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1 AVALIAÇÃO EM MUSICOTERAPIA 1 Sumário Sumário ........................................................................................................... 1 NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 Introdução à Musicoterapia ............................................................................. 3 Os instrumentos mais indicados ................................................................ 11 Benefícios da musicoterapia ............................................................. 12 Avaliação em musicoterapia ...................................................................... 14 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 23 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Introdução à Musicoterapia A Musicoterapia é uma terapêutica que visa, através de seus componentes – ritmo, melodia e harmonia -, colaborar no tratamento de distúrbios de natureza orgânica, psíquica, emocional e cognitiva. Seus efeitos tendem a agir no âmbito da interação social, das relações interpessoais, da transmissão de informações, do conhecimento, da criatividade, entre outros. "A musicoterapia é um processo sistemático de intervenção em que o terapeuta ajuda o cliente a promover a saúde utilizando experiências musicais e as relações que se desenvolvem através delas como forças dinâmicas de mudança" (BRUSCIA, 2000 p.22). 4 Assim, a musicoterapia consiste em um processo sistemático com objetivos e propósito, fundamentado em conhecimentos, organizado e regulado. Portanto, a utilização da música de forma aleatória e não estruturada, ainda que traga benefícios a uma pessoa, não pode ser considerada musicoterapia. A música não é propriedade do musicoterapeuta (ou do músico), longe disso. A utilização da música é, e deve ser propriedade da humanidade. Porém, a utilização indiscriminada do termo musicoterapia vai à contramão da consolidação da profissão. Trabalhando com a música e estudando como os sons podem afetar a vida das pessoas, esse profissional se dedica a criar terapias musicais para variados fins, que podem influenciar na forma como os indivíduos se relacionam e convivem entre si. O musicoterapeuta pode trabalhar juntamente com fonoaudiólogos, psicólogos, médicos, fisioterapeutas e, até mesmo, professores, sempre buscando o bem estar físico e psicológico de seus pacientes. Muitos têm utilizado inadequadamente a palavra musicoterapia para definir qualquer utilização benéfica da música sobre o ser humano. Porém, ainda que o efeito de atividades musicais tragam benefícios para uma pessoa, chamar tal uso de musicoterapia requer alguns critérios. Para ser considerado musicoterapia, este processo requer a intervenção de um musicoterapeuta. Segundo Bruscia, quando a música é utilizada sem um musicoterapeuta, o processo não é qualificado como musicoterapia, então, sem um musicoterapeuta, não há musicoterapia. 5 Cabe enfatizar que não é musicoterapia o uso da música para relaxar, fazer aula de música, cantar uma música ao som de um instrumento, aula de música para pessoas especiais, a audição de uma música no rádio do carro ou em casa, a execução de uma peça instrumental, uso de som ambiente (como em consultórios, elevadores, etc), canto e música em Hospitais; Assim, apesar dos efeitos positivos que as atividades acima possam proporcionar, não as consideraremos musicoterapia (embora possam fazer parte da musicoterapia). Em um processo musicoterapêutico, do ponto de vista dos procedimentos, a musicoterapia constitui-se de três fases: avaliação diagnóstica, tratamento e avaliação. (BRUSCIA 2000, p. 22) Ainda que outros profissionais possam se identificar com as fases citadas por Bruscia, estas tratam de abordagens específicas, nas quais se utilizam de métodos e técnicas próprias da musicoterapia. O ponto chave observado pelo musicoterapeuta é a relação do indivíduo atendido (paciente,/cliente) com a música. Assim, desde a entrevista inicial até a avaliação final, são especialmente as respostas musicais do indivíduo durante as sessões que fornecem os elementos necessários para o musicoterapeuta traçar objetivos, intervenções, abordagens e alta. Segundo o painel de descrição que estabelece as qualificações do musicoterapeuta, entre outras capacitações, o musicoterapeuta deve ser capaz de estabelecer diagnóstico musicoterapêutico e efetuar leitura musicoterapêutica. Assim, o único profissional preparado para compreender todas as fases de um processo musicoterapêutico é o musicoterapeuta. A musicoterapia transita entre a arte da música e a ciência da terapia. A musicoterapia apresenta caráter interdisciplinar e tem como escopo conteúdos científicos, expressivos e de práxis artística e musical. Sua prática foi consolidada a partir da segunda metade do século XX, mas relatos referentes ao assunto podem ser encontrados em textos da filosofia, musicologia e medicina desde a Antiguidade. A musicoterapia trabalha os efeitos que as ondas sonoras causam no corpo e as associações mentais que as músicas despertam. A música é analisada de um ponto de vista holístico, lúdico e também mecânico. Cada estilo ou sonoridade estimula mais o indivíduo de acordo com seu contexto social, bagagem musical e 6 gosto pessoal. Em 1972 surgiu o primeiro curso de graduação em musicoterapia no Brasil e a profissão de musicoterapeuta foi reconhecida pelo Código Brasileiro das Ocupações. Muitas pessoas ainda não sabem, mas a música pode ser uma ferramenta preventiva, e também oferecer alívio de dores crônicas e do estresse cotidiano. O musicoterapeuta utiliza os elementos musicais para a reabilitação física, social e mental de seus pacientes. Por meio de instrumentos musicais, cantos e ruídos, o terapeuta trata pessoas com deficiências, que podem ser distúrbios de fala, motores, psiquiátricos, etc.. De acordo com a história e o quadro do paciente, são utilizados recursos diferentes. A musicoterapia pode ser passiva ou ativa - nessa última, os indivíduos são estimulados a produzir, tocando, improvisando, compondo ou cantando. A vantagem é que o paciente não precisa ter nenhum conhecimento prévio. Não há necessidade de um saber técnico musical, pois as funções expressivas, criativas e de coordenação serão trabalhadas de qualquer forma. Atualmente, a musicoterapia tem sido aplicada em crianças e adultos com disfunções físicas, clínicas ou psíquicas e em pessoas saudáveis que buscam autoconhecimento. Relatos científicos demonstram a aplicação da musicoterapia em indivíduos com Transtorno Global do Desenvolvimento,Transtorno do Espectro Autista (TEA), transtornos psiquiátricos, Doença de Doença de Alzheimer, Doença de Huntington, neoplasias, problemas de aprendizagem, dor crônica, acompanhamento pré e pós-cirúrgico e estados de alteração de consciência. Estudos de musicoterapia em reabilitação funcional neurológica tiveram por objetivo desenvolver técnicas que utilizem a música como elemento mediador de respostas funcionais reorganizadas através de intervenções terapêuticas sistemáticas. Os resultados obtidos nas pesquisas que abordam programas dessa natureza indicam evidências promissoras nos processos de mudanças neuroplásticas no cérebro. A principal abordagem musicoterapêutica que se propõe a tal finalidade é o modelo de Musicoterapia Neurológica (Neurologic Music Therapy – NMT). 7 As novas ferramentas de estudo do cérebro humano como um organismo vivo colocaram os mecanismos neurais de processamento musical como foco de investigação, o que justifica-se por características específicas da música como uma linguagem sensorial altamente complexa, temporalmente ordenada e baseada em regras. A percepção da música envolve um grande número de estruturas e regiões cerebrais, além do córtex auditivo. O treinamento musical e a exposição prolongada à música considerada pelo ouvinte como prazerosa são capazes de aumentar a produção de neurotrofinas produzidas no cérebro em situações de desafio, podendo determinar, além do aumento da sobrevivência dos neurônios, mudanças de padrões de conectividade na plasticidade cerebral. A neuroplasticidade cerebral, estimulada pelo treinamento musical, pode produzir modificações em capacidades cognitivas. A plasticidade cerebral promovida pela música causa a ativação de diversos circuitos neurais, como o da atenção, memória, associação temporal e corporal, linguagem corporal e simbólica e emoção. A plasticidade neural é definida como a capacidade do sistema nervoso de modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência. O desenvolvimento de técnicas de neuroimagem permitiu o estudo do cérebro humano em atividade. Tal tecnologia possibilitou uma compreensão mais abrangente sobre a relação entre a música e o sistema nervoso. Através da utilização destes recursos, pesquisas recentes demonstram que a música é capaz de exercer uma influência distinta sobre o cérebro, estimulando processos cognitivos, afetivos e sensório- motores complexos. 8 “Musicoterapia – O uso da música para curar, aliviar ou estimular. É conhecido desde a mitologia antiga e, tem sido usada cada vez mais no tratamento de deficiências, tanto físicas quanto mentais e, de perturbações emocionais, apesar de haver poucos trabalhos teóricos que expliquem sua eficácia. Dos elementos da música, reconhece-se que o ritmo é o fator terapêutico vital, em virtude de seu poder de concentrar energia e dar estrutura a percepções de ordem temporal. A música já estimulou no paciente passivo ou introspectivo uma reação mais alerta; Serviu para fazer com que pacientes emocionalmente perturbados se tornassem mais acessíveis; enquanto que, para as deficiências físicas, pode ser usada para organizar a gradação e sequência de pequenos objetivos, na aquisição de habilidades e controle muscular; e, nos casos de deficiência mental, pode ajudar na aquisição de conceitos elementares. Crianças mentalmente deficientes e autistas, geralmente, reagem à música quando tudo o mais falhou. A música é veículo expressivo para o alívio da tensão emocional, superando a dificuldade de fala e de linguagem. A terapia musical foi usada para melhorar a coordenação motora nos casos de paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada para ensinar controle de respiração e da dicção nos casos em que existe distúrbio da fala.” (SADIE, Stanley. Dicionário Grove de Música. 1994 p.638). A Musicoterapia apresenta o poder de influenciar diretamente o pensamento, o comportamento, as emoções, a saúde, e os movimentos do nosso corpo, a influência é rápida e pode até ser inconsciente, ela contribui construtivamente para as relações entre as pessoas. Ela atua constantemente sobre nós, e devemos utilizá-la sempre a favor do paciente. O seu uso como terapia, deve ser usado com cautela para não causar reações negativas, pois o prazer proporcionado a alguns em relação à música, pode não ser o mesmo em outros. Devemos escolher músicas que tragam motivação, que despertem a alegria e que façam relembrar de bons momentos já vividos. A escolha vai depender do gosto e estilo musical de cada um, e trabalhado de acordo com a avaliação e o bom senso do musicoterapeuta. Existem várias abordagens de tratamento da musicoterapia: o paciente pode ser passivo, isso quer dizer, somente escutar o musicoterapeuta tocar, ou pode ser um paciente ativo, tocando e explorando a música junto com o musicoterapeuta. As sessões de musicoterapia também podem ser feitas individualmente ou em grupo. 9 A musicoterapia traz diversos benefícios contra doenças cardíacas, AVC, Alzheimer, Ansiedade, Gagueira, Autismo, entre outras. Seja tocando um instrumento ou somente escutando uma música, diversas áreas do nosso cérebro são ativadas como: corpo caloso, córtex sensorial, córtex auditivo, córtex motor, córtex pré-frontal, córtex visual, córtex visual, cerebelo, hipocampo, amígdalas. Por esses motivos a música tem um grande poder para curar e trazer grandes benefícios para o paciente através da musicoterapia. A música para terapia na musicoterapia é um tratamento muito procurado hoje em dia. Isso porque o aprendizado de instrumentos e música em si são benéficos em muitos aspectos para as pessoas, pois, reduz o estresse e o cansaço, estimula a coordenação motora, melhora a comunicação e interação social, desenvolve a criatividade, traz satisfação emocional, entre outros. Muitos pais buscam pela musicoterapia para auxiliar no desenvolvimento de suas crianças e adolescentes, principalmente aqueles com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Pessoas com ansiedade e depressão também buscam pela 10 musicoterapia como suporte e controle emocional. Idosos melhoram a coordenação, exercitam a mente e ainda relaxam com a música para terapia. Mas, em geral, a música como tratamento é relaxante e traz satisfação pessoal para qualquer um. A longo prazo os resultados são muito satisfatórios, principalmente na melhora da coordenação e comunicação (expressão de sentimentos e autoconhecimento). O desenvolvimento cognitivo-musical é um dos importantes parâmetros que atestam a neuroplasticidade na infância, pois, quanto mais a criança aprende, mais ela consegue aprender. Desde a primeira infância o desenvolvimento auditivo se mostra evidente no gradual aprimoramento de localização das fontes sonoras e de reconhecimento de alturas, timbres e intensidades, e é também nesta fase que as crianças começam a apresentar suas preferências musicais. “A musicalidade concede a percepção de uma dimensão em que coisas e pessoas e condições se integram, aquela dimensão existencial na qual interagem dinamicamente, isto é, a dimensão da harmonia ou da proporção dinâmica entre as partes de um todo” (QUEIROZ, 2003, p.23). 11 Os instrumentos mais indicados Os musicoterapeutas escolhem os instrumentos musicais para dar as aulas dependendo do tipo de terapia que será utilizada. Inclusive, muitos profissionais usam a voz e outros sons produzidos com objetos, por exemplo, para desenvolver a comunicação nos pacientes. Existem dois tipos de terapia, a terapia ativa e a terapia receptiva. Instrumentos para musicoterapia ativa Como o nome sugere na musicoterapia ativa o paciente é um aluno e aprende a tocar instrumentos como uma forma de expressão através da harmonia, melodia e ritmo. Os instrumentos mais usados nesse caso, são: Flautas; Liras; Tambores; Pandeiros; Carrilhões; Teclados; Entre outros. Instrumentos para musicoterapia receptiva 12 Nesse caso, a musicoterapia serve para desenvolver a percepção no paciente, além de tranquilizá-lo. A pessoa apenas ouve e faz observações sobre as músicas que o terapeuta toca para ele e em seguida o paciente expressa os sentimentos e pensamentos que teve enquanto escutava a melodia. Nesse caso, são bastante usado os instrumentos de corda e os de metais por terem um potencial maior de ressonância e harmonização. Benefícios da musicoterapia A música é a única ferramenta que desenvolve várias habilidades cognitivas ao mesmo tempo. A prática musical desenvolve o foco, a percepção, a atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem, todas as habilidades necessárias para qualquer profissão. A música age diretamente na região do cérebro que é responsável pelas emoções, gerando motivação e afetividade, além de aumentar a produção de endorfina, que uma é substância naturalmente produzida pelo corpo, que gera sensação de prazer. Isso acontece porque o cérebro responde de forma natural quando ouve uma canção, e mais do que lembranças, a música quando usada como forma de tratamento pode garantir uma vida mais saudável. Na vida social, a musicoterapia estimula a capacidade interativa e de comunicação, promovendo a socialização e melhora dos aspectos emocionais, físicos, biológicos e culturais. Ela une as pessoas e trata o humor, depressão, ansiedade, estresse e motiva cada vez mais os pacientes a encararem a vida com mais energia, motivação e determinação. 13 Alguns dos benefícios que a musicoterapia pode proporcionar são a melhora na frequência cardíaca e respiratória, redução na pressão sanguínea, diminuição do estresse e ansiedade, estimular a interação social, auxiliar na recuperação do paciente de AVC, amenizar em alguns casos os sintomas da amnésia, estimular a comunicação verbal, aliviar dores de cabeça e enxaquecas, estimula a coordenação motora, melhorar a concentração e estimular o bom humor. O desenvolvimento cognitivo, criatividade, memorização, sensibilidade, entre outros aspectos, estão relacionados com o consumo de música. Além de ter influência nas redes nervosas do cérebro, a música atua facilitando a comunicação, trazendo conforto e diminuindo a dor. Ela auxilia na circulação, respiração, alívio de dores crônicas e de sintomas do câncer. Quanto ao campo físico, de acordo com o ritmo da música, a respiração se torna mais ofegante ou mais calma, podendo ser utilizada em crises de estresse. Além disso, a pressão sanguínea pode aumentar ou diminuir, os batimentos cardíacos se tornam mais fortes ou mais suaves. E isso tudo não é pura especulação, diversos estudos sugerem a musicoterapia no tratamento de pacientes com doenças coronárias para reduzir o risco de complicações cardíacas. O profissional da musicoterapia pode orientar atividades que estimulem a coordenação e desenvolvimento de movimentos através da produção sonora em diversos instrumentos. Desse modo, o tratamento beneficia a reabilitação motora, 14 restabelecimento de funções de acidentados ou pessoas que sofreram acidentes vasculares cerebrais. Outra ferramenta da musicoterapia é a mesa lira, que consiste em uma grande caixa, na qual o paciente se deita, suspensa por pés de madeira, com 42 cordas de aço afinadas em ré (na maioria dos casos). De acordo com os musicoterapeutas, ela tem o potencial de desbloquear tensões, causando uma sensação de relaxamento profundo, e pode ser utilizada no tratamento de diversas enfermidades. Mesa lira A música ativa o sistema límbico (região do cérebro responsável por emoções, afetividade e comportamentos sociais). Desse modo, ela é capaz de contribuir para a socialização e aumentar a produção de endorfina. Esses motivos são alguns pelos quais a musicoterapia também é muito indicada no tratamento de depressão, estresse, ansiedade e outras doenças neuropsiquiátricas como autismo. Avaliação em musicoterapia O termo ‘avaliação’ em Musicoterapia possui diferentes significados e aplicações conforme o contexto onde está inserido. Segundo o Dicionário de Musicoterapia (KIRKLAND, 2013), existem dois grandes termos em inglês associados a prática avaliativa em musicoterapia: “assessment” e “evaluation”. O temo assessment está relacionado a observações mais profundas sobre a história 15 do paciente com o propósito de se investigar possíveis objetivos a serem trabalhados no processo musicoterapêutico e que serão incluídos no plano de tratamento do referido caso. Segundo Bruscia (2003), nesta categoria de avaliação o musicoterapeuta está interessado na análise de três aspectos: relação global da pessoa com a música, história clínica, história de vida do paciente e características musicais da pessoa (o que consegue e o que não consegue fazer musicalmente). Essa fase dura em média de três a quatro encontros com o paciente. Sem uma adequada avaliação, as intervenções do musicoterapeuta terão um caráter mais experimental do que programático. Por sua vez, o termo evaluation tem o intuito de observar a evolução do paciente durante o processo de tratamento (KIRKLAND, 2013). Em outras palavras, o interesse deste tipo de avaliação é verificar se os objetivos estabelecidos como plano de atendimento foram atingidos e se o paciente apresentou mudanças a partir do início da aplicação do tratamento musicoterapêutico. Sobre os possíveis tipos de aplicações das práticas avaliativas em musicoterapia Wigram, Pedersen e Bonde (2002) oferecem cinco possibilidades conforme descrito na tabela a seguir De acordo com a Wigram e Wosch (2007), a variedade dos instrumentos e modelos de avaliação em musicoterapia dependem dos seguintes fatores: proposta do instrumento, foco principal, população, variável dependente, método de análise e 16 tipo de coletas de dados (quantidade de avaliações por exemplo). Por esta razão, a quantidade de instrumentos avaliativos ao redor do mundo é expressiva. Avaliação em musicoterapia é a parte do processo terapêutico na qual o terapeuta deve observar o paciente em experiências musicais para identificar problemas clínicos, emocionais, expectativas, anseios, entre outras questões. Os objetivos das avaliações musicoterapêuticas podem ser interpretativos, descritivos, prescritivos ou avaliativos. Tradicionalmente, as avaliações em musicoterapia não têm uma função diagnóstica, mas trabalhos recentes mostram um movimento nesse sentido. As informações referentes às avaliações podem ser obtidas através de métodos informais, como questionários e entrevistas, ou métodos formais, como índices ou escalas. Índices ou escalas são processos de mensuração organizados como um sistema de medidas para auxiliar na determinação do grau de amplitude de comprometimento do paciente em diferentes contextos, assumindo importância na clínica e na pesquisa. Instrumentos bem construídos e validados permitem uma avaliação com base científica em meio à subjetividade da música e emoções. Em musicoterapia, alguns questionamentos referentes à relação entre comportamentos musicais, funcionalidade e significados ao paciente são relevantes. Os processos de avaliação devem responder a essas questões de forma ética e confiável por meio de evidências científicas. Instrumentos de avaliação utilizados na literatura devem passar por uma pesquisa psicométrica. A pesquisa psicométrica utiliza métodos estatísticos para avaliar a confiabilidade, validade e sensibilidade de um instrumento. A confiabilidade, quando comprovada, garante resultados consistentes e estáveis por meio de diferentes avaliadores em um intervalo de tempo. A confiabilidade é importantepara que a mensuração obtida em uma avaliação seja assegurada. A validade garante o grau em que um instrumento avalia aquilo que se dispõe a avaliar. A validade pode estar relacionada ao critério, conteúdo e construção. A sensibilidade é relativa à capacidade da escala quanto à percepção de mudanças referentes à evolução do paciente no decorrer da intervenção. Consiste na habilidade em traduzir mudanças clínicas significativas em diferenças numéricas 17 O uso de instrumentos de avaliação tem aumentado no campo da musicoterapia nos últimos anos em virtude do desenvolvimento da prática baseada em evidências, de expectativas de financiamento e necessidade de melhor compreensão dos efeitos das intervenções realizadas. Na Musicoterapia são utilizados instrumentos, o canto e ruídos para tratamento de pessoas com diferentes tipos de distúrbios. Além de atuar na área da reabilitação motora e no restabelecimento das funções físicas causadas por acidentes traumáticos ou em indivíduos com sequelas de acidente vascular cerebral (AVC). A musicoterapia também é uma boa opção para estimular o desenvolvimento de crianças, haja vista que melhora a capacidade de aprendizagem. A técnica ainda pode ser usada em empresas para estimular o crescimento pessoal e profissional do funcionário. 18 Numa avaliação em Musicoterapia existem basicamente três fases: compreender o paciente, o tratamento em si e a avaliação, que seria a evolução do mesmo. Sendo o principal objetivo levar o participante às mudanças significativas no seu estado de vida, melhora, por meio da escuta, com intervenções e propostas, compreendendo-o e atendendo suas necessidades, através da escuta e do fazer musical, é a utilização estruturada da música, do som e do movimento para a obtenção de objetivos terapêuticos de recuperação, manutenção e desenvolvimento da saúde física, mental e emocional, usando os potenciais singulares da música e do som, e a relação que se desenvolve por meio das experiências musicais para alterar o comportamento humano, auxiliando o participante a utilizar seu potencial máximo, para comunicar sua singularidade e para aumentar seu bem-estar (BRUSCIA, 2000; BARCELLOS, 1992). Segue a seguir alguns instrumentos de avaliação em musicoterapia traduzidos e publicados no Brasil. Os itens a seguir estão classificados de acordo com a área de aplicação clínica: 1. Transtorno Global do Desenvolvimento, Dificuldade de Aprendizagem e Transtornos Emocionais. 2. Envelhecimento, Demência e Transtornos Psiquiátricos. 3. Alteração do Nível de Consciência e Outras Aplicações. 1. Transtorno Global do Desenvolvimento, Dificuldade de Aprendizagem e Transtornos Emocionais 19 2. Envelhecimento, Demência e Transtornos Psiquiátricos 20 3. Alteração do Nível de Consciência e Outras Aplicações 21 Os instrumentos de avaliação em musicoterapia têm por finalidade permitir ao profissional musicoterapeuta uma avaliação objetiva do quadro clínico inicial do paciente, auxiliando a estabelecer o plano terapêutico e análise da evolução no decorrer da terapia. Entretanto, a complexidade e/ou subjetividade encontrada em muitos desses instrumentos pode dificultar a sua utilização na prática clínica. Novos estudos poderão viabilizar o aprimoramento e síntese desses instrumentos para que sejam amplamente utilizados na clínica e em pesquisas científicas. O Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde (IBES) reforça a importância e necessidade da aplicação das melhores práticas nacionais e internacionais 22 relacionadas à segurança do paciente. Uma linguagem padronizada, unificada e estruturada, assim como a pesquisa psicométrica, são fundamentais para que a credibilidade de um instrumento de avaliação seja assegurada e reproduzida (MOURA, 2007). A busca da melhor prática de avaliação em musicoterapia (padrão- ouro) poderá agregar muito à coleta de resultados confiáveis à prática da musicoterapia. As diversas potencialidades da musicoterapia são surpreendentes, ela auxilia de forma geral para melhorar a qualidade de vida como um todo. Pode ser empregada de forma preventiva em idosos, para manter funções cognitivas e motoras, e também como uma ocupação que permite trabalhar o lado emocional e social. A terapia auxilia estudantes com dificuldade de aprendizado, desenvolve potenciais criativos, promove a reabilitação de dependentes químicos e a reintegração social de menores infratores. 23 REFERÊNCIAS BARCELLOS, L.R.M. – A Música como Metáfora em Musicoterapia. Tese de Doutorado – Programa de Pós Graduação em Música, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, RJ, 2009. BENENZON, R. Manual de Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 1985. BRUSCIA, Kenneth E. Definindo Musicoterapia.Rio de Janeiro: Enelivros, 2000. BRUSCIA, K. Reconocer, Descubrir, Compartir... In Musicoterapia: Conferencias Porteñas, 2001. Buenos Aires: Asam, 2003. BRUSCIA, K.E. Definindo Musicoterapia. Traduzido para o português por Marcus Leopoldino. Terceira edição. Dallas: Barcelona Publishers, 2016. COSTA, C.M. O Saber da musicoterapia e o Musicoterapeuta . São Paulo – SP, Biblioteca da Musicoterapia.com, 2008. GATTINO, G. et al. Tradução, adaptação transcultural e evidências de validade da escala Improvisation Assessment Profiles (IAPs) para uso no brasil: parte 2 (p. 51- 72). Revista Brasileira de Musicoterapia - Ano XVIII n° 21 ANO 2016. KIRLAND, K (ed). International Dictionary of Music Therapy. London: FISH Books, 2013. MOURAAC, Rita. ZMITROWICZAB, Janina. Instrumentos de avaliação em musicoterapia: uma revisão. Revista Brasileira de Musicoterapia - Ano XX n° 24, ANO 2018. MOURA, R.C.R.; FONTES, S.V.; IDA, F.S.; FUKUJIMA, M.M. Instrumentos de avaliação para a prática e pesquisa nas áreas da saúde. In: FONTES, S.V.; FUKUJIMA, M.M.; CARDEAL, J.O. Fisioterapia Neurofuncional. São Paulo: Atheneu; 2007. p.199-208. SMITH, M. Musicoterapia e Identidade Humana: Transformar para Ressignificar. São Paulo: Memnon Edições Científicas Ltda, 2015. 24 QUEIROZ, G. J. P. Aspectos da Musicalidade e da Música de Paul Nordoff e suas implicações na prática clínica musicoterapêutica. São Paulo: Apontamentos Editora, 2003. WIGRAM, T.; PEDERSEN, I.; BONDE, L. A Comprehensive Guide to Music Therapy: Theory, Clinical Practice, Research and Training. London: Jessica Kingsley Publishers, 2002. WOSCH, T. & WIGRAM, T (Eds.). Microanalysis: Methods, Techniques and Applications for Clinicians, Researchers, Educators and Students. .London: Jessica Kingsley Publishers, 2007.
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