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Melissa Cristina | UNIFTC - 6º Semestre | 2022.1 Conceito O diabetes mellitus (DM) representa um grupo de doenças metabólicas, com etiologias diversas, caracterizado por hiperglicemia, que resulta de uma secreção deficiente de insulina pelas células beta, resistência periférica à ação da insulina ou ambas. Epidemiologia ® Cresceu em 61,8% o número de pessoas diagnosticadas com diabetes. ® Passou 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016. ® As duas principais etiologias são o DM tipo 2 (DM2), que responde por 90 a 95% dos casos, e o DM tipo 1 (DM1), que corresponde a 5 a 10%. ® O problema da diabetes em relação aos custos: A diabetes engloba custos econômicos, que são aqueles medíveis, onde envolvem: compra de medicamentos, ajuda familiar, sobrecarga do sistema de saúde e complicações que o impedem de trabalhar. Além disso, tem-se os custos intangíveis, que são aqueles não medíveis, onde envolvem: problemáticas psicológicas e físicas que refletem em sua qualidade de vida. Classificação A classificação atual do DM foi proposta pela Associação Americana de Diabetes. o Diabetes Mellitus tipo 1: É causado por deficiência absoluta de insulina, consequente à destruição autoimune ou, bem mais raramente, idiopática das células beta pancreáticas. o Fisiopatologia: Explicação imagem 03: Observa-se na imagem 01 que a glicemia se eleva de uma vez, pois a diminuição de produção de insulina é muito rápida. Acredita-se que o processo seja desencadeado pela agressão das células beta por fator ambiental (sobretudo, infecções virais) em indivíduos geneticamente suscetíveis. Alguns autoanticorpos foram identificados como marcadores da destruição autoimune da célula beta. • Diabetes Mellitus tipo 2: Responsável por 90 a 95% de todos os casos de diabetes, acontece mais em pacientes adultos e está relacionado tanto a genética quanto ao estilo de vida (sedentarismo e obesidade). • Diabetes Mellitus gestacional: É o paciente que desenvolveu diabetes durante a gestação; geralmente ocorre na 24º semana. É importante diferenciar se a pessoa já tinha diabetes antes da gestação ou se adquiriu durante a gestação. Diabetes Mellitus tipo 2 o Fisiopatologia: Os principais mecanismos fisiopatológicos que levam à hiperglicemia no DM2 são: 1- Resistência periférica à ação insulínica nos adipócitos e, principalmente, no músculo esquelético; 2- Secreção deficiente de insulina pelo pâncreas; 3- Aumento da produção hepática de glicose, resultante da resistência insulínica no fígado; Entretanto, outros componentes desempenham importante papel na patogênese do DM2: o adipócito (lipólise acelerada), Endocrinologia E N D O C I R N L G A I O O Diabetes Mellitus Econômicos Intangíveis -Família -Sistema de saúde -Indivíduo -Social -Ansiedade -Dor -Qualidade de vida -Inconveniência Imagem 03 Imagem 01 Imagem 02 o trato gastrintestinal (deficiência/resistência incretínica), as células alfa pancreáticas (hiperglucagonemia), o rim (reabsorção aumentada de glicose pelos túbulos renais) e o cérebro (resistência à insulina). Coletivamente, esses componentes compreendem o que foi recentemente chamado por DeFronzo de “octeto ominoso ou nefasto”: Explicação imagem 05: TGD: Tolerância de glicose diminuída. A DM2 é uma doença progressiva. Observa-se na imagem 02 que há uma linha pontilhada que separa a TGD (que seria uma pré-diabetes, presente 4-7 anos antes, podendo se tornar reversível) da DM2, onde percebe: ® Aumento progressivo e devagar da glicemia. ® Nível de insulina incialmente alto, até que o pâncreas não consegue resistir e ocorrerá uma queda progressiva. Em algum momento, o paciente precisará da utilização de insulina. ® A resistência a insulina vai aumentando até seu ápice e segue contínua; isso é importante pois, mesmo naquele paciente DM2 que já precise de insulina para tratamento, a resistência insulínica estará presente, sendo assim, necessário também tratar a resistência. Explicação imagem 06: Geralmente para uma pessoa desenvolver DM2, ela precisa principalmente susceptibilidade genética, obesidade ou sedentarismo. É importante saber que há dois tipos de resistência a insulina: 1- Muscular: diminui a captação de glicose no músculo. 2- Hepática. A atividade física e perda de peso melhora esses dois tipos de resistência insulínica. o Fatores de risco: ® Sobrepeso ou obesidade; Sedentarismo; Idade ≥ 45 anos; História familiar de diabetes; Grupos éticos; Diabetes gestacional prévio; Síndrome dos ovários policísticos (possuem resistência insulínica); Outras condições (HAS, alto nível de LDL, triglicerídeos e baixos níveis de HDL). o Quadro Clínico: A instalação do quadro é mais lenta e podem demorar vários anos até se apresentarem (assintomática). Se não reconhecido e tratado a tempo, também pode evoluir para um quadro grave de desidratação e coma. Ás vezes, descobre-se que tem DM devido a uma cirurgia, infecções, estresse, gestação ou por complicações da doença (IAM, alterações oculares, neuropatia, nefropatia e entre outros). ® Sintomas: Fome frequente; Sede constante; Formigamento nos pés e mãos; Vontade de urinar diversas vezes; Infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele; Feridas que demoram para cicatrizar; Visão embaçada. ® Sintomas clássicos: 3 P’s o Diagnóstico: • Clínico: No DM2, cerca de 50% dos pacientes desconhecem ter a doença por serem assintomáticos ou oligossintomáticos, apresentando mais comumente sintomas inespecíficos, como tonturas, dificuldade visual, astenia e/ou cãibras. ! A monitorização do diabetes ficou mais fácil após o FreeStyle Libre. • Laboratorial: ® Glicemia de jejum > 126 em mais de duas ocasiões é igual a diabetes. ® HB glicada > 6,5. ® Glicemia 2h após TOTG com 75g de glicose: pede-se principalmente para pré-diabético. Imagem 05 Imagem 06 Imagem 04 Imagem 07 o Tratamento: Prevenção de complicações agudas (cetoacidose e hipoglicemia) e crônicas e melhora de qualidade de vida. Dúvida: — Como saber se o paciente com diabetes está controlado? Para afirmar que o paciente está compensado, precisa-se conferir sua meta. Normalmente, em pessoas jovens com boas expectativas de vida, a meta é que a HB glicada esteja em 7%, diferentemente com pessoas debilitadas com baixa expectativa de vida, permite-se uma meta maior no valor da HB glicada. ® A meta para um paciente com DM2 geralmente é: HB glicada < 7%, PA: < 140/90mmmHg, baixa LDL (<100) e perda de peso. • Recomendações de controle glicêmico para adultos: • Desafios no tratamento do DM2: ® Apesar da melhora nas últimas 2 décadas, muitos pacientes ainda não atingem suas metas cardiovasculares. 1- Inércia terapêutica; 2- Sustentabilidade: Tratamento não efetivo. 3- Adesão; 4- Riscos dos tratamentos; 5- Ganho de peso; 6- Risco Cardiovascular; 7- Hipoglicemia; • Não farmacológico: Incluem modificações no estilo de vida [MEV]. ® Dieta: Individualizada. Escolher alimentos com conhecido benefício para a saúde e desencorajar o consumo de alimentos prejudiciais. Algumas dietas ajudam a reduzir a glicemia (Dieta do mediterrâneo). ® Atividade física: Supervisionada é mais efetiva; reduz os fatores de risco para doenças aterosclerótica, redução de peso e aumento de massa óssea. ® Cessação do tabagismo. • Farmacológico: Medicamentos para tratar os mecanismos fisiopatológicos. ® Perfil das medicações Anti-hiperglicêmicas: ® Algoritmo de apoio à decisão para o tratamento da hiperglicemia em paciente adulto não grávida com diabetes mellitus tipo 2: 1- Primeiro analisa se o paciente com DM2 há ou não doença cardiovascular ou complicação renal; 2- Avalia HB glicada: - Entre 6,5 – 7,5 = monoterapia (metformina). - Entre 7,5 – 9 ou > 9 sem sintomatologia= dupla terapia. - >9 com sintomatologia = insulina. ® Paciente que tem doença cardiovascular aterosclerótica: - Independente da Hb glicada, utiliza-se dupla terapia. ® Escolha da medicação: Importante. Complicações Nos pacientes com diabetes mellitus, anos de hiperglicemia descompensada causam várias complicações vasculares primárias que comprometem pequenos e/ou grandes vasos, ou microvasculares e macrovasculares, respectivamente. • A doença microvascular é subjacente às 3 manifestações mais comuns e devastadoras do diabetes mellitus: 1- Retinopatia: principal causa de cegueira em adultos nos países desenvolvidos; 2,5 milhões de pessoas no mundo. 2- Nefropatia: Principal causa de insuficiência renal nos países desenvolvidos; 10-20% dos diabéticos morrem de insuficiência renal. Imagem 08 Presença de doença aterosclerótica cardiovascular ou doença renal crônica Sem doença aterosclerótica cardiovascular ou doença renal crônica estabelecida Predomínio de qual doença? -Se o predomínio for de doença cardíaca ou renal crônica -> preferência ao inibidor de SGLP2. - Se o predomínio for de doença aterosclerótica cardiovascular -> inibidor de SGLP2 ou agonista de GLP1. -Priorizar a perda de peso ou minimizar o ganho de peso -> inibidor de SGLP2 ou agonista de GLP1. - Minimizar Hipoglicemia -> evitar insulina e sulfonilureias. - Analisar custos. 3- Neuropatia e doença vascular periférica: Pode levar à úlcera nos pés, infecções e amputações; • Doença macrovascular envolve a aterosclerose dos grandes vasos, que pode levar a: 1- Doença cerebrovascular: AVCs são 2x mais comuns em diabéticos hipertensos do que em pacientes apenas hipertensos. 2- Doenca cardiovascular: Pacientes com DM2 têm chance 2-4x maior de IAM do que não diabéticos, ® 80% dos pacientes com DM2 morrem de doença cerebral ou cardiovascular. Referências: - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM): https://www.endocrino.org.br/o-que-e-diabetes/ - Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt- br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes-diabetes-mellitus-1 -Artigo: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7245758/ - Endocrinologia Clinica - Vilar 6º edição. - Transcrição da aula de Dr. Fábio Trujilho.
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