Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Conceito Pressão arterial (PA) é a força exercida pelo sangue sobre as paredes dos vasos. Sofre variações contínuas, dependendo da posição do indivíduo, das atividades e das situações em que ele se encontra. A PA tem por finalidade promover uma boa perfusão dos tecidos possibilitando as trocas metabólicas. Hipertensão é uma síndrome caracterizada por uma elevação da pressão sistólica e/ou diastólica. o A hipertensão sistêmica (ou idiopática) caracteriza-se por elevação crônica da pressão arterial que ocorre sem manifestação de outra doença, o Hipertensão secundária evidencia-se por elevação da pressão arterial como consequência de algum outro distúrbio, inclusive doença renal A hipertensão arterial é mundo moderno, pois, além de ser muito frequente 10 a 20% da população adulta , e é a causa direta ou indireta de elevado número de óbitos, decorrentes de acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e infarto agudo do miocárdio. Em determinadas pessoas, os níveis pressóricos sofrem grandes variações, para mais ou para menos, em curto período de tempo, às vezes alcançando cifras acima dos valores normais, seja por fator emocional ou diverso Quanto à evolução, a hipertensão arterial pode ser benigna ou maligna. o A forma benigna evolui lentamente, com níveis pressóricos não muito elevados, e sem causar importantes lesões no nível dos rins, do coração e do leito arteriolar. Em contrapartida, a hipertensão arterial maligna apresenta evolução rápida, com cifras tensionais muito elevadas frequentemente a diastólica está acima de 140 mmHg , havendo grave comprometimento dos rins, coração, cérebro e olhos. Pode ocorrer necrose fibrinoide nas arteríolas. Quando utilizadas as medidas de consultório, o diagnóstico deverá ser sempre validado por medições repetidas, em condicões ideais, em duas ou mais ocasiões, e confirmado por medições fora do consultório (MAPA ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem Lesão no órgão alvo detectada. A HAS não controlada é definida quando, mesmo sob tratamento anti-hipertensivo, o paciente permanece com a PA elevada tanto no consultório como fora dele por algum dos dois métodos (MAPA ou MRPA). Tipos de hipertensao Considera-se normotensão quando as medidas de consultório são menores ou iguais a 120/80 mmHg e as medidas fora dele (MAPA ou MRPA) confirmam os valores considerados normais. A PH caracteriza-se pela presença de PAS entre 121 e 139 e/ou PAD entre 81 e 89 mmHg. Os pré-hipertensos têm maior probabilidade de se tornarem hipertensos e maiores riscos de desenvolvimento de complicações CV quando comparados a necessitando de acompanhamento. 1 Brenda Carvalho Silva 3°P A hipertensão do jaleco branco é definida como pressão arterial maior ou igual a 140/90 em ambientes clínicos e leituras ambulatoriais médias com o indivíduo acordado menor que 135/85. Esse fenômeno, relatado em até 20% dos pacientes com pressão arterial elevada no consultório, é importante ser identificado, visto que carrega risco cardiovascular normal a levemente acentuado e não exige tratamento Ele é atribuído a uma resposta condicionada de ansiedade. Técnica de aferição insatisfatória, inclusive o arredondamento dos valores, a presença de um médico ou enfermeira e até o diagnóstico prévio de hipertensão arterial também podem modificar substancialmente as leituras no consultório. Substituir as aferições manuais no consultório por um dispositivo automatizado que faz várias leituras com o paciente sentado sozinho em uma sala silenciosa demonstrou uma redução no Definida como valores normais da pressão arterial no consultório menor que 140/90, mas com PA elevada pela MAPA ou medidas residenciais (pressão arterial elevada durante o dia maior que 135/85 no exame domiciliar ou ambulatorial, é mais grave. Adultos não tratados com hipertensão mascarada, uma estimativa de 10 a 30% da população em geral, correm maior risco de doença cardiovascular e lesão do órgão terminal. Vários fatores podem elevar a PA fora do consultório em relaçã PA nele obtida, como idade jovem, sexo masculino, tabagismo, consumo de álcool, atividade física, hipertensão induzida pelo exercício, ansiedade, estresse, obesidade, DM, DRC e história familiar de HAS A ocorre na maioria dos pacientes à noite, pois mudam do estado de vigília para adormecidos. Uma queda noturna de menos que 10% dos valores diários está associada a desfechos cardiovasculares ruins e só pode ser identificada no monitoramento ambulatorial da pressão arterial de 24 horas. Dois outros padrões apresentam desfechos cardiovasculares ruins, um padrão crescente noturno e queda noturna acentuada maior que 20% dos valores durante o dia. É definida como PAS aumentada com PAD normal. A hipertensão sistólica isolada (HSI) e a pressão de pulso (PP) são importantes fatores de risco cardiovascular (FRCV) em pacientes de meia-idade e idosos. Elevação repentina da pressão arterial em geral, pressão diastólica acima de 120 mmHg acompanhada de cefaleia, tonturas, palpitações e perturbações visuais. Uma crise hipertensiva pode acometer uma pessoa normotensa ou hipertensa. Segundo as diretrizes O sétimo relatório do Joint National Committee on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (JNC7) do National Institutes of Health foi publicado em 2003. A pressão sistólica menor que 120 mmHg e pressão diastólica menor que 80 mmHg são normais, 2 Brenda Carvalho Silva 3°P enquanto pressões sistólicas entre 120 e 139 mmHg e pressões diastólicas entre 80 e 89 mmHg são classificadas como pré- hipertensivas O diagnóstico de hipertensão é estabelecido quando a pressão arterial sistólica é igual ou maior que 140 mmHg e a pressão arterial diastólica é igual ou maior que 90 mmHg. Para os adultos diabéticos, a meta de pressão arterial foi reduzida para menos de 130/80 mmHg. Porto Os fatores de risco constitucionais incluem história familiar de hipertensão, elevações da pressão arterial associadas ao envelhecimento e raça.4,13 Outro fator que parece contribuir para a hipertensão é a resistência à insulina e a hiperinsulinemia, Historia familiar. Esta doença é encontrada mais comumente nos indivíduos com história familiar de hipertensão. Aparentemente, a contribuição genética para a hipertensão arterial pode chegar a 50%. É possível que vários genes situados em diversos loci determinem a pressão arterial, cada gene com uma influência pouco expressiva ou com contribuições variáveis dependendo do sexo, da raça, da idade e do estilo de vida. Alteracoes da pressao arterial associadas ao envelhecimento A maturação e o crescimento são conhecidos por causar aumentos previsíveis da pressão arterial. A pressão arterial do recém-nascido apresenta-se em torno de 50 mmHg de sistólica e 40 mmHg de diastólica. Com o crescimento físico progressivo, a pressão arterial aumenta da faixa de 78 mmHg de sistólica com 10 dias de vida para 120 mmHg de sistólica no final da adolescência. A pressão diastólica aumenta até a idade de 50 anos e depois declina da sexta década em diante, enquanto a pressão sistólica continua a aumentar com a idade. Raca. Nos EUA, a hipertensão não é apenas mais prevalente entre os negros que nos outros grupos étnicos, como também é mais grave. Além disso, a hipertensão tende a acontecer com uma idade mais precoce nos negros que nos caucasoides e, em geral, não é tratada com a devida precocidade ou com o rigor necessário. Os negros também tendem a desenvolver lesõescardiovasculares e renais mais graves com determinado nível de pressão. As razões da incidência mais alta de hipertensão entre os negros são desconhecidas em sua maior parte. Alguns estudos demonstraram que alguns indivíduos negros hipertensos tinham níveis 3 Brenda Carvalho Silva 3°P mais baixos de renina que os pacientes caucasoides hipertensos. A supressão da renina foi entendida como uma reação secundária à retenção de sódio e ao excesso de volume. A sensibilidade ao sal definida como elevação da pressão arterial em resposta a uma dieta rica em sal é referida frequentemente nos indivíduos negros com ou sem hipertensão arterial. Estudos recentes enfatizaram as falhas potenciais do transporte renal de sódio para explicar essa observação. Resistencia a insulina e anormalidades metabolicas. A resistência à insulina e a hiperinsulinemia compensatória associada e pela concentração de fatores de risco cardiovasculares também é conhecida como síndrome de resistência à insulina, ou síndrome metabólica. Estudos demonstraram que a resistência à insulina é um traço mais adquirido que genético. Por exemplo, a obesidade desempenha um papel importante no desenvolvimento da resistência à insulina. Uma vez que afeta a sensibilidade dos tecidos a esse hormônio. Os fatores relacionados com o estilo de vida podem contribuir para o desenvolvimento da hipertensão porque interagem com os fatores de risco constitucionais. Ingestao exagerada de sal. É possível que o sal aumente a pressão arterial, acentue a sensibilidade dos mecanismos cardiovasculares ou renais aos estímulos do SNS ou produza seus efeitos por algum outro mecanismo como o sistema renina-angiotensina- aldosterona. Independentemente do mecanismo, vários estudos demonstraram que a redução da ingestão de sal pode reduzir a pressão arterial. Hoje em dia, a ingestão média de sal dos adultos dos EUA e do Reino Unido é de 9 g/dia no mínimo, embora números expressivos de pessoas tenham ingestão de 12 g/dia ou mais. Isso é muito maior que a ingestão máxima de 6 g/dia recomendada pela American Heart Association para os adultos. Obesidade. A redução do peso em apenas 4,5 kg pode diminuir a pressão arterial em uma porcentagem expressiva dos pacientes hipertensos com sobrepeso. A gordura abdominal ou visceral parece causar mais resistência à insulina, intolerância à glicose, dislipidemia, hipertensão e doença renal crônica que a gordura subcutânea. Também há entendimento crescente dos efeitos neuroendócrinos do excesso de tecido adiposo na pressão arterial. Evidências recentes sugeriram que a leptina um hormônio secretado pelos adipócitos possa ser uma ligação entre adiposidade e hiperatividade simpática do sistema cardiovascular. A leptina atua no hipotálamo e aumenta a pressão arterial por ativação do SNS. Os níveis altos de ácidos graxos livres na circulação dos pacientes obesos também parecem contribuir para a ativação do SNS. Também há estudos apontando a ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona pelo angiotensinogênio derivado dos adipócitos e a possibilidade de que os tecidos adiposos aumentem os níveis de aldosterona ao gerar fatores que estimulam a produção desse hormônio. Consumo excessivo de alcool. 4 Brenda Carvalho Silva 3°P A dose segura recomendada de álcool é um drinque por dia para as mulheres e dois drinques diários para os homens. Quantidades moderadas de álcool podem reduzir o risco de doença cardiovascular, Alguns estudos demonstraram que a ingestão de quantidades excessivas de álcool por períodos longos promove o desenvolvimento da hipertensão. Entretanto, a pressão arterial tem condições de diminuir ou voltar ao normal quando o consumo de álcool é reduzido ou eliminado. O mecanismo pelo qual o álcool produz seu efeito na pressão arterial é desconhecido. Ingestao dietetica de potassio, calcio e magnesio. Níveis baixos de potássio na dieta também foram associados à elevação da pressão arterial. Vários mecanismos foram sugeridos para explicar a ação do potássio na pressão arterial, até mesmo uma suposta alteração da razão entre sódio/potássio da dieta, um efeito natriurético direto e supressão do sistema renina-angiotensina. Em termos de ingestão alimentar, uma dieta rica em potássio geralmente contém pouco sódio e pressupõe a ingestão aumentada de frutas e vegetais. Apneia obstrutiva do sono Apneia obstrutiva do sono (AOS) e hipertensão são distúrbios relacionados. Há vários estudos demonstrando níveis mais altos de norepinefrina, endotelina e aldosterona; enrijecimento das paredes vasculares; ativação do sistema renina- angiotensina; disfunção endotelial; estresse oxidativo; e hiperatividade do SNS. Hipertensão e outros problemas relacionados com a pressão arterial são determinados por aferições repetidas da PA. Exames laboratoriais, radiografias e outros exames complementares geralmente são realizados para excluir hipertensão secundária e determinar a existência ou a gravidade das lesões dos órgãos-alvo. As aferições da pressão arterial devem ser realizadas quando o indivíduo está relaxado, descansou por no mínimo 5 min e não fumou ou ingeriu cafeína nos últimos 30 min. Ao menos duas aferições devem ser realizadas em cada consulta no mesmo braço, enquanto o indivíduo está sentado em uma cadeira com os pés apoiados no chão e o braço sustentado no nível do coração. Quando as duas primeiras aferições diferem em mais de 5 mmHg, devem ser realizadas outras medições. Como a pressão arterial de muitos indivíduos é altamente variável, a pressão deve ser aferida em diversas ocasiões ao longo de um período de vários meses, antes que seja estabelecido o diagnóstico de hipertensão arterial, a menos que a pressão esteja extremamente elevada ou o paciente tenha sintomas associados. A confirmação da hipertensão está baseada na primeira consulta e em uma ou mais consultas de acompanhamento, nas quais são realizadas e registradas duas aferições da pressão arterial. Medicao de PA no consultorio Recomenda-se, pelo menos, a medição da PA a cada dois anos para os adultos 5 Brenda Carvalho Silva 3°P com PA menor ou igual a 120/80 mmHg, e anualmente para aqueles com PA maior que 120/80 mmHg e menor que 140/90 mmHg. A medição da PA pode ser feita com esfigmomanômetros manuais, semi- automáticos ou automáticos. Esses equipamentos devem ser validados e sua calibração deve ser verificada anualmente, de acordo com as orientações do INMETRO A PA deve ser medida no braço, devendo-se utilizar manguito adequado à sua circunferência. Na suspeita de HA secundária à coartação da aorta, a medição deverá ser realizada nos membros inferiores, utilizando-se manguitos apropriados. Hipotensão ortostática deve ser suspeitada em pacientes idosos, diabéticos, disautonômicos e naqueles em uso de medicação anti-hipertensiva. Assim, particularmente nessas condições, deve-se medir a PA com o paciente de pé, após 3 minutos, sendo a hipotensão ortostática definida como a redução da PAS maior que 20 mmHg ou da PAD menor que 10 mmHg. Recomenda-se a realização de várias medições, com o paciente sentado em ambiente calmo e confortável para melhorar a reprodutibilidade e aproximar os valores da PA obtidos no consultório àqueles fornecidos pela monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) na vigília Medicao de PA fora do consultorio A PA fora do consultório pode ser obtida através da mediçãoresidencial da pressão arterial (MRPA), com protocolos específico, ou da MAPA de 24 horas. As principais vantagens da medição da PA fora do consultório são: o Maior número de medidas obtidas. o Refletem as atividades usuais dos examinandos. o Abolição ou sensível redução do efeito de avental branco (EAB). o Maior engajamento dos pacientes com o diagnóstico e o seguimento. A MAPA e a MRPA fornecem informações semelhantes da PA, porém só a MAPA avalia a PA durante o sono. Ambas, entretanto, estimam o risco CV, Medicao residencial da PA (MRPA): A MRPA é uma modalidade de medição realizada com protocolo específico, consistindo na obtenção de três medições pela , antes do desjejum e da tomada da medicação, e trê noite, antes do jantar, durante cinco dias. Outra opção é realizar duas medições em cada uma dessas duas sessões, durante sete dias. São considerados anormais valores Monitorizac o ambulatorial da PA (MAPA: todo 6 Brenda Carvalho Silva 3°P lia e sono. Uma de suas caracte a possibilidade de identificar as alterac es circadianas da PA, sobretudo em relação às medições durante o sono, que têm implicac veis. dias de PA de 24 horas lia 135/85 mmHg e sono 120/70 mmHg.10,18 Auto- monitoramento domiciliar pode ajudar a . Esse tipo de aferição também pode ser usado para avaliar a resposta às intervenções terapêuticas na hipertensão, avaliar sintomas de hipotensão durante o tratamento com fármacos anti-hipertensivos, detectar episódios de hipertensão, motivar a adesão aos esquemas de tratamento e, possivelmente, reduzir os custos da assistência médica. Monitoramento ambulatorial da pressao arterial (MAPA) Também pode ser usado para detectar alterações do perfil circadiano de pressão arterial do paciente. As alterações do perfil circadiano normal de pressão arterial podem ocorrer com alguns distúrbios, inclusive hipertensão maligna, síndrome de Cushing, pré-eclâmpsia, hipotensão ortostática, insuficiência cardíaca congestiva e apneia do sono. Eletrocardiograma Para avaliar a frequência, o ritmo de lesões do coração Fundo de olho Para verificar alterações nas artérias da retina Exames de imagem, como radiografias de tórax e ultrassonografia renal . Estudos têm demonstrado que a excreção de potássio na urina representa a quantidade de potássio ingerido na dieta, podendo ser um marcador da efetividade da terapia anti-hipertensiva e de desfechos cerebrovasculares. A suplementação de potássio possui efeito hipotensor em pacientes com hipertensão moderada, e estudos clínicos têm revelado que dietoterapia baseada em frutas, verduras e legumes ricos em potássio podem reduzir a pressão arterial, quando associada à redução de sódio na dieta. Isso porque o potássio pode ter efeito vasodilatador. A recomendação é que seja ingerido aproximadamente 4,7 g/dia de potássio na dieta por pacientes com hipertensão arterial. A associação entre pressão arterial elevada, acidente vascular cerebral e ingestão de potássio foi recentemente testada por Seth et al.6 em uma coorte de mulheres com idade entre 50 e 79 anos, sem antecedentes para doença cerebrovascular, em um segmento de 11 anos. Nesse estudo observaram que as mulheres que realizavam uma alta ingestão de potássio (média 2,6 g/dia) apresentavam menores taxas de acidentes vascular cerebral hemorrágico e isquêmico, quando comparadas àquelas mulheres com menor ingesta de potássio Referências: PORTH, C. M.; MATFIN, G. Fisiopatologia.9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. Bates - Propedêutica Médica - Lynn S. Bickley. 11ª Edição. 2015. Editora Guanabara Koogan. Semiologia Médica - Celmo Celeno Porto - 7ª Edição. 2013. Editora Guanabara Koogan. MALACHIAS, Marcus Vinícius Bolívar et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial: Capítulo 1-Conceituação, Epidemiologia e Prevenção Primária. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 107, n. 3, p. 1-6, 2016.
Compartilhar