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DOENÇAS DO MOVIMENTO – DR RENATO Distúrbios do movimento: parkinsonismo e suas formas, tremor essencial, doença de Huntington (coreia de Huntington, que cursa com movimentos involuntários), doença de Wilson e as ataxias hereditárias (muito raras) 1)PARKINSONISMO • O Parkinsonismo é um conjunto de sinais e sintomas, dentro disso, está a doença de Parkinson e o parkinsonismo atípico • Nem todo paciente que tem parkinsonismo, tem doença de Parkinson. Mas o contrário é verdadeiro; • Foi descrito em 1817 por James Parkinson; →Tipos de Parkinsonismo: 1. Primário → Doença de Parkinson; + prevalente 2. Secundário o Induzido por drogas: Um dos principais medicamentos que pode causar é o Vertix que é a Flunarizina. Nem todos os pacientes que utilizam vão ter doença de Parkinson 2º. Retirando o medicamento melhora, não tem fisiopatologia para causar Parkinson. Tem que ser crônico o uso, mais de 6 meses, mais de 1 ano utilizado. Existem pacientes mais vulneráveis, mas na maioria dos casos, tem que ser uso crônico. Outros medicamentos: Amiodarona, lítio; o Hidrocefalia de pressão normal → Tríade Clássica: Demência + alteração da marcha (Parkinsonismo) + incontinência urinária; o Tumores. 3. Síndrome de Parkinson “Plus” → Parkinsonismo atípico: têm critérios para pensar na doença de Parkinson, mas não são encontradas na doença de Parkinson o atrofia de múltiplos sistemas o paralisia supranuclear progressiva o degeneração corticobasal; o demência de corpos de Lewy o hidrocefalia de pressão normal 4. Doenças Heredodegenerativas: Huntigton, Wilson e ataxias hereditárias; Parkinsonismo - Características de parkinsonismo: 2 das seguintes características para definir parkinsonismo – e pelo menos uma dessas deve ser bradicinesia ou tremor em repouso. * características + importantes o Tremor em repouso* o Rigidez extrapiramidal ou plastica (de roda denteada, plástica). * o Bradicinesia ou acinesia (é a lentidão dos movimentos). * o Atitude em flexão do tronco (chamamos de atitude do esquiador). o Instabilidade postural (o paciente vai se queixar de quedas frequentes). * o Períodos do congelamento (o paciente em alguns momentos fica “travado”). *2 desses sintomas definem se o paciente tem um Parkinson!!! Geralmente a bradicinesia e o tremor de repouso. **Importante lembrar que geralmente os sintomas não ocorrem isolados!! Muito dificilmente tem só instabilidade postural, ou só bradicinesia. Ocorrem em conjunto!! 1)Tremor no Parkinsonismo: o Alta amplitude – ele levanta mais a mão para tremer - Tem amplitude rápida do movimento, o Baixa frequência, é lento - 3 a 6hz. Hz é o número de oscilações por minuto. – treme menos por minuto o Sintomas inicialmente unilaterais sendo que acometem mais membros superiores (acomete primeiro), mas também atinge membros inferiores. (com o passar do tempo pode passar para o outro lado). o É um tremor em “contar moedas”; o Pode ser suprimido no início de uma ação, mas depois tende a retornar (reemergente). O tremor reemergente é quando, por exemplo, para pegar uma xícara a pessoa não treme, de início, mas depois o tremor retorna e ela vai ter dificuldade para tomar um café. o Ocorre ao repouso, melhora com o movimento; o Piora ao caminhar, tem alteração da marcha associada; o Pode ocorrer tremor de ação ou de postura (não é tão comum, mas não exclui a possibilidade diagnóstica). o Tem piora com ansiedade!!! 2) Bradicinesia ou acinesia no Parkinsonismo: o A bradicinesia por si só é a lentidão! Os outros componentes não são sinônimos de bradicinesia, mas eventualmente são encontrados nos pacientes bradicinéticos!!!! o É uma lentificação!! Dificuldade de iniciar os movimentos; o O paciente refere que está ficando mais lento (a família refere isso também) o Ele vai referir que está mais dificuldade para fazer as coisas que fazia antes. o Hipocinesia: redução da amplitude dos movimentos; o Avaliada pelo “Finger test”: fechar e abrir os dedos (1° e 2° pododáctilos) bem rápido – paciente reduz amplitude para tentar conseguir fazer o movimento rápido. o Fáscies em mascara ou hipomimia, perde a expressão facial; o Fala baixa (hipofonia), em intensidade menor o Letra piora: micrografia. Em algumas provas coloca o Espiral de Arquimedes, paciente não consegue desenhar em linha reta. A micrografia é um dos 1ºs sintomas!!! – letra menor e tremida o Marcha lenta com passos curtos; (marcha à petit pas). o Dificuldade de levantar da cadeira, fraqueza nas pernas; (em fases mais avançadas da doença). o Pode pedir para o paciente desenhar o espiral de arquimedes 3) Instabilidade postural: o Quedas frequentes; Cai porque tropeça ou sem tropeçar? o Teste de Puxar – Pull Test, você puxa o paciente para trás e ele cai. O paciente com Parkinson cai, ou tende a cair (geralmente se repete três vezes, se perceber que o paciente vai realmente cair, não precisa fazer as três). - (avalia instabilidade postural). o Atitude em flexão – do esquiador; o Marcha com festinação → paciente começa a “patinar”, aí começa a andar, até pegar no tranco. o Fenômeno do congelamento: incapacidade transitória de realizar movimentos (Os pés ficam colados ao chão), dificuldade para comer; 4) Rigidez extrapiramidal: o Rigidez plástica o Tem aumento do tônus-muscular; o Rigidez em roda denteada, vai travando o braço, como se fosse uma catraca. Diferente da rigidez da espasticidade (na qual o pcte apresenta o sinal do canivete) o Avaliar grandes articulações com movimentos lentos passivos com o paciente em posição relaxada. o Geralmente unilateral e pode evoluir para bilateral. Pode também ser avaliada nos membros inferiores. Tremor Parkinsoniano Essencial Amplitude Alta Baixa Frequência Baixa Alta Acometimento Inicialmente unilateral e depois passa para o outro lado Bilateral na grande maioria dos casos Cinesia: capacidade de se movimentar = mobilidade/mov o cuidado para não confundir a rigidez espástica da síndrome do neurônio motor (responsável pela movimentação voluntária) superior com a rigidez extrapiramidal ( responsável pela movimentação involuntária/automática) da doença de Parkinson. Fisiopatologia da doença de Parkinson o A Doença de Parkinson ocorre por causa da degeneração das células situadas na substância negra do cérebro. Essas células produzem a substância dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. - deficiência na transmissão dopaminérgica na via nigroestriatal o Ocorre degeneração dos neurônios na pars compacta da substância negra e no locus ceruleus - A redução da dopamina estriatal faz com que haja diminuição da atividade dos neurônios estriatais que formam a via direta e eleva os que formam a via indireta; a via direta permanece hipoativa e a via indireta hiperativa. o Então, já pensando em tratamento, uma das formas de tratar é aumentando a dopamina desse paciente. o Se há uma elevação da via indireta, ocorre um predomínio da fase inibitória do movimento i. Via direta (receptor D1): é uma via excitatória, porém vai estar hipoativa. ii. Via indireta (receptor D2): é uma via inibitória, que vai estar hiperativa. o Então, se reduzir a atividade dos neurônios excitatórios e aumentar dos inibitórios, o paciente fica lento, bradicinético **** o Agora, se aumentar a via direta que é excitatória, vai ocorrer distúrbios do movimento que são hipercinéticos, como, por exemplo, o hemibalismo. Nos distúrbios hipercinéticos (coreia, hemibalismo) há uma redução da inibição. Então, o tálamo estimula muito mais o córtex cerebral. Fisiologicamente, há uma via gabaérgicas inibindo o tálamo, mas nesses transtornos o tálamo está “livre”. Hemibalismo: O paciente vai ter movimentos bruscos em um lado do corpo. Nesse caso, vai haver uma lesão do núcleo subtalâmico contralateral. Como isso ocorre? O tálamo fica mais “livre” porque está menos inibido pelo pálido interno, e o pálidointerno está inibindo menos porque ele está sendo pouco estimulado pelo núcleo subtalâmico, onde está localizada a lesão. Doença de Huntington: perda de neurônios no estriado para o globo pálido externo (GPe). Estriado não inibe GPe, que vai inibir o NST e não vai estimular GPi. Se não estimula o GPi, ele não vai inibir o tálamo → movimento hipercinético • Sempre que o globo pálido interno não for inibido, o tálamo vai ficar muito estimulado, excitando mais o córtex cerebral. De maneira resumida, os distúrbios hipercinéticos ocorrem porque o tálamo está menos inibido, está mais livre, mais excitado o No paciente que não possui nenhuma doença essas vias ficam balanceadas, ficam equilibradas. o Então, na doença de Parkinson, há aumento da atividade do núcleo subtalâmico e do globo pálido interno, que vão inibir o tálamo (via indireta), causando a bradicinesia (lentidão dos movimentos) Manobras Teste Bradicinesia “finger taps” Fechar e abrir os dedos bem rápido Instabilidade postural “pull test” Teste de puxar Fisiopatologia dos gânglios da base • Revisão: Os núcleos da base são os núcleos profundos do telencéfalo: núcleo caudado, putame e globo pálido. Além destes, existem também os núcleos associados, incluindo os núcleos ventrais anteriores e laterais do tálamo, o núcleo subtalâmico do diencéfalo e a substância negra do mesencéfalo. A principal função dos núcleos da base é influenciar o córtex motor, através das vias que passam pelo tálamo, auxiliando no planejamento e na execução dos movimentos uniformes. Também contribuem para as funções afetivas e cognitivas. As vias aferentes e eferentes dos núcleos da base são complexas. Quase todas as áreas do córtex cerebral se projetam, topograficamente, para o núcleo estriado (caudado e putame), incluindo os críticos impulsos vindos do córtex motor. O estriado se comunica, então, com o tálamo e, daí, o impulso volta ao córtex, por meio de duas vias diferentes: via direta e via indireta. • Os gânglios da base modulam funções cognitivas, as emoções, o comportamento e o aprendizado • São 4 estruturas principais que compõe o sistema dos gânglios da base • Gânglios da base recebem aferências corticais da área pré-frontal do lobo frontal e das áreas sensoriais pré- centrais. Então, a partir das aferências corticais nos gânglios da base vai ter um estímulo para o tálamo, e do tálamo para a área motora suplementar e área pré-motora (planejamento dos movimentos corporais), e depois volta para os gânglios da base. • Lembrar: Córtex > Gânglios da base > Tálamo > Volta para o córtex (áreas motora e pré-motora). • Do córtex aos gânglios da base é excitatório (glutamatérgico). O estímulo chega principalmente no estriado. Dos gânglios da base para o tálamo, os núcleos de saída são o globo pálido interno e a substância negra (gabaérgicos, inibitórios). O tálamo projeta eferências excitatórias. • Os gânglios da base influenciam o movimento atuando sobre as áreas corticais que modulam a atividade dos neurônios motores superiores que dão origem à via piramidal e ao movimento voluntário cortical. • Existem, então, 2 vias principais: A via direta e a via indireta. • Via direta: É a mais rápida, começa no córtex, vai para o estriado, globo pálido interno, tálamo e volta para o córtex. • Via indireta: Córtex, estriado, globo pálido externo, núcleo subtalâmico, globo pálido interno, tálamo e depois volta para o córtex. Tem algumas conexões. Conecta o estriado aos núcleos de saída através de algumas estações. • As projeções do NST ao GPi/SNr estimulam a atividade dos núcleos de saída, enquanto a atividade do NST aumenta a atividade do GPi/SNr, inibindo assim a atividade talâmica e, portanto, também o movimento. • o NST aumenta a atividade do globo pálido interno, só que o globo pálido interno é inibitório. Logo, quando você estimula mais o globo pálido interno, o tálamo é muito mais inibido. Se o tálamo está mais inibido, ele vai excitar menos o córtex • A ativação dos neurônios estriatais que formam a via indireta provoca um incremento na atividade do NST, porque inibe a atividade dos neurônios do globo pálido externo. Ou seja, a inibição da inibição provoca um aumento da atividade do NST, que vai estimular mais o globo pálido interno, inibindo mais o tálamo, que vai ativar menos o córtex. Via direta: Córtex > Estriado > GPi > Tálamo > Córtex Via indireta: Córtex > Estriado > GPe > Subtálamo > GPi > Tálamo > Córtex. • A pars compacta da substância negra envia projeções ao estriado, que modula a atividade das vias direta e indireta. • A via nigroestriatal tem projeção ao estriado, onde liberam dopamina. A via nigroestriatal modula informações corticais que chegam ao neurônio de projeção e às vias direta e indireta. • Então, a porção compacta da substância negra faz essa modulação das vias direta e indireta. E tudo vai depender de onde a dopamina se liga. • No receptor D1, nos neurônios que constituem a via direta, ela será um transmissor excitatório e ativará esta via. • No receptor D2, nos neurônios que formam a via indireta, atuará como neurotransmissor inibitório. • Por que a via direta é excitatória? Porque se você está inibindo muito o globo pálido interno, o globo pálido interno vai conseguir inibir menos o tálamo, com isso o tálamo vai estar “livre” para ativar o córtex cerebral. • Distúrbio em uma dessas vias prejudica o balanceamento do controle motor, aumentando ou diminuindo a atividade motora. Resumindo: A partir da pars compacta da SN vai até o estriado, no estriado tem o receptor D1 da via direta. Começa a inibir muito o GPi, inibe menos o tálamo, que ativa mais o córtex. Já se ativar o receptor D2 da via indireta, vai inibir muito o globo pálido externo, que inibe menos o núcleo subtalâmico, excita o globo pálido interno que está inibindo o tálamo, e o tálamo excita menos o córtex cerebral. • Lesões no globo pálido cursam com transtorno do movimento, sem ter paralisia. O que isso quer dizer? Então, quando o paciente tem uma alteração isquêmica nos gânglios da base, ele pode ter alteração movimento sem ter paresia ou plegia. • O transtorno do movimento pode ser hipocinético ou hipercinético. Então, exemplos de transtornos de movimento hipercinético são o hemibalismo e a coreia. • Lesões que acometem o núcleo caudado → funções cognitivas - geralmente produzem alterações comportamentais, como apatia. • Lembrando que os núcleos da base também modulam a cognição e a emoção. • Lesões que acometem o putâmen → funções de controle de motricidade - geram distonia. Distonia nada mais é do que uma contração que fica mantida de uma região muscular. A distonia mais comum que existe é a distonia cervical. • O acometimento do núcleo subtalâmico (NST) pode cursar com hemibalismo. • Os núcleos da base não fazem conexão com a medula espinhal e não se conectam com neurônios motores inferiores. É por isso que muitas vezes não cursam com paralisia. • As principais síndromes extrapiramidais são: síndrome parkinsoniana, coreia, balismo e distonias. Elas se manifestam por pobreza de movimentação voluntaria e/ou atividade motora involuntária, associadas frequentemente a distúrbios do tônus muscular. 2)DOENÇA DE PARKINSON Epidemiologia • Aproximadamente 80% dos casos de Parkinsonismo; • Idade de início geralmente acima de 55 anos; menos frequente em jovens • Prevalência e incidência aumentam com a idade • Mais comum em homens, 3:2; Sinais e sintomas • Existem características motora e não motoras. • Não motoras(fase pré-motora): são os distúrbios do sono (REM) (sono agitado) e do olfato (hiposmia, anosmia), antecede em 10 anos os sintomas motores. • Fadiga e alteração da personalidade e do humor Fisiopatologia Estágios da doença • São 6 estágios • Estágio 1: há comprometimento do núcleo motor dorsal donervo vago e de estruturas olfatórias, paciente tem alterações olfatórias antes da clínica motora. • Estágio 2: comprometimento do núcleo motor dorsal do nervo vago e dos núcleos da rafe. • Até o estágio 2: sintomas pré-motores. • A partir do estágio 3: sintomas motores. • Estágios 3 e 4: alterações anatomopatológicas na substância negra (vai estar modulando as vias pelos receptores D1 e D2) na porção compacta, com sintomas motores. • Estágios 5 e 6: já tem comprometimento do neocórtex (quadro avançado) - comprometimento neuropsiquiátrico Etiologia • Causa não conhecida; • Quando é em <50 anos, possibilidade grande de causa genética; • Vários genes que causam a Doença de Parkinson juvenil e de adulto jovem: PARK1, PARK4, PARK8, mas o mais comum é o PARK2!!!! • Se o avó teve parkinson antes dos 50 anos, o nete tem mais probabilidade de ter Sinais e sintomas • Características motoras; • Características não motoras (fase pré-motora): disturbio do sono e do olfato - muitas vezes antecede em 10 anos os sintomas motores o Distúrbio do olfato: hiposmia; anosmia, anos antes dos sintomas motores o Distúrbios do sono: alteração do sono REM, sono agitado, pode ser agressivo; o Fadiga, cansam muito fácil; o Alteração da personalidade e do humor. Muito comum transtorno depressivo e ansioso. O principal é a depressão; • Início é insidioso; • O tremor é unilateral na maioria dos pacientes; 70% dos pacientes • Alteração cognitiva: Pode evoluir para Demência de Parkinson, que é diferente da demência de corpos de Lewy!!!! Corpos de Lewy, a demência pode começar junto com os sintomas motores ou antes. Na demência de Parkinson, tem que ter os sintomas motores antes!!!! ***PROVA! • Pode ter bradifrenia, que esquece o que ia falar; lentidão dos processos psíquicos e intelectuais - ´´na ponta da lingua´´ • Alguns podem apresentar acatisia (distúrbio do movimento, não consegue ficar quieto, tem sensação de morte, tem que sair correndo) e síndrome das pernas inquietas (é um sintoma muito comum, é pouco diagnosticado, tem realmente perna inquieta!!! Tem que movimentar sempre, e tem sensação de alivio quando mexe a perna); • Distúrbios autonômicos: pele mais fria, constipação intestinal; • Dermatite seborreica; • Sinal de Myerson e reflexo palmo-mentual são comuns; o Sinal de Myerson é o reflexo glabelar. Se começar a bater na glabela pisca e para de piscar. O paciente que tem Parkinson não para de piscar; o Reflexo Palmo-mentual quando faz um movimento brusco, faz uma contração do mento; • Tremor é o sintoma mais prevalente (70% dos casos), seguido da bradicinesia. Lembrar que não é exclusivamente esses dois sintomas!!! Pode ter instabilidade postural e rigidez somente; • podem apresentar: perda da destreza (12,6%), distúrbios da marcha (11,5%), dores musculares (8,2%), depressão (4,4%), distúrbios da fala (3,8%), fadiga, fraqueza muscular (2,7%), hipomimia facial (1,6%), disfagia (0,5%), parestesias (0,5%). • Depressão também tem muita frequência (8-10%); • Outros: hipomimia facial (fácies mascarada), disfagia, parestesias, dores musculares. o Lembrar que hipomimia facial não é um critério para a síndrome de Parkinson. Diagnóstico Etapas para o Diagnóstico • Diagnóstico é essencialmente clínico - não existe um exame para a doença de Parkinson • Ressonância magnética - serve para afastar causas secundárias • São 3 etapas para o diagnóstico ─ Primeira etapa: Tem que definir se o paciente tem uma síndrome parkinsoniana. Bradicinesia, instabilidade postural, rigidez extrapiramidal e tremor em repouso. ─ Segunda etapa: Excluir outras causas para parkinsonismo secundário – ressonância ─ Terceira etapa: Tem que ter uma resposta terapêutica positiva com o uso de levodopa (padrão ouro) - Se o paciente não responder muito bem ao tratamento - pensar em outra hipótese • Critérios necessários para o diagnóstico de DP o Bradicinesia o Rigidez muscular. o Tremor de repouso. o Instabilidade postural. Fisiologia da Dopamina • Pricipal agente na doença de Parkinson - temos que repro a dopamina • Para saber o tratamento, precisa-se entender a fisiologia da dopamina: o No estriado, a dopamina é sintetizada a partir da tirosina. o A L-tirosina é convertida em L-dopa pela tirosina-hidroxilase. o L-Dopa é convertida em dopamina pela dopa-descarboxilase. o Dopamina é armazenada em vesículas (pré-sináptico). o A dopamina tem dois “caminhos”: • 1. Ligar nos receptores pós sinápticos. • 2. Recaptada na membrana pré-sináptica. • Ao mesmo tempo pode ser metabolizada pelas: monoamina oxidase (MAO) e catecol-O-metil- transferase (COMT). • A administração de L-dopa fornece o precursor imediato para a síntese da dopamina • é rapidamente absorvida no intestino delgado. • pode ser metabolizada pela dopa-descarboxilase presente em vários tecidos corporais causando efeitos colaterais • vai ser metabolizada também em outros locais – não só no SNC • existem os inibidores periféricos da dopa-descarboxilase - diminuir o efeito colateral da ação periférica da dopamina, permitindo que essa dopamina atua somente no SNC. • ela pode ser metabolizada pela MAO e pela COMT • A carbidopa e a benserazida são INIBIDORES PERIFÉRICOS DA DOPA DESCARBOXILASE (DDC), que reduzem o metabolismo periférico da levodopa para dopamina, resultando em um aumento da quantidade de levodopa disponível no cérebro. Tratamento • Para o tratamento: objetivo de aumentar a dopamina no SNC o Não poderíamos aumentar a concentração de dopamina? o Não poderíamos diminuir a degradação de dopamina? o Não poderíamos diminuir a ação da DOPA periférica, aumentando assim a dopamina? o Benserazida e carbidopa : inibem dopa- descarboxilase periférica o inibidores da MAO, entacapone (inibidor da COMT) • L-Dopa: PADRÃO-OURO o Administração de L-Dopa fornece o precursor imediato para a síntese de dopamina. o L-Dopa é rapidamente absorvida no intestino delgado → pode ser metabolizada pela dopa-descarboxilase presente em vários tecidos corporais → efeitos colaterais. ▪ Por isso, associa-se ao tratamento inibidores periféricos da dopa-descarboxilase → aumenta a atividade da L-Dopa a nível de SNC - temos a carbidopa (Parkidopa) e benserazida (Prolopa, Eksson). o Não é capaz de reduzir a velocidade da doença. o Melhora evidente da rigidez e da bradicinesia. o Pode ser prescrita com outras drogas anti-parkinsonianas. o Combinado a um inibidor periférico da dopa descarboxilase aumenta a potência terapêutica. o Existe a levodopa de ação prolongada - (Prolopa HBS) - duração maior com menor disponibilidade no plasma. O paciente toma antes de dormir e vai atuar mais pela manhã. o Prescrever nas fases iniciais? ***VER COMPLICAÇÕES MAIS ABAIXO*** o Prolopa é a levodopa mais a benserazida • Inibidores periféricos da dopa-descarboxilase: carbidopa e benserazida. o Prolopa: já vem a L-Dopa com a benserazida. o Parkidopa: já vem a L-Dopa com a carbidopa. o Diferença entre os dois: efeitos colaterais, dependentes de cada paciente • Inibidores da MAO: selegelina, rasagilina - inibe a degradação de dopamina o Inibidores da MAO-B. o Podem ser iniciados em estágios iniciais da doença, com a finalidade de “poupar” a levodopa. o Diminuem a degradação de dopamina. o Aumentam a concentração na fenda sináptica. o Efeito anti-parkinsoniano mais discreto. o Efeitos colaterais. o Dose: selegelina 10mg/cedo ou 5mg 2x; rasagilina 0,5 a 1mg/dia. • Agonistas dopaminérgicos: pramipexol, rotigotina. o Atuam diretamente no receptor - exercem a função da dopamina na fenda sináptica o Podem ser usados em monoterapia ou terapia conjunta. o Pramipexol: 0,125mg. Dose máxima 4,5g/dia. o Rotigotina transdérmico (1x/dia após o banho). o Efeito adverso mais comum: edema em MMII; pacientes podem apresentar alterações psiquiátricas. • Inibidores da COMT: entacapone. - diminuir a degradaçãode dopamina • Anticolinérgicos: biperideno. o Pouco usados, são menos eficazes. o Podem ajudar no tremor. o Causam bastante efeitos colaterais - (alucinação, confusão mental, boca seca) o Hiperatividade colinérgica compensatória nos núcleos da base (teoria). o Cursa com bloqueio da transmissão colinérgica anormal. o Dose: 3 a 12mg/dia divididos em 2 a 4 tomadas. • Anticolinérgicos e antiglutamatérgicos: amantadina. o Droga dopaminérgica indireta fraca – aumenta liberação de dopamina e bloqueia recaptação. o Propriedades anticolinérgicas e antiglutamatérgicas. o Boa atuação em fases iniciais da doença (com intuito de poupar a levodopa). o Efeito adverso comum: livedo reticular. o Em fases avançadas pode ser usada com a levodopa. o Reduz a gravidade das discinesias. o Dose: Mantadin 100mg 2x/dia. Complicações da terapia – levodopa: • Fase da “lua de mel”: quando iniciado o tratamento com a levodopa, tem-se uma resposta muito boa – “tudo funciona”. o Com o tempo = aumento sucessivo da dose - começam os efeitos colaterais: flutuações, discinesias (que são os picos de dose da L-dopa - movimentos musculares anormais, involuntários, excessivos, diminuídos ou ausentes), congelamento. o Então: prescrever nas fases iniciais? o Tem-se que avaliar todo o contexto individualizado: idade, expectativa de vida, ocupação do paciente o por isso que tentamos “poupar” a levodopa inicialmente - Podemos começar com outro medicamento, principalmente se o paciente tiver menos de 50 anos. o Podemos começar com um pramipexol, depois um inibidor da MAO-B o Mas não tínhamos visto antes que a resposta à levodopa também faz o diagnóstico da doença de Parkinson? Sim, mas se o paciente apresentar uma resposta a esses medicamentos é muito provável que também apresentará uma boa resposta à levodopa. • Wearing-off: deterioração de fim de dose - flutuação o Mais comum (50-80%). o É uma deterioração do fim da dose - as vesículas de dopamina perdem a capacidade de armazenagem. o nota-se diminuição do tempo de ação da levodopa (menor do que 4 horas), fazendo com que o paciente antecipe a próxima tomada da medicação. o é uma flutuação motora relacionada ao uso da levodopa e que surge na fase intermediária da DP (3-5 anos de doença), vai cursar com outro efeito colateral que são as discinesias o Como corrigir: fracionar mais a levodopa, sem aumentar a dose • Fenômeno on-off/efeito “ioiô” – Flutuação o Passa de períodos de completa imobilidade (off) para um estado de mobilidade (on). o Não há relação com as ingestas de levodopa o Pode dar uma prolopa de ação mais prolongada para diminuir esse fenômeno. • Discinesias: 2° efeito colateral mais comum. o São movimentos anormais: coreia, atetose, distonia, mioclonias, tiques. o Acontecem por causa do aumento da dose da levodopa. o As discinesias podem ser: de pico de dose, bifásicas, em onda quadrada, e de período off. o Pico de dose? Pode ser uma causa da discinesia. o O paciente prefere ficar com a discinesia do que ficar “travado”. Como prescrever Levodopa? • Iniciar com baixa dosagem (para avaliar a resposta) • Fracionar várias vezes ao dia, meio de manhã, depois de 4 horas e assim por diante • Tomar longe do alimento, meia hora antes ou meia hora depois • A dose noturna não deve ser feita na hora de deitar nem 30 minutos antes, porque o efeito vai ser desperdiçado. • Tomar 3 a 4 horas antes de dormir • A levodopa HBS pode ser administrada à noite. • Principais medicamentos: o Prolopa e o Eksson (têm ação mais rápida). o Prolopa BD (baixa dosagem) o Prolopa DR (dual release, de ação rápida e lenta) o Prolopa HBS Tratamento cirúrgico • Cirurgia estereotáxica • Talamotomia e a estimulação talâmica: principalmente para o tremor. • Estimulação do NST para bradicinesia e tremor - Quando estimula o NST, libera mais o tálamo, que vai hiperexcitar mais o córtex no final. • Indicação/consideração: é mais preferível que seja feita em pacientes mais jovens, paciente com quadro localizado, tremor unilateral. • A escolha entre uma e outra modalidade depende principalmente do custo. • Tem que individualizar. • Após o procedimento, não necessariamente o paciente ficará sem medicação 3)PARKINSONISMO ATÍPICO OU SÍNDROMES ´´PLUS´´ • É um Parkinsonismo com outras alterações neurológicas; 10% do total dos parkinsonismos • Parkinson Plus → parkinsonismo (manifestações clínicas de uma síndrome parkinsoniana) + outras manifestações neurológicas: 1) Paralisia supranuclear progressiva 2) Atrofia de múltiplos sistemas 3) Degeneração corticobasal 4) Demência de Corpos de Lewy • Principal característica: NÃO RESPONDE À LEVODOPA!!!! No Parkinson a resposta é logo no começo 1)Paralisia supranuclear progressiva • Após os 60 anos - Mais comum em homens; • Queixa principal é instabilidade postural: geralmente cai para trás; quedas frequentes • Tem paralisia supranuclear do olhar vertical, tem dificuldade em olhar para baixo; • Disfunção cognitiva no lobo frontal, distúrbio comportamental, alteração cognitiva é bem comum; • Bradicinesia pode ser testada pelo Finger Test: redução da velocidade dos movimentos; • Sintomas pseudobulbares: disfagia grave e precoce, disartria; • Demência subcortical: alteração da função executiva, apatia, ansiedade, depressão; • Neuroimagem: RNM de crânio → atrofia do mesencéfalo (sinal do beija-flor); • Tratamento: Levodopa tem pouca resposta, medidas de reabilitação, não tem muita opção, agonista dopaminérgico também não tem ação muito boa!!!! 2)Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS) • Indivíduos de meia idade, acima de 40 anos (+ jovens se comparar com parkinson) • Clínica: Parkinsonismo, disautonomia (hipotensão, incontinência), ataxia cerebelar, sinais piramidais; • Tem dois tipos: o Tipo P (80%): Predominam as funções parkinsonianas → rigidez + bracidicinesia o Tipo C (20%): Predominam as funções cerebelares → ataxia da marcha no início da doença • Disautonomia: disfunção erétil em homens, incontinência urinaria em mulheres, hipotensão ortostática; o Hipotensão ortostática (97% dos pctes) é um sintoma importantíssimo!!! Avaliar PA deitado e sentado; • Distúrbio do sono REM: sono agitado com momentos de agressividade; • Neuroimagem: atrofia do putâmen, penduculos cerebelares e ponte, que é o sinal da cruz; • Tratamento: Tem pouca resposta com a Levodopa. Agonistas dopaminérgicos podem piorar a hipotensão. Então faz reabilitação; Instabilidade postural e paralisia do olhar vertical são as principais características Degeneração Corticobasal • Tem mioclonia, sustos; parkinsonismo • Paralisia supranuclear; • Apraxia: incapacidade de fazer as coisas, perde a noção da função de determinado objeto; Por exemplo, sabe que é um pente, mas não consegue utilizá-lo, não consegue pentear o cabelo). • Envolvimento assimétrico; • Membro alienígena → ocorre em 50% dos casos, não reconhece o próprio membro → questão de prova!!! • Tratamento: não há especifico; Questão: Paciente masculino, 72 anos, com queixa de tremor em membro superior direito iniciado há 2 anos, associado com queixa de quedas frequentes. HMP: hipertenso e diabético, utilizando captopril e metformina. Ao exame a PA está normal, nervos cranianos sem alteração, presença de bradicinesia, tremor em membro superior direito e sem instabilidade postural. Qual a melhor conduta? a) Levodopa + beserazida (inibidor periférico da dopa descarboxilase). b) Pramipexol (agonista dopaminérgico). c) Amantadina (função anticolinérgica e antiglutamatérgica). d) Rotigotina (agonista dopaminérgico adesivo). - O referido paciente, após 3 meses de uso da medicação não apresentou melhora dos sintomas. Examinando novamente percebeu-se uma paralisia do olhar vertical. - Deve-se pensar em qual patologia? Paralisia supranuclear progressiva. - Qual a conduta? Substituir por pramipexol (agonista dopaminérgico).- Não devemos aumentar a dose da levodopa, pois o paciente em questão (parkinsonismo atípico) geralmente não responde a esse medicamento. Não devemos substituir por selegilina, pois é um anticolinérgico que pode dar confusão, alucinações (paciente de 72 anos). A amantadina funciona melhor para tremor em paciente com parkinson. A melhor opção é o pramipexol.
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