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Alterações fisiológicas na gravidez

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Andressa Marques – medicina UFR 
 
 ADAPTAÇÕES DO ORGANISMO MATERNO À GRAVIDEZ 
→O organismo feminino sofre mudanças anatômicas e funcionais durante a gravidez, adaptando-se 
para a presença do feto em desenvolvimento; 
→Essas alterações se dão nas esferas molecular, bioquímica, hormonal, celular e tecidual dos mais 
variados órgãos e sistemas. 
→É importante saber diferenciar aspectos normais da gravidez dos processos patológicos. 
-Pode ocorrer apenas má adaptação do organismo materno ao feto; 
-Pode ocorrer manifestações de doenças latentes; 
-Pode ocorrer intercorrências patológicas ligadas diretamente à gravidez; 
-Pode ocorrer piora das doenças previamente existentes. 
→Já no início da gestação, a presença de células trofoblásticas no ambiente intrauterino altera a 
homeostase local e em seguida, por meio da produção celular de hormônios e outras substâncias, o 
funcionamento de quase todos os sistemas maternos se adapta à nova condição. 
→Observam-se alterações essenciais para a adaptação do organismo materno à gravidez, em especial 
relacionadas aos sistemas circulatório (hematológico e cardiovascular} e endócrino (abrangendo 
também o metabolismo). 
 
SISTEMA CIRCULATÓRIO 
→Teremos o aumento do volume plasmático, diminuição da resistência vascular periférica, aumento 
da FC, VE e DC. 
 
 Adaptações hematológicas do organismo materno 
→A primeira adaptação é referente a alterações do volume e da constituição do sangue; 
→O volume sanguíneo materno chega a atingir valores 30 – 50% maiores que os valores pré-
gestacionais; 
→Essas variações com relação ao aumento da volemia se associam a diferenças individuais e à 
quantidade de tecido trofoblástico, sendo maior em gestações múltiplas e menor em gestações com 
predisposição a insuficiência placentária; 
→Observa-se aumento volêmico mais discreto em pacientes que apresentam restrição de 
crescimento fetal (RCF) e hipertensão arterial sistêmica (HAS); 
→O papel da hipervolemia no organismo materno está associado ao aumento das necessidades de 
suprimento sanguíneo nos órgãos genitais, especialmente em território uterino. Além disso, tem 
função protetora para gestante e feto em relação à redução do retorno venoso, comprometido com 
as posições supina e ereta, e também para as perdas sanguíneas esperadas no processo de parturição. 
 
VOLUME SANGUÍNEO E PLASMÁTICO 
Andressa Marques – medicina UFR 
→O aumento da volemia materna se dá em função do acréscimo de volume plasmático e, em menor 
proporção, em função da hiperplasia celular. 
→Esses processos adaptativos se iniciam já no primeiro trimestre de gestação, por volta da sexta 
semana, com expansão mais acelerada no segundo trimestre para depois reduzir sua velocidade e 
estabilizar-se nas últimas semanas do período gravídico. 
→O aumento da massa eritrocitária acompanha as velocidades de acréscimo observadas para o volume 
plasmático. 
 
 
 
ERITRÓCITOS 
→Apesar da hemodiluição fisiológica observada, o volume eritrocitário absoluto apresenta aumento 
considerável. 
→Em média, mulheres grávidas possuem 450 mL a mais de eritrócitos, sendo que o maior aumento se 
dá no terceiro trimestre. 
→A produção de hemácias está acelerada, provavelmente, em função do aumento dos níveis 
plasmáticos de eritropoetina, o que se confirma pela discreta elevação do número de reticulócitos 
apresentado pelas gestantes. 
→A concentração de hemoglobina se encontra reduzida em função da hemodiluição que ocorre no 
organismo. 
→Considerando-se que a produção eritrocitária seja maior no terceiro trimestre, essa redução 
relativa dos valores de hemoglobina é menor no fim da gravidez. Desse modo, gestantes com 
hemoglobina menor que 11 g/dL no primeiro e no terceiro trimestres ou 10,5 g/dL no segundo 
trimestre seriam consideradas anêmicas. Apesar dessa variação ocorrer, é consenso utilizar valores 
de hemoglobina inferiores a 11 g/dL para a definição de anemia na gestação. 
 
LEUCÓCITOS 
→A leucocitose pode estar presente na gravidez normal, com valores de leucócitos totais entre 5000 
e 14000/mm3. 
Andressa Marques – medicina UFR 
→Durante o parto e puerpério imediato, os valores de leucócitos se elevam de modo significativo, 
podendo chegar a 29000/mm3. 
→O aumento dos níveis sanguíneo de leucócitos ocorre principalmente à custa de células 
polimorfonucleares. 
→As proteínas inflamatórias da fase aguda apresentam aumento em todo o período gestacional. A 
proteína C reativa apresenta níveis plasmáticos mais elevados no momento próximo ao parto. A 
velocidade de hemossedimentação, por sua vez, eleva-se por conta do aumento de fibrinogênio e de 
globulinas no sangue, perdendo seu valor em investigações diagnósticas na gravidez. 
 
PLAQUETAS E SISTEMA DE COAGULAÇÃO 
→Os níveis plaquetários tornam-se levemente reduzidos na gravidez – em parte isso dá por causa da 
hemodiluição, mas, também se deve ao consumo de plaquetas e ao certo grau de coagulação 
intravascular no leito uteroplacentário. 
→O aumento da produção de tromboxano A2 está associado à maior agregação plaquetária e, assim, 
à redução da contagem plaquetária. Um discreto aumento do baço também pode ser responsável pela 
queda observada no número de plaquetas na gravidez. Por essa razão, considera-se plaquetopenia na 
gestação uma contagem inferior ou igual a 100.000/ mm3. 
→A contagem de plaquetas volta a aumentar logo depois do parto e continua subindo por 3 a 4 semanas 
até retornar aos valores basais. Praticamente todos os fatores de coagulação apresentam-se 
elevados na gestação, com exceção dos fatores XI e XIII. Fibrinogênio e dímero D têm seus níveis 
elevados em até 50º/o com o decorrer da gravidez. 
→Outras proteínas que possuem função anticoagulante colaboram para o estado de 
hipercoagulabilidade da gestação. A resistência à proteína C ativada e a diminuição dos níveis 
plasmáticos de proteína S estão entre os fatores que se somam ao incremento da coagulabilidade do 
organismo materno. 
→Acredita-se que essas alterações do mecanismo de coagulação sejam mediadas por processos 
hormonais relacionados aos altos níveis de estrógeno e progesterona oriundos do tecido placentário. 
 
METABOLISMO DO FERRO 
→As necessidades de ferro durante o ciclo gravídico-puerperal aumentam consideravelmente. 
→Uma série de eventos contribui para esse estado de deficiência de ferro: consumo pela unidade 
fetoplacentária, utilização para produção de hemoglobina e de mioglobina para aumento da massa 
eritrocitária e da musculatura uterina, e depleção por perdas sanguíneas e pelo aleitamento. 
→A demanda por ferro é maior na segunda metade da gravidez, chegando a uma necessidade de 6 a 
7 mg/dia no terceiro trimestre. 
 
SISTEMA CARDIOVASCULAR 
→As adaptações cardiovasculares se instalam logo no início da gestação; 
→Instauração de um novo equilíbrio circulatório na grávida - gestantes hígidas toleram bem essas 
alterações; enquanto as portadoras de cardiopatia, hipertensão arterial ou distúrbio hiperdinâmico, 
Andressa Marques – medicina UFR 
como hipertireoidismo, porém, podem apresentar descompensação clínica já no primeiro trimestre 
diante da sobrecarga hemodinâmica. 
 
ADAPTAÇÕES HEMODINÂMICAS 
→O aumento da frequência cardíaca basal, geralmente em 15 a 20 bpm, e a elevação do volume 
sistólico determinam aumento do débito cardíaco – o qual chega a ser 50% maior com relação a 
mulheres não grávidas. 
→Esse processo se inicia por volta da quinta semana de gravidez, estabiliza-se por volta de 24 
semanas e atinge seu ápice no pós-parto imediato, com incremento de 80% no débito cardíaco. Esse 
aumento final no pós-parto imediato possivelmente ocorre pelo aumento do retomo venoso e, 
portanto, da pré-carga, após a descompressão dos vasos pélvicos pelo útero, o que ocorre com o 
nascimento do concepto. 
 
 
 
 
→A terceira adaptação circulatória acontece em nível bioquímico. O aumento relativo da produção de 
prostaciclina,em comparação à produção de tromboxano A2, ocasiona vasodilatação sistêmica. 
→Além desses fatores, a produção endotelial de óxido nítrico apresenta aumento no período 
gestacional e colabora localmente para a vasodilatação periférica. Em adição a essa vasodilatação, o 
surgimento da circulação uteroplacentária, de baixa resistência, contribui para diminuir a resistência 
vascular periférica. 
→A redução da resistência vascular periférica é tão acentuada que é capaz de reduzir a pressão 
arterial sistêmica, apesar do aumento do débito cardíaco. 
 
 
 
 
 
→O aumento da pressão venosa nos membros inferiores é justificado pela compressão das veias 
pélvicas pelo útero volumoso. Por essa razão, há maior chance de a gestante apresentar hipotensão, 
edema, varizes e doença hemorroidária 
→As adaptações circulatórias se iniciam com 6 semanas de gestação e estão completamente 
instaladas entre o 6m do primeiro trimestre e o início do segundo. A distribuição do fluxo sanguíneo 
se modifica durante a gravidez e vai sendo desviada com prioridade para útero, rins, mamas e pele. 
 
 
CORAÇÃO 
→Com o decorrer da gravidez, o diafragma se eleva alterando a posição cardíaca, o coração então 
passa a se apresentar desviado para cima e para a esquerda e fica ligeiramente rodado para a face 
anterior do tórax. 
→Além desse deslocamento, o volume do órgão está maior como um todo, em função do aumento do 
volume sistólico e da hipertrofia dos miócitos. 
AUMENTO DO DÉBITO CARDÍACO = AUMENTO DO VOLUME SISTÓLICO X AUMENTO DA FC 
PRESSÃO ARTERIAL SISTÊMICA = RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA X DÉBITO CARDÍACO 
Andressa Marques – medicina UFR 
→Pequenas alterações do ritmo também são frequentes, em especial as extrassístoles ventriculares 
e taquicardias paroxísticas supraventriculares. 
→O sopro cardíaco sistólico é comum em decorrência da redução da viscosidade sanguínea e do 
aumento do débito cardíaco. 
→Por razão das modificações anatômicas e funcionais do coração, pode haver alterações 
eletrocardiográficas fisiológicas nas ondas Te Q, no segmento ST e desvio do eixo cardíaco para a 
esquerda de 15° a 20°. 
 
SISTEMA ENDÓCRINO E METABOLISMO 
→As adaptações endócrinas e metabólicas do organismo materno visam garantir o aporte nutricional 
para o desenvolvimento saudável do feto, de termo e com peso adequado. 
→Uma variedade de transformações funcionais das glândulas maternas coexistirá com um novo órgão 
que apresenta importante função endócrina: a placenta 
→A produção placentária de substâncias similares aos hormônios maternos gera um novo equilíbrio 
dos eixos hipotálamo-hipófise-adrenal, hipotálamo-hipófise-ovário e hipotálamo-hipófise-tireoide. 
→Da mesma forma, sua produção hormonal própria, como a do hormônio lactogênico placentário, 
altera o metabolismo da gestante no decorrer da gravidez, adequando-o ao momento de 
desenvolvimento ou crescimento fetal. 
→Assim, a gestante depara-se com duas fases distintas: uma primeira etapa de anabolismo 
materno, que dura pouco mais da metade da gestação; e uma segunda etapa de catabolismo materno 
e anabolismo fetal, que se inicia ao fim da primeira metade e segue até o término da gravidez. 
 
➢ ADAPTAÇÕES ENDÓCRINAS DO ORGANISMO MATERNO 
HIPOTÁLAMO 
→Durante a gravidez, as concentrações de diversos hormônios produzidos pelo hipotálamo têm 
aumento na circulação periférica, apesar de não serem tipicamente detectadas fora do período 
gestacional. 
→Isso decorre da produção placentária de variantes idênticas aos hormônios hipotalâmicos, como 
hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH), hormônio liberador da corticotrofina (CRH), hormônio 
hipotalâmico estimulador da tireotrofina (TRH), somatostatina e hormônio liberador do hormônio do 
crescimento (GHRH). 
 
HIPÓFISE 
→Durante a gestação normal, a hipófise aumenta de tamanho à custa de hipertrofia e hiperplasia da 
sua porção anterior, a adeno-hipófise, especialmente dos lactótrofos, promovidas pela ação 
estimulante do estrógeno. 
→Com relação a adeno-hipófise, observa-se grande aumento da produção de prolactina, que chega a 
atingir níveis 10 vezes maiores. 
→A produção e a secreção de hormônio do crescimento (GH) permanecem normais no primeiro 
trimestre, mas, com o aumento da secreção desse hormônio pelo sinciciotrofoblasto, os seus níveis 
séricos aumentam ao longo da gestação. 
Andressa Marques – medicina UFR 
→A fração alfa da gonadotrofina coriônica humana (hCG), por sua semelhança molecular com a fração 
alfa do hormônio estimulante da tireoide (TSH), estimula a função tireoidiana, o que, por meio de 
retroalimentação negativa, reduz a produção e a secreção hipofisária deTSH. 
→O ACTH é progressivamente aumentado durante a gestação. 
→Já o LH e FSH são diminuídos por retroalimentação negativa, já que placenta está produzindo 
estrogênio e progesterona. 
→Já em relação à neuro-hipófise, a ocitocina permanece normal, aumentando somente no trabalho 
de parto. 
→O ADH circulante permanece constante, o que muda é que se estabelece um novo ponto de equilíbrio 
para sua liberação, ou seja, para que ocorra sua liberação é necessário uma osmolaridade sanguínea 
menor (o ponto de corte para sua liberação no corpo da gestante é menor que o ponto de corte 
em uma pessoa não-gestante), fazendo com que ocorra o fenômeno da hemodiluição já citado antes. 
Juntamente com diminuição do limiar de secreção de ADH o mecanismo da sede também é mais 
intensificado e desencadeado com “ponto de corte” menor 
 
TIREOIDE 
→ O metabolismo materno em relação aos hormônios tireoidianos encontra-se alterado em 3 pontos: 
1. Menor nível de iodo sérico (devido aumento da TFG) 
2. Menor circulação das frações livres de T3 e T4 e 
3. Estimulação direta do beta-hCG sobre a tireóide. 
→Com isso, ocorre um aumento do volume da tireóide e em 15% das gestantes gera-se bócio, o qual 
é patológico em 50% dos casos quando aparece - esse bócio é devido aos menores níveis de iodo 
sérico. 
→Além disso, como diminui-se fisiologicamente os níveis de T3 e T4 livre (seja porque aumenta-se 
produção de globulinas transportadoras desses hormônios, seja porque o feto também consome T3 e 
T4), são necessários novos valores de referência para eles. 
 
 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
PARATIREOIDES 
→ A demanda de cálcio pelo corpo da gestante aumenta durante a gravidez, pois o feto consome 
cálcio para formar os ossos. 
→Apesar disso, os níveis de PTH diminui na gestação, sendo que o que mantém os níveis de cálcio 
satisfatórios na gestação é a vitamina D3 (calcitriol, forma ativa da vit. D). 
→Isso ocorre por ação do estrogênio, que estimula a enzima 1-alfa-hidroxilase a qual é responsável 
por ativar vit. D em vit. D3. Com isso, maiores níveis de vit. D3 aumentam a absorção de cálcio 
intestinal. 
 
ADRENAIS 
→Ocorre um aumento da atividade das adrenais, gerando na gestação um hiperaldosteronismo (já 
citado superiormente) e um hipercortisolismo, o qual ocorre pela menor excreção que cortisol sofre, 
além de ter sua meia-vida aumentada. 
→Já em relação aos andrógenos das adrenais, eles estão reduzidos devido ao consumo e 
transformação em estrógeno placentário. 
 
OVÁRIOS 
→Eles têm importância para a gravidez até a 7 semana de gestação, visto que o corpo lúteo que está 
dentro deles é o responsável por continuar a produção de progesterona (principalmente) e estrogênio 
até que a placenta se forme e assume a produção hormonal. 
 
➢ ADAPTAÇÕES METABÓLICAS DO ORGANISMO MATERNO 
→Até as 24-26 semanas de gestação temos a fase do anabolismo materno, em que as kcal ingeridas 
são destinadas para o organismo materno armazenar energia. 
→Já a partir da 24º-26º semana até o final temos a fase do catabolismo materno, em que as reservas 
energéticas e kcal ingeridas são destinadas primordialmente ao feto para seu crescimento e 
desenvolvimento. 
→Geralmente a demanda energética necessária na gestação é de 300kcal/dia a mais do normal. 
 
METABOLISMO DE CARBOIDRATO E LIPÍDEOS 
→É completamente alterado. 
→Durante a fase anabólica da gestação, ocorre estímulo da glicogênese e lipogênese. Por isso, os 
níveis de glicemia sanguínea se reduzem normalmente (é por isso que o VR de glicemia de jejum é 
diferente para a gestante e é feito somente até as 28 semanas que é basicamente o período anabólico 
da gestação). 
→Quando a gestante entra no período catabólico, começa ocorrer a quebra dos nutrientes 
armazenados para que sejam oferecidos para o feto. Assim, temos estímulo da glicogenólise, lipólise 
e gliconeogênese, além de um aumento na resistência periférica da insulina. Desse modo, o corpo da 
mãe tem preferência por consumir ácidos graxos para deixar a glicose para o feto. Assim, os níveis 
de glicemia sanguínea aumentam consideravelmente. Por isso que a partir de 28 semanas não se faz 
mais testes para diagnosticar DMG. 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
METABOLISMO PROTEICO 
→Ocorre um aumento do balanço nitrogenado pelo corpo materno, gerando um acúmulo de cerca de 
1000g de proteínas durante toda a gestação, a qual é destinada para o feto e também para a 
musculatura uterina. 
 MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS DO ORGANISMO MATERNO 
→As modificações gravídicas sistêmicas são manifestações da presença da unidade fetoplacentária 
e das adaptações circulatórias, endócrinas e metabólicas do organismo materno sobre os diversos 
órgãos e sistemas. 
→Refletem basicamente alterações que podem ser mecânicas, vasculares ou endócrinas. 
 
PELE E ANEXOS 
→A produção de estrógenos pela placenta leva à proliferação da microvasculatura de todo o 
tegumento – angiogênese 
→Em associação ao estado hiperprogestogênico, ocorre vasodilatação de toda a periferia do 
organismo. 
→Observam-se eventos vasculares da pele e dos anexos, como eritema palmar, telangiectasias, 
Hipertricose e aumento de secreção sebácea e de sudorese. 
→Pode ocorrer também alopecia, apesar de ser mais raro. 
→Os altos níveis de progesterona também levam a hiperpigmentação da pele da gestante – aumento 
da produção e secreção do hormônio melanotrófico da hipófise – surgimento dos cloasmas (maior 
incidência: face, fronte, projeção cutânea da linha alba – linha nigra – aréola mamária e região das 
dobras). 
→Sinal de Hunter – pigmentação periareolar – formação da aréola secundaria 
→Surgimento de estrias também é comum (hipercortisolismo) 
→Outros sintomas: aumento da sudorese; aumento da oleosidade. 
 
SISTEMA ESQUELÉTICO 
→Suas alterações são decorrentes da embebição gravídica, alterações hormonais e das alterações 
posturais desencadeadas pelo aumento uterino – causa dores e até lesões. 
→Ocorre o relaxamento das articulações com acúmulo de líquido – embebição gravídica 
→Nas articulações dos membros inferiores a embebição gravídica pode predispor a gestante a dores 
crônicas, entorses, luxações e até fraturas. 
→Durante a gravidez, observa-se que as articulações da bacia óssea (sínfise púbica, sacrococcígea e 
sinostoses sacroilíacas) se apresentam com maior elasticidade, aumentando a capacidade pélvica e 
modificando a postura e a deambulação da gestante, o que prepara a parturição. 
→Marcha anserina* – desvio anterior do centro de gravidade – pode surgir, em função desse desvio, 
hiperlordose e hipercifose da coluna vertebral 
*(marcha anserina – afastamento dos pés e diminuição da amplitude dos passos durante a 
deambulação) 
→Em geral, os ligamentos ficam mais frouxos na gestação e são mais complacentes à movimentação 
Andressa Marques – medicina UFR 
→Essas modificações são imprescindíveis para o fenômeno da expulsão fetal, pois elas permitem o 
aumento do diâmetro e estreitos da pelve materna. 
 
 
SISTEMA DIGESTÓRIO 
→Aumento de apetite e sede – pode se dar em função da resistência à ação da leptina e das alterações 
da secreção de ADH. 
→Perversão do paladar – desejos de ingerir terra, sabão, carvão – situação denominada pica ou malácia 
→Náuseas e vômitos, principalmente no primeiro trimestre 
→Surgimento de sialorreia _ secreção excessiva de saliva _ desencadeada por estímulo neurológico 
do quinto par craniano (nervo trigêmeo) e do nervo vago, relaciona-se mais à dificuldade de deglutição 
decorrente das náuseas do que propriamente ao aumento da secreção salivar. 
→Aumento da sensibilidade gengival – os altos níveis de esteroides sexuais circulantes levam à 
hipertrofia e hipervascularização gengival, resultando em gengiva edemaciada e que sangra 
facilmente, dificultando até mesmo a higiene 
→Ocorre também diminuição do pH salivar, propiciando proliferação bacteriana 
→A progesterona é um potente relaxante de fibras musculares lisas e o estrógeno, por sua vez, age 
como indutor dos efeitos progestogênicos no organismo materno, esses efeitos levam ao relaxamento 
do esfíncter esofágico inferior e redução de seu peristaltismo, consequentemente, tem -se o aumento 
da incidência de refluxo gastroesofágico – logo, a pirose também é uma queixa comum da gestante 
→A gestante também pode ter uma diminuição da motilidade da sua vesícula biliar – a hipotonia da 
vesícula biliar predispõe ao surgimento de litíase biliar, em especial pela associação com o aumento 
do colesterol total desde o início da gestação. 
Andressa Marques – medicina UFR 
→Aumento dos casos de obstipação em função da redução da contratilidade da musculatura lisa dos 
intestinos – constipação intestinal 
→Ocorrem também alterações anatômicas, em função do aumento do volume uterino, como o desvio 
do estômago e apêndice para cima e para a direita, enquanto que os intestinos se desviam para a 
esquerda. (diagnóstico de apendicite na gravidez é dificultado). 
 
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
→Durante a gravidez tem-se o ingurgitamento e edema da mucosa nasal, que aumentam os casos de 
obstrução, sangramento e rinite na gestante. 
→O edema pode atingir também a laringe e a faringe, diminuindo o lúmen dessas vias o que pode 
representar maior dificuldade para intubação nessas mulheres. 
→Tem-se também a elevação do diafragma de aproximadamente 4 cm e uma maior capacidade de 
excursão desse músculo, que aumenta em cerca de 2 cm. 
→A amplitude de movimento do diafragma se reduz ao longo da gravidez em função do aumento do 
volume abdominal. 
→A caixa torácica apresenta aumento de 5 a 7 cm em sua circunferência e 2 cm em seu diâmetro 
anteroposterior, com consequente ampliação dos ângulos costofrênicos (aumenta até 35º). 
→Há também um aumento da demanda de oxigênio em 20-30%. 
→Hiperventilação também é comum devido ao aumento de volume corrente. 
→Dispneia também é queixa comum entre as gestantes 
 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
SISTEMA URINÁRIO 
→Anatomicamente os rins apresentam aumento de cerca de 1cm em seus diâmetros durante a 
gestação. 
→Ocorre modificações vasculares das arteríolas renais, como fruto das adaptações circulatórias já 
descritas. 
→O aumento da volemia em associação com a redução da resistência vascular periférica provoca 
elevação do fluxo plasmático glomerular, com consequente aceleração do ritmo de filtração 
glomerular 
→A própria relaxina produzida pelo corpo lúteo, a qual antigamente acreditava-se que era responsável 
por “relaxar” as articulações pélvicas, é responsável por aumentar a T.F.G por agir na osmolaridade 
plasmática. 
→Com isso, a função renal é modificada na gestante, necessitando novos valores de referência. 
 
→O padrão de excreção urinária é maior a noite em função do repouso em decúbito, com maior 
mobilização dos fluidos extravasculares e menor capacidade de reabsorção de água livre – queixa de 
nictúria. 
→Polaciúria – micção frequente 
→Incontinência urinária – hipotonia dos esfíncteres 
 
SISTEMA NERVOSO 
→As principais queixas aqui se relacionam a: discretas alterações de memória e de concentração, 
geralmente no último trimestre; maior sonolência. 
→Acredita-se que a sonolênciaesteja associada aos altos níveis de progesterona e à alcalose 
respiratória causada pela hiperventilação. 
→A lentificação geral do SNC é comum e progressiva, podendo corresponder a alterações vasculares 
das artérias cerebrais média e posterior. 
→As modificações do padrão e da qualidade do sono aumentam a fadiga da grávida e também podem 
colaborar pra quadros psíquicos de blues puerperal ou até mesmo depressão 
(pesquisar o que é blues) 
Andressa Marques – medicina UFR 
→A maternidade pode ser acompanhada de inseguranças e dificuldades emocionais – requerendo 
maior atenção. 
VISÃO, OLFATO E AUDIÇÃO 
→Alterações da córnea, como edema localizado e opacificações pigmentares podem levar a diminuição 
da acuidade visual da gestante. 
→Como já falado, a mucosa nasal apresenta-se edemaciada e hipervascularizada, sendo a hiposmia 
uma queixa que também pode ser frequente, além de aumento de epistaxe e rinites. 
→Pode ocorrer também diminuição da acuidade auditiva. 
 
 MODIFICAÇÕES LOCAIS DO ORGANISMO MATERNO 
→São aquelas confinadas ao sistema genital feminino e, portanto, espacialmente mais próximas do 
produto conceptual, com exceção das mamas. 
→São mais intensas e conferem ao sistema genital da gestante alterações de suas dimensões, 
coloração, posição, forma e consistência. 
→As alterações mais expressivas são no útero, principalmente as relacionadas à circulação 
uteroplacentária, à hipervascularização local e ao aumento volumétrico do órgão. 
 
ÚTERO 
→Sofre alteração de tamanho, volume, consistência e cor (torna-se mais violáceo) 
→A retenção hídrica do espaço extravascular torna-o de consistência mais amolecida, em especial na 
região de implantação ovular, onde as influencias mecânicas e humorais são mais diretas e intensas. 
Andressa Marques – medicina UFR 
→A consistência uterina se modifica na vigência de 
contração uterina ou aumento do tônus muscular, o que 
pode ser notado pela palpação abdominal a partir da 
segunda metade da gravidez. 
→O endométrio se modifica formando as decíduas basal, 
capsular e parietal. 
→O miométrio tem suas fibras alongadas à medida que 
a gestação avança. 
→ Até as 12 semanas o útero é um órgão intrapélvico 
com forma assimétrica devido a implantação localizada 
do embrião (sinal de Piscacek). 
→A partir de 20 semanas ele assume forma esférica 
e alcança a região abdominal, fazendo-o também 
ocupar os fórnices da vagina (fundo de saco vaginal) 
configurando o sinal de Noble-Budin. 
→Na segunda metade da gestação o útero muda de 
forma esférica para cilíndrica com alongamento das 
fibras musculares. Essas fibras musculares na gestação 
sofrem 3 modificações: hiperplasia (no início da 
gestação), hipertrofia (aumenta diâmetro em 10x) e 
alongamento (na segunda metade da gravidez para acomodar o concepto). 
→Hipervascularização: O útero é o órgão que mais sofre esse fenômeno, possuindo grande aumento 
do fluxo sanguíneo e surgimento de novos vasos. As principais artérias que participam da irrigação 
são as uterinas (ramos da ilíaca interna) e ovarianas (ramos da aorta abdominal). 
 
Istmo e segmento anterior 
→O istmo do útero (parte inferior do corpo, que fica entre corpo e colo uterino) alonga até 12 
semanas e com 16 semanas incorpora-se ao corpo uterino, dilatando-se. Assim, ele para de crescer e 
começa somente a distender conforme o feto cresce, fazendo com que o útero mude de forma 
esférica para cilíndrica. 
Andressa Marques – medicina UFR 
 
 
Colo uterino: 
→É a porção inferior do útero, composto por 2 tipos de epitélios e de estrutura formada por tecido 
conjuntivo denso, com elementos musculares e conjuntivos. 
→Caracteriza-se por estrutura cilíndrica, cujo interior e ocupado pelo canal cervical com seus 
respectivos orifícios interno (ou obstétrico) e externo, o qual pode ser visto ao exame especular de 
rotina. 
→Endocérvix – epitélio cilíndrico glandular – recobre o canal cervical 
→Ectocérvix – epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado – porção vaginal do colo 
→Durante a gravidez ocorre espessamento do epitélio do colo uterino 
→Possui grande quantidade de fibras colágenas e elásticas 
→É responsável pela contenção e manutenção do feto e das membranas ovulares no interior da 
cavidade uterina 
→O aumento da vascularização durante a gravidez modifica a coloração do colo para uma cor mais 
violácea 
→A hipertrofia glandular da endocérvix desencadeia maior produção de muco, espesso e viscoso, 
denominado rolha de Schröeder. 
→O muco cervical da gestante é rico em imunoglobulinas e citocinas – proteção contra 
microorganismos. 
Andressa Marques – medicina UFR 
 
 
 
Tubas uterinas e ligamentos: 
→As tubas uterinas estiram-se em função do crescimento do útero e são então levadas a ocupar uma 
posição vertical, paralela ao corpo uterino. 
→A vascularização local é intensa, alterando a cor das tubas, especialmente das fímbrias. 
→Os ligamentos largos e redondos do útero se encontram hipertrofiados e congestos. Dependendo 
da localização placentária, os ligamentos redondos, assim com os anexos, podem ser apresentar 
estirados na face oposta à da inserção da placenta (sinal de Palm) 
→Nas inserções placentárias na face anterior do útero, os ligamentos redondos e os anexos estarão 
voltados para região posterior do órgão. De forma semelhante, nas inserções posteriores, os 
ligamentos e anexos estarão voltados para diante do corpo uterino, podendo, eventualmente, ser 
palpados no termo em gestantes magras. 
 
 
VAGINA 
→A hipervascularização local provoca hiperemia e edema da mucosa vaginal. 
Andressa Marques – medicina UFR 
→A coloração avermelhada se torna arroxeada pela retenção sanguínea nos vasos venosos – 
denominando-se sinal de Kluge. 
→O aumento do diâmetro das artérias vaginais permite sentir sua pulsação nos fórnices laterais – 
Sinal de Osiander 
→Ocorre: hipertrofia das células musculares e do tecido conjuntivo, fato que juntamente com o 
acúmulo hídrico, aumentam a espessura e elasticidade da mucosa vaginal → redução da rugosidade 
mucosa e capacidade de distensão. 
 
VULVA 
→Apresenta as mesmas modificações vasculares e pigmentares que a vagina. 
→É comum que a pele da raiz das coxas e dos grandes lábios se apresente com manchas hipercrômicas 
– Sinal de Jacquemier-Chadwick. 
→A retenção de líquidos no espaço extravascular causa edema do vestíbulo vaginal, que funciona como 
um coxim protetor no momento do parto. 
 
MAMAS 
→As modificações das glândulas mamárias são evidentes desde o início da gestação. 
→Tornam-se mais sensíveis 
→Em função da produção hormonal de estrógeno e progesterona pela placenta e a produção de 
prolactina pela hipófise materna, tem-se o crescimento e desenvolvimento mamário necessários para 
o processo de lactação. 
→O seu aumento volumétrico é observado a partir da 6ª semana 
→O mamilo se torna mais pigmentado e sensível 
→A papila se apresenta mais saliente, pois está com maior capacidade erétil 
→A hiperpigmentação areolar faz com que o mamilo tenha cor acastanhada, 
com surgimento de coloração externa aos limites originais da aréola mais 
clara – aréola secundária – sinal de Hunter 
→Ocorre também hipertrofia das glândulas sebáceas do mamilo, que formam 
elevações visíveis, os tubérculos de Montgomery 
→Visualização da rede venosa sob a pele – rede de Haller 
→A partir da segunda metade da gravidez é possível visualizar saída de 
colostro pelas papilas à expressão mamária 
 
 
 
 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
 
 
Referência: Zugaib, Obstetrícia. 3ª edição.

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