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WBA0494_v1.0 CURRÍCULO E PLANEJAMENTO NO ENSINO SUPERIOR APRENDIZAGEM EM FOCO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Neide Rodriguez Barea Leitura crítica: Vanessa Moreira Crecci Olá! Seja muito bem-vindo à disciplina de Currículo e planejamento do ensino superior! Esta é uma disciplina muito importante para quem leciona ou deseja lecionar no ensino superior, bem como para quem trabalha com educação e formação educacional em linhas gerais. E o motivo disso é que vamos discutir os bastidores do processo educacional. Assim, o objetivo geral desta disciplina é desenvolver seu olhar crítico para as questões complexas acerca do currículo, ao mesmo tempo que desenvolve a sua prática na construção de planos de ensino e de aula. Aqui, você vai construindo sua competência docente com base nos processos específicos da docência no ensino superior. No Tema 1, Organização curricular no ensino superior, você vai entender o que é currículo e porque ele é importante para os professores poderem estruturar seu planejamento de ensino e sua conduta pedagógica. Você vai descobrir que há documentos normativos para garantir equidade na formação dos graduandos e, também, vai ter contato com a ideologia transmitida, de forma sutil, a partir do currículo e da conduta pedagógica do professor em sala de aula. Abordaremos o currículo oculto e a forma como o professor pode enfrentá-lo. Já no Tema 2, Currículo: possibilidades e desafios na atualidade, você conhecerá documentos formais que estruturam o currículo 3 acadêmico de um curso do ensino superior, tais como: as Diretrizes Curriculares Nacionais, o plano de desenvolvimento institucional e o plano pedagógico institucional. Entenderá também a diferença entre currículo acadêmico e matriz curricular, entendimentos básicos para o professor poder realizar seu planejamento. O Tema 3, Planejamento de disciplina no ensino superior, traz uma perspectiva mais prática da atuação docente que antecede o período letivo, pois enfocará como se elabora um plano de ensino de disciplina. Você conhecerá o documento básico e receberá orientações sobre como preenchê-lo, considerando os objetivos de formação profissional do graduando e o desenvolvimento de suas competências. Por fim, no Tema 4, Planejamento de aula no ensino superior, você conhecerá os campos que compõem um plano de aula e estudará a forma de alinhar sua conduta pedagógica aos objetivos da disciplina, bem como à proposta de desenvolvimento de competências. Nesta disciplina, você conta com a Leitura Digital, a Aprendizagem em Foco, as videoaulas e também é estimulado, o tempo todo, a relacionar sua aprendizagem com situações práticas, que você perceberá na seção Teoria em Prática e no Desafio Profissional. Tenho certeza de que você gostará desta disciplina porque, finalmente, você conhecerá os bastidores do ensino superior e tudo aquilo que o professor faz antes de, efetivamente, ministrar suas aulas! Aproveitem! 4 INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! TEMA 1 Organização curricular no ensino superior ______________________________________________________________ Autoria: Neide Rodriguez Barea Leitura crítica: Vanessa Moreira Crecci 6 DIRETO AO PONTO A discussão sobre currículo é bastante complexa. Se, por um lado, há uma visão conservadora sobre o currículo, tratando apenas dos documentos de planejamento elaborado pelo professor, por outro, há uma visão mais crítica, considerando que currículo ultrapassa os limites do papel e reveste-se de ações. Não é à toa que a discussão sobre o currículo é uma das mais importantes no campo da educação. É o currículo que estrutura toda a ação docente, mas, para compreender isso, é preciso resgatar o percurso histórico que levou a compreender o currículo como uma prática discursiva que produz sentidos. Infográfico 1 - Percurso histórico e teorias do currículo Fonte: adaptada de Moreira e Tadeu (2011). 7 O primeiro ator do processo educacional que precisa tomar ciência dos mecanismos reprodutores e opressores do currículo escolar é o próprio professor. Só descobrindo suas próprias referências e desvendando os mecanismos de reprodução social aos quais foi submetido ao longo de seu processo educacional é que o professor poderá combater os vícios do currículo tradicional e deixar de reproduzi-lo. As visões críticas sobre o currículo permitem ao professor estruturar melhor sua prática pedagógica, refletindo a serviço de quem e de qual ideologia trabalha. Conhecer as teorias críticas permite ao professor do ensino superior criar mecanismos educacionais que combatam o currículo oculto. Neste sentido, precisará rever sua prática e suas próprias convicções, refletindo sobre a sociedade e o papel dos graduandos nela, bem como os desafios que atravessam. As perspectivas curriculares do professor (conhecimentos, valores, ideais, visão de mundo e ideologia inconsciente, crenças, valores, entre outros) se manifestam nos planos que ele elabora, na metodologia didática que aplica e na forma como se comporta. Por este motivo, é fundamental que o professor conheça as teorias do currículo e analise constantemente suas escolhas e sua postura, estimulando que seus estudantes tenham acesso a ferramentas e conhecimentos e desenvolvam uma postura ativa, curiosa e questionadora. Referências bibliográficas MOREIRA, A. F.; TADEU, T. (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 2011. 8 PARA SABER MAIS Você sabia que Paulo Freire foi um dos maiores responsáveis pela estruturação da consciência crítica acerca do currículo e que seu posicionamento é respeitado no mundo inteiro? Nascido em 1921 em Pernambuco, na época um dos estados mais carentes da nação, vivenciou a pobreza e a exploração social de perto. Trabalhou em diversos segmentos educacionais, sempre desenvolvendo métodos diferenciados e, em 1958, concursou-se professor de História e Filosofia da Educação na Universidade do Recife, e iniciou as primeiras experiências com alfabetização de adultos. Nos anos de 1950, o Brasil inicia um grande movimento pela alfabetização em todo o país, pois era embaraçoso internacionalmente e economicamente contraprodutivo ter grande parte da população adulta analfabeta. Bem, Paulo Freire cria um processo capaz de alfabetizar adultos em três meses, partindo de palavras de seu cotidiano, com significado importante para a comunidade. Além de ser rápido, o Método Paulo Freire é inovador para a época: usa a alfabetização como uma forma de combate à opressão. A pedagogia do oprimido, como pedagogia humanista e libertadora, terá dois momentos distintos. O primeiro, em que os oprimidos vão desvelando o mundo da opressão e vão comprometendo-se na práxis, com a sua transformação; o segundo, em que, transformada a realidade opressora, esta pedagogia deixa de ser do oprimido e passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente libertação. (FREIRE, 1987, p. 23) A partir das palavras geradoras, os alunos estudam seu significado e, ao apropriar-se delas, são capazes de empregá-las para combater a opressão à qual são submetidos. As palavras 9 organizam as ideias e libertam o ser humano. Ao conhecer as palavras, ao ser alfabetizado, o ser humano passa a ter ferramentas de empoderamento. Paulo Freire estrutura o conceito de educação bancária: o aluno é um ser vazio de conhecimentos e o papel da escola é depositar conhecimentos, como se fosse um banco depositando dinheiro em contas vazias; é considerado o bom aluno aquele que não discute, que repete o conteúdo, que tem as respostas prontas, conforme esperadas; a escola separa o pensar e o fazer, valoriza a memória e não estimula a curiosidade; apresenta os conhecimentosde forma hierarquizada; há verbalização excessiva sobre conhecimento que já está pronto, transmitido por um professor catedrático e autoritário; a educação escolar é feita para a submissão. A educação bancária é fortemente combatida por Freire, que alerta constantemente sobre os problemas decorrentes acerca desta perspectiva de ensino. Em 1964, com a Ditadura Militar, Paulo Freire foi exilado do país e inicia carreira internacional, combatendo a educação bancária, o currículo oculto e opressor. Seu retorno ao Brasil ocorreu em 1980, após o período de exílio, Paulo Freire foi convidado a ser professor na Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) e exerceu o cargo de Secretário da Educação do Município de São Paulo. Deixou mais de 35 obras escritas, inúmeras entrevistas e um instituto criado em seu nome. Referências bibliográficas FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 10 TEORIA EM PRÁTICA O estudo realizado até aqui tem como propósito explorar o conceito e a organização do currículo escolar no ensino superior. A proposta é que você, como estudante ou professor do ensino superior, relate uma situação em que tenha vivido o currículo oculto ou a ideologia reprodutivista. Ou, ao contrário, como estudante ou professor do ensino superior, que relate uma experiência educacional emancipatória. É importante que, neste relato, você apresente uma reflexão teórica que faça menção ao texto estudado ou às referências indicadas. Se precisar de uma ideia, veja o exemplo dado no Quadro – Exemplo de currículo oculto no ensino superior – que está na Leitura Digital (Tema 1). Bom trabalho! Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este capítulo traz novas informações sobre as teorias do currículo, aprofundando os conhecimentos sobre sua função na educação, e as concepções mais articuladas ao tecnicismo/industrialismo e as concepções mais críticas e emancipatórias. Destacam-se a visão Indicações de leitura 11 Lorem ipsum dolor sit amet Autoria: Nome do autor da disciplina Leitura crítica: Nome do autor da disciplina histórica e a profundidade dos estudos realizados nos Estados Unidos. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. SILVA, A. D. da; SOARES, C. A. M.; PINTO, R. de O. Teorias e práticas do currículo. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017, Seção 1.2 - Teorias e concepções do currículo (p. 25-38). Indicação 2 Este artigo traz as considerações de graduandos de Medicina e Enfermagem acerca da relação entre teoria e prática, sobre critérios de humanização e o quanto isso não se aplica em sala de aula, sobre aulas teóricas e expositivas, que não permitem a participação dos alunos. Estes critérios compõem o que os autores chamam de currículo oculto relacionado à desumanização em saúde. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra no parceiro “EBSCO Host”. DE BENEDETTO, M. A. C.; GALLIAN, D. M. C. Narrativas de estudantes de Medicina e Enfermagem: currículo oculto e desumanização em saúde. Interface: comunicação, saúde e educação (Botucatu). 2018; v. 22, n. 67, p. 1197-1207. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber 12 Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Leia o trecho: O aluno é compreendido como um ser vazio de conhecimentos e o papel da escola é depositar conhecimentos; é considerado o bom aluno aquele que não discute, que repete o conteúdo, que tem as respostas prontas, conforme esperadas; a escola separa o pensar e o fazer, valoriza a memória e não estimula a curiosidade; apresenta os conhecimentos de forma hierarquizada; há verbalização excessiva sobre conhecimento que já está pronto, transmitido por um professor catedrático e autoritário; a educação escolar é feita para a submissão (trecho retirado da seção Para saber mais). Essas afirmações constituem o que Paulo Freire chamou de: a. Educação Política. b. Educação Financeira. c. Educação Monetária. d. Educação Bancária. e. Educação Superior. 2. Analise esta situação fictícia: a professora Helena leciona a disciplina de Didática I nos cursos de licenciatura de uma universidade. Sua turma é composta por graduandos de 13 diversos cursos: Letras, Pedagogia, Matemática, Física, Química, Biologia, Geografia, História etc. A cada semestre recebe novos estudantes e, em seu planejamento, trata de explorar o currículo. Uma das atividades que propõe aos alunos é que escrevam um diário sobre sua vida acadêmica, iniciando o percurso a partir da primeira memória escolar e avançando até os dias atuais. Neste diário, os alunos precisam relatar em detalhes os eventos escolares mais significativos, tanto os agradáveis quanto os desagradáveis. O objetivo da professora Helena é que os alunos realizem uma reflexão sobre como as experiências escolares colaboraram para que os graduandos escolhessem a profissão de professores e para que identifiquem práticas pedagógicas diversas. Por trás desta atividade, a professora Helena pretende desenvolver uma discussão sobre currículo, investigando principalmente as aulas teóricas e os processos de avaliação como uma prática de reprodução social. A discussão que a professora pretende levantar está associada a uma das teorias do currículo. Assinale a alternativa que traz o nome desta teoria: a. Teoria Tradicional do Currículo. b. Teoria Tendencional do Currículo. c. Teoria Crítica do Currículo. d. Teoria Crescente do Currículo. e. Teoria Pós-Crítica do Currículo. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: Paulo Freire critica o modelo de educação que se assemelha ao serviço de um banco, que deposita valores 14 em contas bancárias, sem questionar, apenas introduzindo e sacando dinheiro conforme as movimentações financeiras são definidas pelos clientes. O nome que deu a este modelo de ensino é Educação Bancária. Questão 2 - Resposta C Resolução: As teorias Tendencional e Crescente não existem. A Teoria Tradicional é entendida como uma teoria que não exerce crítica. A Teoria Crítica do Currículo é aquela que tenta desvendar os mecanismos do currículo oculto que servem à reprodução social, tais como a realização de aulas teóricas e avaliações às quais os alunos são submetidos sem questionamentos, reforçando o comportamento de submissão e obediência que se espera encontrar nos futuros trabalhadores que servirão à classe dominante. A Teoria Pós- Crítica insere na discussão os grupos sociais que são alvos de preconceito e violência, tais como as minorias étnicas, as mulheres, os idosos, as crianças etc. TEMA 2 Currículo: possibilidades e desafios na atualidade ______________________________________________________________ Autoria: Neide Rodriguez Barea Leitura crítica: Vanessa Moreira Crecci 16 DIRETO AO PONTO O currículo no ensino superior é alvo de constante debate. Por um lado, há a necessidade de flexibilizá-lo diante das transformações e necessidades sociais que emergem a todo instante. Por outro lado, há a necessidade de se garantir aprendizagens de forma igualitária em todas as IES. Outro aspecto que leva o currículo a ser questionado é a ideologia implícita, transmitida na forma de currículo oculto. Assim, as escolhas dos temas a serem estudados, a forma como os conteúdos são transmitidos e avaliados e a própria relação professor-aluno são pautadas em mecanismos ocultos que também não são claros parao próprio professor. Desvelar a ideologia transmitida (normalmente se trata de uma ideologia opressora, a qual favorece os filhos da classe dominante porque já estão habituados à linguagem, estrutura educacional e transmissão de conhecimentos, e desfavorece a classe oprimida, que não está habituada a estes mesmos fatores). Desvelar o currículo oculto é uma forma de combatê-lo e, ao mesmo tempo, uma forma de trazer novas perspectivas e construções. Figura 1 – Desafios e possibilidade do currículo no ensino superior Fonte: elaborada pela autora. 17 Os desafios do currículo podem ser fonte de boas transformações! O quadro abaixo resume os três documentos que o professor do ensino superior precisa se apropriar para compreender os aspectos formais do currículo de uma IES e para elaborar seu planejamento e planos de ação. Figura 2 – Documentos formais e institucionais que ajudam o professor a entender o currículo da IES Fonte: elaborada pela autora. O professor do ensino superior precisa conhecer os documentos apresentados no quadro acima para que possa elaborar seus planejamentos e planos de ação, bem como para que adquira o conhecimento necessário para que possa realizar críticas construtivas ao currículo. 18 Referências bibliográficas VEIGA, I. P. A. Educação básica: Projeto Político-pedagógico; Educação superior: Projeto Político-pedagógico. Campinas: Papirus, 2004. ZAINKO, M. A. S. Gestão da instituição de ensino e ação docente. Curitiba: Intersaberes, 2013. PARA SABER MAIS O currículo é fascinante e suscita múltiplos olhares. Sacristán (2000, p. 4) aponta que: O currículo aparece, assim, como o conjunto de objetivos de aprendizagem selecionados que devem dar lugar à criação de experiências apropriadas que tenham efeitos cumulativos avaliáveis, de modo que se possa manter o sistema numa revisão constante, para que nele se operem as oportunas reacomodações. Neste momento, é importante que o professor do ensino superior conheça outras perspectivas sobre o currículo, tais como os três momentos ou etapas que Sacristán (2000) sugere: o currículo prescrito, o currículo realizado e o currículo oculto. Para Sacristán (2000), o currículo prescrito é aquele que é produzido pelos órgãos oficiais, no caso do ensino superior, o Ministério da Educação ou o Conselho Nacional de Educação. Acaba por se configurar como um currículo distante da realidade, já que não consegue enxergar outras diversidades nem as particularidades de cada IES e de cada comunidade acadêmica. Trata-se, por exemplo, de uma Diretriz Curricular Nacional. 19 A crítica do autor é que o currículo prescrito não é construído por quem está cotidianamente na IES e transmite a ideia de reproduzir as propostas previstas pelos gabinetes governamentais da mesma forma em todo o território nacional. Apesar da existência do currículo prescrito, o professor do ensino superior tem autonomia na forma como vai conduzir seu componente curricular e nas temáticas que pretende introduzir. A dúvida é: será que o professor fará os arranjos pertinentes ou se nivelará pela normativa do Governo Federal? Por currículo oculto, Sacristán (2000) entende que são os valores morais, éticos e políticos que permeiam a prática pedagógica, porém não são explícitos nos documentos formais. Tanto podem ser reprodutores das condições sociais como emancipadores, a partir do desvelamento da ideologia sutilmente expressa. E o currículo realizado é aquele que efetivamente ocorre em sala de aula e que pode ser diferente do currículo prescrito, uma vez que é executado pelos professores e alunos. E o que acontece na prática em sala de aula? Diversos temas vêm à tona, são debatidos, muitas vezes alterando o rumo do planejamento criado anteriormente, o que leva o professor a fazer o replanejamento de ensino. Muito importante saber de tudo isso, não? Para saber mais, procure pelo livro indicado nas referências. Referências bibliográficas SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 20 TEORIA EM PRÁTICA Você chegou a conhecer a Diretriz Curricular Nacional do curso para o qual leciona ou pretende lecionar? Bem, é hora de conhecê- la e analisá-la. Neste Teoria em Prática, você irá acessar o site do MEC: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/ article?id=12991. Acesso em: 24/08/2020. Então, localizar a DCN do curso para o qual leciona ou pretende lecionar. Se não pretende lecionar, localize a DCN do curso no qual se formou. Em seguida, faça uma leitura da DCN e analise as informações que estão presentes, comparando-as com o curso no qual se formou ou no qual leciona ou pretende lecionar. Os aspectos que você pode analisar: o perfil do graduando proposto na DCN é compatível com o perfil dos alunos para o qual leciono ou com os quais me formei? As informações apresentadas são suficientes para que uma IES elabore seu currículo? A dimensão prática e os estágios estão contemplados? São suficientes? Aparecem também no currículo da IES na qual leciono ou me formei? E apresente outras informações que julgar pertinentes. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12991 http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12991 21 LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este capítulo aborda a o currículo prescrito apresentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Embora o texto esteja direcionado à educação básica, aproveite a discussão realizada no trecho “Não pode faltar”. Veja como as autoras associam a ideia do currículo prescrito com a teoria de Gimeno Sacristán. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. SILVA, A. D. da; SOARES, C. A. M.; PINTO, R. de O. Teorias e práticas do currículo. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017, Seção 2.3 – Prescrições Curriculares: Diretrizes (p. 96-100). Indicação 2 Vamos aproveitar o mesmo material e estudar um novo capítulo: O currículo no contexto escolar. Aqui, você encontrará a relação do currículo com o Projeto Político Pedagógico (PPP), que no caso do ensino superior pode ser chamado tanto de PPP como PPI (Projeto Pedagógico Institucional). Observe como as autoras relacionam o currículo com o projeto pedagógico e os apontamentos sobre a gestão democrática na escola. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. Indicações de leitura 22 SILVA, A. D. da; SOARES, C. A. M.; PINTO, R. de O. Teorias e práticas do currículo. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017, Seção 3.1 – O Currículo no Contexto Escolar (p. 114-121). QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Leia a citação: Os conteúdos, as avaliações, o ordenamento dos conhecimentos em disciplinas, níveis, sequências caem sobre os docentes e gestões como um peso. Como algo inevitável, indiscutível. Como algo sagrado. Como está posta a relação entre os docentes e os currículos? Uma relação tensa. (ARROYO, 2013, p. 2) Referência: ARROYO, M. G. Currículo, território em disputa. Petrópolis: Vozes, 2013. Nesta citação, o autor faz menção a um tipo de currículo. A qual currículo o autor se refere?. 23 a. Currículo oculto. b. Currículo real ou realizado. c. Currículo prescrito. d. Currículo vitae. e. Currículo democrático. 2. Por currículo oculto Sacristán (2000) entende quesão os valores morais, éticos e políticos que permeiam a prática pedagógica, porém não são explícitos nos documentos formais; desta forma, transmitem uma: (Referência: SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000). a. Prescrição. b. Ideologia. c. Realização. d. Determinação. e. Solução. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: O currículo prescrito é aquele proposto por quem não está cotidianamente na IES (ou seja, não é elaborado pelo próprio professor) e transmite a ideia de reproduzir as propostas pedagógicas estruturadas que não consideram a diversidade local nem as características da comunidade; normalmente é composto por disciplinas, níveis e sequências que não foram escolhidos pelo próprio 24 professor, por este motivo a relação entre ele e o currículo é tensa, nas palavras do autor. Questão 2 - Resposta B Resolução: O currículo oculto, transmissor de valores morais, éticos, políticos, sociais, reprodutores e opressores são associados à ideologia da classe dominante, que procura inculcar disciplina e obediência em determinadas camadas sociais para manter o controle sobre os futuros trabalhadores. TEMA 3 Planejamento de disciplina no ensino superior ______________________________________________________________ Autoria: Neide Rodriguez Barea Leitura crítica: Vanessa Moreira Crecci 26 DIRETO AO PONTO Você sabe como ocorre o processo de preparação do docente do ensino superior antes de iniciar o período letivo? Quais as ações prévias o professor executa ao se organizar para a docência? Os professores, em geral, iniciam suas tarefas entre dez e quinze dias antes de iniciarem as aulas. Neste período, os professores participam de reuniões para receber informações, tais como calendário escolar e eventos, entre outros informes importantes. Além disso, existem processos de formação pedagógica: algumas instituições optam por fazer treinamentos (tais como novas ferramentas tecnológicas, uso de aplicativos e ambientes virtuais de aprendizagem – AVA), formação em novas metodologias (tais como as metodologias ativas). Os coordenadores também podem solicitar reuniões individuais com professores, caso precisem explicar particularidades da disciplina que será ministrada ou dar orientações especiais, como organização dos processos de estágio. Neste período que antecede o início das aulas, o professor também realiza seu planejamento. Trata-se de um processo no qual ele: • Elenca temas importantes e pertinentes à formação dos alunos. • Realiza pesquisas, leituras, seleção de material didático. • Investiga as relações interdisciplinares entre a disciplina que ministrará e as demais. • Reflete sobre o processo de ensino e sobre as estratégias que pode executar. • Conhece espaços diversificados (museus, bibliotecas, laboratórios, empresas que recebem graduandos) que podem ser interessantes para seus alunos. • Seleciona instrumentos adequados para a avaliação. 27 Após desenvolver suas reflexões e ideias, é o momento de o professor formalizar sua proposta pedagógica com base na construção de seu plano de ensino. O plano de ensino possui uma estrutura própria e informações detalhadas que precisam ser preenchidas, conforme você pode observar no quadro abaixo. Quadro 1 – Estrutura de um Plano de Ensino de Disciplina DISCIPLINA: Preencher com o nome da disciplina que será ministrada PROFESSOR: Preencher com o nome do professor responsável pela disciplina CÓDIGO O código é fornecido pela IES CARGA HORÁRIA Preencher com a quantidade de aulas que ocorrem na semana: 2, 4, por exemplo SEMESTRE LETIVO Indicar se é 1º ou 2º semestre e o ano em que ocorre, por exemplo: 1º/2020 EMENTA É uma sinopse da disciplina, apresentação dos temas que serão apresentados. OBJETIVOS GERAIS O professor precisa determinar um ou mais objetivos gerais que os alunos precisam alcançar. Estes objetivos estão relacionados às competências a serem desenvolvidas. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Aqui, o professor precisa detalhar pelo menos três objetivos específicos, que precisam estar alinhados com os objetivos gerais e que representem a aquisição de um conhecimento, o desenvolvimento de uma habilidade ou de uma atitude. METODOLOGIA Neste campo, o professor explica como pretende desenvolver as aulas e as estratégias didáticas. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Aqui, o professor determina os conteúdos que serão abordados na disciplina, organizados de forma lógica e encadeados. BIBLIOGRAFIA BÁSICA Relação de cinco a dez indicações de livros, artigos e outros materiais para que os alunos leiam, estudem e pesquisem. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR Relação de cinco a dez indicações de livros, artigos e outros materiais que complementem as referências básicas. *Algumas IES solicitam um cronograma de aulas como anexo e a lista de recursos pedagógicos. Fonte: elaborado pela autora. 28 A confecção do plano de ensino é um processo importante para o professor, porque estrutura seu processo didático, norteando suas ações ao longo do semestre letivo. Referências bibliográficas PACHECO, J. A. Para a noção de transformação curricular. Cadernos de Pesquisa, v. 46, n. 150, jan./maio 2016. p. 54-77. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2018. PARA SABER MAIS Você já deve ter percebido que a Taxonomia de Bloom tem sido muito utilizada para estruturar os objetivos de aprendizagem. Embora o domínio cognitivo seja sempre mais explorado, Bloom (psicólogo e pedagogo americano, filho de imigrantes judeus, preocupou-se com os processos educacionais e compreendeu que a educação precisa ser mais humana) acreditava que a educação deveria ser mais humana, e equipes estudaram outros aspectos do desenvolvimento humano que funcionam interligados para propiciar a aprendizagem. Vamos saber mais sobre a Taxonomia de Bloom? O primeiro domínio estudado por Bloom e equipe foi o cognitivo e diz respeito às capacidades intelectuais dos estudantes. Neste domínio, a aprendizagem é entendida como um processo que parte de aspectos mais simples e atinge aspectos complexos e bastante elaborados. Neste sentido, propõem seis categorias organizadas hierarquicamente (da mais simples à mais complexa), 29 iniciando com Conhecimento, seguido por Compreensão, Aplicação, Análise, Síntese e Avaliação (BLOOM et al., 1972). Outro domínio estudado por Bloom e equipe é o afetivo. Este domínio organiza-se em etapas identificadas como: Acolhimento (identifica a capacidade de perceber e diferenciar estímulos), Resposta (identifica a capacidade de dar uma resposta que demonstra controle emocional, envolvimento), Valorização (identifica a capacidade de atribuir ou interferir no valor de algo), Organização (identifica a capacidade de compreender e corresponder a um código de ética) e Caracterização (identifica a capacidade de revisar ou criar uma proposta organizada para atingir um determinado fim, que expresse um juízo, um julgamento) (BLOOM; KRATHWOHL; MASIA, 1972). Para explicar melhor o processo de aprendizagem envolvendo a combinação entre os domínios cognitivo e afetivo, veja o que Bloom, Krathwohl e Masia (1972, p. 32) apresentam: O processo inicia quando a atenção do estudante é captada por algum fenômeno, característica ou valor. À medida que presta atenção no fenômeno, característica ou valor, ele o diferencia de outros, presentes no campo perceptual. Com a diferenciação, vem uma procura do fenômeno, à medida que lhe agrega significação emocional e vem a valorizá-lo. Conforme o processo se desdobra, ele relaciona este fenômeno a outros fenômenos, que também têm valor. [...] Finalmente, os valores são inter-relacionados numa estrutura ou visão do mundo, que ele leva como uma direção para novos problemas. Por fim, os autores abordam o domínio psicomotor, tratando das habilidades motoras controladas pelo cérebro e envolvendo a coordenação psíquica, para a execução de alguma tarefa queexige a motricidade. Não definiram uma lista de itens para avaliação, mas outros autores o fizeram. Em relação ao domínio psicomotor, 30 é importante considerar as respostas motoras autônomas e as complexas, bem como as capacidades de adaptação e organização. Referências bibliográficas BLOOM, B. S. et al. Taxonomia dos objetivos educacionais: domínio cognitivo. Porto Alegre: Globo, 1972. BLOOM, B.; KRATHWOHL, D.; MASIA, B. Taxonomia dos objetivos educacionais: domínio afetivo. Porto Alegre: Globo, 1972. TEORIA EM PRÁTICA Vamos adentrar na dimensão mais prática da elaboração de um plano de ensino? Para este exercício, você precisará retomar uma disciplina da sua graduação. Tente localizar o plano de ensino desta disciplina. Caso não consiga, localize o plano de ensino de alguma disciplina próxima. Você pode pesquisar na internet. Por exemplo: Plano de Ensino de Didática; de Economia Aplicada; de Ensino de Estatística II. Em seguida, faça uma análise das informações que estão lá, considerando os critérios abaixo: • O plano apresenta objetivos orientados ao desenvolvimento de uma competência, de uma habilidade ou de uma atitude? • Há coerência entre a ementa, os objetivos e os conteúdos? 31 • Os conteúdos programáticos ou objetos de aprendizagem são atualizados e condizentes com a proposta geral da disciplina? • As referências são atualizadas (possuem menos de dez anos de publicação)? • O processo de avaliação é emancipatório (formativo, crítico, reflexivo) ou reprodutivo (acrítico, repetitivo, estagnado)? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 A autora discorre sobre aspectos pertinentes ao processo de planejamento de ensino, detalhando tópicos que compõem um plano de ensino, que é a própria materialização do processo de planejamento. Considera que o planejamento não poderia ser realizado de forma isolada, mas em grupos de professores organizados por interesses e perspectivas em comum, permitindo assim uma perspectiva interdisciplinar. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. SILVEIRA, R. L. B. L. da. Planejamento de ensino: peculiaridades significativas. Revista Iberoamericana de Educación, v. 37, n. Extra 3, 2005, p. 1-6. Indicações de leitura 32 Indicação 2 Neste artigo, a autora associa os conceitos de pensar e planejar, trazendo exemplos práticos e significativos desta prática humana. Em seguida, aponta a necessidade de rechear o processo de ensino com situações diversificadas que permitam a aprendizagem significativa dos estudantes. Por fim, retoma as etapas de um plano de ensino, com grande enfoque na metodologia do professor. Uma leitura muito importante para sua formação! Para realizar a leitura, acesse o seu navegador de páginas de internet e pesquise pelo artigo: LEAL, R. B. Planejamento de ensino: peculiaridades significativas. Revista Iberoamericana de Educación., v. 37, n. 3, 2005: número especial. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 33 1. Benjamin Bloom, nascido em 1913 e falecido em 1999, entendeu que o processo educacional no século XX deveria ser mais humano, portanto menos mecânico e reprodutivista, deveria também compreender e investir no que é mais importante para a aprendizagem e desenvolvimento dos educandos, acompanhando o amadurecimento e envolvendo o que lhes desperta interesse. Neste sentido, Bloom compreende que o processo educacional, ainda que muito focado no âmbito cognitivo, precisa considerar outros dois âmbitos, que são: a. O planejamento e o plano de ensino. b. Psicológico e biológico. c. Currículo oculto e currículo prescrito. d. Afetivo e psicomotor. e. Habilidades e atitudes. 2. Leia a afirmativa abaixo: No plano de ensino de uma disciplina da graduação, os _________ de aprendizagem precisam ser organizados com graus diferenciados e crescentes em termos de __________, devem agrupar o maior número possível de conhecimentos, habilidades e atitudes e devem visar o desenvolvimento de _________ fundamentais para o exercício profissional do aluno. a. Planejamentos; Flexibilidade; Limitações. b. Objetivos; Complexidade; Competências. c. Planos; Finalidade; Carreiras. d. Referenciais; Leituras; Cursos. e. Códigos; Aulas; Críticas. 34 GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: Bloom considerou que os âmbitos afetivo e psicomotor precisam ser considerados nos processos educacionais, já que são os aspectos que trazem um caráter mais humano à educação. Questão 2 - Resposta B Resolução: No plano de ensino de uma disciplina de graduação, os objetivos de aprendizagem precisam ser organizados com graus diferenciados e crescentes em termos de complexidade, devem agrupar o maior número possível de conhecimentos, habilidades e atitudes e devem visar o desenvolvimento de competências fundamentais para o exercício profissional do aluno. TEMA 4 O planejamento de aula no ensino superior ______________________________________________________________ Autoria: Neide Rodriguez Barea Leitura crítica: Vanessa Moreira Crecci 36 DIRETO AO PONTO Você sabia que a elaboração de planos de aula é frequente na educação infantil e no ensino fundamental (anos iniciais)? No ensino superior, por não ser um documento obrigatório, muitos professores optam por não o confeccionar. Porém, o plano de aula é um instrumento que traz muito suporte ao professor, pois, tendo planejado previamente as ações que serão executadas em sala de aula, o docente fica livre para concentrar-se totalmente na aprendizagem dos alunos, e não na sequência didática. Um plano de aula é composto por determinados campos, que são preenchidos pelo professor. Quadro 1 – Estrutura de um Plano de Aula (exemplo) Curso: ________________________________________________________ Disciplina ou Componente Curricular: ________________________ Série e semestre: __________________________ Ano: ____________ Tema da aula: ________________________________________________ Número da aula/unidade didática: ___________________________ 1. Objetivos Específicos 2. Conteúdos 3. Procedimentos didático- metodológicos 3.1 Técnicas de Ensino 3.2 Recursos materiais (mídias) 4. Avaliação 4.1 Aspectos que serão avaliados 4.2 Instrumentos 5. Bibliografia Como preencher 37 Os objetivos específicos são retirados do plano de ensino e o professor pode propor novos objetivos, desde que alinhados com a temática e a proposta de desenvolvimento de competências previstas para a disciplina, associados, preferencialmente, à tipologia de conteúdos. Divide-se em: Conteúdos conceituais e factuais: o que o estudante precisa aprender. Conteúdos procedimentais: o que fará ou construirá, processos, ações. Conteúdos atitudinais: atitudes e valores que serão desenvolvidos. O professor preenche com dois tipos de informação: Técnicas de ensino: são os procedimentos metodológicos, por exemplo: iniciará a aula com uma dinâmica (qual? Apresentar os detalhes), um mapa mental, uma revisão da aula anterior. Em seguida, aponta o restante da aula e a conclusão. Recursos materiais: trata-se de uma lista do que precisará usar em aula; há professores bem criteriosos que chegam a escrever “lousa, apagador”, mas o ideal é relacionar apenas aqueles que não estão disponíveis normalmente em sala de aula. Também preenchido em dois segmentos diferentes: Aspectosa serem avaliados: trata- se tanto da aprendizagem conceitual quanto das habilidades desenvolvidas, das atitudes demonstradas – deve estar alinhado com os objetivos. Instrumentos: o professor precisa relacionar se há algum instrumento formal a ser avaliado: redação, prova, seminário etc. Apresenta-se aqui ou logo abaixo do plano de aula as referências usadas para criar a aula e as referências que os estudantes precisam estudar. Fonte: elaborado pela autora. É importante lembrar que, ao final do plano de ensino, o professor pode acrescentar os seguintes dados: • Cronograma: muito útil no caso de trabalhar com uma unidade didática. • Observações: dados importantes, tais como: observar como os grupos se constituem, anotar perguntas relevantes para replicar em avaliações, preparar material complementar – ou outras informações que sejam importantes. • Anexos: textos complementares, roteiro da dinâmica, materiais específicos. 38 O plano de aula, por ser um roteiro, cumpre o papel de liberar a atenção do professor para que possa concentrar-se na aula, na dinâmica da aprendizagem dos alunos e nas questões relevantes que surgem. Referências bibliográficas ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2018. PARA SABER MAIS Neste momento, você deve estar se perguntando onde e como conhecer outros processos metodológicos e organizacionais para subsidiar a construção do plano de aula. É importante lembrar que o tal plano é uma decorrência do plano de ensino, que é baseado no projeto pedagógico do curso. Masetto (2011) relatou experiências pedagógicas no ensino superior que versam sobre a reorganização curricular e didática. Destaca-se o Projeto UFPR Litoral, que tem o objetivo de resgatar a qualidade de vida dos cidadãos do Vale do Ribeira. Neste sentido, os projetos pedagógicos de vários cursos da IES associam-se a esse objetivo maior e procuram refletir sobre a realidade concreta do local, envolver alunos em projetos de ação, entre outros, o que levou à construção de três módulos presentes em todos os cursos, a saber: Projetos de Aprendizagem, Interações Culturais e Humanísticas e Fundamentos Teórico-Práticos. Aqui, a reflexão que se coloca é: como elaborar o plano de ensino e os planos de aula de forma a atender os módulos e os grandes objetivos, além da formação específica voltada à profissão? 39 Outro projeto digno de menção é o Projeto de Formação Interdisciplinas da Unifesp, cuja proposta é fazer a transição da perspectiva biomédica para a biopsicossocial, de forma que se compreenda a saúde do paciente dentro de um processo mais complexo e não puramente biológico. Assim, é preciso apresentar trabalhos integrativos, interdisciplinares, nos quais ocorram troca de experiências, respeito à diversidade e exercício do diálogo. Reflita: como elaborar um plano de ensino e planos de aula que atendam tais perspectivas? Por fim, é importante apresentar a experiência do grupo Kroton, uma das primeiras IES que buscou desenvolver a perspectiva de formação de seus graduandos voltada ao desenvolvimento de competências pessoais e profissionais. Na graduação, além do plano pedagógico de curso, as faculdades oferecem o BSC (Balanced Scorecard) para cada disciplina. É uma estrutura estratégica que traz metas e indicadores capazes de evidenciar o avanço da disciplina. Esta estrutura orienta o professor a construir o plano de ensino e os planos de aula, pois apresenta mais claramente os objetivos a serem alcançados voltados ao desenvolvimento das competências. Vale mencionar que a perspectiva prática e voltada a problemáticas próprias do âmbito do trabalho é constante nas aulas, pois é uma orientação presente no plano de ensino e no BSC, tal como a sessão Teoria em Prática. A metodologia utilizada é a sala de aula invertida, acompanhada por um sistema on-line alimentado pelo professor e que permite ao aluno consultar e saber as ações que precisa fazer na pré-aula, na aula e na pós-aula, ou seja, o graduando tem acesso ao plano de aula, compreendendo claramente, os objetivos a serem alcançados, bem como quais competências estão sendo desenvolvidas. Referências bibliográficas MASETTO, M. T. Inovação Curricular no Ensino Superior. Revista e-Curriculum, [S.l.], v. 7, n. 2, set. 2011. ISSN 1809-3876. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/ view/6852. Acesso em: 26 jun. 2020. https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/6852 https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/6852 40 TEORIA EM PRÁTICA Para ingressar no ensino superior, além da documentação pessoal, o professor precisa fazer um ou mais testes, entre eles a apresentação de uma aula-teste. Neste Teoria em Prática, você é um candidato ao cargo de professor de ensino superior e, como parte do processo seletivo, precisa enviar, antecipadamente, o plano de aula que ministrará em breve. Para criar o plano de aula, você tem a liberdade de escolher a disciplina e o tema da aula. O modelo do plano de aula a seguir é este: Curso: ________________________________________________________ Disciplina ou Componente Curricular: ________________________ Série e semestre: __________________________ Ano: ____________ Tema da aula: ________________________________________________ Número da aula/unidade didática: ___________________________ 1. Objetivos Específicos 2. Conteúdos Conceituais Procedimentais Atitudinais 3. Procedimentos didático- metodológicos 3.1 Técnicas de Ensino 3.2 Recursos materiais 4. Avaliação 4.1 Aspectos que serão avaliados 4.2 Instrumentos 5. Bibliografia Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 41 LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este artigo discute o conceito de planejamento e enfoca, principalmente, três tipos de planejamentos: plano de curso, plano de unidade e plano de aula. Os autores apontam que o planejamento está associado à necessidade de prever ações para combater a improvisação. Além disso, a elaboração de planos estabelece os objetivos a serem cumpridos e os meios para poder atingi-los. Trata-se de um artigo muito interessante, pois apresenta novos elementos acerca do processo de planejamento do professor. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra diretamente no campo de pesquisa. ASSIS, R. M.; BARROS, M. O.; CARDOSO, N. S. Planejamento de ensino: algumas sistematizações. Revista Eletrônica de Educação do Curso de Pedagogia. Campus Jataí da Universidade Federal de Goiás, v. I, n. 4, jan./jul. 2008. ISSN: 1807-9342. Indicação 2 Este artigo é um relato de experiência de professor universitário que participou de uma disciplina chamada Didática do ensino superior. Nesta disciplina, os participantes deveriam elaborar uma miniaula de 90 minutos, com alguns requisitos básicos, tais como propiciar aprendizagem e estimular o debate, entre outros. Ao final, a turma Indicações de leitura 42 avalia criticamente a aula ministrada. Um artigo interessante que retoma as etapas da elaboração do plano de aula. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton, clique em Revista Eletrônica, selecione a Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, clique na lupa (Buscar) e busque pelo título da obra no parceiro. JESUS, S. J. A. de. Pedagogia universitária e prática didática: um relato de experiência. Rev. Ens. Educ. Cienc. Human., v. 10, n. 1, p. 118-124, 2019. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questõesde interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Ainda que o plano de aula não seja cobrado por todas instituições, sabe-se que ao realizá-lo o professor organiza e reflete sobre seu próprio trabalho. Considerando os aspectos trabalhados sobre o desenvolvimento do plano de aula, assinale a alternativa correta: 43 a. Professores do ensino superior priorizam a elaboração do plano de aula e esta é normalmente uma orientação da instituição de ensino superior. b. O plano de aula e a aula teste normalmente são etapas do processo seletivo para contratação de professores no ensino superior. c. O plano de aula é a base para a confecção do plano de ensino, já que as aulas são básicas para determinar o que e como será ensinado aos alunos. d. Na docência, os alunos constroem o plano de aula para que se envolvam e decidam os encaminhamentos que acham mais viáveis para sua aprendizagem. e. O plano de aula é um registro simples, no qual o professor anota o roteiro do que deseja desenvolver em aula. 2. Leia a afirmativa abaixo: O plano de aula é um __________ que traz muito suporte ao professor, pois, tendo planejado previamente as __________ que serão executadas em sala de aula, o docente fica livre para concentrar-se totalmente na aprendizagem dos alunos, e não na sequência __________. Assinale a alternativa que traz as palavras corretas que preenchem as lacunas: a. Programa; Ações; Avaliativa. b. Instrumento; Avaliações; Cronológica. c. Instrumento; Ações; Didática. d. Programa; Leituras; Avaliativa. e. Projeto; Avaliações; Didática. 44 GABARITO Questão 1 - Resposta B Resolução: A verdade é que os professores não têm o hábito de construir planos de aula, mas esta é uma tarefa de sua responsabilidade, ainda que possa ter uma construção flexível para que os alunos participem. Os planos de aula são construídos com base no plano de ensino e não o contrário, é um documento detalhado que traz diversos campos a serem preenchidos, não é apenas um roteiro. Plano de aula e aula teste são, normalmente, etapas do processo seletivo. Questão 2 - Resposta C Resolução: O plano de aula é um instrumento que traz muito suporte ao professor, pois, tendo planejado previamente as ações que serão executadas em sala de aula, o docente fica livre para concentrar-se totalmente na aprendizagem dos alunos, e não na sequência didática. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto TEMA 3 Direto ao ponto TEMA 4 Direto ao ponto Botão TEMA 5: TEMA 2: Botão 158: Botão TEMA4: Inicio 2: Botão TEMA 6: TEMA 3: Botão 159: Botão TEMA5: Inicio 3: Botão TEMA 7: TEMA 4: Botão 160: Botão TEMA6: Inicio 4: Botão TEMA 8: TEMA 5: Botão 161: Botão TEMA7: Inicio 5:
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