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Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) INTRODUÇÃO A HAS é uma das doenças mais frequentes no mundo, com prevalência estimada em cerca de 30% da população. Esse valor aumenta com o avançar da idade, até atingir cerca de 75% dos pacientes acima de 70 anos. É a causa mais comum de uso de medicamentos de forma crônica e, ainda assim, mais da metade de seus portadores não mantém um bom controle pressórico. A HAS está relacionada com um aumento progressivo do risco cardiovascular, proporcional aos valores pressóricos, sendo o principal fator de risco para doenças cardiovasculares e estas as principais causas de mortalidade na população hipertensa. Como forma de diagnóstico precoce e redução de morbimortalidade, o Ministério da Saúde (MS) preconiza que todo adulto com 18 ou mais anos de idade tenha sua PA aferida pelo menos uma vez a cada dois anos, ao comparecer a Unidades Básicas de Saúde para consulta médica ou por outros motivos. As sociedades norte-americanas e europeias, por outro lado, recomendam que essa frequência seja no mínimo anual. FISIOPATOLOGIA Há uma série de fatores por trás da gênese da HAS, desde genéticos a ambientais, que culminam em aumento do nível de catecolaminas circulantes, aumento do volume intravascular, ativação do Sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e aumento da resistência vascular periférica. São fatores de risco para seu surgimento: • Excesso de peso; • Sedentarismo; • Idade avançada; • Raça negra; • Consumo excessivo de sal e de álcool; • Estresse. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A hipertensão arterial costuma ser assintomática e seu diagnóstico é estabelecido através de medidas rotineiras da pressão arterial. Frequentemente, pacientes que nunca tiveram diagnóstico de hipertensão arterial estabelecem o diagnóstico após uma urgência ou emergência hipertensiva. COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES: Aumento do risco cardiovascular, doença arterial coronariana (DAC), infarto agudo do miocárdio (IAM), miocardiopatia hipertensiva, arritmias, insuficiência cardíaca, doença vascular periférica. COMPLICAÇÕES CEREBROVASCULARES: Acidente vascular encefálico (AVE), demência vascular, redução da capacidade cognitiva. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex COMPLICAÇÕES RENAIS: Doença renal crônica. COMPLICAÇÕES OFTÁLMICAS: Retinopatia hipertensiva. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de HAS é essencialmente clínico, feito pela medida seriada da pressão arterial em ao menos duas ocasiões (pela Diretriz Brasileira; o MS, entretanto, recomenda três aferições), obtendo valores médios acima ou igual a 140 x 90 mmHg. Habitualmente essa medida é realizada em consulta médica, mas há outras técnicas de aferição que podem ser empregadas, sobretudo na suspeita de HAS mascarada ou Hipertensão do Jaleco Branco. Deve-se ficar atento à alteração dos valores de referência para estes métodos, nos quais considera-se HAS valores médios diurnos acima de 130 x 80 mmHg ou em 24h acima de 125x75 mmHg. MONITORIZAÇÃO AMBULATORIAL DA PRESSÃO ARTERIAL (MAPA) O paciente fica com um medidor automático da pressão arterial em seu braço durante 24h, sendo realizadas medidas a cada 20 min, durante a vigília e o sono. Método mais fidedigno, mas de difícil acesso. MEDIDA RESIDENCIAL DA PRESSÃO ARTERIAL (MRPA) O paciente realiza as próprias medidas da pressão arterial em seu domicílio, com aparelho automático validado. Devem ser feitas duas a três medidas pela manhã e novamente à noite, por uma semana. 3) Automedição da Pressão Arterial (Ampa) realizada pelo próprio paciente, por familiares ou pessoas treinadas (ex: na farmácia), com aparelhos automáticos. É diferenciado da MRPA por não ter os horários sistematizados, podendo ser realizada em dias e horários alternados. É o método mais fácil e serve também para controle após início do tratamento. CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL Fonte 1: Jaleko acadêmicos. HIPERTENSÃO MASCARADA Hipertensão mascarada (HM) é aquela em que a PA é normal no consultório (<140/90 mmHg) e anormal na avaliação pelas medidas domiciliares ou pela MAPA no período da vigília (PA ≥135/85 mmHg). Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex HIPERTENSÃO DO JALECO BRANCO Na hipertensão do jaleco branco o paciente apresenta aumentos dos valores pressóricos em consultas médicas, com medidas fora do consultório normais. Pressupõe-se que esse aumento se dá pela ansiedade e estresse com a consulta. Há controvérsia quanto ao aumento do risco cardiovascular e necessidade de tratamento nestes pacientes. Fala-se também puramente em um efeito do jaleco branco em pacientes que possuem deveras HAS, mas que tem sua medida aumentada no consultório e menos alterada ambulatorialmente. A atenção a esse efeito é importante na avaliação da resposta terapêutica em casos selecionados. QUESTÕES 1- Considerando os critérios usados para a classificação da pressão arterial (PA), um paciente adulto com PA de 165 x 100 mmHg apresenta: A) pressão limítrofe. B) hipertensão estágio 1. C) hipertensão estágio 2. D) hipertensão estágio 3. E) hipertensão estágio 4. 2- De acordo com a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, é necessário que o profissional de saúde se mantenha atualizado em relação à evolução do conhecimento clínico nacional, a fim de repassar orientações e recomendações pertinentes ao seu cliente, de forma a prestar uma assistência efetiva e de qualidade. Em relação a mensuração da pressão arterial sistêmica, analise as assertivas e assinale a alternativa correta. I. A medição da pressão em crianças é recomendada em toda avaliação clínica após os três anos de idade, pelo menos anualmente, como parte do atendimento pediátrico primário, devendo respeitar as padronizações estabelecidas para os adultos. II. O manguito deve ser posicionado de 2 a 3 cm acima da fossa cubital, sem deixar folgas. III. Deixar o paciente em repouso de 3 a 5 minutos em ambiente calmo não é necessário. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex IV. O paciente deve estar sentado, com pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado. V. Medir a pressão arterial na posição de pé, após 3 minutos, nos diabéticos, idosos e em outras situações em que a hipotensão ortostática possa ser frequente ou suspeitada é uma das práticas adotadas. VI. Recomenda-se, pelo menos, a medição da pressão arterial a cada três anos para os adultos com PA ≤ 120/80 mmHg, e anualmente para aqueles com PA > 120/80 mmHg e < 140/90 mmHg. A) Apenas II, IV, V e VI estão corretas. B) Apenas I, II, V, VI estão corretas. C) Apenas IV e V estão corretas. D) Apenas I, II, IV e V estão corretas. 3- Alterações próprias do envelhecimento resultam em alguns aspectos especiais na medição da pressão arterial na população idosa. Um desses aspectos é a pseudo- hipertensão, que está associada a: A) Processo de enrijecimento da parede arterial, dificultando a sua oclusão. B) Hiato auscultatório que resulta em valores falsamente altos da pressão arterial sistólica. C) Tortuosidades das artérias resultando em valores falsamente altos da pressão arterial sistólica. D) Processo de dilatação arterial, que resulta em valores falsamente altos da pressão arterial diastólica. 4- De acordo com a 7ª Diretriz de Hipertensão Brasileira, assinale a alternativa que apresenta a condição caracterizada por valores normais da pressão arterial (PA) no consultório, porém com valores de PA elevados pela medida ambulatorial ou medidaresidencial. A) Hipertensão do avental branco. B) Hipertensão não controlada. C) Pré-hipertensão. D) Hipertensão mascarada. 5- Em relação ao correto diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), é correto afirmar que: A) exames complementares de 24h, tais como HOLTER e MAPA, após 2 aferições de Pressão Arterial (PA) acima de 140 x 90 mmHg, são obrigatórios para confirmar o diagnóstico de HAS. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex B) a correta aferição da Pressão Arterial é uma forma segura de diagnosticar a HAS. Além deste procedimento, os médicos deveriam considerar sempre que possível a MAPA (medição 24h da PA em ambulatório) e a MRPA (medida da PA em casa). C) a medição da Pressão Arterial em consultório está em desuso e sendo paulatinamente substituída pelos exames complementares, pois, mesmo realizada com técnica apropriada, pode superestimar a pressão do paciente, o que é conhecida como hipertensão do avental branco; da mesma forma ela pode subestimar os valores, ou apresentar hipertensão “mascarada”. D) recomendações de sentar-se e descansar por pelo menos 5 minutos e de esvaziar a bexiga urinária antes de aferir a pressão são arbitrárias e não influenciam no valor final da pressão arterial. E) segundo a sociedade Brasileira de Hipertensão, a pressão arterial ideal situa-se abaixo de 140 x 90 mmHg e a HAS se refere a valores superiores a 140 x 90 mmHg, constantemente, em todos os grupos de indivíduos. 6- Homem, 40 anos, assintomático, procura atendimento médico devido hipertensão arterial sistêmica. Em uso de Enalapril 10 mg de 12/12h. Exame físico: FC = 80 bpm, pressão arterial aferida no consultório = 148 x 90 mmHg. Submetido à monitorização ambulatorial da pressão arterial : Média das medidas da pressão arterial nas 24h = 134 x 82 mmHg; na vigília = 136 x 86 mmHg. Qual é o diagnóstico? A) Hipertensão mascarada B) Hipertensão controlada C) Hipertensão do avental branco D) Hipertensão não-controlada 7- Define-se Hipertensão do Avental Branco (HAB) quando o paciente apresenta: A) Medidas de Pressão Arterial (PA) persistentemente elevadas ("maior ou igual a" 140 x 90 mmHg) no consultório e médias de PA consideradas normais na residência. B) Valores normais de PA no consultório (< 140 X 90 mmHg), porém com PA elevada pela Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA). C) Medidas de PA persistentemente elevadas ("maior ou igual a" 140 X 90 mmHg) no consultório e médias de PA persistentemente elevadas na residência. D) Valores normais de PA no consultório (< 140 X 90 mmHg) com PA normal pela MRPA. 8- Dentre os cuidados necessários para a adequada aferição da Pressão Arterial, o paciente deve receber preparo para que a medida seja adequada, sendo DESNECESSÁRIO: A) ser instruído a não conversar durante a medição. Possíveis dúvidas devem ser esclarecidas antes ou depois do procedimento. B) perguntar se evacuou no dia anterior. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex C) certificar-se de que o paciente não está com a bexiga cheia. D) certificar-se de que o paciente não ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos. 9- Quanto a HAS podemos afirmar: - EXCETO: A) Dentre os fatores que contribuem para elevação dos níveis pressóricos, destacam- se os determinantes genéticos e comportamentais. B) O sistema renina-angiotensina-aldosterona é importante regulador fisiológico do volume sanguíneo, do balanço eletrolítico e da pressão arterial C) A alta morbidade e mortalidade da HAS é atribuída ao fato de ser multifatorial e poligênica, e caracterizada pela difícil aderência ao tratamento. D) hiperatividade simpática tem sido demonstrada em pacientes com HAS, especialmente em algumas situações: hipertensão primária do adulto jovem, hipertensão associada a obesidade relacionada ao diabetes mellitus. E) constitui em uma das principais defesas contra a hipertensão 10- Qual o provável diagnóstico e a conduta para um homem de 36 anos, assintomático, com PA: 170 x 100, em consulta de rotina (exame admissional de uma empresa), referindo níveis de PA prévia de 120 x 80? A) Urgência hipertensiva, administrar captopril 25 mg por via sublingual. B) Síndrome do jaleco branco, orientação terapêutica não medicamentosa. C) HAS estágio I, administrar diuréticos tiazídicos por via oral. D) HAS mascarada, orientação terapêutica não medicamentosa. E) Emergência hipertensiva, encaminhar o paciente ao Pronto-Socorro. GABARITO COMENTADO 1- LETRA: C Hipertensão Arterial Estágio 2: 160-179 / 100-109 2- LETRA: D 3- LETRA: A O processo de enrijecimento dos vasos sanguíneos, algo que acontece em idosos, dificulta a passagem do sangue, o que aumenta a pressão exercida. 4- LETRA: D Na hipertensão mascarada a pressão elevada em medidas fora do consultório, porém é normal na medida durante a consulta. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex 5- LETRA: B O diagnóstico de hipertensão arterial é feito a partir do achado de PA maior ou igual a 140 x 90 mmHg em duas ocasiões diferentes, em condições ideais: repouso de 5 minutos, bexiga vazia, sem ter fumado ou tomado café nos últimos 30 minutos, e sem ter feito atividade física na última hora. Se necessário, exames como MRPA e MAPA podem ser solicitados, para elucidação diagnóstica, e avaliação de possível hipertensão do jaleco branco ou hipertensão mascarada. No entanto, nenhum outro exame é obrigatório para o diagnóstico, e a aferição no consultório continua sendo a principal forma de diagnóstico. Uma PA maior do que 120x80 mmHg já se enquadra em pressão elevada, e para sociedade americana, já se enquadra em hipertensão leve. 6- LETRA: D Paciente já tem diagnóstico de HAS em uso de enalapril. PA em consultório está elevada (> 149x90 mmHg) assim na MAPA, cujos valores de referência são: > 130x80 mmHg na média das 24 horas e > 135x85 mmHg na vigília. Desta forma, estamos diante de um paciente com HAS não controlada. 7- LETRA: A A hipertensão do avental branco (ou do jaleco branco) é definida pela presença de hipertensão nas aferições no consultório (PA >140x90 mmHg) e valores normais em casa. Essa forma de hipertensão apresenta um risco intermediário e deve permanecer em acompanhamento clínico. 8- LETRA: B. a aferição de pressão deve ocorrer com alguns cuidados, para que seja válida. Deve-se explicar ao paciente e deixá-lo em repouso por 3 a 5 minutos. Durante o procedimento, o paciente não deve falar - alternativa A correta. A bexiga deve estar vazia - alternativa C correta. Exercícios devem ser evitados 60 minutos antes, e deve-se evitar ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos 30 minutos antes - alternativa D correta. Não há necessidade de perguntar sobre o hábito intestinal do paciente, de acordo com as diretrizes - alternativa B incorreta. 9- LETRA: E A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa- se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais. 10- LETRA: B Paciente sem história prévia de hipertensão ou outras comorbidades, apresentando em consulta adminissional (provável fator de ansiedade ainda Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex maior) uma pressão elevada, deve nos fazer pensar em hipertensão do jaleco branco. Nesses casos, a conduta é seguimento clínico, nova aferição da PA em outra ocasião e orientações não medicamentosas, uma vez que a hipertensão do jaleco branco não é consideradauma situação normal, apesar do baixo risco, e medidas comportamentais devem ser implementadas desde cedo.
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