Buscar

Mudanças do Organismo Materno na Gravidez

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

AMANDA	FARIA	
Mudanças do Organismo Materno 
VISÃO GERAL 
O	 organismo	materno	 durante	 a	 gestação	 passa	 por	
diversas	 mudanças	 consideradas	 normais	 para	 o	
período,	 essas	mudanças	 são	 decorrentes	 de	 fatores	
hormonais	 e	 mecânicos,	 que	 geram	 alterações	
fisiológicas.	
POSTURA E DEAMBULAÇÃO 
Dentro	 das	 modificações	 sistêmicas	 do	 organismo	
materno,	há	alterações	na	postura	e	na	deambulação.	
POSTURA 
Durante	a	gestação,	há	mudança	postura	da	mulher	se	
altera	antes	mesmo	da	expansão	do	útero.	Isso	ocorre,	
pois	 a	 matriz	 evadida	 da	 pelve	 se	 apoia	 na	 parede	
abdominal	e	as	mamas	estão	dilatadas,	 fazendo	com	
que	o	centro	de	gravidade	se	desvie	para	frente	devido	
ao	 peso	 no	 tórax.	 Para	 compensar	 tais	 alterações,	 o	
corpo	se	projeta	para	trás,	isso	é	mais	bem	visto	em	pé,	
uma	vez	que	há	o	aparecimento	da	lordose	da	coluna	
vertebral	 e	 ampliação	 do	 polígono	 de	 sustentação	
(afastamento	 dos	 pés	 e	 projeção	 das	 espáduas	 para	
trás).	
Atitude	similar	a	alguém	que	carrega	um	objeto	
pesado,	segurando-o	com	as	mãos	na	frente	da	
barriga.	
Tais	alterações	posturais	fazem	com	que	a	gestante	se	
queixe	 de	 dores	 cervicais	 e	 lombares,	 uma	 vez	 que	
grupos	musculares	que	não	possuíam	funções	nítidas	
ou	 constantes,	 passam	 a	 atuar,	 se	 estirando	 e	
contraindo,	a	dor	é	devido	à	fadiga	muscular.			
																	 	
DEAMBULAÇÃO 
A	gestante	apresenta	uma	marcha	chamada	de	marcha	
anserina,	 que	 lembra	 a	 deambulação	 dos	 gansos	
devido	aos	movimentos	oscilantes	e	mais	curtos.	
Isso	 se	 dá	 porque	 a	 base	 da	 sustentação	 está	 mais	
ampliada	e	os	ângulos	estão	aumentados	entre	os	pés	
e	a	linha	mediana	(principalmente	à	direita	devido	ao	
dextrodesvio).	
METABOLISMO 
No	 metabolismo	 são	 vistas	 grandes	 alterações,	 uma	
vez	que	há	maior	exigência	de	suprir	as	necessidades	
para	o	crescimento	e	desenvolvimento	do	bebê.	
METABOLISMO GLICIDICO 
Nesse	período,	organismo	possui	um	outro	consumidor	
de	 glicose,	 tendo	 uma	 demanda	 permanente	
(parasitismo	verdadeiro).	
O	transporte	de	glicose	para	o	feto	se	dá	por	difusão	
facilitada,	os	níveis	fetais	de	glicose	são	cerca	de	
20mg/dl.	
Sendo	assim,	há	mecanismos	para	menor	utilização	da	
glicose	por	parte	da	gestante,	tais	como:	
1. Diminuição	do	uso	periférico:	ocorre	por	ação	
dos	hormônios	contrainsulares	pela	placenta;	
2. Uso	de	lipídios:	ocorre	preservação	de	glicose	
e	aminoácidos	ao	se	utilizar	lipídios,	liberando	
excessivamente	ácidos	graxos	livres,	que	serve	
como	fonte	de	energia.	 	 Isso	ocorre	por	ação	
do	 hPL	 (hormônio	 lactogênio	 placentário	
humano),	que	aumenta	no	1º	e	2º	trimestre	e	
tem	 máxima	 concentração	 nas	 últimas	 4	
semanas,	 ele	 tem	 seu	 efeito	 considerado	
diabetogênico,	uma	vez	que	AGL	cursa	com	o	
desenvolvimento	de	diabetes	mellitus	do	tipo	
II.	
Como	alteração	do	organismo,	ocorre	também	maior	
resistência	 à	 insulina	 no	 final	 do	 2º	 trimestre	 devido	
hormônio	 lactogênio	 placentário	 humano	 (hPL);	
hormônio	do	crescimento	placentário	humano	(hPGH);	
adipocinas,	como	leptinas,	adiponectinas,	TNF-a	e	IL-6.		
Sabe-se	que	os	AGL	e	a	resistência	insulínica	são	
mecanismos	envolvidos	na	diabetes	melitus	tipo	II.	
	
AMANDA	FARIA	
METABOLISMO LIPÍDICO 
O	 corpo	 gravídico	 precisa	 se	 adaptar	 a	 grande	
necessidade	de	nutrientes	pela	placenta,	os	nutrientes	
mais	 abundantes	 que	 atravessam	 a	 placenta	 são	 a	
glicose	 e	 aminoácidos.	 A	 placenta	 é	 praticamente	
impermeável	aos	lipídios,	exceto	aos	AGL	e	aos	corpos	
cetônicos.	
Basicamente	 ocorre	 duas	 alterações	 no	 organismo	
materno	em	relação	ao	metabolismo	lipídico:	
1. Acúmulo	de	lipídios:	é	o	principal	responsável	
pelo	 aumento	 de	 peso	materno	 na	 gestação	
(excluindo	 o	 peso	 do	 concepto),	 está	
relacionado	com	a	hiperfagia	e	pela	lipogênese	
aumentada;	
2. Hiperlipidemia	gestacional:	na	gravidez	há	um	
aumento	normal	de	triglicerídeios	plasmáticos	
e	 pequeno	 acréscimo	 no	 colesterol.	 Ocorre	
aumento	 de	 LDL	 e	 HDL,	 porém	 o	 maior	
acúmulo	 corresponde	 ao	 VLDL,	 essas	
lipoproteínas	 carregam	 triglicerídeos	
derivados	do	AGL	e	glicerol.	
METABOLISMO PROTEICO 
A	concentração	da	maioria	dos	aminoácidos	diminui	na	
gravidez.	 As	 proteínas	 plasmáticas	 têm	 concentração	
diminuída	 devido	 à	 hemodiluição,	 apesar	 de	 haver	
aumento	em	seu	número.		
A	 concentração	 de	 albumina	 apresenta	 uma	 nítida	
redução,	alguns	fármacos	se	ligam	à	albumina	durante	
a	distribuição.	
METABOLISMO HIDROELETROLÍTICO 
O	 aumento	 do	 metabolismo	 hidroeletrolítico	 é	 visto	
com	 o	 aumento	 da	 retenção	 de	 líquido	 na	 gravidez,	
cerca	de	8	a	10L	intra	e	extracelular,	o	que	é	mais	bem	
visto	 com	 o	 aumento	 do	 volume	 plasmático,	 cujo	
aumento	 serve	 para	 um	 melhor	 débito	 cardíaco	 e	
melhor	fluxo	plasmático	renal.	
O	principal	mecanismo	para	tal	aumento	é	a	retenção	
de	sódio,	causada	pela	maior	liberação	de	aldosterona	
pela	 suprarrenal,	 devido	 ao	 efeito	 natriurético	 da	
progesterona.		
METABOLISMO DO CÁLCIO 
Na	 gravidez,	 o	 cálcio	 e	 o	 fósforo	 são	 transferidos	 da	
mãe	para	o	feto	por	transporte	ativo,	tendo	acúmulo	
de	25	a	30g	de	cálcio	no	termo.	Para	que	isso	acontece,	
a	 absorção	 de	 cálcio	 no	 intestino	 dobra	 na	 gravidez,	
isso	 é	 decorrente	 do	 aumento	 da	 vitamina	 D3	 de	
origem	placentária	e	materna	renal.	A	vitamina	D3	abre	
os	 canais	 de	 cálcio	 voltagem-dependentes,	 gerando	
uma	maior	reabsorção	de	cálcio.	
Durante	a	lactação,	a	perda	diária	de	cálcio	pelo	leite	é	
de	220	a	340mg.	
SISTEMA CARDIOVASCULAR 
As	 alterações	 cardiovasculares	 contribuem	 para	 um	
ótimo	 crescimento	 e	 desenvolvimento	 do	 feto	 e	
protegem	a	mãe	de	perdas	 fisiológicas	de	 sangue	no	
parto.	
As	 principais	 alterações	 cardiovasculares	 na	 gravidez	
são:	
1. Aumento	 da	 frequência	 cardíaca:	 aumenta	
cerca	de	10	a	20%,	 isto	é,	acréscimo	de	10	a	
15bpm;	
2. Aumento	do	volume	sanguíneo:	ocorre	devido	
ao	 aumento	 de	 volume	 plasmático,	 devido	 a	
retenção	de	líquido;		
3. Aumento	 do	 débito	 cardíaco:	 aumenta	 cerca	
de	 40	 a	 50%	 e	 é	 auxiliado	 pelo	 aumento	 da	
frequência	 cardíaca	 e	 voluma	 sistólico,	
observado	a	partir	da	5ª	semana	de	gestação	e	
prossegue	até	a	28ª	a	32ª	semana;	
4. Redução	 da	 resistência	 vascular	 periférica;	
ocorre;	
5. Redução	 da	 pressão	 arterial:	 ocorre	 uma	 vez	
que	apesar	de	ter	aumento	volume	plasmático	
e	 do	 débito	 cardíaco,	 há	 diminuição	 da	
resistência	 vascular	 periférica.	 As	 pressões	
sistólica	 e	 diastólica	 estão	 diminuídas	 de	 5	 a	
10mmHg	 no	 2º	 trimestre,	 atingindo	 valores	
médios	de	105/60mmHg,	já	no	3º	trimestre,	a	
pressão	eleva-se	e	normaliza-se	no	termo;	
6. Vasodilatação	 periférica:	 ocorre	 no	 início	 da	
gravidez	provavelmente	por	causa	do	aumento	
do	 óxido	 nítrico,	 que	 é	 um	 fator	 vasoativo	 e	
relaxante	elaborado	pelo	endotélio	vascular.	
									 	
A	 síndrome	 de	 hipotensão	 supina	 ocorre	 quando	 o	
útero	da	gestante	comprime	a	veia	cava	inferior	(o	que	
ocorre	a	partir	de	20	semanas),	 impedindo	o	retorno	
AMANDA	FARIA	
venoso.	Gestantes	que	sofrem	dessa	síndrome	podem	
apresentar	perda	de	consciência	e	o	débito	cardíaco	é	
restaurado	ao	se	adotar	o	decúbito	lateral.	
SISTEMA SANGUINEO 
A	 alteração	 do	 volume	 plasmático	 vista	 na	 gestação	
normal	 causa	 hemodiluição	 da	 maioria	 dos	 fatores	
circulantes.	
HEMÁCIAS 
Há	aumento	na	produção	de	hemácias/eritrócitos	na	
gravidez,	 porém	 essa	 produção	 é	 ofuscada	 pelo	
aumento	 do	 volume	 sanguíneo,	 o	 que	 afeta	 alguns	
índices	 hematológicos	 que	 dependem	 do	 volume	
plasmático,	 como	 contagem	 de	 hemácias,	
hematócrito,	 concentração	 de	 hemoglobina.	 Em	
especial,	 a	 concentração	 de	 hemoglobina	 reduz	 de	
13g/dl	para	11	g/dl	no	1º	trimestre,	10g/dl	no	2º	e	3º	
trimestre,	sendo	essa	a	anemia	fisiológica	da	gravidez.	
Há	aumento	da	necessidade	de	ferro,	pois	o	organismo	
precisa	 suprir	 a	 mãe	 e	 o	 feto,	 poresse	 motivo,	 a	
suplementação	de	ferro	é	aplicada.	
LEUCÓCITOS, PLAQUETAS E FATORES 
DE COAGULAÇÃO 
Os	 leucócitos,	 ao	 contrário	 das	 hemácias,	 estão	
aumentados	na	gestação,	podendo	alcançar	no	termo	
até	20	mil/mm³.	Já	a	concentração	de	plaquetas	está	
um	 pouco	 diminuída	 na	 gestação,	 cai	 de	 250	 para	
210mil/mm³.	
Na	 gestação	 há	 um	 estado	 de	 hipercoagulabilidade	
devido	ao	aumento	significante	de	diversos	fatores	de	
coagulação,	principalmente	o	fibrinogênio,	o	qual	pode	
atingir	400	a	600	mg/dl	no	3º	 trimestre,	 além	de	 ter	
redução	 da	 atividade	 fibrinolítica.	 Isso	 é	 responsável	
pela	hemostasia	fisiológica	após	o	desprendimento	da	
placenta	 no	 secundamento.	 Contudo,	 essa	
hipercoagulabilidade	aumenta	o	risco	de	trombose.	
SISTEMA URINÁRIO 
O	 sistema	 urinário	 sofre	 modificações	 anatômicas	 e	
fisiológicas	na	gravidez.	
O	volume	urinário	na	gravidez	não	é	maior,	o	que	
aumenta	é	a	frequência	urinária	devido	a	compressão	
do	útero	gravídico	na	bexiga.	
	
	
MODIFICAÇÕES ANATÔMICAS 
No	 sistema	 urinário	 superior,	 há	 deslocamento	 para	
cima	dos	rins,	devido	ao	aumento	do	útero	(maior	no	
lado	direito	pela	dextrorrotação),	além	de	aumento	do	
tamanho	dos	rins	em	cerca	de	1cm,	devido	ao	aumento	
do	 volume	 vascular	 renal	 e	 do	 espaço	 intersticial	
(hidronefrose).	 Os	 ureteres	 estão	 comprimidos	 pelo	
útero	expandido	e	a	progesterona	promove	hipotonia	
(relaxamento	 da	 musculatura	 lisa,	 causando	
ureteroectasia.		
A	dilatação	do	sistema	urinário	superior	pode	
aumentar	a	estase	urinária,	deixando	a	gestante	mais	
propensa	a	infecções	urinárias,	como	a	pielonefrite.	
No	sistema	urinário	inferior,	a	anatomia	da	bexiga	está	
distorcida	pela	compressão	direta	do	útero	gravídico.	
Além	 disso,	 os	 níveis	 circulantes	 elevados	 de	
estrogênica	determinam	hiperemia	e	congregação	da	
mucosa	uretral	e	vesical.	Há	redução	contrátil	do	colo	
vesical	a	estímulos	alfa-adrenergicos	e	diminuição	do	
suporte	pélvico	da	parede	vaginal	anterior	e	da	uretra,	
alterações	que	contribuem	para	elevada	incidência	de	
incontinência	urinária	na	gestação.		
MODIFICAÇÕES FISIOLOGIAS 
Quanto	à	fisiologia,	as	mudanças	do	sistema	urinário	se	
caracterizam	por	aumento	do	fluxo	plasmático	renal	e	
da	 taxa	 de	 filtração	 glomerular	 (TFG).	 A	 elevação	 da	
TFG	 resulta	 em	 diminuição	 da	 creatinina	 plasmática,	
que	alcança	valores	de	m	média	de	0,5	a	0,8mg/dl,	o	
que	 pode	 causar	 repercussão	 na	 excreção	 de	 certos	
medicamentos.	Cabe	citar	que	os	valores	de	creatinina	
que	 indicam	 insuficiência	 renal	 podem	 estar	 mais	
baixos.	
A	glicosúria	é	fisiologia	na	gravidez,	ocorrendo	devido	
ao	aumento	da	TFG,	sendo	assim,	a	taxa	de	glicose	na	
urina	não	é	indicada	para	o	diagnóstico	de	diabetes	na	
gestação.	 De	 modo	 similar,	 a	 proteinúria	
(microalbuminúria)	 também	é	 fisiológica	na	gravidez,	
sendo	normais	valores	de	proteína	na	urina	de	até	300	
mg/dia.	
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
Diversas	alterações	são	vistas	no	sistema	respiratório	
durante	a	gestação.	
DIAFRAGMA E CAIXA TORÁCICA 
Outras	 alterações	 vista	 no	 sistema	 respiratório	 é	 a	
elevação	 do	 diafragma	 em	 4cm	 em	 decorrência	 do	
útero	gravídico.		
AMANDA	FARIA	
Apesar	 dessa	 elevação,	 a	 função	 respiratória	 não	 se	
encontra	comprometida,	uma	vez	que	há	expansão	da	
caixa	 torácica	 de	 5	 para	 7cm,	 isso	 ocorre	 porque	 os	
ligamentos	 das	 costelas	 relaxam,	 aumentando	 o	
ângulo	 subcostal	de	68	para	103°,	havendo	aumento	
dos	diâmetros	anteroposterior	e	transverso.	Contudo,	
com	a	evolução	da	gravidez,	a	complacência	da	caixa	
torácica	diminui.	
	
TROCAS GASOSAS 
Na	gravidez,	há	uma	hiperventilação,	o	que	favorece	as	
trocas	gasosas,	sendo	assim	há	maior	concentração	e	
O2	 (PO2)	alveolar	e	no	sangue	arterial,	além	de	haver	
maior	consumo	de	CO2	em	15	a	20%.	
Esse	 maior	 consumo	 de	 CO2,	 isto	 é,	 diminuição	 da	
concentração	 de	 CO2	 (PCO2)	 causa	 a	 alcalose	
respiratória,	 o	 que	 é	 compensada	 pela	 excreção	 de	
bicarbonato	na	urina,	diminuindo	a	sua	concentração	
no	 plasma.	 Sendo	 assim,	 o	 pH	 arterial	 não	 se	 altera	
significativamente	(pH	=	7,4),	sendo	esse	mecanismo	a	
alcalose	respiratória	compensada.	
Gestantes	podem	sentir	dispneia	que	está	relacionada	
à	percepção	da	hiperventilação,	ocorre	em	60	a	70%	
das	gestantes	durante	o	1º	e	2º	trimestre.	
	
VOLUMES 
Ao	elevar	o	diafragma,	diminui-se	o	volume	de	reserva	
respiratório	e	o	volume	residual,	em	20%,	reduzindo	a	
capacidade	residual	funcional.	
No	1º	trimestre,	é	visto	um	aumento	de	30	a	40%	no	
volume-minuto	 (produto	 do	 volume-corrente	 pela	
frequência	 respiratória),	 por	 aumento	 do	 volume	
corrente,	 contudo	 a	 frequência	 respiratória	 não	 se	
altera.	
	
	
HIPEREMIA E EDEMA 
Durante	a	gravidez	pode	ocorrer	hiperemia	e	edema	da	
mucosa	 do	 sistema	 respiratório	 superior	 devido	 à	
expansão	 do	 volume	 sanguíneo	 e	 vasodilatação.	 Tais	
alterações	podem	causar	 congestão	nasal,	epistaxe	e	
até	alteração	da	voz.	
SISTEMA DIGESTÓRIO 
O	 organismo	materno	 também	 apresenta	 alterações	
no	sistema	digestório.	
NÁUSEAS E VÔMITOS 
A	maioria	das	mulheres	apresentam	náuseas	e	vômitos	
no	 1º	 trimestre	 da	 gravidez,	 os	 quais	 geralmente	
ocorrem	pela	manhã	e	não	possuem	uma	causa	muito	
conhecida,	apesar	de	estarem	relacionados	com	o	hCG	
(hormônio	da	gonadotrofina	coriônica)	e	estrogênios.	
GENGIVITE E CÁRIES 
A	 gengivite	 é	 o	 acúmulo	 de	 placa	 bacteriana	 na	
margem	 gengival,	 causando	 eritema,	 sangramento	 e	
intumescimento	 da	 zona	 afetada.	 Há	 discussão	 da	
relação	dessas	alterações	periodontais	e	com	o	parto	
pré-termo.	
Há	 uma	 tendencia	 ao	 aparecimento	 de	 cáries	
dentárias,	ainda	não	se	sabe	a	etiologia,	porém	pode	
estar	relacionada	com	a	queda	do	pH	bucal.	
SISTEMA GASTROINTESTINAL 
O	 sistema	 gastrointestinal	 (esôfago,	 estômago,	
vesícula	e	intestino)	permanece	atônico	durante	toda	a	
gestação	 devido	 a	 fatores	 hormonais.	 Uma	
consequência	 imediata	 dessa	 atonia	 é	 a	 pirose,	
causada	pelo	relaxamento	do	esfíncter	gastresofágico	
e	ao	aumento	da	pressão	 intra-abdominal	 (por	causa	
do	útero	gravídico).	
Outra	 consequência	 da	 atonia,	 é	 a	 constipação	
intestinal	devido	a	atonia	do	cólon.	
Além	disso,	a	vesícula	fica	hipotônica,	distendida,	com	
bile	viscosa	e	com	grande	tendência	da	formar	cálculo.	
SISTEMA ENDÓCRINO – TIREÓIDE 
Dentre	as	glândulas	do	sistema	endócrino,	a	tireoide	é	
a	 que	 sofre	 alterações	 mais	 significativas	 e	 tais	
alterações	 podem	 ser	 confundidas	 com	 doenças	 da	
tireoide.	
AMANDA	FARIA	
1. Aumento	 do	 volume:	 aumenta	 30%	 no	 3º	
trimestre	 devido	 à	 hiperplasia	 e	 maior	
vascularidade.	Aumento	fisiológico;	
2. Aumento	 de	 tireoxina	 total	 (T4T):	 aumentam	
1,5	 vezes	 até	 16	 semanas,	 se	 estabilizando	
após	esse	período	pela	elevação	da	globulina	
de	 ligação	 da	 tireoxina	 (TBG)	 estimulada	 por	
estrogênios;	
3. Diminuição	 de	 TSH	 (tireotrofina):	 apresenta	
níveis	diminuídos	nas	12ª	semanas	 iniciais	da	
gravidez	 devido	 a	 menor	 estimulação	 dos	
receptores	de	TSH	causada	pelo	hCG.	
T4 L 
Até	 12	 semanas,	 a	 tireoide	 do	 feto	 não	 é	 capaz	 de	
concentrar	 iodo	 e	 sintetizar	 o	 hormônio	 da	 tireoide,	
sendo	 assim,	 a	mãe	 transfere	 ao	 feto	 o	 T4L,	 durante	
toda	a	gravidez,	principalmente	nessas	12	semanas.	O	
T4L	 é	 importante	 para	 o	 desenvolvimento	 normal	 do	
cérebro	fetal.	Os	níveis	de	T4L	na	gravidez	são	valores	
entre	0,8	e	2,0	ou	0,9	e	2,0	ng/dl,	apesar	de	isso	não	ser	
consenso	na	comunidade.	
TSH 
Os	níveis	de	TSH	recomendados	na	gravidez	são:		
1. 1º	trimestre:	01,	a	2,5	mUI/L;	
2. 2º	trimestre:	0,2	a	3,0	mUI/L;	
3. 3º	trimestre:	0,3	a	3,0	mUI/L.	
IODO 
Mulheres	em	 idade	 fértil	 devem	 ter	 aporte	diário	de	
150mg	 de	 iodo,	 durante	 a	 gravidez	 e	 o	 aleitamento	
essa	dose	é	de	250mg/dia.	
PELE E FÂNEROS 
As	 alterações	 na	 pele	 e	 nos	 fâneros	 são	 a	
hiperpigmentação,	telangiectasias	e	hipertricose.	
HIPERPIGMENTAÇÃOAs	gestantes	apresentam	aumento	da	pigmentação	na	
linha	 alva	 do	 abdome	 inferior	 (linea	 nigra),	 da	 vulva,	
das	aréolas	mamárias	e	da	face	(cloasma).	Isso	ocorre	
uma	 vez	 que	 o	 hormônio	 melanotrófico	 da	 hipófise	
atua	sobre	os	melanoblastos	epidérmicos,	acentuando	
sua	pigmentação,	além	do	sistema	nervoso	autônomo	
influenciar	na	formação	do	pigmento	nas	gestantes.	
ESTRIAS GRAVÍDICAS OU VÍBICES 
A	maioria	das	gestantes	apresentam	no	abdome	no	3º	
trimestre	 da	 gravidez	 (podendo	 aparecer	 nos	 seios	
também),	 elas	 são	 vermelhas	 a	 primeiro	momento	 e	
depois	tornam-se	brancas	ou	nacaradas.	
TELANGIECTASIAS 
É	comum	o	aparecimento	de	telangiectasias,	devido	à	
alta	de	estrogênio.	
HIPERTRICOSE 
A	hipertricose	é	o	aparecimento	de	pelos	na	face	e	em	
outras	regiões,	é	um	fenômeno	fisiológico	na	gravidez,	
havendo	 também	 presença	 de	 unhas	 quebradiças	 e	
surgimento	 de	 eritema	 palmar	 e	 hipertrofia	 das	
glândulas	sudoríparas	e	sebáceas.	
MODIFICAÇÕES DOS ÓRGÃOS GENITAIS 
As	principais	alterações	nos	órgãos	genitais	são	vistas	
na	vulva	e	vagina	 (mudança	de	coloração	e	pH)	e	no	
útero	o	qual	apresenta	 inúmeras	alterações	quanto	á	
consistência,	 forma,	 volume,	 capacidade,	 posição,	
peso	e	espessura,	uma	vez	que	é	o	órgão	que	abriga	o	
concepto	e	os	anexos.	
VULVA E VAGINA 
A	vulva	e	vagina	se	amolecem	e	apresentam	coloração	
alterada,	a	vulva	se	pigmenta	e	a	região	limite	com	a	
extremidade	 inferior	 da	 vagina	 perde	 o	 tom	 normal	
róseo	e	se	torna	violácea,	com	ninfas	e	grandes	lábios	
entreabertos,	é	o	sinal	de	Jacquemier.	
Além	disso,	o	epitélio	vaginal	se	espessa	por	ação	do	
estrogênio,	o	que	faz	com	que	haja	maior	produção	de	
secreção	vaginal	com	caráter	mais	ácido,	alterando	o	
pH	 vaginal	 (3,8	 a	 4,0),	 o	 que	 impede	 infecções	 via	
ascendente.	A	 vagina	 aumenta	 sua	 vascularização	na	
gravidez.	
ÚTERO 
Algumas	alterações	do	útero	são	vistas	ao	exame	físico	
de	diagnóstico	de	gravidez,	como:	
1. Sinal	 de	 Hegar:	 diminuição	 da	 consistência	 e	
tônus);	
2. Sinal	de	Piskacek:	aumento	do	útero	de	modo	
desigual,	 sendo	 acentuado	 na	 zona	 de	
implantação;	
3. Sinal	 de	 Nobile-Budin:	 matriz	 deixa	 de	 ser	
piriforme	e	passa	a	ser	globosa;	
	
	
	
AMANDA	FARIA	
FORMA 
O	útero	 é	 esférico	 até	 o	 4º	 a	 5º	mês,	 a	 partir	 daí,	 o	
alongamento	predomina,	dando	ao	útero	uma	 forma	
cilíndrica.		
PESO E VOLUME 
O	útero	sofre	elevado	aumento	de	peso,	mede	de	4	a	
70g	na	não	gestante	e	passa	a	ser	1.100	a	1.200g	na	
gestante	a	termo.	Em	relação	ao	volume,	ele	aumenta	
de	10mL	para	5L	durante	a	gravidez.	
VASCULARIZAÇÃO 
A	 vascularização	 do	 útero	 aumenta	 com	 a	 gravidez,	
sendo	 o	 aumento	 de	 tamanho	 acompanhado	 com	
elevação	 de	 10x	 no	 fluxo	 sanguíneo.	 Além	 disso,	 há	
redistribuição	 do	 fluxo	 sanguíneo	 dentro	 do	 útero,	
sendo	80	a	90%	dirigidos	a	placenta.	
DEXTRODESVIO OU DEXTRORROTAÇÃO 
No	início	da	gravidez,	o	útero	está	anteversofletido,	se	
apoiando	na	bexiga	e	causando	polaciúria.	Porém,	com	
o	decorrer	da	gestação,	o	crescimento	alivia	a	pressão	
na	 bexiga,	 sendo	 o	 útero	 apoiado	 sobre	 a	 parede	
abdominal.	Em	80%,	a	matriz	se	desvia	para	a	direita,	
sendo	 isso	 chamado	 de	 dextrodesvio	 ou	
dextrorrotação.	
MIOMÉTRIO 
A	 espessura	 do	miométrio	 passa	 de	 7	 a	 12mm	 para	
25mm	nos	primeiros	meses,	se	mantendo	assim	até	o	
4º	e	5º	mês.	A	ampliação	da	cavidade	uterina	faz	com	
que	o	miométrio	se	afine,	por	isso	a	termo	ele	tem	4	a	
10mm.	
ENDOMÉTRIO 
As	 modificações	 do	 endométrio,	 que	 culminam	 na	
formação	 da	 decídua,	 de	 vital	 importância	 para	 a	
implantação	e	o	desenvolvimento	do	ovo.	
COLO 
Por	ação	de	estrogênio	e	progesterona,	o	colo	se	torna	
amolecido	na	gestação.		
1. Ectrópio:	O	estrogênio	estimula	o	crescimento	
do	 epitélio	 colunar	 (ou	 glandular)	 cervical,	
sendo	 visível	 na	 ectocérvice	 e	 é	 chamado	de	
ectrópio	ou	eversão.	Esse	epitélio	é	mais	frágil	
e	sujeito	a	sangramento;	
2. Coloração	 azulada:	 devido	 a	 maior	
vascularização;	
3. Amolecimento	 do	 colo:	 as	 prostaglandinas	
induzem	remodelação	do	colágeno	cervical	as	
colagenases	 também	 auxiliam	 esse	
amolecimento;	
4. Posição:		com	o	crescimento	do	corpo	uterino,	
o	colo	se	eleva	e	se	orienta	na	vagina,	situando-
se	 posteriormente	 em	 direção	 ao	 côncavo	
sacro.	É	de	difícil	acesso	ao	toque	e	ao	exame	
especular,	porém	quando	ocorre	insinuação	da	
cabeça	o	colo	desce	e	se	centraliza	na	vagina;	
5. Encurtamento	 do	 colo:	 é	 um	 prenúncio	 do	
parto,	 que	 se	 acentua	 até	 o	 apagamento	
completo.	O	apagamento	é	visto	isoladamente	
nas	primíparas	e	 isso	ocorre,	uma	vez	que	os	
ligamentos	 uterossacros	 que	 fixam	o	 útero	 à	
pelve	 estão	 firmes	 e	 tensos	 na	 primeira	
gravidez.

Continue navegando