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ANTI-VIRAIS Autor: Pedro V.F. Medrado - Os vírus são agentes infecciosos incapazes de reproduzir fora das células de seu hospedeiro, e em geral, são caracterizados c/ de DNA ou de RNA - Vírus de RNA – poxvírus (varíola), herpesvírus (capatora, herpes-zóster, herpes labial e febre glandular), adenovírus (dor de garganta, conjuntivite) e papilomavírus (verrugas) - Vírus de DNA – ortomixovírus (gripe), paramixovírus (sarampo, caxumba, infecções do trato respiratório), vírus da rubéola (rubéola), rabdovírus (raiva), picornavírus (refriado, meningite e poliomielite), retrovírus (AIDS, leucemia de células T), arbobírus (doenças p/ artrópodes), arenavírus (meningite, febre Lassa) e hepadnavírus (hepatite sérica). - Primeira defesa – pele intacta – mucosa e pele lesada são mais vulneráveis à agressão - Resposta imunológica adaptativa e inata para limitar a incursão viral · Célula infectada apresenta o MHC em sua superfície que é reconhecido por linfócitos T - Estratégias de defesa virais · Subversão da resposta imunológica – interfere na síntese ou ação de citocinas · Evasão da detecção imunológica e do ataque pelas células NK · Interferência nos marcadores proteicos de superfície nas células infectadas, que são necessários para reconhecimento e ataque das NK · Interferência na via apoptótica · Adoção da estratégia “bebê peru” HIV e AIDS - O HIV é um retrovírus, c/ duas formas: HIV-1 e HIV2 (África) - OMS 2013 – cerca de 34 milhões de pessoas conviviam c/ a AIDS, e 1,7 milhão por ano havia morrido - A interação do HIV c/ o sistema imune é complexo – o hospedeiro produz anticorpos contra os componentes do HIV, mas a ação inicial de defesa se dá pelo CD4 e o LTCs - Perda progressiva das células (CD4+ e LTC) – define a infecção pelo HIV – não são capazes de impedir a progressão da doença - Alvos principais do vírion HIV – CD4 e o CCR5 – o HIV desfigura uma parte da resposta imune - Doença aguda inicial é semelhante à gripe – aumento progressivo do número de partículas virais no sangue c/ disseminação pelos tecidos e semeadura no tecido linfoide - Ação dos linfócitos citotóxicos – reduz a viremia - Segue-se um período livre de sintomas – latência clínica dura em média 10 anos, e termina quando a resposta imunológica falha e os sinais/sintomas de AIDS aparecem PRINCIPAIS FÁRMACOS - É difícil encontrar fármacos que sejam seletivos para o patógeno, mas há algumas enzimas que são específicas do vírus, o que as torna alvos farmacológicos Inibidores da transcriptase reversa - Análogos de nucleosídeos – Zidovudina – que incorporam a porção 5’-trifosfato na cadeia do DNA viral em crescimento e resulta no término da cadeia - Principal utilidade – tratamento do HIV, além de oferecer atividade contra outros vírus - Zidovudina (AZT) – foi o primeiro fármaco introduzido p/ HIV · Administrado durante a gravidez e no trabalho de parto, e depois ao bebê recém-nascido, o que reduz a transmissão bebê-mãe em mais de 20% dos casos · Administração oral 2-3x ao dia, OU Administração IV · Meia vida de 1h, e do trifosfato ativo é de 3h · Metabolização hepática (glicuronídeo) e eliminação renal (20% da forma ativa) · Resistência c/ uso por longo prazo · Efeitos adversos – alterações gastrointestinal, sanguíneas e efeitos no SNC, além de risco de acidose lática - Abacavir (ABC) - Didanosina (ddl) - Lamivudina (3TC) - Tenofovir (TDF) - Outros fármacos – abacavir, adefovir dipivoxil, didanosina, entricitabina, entecavir, lamivudina, estavudina, telbivudina e tenofovir Inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa - Se ligam à enzima transcriptase reversa nas proximidades do local catalítico, inativando-a - Disponíveis: efavirenz e nevirapina, e compostos relacionados – Etravirina (ETR) e rilpivarina - Efavirenz (EFZ) · VO 1x/dia – meia vida de 50h · 99% ligado a albumina plasmática, concentração no LCR ~1% · Efeitos adversos – insônia, pesadelos e alguns sintomas psicóticos · É teratogênico - Nevirapina (NVP) · Boa disponibilidade oral e penetra no LCR · Metabolização hepática, e eliminação renal · Pode ser usada para evitar transmissão mãe-bebe - Efeitos adversos em comum do grupo – exantema Inibidores da protease - Uma protease específica do vírus converte as poliproteínas em várias proteínas estruturais e funcionais pela clivagem – os inibidores de protease inibem essa clivagem - Os inibidores da protease específicas do HIV são usados em combinação c/ os inibidores da transcriptase reversa - Ritonavir (RTV) – liga-se às proteases HIV1 ou HIV2 e inativas · É empregado em conjunto c/ o lopinavir (outro inibidor da protease) – potencializar ação · VO em geral 2x/dia – meia vida plasmática 3-5h (absorção oral retardada p/ alimentos) · Eliminação nas fezes (>80%) e 10% na urina · Efeitos adversos – alterações gastrointestinais, sanguíneas e sobre o SNC, além do risco de hiperglicemia · Interações farmacológicas numerosas - Atazanavir (ATV) - Darunavir (DRV) - Fosamprenavir (FPV) - Lopinavir (LPV) - Nelfinavir (NFV) - Saquinavir (SQV) - Tipranavir (TPV) Inibidores da DNA-polimerase - Aciclovir – derivado da guanosina convertido em monofosfato pela timidina quinase viral que na forma ativa inibe a DNA-polimerase viral · É inativado dentro das células do hospedeiro · Administração VO (20% da dose é absorvida), tópica ou IV · Ampla distribuição e eliminação renal · Efeitos adversos – mínimos (náuseas e cefaleia), desde uma inflamação local (na injeção) até disfunção renal (IV – infusão lenta reduz), raramente encefalopatia. - Outros: Valaciclovir, fanciclovir e foscarnet (mesmo efeito c/ mecanismo ligeiramente diferente) Inibidores da neuraminidase e inibidores de desmontagem do capsídeo viral - A neuraminidase viral é uma das três proteínas transmembrana codificada pelo genoma do vírus influenza – ruptura de ligações entre a capa de particular e o ácido siálico - Partícula viral endocitose – endossoma acidificado pelo influxo H+ pelo canal iônico M2 que facilita a desmontagem da estrutura viral, incorporação e replicação. - Zanamivir e oseltamivir – são inibidores da neuraminidase ativos contra o vírus influenza A e B · Usados nos estágios iniciais da doença ou quando uso da vacina é impossível · Oseltamivir – eficácia em reduzir a severidade da doença? · Efeitos adversos – sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos, dispepsia e diarreia) - Amantadina – bloqueia, de modo efetivo, os canais iônicos M2 inibindo assim a reorganização viral · Ativa sobre a influenza A, mas sem efeito sobre o B · VO é bem absorvida, c/ níveis elevados nas secreções, e eliminação sem alteração pelos rins · Disponível na forma de aerossol · Efeitos adversos – infrequentes, 5-10% dos pacientes, e não são graves, como tontura, insônia e fala arrastada Fármacos antivirais biofarmacológicos - Imunoglobulinas · Contêm anticorpos que são direcionados contra o envelope viral e “neutralizar” alguns vírus · Podem atenuar ou evitar, se usadas no início dos sinais e sintomas – sarampo, hepatite infecciosa, rubéola, raiva ou poliomielite · A globulina hiperimune – hepatite B, varicela-zóster e raiva - Palivisumabe · Anticorpo monoclonal direcionado contra uma glicoproteína na superfície do vírus sincicial respiratório · Administração IM - Interferonas – proteínas indutíveis sintetizadas pelas células dos mamíferos p/ modulação de resposta imunológicas · Tem amplo espectro de ação e inibem a replicação da maior parte dos vírus in vitro · Adm IV, meia vida 2-4horas, e não cruzam a BHE · IFN-a-2b é empregada na hepatite C, sarcoma de Kaposi e hepatite B · IFNs pegilados (conjugadas c/ polietilenoglicol) – tempo de vida mais prolongado · Efeitos adverso – são comuns, gripe-like, febre, lassidão, cefaleia e mialgia, depressão da medula óssea, erupções cutâneas, alopecia e alterações nas funções cardiovascular, tireoidiana e hepática. Fármacos que atuam através de outros mecanismos - Enfurvirtida (T20) – inibe a fusão do HIV c/ a célula hospedeira · Injeção subcutânea · Usado em combinação c/ outros p/ tratar HIV quando resistência, ou quando o paciente é intolerantea algum outro antiretroviral · Efeito adverso – sintomas gripais-like, efeitos centrais, alteração do humor, efeitos gastrointestinais e algumas vezes hipersensibilidade - Ratelgravir (RAL) – inibe a integrase do HIV · Empregado na terapia combinada, e costuma ser reservado aos casos cujo vírus se mostra resistente a outros agentes antiretrovirais - Dolutegravir (DTG) – inibe a integrase do HIV - Maraviroque (MRV) – antagonista do receptor de quimiocina “R5” maraviroc · É o único do tipo disponível · É usado em combinação c/ outros antiretrovirais, e está restrita às infecções HIV c/ tropismo para CCR5 Outros agentes - Inosina pranobex (imunomodulador) – interfere na síntese de ácido nucléico viral e tem ação imunopotencializadora do hospedeiro · Tratar infecções herpéticas nos tecidos mucosos ou na pele - Tribavirina (ribavirina) – nucleosídeo sintético, semelhante à guanosina, que interfere na síntese de RNAm viral ou nos reservatórios dos nucleotídeos virais · Inibe ampla gama de vírus DNA e RNA incluindo os que afetam VA inferiores · Usado na forma de aerossol ou comprimido p/ tratar infecções vírus sincicial respiratório (paramixovírus de RNA) · Hepatite C e febre de Lassa (reduz mortalidade em ~8vezes) Tratamento HIV Atualmente, recomenda-se o início imediato (após diagnóstico) da TARV em todas pessoas HIV+, muito embora não é obrigatório, devendo ser uma alternativa individualizada em função de fatores como motivação do paciente (adesão terapêutica). Situações de priorização do tratamento: sintomas, gestantes, CD4<350, TB ativa, coinfecção HIV-hepatite virais e risco cardiovascular elevado. O objetivo do TARV é manter o CV indetectável, o que reduz o risco de mutações resistentes à TARV Esquema inicial para paciente virgem: TDF (inibidor de transcriptase reversa análogo de nucleotídeo) + 3TC (inibidor de transcriptase reversa análogo de nucleosídeo) + DTG (inibidor de integrase) Esquema alternativo: TDF + 3TC + EFV (inibidor de transcriptase reversa não análogo de nucleosíde) Esquema inicial TB “não grave”: alternativo Esquema inicial de TB “grave” ou gestante: TDF + 3TC + RAL (inibidor de integrasse – Raltegravir) A TARV nunca deve ser iniciada de imediato, concomitante ao início do tratamento tuberculostático. A prioridade é iniciar o tratamento anti-TB. Tuberculose grave é: CD <100, presença de outra infecção oportunista, necessidade de internação hospitalar/paciente em mau estado geral e/ou TB disseminada. Principais contraindicações · TDF – nefropatia (ClCr <60ml/min), pois é uma medicação nefrotóxica · 3TC – hipersensibilidade (raro) · DTG – uso de fenitoína, fenobarbital, oxicarbamazepina, carbamazepina e dofetilida · EFV – hipersensibilidade (raro) · RAL – hipersensibilidade (raro) Se o paciente tiver contraindicação para TDF, recomenda-se o Abacavir (ABC), porém tal pode dá uma hipersensibilidade fatal em alguns casos. Isso exige pesquisa de HLA-B*5701, um marcador de hipersensibilidade. Caso o HLA-B*5701 for positivo, a droga de escolha passa ser a zidovudina (AZT). Nas gestantes, a droga de escolha para substituir o TDF é o AZT, devido à demora do exame de HLA-B*5701. A respeito das contraindicações de DTG, recomenda-se substituir as drogas de uso, para assim fazer o DTG. Em gestantes ou tratamento para TB, deve-se trocar por RAL ou EFV. Tratamento da Hepatite B Cirróticos (USG, EDA, RM, Biópsia hepática) – Child A, B ou C HBEAg + · Child A – possibilidade de interferon (só serve para HBEAG+), contudo nem sempre é possível, devido aos efeitos colaterais · Para todos – Tenofovir, ou opção – Entacavir. HBEAg – 1. Tenofovir 2. Entecavir Não cirrótico HBEAg + · Interferon HBEAg – Acompanhamento Acompanhamento HBSAG + em não cirrótico, anti-HBE + - Se transaminase normais e carga viral<200 UI – - Se transaminase alterada ou 200<CV<2000 – considerar biópsia hepática - Se CV>2000 ui/ml, por pelo menos duas medições, considerar iniciar Tenofovir ou Entecavir - Biópsia – mesmo o cara F3, eu vou tratar para evitar ele chegar ao estado cirrótico. Tratamento Hepatite C - Solicita-se um ANTI- HCV TESTE RAPIDO EM POSTOS DE SAUDE - Se ANTI-HCV Positivo solicita-se um PCR-RNA-HCV- Se PCR negativo, o indivíduo está curado - Se ANTI HCV POSITIVO e PCR-RNA-HCV positivo Vamos estadiar a doença e o estágio de fibrose no seu fígado. Para estadiar, eu solicito: · Exames bioquímicos: · AST, ALT, fosfatase alcalina, GGT, bilirrubina total e indireta, proteína total e fracionada, alfa feto proteína, tempo de protrombina e atividade enzima com INR, glicemia, colesterol total e frações, TGL, HIV, HBSAG · Exames de imagem: · USG de abdome superior ou USG de abdome total. - Para tratar eu preciso GENOTIPAR: · Genotipo 1 – Ledispavir + sofosbovir – 01 comp ao dia por 12 semanas. · Se cirrótico CHILD B e C, fazer por 24 semanas. · Genótipo 2 e 3 – Velpatasvir + sofosbovir - 01 comp ao dia por 12 semanas. · Se cirrótico CHILD B e C, fazer por 24 semanas Tratamento Herpesvírus - Herpes-vírus – é um vírus de DNA, principais no homem: HSV-1 (labial), HSV-2 (genital) e VZV (varicela e zoster) - Aciclovir – específico para enzima do herpes - Para herpes genital primário ou mucocutâneo (HSV-1 ou HSV-2) · 1ª escolha · Aciclovir oral 400mg 3x/dia por 7-10 dias · Aciclovir IV 5mg/kg 3x/dia por 7-14 dias · Alternativo, · Valaciclovir 1000mg 2x/dia, OU · Fanciclovir 250mg 3x/dia · Infecções HSV-2, se resistente ao aciclovir, · Foscarnet 40mg/kg por 2-3 semanas - Infecção do VVZ, · 1ª escolha, · Aciclovir 10mg/kg IV, 8/8h, por 7 dias – imunocomprometidos · Alternativo, · Aciclovir 800mg VO 4x/dia por 5 dias (Varicela) · Aciclovir 800mg VO 5x/dia por 7 dias (Herpes-zoster) · Valaciclovir 1g VO por 5 dias (Varicela) · Valaciclovir 1g VO por 7 dias (Herpes-Zoster) · Fanciclovir 500mg VO por 7 dias · Se VVZ resistente ao aciclovir em imunocomprometidos, · Foscarnet 40-60mg/kg IV 8/8 por 2-3 semanas
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