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FAUSTO_Boris _A_Regencia

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4
A REGÊNCIA
1831-1840
o período posterior à abdicação de Dom Pedro I é chamado de Regência
porque nele o país foi regido por figuras políticas em nome do imperador até
a maioridade antecipada deste, em 1840. A princípio os regentes eram três,
passando a ser apenas um, a partir de 1834.
7-~ifici,a~~~gé~2i~1fQi 'J1!llZdQs.~ji;;'~git;jl6_sSlàhi~t«~~~lhiJ~td~lJ.:als
Jrni~:~~~~~ifu~~~~6~~~;'7;~~q;~i~~~;~~Jl~l~te~~ek,j6iJ1~i[~â:e
tóriat' do.Brasil, éL osentro do debate pdlítiGO fOI dominadó' pelos temas~._~,:::::~;"~~:st!·-""-=:~'-;-~.:~::.«.~,_~. ,- - ': ~:;:"'''''~_~;'~,~:.,."",./:;~ - .>-:,\~'-~r/::,-::<- ,..: <~. ::~-:J,..':~,"_'V~_, i;·'~:'<;:·t'V~~,
.,:;~!lJ[~~~3'-f~~,óu=-d~~S~!}!~~lj.z~s:J~".2.9ME9~~r.,-'~~~gr~}1{e,alJt9nQmia das
npró~incüí,s.;~ da;.org\ãnização ,d'as....ForçiÍs m~Úlas.
~~-".~~x~~~~~~"'~s:=~:-~_~.:-~~\-~;>",r-~~f~~"'- ~4;~~,", .,_~.~~.>-~~~'~ç:'::~-'>~~-~.--.;~~,~v~v!'-;-·--~.~~,:~'::-"_~"""-~
\\i.1~s/Íiefonrias,1rea:lizfdàs ,p;e1o.s jc • o,, s :rãcYúnYllou1,~?H,{mJ!j"lo_Çias.'aifiGul-
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:(ª,~2!~J(Etse~~sl(9~tar(yj1J~.p)l~t(ç}t,l~~~,~g2jJfll,~j!i~éf9§(ll.1éÍf~~&tº,~hs~l~~~ismo)
NaSQ'6ndj~'õ~s,'í~Lªstjeil;ít~,di,~J10c~;:ITlliitatmec}tâa'$(q,e~tlpaq!~s'i!i dqr aLguma
'-~>~".- .:,_,,,,,",,__ -'-!;. _,'," , /,,- , .•_. __'~~,-~' <_ . "")'~" ~,,,,,-,, ~.~~-,;;,-:.#~,,,*~~~/~""'~_'"?"" .Ó>- ,:--:'0' ;'i~."'~-"'O;:~;,:~:">;".:, ,; . ...,.~"<~.<- ;~"~:\
•...!l~~i~M~:~~"~.{~S?;s;,f~l~rI1a(tGí;l~tice•.~(a""'gªr.~nt.t~)a,~.J~~rdª'ªee,s~)I,1clj~}duá}s(acá-
•bár~~!r(E~sultal~d9(~Il1,ylole,pJ:.os\f!10:q\J.eLentrefas .elit~si e no predGmYnioo'.do
n{é<f):~~s§):\~.lgroip9..s.j{)~~VS.__ . .". .. ..'.". ".~_' .. ... ."
o~Nê~~U~ft~)~,~~~í§i~](1~j)~l~(r6tiqsi~~éníg~~~ii~i~~f:t2l'p~ir'ã
'p:~~.~Ii9t:~.111@J-JezAl-llo.g- e~:cIj~eLqm("s6~pj)i YQlt<l, deel~?5o;a~M:~Ju~~~üa
'oéil~i:ali.zada:se €.onsolidoll,Squafl.[Q_a~~.últirhaS.rebeliÕesprovinciais ce~saram.
/62 HlST6R/A DO BRASIL
Um ponto importante a ser ressaltado para a compreensão das difi-
culdades desse período é o de que, -:'"rli ,;s cla~s<fse.os(gru os domínan es
- -. ' ..~ ~ ......,-r -~_"'".~-...~-
GÍÍã§t.h~Yia~onsenso sobre -lqüako a6--ª-l!i~),Ei tioiÓ a1~s_ nv.~~i~I).tepara
'" ,§~\!l,Sinteresses. Mais ainda, não havia clareza sobre o papel do Estado como
organizador dos interesses gerais dominantes, tendo para isso de sacrificar
em certas circunstâncias interesses específicos de um determinado setor social.
, ~~ '/, ' y ,1~' '~Z~ ~;:r-;;~d b" f';!\'/'-dXl'''b'' - \ -,.' , It" ;.en Ia P-º.,l tl a., e ç.s;~ a jl'P..g?~o....,\(-" ~ 1 0.J._lLJ ,o.Sit .eFalis.J:!)u,-
~~~~;i.~~r~;'~,otga~~~i~~j&j&C2~~~~~~/t Ji~~:,'?~.;~~:S~~~~d~
(~ f~~~~il~.~~~~rd~??~j~Q~~~n~ ~~~~~~lfí~I~S ~~~a<l~ª)
I r ,~~Çll:~5!9~p<?,~~tlc!QSd,~,1y.lll!âS~§~O:,I?ª,EII6t~~_d6'.El'e Iape r9' IBª.X~~~:n?:m
~. , . 'f,' . d d / ·-~lr.·,{( /d 'éI/.~ -=./ K~~\KÁ'j,I' ,~~-!-p'(~~eQ.ç,~;slg2:1i~~,~:t~':'.~,_~aes~_~uÍ'ls_grlldua'rio.s).po 'Uoimwll,,i~~l!llt.OSJ
reiám ~mpri~tári.6s.d{Í:ara;(e_ck'ê C] ,Y,9s Foram nomes de destaque entre os
liberais moderados: Bernardo Pereira dé Vasconcelos, magistrado mineiro
educado em Coimbra; o Padre Diogo Feijó, nascido em São Paulo e futuro
regente; e Evaristo da Veiga, responsável pela edição no Rio de Janeiro da
Aurora Fluminense, o mais importante jornal liberal de seu tempo.
~p6~ifã <:Cfi'~~m(dt(~ lá"cÍi, i.ostexáit d"'ç. /é" cÍ~rPi{r~;-os: a@ô-
."-~ 9"--,,,,", "'-..--" -t.:::',..- ...."-.-- ""-- -../ _.- .--~~------ .•.
',stâS)Os exaltados defendiam a federação, ou seja, a efetiva autonomia das
~'-'-""'-'
províncias, e as liberdades individuais; alguns, como Cipriano Barata e Borges
da Fonseca, eram adeptos da República. Os absolutistas chamados de "cara-
murus", muitos deles portugueses, com postos na burocracia, no Exército e
no aJt9,ÇqJ]}~Lcio,Jutavam pela volta ao trono de Dom Pedro L (jf7s'{":'MsJ€S-
~ke_~i~',~llm ,i :ft~[~i .n{;R~dio[inQ[~et(enÜ?br:li '~\e_lJlB~.
Não faltavam apelidos depreciativos para os portugueses, variando ape-
nas de acordo com a época e a região: "marinheiros", "pés-de-chumbo",
"marotos", "caramurus". Em represália, eles chamavam os brasileiros de
"cabras" .
4.1. AS REFORMAS INSTITUCIONAIS
igor o Códig<Lde P ocesso Criminal, que fixou
normas para a ajJ.licação do CódigoCriminakde-l êôü. O Códizo- e Processo
..:- ~-
déi.Vmaiores podere ao juízes de paz, eleitos nas localidades já no reinado
de Dom Pedro 1, mas que agora podiam, por exemplo, prender e julgar pessoas
acusadas de cometer pequenas infrações. Ao mesmo tempo, seguindo o mode-
lo americano e inglês, o Código de Processo (1J.1S-·~(iX.2~Júii, para julgar a
grande maioria dos crimes(; ~ hq!:~as(cQ!ius,a ser conced.ido a pessoas Jresas
ilegalmente, ou cujaIiberdade fosse ameaçada.~~~-:::a'a
u~st~~'t._e~sravA.tura e 00 pocj(~~cal',. veremos é...omo~~ssásAll.i_didás.~em
l2.rJlíQi.0 'ésttiv~~, .acaQ.!n0.ta vezes por resultar ná,impu·nidade de
/tfà'ficántes e assassinos.
~/ /' :.. -";.-:--. \ -,
Uma lei de agosto decê}, ''4í) chamada det.t\.j:o~A:.dLcj/on·a,v,porquefez adi-
ç~_ese alterações na Constituição de 1824"d t\;!:!1(irt0~'tu~0(~9çlér M6déi:a'dor
não fPod,e~'ia'ser exercido durante a Regência, Suprimiu tamb~ér1].º' Conselho
d~--'Estado. Os -presidentes {de ~rQ'Víncia conti.ri~Hl'l·ama .serrdesignedos pelo
((o~el'nó ~~ntral, mas criaram-se AssembléiasPuoyinciais Ci:..Qm maiores po-
d~res,;em substituição aos antigos 80nselhoi' Gé~a:is.
Além disso, dis é§1e' sobr~ a repartição de rendas entre 0' governo
(,cWtra1, as províncias eros muhieípios. Atribuiu-se às Assembléias Provinciais
competência para fixar as despesas municipais e das províncias e para lançar
os impostos necessários ao atendimento dessas despesas, contanto que não
prejudicassem as rendas a serem arrecadadas pelo governo central. Es'sa-fç?T,
m).lla.v~g~de...rep·artlção de impostos permitiu, às Plovinciaê.. a0btknç'ão de
ré~'tl(s$s-j; op:fio .! a CL1st~.cIoenfrá'q\lecimerÚo po g6verno €entral(:~
il i '6, s I a's .~ Irt r~~ éla /à 1Xs;e ~~ci ±~,(..~.~0!Je.aJ;
(~êI t;rlF]./~ 'Rl'CD, ~"/d 'Ii .' c x.t. ; "I'~~~~9~QSl":(') ~HU, 1O~ '.' e ~e ~1~LO{i:.C9~~ª"V-~~?-~a0s--ubs-f).QJJ,-
\h ~ii.~gibJ)Yai f) H a~~~~s' gnIJ)é:ativ.a,~tánt !par o te(JLQ1Q!3-(,eJ:iLtr.ocll~de
fa Vi o.r~;.co~0" pil(a \P...~J'segtUr.inimigos.
Quando começou o período regencial, o Exército era uma instituição mal
organizada, vista pelo governo com muita suspeita. Mesmo após a abdicação
de Dom Pedro, o número de oficiais portugueses continuou a ser significativo.
A maior preocupação vinha, porém, da base do Exército, formada por gente
mal p~aua,insatisfeita e propensa a aliar-se ao povo nas rebeliões urbanas.
. -- , '(~~~ :---..:. ~-:---..... . ';/'~
'a di . O]J:.Q . 8.3JCe.rLdQ!;LG~ da Na:CJJ] a l~ 1 f S1\til ~.@...a:s
=>-''<.....•.••.•.•- ..í.ci<tS{ Ela era cópia de uma lei francesa do mesmo ano. A idéia
y
163
164 HISTÓRIA DO BRASIL
4.2. AS REVOLTAS PROVINCIAIS
4.2.1. As REVOLTAS NO NORTE E NO NORDESTE
~o~~féi~( ~8~6v~lt~iÓ~1t~~~(ãr20s é~b~~m· Pernárn-
oQc"ç),·r Jr:e i83BÚ813~,Jú~m movimento es~~IiciªLmen!i_ rural <quesedife-
/65
- ._0 ~~ -,/ ,.,-- ~ ::>-< __ ~;;-- __rIóJa~nl(ias ...an zicres insurrei õe . e ambucanas pQr ~t
Os cabano reuniam pequeno proprietário ,trabalhadore do campo, índios,
escravos e, no início alguns senhores de engenho. Sob alguns aspectos,
constituíram uma antecipação do que seria a revolta sertaneja de Canudos, no
início da República. Lutaram em nome da religião, pelo retorno do imperador
contra os chamados "carbonários jacobinos", em uma referência feita por seus
líderes aos revolucionários franceses e às sociedades secretas liberais euro-
péias do século XIX. Dessa-0rma",," . o re _,' " Jà,.ç3.', ra(;~
"1?ss~ '.a;:qp;t~a:m .~ ~. Ç]kIeJl''':- J,J,'I:}.~:iaJ(~61h..dj' .. Qte"s,
="-=~~.tí~. Os cabanos contaram com o apoio de comerciantes portugueses
do Recife e de políticos restauracionistas na capitaldo Império.
Depois de uma guerra de guerrilhas, os rebeldes foram afinal derrotados,
ironicamente, por Manuel Carvalho Pais de Andrade, a mesma pessoa que
proclamara em 1824 a Confederação do Equador e era agora presidente da
166 HISTÓRIA DO BRASIL
habitantes. Por aí escoava a modesta produção de tabaco, cacau, borracha e
arroz. Uma contenda entre grupos da elite local, sobre a nomeação do pre-
sidente da província, abriu caminho para a rebelião popular. Foi proclamada a
independência do Pará. Uma tropa cuja base se compunha de negros, mestiços
e índios atacou Belém e conquistou a cidade, após vários dias de dura luta. A
partir daí, a revolta se estendeu ao interior da província.
Em meio à luta, destacou-se na liderança dos rebeldes Eduardo Angelim,
um cearense de apenas 21 anos que migrara para o Pará após uma grande seca
ocorrida no Ceará, em 1827. Angelim tentou organizar um governo, colocando
como seu secretário um padre, uma das poucas pessoas capazes de escrever
fluentemente.
Os cabanos não chegaram a oferecer uma organização alternativa ao
Pará, concentrando-se no ataque aos estrangeiros, aos maçons, e na defesa da
religião católica, dos brasileiros, de Dom Pedro Il, do Pará e da liberdade. É
curioso observar que, embora entre os cabanos existissem muitos escravos, a
escravidão não foi abolida. Uma insurreição de escravos foi mesmo reprimida
por Angelim. Como se vê, aparecem na Cabanagem paraense alguns traços já
encontrados na Guerra dos Cabanos de Pernambuco, embora entre os dois
movimentos tenha havido apenas uma relação de nome.
A rebelião foi vencida pelas tropas legalistas, depois do bloqueio da
entrada do Rio Amazonas e uma série de longos e cruéis confrontos. Belém
acabou sendo praticamente destruída e a economia, devastada. Calcula-se que
30 mil pessoas morreram, entre rebeldes e legalistas, ou seja, cerca de 20%
da população estimada da província.
A Sabinada deriva a designação de seu principal líder, Sabino Barroso,
jornalista e professor da Escola de Medicina de Salvador. A Bahia vinha sendo
cenário de várias revoltas urbanas desde a Independência, entre as quais
rebeliões de escravos ou com sua participação. A Sabinada reuniu uma base
ampla de apoio, incluindo pessoas da classe média e do comércio de Salvador,
em torno de idéias federalistas e republicanas. O movimento buscou um
compromisso com relação aos escravos, dividindo-os entre nacionais - nas-
cidos no Brasil - e estrangeiros - nascidos na África. Seriam libertad~s os
cativos nacionais que houvessem pegado em armas pela revolução; os demais
continuariam escravizados.
/67
Os "sabino ,- não co eguiram penetrar no Recõncavo, onde o senhores
de engenho apoiaram o governo. Apó o cerco de Salvador por terra e mar, as
forças gov ernam ntais r uperaram a cidade através de uma luta corpo a corpo
que resultou em cerca de 1 800 mortos.
A Balaiada maranhense começou a partir de uma série de disputas entre
grupos da elite local. As rivalidades acabaram resultando em uma revolta
popular. Ela se concentrou no sul do Maranhão, junto à fronteira do Piauí,
uma área de pequenos produtores de algodão e criadores de gado. À frente do
movimento estavam o cafuzo Raimundo Gomes, envolvido na política local,
e Francisco dos Anjos Ferreira, de cujo ofício - fazer e vender balaios -
derivou o nome da revolta. Ferreira aderiu à rebelião para vingar a honra de
uma filha, violentada, por um capitão de polícia. Paralelamente; surgiu um
líder negro conhecido como Cosme - sem sobrenome pelo menos nos relatos
históricos - à frente de 3 mil escravos fugidos.
Os balaios chegaram a ocupar Caxias, segunda cidade da província. De
suas raras proclamações por escrito constam vivas à religião católica, à Cons-
tituição, a Dom Pedro Il, à "santa causa da liberdade". Temas de natureza
social ou econômica não são evocados, mas é difícil imaginar que Cosme e
seus homens não estivessem lutando por sua causa pessoal de liberdade, fosse
ela santa ou não.
As várias tendências existentes entre os balaios resultaram em desen-
tendimentos. Por sua vez, a ação das tropas do governo central foi rápida e
eficaz. Os rebeldes foram derrotados em meados de 1840. Seguiu-se a con-
cessão de uma anistia, condicionada à reescravização dos negros rebeldes.
Cosme foi enforcado em 1842. No comando das tropas imperiais estava um
oficial com presença constante nos confrontos políticos e nas batalhas do
Segundo Reinado: Luís Alves de Lima e Silva, que na ocasião recebeu o título
de Barão de Caxias.
4.2.2. A GUERRA DOS FARRAPOS
A milhares de quilômetros do Norte e do Nordeste, eclodiu em 1835, no
Rio Grande do Sul, a Guerra dos Farrapos, ou Farroupilhas. "Farrapos" e
"farroupilhas" são expressões sinônimas, que significam "maltrapilhos", "gen-
168 HISTÓRIA DO BRAS'L
te vestida com farrapos". Elas parecem ter-se referido inicialmente aos trajes
usados por Cipriano Barata nas ruas de Lisboa, com o acréscimo de um chapéu
de palha. Assim, ele se distinguia dos portugueses como se fosse um matuto
brasileiro. Os adversários dos farrapos gaúchos deram a eles esse apelido para
depreciá-los. Mas a verdade é que .lia tr a I'S t:...3 rOlll2H a, s
c1ú~~@fin,/.;- d··'S'-, ')IS i'.prse,tay,m 'd'e' o ~s;!!!iGi·ci'"Q:s,
cr·ad9r;~~~:.-9~/n1'·~.:"?'_X_v __0--' __><:?-.._~y-,. ;,
~_~;g'~~~~é~~~~L~-;~cà,;g~~~e:~~~~;~~~~;~~~":~'~'
•.é1e.!,de o~iteIBPSlJj.ªiCQ!9!J~3·~.J.. m'1RQ§I!:.ç~'?_grjl.gtaflc-,a::j,ol®3.Ç~~~Q.Q9.m$a
~~;I~~lQi~fu:fui'S!,~ g~ª~~~(tinQ§-~ili~~á~-oé1~ções c,~dío~~~<&:j~gná,
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c~LIiOS{-,! 8,ue(eram -tarríbém criadores de gadq;; nYªntIIf\}.amex.J.en~,.~~
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A~""-::'~~>;;>~'-:C:~;-;"'~"""-:-- -+_...... ~/ ~'- ~ --~. - __ "r--~. ""'"-'
m,uItáS-fáinílias .
...., ..•..~-';:=:;.o,.-~~ - _. ...••.~- .- - -.-~ - -.
'o'~~óía(®,(a é~o' om!iid:r9igtaE..cl~nse~cf~p:§.. t~ ~f vi~ta(aa(i~sti-
,rt~ ~L~~ij~;pdqt(~S;..~~t&.v~~tradi_é}4nar&'e:Pt~Jia~~~er(~dQ~inle}~0
,~:~i;§1i2>.A 'criação de mulas teve importante papel no transporte de mer-
cadorias no Centro-Sul do país, antes da construção das ferrovias. No período
de renascimento agrícola das últimas décadas do século XVIII, colonos vindos
dos Açores plantaram trigo no Sul, consumido nas outras regiões do Brasil.
Quando foi proclamada a Independência, em 1822, esse período de expansão
do trigo já se encerrara, devido às pragas e à concorrência americana, mas os
vínculos com o resto do país permaneceram.
A criação de gado se generalizou, na região, assim como a transformação
da carne bovina em charque (carne-seca). O charque era um produto vital,
destinado ao consumo da população pobre e dos escravos do Sul e do Centro-
Su.l do Brasil.1F-~C;;~";fê~i;'à~'Õ,~é',~hà?q":uiadóre.s ftrmav;rri?êl~iS.(g· [Opos~ú!.I_~::.7~ ~ .....<; .. <.....-/..... t..~. ~ . •••.. ~' .••.• ,.. '".~' .••.- .~\ ;&:P}t:~~9S:Os criadores esta~am estabelecidos ~a-~egião da Campanha, situada
na fronteira com o Uruguai. Os charqueadores tinham suas indústrias ins-
taladas no litoral, nas áreas das lagoas, onde se concentravam cidades como
Rio Grande e Pelotas. Criadores e charqueadores se utilizavam de mão-de-
obra escrava, além de trabalhadores dependentes deles.
~f~'-:;-::--~---~"'" ~-~~ .... '-:'~-" ..•- ~ - --""----- - .7-. - ~"'" - -.•.
{í\;~~q1!,ffixfS'dQ~ioCGl(~detdo ~~rcontra ogoyerno" ce~al vinhalTl;,~e
." ., _,_ ~ -~~._'~ ~ ':::-:..-_ J,.. ,,4- '>~-"7:':- _ ~••-. y ...~" _.;...,~-
'longe. p~~gaúcho~ ilchatam gl~e,(-ªpésali.da(co~trib,úiçãb da pr<;Ü;.Ím:iª_12araa
e,~~a f,;asileira,- ela e;~ -eiPlorada por ,um sistema dê pes.a.9.os im12os1àS."-- ~ . .. r" _'" '__'c..-. --.;---
A REGÊNCIA
-~ ':- .•...... -- - -. . -,- - - ~ - .- ~- ", -' -~
r ivvndÍQáç7'esd.f'-al,ltol\oriiia"~ mesmç.dçseparação, eram antigas e êi -
r~ ~, <. - - _~~~'+->...~~~-~ ~'-<~-. \;;';:\..... . --' :-
\i®' a~(x({z~~;t{tn~opf9n-'c()tTI)et"~àtiotes<co:mg~potliberais.-~----- .,•..- ~.-- ~., -.,-.-- '.- ~ - -, "" ~ - ..%):~g~~C@J~\b~tó AtdiéiÓ ,áLn[.Q~iifuarída,Qtm(s~uéixas. As proín ias
que não podiam arcar com todas as suas despesas recebiam recursos do go-
verno central provenientes em parte de outras províncias. Isso acontecia antes
do Ato Adicional e continuou a acontecer depois dele. ~r~(q\ái0t{"ctQ.-S~l
~~d~6é~l~ii.~l'!~~~;,tfu!@§(p~~(~did~~~~<G~~~~~~(ún~;yde
,pjifZ~tg·~s. . . __
::~~r-etãílt<~, ar~v_~lt~não'!!,~itQd~!WB..irI~dãit~9~,1]lorglú.~~i:2Ela
{~~~~~~ ,/~é~tat1cii;t~2~:'gA!~~P1:i~ª((~1 g~~a,~flg~~<ls.~~~/:lafss.e.!fié~.~a"
éfij)?8~~,(ê±1.ena~0 apoio ....púnClipalnítinte~!iessJ~s~et~re~soéiars. (Osl_çbur-
®§~§!~iu(~~p:ingi~."!!.~~~}3.io d,~~a.ne.irb>:maior c_en,t;~é~n~u~f~Ol;':~bra-
sr~~~r~â(~9a;~cí~~:~ d..e C2~(Q~.::fj:ca~a-ci~odlld<1--do,gºv.ern€ic~ntr.al:_.
A :·~ª,.L.cf~~í~as~,gerais jã.apontadas, os:s:s{anéj~itc)s; finhám .rá~ões
,prQ;grif.J:~~geie.s(Qj1t,'úl 'lÍ1~1Ú.0.Eles pretendiam ~ c' ll.}lU~ ç;JíqJI~go
~~lt{''wItiib.€.@; e'illiffila, estabelecendo a livre circulação dos
rebanhos que possuíam nos dois países. Além disso, como já estavam orga-
nizados militarmente com seus pequenos exércitos particulares, baseados em
uma chefia indiscutível, <, 'S)~úJi~~~â~'~i'idlie4)~J11g-~â-,ã(§'i~aJ'dlà
.~g(1'jl,~l.oJtâl a.9_m~ai&os~t4ioi.1:.~ó'ffÇfàis::,
Os farrapos contaram com o concurso de alguns oficiais do Exército,
chegados recentemente ao Rio Grande do Sul, entre eles João Manuel de Lima
e Silva, irmão de um dos primeiros regentes e tio de Caxias. Nas fileiras dos
revoltosos, destacaram-se pelo menos duas dezenas de revolucionários italia-
nos refugiados no Brasil, sendo o mais célebre deles Giuseppe Garibaldi. A
figura mais importante do movimento foi Bento Gonçalves, filho de um rico
estancieiro, com larga experiência militar nas guerras da região. Ele organizou
lojas maçônicas na fronteira e usou o serviço postal dos maçons como alterna-
tiva para sua correspondência secreta. Estendeu, assim, à fronteira as socie-
dades maçônicas que proliferavam em todo o Rio Grande.
A luta foi longa e baseada na ação da cavalaria. Garibaldi e Davi Cana-
barro levaram a guerra para o norte da província, assumindo por uns tempos o
controle de Santa Catarina. Na região gaúcha dominada pelos rebeldes, foi
proclamada na cidade de Piratini, em 1838, a República de Piratini cuja
presidência coube a Bento Gonçalves. A República não existiu apenas no
170 HIST6RIA DO BRASIL
papel, mas teve uma existência real, incluindo o estímulo à criação de gado e
à exportação de charque e de couros.
K~ç~(~~;:v~[~evtratf~f ertre~ne~~a 1de com,bat,~ e ~or1ce~sões
aOS !el~~~'.9s.farrap()s~não eram_gént~ esfarrapada, e a região onde'[utavam
rtirih~:p5'ár~o I~p~ri~rgiã~ '~P?6il~iiaés6~'({ i'2.a.Por exemplo, em prin-
cípios de 1840, o governo central cedeu a uma das principais exigências
econômicas dos farrapos, decretando uma taxa de importação de 25% sobre a
carne salgada vinda do Prata e que concorria com a nacional.
Um passo importante para pôr fim ao conflito ocorreu quando, em 1842,
Caxias foi nomeado presidente e comandante de armas da província. Ele
combinou habilmente uma política de ataque militar e medidas de apazi-
guamento. _ _ _ .
~yr y .~--.--' - 77<Ar a!, em 1845:; a ó{ác'('d' ,[ê'~a a, . m v'o 10 chefes: J1eIékS),
axias e Cànâ ã $(;~a' re dç -() .nc diéi .-::.
Foi concedida anistia geral aos revoltosos, os oficiais farroupilhas integraram-
se de acordo com suas patentes ao Exército brasileiro e o governo imperial
assumiu as dívidas da República de Piratini.
Há controvérsia entre os historiadores sobre se os farrapos desejavam
ou não separar-se do Brasil, formando um novo aís com o Uruguai e as pro-
víncias do Prata. Seja como for,( n 0_.0) ~ÁÚ~éiL~à~
1ãz~d<fRlÍóerr~<oclédd~lii êlo1ú~;;fuá p~óvUlciá autôno~~-,-60ní-refídàs
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iIfti'~'§A:rt~i:,afã ÕG(fpat~~~'de 4ma(~y:olllÇão \~.ointemor de s,uastfro~t iya's,.
~- (ái~Ia~4.r!l:ta-Te:.§e.9~iíií~~t~!ensõ.elbt'~srleiras«1~?~íi~n tel:J.ojte
in!ly~ncia}~?;lJr,ug!:lfli l_<j~Jem,Qief(a~~g~e,uQ1_mesmo poder - a'.~geTl~io.a'-
ç:óntrolasse as duas marg(ns p~E.?~~àJa. Estes temores cresciam na medida
em que, naquele país, à frente de Buenos Aires e outras províncias, Juan
Manuel de Rosas promovia uma tentativa de consolidação do poder.
Uma coalizão anti-rosista se formou entre o Brasil, a facção dos "colora-
dos", tradicionais aliados do Brasil no Uruguai, e as províncias argentinas de
Corrientes e Entre Ríos, rebeladas contra Rosas. A presença brasileira foi
dominante, na guerra iniciada em 1851, quando o Imperador Pedro II já
A REGÊNCIA 17/
assumira o trono. Cerca de 24 mil soldados brasileiros, recrutados principal-
mente no Rio Grande do Sul, participaram do conflito. Garantido o controle
do Uruguai pelos "colorados", as tropas rosistas foram derrotadas em território
argentino (Monte Caseros, fevereiro de 1852).
4.3. A POLÍTICA NO PERÍODO REGENCIAL
§q~i~0~sl~,~(6eijgitravam ~~I(a~0:s·~~n61à(~f~~ái. b{i~
C~~ hté ~á~.,.-:.se(Mfil!íl1dc:):~pamcia'in,em gel'~e (os (ª9fs.'~~_a6,(ifis_,paii·<J9s
'únpei<~is ~o,CoilseJva{tof-e,o Libesal. Os conservadores reuniam magistrados,
burocratas, uma parte dos proprietários rurais, especialmente do Rio de Ja-
neiro, Bahia e Pernambuco, e os grandes comerciantes, entre os quais muitos
portugueses. Os liberais agrupavam a pequena classe média urbana, alguns
padres e proprietários rurais de áreas menos tradicionais, sobretudo de São
Paulo, Minas e Rio Grande do Sul.
~T~~t<,i-C.@,~éZ~i'rld ·;oãb"~~"1s1{b]i';'rmNas eleições para a~~ ~!.~--"-- -.......---I-~
regência única, realizadas em abril de 1835, o Padre Feijó derrotou seu prin-
cipal competidor, Holanda Cavalcanti, proprietário rural de Pernambuco. O
corpo eleitoral era extremamente reduzido, somando cerca de 6 mil eleitores.
Feijó recebeu 2826 votos, e Cavalcanti, 2251. Pouco mais de dois anos
depois, em setembro de 1837, Feijó renunciou. Ele sofrera pressões do Con-
gresso, sendo acusado de não empregar suficiente energia na repressão aos
farrapos, entre cujos chefes estava um de seus primos. Nas eleições que se
seguiram, triunfou Pedro de Araújo Lima, futuro Marquês de Olinda, antigo
presidente da Câmara e senhor de engenho em Pernambuco.
~ iróh~rdê(P{rá~jo Lim~\.ril'ibóli~"u 0,'in~bi9 do Cr~gress~" .. A pata~raA---: "'"---"~"'" - -.- ~ .-' '---....---<- ~ .>! __~ "•. _ ;"--....r. _/
i.n.>~icaa ltu.l!Ç~Ó ?.e: .cQrr~nte .conservadora desejosa de. "r~gre'~s~e' à cen-
tralização política e ao' reforço da autoridade. (Uma das primeiras 'leis, nesse
- - " ,-" < I.. -Ó>. -' . ".' ,_. ,_ " ~,
sentido consistiu em urna "interpretação" .do AtoAdioional (Q1ai9 de 1840),
:q:"e r~ti~à~; .9~-si~l!;.sJaS:_~~f-i~S~d(?_suas atªbui~ges,-especialmente no que
ld121f ;reiiPeno~~lnome;(çãd~t{fu tki oháÍ:io.s,p úblieo s., _/~_..~_:>. __.Y----~ --<..._ -- -~ '- '" '""...... :>-

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