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Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a TUTORIA SP 1.1 - “RETRATO…” 1 - Compreender transtorno depressivo (conceito, tipos, classificação, epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e diagnóstico diferencial). 2 - Identificar o tratamento farmacológico, não farmacológico e o prognóstico da depressão. 3 - Explanar sobre o suicídio (tentativa de autoextermínio). 4 - Diferenciar luto e depressão e conhecer as fases do luto. 5 - Entender a importância da relação médico-paciente e apoio familiar. ________________________________________________________________________________________________ ______ 1 - Compreender transtorno depressivo (conceito, tipos, classificação, epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e diagnóstico diferencial). CONCEITO, TIPOS E CLASSIFICAÇÃO: O humor pode ser definido como uma emoção ou um tom de sentimento difuso e persistente que influencia o comportamento de uma pessoa e colore sua percepção de ser no mundo, de modo que pode ser descrito e adjetivado de várias maneiras (triste, ansioso), ou seja, o humor é a exteriorização do estado emocional da pessoa. Os transtornos do humor – antes chamados de psicoses maníaco-depressivas – são condições clínicas caracterizadas pela perda de senso de controle das expressões afetivas marcado por uma experiência enorme de sofrimento, constituindo uma categoria importante de doença psiquiátrica. Segundo o DSM-V os transtorno depressivos incluem transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior), transtorno depressivo persistente (distimia), transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado. O humor pode se apresentar de forma constante ou variável, flutuante, e, até mesmo, alternar rapidamente entre os extremos. São características presentes nos transtornos de humor mudança do nível de afetividade, na capacidade cognitiva, na fala e nas funções vegetativas (sono, apetite, atividade sexual e ritmos biológicos). Os transtornos de humor apresentam três categorias adicionais que são hipomania, ciclotimia e distimia. - DEPRESSÃO: Um transtorno depressivo maior ocorre sem uma história de um episódio maníaco, misto ou hipomaníaco. O episódio depressivo maior deve durar pelo menos duas semanas, e normalmente uma pessoa com esse diagnóstico também experimenta pelo menos quatro sintomas de uma lista que inclui alterações no apetite e peso, alterações no sono e na atividade, falta de energia, sentimentos de culpa, problemas para pensar e tomar decisões e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. - MANIA/HIPOMANIA: Um episódio maníaco é um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável que dura pelo menos uma semana, ou menos se o paciente tiver de ser hospitalizado. Um episódio hipomaníaco dura pelo menos quatro dias e é semelhante a um episódio maníaco, exceto por não ser grave o suficiente para causar comprometimento no funcionamento social ou ocupacional e por aspectos psicóticos não estarem presentes. Tanto a mania como a hipomania estão associadas com autoestima inflada, necessidade de sono diminuída, distratibilidade, grande atividade física e mental e envolvimento excessivo em comportamento prazeroso. O transtorno bipolar I é definido como tendo um curso clínico de um ou mais episódios maníacos e, às vezes, episódios depressivos maiores. Um episódio misto é um período de pelo menos uma semana no qual tanto um episódio maníaco quanto um episódio depressivo maior ocorrem quase Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a diariamente. Uma variante de transtorno bipolar caracterizada por episódios de depressão maior e hipomania, em vez de mania, é conhecida como transtorno bipolar II. - DISTIMIA E CICLOTIMIA: Ambos são caracterizados pela presença de sintomas menos graves do que os de transtorno depressivo maior e de transtorno bipolar I, respectivamente. A distimia é caracterizada por pelo menos dois anos de humor deprimido não grave o suficiente para receber o diagnóstico de episódio depressivo maior. O transtorno ciclotímico é caracterizado por pelo menos dois anos de ocorrência frequente de sintomas hipomaníacos ou flutuações constantes no estado de humoor que não podem ser diagnosticados como um episódio maníaco e de sintomas depressivos que não podem ser diagnosticados como um episódio depressivo maior. EPIDEMIOLOGIA: Os transtornos do humor são comuns. Nos levantamentos mais recentes, o transtorno depressivo maior tem a prevalência mais alta ao longo da vida (quase 17%) de todos os transtornos psiquiátricos. As taxas de prevalência ao longo da vida de diferentes formas de transtorno depressivo, de acordo com levantamentos da comunidade. A taxa de prevalência ao longo da vida para depressão maior é de 5 a 17%. A incidência anual de doença bipolar é geralmente considerada inferior a 1%, mas ela é difícil de estimar, porque formas mais leves desse transtorno muitas vezes passam despercebidas. A prevalência é duas vezes maior de transtorno depressivo maior em mulheres do que em homens. As hipóteses envolvem diferenças hormonais, os efeitos do parto, estressores psicossociais diferentes para mulheres e para homens e modelos comportamentais de impotência aprendida. Em contraste com o transtorno depressivo maior, o transtorno bipolar I tem uma prevalência igual entre homens e mulheres. Episódios maníacos são mais comuns em homens, e episódios depressivos são mais comuns em mulheres. Quando episódios maníacos ocorrem em mulheres, elas têm mais probabilidade do que os homens de apresentar um quadro misto (p. ex., mania e depressão). As mulheres também têm uma taxa mais alta de ciclagem rápida, definida como quatro ou mais episódios maníacos no período de um ano. A idade de início do transtorno bipolar I é mais precoce do que a do depressivo maior, variando da infância (a partir dos 5 ou 6 anos) aos 50 anos, ou até mais, em casos raros, com idade média de 30 anos. A idade média de início para transtorno depressivo maior é em torno dos 40 anos, com 50% de todos os pacientes tendo início entre os 20 e os 50 anos. Esse transtorno também pode iniciar na infância ou na velhice. Dados epidemiológicos recentes revelam que a incidência de transtorno depressivo maior pode estar aumentando entre pessoas com menos de 20 anos. É possível que isso esteja relacionado ao aumento do uso de álcool e do abuso de drogas nessa faixa etária. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a O transtorno depressivo maior ocorre mais frequentemente em pessoas sem relacionamentos interpessoais íntimos e naquelas que são divorciadas ou separadas. Não foi encontrada correlação entre condição socioeconômica e transtorno depressivo maior. Uma incidência mais alta do que a média de transtorno bipolar I é encontrada entre os grupos socioeconômicos mais altos; entretanto, ele é mais comum em pessoas que não têm curso superior do que naquelas com diploma universitário, o que também pode refletir a idade de início relativamente precoce para o transtorno. A depressão é mais comum em áreas rurais do que em áreas urbanas. A prevalência de transtorno do humor não difere entre as raças. Contudo, existe uma tendência dos examinadores a diagnosticar menos transtorno do humor e mais esquizofrenia em pacientes cuja base racial ou cultural difira da sua. Indivíduos com transtornos depressivos maiores têm maior risco de apresentar um ou mais transtornos comórbidos. Os mais frequentes são abuso ou dependência de álcool, transtornos de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de ansiedade social. De modo inverso, indivíduos com transtornos por uso de substâncias e de ansiedade também têm um risco elevado de transtorno do humor comórbido atual ou ao longo da vida. Tanto no transtorno unipolar como no bipolar, enquanto os homens apresentamcom mais frequência transtornos por uso de substâncias, as mulheres têm transtornos de ansiedade ou alimentares comórbidos. FISIOPATOLOGIA: 1- FATORES BIOLÓGICOS: Muitos estudos relataram anormalidades biológicas em pacientes com transtornos do humor. Até recentemente, os neurotransmissores monoaminégicos –norepinefrina, dopamina, serotonina e histamina – eram o centro das teorias e da pesquisa sobre a etiologia desses transtornos. Os sistemas monoaminérgicos, portanto, são agora considerados sistemas neuromodulares, mais amplos, e os distúrbios tendem a ser efeitos tanto secundários ou epifenomenais quanto relacionados direta ou causalmente com a etiologia e a patogenia. Norepinefrina: A correlação sugerida por estudos de ciências básicas entre a down regulation dos receptores -adrenérgicos e as respostas clínicas aos antidepressivos é provavelmente a evidência isolada mais convincente indicando um papel direto do sistema noradrenérgico na depressão. Outras evidências implicaram também os receptores Beta2 pré-sinápticos na depressão, visto que sua ativação resulta em redução da quantidade de norepinefrina liberada. Esses receptores também estão localizados nos neurônios serotonérgicos e regulam a quantidade de serotonina liberada. A eficácia clínica dos antidepressivos com efeitos noradrenérgicos apoia ainda mais um papel da norepinefrina na fisiopatologia de pelo menos alguns dos sintomas da depressão. Serotonina: Com o forte efeito que os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) têm sobre a depressão, a serotonina se tornou o neurotransmissor mais comumente associado à depressão. A identificação de múltiplos subtipos de receptores serotonérgicos também aumentou a expectativa da comunidade de pesquisa sobre o desenvolvimento de tratamentos ainda mais específicos para depressão. A depleção da serotonina pode precipitar depressão, e alguns pacientes com impulsos suicidas têm concentrações baixas de metabólitos da serotonina no líquido cerebrospinal (LCS) e concentrações baixas de zonas de captação de serotonina nas plaqueta. Dopamina: Dados indicam que sua atividade pode estar reduzida na depressão e aumentada na mania. A descoberta de novos subtipos de receptores de dopamina e o aumento no entendimento da regulação pré e pós-sináptica de sua função enriqueceram ainda mais a pesquisa sobre a relação entre a dopamina e os transtornos do humor. Os medicamentos que reduzem as concentrações da dopamina e as doenças que também têm esse efeito (p. ex., doença de Parkinson) estão associados com sintomas depressivos. Em contraste, medicamentos que Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a aumentam suas concentrações reduzem os sintomas de depressão. Duas teorias recentes sobre dopamina e depressão são que a via mesolímbica da dopamina pode ser disfuncional e que seu receptor D1 pode ser hipoativo na depressão. Outros distúrbios de neurotransmissores: Níveis anormais de colina, que é um precursor de ACh, foram encontrados na necropsia de cérebros de alguns pacientes deprimidos, talvez refletindo anormalidades na composição de fosfolipídeo das células. Agentes agonistas e antagonistas colinérgicos têm efeitos clínicos diferentes sobre depressão e mania. Os agonistas podem produzir letargia, falta de energia e retardo psicomotor em indivíduos saudáveis, exacerbar os sintomas na depressão e reduzir os sintomas na mania. Esses efeitos em geral não são suficientemente fortes para ter implicações clínicas. Os agonistas colinérgicos podem induzir alterações na atividade hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal (HHS) e no sono que imitam aquelas associadas com depressão grave. O GABA tem um efeito inibidor sobre as vias ascendentes monoaminérgico, particularmente os sistemas mesocortical e mesolímbico. Reduções dos níveis plasmático de GABA foram observadas na depressão. Estudos com animais revelaram que o estresse crônico pode reduzir e esgotar os níveis de GABA. Por sua vez, os receptores de GABA sofrem regulação ascendente por antidepressivos, e alguns medicamentos GABAérgicos têm efeitos antidepressivos fracos. Alteração da regulação hormonal: Alterações duradouras nas respostas neuroendócrinas e comportamentais podem resultar de estresse precoce grave. Estresse prolongado, portanto, pode induzir alterações no estado funcional dos neurônios e acabar levando a morte celular. Atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal - HHS elevada é uma característica de respostas a estresse em mamíferos e uma das ligações mais claras entre depressão e a biologia do estresse crônico. Hipercortisolemia na depressão sugere um ou mais dos seguintes distúrbios centrais: tônus inibitório de serotonina diminuído; impulso aumentado de norepinefrina, ACh ou hormônio liberador de corticotrofina (CRH); ou diminuição da inibição do feedback do hipocampo. Atividade do eixo tireoidiano: Aproximadamente 5 a 10% das pessoas avaliadas para depressão têm disfunção tireoidiana ainda não detectada, conforme refletido por nível basal do hormônio estimulante da tireoide (TSH) elevado. Até o momento, a principal implicação terapêutica de uma resposta de TSH embotada é a evidência de um risco aumentado de recaída apesar da terapia antidepressiva preventiva. Hormônio do crescimento: O hormônio do crescimento (GH) é secretado da hipófise anterior após estimulação por norepinefrina (NE) e dopamina. A secreção é inibida por somatostatina, um neuropeptídeo hipotalâmico, e por CRH. Níveis de somatostatina do LCS diminuídos foram relatados na depressão e níveis aumentados foram observados na mania. Prolactina: A prolactina é liberada da hipófise pela estimulação da serotonina e é inibida por dopamina. A maioria dos estudos não encontrou anormalidades significativas da secreção de prolactina basal ou circadiana na depressão, embora uma resposta embotada a vários agonistas de serotonina tenha sido descrita. Alterações da neurofisiologia do sono: A depressão está associada com perda prematura do sono profundo (de onda lenta) e aumento no despertar noturno. Este último é refletido por quatro tipos de distúrbio: (1) aumento nos despertares noturnos, (2) redução no tempo de sono total, (3) aumento do sono de movimentos oculares rápidos (REM) fásico e (4) aumento da temperatura corporal. Cerca de 10% dos indivíduos saudáveis têm perfis de sono anormais. Distúrbios imunológicos: Os transtornos depressivos estão associados com várias anormalidades imunológicas, incluindo diminuição da proliferação de linfócitos em resposta a mitógenos e outras formas de imunidade celular comprometida. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a Imagem cerebral estrutural e funcional: Além disso, anormalidades no parênquima cerebral podem ser vistas em exames de imagem. Aumento ventricular, atrofia cortical e alargamento sucal estão presentes. A redução do hipocampo e núcleo caudado culminam em distúrbios neurocomportamentais. Um achado na tomografia com emissão de pósitrons foi uma redução da atividade metabólica do hemisfério esquerdo. Outros achados também foram evidenciados, como redução do fluxo sanguíneo nessas regiões. Além de uma redução global do metabolismo cerebral anterior, foi observado aumento do metabolismo da glicose em diversas regiões límbicas. Considerações neuroanatômicas: Tanto os sintomas de transtornos do humor como os achados das pesquisas biológicas apoiam a hipótese de que os transtornos do humor envolvem patologia do cérebro. A neurociência afetiva moderna focaliza-se na importância de quatro regiões cerebrais na regulação das emoções normais: o córtex pré-frontal (CPF), o cingulado anterior, o hipocampo e a amígdala. O CPF é considerado a estrutura que contém representações de objetivos e as respostas adequadas para alcançá-lo. Pensa-se que o córtex cingulado anterior (CCA) sirva como ponto de integração de estímulos atencionais e emocionais. O hipocampo está mais claramente envolvido em várias formas de aprendizagem e memória, incluindo o condicionamento do medo, bem como na regulação inibitóriada atividade do eixo HHS. A amígdala parece ser um local crucial para o processamento de estímulos novos de significado emocional e para a coordenação e organização de respostas corticais. 2- FATORE GENÉTICOS: Inúmeros estudos de famílias, de adoção e de gêmeos há muito têm documentado a hereditariedade dos transtornos do humor. Recentemente, entretanto, o foco primário dos estudos genéticos tem sido identificar genes específicos de suscetibilidade usando métodos genéticos moleculares. Estudo de famílias: Dados familiares indicam que, se um dos genitores tem um transtorno do humor, um dos filhos tem um risco entre 10 e 25% de também apresentá-lo. Se ambos os genitores são afetados, o risco praticamente duplica. Quanto mais membros da família forem afetados, maior o risco para um filho. O risco é maior se os afetados forem parentes em primeiro grau. Estudos de ligação: Marcadores de DNA são usados para rastrear a segregação de regiões cromossômicas específicas em famílias afetadas com o transtorno. Os cromossomos 18q e 22q são as duas regiões com evidência mais forte de ligação a transtorno bipolar. Vários estudos de ligação encontraram evidências do envolvimento de genes específicos em subtipos clínicos. Outro estudo relatou evidência de uma interação gene-ambiente no desenvolvimento de depressão maior. Foi demonstrado que indivíduos com eventos de vida adversos em geral tinham risco aumentado para depressão. Destes, entretanto, aqueles com uma variante no gene transportador de serotonina apresentavam o maior aumento no risco. 3- FATORE PSICOSSOCIAIS Acontecimentos de vida e estresse ambiental: Uma observação clínica de longa data é a de que eventos de vida estressantes mais frequentemente precedem os primeiros episódios de transtornos do humor, e não os subsequentes, resultando em mudanças duradouras na biologia do cérebro. Essas mudanças podem alterar os estados funcionais de vários neurotransmissores e sistemas sinalizadores intraneuronais, mudanças que podem incluir mesmo a perda de neurônios e uma redução excessiva de contatos sinápticos. Os eventos de vida mais associados com a depressão incluem a perda dos genitores, a perda do cônjuge, o desemprego e a culpa. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a QUADRO CLÍNICO: Os dois padrões básicos de sintomas nos transtornos do humor são depressão e mania. As manifestações clínicas, ou chamadas de síndromes depressivas, têm como elemento central o humor entristecido. 1- EPISÓDIOS DEPRESSIVOS: O humor deprimido e a perda de interesses ou prazer são os sintomas fundamentais da depressão. Os indivíduos podem dizer que se sentem tristes, desesperançados, na “fossa” ou inúteis. Para um paciente, o humor deprimido muitas vezes adquire uma qualidade distinta que o diferencia da emoção normal de tristeza ou luto. Com frequência, os pacientes descrevem os sintomas de depressão como uma dor emocional angustiante e, às vezes, se queixam de serem incapazes de chorar, um sintoma que se resolve quando melhoram. Cerca de dois terços de todos os pacientes deprimidos cogitam o suicídio, e 10 a 15% cometem-no. Alguns indivíduos deprimidos parecem não ter consciência de sua depressão. Quase todos os deprimidos (97%) se queixam de redução da energia, têm dificuldade de terminar tarefas, têm mau desempenho na escola e no trabalho e menos motivação para desenvolver novos projetos. Cerca de 80% se queixam de dificuldades para dormir, e muitos têm diminuição do apetite e perda de peso. A ansiedade é um sintoma comum, assim como o abuso de álcool e queixas somáticas. Outros sintomas vegetativos incluem anormalidade na menstruação e diminuição do interesse e do desempenho nas atividades sexuais. (1) sintomas afetivos – tristeza, melancolia, sentimento de falta de sentimento, incapacidade de sentir prazer (anedonia) e irritabilidade aumentada; (2) alterações físicas – fadiga, cansaço fácil, distúrbios do sono, perda ou aumento do apetite, distúrbio sexual, alterações na menstruação e cefaleia; (3) distúrbios do pensamento – ideação negativa, arrependimento, culpa, abandono e autopunição; (4) alterações da autovaloração – sentimento de baixa autoestima e desvalia; (5) alterações da psicomotricidade e violação – lentificação psicomotora, redução do tom de voz; (6) alterações cognitivas – dificuldade de concentração, esquecimento e dificuldade de tomada de decisões; (7) sintomas psicóticos – ideias delirantes com conteúdo negativo, alucinações auditivas. EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: Fobia escolar e apego excessivo aos pais podem ser sintomas de depressão em crianças. Mau desempenho escolar, abuso de drogas, comportamento antissocial, promiscuidade sexual, ociosidade e fuga de casa podem ser sintomas de depressão em adolescentes. EM IDOSOS: É mais comum em pessoas mais velhas do que na população em geral. O baixo reconhecimento dessa depressão pode ocorrer porque o transtorno aparece com mais frequência por meio de queixas somáticas nos idosos do que nos grupos mais jovens. Assim como a discriminação de idade (ageismo) pode influenciar e levar os médicos a aceitar sintomas depressivos como normais. 2- EPISÓDIOS MANÍACOS: Um estado de humor elevado, expansivo ou irritável é a característica de um episódio maníaco. Os pacientes muitas vezes exibem uma mudança do humor predominante, de euforia no início do curso da doença para uma posterior irritabilidade. Os pacientes agem de maneira impulsiva e, ao mesmo tempo, com um sentido de convicção e propósito. Estão frequentemente preocupados com ideias religiosas, políticas, financeiras, sexuais ou persecutórias que podem evoluir para sistemas delirantes complexos. Algumas vezes, sofrem regressão e brincam com sua urina e suas fezes. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a EM ADOLESCENTES: Os sintomas podem incluir psicose, abuso de álcool ou outras substâncias, tentativas de suicídio, problemas escolares, ruminação filosófica, sintomas de TOC, queixas somáticas múltiplas, irritabilidade acentuada levando a brigas e a outros comportamentos antissociais. 3- TRANSTORNO BIPOLAR II: As características clínicas de transtorno bipolar II são as do transtorno depressivo maior combinadas com as de um episódio hipomaníaco. Pode estar associado com problemas conjugais e ter início mais precoce. Possui risco mais alto tanto de tentar quanto de completar o suicídio do que os que apresentam transtorno bipolar I e transtorno depressivo maior. 4- TRANSTORNOS COEXISTENTES: Ansiedade, dependência de álcool, outros transtornos relacionados a substâncias, e condições clínicas. DIAGNÓSTICO: TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR EPISÓDIO ÚNICO/RECORRENTE: A depressão pode ocorrer como um episódio único ou ser recorrente. A diferenciação entre esses pacientes e os que têm dois ou mais episódios de transtorno depressivo maior é justificada pelo curso incerto do transtorno dos primeiros. Indivíduos que estão vivenciando pelo menos um segundo episódio de depressão são classificados com transtorno depressivo maior, recorrente. O DSM-5 exige que episódios distintos de depressão sejam separados por pelo menos dois meses, durante os quais o paciente não tenha sintomas significativos de depressão. A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido (Tristeza) ou (2) perda de interesse ou prazer (Anedonia). Nota: Não incluir sintomas nitidamente devidos a outra condição médica. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex.,parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.) 2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 3. Perda ou ganho significativode peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.) 4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior. Nota: Respostas a uma perda significativa (p. ex., luto, ruína financeira, perdas por um desastre natural, uma doença médica grave ou incapacidade) podem incluir os sentimentos de tristeza intensos, ruminação acerca da perda, insônia, falta de apetite e perda de peso observados no Critério A, que podem se assemelhar a um episódio depressivo. E mbora tais sintomas possam ser entendidos ou considerados apropriados à perda, a presença de um episódio depressivo maior, além da resposta normal a uma perda significativa, também deve ser cuidadosamente considerada. Essa decisão requer inevitavelmente o exercício do julgamento clínico baseado na história do indivíduo e nas normas culturais para a expressão de sofrimento no contexto de uma perda. Ao diferenciar luto de um episódio depressivo maior (EDM), é útil considerar que, no luto, o afeto predominante inclui sentimentos de vazio e perda, enquanto no EDM há humor deprimido persistente e incapacidade de antecipar felicidade ou prazer. A disforia no luto pode diminuir de intensidade ao longo de dias a semanas, ocorrendo em ondas, conhecidas como “dores do luto”. Essas ondas tendem a estar associadas a pensamentos ou lembranças do falecido. O humor deprimido de um EDM é mais persistente e não está ligado a pensamentos ou preocupações específicos. A dor do luto pode vir acompanhada de emoções e humor positivos que não são característicos da infelicidade e angústia generalizada de um EDM. O conteúdo do pensamento associado ao luto geralmente apresenta preocupação com pensamentos e lembranças do falecido, em vez das ruminações autocríticas ou pessimistas encontradas no EDM. No luto, a autoestima costuma estar preservada, ao passo que no EDM os sentimentos de desvalia e aversão a si mesmo são comuns. Se presente no luto, a ideação autodepreciativa costuma envolver a percepção de falhas em relação ao falecido (p. ex., não ter feito visitas com frequência suficiente, não dizer ao falecido o quanto o amava). Se um indivíduo enlutado pensa em morte e em morrer, tais pensamentos costumam ter o foco no falecido e possivelmente em “se unir” a ele, enquanto no EDM esses pensamentos têm o foco em acabar com a própria vida por causa dos sentimentos de desvalia, de não merecer estar vivo ou da incapacidade de enfrentar a dor da depressão. D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco. Nota: Essa exclusão não se aplica se todos os episódios do tipo maníaco ou do tipo hipomaníaco são induzidos por substância ou são atribuíveis aos efeitos psicológicos de outra condição médica. O código diagnóstico para transtorno depressivo maior está baseado em se este é um episódio único ou recorrente, gravidade atual, presença de características psicóticas e estado de remissão. A gravidade atual e as características psicóticas são indicadas apenas se todos os critérios são satisfeitos atualmente para um episódio depressivo maior. Os especificadores de remissão são Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a indicados apenas se os critérios plenos não são satisfeitos atualmente para um episódio depressivo maior. TRANSTORNO BIPOLAR I: Para diagnosticar transtorno bipolar tipo I, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio maníaco. O episódio maníaco pode ter sido antecedido ou seguido por episódios hipomaníacos ou depressivos maiores. Episódio Maníaco A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigi da a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária). B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono). 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. 5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado. 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (i.e., atividade sem propósito não dirigida a objetivos). 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). C. A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem características psicóticas. D. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica. Nota: Um episódio maníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex., medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um episódio maníaco e, portanto, para um diagnóstico de transtorno bipolar tipo I. Nota: Os Critérios A-D representam um episódio maníaco. Pelo menos um episódio maníaco na vida é necessário para o diagnóstico de transtorno bipolar tipo I. Episódio Hipomaníaco A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com duração mínima de quatro dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os dias. B. Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) persistem, representam uma mudança notável em relação ao comportamento habitual e estão presentes em grau significativo: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade.2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono). 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. 5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado. 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora. 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). C. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático. D. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas. E. O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é maníaco. F. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, outro tratamento). Nota: Um episódio hipomaníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex., medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um diagnóstico de episódio hipomaníaco. Recomenda-se, porém, cautela para que 1 ou 2 sintomas (principalmente aumento da irritabilidade, nervosismo ou agitação após uso de antidepressivo) não sejam considerados suficientes para o diagnóstico de episódio hipomaníaco nem necessariamente indicativos de uma diátese bipolar. Nota: Os Critérios A-F representam um episódio hipomaníaco. Esses episódios são comuns no transtorno bipolar tipo I, embora não necessários para o diagnóstico desse transtorno. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a DOENÇAS CLÍNICAS: O diagnóstico de transtorno do humor devido a uma condição médica geral deve ser considerado. Pacientes adolescentes deprimidos devem ser testados para mononucleose, e aqueles que estão acentuadamente acima ou abaixo do peso devem ser testados para disfunção suprarrenal e tireoidiana. Pessoas com vida sexual promíscua e pessoas que abusam de drogas devem ser testados para a aids. Pacientes mais velhos devem ser avaliados para pneumonia viral e outras condições clínicas. Muitas doenças neurológicas e clínicas, bem como agentes farmacológicos, podem produzir sintomas de depressão. A maioria das causas clínicas de transtornos depressivos pode ser detectada com uma história médica abrangente, um exame físico e neurológico completo e exames de sangue e urina de rotina. A avaliação deve incluir testes para as funções tireoidiana e suprarrenal, porque doenças de ambos os sistemas endócrinos podem aparecer como transtornos depressivos. No transtorno do humor induzido por substância, uma regra razoável é que qualquer medicamento que o paciente deprimido esteja usando deve ser considerado um fator potencial para o transtorno do humor. Medicamentos cardíacos, anti-hipertensivos, sedativos, hipnóticos, antipsicóticos, antiepilépticos, antiparkinsonianos, analgésicos, antibacterianos e antineoplásicos são todos comumente associados com sintomas depressivos. CONDIÇÕES NEUROLÓGICAS: Os problemas neurológicos mais comuns que manifestam sintomas depressivos são doença de Parkinson, doenças demenciais (incluindo a demência do tipo Alzheimer), epilepsia, doenças cerebrovasculares e tumores. PSEUDODEMÊNCIA: Os médicos geralmente podem diferenciar a pseudodemência do transtorno depressivo maior da demência de uma doença, como a do tipo Alzheimer, a partir de dados clínicos. TRANSTORNOS MENTAIS: A depressão pode ser uma manifestação de praticamente qualquer transtorno mental, mas os transtornos mentais listados na Tabela 8.1-8 devem ser considerados com atenção no diagnóstico diferencial. Transtornos relacionados a substâncias, psicóticos, alimentares, da adaptação, de sintomas somáticos e de ansiedade são todos comumente associados com transtornos depressivos e devem ser considerados no diagnóstico diferencial de um paciente com sintomas depressivos. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a LUTO NÃO COMPLICADO: O luto não complicado não é considerado um transtorno mental, ainda que cerca de um terço de todos os cônjuges enlutados satisfaça por um tempo os critérios diagnósticos para transtorno depressivo maior. Alguns pacientes com luto não complicado desenvolvem transtorno depressivo maior, mas o diagnóstico não é feito a menos que não ocorra a resolução do luto. A diferenciação baseia-se na gravidade e na duração dos sintomas. Na formas graves de depressão por luto, o paciente definha, incapaz de viver sem a pessoa falecida, em geral um cônjuge. Essas pessoas têm uma condição clínica grave. Sua função imunológica muitas vezes decai, e a condição cardiovascular é precária. ESQUIZOFRENIA: Muito tem sido publicado sobre a dificuldade clínica de distinguir um episódio maníaco de esquizofrenia. Embora difícil, o diagnóstico diferencial é possível. Alegria, entusiasmo e um humor contagiante são muito mais comuns nos episódios maníacos do que na esquizofrenia. 2 - Identificar o tratamento farmacológico, não farmacológico e o prognóstico da depressão. O objetivo do tratamento farmacológico é a remissão dos sintomas, não apenas sua redução. Pacientes com sintomas residuais, em oposição à remissão total, têm mais probabilidade de vivenciar uma recidiva ou reincidência de episódios de humor e um comprometimento contínuo do funcionamento diário. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a A utilização da farmacoterapia específica quase duplica a chance de que um paciente deprimido se recupere em um mês. Todos os antidepressivos atualmente disponíveis podem levar até 3 a 4 semanas para exercer efeitos terapêuticos significativos, embora possam começar a apresentar seus efeitos mais cedo. A escolha dos antidepressivos é determinada pelo perfil de efeito colateral menos prejudicial a condição física, temperamento e estilo de vida de um determinado paciente. A disponibilidade de várias classes de antidepressivos (Tab. 8.1-10), muitos com mecanismos de ação diferentes, representa evidência indireta de heterogeneidade de supostas lesões bioquímicas. Ainda que os primeiros agentes antidepressivos, os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) e os antidepressivos tricíclicos (ATCs), ainda sejam utilizados, compostos mais novos têm tornado o tratamento da depressão mais “favorável ao médico e ao paciente”. DIRETRIZES CLÍNICAS GERAIS: O erro clínico mais comum que leva a uma tentativa malsucedida de um medicamento antidepressivo é o uso de uma dosagem muito baixa por um tempo muito curto. A menos que eventos adversos impeçam, a dosagem de um antidepressivo deve ser elevada ao nível máximo recomendado e mantida nesse nível por pelo menos 4 ou 5 semanas antes que a tentativa seja considerada infrutífera. De modo alternativo, se um paciente estiver melhorando clinicamente com uma dosagem baixa do medicamento, essa dosagem não deve ser aumentada a menos que a melhora clínica pare antes de o benefício máximo ser obtido. Quando um paciente começa a não responder a dosagens adequadas de um medicamento após 2 ou 3 semanas, os médicos podem decidir pela obtenção de uma concentração plasmática desse medicamento, se houver um teste disponível. O teste pode indicar falta de adesão ou disposição farmacocinética particularmente incomum do medicamento e pode sugerir, nesse caso, uma dosagem alternativa. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a DURAÇÃO E PROFILAXIA: O tratamento antidepressivo deve ser mantido por pelo menos seis meses ou de acordo com a duração de um episódio anterior,o que for maior. O tratamento profilático com antidepressivos é eficaz para reduzir o número e a gravidade de reincidências. Um estudo concluiu que, quando os episódios têm um intervalo de menos de dois anos e meio, o tratamento profilático por cinco anos provavelmente seja o indicado. Outro fator que sugere tratamento profilático é a gravidade dos episódios depressivos anteriores. Episódios que envolveram ideação suicida significativa ou comprometimento do funcionamento psicossocial podem indicar a necessidade desse tratamento. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a Quando o tratamento antidepressivo é interrompido, a dose do medicamento deve ser diminuída gradualmente ao longo de 1 a 2 semanas, dependendo da meia-vida do composto em particular. Vários estudos indicam que a manutenção da medicação antidepressiva parece ser segura e eficaz para o tratamento da depressão crônica. Apenas indivíduos com depressões recorrentes ou crônicas são candidatos para tratamento de manutenção. USO TERAPÊUTICO DOS EFEITOS COLATERAIS: Escolher antidepressivos mais sedativos (p. ex., amitriptilina) para pacientes mais ansiosos e deprimidos ou agentes mais ativadores (p. ex., desipramina) para pacientes com retardo psicomotor geralmente não é útil. Por exemplo, quaisquer benefícios de curto prazo com paroxetina, mirtazapina ou amitriptilina (agentes mais sedativos) aos sintomas de ansiedade ou insônia podem se transformar em dependência ao longo do tempo. Muitas vezes, os efeitos sedativos desses medicamentos persistem a longo prazo, o que pode levar a descontinuação prematura do medicamento pelo paciente e a aumento do risco de recaída ou recidiva. Alguns médicos usam medicamentos adjuvantes (p. ex., soníferos ou ansiolíticos) combinados com antidepressivos para proporcionar alívio mais imediato dos sintomas ou para encobrir aqueles efeitos colaterais aos quais a maioria dos pacientes acaba se adaptando. A história de tratamento anterior de um paciente é importante porque uma resposta mais precoce normalmente prediz a resposta atual. Um fracasso documentado em uma tentativa com uma determinada classe de antidepressivo (p. ex., ISRSs, tricíclicos ou IMAOs) conduzida de maneira adequada sugere uma troca para um agente de uma classe alternativa. A história de resposta de um parente em primeiro grau a um determinado medicamento está associada com uma boa resposta à mesma classe de agentes no paciente. FRACASSO DO TRATAMENTO AGUDO: Os pacientes podem não responder a um medicamento, porque (1) não conseguem tolerar os efeitos colaterais, mesmo diante de uma boa resposta clínica; (2) um evento adverso idiossincrásico ocorre; (3) a resposta clínica não é adequada; ou (4) um diagnóstico errado foi feito. Os ensaios de medicamento na fase aguda devem durar de 4 a 6 semanas para determinar se uma redução significativa dos sintomas foi obtida. A maioria dos pacientes (mas não todos) que acabam respondendo totalmente apresenta pelo menos uma resposta parcial (i.e., pelo menos uma redução de 20 a 25% na gravidade do sintoma depressivo pré tratamento) na semana 4 se a dose for adequada durante as primeiras semanas. A ausência de uma resposta parcial em 4 a 6 semanas indica que uma mudança no tratamento é necessária. Períodos de tempo mais longos – 8 a 12 semanas ou mais – são necessários para definir o grau final de redução dos sintomas que pode ser alcançado com um medicamento. Aproximadamente metade dos pacientes requer uma segunda tentativa de tratamento medicamentoso porque o inicial foi mal tolerado ou ineficaz. QUÍMICA DOS FÁRMACOS Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE IMAO’s Os IMAOs atenuam as ações da monoaminoxidase no neurônio e aumentam o conteúdo de monoaminas. Existem duas formas de monoaminoxidase. A MAO-A é encontrada nos neurônios de dopamina e de norepinefrina e ocorre principalmenteno cérebro, no intestino, na placenta e no fígado; seus principais substratos são a norepinefrina, a epinefrina e a serotonina. A MAO-B é encontrada sobretudo nos neurônios serotoninérgicos e histaminérgicos e ocorre no cérebro, no fígado e nas plaquetas. A MAO-B atua principalmente sobre a dopamina, a tiramina, a feniletiramina e a benzilamina. Tanto a MAO-A como a MAOB metabolizam a triptamina. Os IMAOs são classificados de acordo com a sua especificidade em relação a MAO-A e a MAO-B e seus efeitos irreversíveis ou reversíveis. A fenelzina e a tranilcipromina são exemplos de IMAOs não seletivos irreversíveis. A moclobemida é um inibidor reversível e seletivo da MAO-A, que não está disponível nos Estados Unidos. A moclobemida pode ser deslocada da MAO-A pela tiramina, o que diminui o risco de interações alimentares. A selegilina é um agente irreversível e específico da MAO-B em baixas doses. A selegilina mostra-se útil no tratamento da doença de Parkinson nessas baixas doses; entretanto, com doses mais altas, torna-se um IMAO não seletivo, semelhante a outros agentes. Os efeitos colaterais mais comuns dos IMAOs que levam à interrupção desses fármacos consistem em hipotensão ortostática e ganho de peso. Além disso, os IMAOs não seletivos irreversíveis estão associados às maiores taxas de efeitos sexuais entre todos os antidepressivos. A anorgasmia é bastante comum com o uso de doses terapêuticas de alguns IMAOs. As propriedades semelhantes às anfetaminas de alguns IMAOs contribuem para ativação, insônia e inquietação observadas em alguns pacientes. A fenelzina tende a ser mais sedativa do que a selegilina ou a tranilcipromina. Doses mais altas de IMAOs estão algumas vezes associadas a confusão. Tendo em vista a sua capacidade de bloquear o metabolismo da tiramina e de aminas semelhantes ingeridas, os IMAOs podem causar interações perigosas com certos alimentos e fármacos serotoninérgicos (ver “Interações”). Por fim, os IMAOs têm sido associados a uma síndrome de interrupção súbita, manifestada por apresentação semelhante a delírio, com psicose, excitação e confusão. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS: Duas classes de antidepressivos atuam como inibidores combinados da recaptação de serotonina e norepinefrina: os inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina (IRSNs) e os ADTs. Os ADTs eram a classe dominante de antidepressivos até a introdução dos ISRSs nas décadas de 1980 e 1990. Nove ADTs estão disponíveis nos Estados Unidos, e todos apresentam um núcleo iminodibenzil (tricíclico) (Figura 30-4). As diferenças químicas entre os ADTs são relativamente sutis. Por exemplo, a imipramina, o protótipo dos ADTs, e o seu metabólito, a desipramina, diferem apenas por um grupo metila na cadeia lateral de propilamina. Todavia, essa diferença mínima resulta em uma mudança substancial do perfil farmacológico. A imipramina é bastante anticolinérgica e atua como inibidor relativamente forte da recaptação de serotonina, bem como de norepinefrina. Em contrapartida, a desipramina é muito menos anticolinérgica e atua como inibidor mais potente e ligeiramente mais seletivo da recaptação de norepinefrina em comparação com a imipramina. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a No momento, os ADTs são usados principalmente na depressão que não responde aos antidepressivos de uso mais comum, como os ISRSs ou os IRSNs. Sua perda de popularidade provém, em grande parte, de sua tolerabilidade relativamente menor em comparação com agentes mais recentes, da dificuldade de seu uso e de sua letalidade em superdosagem. Outras aplicações dos ADTs incluem o tratamento de distúrbios de dor, enurese e insônia. Os ADTs assemelham-se aos IRSNs na sua função, e acredita-se que a sua atividade antidepressiva esteja relacionada principalmente com a inibição da recaptação de 5-HT e norepinefrina. Dentro da classe dos ADTs, observa-se uma considerável variabilidade na afinidade com SERT versus NET. Por exemplo, a clomipramina apresenta uma afinidade relativamente muito pequena com NET, porém liga-se fortemente ao SERT. Essa seletividade quanto ao transportador de serotonina contribui para os benefíciosconhecidos da clomipramina no tratamento do TOC. Por outro lado, os ADTs de aminas secundárias, a desipramina e a nortriptilina, são relativamente mais seletivos quanto ao NET. Embora a imipramina, um ADT de amina terciária, exerça mais efeitos serotoninérgicos no início, o seu metabólito, a desipramina, equilibra esse efeito com maior inibição do NET. Os efeitos colaterais comuns dos ADTs, incluindo boca seca e constipação intestinal, são atribuíveis aos potentes efeitos antimuscarínicos de muitos desses fármacos. Os ADTs também tendem a ser antagonistas potentes do receptor de histamina H1. Algumas vezes, os ADTs, como a doxepina, são prescritos como hipnóticos e usados no tratamento do prurido, em virtude de suas propriedades anti-histamínicas. O bloqueio dos receptores α-adrenérgicos pode resultar em hipotensão ortostática significativa, particularmente em pacientes mais velhos. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NOREPINEFRINA IRSN’s Os IRSNs incluem a venlafaxina, o seu metabólito, a desvenlafaxina, a duloxetina e a levomilnaciprana. A levomilnaciprana é o enantiômero ativo de um IRSN racê- mico, a milnaciprana. A milnaciprana foi aprovada para o tratamento da fibromialgia nos Estados Unidos e vem sendo usada na Europa para o tratamento da depressão há muitos anos. Além de seu uso na depressão maior, os IRSNs têm aplicações no tratamento dos distúrbios da dor, incluindo neuropatias e fibromialgia. Todos os IRSNs ligam-se aos transportadores de serotonina (SERT) e de norepinefrina (NET), da mesma maneira que os ADTs. Entretanto, diferentemente dos ADTs, os IRSNs não exibem muita afinidade com outros receptores. A venlafaxina e a desvenlafaxina são compostos bicíclicos, já a duloxetina é uma estrutura em três anéis não relacionada com os ADTs. A milnaciprana contém um anel de ciclopropano e é apresentada como mistura racêmica. Os IRSN ligam-se aos transportadores de serotonina e de norepinefrina. O NET (transportadores de norepinefrina) é muito semelhante estruturalmente ao transportador de 5- HT (serotonina). À semelhança do transportador de serotonina, trata-se de um complexo de domínios 12- transmembrana, que se liga alostericamente à norepinefrina. O NET também exibe afinidade moderada com a dopamina. A venlafaxina é um inibidor fraco do NET, ao passo que a desvenlafaxina, a duloxetina, a milnaciprana e a levomilnaciprana são inibidores mais balanceados Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a do SERT e do NET. Entretanto, a afinidade da maioria dos IRSNs tende a ser muito maior com o SERT do que com o NET. Os IRSNs diferem dos ADTs, visto que carecem dos potentes efeitos anti histamínicos, bloqueadores α-adrenérgicos e anticolinérgicos dos ADTs. Em consequência, os IRSNs tendem a ser preferidos aos ADTs no tratamento do TDM e das síndromes de dor, em virtude de sua melhor tolerabilidade. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA ISRS’s Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) representam uma classe quimicamente diversa de agentes cuja principal ação consiste na inibição do transportador de serotonina. A fluoxetina foi introduzida nos Estados Unidos em 1998 e tornou-se rapidamente uma das medicações de prescrição mais comum na prática clínica. O desenvolvimento da fluoxetina surgiu da pesquisa de substâncias químicas que apresentavam alta afinidade com receptores de monoamina, mas que careciam da afinidade com histamina, acetilcolina e receptores adrenérgicos observados com os antidepressivos tricíclicos (ADTs). Na atualidade, há seis ISRSs que constituem os antidepressivos mais comuns de uso clínico. Além de seu uso na depressão maior, os ISRSs têm indicações para TAG, TEPT, TOC, transtornos de pânico, TDPM e bulimia. A fluoxetina, a sertralina e o citalopram existem como isômeros e são formulados nas formas racêmicas, ao passo que a paroxetina e a fluvoxamina não são opticamente ativas. O escitalopram é o enantiômero (S) do citalopram. À semelhança de todos os antidepressivos, os ISRSs são altamente lipofílicos. A popularidade dos ISRSs deve-se, em grande parte, à facilidade de seu uso, segurança em superdosagem, tolerabilidade relativa, custo (todos estão disponíveis em forma genérica) e amplo espectro de usos. O transportador de serotonina (SERT) é uma glicoproteína com 12 regiões transmembrana localizada na terminação axônica e membranas do corpo celular dos neurônios serotoninérgicos. Quando a serotonina extracelular liga-se a receptores no transportador, ocorrem alterações na conformação do transportador, e a serotonina, o Na+ e o Cl– são transferidos para o interior da célula. Em seguida, a ligação do K+ intracelular resulta na liberação de serotonina dentro da célula e retorno do transportador à sua conformação original. Os ISRSs inibem alostericamente o transportador por meio da ligação do receptor do SERT em um sítio diferente do sítio de ligação da serotonina. Em doses terapêuticas, cerca de 80% da atividade do transportador é inibida. Existem polimorfismos funcionais para o SERT, que determinam a atividade do transportador. Os ISRSs possuem efeitos modestos sobre outros neurotransmissores. Diferentemente dos ADTs e dos IRSNs, há poucas evidências de que os ISRSs tenham efeitos proeminentes sobre os receptores β-adrenérgicos ou o NET (transportadores de norepinefrina). A ligação ao transportador de serotonina está associada a uma inibição tônica do sistema dopaminérgico, embora exista uma variabilidade interpessoal substancial nesse efeito. Os ISRSs não se ligam ativamente aos receptores de histamina, muscarínicos ou outros receptores. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a Os efeitos colaterais dos antidepressivos mais prescritos – os ISRSs – podem ser antecipados a partir da inibição potente do SERT. Os ISRSs aumentam o tônus serotoninérgico, não apenas no cérebro, mas em todo o corpo. O aumento da atividade serotoninérgica no trato gastrintestinal está comumente associado a náuseas, desconforto gastrintestinal, diarreia e outros sintomas gastrintestinais. Em geral, os efeitos colaterais gastrintestinais surgem precocemente durante o início do tratamento e tendem a diminuir depois da primeira semana. O aumento dos tônus serotoninérgico ao nível da medula espinal e acima está associado a uma diminuição da função e interesse sexuais. Em consequência, pelo menos 30 a 40% dos pacientes tratados com ISRSs queixam-se de perda da libido, orgasmo tardio ou diminuição da excitação. Com frequência, os efeitos sexuais persistem enquanto o paciente estiver tomando o antidepressivo, mas podem diminuir com o passar do tempo. Outros efeitos colaterais relacionados com os efeitos serotoninérgicos dos ISRSs e da vortioxetina incluem aumento das cefaleias e insônia ou hipersonia. Alguns pacientes ganham peso enquanto usam ISRSs, particularmente a paroxetina MODULADORES DOS RECEPTORES 5-HT A principal ação da nefazodona e da trazodona parece consistir em bloqueio do receptor 5-HT2A. A inibição desse receptor em estudos realizados em animais e seres humanos está associada a efeitos ansiolíticos, antipsicóticos e antidepressivos substanciais. Em contrapartida, os agonistas do receptor 5-HT2A, por exemplo, o ácido lisérgico (LSD) e a mescalina, com frequência são alucinógenos e ansiogênicos. O receptor 5-HT2A é acoplado à proteína G e está distribuído por todo o neocórtex. A nefazodona é um inibidor fraco do SERT e do NET, porém atua como potente antagonista do receptor 5-HT2A pós- -sináptico, assim como seus metabólitos. A trazodona também é um inibidor fraco, porém seletivo, do SERT, com pouco efeito sobre o NET. O seu principal metabólito, a m-cpp, é um potente antagonista 5-HT2, e grande parte dos benefícios da trazodona como antidepressivo pode ser atribuída a esse efeito. A trazodona também apresenta propriedades bloqueadoras α-adrenérgicas pré-sinápticas fracas a moderadas e atua como antagonista modesto do receptor H1. Conforme descrito anteriormente, a vortioxetina tem efeitos multimodais sobre uma variedade de receptores5-HT e é um inibidor alostérico do SERT. Não apresenta nenhuma atividade direta conhecida sobre os receptores de norepinefrina ou de dopamina. Os efeitos colaterais mais comuns associados aos antagonistas dos receptores 5-HT2 consistem em sedação e distúrbios gastrintestinais. Os efeitos sedativos, particularmente com a trazodona, podem ser muito pronunciados. Por conseguinte, não surpreende que o tratamento da insônia seja, atualmente, a principal aplicação da trazodona. Os efeitos gastrintestinais parecem estar relacionados com a dose e são menos pronunciados do que aqueles observados com o uso de IRSNs ou de ISRSs. Os riscos teratogênicos da vortioxetina não são conhecidos; todavia, à semelhança da maioria dos outros antidepressivos, é considerada como agente de categoria C. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a ANTIDEPRESSIVOS TETRACÍCLICOS E UNICÍCLICOS As ações da bupropiona ainda estão pouco elucidadas. A bupropiona e seu principal metabólito, a hidroxibupropiona, são inibidores modestos a moderados da recaptação de norepinefrina e de dopamina em estudos realizados em animais. Todavia, esses efeitos parecem menores do que aqueles associados ao benefício antidepressivo. Um efeito mais significativo da bupropiona consiste na liberação pré-sináptica das catecolaminas. Em estudos realizados em animais, a bupropiona parece aumentar substancialmente a disponibilidade pré-sináptica de norepinefrina e, em menor grau, de dopamina. A bupropiona praticamente não tem nenhum efeito direto sobre o sistema serotoninérgico. A mirtazapina possui uma farmacologia complexa. Atua como antagonista do autorreceptor α2 pré-sináptico e aumenta a liberação tanto de norepinefrina quanto de 5-HT. Além disso, a mirtazapina é um antagonista dos receptores 5-HT2 e 5-HT3. Por fim, a mirtazapina atua como potente antagonista H1, que está associado aos efeitos sedativos do fármaco. As ações da amoxapina e da maprotilina assemelham-se àquelas dos ADTs, como a desipramina. Ambas são inibidores potentes do NET e menos potentes do SERT. Além disso, possuem propriedades anticolinérgicas. Diferentemente dos ADTs e de outros antidepressivos, a amoxapina é um inibidor moderado do receptor D2 pós sináptico. Com essa ação, a amoxapina possui algumas propriedades antipsicóticas. A vilazodona é um potente inibidor da recaptação de serotonina e um agonista parcial do receptor de 5-HT1A. Acredita-se que os agonistas parciais do receptor 5-HT1A, como a buspirona, tenham propriedades antidepressivas e ansiolíticas leves a moderadas. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Medicamento e psicoterapia formal são, muitas vezes, combinados na prática. Se os médicos considerarem que os transtornos do humor são, em essência, originados por questões psicodinâmicas, sua ambivalência sobre o uso de medicamentos pode resultar em uma resposta insatisfatória, falta de adesão e provavelmente dosagens inadequadas para um período de tratamento tão curto. De forma alternativa, se os médicos ignorarem as necessidades psicossociais de um paciente, o resultado da farmacoterapia pode ser comprometido. Várias tentativas de uma combinação de farmacoterapia e psicoterapia para pacientes ambulatoriais com depressão crônica mostraram resposta e taxas de remissão mais altas para a combinação do que para cada um dos tratamentos usados de maneira isolada. HOSPITALIZAÇÃO: A primeira e mais crítica decisão que um médico precisa tomar é quanto a hospitalizar o paciente ou tentar um tratamento ambulatorial. Indicações claras para hospitalização são o risco de suicídio ou homicídio, a capacidade acentuadamente reduzida do indivíduo de obter alimento e abrigo e a necessidade de procedimentos diagnósticos. Uma história de sintomas de rápida progressão e a ruptura do sistema de apoio habitual também são indicações para a hospitalização. O médico pode tratar com segurança a depressão ou a hipomania leves no consultório se avaliar o paciente com frequência. Sinais clínicos de dificuldade de julgamento, perda de peso ou insônia devem ser mínimos. O sistema de apoio do paciente deve ser forte; nem envolvido demais, nem afastado. Qualquer mudança adversa nos sintomas ou no comportamento do paciente ou na atitude do sistema de apoio pode ser suficiente para justificar a hospitalização. Pessoas com transtornos do humor muitas vezes não querem entrar no hospital de forma voluntária e podem ter de ser hospitalizadas contra sua vontade.Com frequência, não podem tomar decisões devido à lentificação do pensamento, a uma visão de mundo (Weltanschauung) negativa e à falta de esperança. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a TERAPIA PSICOSSOCIAL: Embora a maioria dos estudos indique – e a maioria dos médicos e pesquisadores acredite – que uma combinação de psicoterapia e farmacoterapia é o tratamento mais eficaz para transtorno depressivo maior, alguns dados sugerem outra visão: tanto uma quanto a outra isoladas são eficientes, pelo menos em episódios depressivos maiores leves, e o uso regular da terapia combinada aumenta o custo do tratamento e expõe o paciente a efeitos adversos desnecessários. Três tipos de psicoterapia de curto prazo – terapias cognitiva, interpessoal e do comportamento – foram estudados para determinar sua eficácia no tratamento do transtorno depressivo maior. Mesmo que sua eficácia para essa condição não seja tão bem pesquisada quanto a dessas três terapias, a psicoterapia de orientação psicanalítica há muito tem sido utilizada para transtornos depressivos, e muitos médicos a utilizam como método principal. O que a diferencia dos três métodos de psicoterapia de curto prazo são os papéis ativo e diretivo do terapeuta, os objetivos diretamente reconhecíveis e os desfechos para a terapia de curto prazo. A evidência acumulada sobre a eficácia da terapia dinâmica é encorajadora. Em um ensaio controlado, randomizado, que comparou a terapia psicodinâmica com terapia cognitivo-comportamental, os desfechos de pacientes deprimidos foram os mesmos nos dois tratamentos. TERAPIA COGNITIVA: A terapia cognitiva, desenvolvida originalmente por Aaron Beck, focaliza as distorções cognitivas postuladas como presentes no transtorno depressivo maior. Essas distorções incluem atenção seletiva aos aspectos negativos das circunstâncias e inferências mórbidas não realistas sobre suas consequências. Por exemplo, apatia e baixa energia resultam de uma expectativa do paciente de fracasso em todas as áreas. O objetivo da terapia cognitiva é aliviar os episódios depressivos e prevenir sua reincidência ajudando-o a identificar e testar as cognições negativas; desenvolver formas de pensar alternativas, flexíveis e positivas; e ensaiar novas respostas cognitivas e comportamentais. Estudos mostraram que a terapia cognitiva é eficaz no tratamento do transtorno depressivo maior. A maioria deles verificou que sua eficácia é igual à da farmacoterapia e está associada com menos efeitos adversos e melhor evolução. TERAPIA INTERPESSOAL: A terapia interpessoal, desenvolvida por Gerald Klerman, concentra-se em um ou dois dos problemas interpessoais atuais do paciente. Ela tem base em dois pressupostos. Primeiro, é provável que os problemas interpessoais atuais tenham suas raízes em relacionamentos disfuncionais precoces. Segundo, esses problemas podem estar envolvidos na precipitação e na perpetuação dos sintomas depressivos atuais. Ensaios clínicos controlados indicaram que a terapia interpessoal é eficaz no tratamento de transtorno depressivo maior e, não causando surpresa, pode ser especificamente útil para tratar problemas interpessoais. Alguns estudos apontam que a terapia interpessoal pode ser o método mais eficaz para episódios depressivos maiores graves quando o tratamento de escolha é apenas a psicoterapia. O programa de terapia interpessoal geralmente consiste em 12 a 16 sessões semanais e é caracterizado por uma abordagem terapêutica ativa. Os fenômenos intrapsíquicos, como mecanismos de defesa e conflitos internos, não são abordados. Comportamentos distintos – como faltade autoafirmação, comprometimento das habilidades sociais e pensamento distorcido – podem ser abordados apenas no contexto de seu significado, ou de seu efeito, nos relacionamentos interpessoais. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a TERAPIA COMPORTAMENTAL: A terapia comportamental baseia-se na hipótese de que padrões comportamentais mal-adaptativos resultam de o indivíduo receber poucas respostas positivas e talvez rejeição direta da sociedade. Ao abordar os comportamentos mal-adaptativos no tratamento, os pacientes aprendem a funcionar no mundo de maneira que recebam reforço positivo. A terapia comportamental para transtorno depressivo maior ainda não foi objeto de muitos estudos controlados. TERAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA: A abordagem psicanalítica aos transtornos do humor é fundamentada nas teorias psicanalíticas sobre depressão e mania. Seu objetivo é efetuar uma mudança na estrutura da personalidade ou no caráter do paciente, não simplesmente aliviar os sintomas. Melhoras na confiança interpessoal, na capacidade para intimidade, nos mecanismos de enfrentamento, na capacidade de enfrentar o luto e na capacidade de vivenciar uma ampla gama de emoções são alguns dos objetivos dessa terapia. O tratamento muitas vezes requer que o paciente experimente períodos de aumento da ansiedade e do sofrimento durante seu curso, que pode se prolongar por vários anos. TERAPIA FAMILIAR: A terapia familiar não costuma ser vista como uma terapia primária para o tratamento de transtorno depressivo maior, mas evidências crescentes indicam que ajudar um paciente com um transtorno do humor a enfrentar o estresse pode diminuir a chance de uma recaída. A terapia familiar é indicada se o transtorno ameaçar o casamento do paciente ou o funcionamento da família, ou se for promovido ou mantido pela situação familiar. A terapia examina o papel do membro com a perturbação do humor no bem-estar psicológico geral de toda a família; também examina o papel da família na manutenção dos sintomas do paciente. ESTIMULAÇÃO NO NERVO VAGO: A estimulação experimental do nervo vago em vários estudos sobre o tratamento de epilepsia verificou que os pacientes apresentavam melhora do humor. Essa observação levou ao uso da estimulação do nervo vago (ENV) por meio de um dispositivo eletrônico implantado na pele, semelhante a um marcapasso cardíaco. Estudos preliminares mostraram que muitos pacientes com transtorno depressivo maior recorrente, crônico, entravam em remissão quando tratados com ENV. O mecanismo de ação da ENV para explicar a melhora é desconhecido. O nervo vago conecta-se ao sistema nervoso entérico e, quando estimulado, pode provocar a liberação de peptídeos que agem como neurotransmissores. Ensaios clínicos extensivos estão sendo conduzidos para determinar a eficácia desse método. ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA: A estimulação magnética transcraniana (EMT) é promissora como tratamento para depressão. Ela envolve o uso de pulsos muito curtos de energia magnética para estimular células nervosas no cérebro. É indicada especificamente para o tratamento de depressão em adultos que não conseguiram obter uma melhora satisfatória com um medicamento antidepressivo anterior na dose e duração efetivas mínimas ou acima delas no episódio atual. A estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr) produz estimulação elétrica secundária focal de regiões corticais de interesse. Ela não é convulsivante, não requer anestesia, tem um perfil de efeito colateral seguro e não está associada com efeitos colaterais cognitivos. Os pacientes não necessitam de anestesia ou sedação e permanecem acordados e alertas. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a É um procedimento ambulatorial de 40 minutos prescrito por um psiquiatra, realizado no consultório, e costuma ser administrado diariamente por 4 a 6 semanas. O evento adverso mais comum relacionado ao tratamento foi dor ou desconforto no couro cabeludo. A terapia de EMT é contraindicada para pessoas com implantes metálicos ou objetos metálicos não removíveis na ou em torno da cabeça. PRIVAÇÃO DO SONO: Os transtornos do humor são caracterizados por distúrbios do sono. A mania tende a ser caracterizada por redução na necessidade de sono, mas a depressão pode estar associada com hipersonia ou insônia. A privação do sono pode precipitar mania em indivíduos com transtorno bipolar I e aliviar temporariamente a depressão naqueles com depressão unipolar. Cerca de 60% dos pacientes com transtornos depressivos exibem benefícios significativos, mas transitórios, com a privação total do sono. Os resultados positivos, em geral, são revertidos pela noite de sono seguinte. Várias estratégias têm sido utilizadas na tentativa de obter uma resposta mais permanente à privação do sono. Um dos métodos utilizou privação do sono total serial intercalada com um ou dois dias de sono normal. Esse método não obtém uma resposta antidepressiva sustentada porque a depressão tende a retornar com ciclos de sono normais. Outra abordagem utilizou atraso de fase na hora de dormir do paciente, ou privação do sono parcial. Nesse método, os pacientes permanecem acordados das 2 às 22h diariamente. Até 50% deles conseguem efeitos antidepressivos no mesmo dia pela privação parcial do sono, mas esse benefício também tende a desaparecer com o tempo. Em alguns relatos, entretanto, a privação do sono parcial serial foi usada com sucesso para tratar insônia associada com depressão. A terceira estratégia, talvez a mais eficaz, combina privação do sono com tratamento farmacológico para depressão. Uma série de estudos sugeriu que a privação do sono total e parcial seguida por tratamento imediato com um antidepressivo ou lítio mantém os efeitos antidepressivos da privação do sono. Do mesmo modo, vários relatos sugeriram que essa privação acelera a resposta a antidepressivos, incluindo fluoxetina e nortriptilina. Também foi observado que ela melhora a disforia pré-menstrual. (O transtorno disfórico pré-menstrual, que é classificado como um transtorno depressivo no DSM-5). FOTOTERAPIA: A fototerapia (terapia luminosa) foi introduzida em 1984 como um tratamento para transtorno afetivo sazonal (TAS). Nesse transtorno, as pessoas costumam experimentar depressão à medida que o fotoperíodo do dia diminui com a chegada do inverno. A fototerapia em geral envolve expor o paciente afetado a luz brilhante na variação de 1.500 a 10 mil lux ou mais, via de regra com uma caixa de luz sobre uma mesa ou escrivaninha. Os pacientes sentam-se na frente da caixa por aproximadamente 1 a 2 horas antes do amanhecer de cada dia, embora alguns também possam se beneficiar da exposição após o anoitecer. De modo alternativo, alguns fabricantes desenvolveram viseiras de luz, com uma fonte luminosa incorporada à aba de um boné ou chapéu. Essas viseiras de luz permitem mobilidade, mas estudos controlados recentes questionaram o uso desse tipo de exposição a luz. A fototerapia é, em geral, bem tolerada. Como ocorre com qualquer antidepressivo eficaz, a fototerapia, em raras ocasiões, foi implicada na mudança de alguns pacientes deprimidos para mania ou hipomania. Além da depressão sazonal, a outra principal indicação para fototerapia pode ser os transtornos do sono. Ela tem sido utilizada para diminuir a irritabilidade e a redução da função associada com mudança de turno de trabalho. 3 - Explanar sobre o suicídio (tentativa de autoextermínio). As pessoas em risco de suicídio estão passando, quase invariavelmente, por uma situação de crise que pode alterar a sua percepção da realidade, interferindo em seu livre arbítrio. O Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a acompanhamento em saúde e o tratamento de um transtorno mental, quando presente, são pilares fundamentais na prevenção do suicídio. A pessoa muitas vezes não deseja a morte, mas uma saída para o seu sofrimento. Por isso, acesso a suporte emocional no momento certo pode prevenir o suicídio. A maioria das pessoas que tentam o suicídio fala ou dá sinais sobre suas ideiasde morte. Boa parte das pessoas que tiram a própria vida expressou, em dias ou semanas anteriores ao suicídio, seu desejo de se matar. Uma tentativa prévia é o principal fator de risco para o suicídio. Um dos períodos mais críticos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue à alta hospitalar é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada. Muitas pessoas vivendo com transtorno mental não são afetadas por comportamento suicida. E nem todas as pessoas que tiram as suas vidas têm transtorno mental. Comportamento suicida indica profundo sofrimento, mas não necessariamente transtorno mental CONCEITOS Violência autoprovocada: Compreende ideação suicida, autoagressões, tentativa de suicídio e suicídio consumado. Ideação suicida: Quando o suicídio é visto como uma saída para uma situação de sofrimento. Pode abrir as portas para um plano de suicídio. No caso de crianças e adolescentes, isso pode acontecer quando há uma depressão grave com baixa auto-estima, humor deprimido, incapacidade de ver que sua situação pode melhorar, sentimento de que não há motivos para viver ou nenhuma chance de ser feliz. Autoagressão: Qualquer ato intencional de automutilação (com faca, aparelho de barbear, caco de vidro, etc) ou outras formas de causar dano a si mesmo (como queimar-se com cigarro), sem intenção de morte. Por vezes, crianças e adolescentes relatam que se autoagridem com o objetivo de controlar e/ou aliviar uma dor emocional. Tentativa de suicídio: Quando o indivíduo se autoagride com a intenção de tirar a própria vida, utilizando um meio que acredite ser letal, sem resultar em óbito. Suicídio Ato deliberado de tirar a própria vida, com desfecho fatal. FATORES DE RISCO: Fatores que podem aumentar o risco de autoagressão ou tentativa de suicídio em crianças e adolescentes: - História de tentativas de suicídio ou autoagressão (por ex., automutilação); - Histórico de transtorno mental - Bullying; - Situação atual ou anterior de violência intra ou extrafamiliar; - História de abuso sexual; - Suicídio(s) na família; - Baixa autoestima; - Uso de álcool e outras drogas; - Populações que estão mais vulneráveis a pressões sociais e discriminação, tais como: LGBTI+, indígenas, negros(as), situação de rua, etc. SINAIS DE ALERTA PARA O COMPORTAMENTO SUICIDA - Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança; - Expressão de ideias ou de intenções suicidas; - Diminuição ou ausência de autocuidado; Mudanças na alimentação e/ ou hábitos de sono; - Uso abusivo de drogas/álcool; - Alterações nos níveis de atividade ou de humor; - Crescente isolamento de amigos/família; Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a - Diminuição do rendimento escolar; - Autoagressão: — Mudanças no vestuário para cobrir partes do corpo, por exemplo, vestindo blusas de manga comprida; — Relutância em participar de atividades físicas anteriormente apreciadas, particularmente aquelas que envolvem o uso de shorts ou roupas de banho, por exemplo. A partir dos sinais de alerta e fatores de risco pode-se traçar o perfil do paciente e seu risco: Risco Baixo: Autoagressão (por ex., automutilação); Ideação suicida sem plano; Sem histórico de tentativa. Risco Médio: Ideação suicida frequente e persistente, sem plano; Com ou sem autoagressão (por ex., automutilação); Histórico de tentativa; Ausência de impulsividade ou abuso/dependência de álcool ou outras drogas. Risco Alto: Ideação suicida frequente e persistente com plano, ameaça ou tentativa; Histórico de tentativa; Fatores agravantes (impulsividade, rigidez no propósito, desespero, delirium, alucinações, abuso/ dependência de álcool ou outras drogas). CONDUTA CONFORME RISCO Risco baixo: Acolher e encaminhar o usuário para a Unidade Básica de Saúde/ eSF do território, oferecendo apoio matricial à equipe. Risco médio: Oferecer apoio emocional, trabalhando sobre os sentimentos que motivam os pensamentos suicidas. Além de focar na ambivalência do desejo e explorar alternativas, chamar um familiar/responsável e contratualizar (acordo de não efetivar o suicídio). Sempre mantendo encontros regulares. Risco alto: Oferecer apoio emocional, nunca deixar a pessoa sozinha, remover meios de suicídio. Além de chamar familiar/responsável, trabalhar sobre os sentimentos suicidas (motivação/pensamentos), contratualizar (acordo de não efetivar o suicídio), encaminhar ao serviço de referência de urgência e emergência (pronto atendimento hospitalar, SAMU, UPA, etc.) e manter contato regular. ATENÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA (Pronto atendimento hospitalar SAMU/UPA) Checar precocemente à pessoa em situação de risco, garantir atendimento e/ou transporte adequado para um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao SUS e garantir a assistência 24 horas para posterior encaminhamento à rede de atenção. Lembre: 1- Você deve ter tempo para explicar à criança ou adolescente a razão do encaminhamento; 2- Esclareça à criança ou adolescente que o encaminhamento não significa que está lavando as mãos em relação ao problema; 3- Mantenha contato periódico e acompanhe a criança ou adolescente após o encaminhamento; 4- Tente obter uma contrarreferência do atendimento; 5- Numa situação de risco, nunca agende um atendimento para depois; 6- A família pode ser o maior aliado do profissional fornecendo informações importantes para compreensão do caso, assim como formando uma aliança com o profissional para os cuidados com o paciente PACIENTE QUE DÁ ENTRADA EM PRONTO SOCORRO APÓS TENTATIVA DE SUICÍDIO Todo paciente atendido por uma tentativa de suicídio deve ser avaliado pelo psiquiatra. O médico plantonista do pronto-Socorro é o responsável pela solicitação da avaliação psiquiátrica. Ana P���a ���b��a M��t��� - 6º pe�íod� - Med����a Caso a tentativa de suicídio tenha ocorrido por intoxicação exógena, o médico plantonista do Pronto Socorro busca identificar a substância em questão, e em seguida, deve entrar em contato com o Centro de Atendimento Toxicológico (CEATOX). O CEATOX fornece orientações específicas de manejo de acordo com o tipo de substância usada pelo paciente. Informações sobre o uso de antídotos também podem ser encontradas no site: Contato pelo telefone 0800-0148110. De acordo com a avaliação clínica, o médico plantonista indicará a internação no HCor para os pacientes que apresentem alguma condição clínica subjacente à tentativa de suicídio (seja decorrente da tentativa ou não) que necessite de acompanhamento clínico sob regime de internação hospitalar. Nestes casos, o médico do P.S. solicita a internação e deve notificar o SCIH para que o mesmo realize a notificação compulsória aos órgãos competentes. O paciente deverá continuar acompanhado pelo psiquiatra após a internação, no caso do mesmo/família aceitar e no momento da alta clínica, o psiquiatra também deverá dar o encaminhamento adequado para o caso: internação psiquiátrica ou acompanhamento psiquiátrico ambulatorial. Nos casos em que houver indicação de internação no HCor, a equipe de psicologia deverá ser acionada pela enfermagem do andar que receber o paciente. Os pacientes que não tenham indicação clínica para internação no HCor, receberão alta clínica e o encaminhamento psiquiátrico é determinado pelo psiquiatra que avaliou o caso (ou para uma internação ou para casa e acompanhamento ambulatorial). O encaminhamento psiquiátrico adequado do paciente leva em consideração a avaliação psiquiátrica e o risco de nova tentativa de suicídio, além do suporte familiar e social do paciente. Este encaminhamento poderá ser: - Transferência do paciente para uma instituição de internação psiquiátrica, com anuência da família e/ou do paciente; - Transferência do paciente para uma instituição de internação psiquiátrica com pedido de internação involuntária em virtude de grave risco de suicídio, discordância do paciente sobre a internação e ausência de familiar que se responsabilize pela internação do mesmo. -
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