompanhamento do mesmo. ENCAMINHAR: o Encaminhar para o serviço de psiquiatria para avaliação e conduta ou agendar uma consulta o mais breve possível; o Peça autorização para entrar em contato com a família, os amigos e/ou colegas e explique a situação sem alarmar ou colocar panos quentes, informando o necessário e preservando o sigilo de outras informações sobre particularidades do indivíduo; o Oriente sobre medidas de prevenção, como: esconder armas; facas; cordas; deixar medicamentos em local que a pessoa não tenha acesso etc. RISCO ALTO o A pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-lo e planeja fazê- lo prontamente; o Tentou suicídio recentemente e apresenta rigidez quanto à uma nova tentativa; o Tentou várias vezes em um curto espaço de tempo. MANEJAR:o Estar junto da pessoa. Nunca deixá-la sozinha; o Total cuidado com possíveis meios de cometer suicídio que possam estar no próprio espaço de atendimento; o Realização de contrato de “não suicídio”; o Informar a família da forma já sugerida. ENCAMINHAR: o Encaminhar para o serviço de psiquiatria para avaliação, conduta e, se necessário, internação. Caso não seja possível, considere o caso como emergência e entre em contato com um profissional da saúde mental ou do serviço de emergência mais próximo. Providencie uma ambulância e encaminhe a pessoa ao pronto- socorro psiquiátrico, de preferência. @resumosdamed_ 16 URGÊNCIA/EMERGÊNCIA O manejo do paciente na urgência/emergência terá três objetivos: reduzir o risco imediato; manejo dos fatores predisponentes; e acompanhamento. o Vigilância 24 horas deve ser estruturada por alguém da equipe de saúde ou cuidador, se for avaliado como capacitado, até a reavaliação médica. Utensílios que podem ser usados para machucar (facas, instrumentos pontiagudos, remédios, cintos e cordas) devem ser retirados do acesso do paciente, assim como a bolsa do mesmo deve ser revistada para avaliar a presença destes. Portas, inclusive do banheiro, não devem ser trancadas. o A transferência de pacientes entre instituições deve ser feita de ambulância, e não pelos familiares; o Os pacientes com alto risco de suicídio e frágil suporte social devem ser internados em instituição especializada; o Em casos graves, a eletroconvulsoterapia pode ser uma opção para um resultado em curto prazo. REFERÊNCIAS: 1. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 2. Suicídio: informando para prevenir. Brasília: Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), 2014, disponível em https://www.abp.org.br/cartilha-combate-suicidio. 3. https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de- conteudo/publicacoes/boletins/boletins- epidemiologicos/edicoes/2021/boletim_epidemiologico_svs_33_fina l.pdf
Compartilhar