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1 Priscila Hipólito | T 16 Cirurgia| Teórica | Aula 05 Na anatomia precisamos saber que o fígado tem a via biliar principal direita, a via biliar esquerda e juntas formam o ducto hepático comum. Esse vira, de forma simbólica (mesma via) o colédoco após a inserção no cístico. Ou seja, é a mesma via, mas acima da inserção do cístico é o ducto hepático comum e abaixo é ducto colédoco. Ambas as estruturas biliares se encontram em um local chamado papila duodenal ou ampola de Vater. É na ampola de Vater onde se encontram o ducto de Wirsung ou ducto pancreático principal (se for sozinho é so ele e o colédoco). As vezes no pâncreas tem o ducto de Wirsung e o ducto de Santorini junto. O duto pancreático (ou duto de Wirsung) é um duto ligando o pâncreas ao duto biliar comum para fornecer sucos pancreáticos que auxiliam a digestão fornecida pelo " pâncreas exócrino ". Atravessando todo o parênquima pancreático, desde a cauda até à cabeça, encontra-se o ducto pancreático principal (de Wirsung). Ele junta-se ao ducto biliar na cabeça do pâncreas para formar o ducto hepatopancreático, também conhecido como ampola de Vater. Este ducto desemboca na parte descendente do duodeno através da papila duodenal maior. O fluxo através da ampola de Vater é controlado por um esfíncter muscular liso, chamado esfíncter de Oddi (hepatopancreático). Ele também previne o refluxo de conteúdo duodenal para o ducto hepatopancreático. As partes terminais dos ductos pancreático principal e biliar também têm esfíncteres, que desempenham um papel importante no controlo do fluxo dos fluidos pancreático e biliar. Para além do ducto principal, o pâncreas também contém um ducto acessório (de Santorini). Ele comunica com o ducto pancreático principal ao nível do colo pancreático e desemboca na parte descendente do duodeno através da papila duodenal menor. A vesícula tem o ducto cístico que é a comunicação entre o colo vesicular e o colédoco. Ele é formado por válvulas de Heister, em pregas espirais, responsáveis pelo fluxo unidirecional da bile. Toda vez que comemos gordura os nossos hormônios e a liberação central avisam para liberar bile para dissolver gordura. No duodeno ocorre a contração da papila duodenal, fazendo com que a bile desça. A vesícula é formada por colo, corpo, infundíbulo e fundo. Colelitíases e Colestase Índice: 1. Anatomia biliar 2. Litíase biliar 3. Colestase biliar Anatomia biliar 2 Priscila Hipólito | T 16 Cirurgia| Teórica | Aula 05 A imagem acima nos leva a perceber a variação anatômica e como é que a vesícula se coloca no fígado. A vesícula normalmente está no segmento 4B (lembrar que o fígado tem segmento 4A e 4B). A vesícula é delimitada anteriormente pela artéria hepática. Em algumas pessoas a artéria cística é ramo da artéria hepática comum, e em outras da artéria hepática direita. Abaixo da artéria hepática tem a veia porta. Essa veia tem sues ramos principais, no fígado direito tem a veia porta anterior e posterior direita, no fígado esquerdo tem a veia porta esquerda. A veia porta é responsável pelo sangue arterial em 70% da vascularização dos hepatócitos. A porta normalmente fica posterior a artéria e ao ducto cístico (não é regra!). Acima temos as variações anatômicas mais comum 75% das vezes a artéria cística é ramo da artéria hepática comum. Ela emite um ramo principal que é a artéria hepática direita e logo depois a cística. Podem ser múltiplos ramos de artéria cística para a vesícula ou pode ser um ramo direto da artéria hepática direita. A bile é forma de eletrólitos, colesterol, lecitina, sais biliares, bilirrubinas e proteínas. A bile é uma solução isotônica. O corpo faz com que as toxinas dos hepatócitos e a água junto com proteína, bilirrubinas, sais biliares e eletrólitos se juntem e formem a chamada: solução isotônica de bile. Todo mundo pode formar bile? Depende de uma balança de equilíbrio entre a concentração de sais biliares e a presença de colesterol. Se há menos líquido na bile ela fica mais sólida e mais supersaturada, ela estando supersaturada a chance de precipitação é maior. QUANDO A BILE PRECIPITA ELA FORMA O CÁLCULO! Quando ela precipita pouco forma o micro cálculo, quando ela se junta a várias micelas de gordura de colesterol e sais biliares forma o cálculo grande. Lembrar que fatores genéticos são importantes para a formação de cálculo. TIPOS DE CÁLCULOS BILIARES Variações anatômicas Litíase biliar 3 Priscila Hipólito | T 16 Cirurgia| Teórica | Aula 05 Os amarelos são de colesterol e sais biliares em 75% das vezes Os pretos são provenientes de estados hemolíticos, como beta talassemia, anemia hemolítica. Os marrons são formados pela incorporação e colesterol junto com sais de cálcio. São mais prevalentes na coledocolitíase, nos cálculos formados no próprio colédoco. FATORES DE RISCO Predisposição genética NPT (nutrição parenteral - É um fator de risco porque é quando a comida cai no duodeno que ele manda mensagem para a vesícula contrair e mandar a bile. Se a comida vai pelo sangue e não passa pelo duodeno, o duodeno não manda a mensagem para a vesícula, então ela fica hipocontrátil/estáse. Vagotomia troncular – Um ramo do nervo vago direito que vai inervar a vesícula, então se ela fica denervada ela não contrai. Dieta pobre em fibras – vai demorar na bile ser recirculada na circulação entero hepática para voltar a formar bile novamente. Ou seja, a matéria prima para formação de bilirrubina conjugada demora. Estrogênio e progesterona – Receptores hormonais existentes na vesícula que fazem com que ela se contraia ou que fiquem em estase. O aumento de estrogênio e progesterona fazem a vesícula ficar mais parada, por isso que gestante costuma ter colecistite, ou tem cálculo em vesícula biliar que se dissolve depois da gestação, porque o cálculo fica impactado no infundíbulo devido a não contração da vesícula. Idade – normalmente mulheres a partir de 40 anos são amis predispostas a ter cálculo Obesidade Hiperlipemias e clorofibrato – O aumento de lipídio a região do duodeno faz com que muita bile seja produzida, se tenha pouca matéria prima conjugada, levando a formação de mais cálculos. Ressecção ileal e doença de Chron – as ileites e doenças inflamatórias intestinais inflamam a mucosa do intestino impedindo a reabsorção da bilirrubina e a sua volta para o fígado e conjugação, promovendo um estado de estase. Anemia hemolítica Cirrose – Disfunção hepatocelular. Infecções – Colangiopatia por HIV, infecção por ascaridíase, podem obstruir a via biliar ou compactar um cálculo. QUADRO CLÍNICO Dor aguda HCD ou epigástrio 30 min: Cólica biliar é uma dor localizada em hipocôndrio direito ou epigástrio que dura até 5 horas. Isso acontece porque a cólica biliar tem que ser passageira, uma vez que ela é a impactação de um cálculo no infundíbulo, com isso na hora que a vesícula vai mandar a bile ela não consegue, gerando uma hipercontratilidade e dor. 5 horas: se a cólica biliar durar mais que 5 horas é colecistite. Náuseas e vômitos Dor pós prandial - Geralmente é uma dor pós prandial (pós alimentação hiperlipídica), pois a mensagem contrai a vesícula quando a comida cai no duodeno. DIAGNÓSTICO USG Nem todo mundo que faz uma USG de rotina e acha um cálculo tem que operar. Depende de alguns fatores. O fator mais importante a ser observado no exame é o TAMANHO do cálculo, pois é o principal fator de risco para neoplasia de vesícula. Na USG há o aparecimento de uma refringência chamada de sombra acústica posterior, formado pela presençado cálculo. Isso acontece porque geralmente o cálculo é de bilirrubinato de cálcio, e a onda sonora é 2D, portanto, bate no cálculo e desvia. Padrão ouro É mais disponível, barato, fácil de realizar. RX DE ABDOME Não é o exame adequado, mas se houver a parede da vesícula infiltrada por cálculo (vesícula em porcelana) já é um diagnóstico de vesícula em porcelana. Isso quer dizer que a parede da vesícula foi infiltrada por cálcio e é um fator de risco para câncer. Os cálculos radiopacos aparecem no RX com exceção do de colesterol. 4 Priscila Hipólito | T 16 Cirurgia| Teórica | Aula 05 ECOENDOSCOPIA Exame operador dependente. É o melhor exame no quesito acurácia. Entretanto, depende de quem irá realizá-lo, por que é uma USG dentro do estômago, com isso nem todos os médicos estão habilitados (chegam a curva de aprendizado). Alta especificidade e sensibilidade, especialmente para pequenos cálculos. Muitas vezes a ressonância e a USG não conseguem identificar cálculos menores que 0,5 cm. So quem consegue é a ecoendoscopia. Não se passa ecoendoscopia para todos os pacientes pois é custoso, tem acurácia dependente de quem está fazendo, necessita de um material adequado e é por dentro do estômago (nem todas as pessoas podem fazer uma endoscopia com ultrassom). Usado se a Colangioressonância não achar o cálculo. EXAMES COMPLEMENTARES Colecistografia oral (com contraste) – O contraste cora a vesícula e o local que tem o cálculo não cora. É um exame difícil de realizar e difícil de interpretar. Colecintilografia (varredura HIDA) – A vesícula quando tem falha dentro mostra falha de enchimento. Tomografia de abdome – Não é sempre realizada porque nem todos os cálculos são radiodensos. Colangioressonância – Ressonância sem contraste (o contras é a própria bile) da via biliar. Consegue mostrar cálculos, mas há limitação de cálculos < 0,5cm. Exame feito depois do USG para tentar identificar o cálculo. Obs: Cálculos < 0,5 são mais bem vistos na ecoendoscopia. Sendo a ordem ecoendoscopia, CPRM e USG. 1° COMPLICAÇÃO: COLECISTITE AGUDA Conferência de Tokyo em 2018 Para o guideline a pessoa tinha que ter um critério laboratorial e um critério de imagem. Critério laboratorial: uma pessoa com colecistite tem que ter leucocitose ou aumento de bilirrubinas ou discreto aumento de FA e AST. Critério de imagem: espessamento da parede abdominal (da vesícula) pois a parede vesicular < 4mm está normal, >4mm está dilatada (principal sinal ultrassonográfico de colecistite aguda, complicação principal da colelitíase), edema perivesicular ou Murphy ultrassonográfico ( na hora da USG põe o aparelho no ponto cístico e a pessoa para de inspirar com dor), cálculo impactado em infundíbulo, na colecistite enfisematosa temos a presença de gás dentro da vesícula. VAI POR MIM, DECORA ISSO! TEM QUE SABER! VAI DEFINIR A CONDUTA. CLASSIFICAÇÃO E CONDUTA Se leve: Não há critério de gravidade, só opera. Se moderada: Leucocitose importante ou massa palpável dolorosa ou se os sintomas persistirem por mais de 4/5dias ou se tiver uma complicação local (abcesso, perfuração, gás na vesícula). Na moderada deve-se operar* (quando o paciente tolerar a cirurgia, ASA < 4) ou dar atb juntamente com a drenagem – colecistostomia- de via biliar (não se deve dar apenas antibiótico pois o pus permanece na vesícula). *Pode tentar operar o paciente grave depois de corrigir as funções orgânicas. Cálculo < 3cm sem comorbidade assintomático só opera se a pessoa quiser. Lembrar que a chance da vesícula complicar durante o ano é de 4%. 2° COMPLICAÇÃO: COLEDOCOLITÍASE Pode ser primária ou secundária Primária: Acontece quando o cálculo é formado na própria via biliar doente. Isso ocorre quando os músculos lisos estão tão destruídos que dilatam a via biliar e com isso ela não tem mais força para fazer com que a bile saia, causando uma estase da bile, formando cálculo na via biliar. Sempre que um cálculo é formado após um ano depois da VLC é coledocolitíase primária. Secundária: 5 Priscila Hipólito | T 16 Cirurgia| Teórica | Aula 05 Ocorre quando está se realizando a cirurgia na vesícula e o cálculo desce e ficar preso na via biliar. Nesses casos é preciso fazer coledocolitíase e a pessoa fica ictérica no dia seguinte. Podendo ficar ictérica por até um ano. É chamada de coledocolitíase secundária pois é secundária a um cálculo na vesícula. Sempre que um cálculo é formado antes de um ano da VLC é coledocolitíase secundária. Frequência 6-12% Alterações de hepatograma - se um cálculo obstrui a via biliar pode aumentar enzimas canaliculares (FA e Gama GT alteram com colestase e a coledocolitíase provoca a colestase, alterando-as), ocorre aumento da bilirrubina direta. Colédoco > 5mm é chamado de colédoco ectasiado e maior que 8/9mm é dilatação de colédoco. CONDUTA Risco Características Conduta Alto Icterícia flutuante USG: cálculo no colédoco CPRE Médio Colédoco > 5mm e sem cálculo + 2: - Bilirrubina - FA - Transaminases - Pancreatite/Colangite CPRM Baixo Médio + colédoco > 5mm* Colangiografia Muito baixo Nenhum VLC *A pró disse que estava errado no slide, pois constava <5mm. A conduta depende do risco O risco de coledocolitíase é a chance de quando uma pessoa for operar a vesícula ter um cálculo na via biliar. O risco muito baixo não faz nada, o opera a vesícula. Risco baixo colédoco > 5mm deve-se fazer exame da via biliar. Para isso faz uma colangiografia (um RX com contraste na via biliar), se tiver cálculo na via biliar ele deve ser retirado, se não tiver deve-se proceder a vesícula. Se médio risco se faz uma Colangioressonância antes da cirurgia para ver se existe cálculos. Não se faz CPRE no médio risco porque possa ser que o cálculo passou direto e descido, nesse caso o cálculo não é visível a USG. Se alto risco é feito o CPRE (colangiopancreatografia retrograda endoscópica - papilotomia). Nesse caso corta-se a papila duodenal para o cálculo descer. So faz isso se tiver uma evidência alta (exemplo, ver cálculo no colédoco a USG). 3° COMPLICAÇÃO: PANCREATITE AGUDA BILIAR A pancreatite pode ser leve, moderadamente grave e grave. TEM QUE SABER PORQUE MUDA CONDUTA! Leve: paciente que chega na emergência com 2 de 3 critérios, dentre eles: aumento de enzimas (amilase, lipase – aumentada 3X o valor de referência), dor abdominal ou imagem (exame radiológico) com evidência de pancreatite. Pancreatite aguda moderadamente grave: Disfunção orgânica que dure até 2 dias. Pancreatite aguda grave: Disfunção orgânica que piora depois de 2 dias. CONDUTA INICIAL Hidratação – Como pancreatite é inflamação das células endoteliais elas se afastam então quando damos líquido as células perdem líquido para o terceiro espaço, o que deixa o indivíduo desidratado. – muitas vezes perdemos o paciente de pancreatite na primeira hora de conduta, sendo importante a hidratação. Repouso glandular (dieta 0 – jejum) – Na sua fisiopatologia ela é causada por uma obstrução dos ductos pancreáticos e isso causa uma auto digestão com as enzimas pancreáticas. O pâncreas deixa de funcionar parando de se auto destruir quando não é ofertada alimentação para que ele envie enzimas. Todo mundo que tem pancreatite não pode comer, so pode comer depois que para de doer a barriga (é um fator de bom prognóstico). Controle da dor – analgésico Repouso glandular Avaliar antibioticoterapia COMPLICAÇÕES Locais (coleções, pseudocistos, necrose) As complicações principais são as coleções Peri pancreáticas que acontecem. Se a pancreatite for edematosa tem coleções leves, claras, sem conteúdosólido. Na pancreatite mais grave, chamada de necro- hemorrágica tem coleções, pseudocistos) Vasculares (trombose, pseudoaneurisma) Pode causar trombose, pois a lesão endotelial é um fator de risco para a trombose, podendo 6 Priscila Hipólito | T 16 Cirurgia| Teórica | Aula 05 obstruir pequenos vasos e causar uma hipovascularização do vaso. Como por exemplo, pode obstruir as artérias cólicas e o cólon parar e até necrosar. As enzimas pancreáticas na vigência de pancreatite aguda podem extravasar pelo pâncreas e fazer com que os vasos, como veia e artéria esplênica destrua suas camadas e cause uma dilatação que pode ser chamada de aneurisma ou pseudoaneurisma. Por microtromboses também temos sinais de Grey-Turner e Fox que são sinais de pancreatite necro-hemorrágicas, nelas o retroperitônio fica inflamado e por isso o tom azul. Sinal de Gray-Turner: Equimose em região de flancos. Indicativo de hemorragia retroperitoneal. Pode ser encontrado em pancreatite necro- hemorrágica. Sinal de Fox: Equimose em região inguinal e base do pênis. (imagem abaixo não é da aula) Sistêmicas (síndrome compartimental) – perde líquido para o terceiro espaço e com isso pode ter edema generalizado. CONDUTA TERAPÊUTICA DA LITÍASE BILIAR SINTOMÁTICOS Dois episódios de dor na vigência de lama biliar História de complicações prévias Todos os pacientes sintomáticos devem operar ASSINTOMÁTICOS, OPERAR SE: Cálculos > 3cm → Deve operar porque há chance de neoplasia de vesícula Pólipos de vesícula biliar → Deve operar porque não tem como diferenciar gordura de câncer pelo exame de imagem, so com biopsia, mas como não se pode biopsiar a vesícula porque a bile contamina a cavidade. Todo pólipo > 6 cm que cresce em 6 meses deve ser operado. Vesícula em porcelana → Vesícula do Raio-x. isso quer dizer que a parede esta infiltrada por cálcio, ou seja, tem metaplasia. Então, a chance de ter displasia é maior. Anomalia congênita na vesícula → As vezes uma hipertrofia de mucosa que altera a conformação da vesícula pode ser um câncer. Cirurgia bariátrica → Os pacientes quando perdem peso a bile perde líquido, eletrólito, fica supersaturada e com isso aumenta a chance de formar cálculo. Anemia falciforme → A doença hemolítica altera a conjugação da bilirrubina e faz com que as pessoas tenham mais cálculo. TRATAMENTO CIRÚRGICO DA LITÍASE BILIAR O principal tratamento cirúrgico é a colecistectomia videolaparoscópica. A técnica descrita pela professora: 1 trocater na região do umbigo → por ele passa a câmera e 2 pinças de preensão → suspender a vesícula → soltar a vesícula do fígado → clipar o cístico →clipar a artéria cística → retirar a vesícula. Nem todo mundo precisa operar por via laparoscópica, a principal contraindicação é a instabilidade hemodinâmica. Exemplo, se a pessoa é ASA 4, disfunção pulmonar, neoplasia pulmonar com metástase bilateral ele não tolera o vídeo porque restringe a capacidade funcional, gerando vasoconstricção periférica e piorando o choque. A colecistectomia convencional não é mais atrasada. Ela é utilizada quando não há possibilidade de operar por vídeo, na cirurgia aberta há o ganho do tátil, de poder parar um sangramento com a mão, por exemplo. Na cirurgia por vídeo as vezes a pinça não chega no local desejado, o instrumental não e adequado, a artéria fica móvel e bate na câmera esvaindo sangue e sujando todo o campo de visão do cirurgião. A vantagem da cirurgia por vídeo é o melhor resultado pós operatório no que diz respeito ao REMIT, menor tempo de ir para casa e menos dor no PO. TÉCNICA VIDEOLAPAROSCÓPICA 7 Priscila Hipólito | T 16 Cirurgia| Teórica | Aula 05 Existe 2 técnicas videolaparoscópica: a americana e a francesa. Dentre elas o que muda é a posição dos trocateres. O que não muda em ambas as técnicas é a visão crítica de segurança, ou seja, a possibilidade de visualizar o ducto cístico, a artéria cística e a borda inferior hepática. Essa visualização garante a segurança do procedimento cirúrgico. Se não for possível essa visualização o melhor a se fazer é converter a cirurgia do que prosseguir, pois a chance de lesar a via biliar é altíssima e é uma das principais causas de transplante hepático no Brasil. COMPLICAÇÕES Lesão acidental de via biliar Sangramento (fígado, artéria, veia porta) Lesão intestinal inadvertida Síndrome pós-colecistectomia → Ocorre quando a pessoa não interioriza que não pode comer gordura depois de operar a vesícula, portanto, toda vez que come a gordura e não tem a vesícula não tem bile disponível na hora. Só há bile no fígado, mas não há tempo dele produzir bile o suficiente para liberar no duodeno, levando a pessoa a quadros de diarreia. TRATAMENTO CLÍNICO PARA COLELITÍASE É importante dar remédio aos pacientes que não toleram a cirurgia. O remédio tenta dissolver os cálculo, mas so dissolve 60% dos cálculos, sendo inclusive ineficaz para cálculos pigmentados (concluímos, assim, que os pacientes portadores de anemia falciforme com cálculos são obrigados a operar mesmo eu não tolerem a cirurgia. O remédio é chamo de URSO. Usa-se em média 10mg/kg e o indivíduo vai usar todos os dias. Após 2 ou 3 meses será feito um exame de imagem para ver se os cálculos dissolveram. COLESTASE Definição: interrupção/diminuição do fluxo biliar. É uma estase do colédoco. Mas por que a bile entra em estase do colédoco? Por uma obstrução dentro do fígado ou por uma obstrução fora do fígado. Colestase intra-hepática Defeitos secreção de bile-hepatócitos Obstrução intra-hepática Dentro do fígado pode nem está obstruído, mas o hepatócito pode estar tão sofrido que nem bile produz, é o que acontece na hepatite fulminante, nas grandes doenças hepatocitárias, doença parenquimatosa do fígado avançada, neoplasia hepática com obstrução do ducto dentro do fígado ou até mesmo a destruição do hepatócito. Obstrução extra-hepática Câncer ou coisas benignas podem comprimir a via biliar fora do fígado Causas malignas: Colangiocarcinoma, Câncer pancreático, Câncer de vesícula biliar, Câncer da Ampola de Vater, Malignidade de linfonodos portais Causas benignas: Coledocolitíase, Pós-cirúrgico, Colangite esclerosante primária, Pancreatite crônica, Colangiopatia da AIDS, Síndrome de Mirizzi, Doença parasitária (ascaridíase). FISIOLOGIA Alguns hormônio, sendo eles a secretina, gastrina e a colecistocinina, são liberados e fazem com que o Colestase biliar 8 Priscila Hipólito | T 16 Cirurgia| Teórica | Aula 05 duodeno abra a papila duodenal fazendo a bile descer para dissolver o alimento. Secreção biliar Excreção de toxinas e metabólicos celulares normais Absorção de lipídios Mistura isotônica: sais biliares, proteínas, eletrólitos, colesterol, fosfolipídios e bilirrubina. Secretina, colecistocinina e gastrina- hormônios produzidos por células gastroduodenais e vão perceber a presença da comida com lipídio e estimular a liberação da bile. Produzimos em torno de 500 – 800 ml de bile por dia: 50% para vesícula biliar pela contração do esfíncter de Oddi Colecistocinina: Principal hormônio que efetua a contração vesícula (causando dor) e relaxamento do esfíncter CIRCULAÇÃO ENTERO-HEPÁTICA Sais biliares → intestino → formação de micelas → absorção e gorduras no intestino delgado. Reabsorção → circulação porta (ligados a albumina) → reserva de 2 a 3 s de sais biliares. 5% de excreção nas fezes Um fator de risco é a ileite, pois a mucosa intestinal do ílio pode não está preparada para reabsorver (reabsorve cerca de 2 – 3g de sais biliares) e salva como matéria prima e fica de reserva para conjugarbile. Se não há circulação entero-hepatica o indivíduo pode ficar colestático. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Não muda muito da colestase para a colelitíase. Dor em cólica Constante Quadrante superior direito ou epigástrio Associada as refeições – piora com refeição Sinal de Murphy Febre Infecção e inflamação Se o indivíduo está ictérico, cálculo na vesícula, dor abdominal e tem febre pensa-se logo em colangite aguda. Colangite aguda é o estado inflamatório causado pela estase da via biliar por inflamação. A presença do cálculo é um fator de risco para colangite. Ou seja, quem tem coledocolitíase pode ter colangite aguda. Icterícia Níveis séricos > 2,5 ml/dl (escleras); 5ml/dl (pele) Clínica (processo hepatocelular) x cirúrgica (obstrução da árvore biliar) Tríade de charcot: Dor abdominal + icterícia + febre em quem tem cálculo de vesícula. Se o indivíduo tem hipotensão e alteração do nível de consciência associada a tríade de Charcot ele tem a chamada de Pêntade de Reynolds. É um sinal de que a colangite é grave EXAMES LABORATORIAIS Níveis de bilirrubina Conjugada (direta) x Não conjugada (indireta) Na hepatite a bilirrubina que altera é a indireta Na colestase, como o problema é na descida e não na conjugação da bilirrubina o que aumenta é a bilirrubina direta. Entretanto, pode causar aumento da bilirrubina indireta, em casos mais graves, pois a pessoa tem colestase e o refluxo da bile causa uma doença hepatocitárias e perde o poder de conjugação também. Fosfatase alcalina e GGT – aumenta essas enzimas porque elas são canaliculares e o canalículo está obstruído. Transaminases – AST e ALT – Só aumentam quando as transaminases forem muito graves e gerarem doenças nos hepatócitos. EXAMES COMPLEMENTARES RX DE ABDOME Afastar outras entidades Pode ter vesícula enfisematosa: sinal de colecistite. 9 Priscila Hipólito | T 16 Cirurgia| Teórica | Aula 05 Pode ter a vesícula em porcelana ou cálculos radiopacos Da esquerda para direita temos: cálculos radiopacos, vesícula em porcelana e vesícula enfisematosa. ULTRASSONOGRAFIA Serve para ver o cálculo Sinais de colecistite: espessamento + líquido colecicistíco + presença de cálculo no infundíbulo (de tanto a vesícula contrair ela se espessa). Consegue ver a via biliar, inclusive ver cálculo dentro da via. Sensibilidade, barato, confiável e reprodutível Cálculos livres e impactados x lama biliar x pólipos Espessamento e líquido pericolecístico Vesícula em porcelana Via biliar CRPM – COLANGIORESSONÂNCIA Não invasiva, sem radiação (contraste) Planejamento cirúrgico; patologia biliar complexa Principal exame da colestase o contraste da CPRM é a própria bile. Os cálculos presentes na imagem são falhas de enchimento. CPRE – COLANGIOPANCREATOGRAFIA RETROGRADA ENDOSCÓPICA Contraste através da ampola de Vater Diagnóstico e tratamento Descompressão da via biliar (neoplasias) Passa um cateter pela via biliar e corta a via biliar embaixo para que o cálculo que estiver no trajeto possa descer.
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