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A tutela de urgência nos tribunais e contra a Fazenda Pública-mesclado

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A tutela de urgência nos tribunais e 
contra a Fazenda Pública
APRESENTAÇÃO
As tutelas de urgência podem ser cautelares ou antecipatórias e objetivam evitar danos a uma 
das partes devido à duração do processo. O que isso quer dizer? Significa que a tutela de 
urgência visa impedir que o resultado da tutela jurisdicional seja comprometido por causa da 
demora do processo. 
Nas reformas do Código de Processo Civil, de 1973, as medidas de urgência já haviam ganhado 
maior importância, contudo, em 1995, com a publicação da Lei n.° 9.139, as mudanças foram 
mais significativas, permitindo, inclusive, a concessão de efeito suspensivo em recurso de 
agravo, caso ficasse comprovada a presença de perigo de lesão grave e de difícil reparação. 
Ainda, essa tutela provisória também é aplicável contra a Fazenda Pública.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá como são tratadas as tutelas provisórias em 
fase recursal pelos tribunais superiores, como se dá a tutela provisória contra a Fazenda Pública 
e quais as vedações trazidas pelo CPC/15, bem como compreenderá qual o entendimento do 
Superior Tribunal de Justiça acerca de medidas urgentes.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar o tratamento das tutelas de urgência nos tribunais superiores.•
Reconhecer o tratamento processual diferenciado da Fazenda Pública nas tutelas de 
urgência.
•
Definir a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça em relação às tutelas de urgência.•
INFOGRÁFICO
A cognição exauriente consiste em um exame mais aprofundado, em que o juiz analisa todos os 
casos e as hipóteses como forma de clarear seu entendimento. Já a cognição sumária engloba 
uma visão mais transparente acerca do pedido, pois demonstra e evidencia o risco de grave dano 
ou de difícil reparação. 
Quando se fala em cognição exauriente, significa dizer que foi garantida a realização plena do 
exercício do contraditório. Assim, em casos de divergências, há os recursos interpostos aos 
tribunais superiores.
Mas você sabe em quais casos é possível antecipar a tutela provisória? Confira neste 
Infográfico.
CONTEÚDO DO LIVRO
As tutelas provisórias recursais e as tutelas requeridas em primeira instância são distintas entre 
si. Na primeira instância, sua concessão se dá por meio de decisão interlocutória, sendo cabível 
agravo de instrumento, como disciplina o art. 294 do CPC/15. Depois de requerido o agravo de 
instrumento, tendo em vista a rejeição da tutela antecipada, haverá a tutela recursal. Então, em 
nível de apelação, a tutela recursal tem o intuito de acelerar os efeitos da sentença, a fim de 
evitar que seja protelada pela parte vencida com a interposição de recursos. 
No capítulo A tutela de urgência nos tribunais e contra a Fazenda Pública, da obra Direito 
Processual Civil IV, você vai compreender a visão dos tribunais a respeito das tutelas de 
urgência em fase recursal, como se dá a tutela de urgência contra a Fazenda Pública e, ainda, 
entenderá como o Superior Tribunal de Justiça fundamenta suas decisões que dizem respeito às 
tutelas de urgência.
Boa leitura.
DIREITO 
PROCESSUAL CIVIL IV 
Guérula Mello Viero
A tutela de urgência 
nos tribunais e contra 
a fazenda pública
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar o tratamento das tutelas de urgência nos tribunais superiores.
 � Reconhecer o tratamento processual diferenciado da fazenda pública 
nas tutelas de urgência.
 � Definir a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça em relação 
às tutelas de urgência.
Introdução
As medidas de urgência na fase recursal ganharam maior importância a 
partir da década de 1990, com as reformas no Código de Processo Civil 
(CPC) de 1973. Neste capítulo, você vai verificar como os tribunais supe-
riores tratam as tutelas de urgência. Você vai estudar o funcionamento de 
medidas de urgência no que se refere à ação contra a fazenda pública, 
conhecendo também as vedações para a concessão das tutelas provisó-
rias. Por fim, vai ler sobre a posição do Superior Tribunal de Justiça (STJ) 
ao deferir as medidas urgentes e sobre os requisitos exigidos pela Corte.
1 A tutela de urgência e os tribunais
As tutelas de urgência, sejam elas cautelares ou antecipatórias, têm o objetivo 
de evitar danos a quem tem razão devido à duração do processo. Ou seja, 
elas pretendem impedir que a tutela jurisdicional tenha seu resultado com-
prometido por conta do tempo (RIBEIRO, 2003). As tutelas caracterizam-se 
pela sumariedade da cognição, sendo tanto definitivas quanto provisórias. 
As definitivas referem-se à cognição exauriente, pois definem o litígio; já as 
provisórias objetivam assegurar o resultado final do processo, baseadas em 
cognição sumária (RIBEIRO, 2003).
Como explica o ministro Antônio de Pádua Ribeiro, a concretização das 
tutelas de urgência se dá mediante pressupostos de “evidência, aparência, 
plausibilidade do bom direito e o perigo de dano irreparável ou de difícil 
reparação” (RIBEIRO, 2003, p. 183). A concessão pode ser de forma liminar, 
quando não se ouve a parte contrária, ou após oitiva em cognição sumária.
A situação de perigo de dano irreparável ou propósito protelatório pode 
ocorrer quando o processo já está em fase recursal. Assim, “a solução que o 
novo sistema oferece é o pedido de antecipação, que será dirigido ao tribunal 
e será apreciado pelo órgão competente para o julgamento do recurso, ou pelo 
relator, conforme dispuser o regimento interno” (ZAVASCKI, 1995, p. 93 apud 
TUCCI, 2015, documento on-line). Fornaciari Júnior (1996) explica que essa 
tutela antecipatória também pode ser pleiteada no tribunal, cabendo ao relator 
do recurso conhecer o pedido. Ou seja, se os requisitos legais para a concessão 
da tutela de urgência estiverem presentes, haverá obrigação incontornável do 
Estado, visto o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal.
As medidas de urgência na fase recursal ganharam maior importância desde a 
década de 1990, com as reformas no CPC de 1973. Novas possibilidades surgiram 
quando houve a mudança no art. 558 do CPC de 1973, decorrente da Lei nº. 9.139, 
de 30 de novembro de 1995. Tal lei possibilitou a concessão de efeito suspensivo 
em recurso de agravo quando estiver presente o perigo de lesão grave e de difícil 
reparação. Esse efeito suspensivo passou a ser denominado pela doutrina de “efeito 
ativo” (ou “suspensivo ativo”), “quando a mera suspensão da eficácia da decisão 
recorrida não era suficiente para remendar os males decorrentes da passagem do 
tempo” (ASSIS, 2016, documento on-line). Para uma parcela da doutrina, esse 
“efeito ativo” consistia na antecipação da tutela recursal, a qual era aplicada em 
âmbito recursal. Essa expressão acabou sendo englobada pelo art. 527, com redação 
dada pela Lei nº. 10.352, de 26 de dezembro de 2001. Assim, durante a vigência do 
CPC de 1973, analisava-se que, se a antecipação da tutela recursal fosse cabível 
em caso de urgência (art. 273, I, do CPC de 1973), também seria admissível em 
caso de evidência (art. 273, II, do CPC de 1973).
A partir dessas discussões, o CPC de 2015 trouxe alguns elementos rele-
vantes à tutela recursal. Como você já viu, quem aprecia o pedido de tutela 
provisória em matéria recursal é o relator, como dispõe o art. 932, II, do CPC 
de 2015, essencialmente em agravo de instrumento. O art. 995 do CPC de 
2015 estabelece que, em regra, os recursos não possuem efeito suspensivo. 
No entanto, em seu parágrafo único, esse artigo admite a possibilidade de 
o relator suspender a eficácia da decisão “se houver risco de dano grave, de 
A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública2
difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de pro-
vimento do recurso” (BRASIL, 2015, documento on-line). Contudo, somente 
a suspensão da eficácia pode não ser suficiente para afastar o risco. Nesse 
caso, há necessidade deuma providência ativa.
Imagine que o autor da demanda pleiteia uma medida em caráter liminar. O juiz de 
primeiro grau a denega, e o autor, em seguida, ingressa com agravo de instrumento. 
Supondo que ele precise dessa medida com urgência, pleitear efeito suspensivo em 
nada lhe ajudará. Ele precisará que o tribunal, antes mesmo de julgar o agravo, antecipe 
os resultados decorrentes do futuro e do eventual provimento do recurso interposto. 
Em suma, ele precisará que o tribunal (na pessoa do relator, conforme o art. 932, II) lhe 
conceda uma antecipação da tutela pleiteada via recurso, ou seja, uma antecipação 
de tutela recursal (ASSIS, 2016, documento on-line).
O efeito ativo, ou a antecipação da tutela recursal, pode ocorrer tanto em 
agravo de instrumento, como disciplina o art. 558 do CPC de 2015, quanto em 
apelação, independentemente de a sentença ser procedente ou improcedente. 
Em uma sentença procedente, esse efeito ativo permite ao autor antecipar o 
mérito com base na sentença previamente procedente, por meio de uma simples 
petição ao tribunal (arts. 249 e 299 do CPC de 2015). Por outro lado, o efeito 
suspensivo tem o intuito de beneficiar o réu, uma vez que possibilita proibir 
a execução provisória por parte do autor. Já em uma sentença improcedente, 
terminativa ou definitiva, em que haja a decretação da prescrição ou deca-
dência, a tutela recursal permite devolver ao tribunal as questões decididas 
na sentença, impedindo, assim, a coisa julgada. Dessa forma, tem-se a tutela 
com efeito devolutivo (OLIVEIRA; NEGRI, 2018).
Veja o que afirma o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) 
Luiz Fux:
Reconhecida a antecipação como instrumento de efetividade da prestação 
judicial, técnica capaz de vencer a tão decantada morosidade da justiça, 
que afronta os mais comezinhos direitos fundamentais do ser humano, nada 
mais apropriado que delegá-la aos tribunais superiores, os quais, mantendo a 
inteireza do direito nacional, logram carrear para o poder a que pertencem o 
prestígio necessário àqueles que, consoante as sagradas escrituras, possuem o 
sumo sacerdócio da saciar os que têm sede e fome de justiça (FUX, 2001, p. 23).
3A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública
As tutelas provisórias recursais são distintas das tutelas provisórias re-
queridas em primeira instância. Na primeira instância, disciplinada pelo 
art. 294 do CPC de 2015, a concessão ocorre por meio de decisão interlocutória, 
cabendo agravo de instrumento em caso de insatisfação ou contrariedade 
à escolha do magistrado. Com o requerimento do agravo de instrumento, 
em face da rejeição da tutela antecipada, e com o consequente provimento 
desse agravo, haverá a tutela recursal — isto é, a tutela que antes fora rejeitada 
em primeira instância teve nova avaliação e foi procedente em fase recursal. 
Já na apelação, a tutela recursal serviria para acelerar os efeitos da sentença, 
evitando a protelação com interposições de recursos pela parte vencida. Caso a 
tutela seja concedida em apelação que impugna sentença por extinção da ação, 
sem julgamento de mérito ou por error in procedendo, o tribunal rescindirá 
a sentença e encaminhará os autos para a primeira instância prosseguir com 
o processo e o julgamento (OLIVEIRA; NEGRI, 2018).
As tutelas provisórias, em regra, permanecem com sua eficácia enquanto 
estiverem pendentes do processo principal. No entanto, a qualquer tempo elas 
podem ser revogadas ou modificadas, e o procedimento para a revogação 
será o mesmo utilizado para a concessão. Assim, por requerimento do agra-
vante, o relator do agravo de instrumento pode suspender o cumprimento da 
decisão até que haja pronunciamento definitivo da turma ou da câmara em 
casos como: adjudicação, prisão civil, levantamento de dinheiro sem caução 
idônea, remissão de bens, entre tantos outros que possam resultar em lesão 
grave ou de difícil reparação — ou seja, se a execução da decisão agravada 
puder gerar lesão grave ou de difícil reparação, o agravo poderá ser suspenso 
pelo relator (RIBEIRO, 2003).
O mandado de segurança só é cabível para efeito suspensivo de decisão 
judicial, como dispõe a Lei nº. 9.139/1995, após o impetrante ter indeferido 
seu pedido referente aos casos citados no parágrafo anterior. Já para impugnar 
decisão interlocutória, que apresente conteúdo negativo, a via é o agravo de 
instrumento, em que o relator poderá conceder o “efeito suspensivo ativo”, 
como explica Ribeiro (2003).
No que diz respeito às medidas cautelares e à suspensão de segurança, 
Ribeiro (2003) disciplina que uma das primeiras distinções se refere a quem 
examina o pedido. Em caso de medida cautelar, a competência é do relator; 
já nas medidas suspensivas, a incumbência é do presidente do tribunal res-
ponsável pelo exame do recurso cabível. Outra diferença apresentada pelo 
ministro é que a suspensão de liminar ou de sentença só é requerida na tutela 
do interesse público: “Só cabe a requerimento da pessoa jurídica de direito 
A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública4
público interessada e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança 
e à economia públicas (Lei n. 4.348, de 26.6.1964, art. 4º; Lei n. 8.038, de 
28.5.1990, art. 25; Lei n. 8.437, de 30.6.1992, art. 4º)” (RIBEIRO, 2003, p. 184).
O art. 4º da Lei nº. 8.437/1992, ao dispor sobre a suspensão, afirma o 
seguinte: “Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento 
do respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da 
liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes”. Em seu 
§ 1º, o mesmo artigo determina: “Aplica-se o disposto neste artigo à sentença 
proferida em processo de ação cautelar inominada, no processo de ação popular 
e na ação civil pública, enquanto não transitada em julgado” (BRASIL, 1992, 
documento on-line). Como esclarece Ribeiro (2003), a suspensão de segurança 
abrange a suspensão da execução de liminar e da sentença; já a suspensão de 
decisão compreende a suspensão da execução de sentença, no entanto somente 
quando proferida em cautelar inominada, ação popular e ação civil pública.
É importante você considerar que, nas hipóteses mencionadas, a competên-
cia para suspender a decisão é do presidente do STJ quando a causa se fundar 
em matéria infraconstitucional; em casos com fundamento constitucional, 
a competência é do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). O art. 25 
da Lei nº. 8.038/1990 impõe a competência para suspender execução de liminar 
ou decisão concessiva de mando de segurança ao presidente do STJ; contudo, 
ele não possui competência para restabelecer liminar ora cassada.
Com a concessão da liminar por membro do tribunal, o presidente do STJ 
possui competência para apreciar o pedido de suspensão da medida, contanto 
que seja fundado em risco de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à 
economia públicas. Entretanto, isso não afasta o cabimento de agravo para 
examinar eventuais vícios na decisão no âmbito do STJ. Conforme Ribeiro 
(2003, p. 185), ao conceder medida suspensiva, o presidente do STJ deve se 
ater aos limites suficientes para resguardar o interesse público, visto o caso 
concreto, “até o julgamento do agravo pelo Tribunal de Apelação ou até o 
trânsito em julgado da decisão ou do julgamento do recurso especial, a ser 
interposto”.
Contudo, no âmbito do mandado de segurança individual ou coletivo, 
o art. 7º, § 2º, da Lei nº. 12.016, de 7 de agosto de 2009, dispõe que “não será 
concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos 
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a re-
classificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento 
ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza” (BRASIL, 
2009, documento on-line).
5A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública
2 A tutela de urgência e a fazenda pública
A tutela provisória, seja satisfativa ou cautelar, é aplicável contraa fazenda 
pública, como disciplina o art. 1.059 do CPC de 2015, quando o caso em 
questão estiver estabelecido nos arts. 1º a 4º da Lei nº. 8.437/1992 e no art. 7º, 
§ 2º, da Lei nº. 12.016/2009. Assim, o CPC de 2015 manteve substancialmente 
o mesmo regramento em torno da matéria, contudo simplificou e sintetizou 
formalmente o quadro de restrições sobre a tutela provisória contra a fazenda 
pública, dispondo que as únicas leis que a limitam são:
i) as Leis n. 4.348/1964 e n. 5.021/1966 foram explicitamente revogadas (pela 
Lei n. 12.016/2009, art. 29), embora seu conteúdo tenha sido preservado no 
art. 7°, § 2º, da mesma Lei n. 12.016/2009; 
ii) e o art. 1º da Lei n. 9.494/1997 acabou tornando-se desnecessário e foi 
implicitamente revogado, vez que o art. 1.059 do CPC–2015 fez constar a 
extensão de todas essas regras restritivas das cautelares e mandado de se-
gurança às tutelas provisórias em geral contra a Fazenda Pública (DIDIER 
JUNIOR; OLIVEIRA; BRAGA, 2015, p. 631–632).
Dessa forma, a tutela provisória fica proibida contra o poder público quando 
tiver por objeto, como explicam Didier Junior, Oliveira e Braga (2015, p. 632):
a) “a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de 
aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.” 
(art. 7º, § 2º, da Lei n. 12.016/2009);
b) medida “que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação” (art. 1º, 
§ 3º, Lei n. 8.437/1992) — que, na pior das hipóteses, é mera repetição da 
vedação (já mitigada) à irreversibilidade (cf. art. 300, § 3º, CPC), como já 
se disse; e, enfim,
c) a impugnação, em primeira instância, de ato de autoridade sujeita, na via de 
mandado de segurança, à competência originária do tribunal — ressalvados 
a ação popular e a ação civil pública (art. 1º, §§ 1º e 2º, Lei n. 8.437/1992).
No entanto, a constitucionalidade dessas hipóteses é controversa e provoca 
debates entre os doutrinadores. Uma parte da doutrina entende que elas seriam 
inconstitucionais, visto implicarem ofensa à inafastabilidade da tutela jurisdi-
cional; outra parte, contudo, defende a constitucionalidade, pois esses casos 
não apresentariam os requisitos necessários para a concessão da tutela, devido 
à ausência de periculum in mora ou de irreversibilidade (CARLOS, 2017).
A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública6
Entretanto, como ensina Cunha (2016, p. 306),
Não há inconstitucionalidade na vedação. Nas hipóteses previstas em lei, não 
é possível, em princípio, haver a tutela de urgência contra a Fazenda Públi-
ca. Pode, porém, o juiz, demonstrando fundamentadamente que a hipótese 
reclama uma regra de exceção, afastar a norma e conceder medida. O certo, 
e enfim, é que tais restrições reclamam exegese restritiva, somente sendo 
vedada a concessão da tutela de urgência nos casos expressamente indicados 
no dispositivo legal.
Por sua vez, o STF, ao analisar a Ação Declaratória de Constitucionalidade 
(ADC) nº. 4, em 2008, reconheceu a constitucionalidade da Lei nº. 9.494, de 
10 de setembro de 1997, consolidando o entendimento de constitucionalidade 
de tais restrições. No entanto, essas restrições devem ser interpretadas estri-
tamente, ou seja, a concessão de tutela de urgência torna-se possível quando 
não estiver tipificada nos artigos mencionados anteriormente. A seguir, você 
vai conhecer melhor cada um desses artigos (CARLOS, 2017).
No artigo “(In)compatibilidades sistêmicas à concessão de tutela provisória contra o 
Poder Público: a remessa necessária e o regime de precatórios”, Bruno Carlos Pastore e 
outros autores analisam diferentes formas de proteger o Estado no processo, com base 
na interpretação e na aplicação sistêmica do ordenamento jurídico. O artigo pode ser 
lido on-line; para encontrá-lo, faça uma pesquisa no seu mecanismo de busca preferido.
Art. 1º, §§ 1º e 2º da Lei nº. 8.437/1992 — 
ato de autoridade com prerrogativa de foro
O § 1º veda a concessão de “medida cautelar inominada ou a sua liminar, 
quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via do mandado de segu-
rança, à competência originária de tribunal” em primeiro grau de jurisdição 
(BRASIL, 1992, documento on-line). Essa vedação ocorre devido à violação 
de competência, prevista na Constituição Federal, quanto à prerrogativa de 
foro. Mesmo sendo possível interpor mandado de segurança diretamente no 
juízo competente, escolhe-se ajuizar em primeiro grau; nesse caso, conceder 
7A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública
a tutela cautelar seria impor obrigação por juiz incompetente. Contudo, se não 
couber mandado de segurança, a concessão de tutela em face do poder público 
é possível, por juiz de primeira instância, inclusive em ação civil pública e 
ação popular, como disciplina o § 2º do art. 1º (CARLOS, 2017).
Art. 1º, § 3º, da Lei nº. 8.437/1992 — 
irreversibilidade da medida
Esse parágrafo trata da irreversibilidade da medida, visto que dispõe que 
“não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, 
o objeto da ação” (BRASIL, 1992, documento on-line). Dessa forma, note 
que a norma trata da reversibilidade que deve nortear o deferimento da tutela. 
Coadunando, tem-se o art. 300, § 3º, do CPC de 2015. Esse artigo estabelece 
que “a tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando 
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão” (BRASIL, 2015, 
documento on-line).
Art. 1º, § 5º, da Lei nº. 8.437/1992 e art. 7º, § 2º, 
da Lei nº. 12.016/2009 — vedação à compensação 
de créditos tributários e previdenciários
Ambas as leis vedam a compensação de créditos tributários e previdenciários. 
Tendo em vista a irreversibilidade da medida, as normas visam a proteger o 
Estado, pois quando da compensação dificilmente a parte contrária (nesse 
caso, o particular) teria condições de restabelecer o status original. Assim, 
veja as disposições a seguir:
 � Art. 1º, § 5º, da Lei nº. 8.437/1992: “Não será cabível medida liminar 
que defira compensação de créditos tributários ou previdenciários” 
(BRASIL, 1992, documento on-line).
 � Art. 7º, § 2º, da Lei nº. 12.016/2009: “Não será concedida medida liminar 
que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega 
de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou 
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a 
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza” (BRASIL, 
2009, documento on-line).
A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública8
Art. 7º, § 2º, da Lei nº. 12.016/2009 — entrega de 
mercadorias e bens provenientes do exterior
Essa norma também disciplina sobre a entrega de mercadorias e bens prove-
nientes do exterior, os quais são protegidos pelo mesmo motivo dos créditos: 
a irreversibilidade da decisão. Isso significa que a liberação da mercadoria e 
dos bens poderia inviabilizar “eventual cominação de perdimento”, como indica 
o acórdão do Recurso Especial (REsp) nº. 1.184.720/DF, de 2010 (CARLOS, 
2017, documento on-line):
O art. 273, § 2º, do CPC veda a concessão de tutela em situações nas quais haja 
perigo de irreversibilidade do provimento judicial. Frise-se que o desembara-
ço antecipado das mercadorias (kits de cartas de baralho), considerando ser 
possível a venda a varejo, pode impedir eventual cominação do perdimento.
Contudo, não havendo risco e como a apreensão enseja meio indireto de 
cobrança de tributo, é possível conceder tutela de urgência, dados a interpre-
tação restritiva e o entendimento sumulado do STF (s.d., documento online). 
Veja a seguir.
 � Súmula nº. 70: é inadmissível a interdição de estabelecimento como 
meio coercitivo para cobrança de tributo.
 � Súmula nº. 323: é inadmissível a apreensão de mercadorias como meio 
coercitivo para pagamento de tributos.
 � Súmula nº. 547: não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em 
débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e 
exerça suas atividades profissionais.
Além disso,do mesmo art. 7º, § 2º, se extrai que é vedada a tutela de 
urgência em casos de reclassificação ou equiparação de servidores públicos, 
ou na concessão de aumento ou extensão de vantagens. Entretanto, quando se 
tratar de recomposição suprimida, promoção do servidor ou inclusão em curso 
de habilitação, mesmo que haja efeito secundário de concessão de vantagem 
pecuniária, é possível conceder tutela de urgência, como indica a Reclamação 
(Rcl) nº. 8.902 AgR/MG (BRASIL, 2014, documento on-line):
9A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública
A concessão, em sentença de mérito, de antecipação dos efeitos da tutela em 
face do Poder Público não afronta a autoridade da decisão proferida ao exame 
da ADC 4/DF. [...] Tampouco há falar em afronta à autoridade do acórdão 
prolatado na ADC 4/DF quando, no caso da decisão reclamada, a concessão 
de vantagem pecuniária constitui mero efeito secundário de promoção ou 
inclusão em curso de habilitação.
Além das hipóteses de vedação mencionadas, há mais uma constante no 
art. 29–B da Lei nº. 8.036, de 11 de maio de 1990, que trata sobre o Fundo de 
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS):
Não será cabível medida liminar em mandado de segurança, no procedimento 
cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, nem 
a tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do Código de Processo Civil 
que impliquem saque ou movimentação da conta vinculada do trabalhador 
no FGTS (BRASIL, 1990, documento on-line).
Todas as vedações listadas foram ratificadas pelo CPC de 2015, disciplinadas no art. 1.059.
3 A tutela de urgência no STJ
A jurisprudência nos tribunais, possivelmente com inspiração em um pro-
cesso justo, em situações concretas que tenham relação com os provimen-
tos antecipatórios executivos, tem apresentado uma tendência a suprimir os 
efeitos prejudiciais gerados pelo duplo efeito da apelação que é interposta 
contra sentenças improcedentes. Um exemplo disso é o julgamento do Agravo 
Regimental no Agravo de Instrumento nº. 133.843/DF, pela Terceira Turma 
do STJ. Nesse caso, o então ministro Waldemar Zveiter disciplinou: “julgada 
improcedente, no mérito, a demanda de reintegração possessória, impõe-se 
seja a posse restituída a quem dela, por força de liminar, havia sido destituído” 
(TUCCI, 2015, documento on-line).
A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública10
O professor da Universidade de São Paulo (USP) José Rogério Cruz e Tucci 
(2015) explica que o mesmo órgão colegiado consignou, ao julgar o Recurso 
Ordinário em Mandado de Segurança nº. 1.284/RS, que
Reformada a decisão concessiva de liminar em possessória, devem as coisas 
voltar ao estado anterior, tornando a posse do imóvel a quem dela havia sido 
destituído. Irrelevância do fato de a apelação, relativa à sentença que julga a 
ação improcedente, haver sido recebida no duplo efeito, posto que não se trata 
de executá-la provisoriamente (TUCCI, 2015, documento on-line).
Conforme Watanabe (1987, p. 109), isso ocorre devido à cognição plena 
e exauriente que possibilita a solução do conflito de forma mais segura ao 
jurisdicionado. Ademais, atuais e reiterados julgados reafirmam que a con-
cessão da antecipação de tutela na fase recursal somente pode se dar com a 
coexistência de pressupostos legais.
Tucci (2015) ainda traz outro exemplo: de forma análoga à vertente, a 
Terceira Turma do STJ julgou o Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 
nº. 1.121.907/SP, sob relatoria da ministra Nancy Andrighi. Veja:
No direito de família, notadamente quando se trata do interesse de menores, 
a responsabilidade do julgador é redobrada: é a vida da criança que está para 
ser decidida e para uma criança, muitas vezes, um simples gesto implica causar-
-lhe um trauma tão profundo, que se refletirá por toda a sua vida adulta. Por 
esse motivo, toda a mudança brusca deve ser, na medida do possível, evitada. 
Nos processos envolvendo a guarda de menores, a verossimilhança deve ser 
analisada com maior rigor. Tirar a criança do convívio com sua mãe, com 
que esteve sempre, desde o nascimento, é medida que só pode ser adotada 
em casos extremos [...] (TUCCI, 2015, documento on-line).
O STJ tem concedido as medidas cautelares quando estão presentes os 
pressupostos fumus boni iuris e periculum in mora. Como explica Ribeiro 
(2003), as tutelas objetivam a eficácia da decisão a ser proferida no recurso 
especial interposto. Logo, o atendimento ao requisito da aparência do bom 
direito deve ser realizado mediante exame de deliberação sobre a possibilidade 
do êxito do recurso especial. Caso seja inviável ou pouco viável, o pressu-
posto deve ser afastado. Já no que se refere aos danos que decorram da mora, 
o exame deve seguir os princípios que regem a concessão de liminar nas tutelas 
urgentes em geral, considerando, obviamente, os limites do recurso especial.
11A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública
Como destaca Ribeiro (2003, p. 190), “O Superior Tribunal de Justiça tem concedido 
medidas cautelares antes mesmo da publicação do acórdão e, portanto, da interposição 
do recurso especial”.
Muitas vezes, a medida provisória é requerida contra uma decisão decla-
ratória negativa, isto é, que deu improcedência ao pedido. Assim, concede-se 
o efeito suspensivo ativo, visto que apenas a suspensão dos efeitos de uma 
decisão declaratória negativa não resulta em nada na prática. Contudo, em 
caráter excepcional, pode-se conferir efeito suspensivo a um recurso especial 
com o objetivo de garantir a utilidade e a eficácia de uma decisão que possa ser 
favorável ao recorrente, desde que ambos os pressupostos estejam presentes 
(RIBEIRO, 2003).
Você também deve considerar que a Lei nº. 9.756, de 17 de dezembro de 
1998, responsável por introduzir o § 3º no art. 543 do CPC de 1973, disciplinou 
o seguinte (BRASIL, 1973, documento on-line):
O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra 
decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos 
à execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a 
parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para 
as contrarrazões.
Como explica Ribeiro (2003), a jurisprudência tem temperado a retenção 
dos referidos recursos, visto que tem admitido a subida em casos como os 
referentes às decisões concessivas de tutela antecipada. Contudo, como salien-
tado pelo ministro, deve-se ter cuidado ao decidir essas medidas para que a 
decisão não assuma um papel de quase definitividade: “dar efeito suspensivo 
ativo ao recurso especial para conceder decisão antecipatória de tutela, sem 
determinar a subida do recurso especial, prolongará, em demasia, os efeitos da 
medida” (RIBEIRO, 2003, p. 192). Em suma, as tutelas de urgência dão vida 
à função jurisdicional, visto que procuram evitar os desvios e salvaguardar os 
processos da ação do tempo, que muitas vezes pode gerar danos irreversíveis.
A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública12
ASSIS, C. A. Breves notas sobre tutela provisória em matéria recursal no novo CPC. 
Migalhas, Ribeirão Preto, 8 set. 2016. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/
depeso/245196/breves-notas-sobre-tutela-provisoria-em-materia-recursal-no-novo-
-cpc. Acesso em: 18 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Brasília: 
Casa Civil da Presidência da República, 1973. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l5869impressao.htm. Acesso em: 18 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 8.036, de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo 
de Serviço, e dá outras providências. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 
1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8036consol.htm. Acesso 
em: 18 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 8.437, de 30 de junho de 1992. Dispõe sobre a concessão de medidas 
cautelares contra atos do Poder Público e dá outras providências.Brasília: Casa Civil da 
Presidência da República, 1992. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8437.htm. Acesso em: 18 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 12.016, de 7 de agosto de 2009. Disciplina o mandado de segurança indivi-
dual e coletivo e dá outras providências. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 
2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/
l12016.htm. Acesso em: 18 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília: Casa 
Civil da Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Rcl 8902 AgR /MG. Relator(a): Min. ROSA WE-
BER. Julgamento: 05/08/2014. Órgão Julgador: Primeira Turma. Brasília: STF, 2014. 
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CARLOS, Z. Tutela provisória em face da fazenda pública: análise doutrinária e jurispru-
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-analise-doutrinaria-e-jurisprudencial-a-luz-do-novo-cpc. Acesso em: 18 maio 2020.
CUNHA, L. C. A fazenda pública em juízo. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. 912 p.
DIDIER JUNIOR, F.; BRAGA, P. S.; OLIVEIRA, R. A. Curso de direito processual civil, volume 2: 
teoria da prova, direito probatório, decisão, precedente, coisa julgada e tutela provisória. 
10. ed. Salvador: Juspodivm, 2015. 652 p.
13A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública
FORNACIARI JÚNIOR, C. A reforma processual civil artigo por artigo: comentários as mo-
dificações impostas ao Código de processo civil pelas leis 8.455, de 24-8-1992, nova 
estrutura a prova pericial, 8.637, de 31-3-1993, princípio da identidade física do juiz, 
8.710, de 24-9-1993, disciplina da citação. São Paulo: Saraiva, 1996. 245 p.
FUX, L. A tutela antecipada nos tribunais superiores. Revista da Emerj, Rio de Janeiro, v. 4, 
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TUCCI, J. R. C. Fato superveniente e antecipação da tutela recursal na jurisprudência. 
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WATANABE, K. Da cognição no processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987. 136 p.
Leituras recomendadas
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Casa 
Civil da Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 18 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 8.038, de 28 de maio de 1990. Institui normas procedimentais para os 
processos que especifica, perante o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal 
Federal. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 1990. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8038.htm. Acesso em: 04 mai. 2020.
BRASIL. Lei nº. 9.139, de 30 de novembro de 1995. Altera dispositivos da Lei nº 5.869, de 
11 de janeiro de 1973, que institui o Código de Processo Civil, que tratam do agravo 
de instrumento. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 1995. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9139.htm. Acesso em: 04 mai. 2020.
BRASIL. Lei nº. 9.756, de 17 de dezembro de 1998. Dispõe sobre o processamento de 
recursos no âmbito dos tribunais. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 
1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9756.htm. Acesso 
em: 04 mai. 2020.
BRASIL. Lei nº. 10.352, de 26 de dezembro de 2001. Altera dispositivos da Lei no 5.869, de 
11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, referentes a recursos e ao reexame 
necessário. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, 2001. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10352.htm. Acesso em: 04 mai. 2020.
A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública14
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmulas. Brasília: Coordenadoria de Análise de 
Jurisprudência, 2017. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?s
ervico=jurisprudenciaSumula. Acesso em: 18 maio 2020.
FERREIRA, W. S. Breves reflexões acerca da tutela antecipada no âmbito recursal. In: 
ALVIM, E. P. A. et al. (org.). Aspectos polêmicos e atuais dos recursos. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2000. p. 654–693.
PASTORE, B. C. et al. (In)compatibilidades sistêmicas à concessão de tutela provisória 
contra o Poder Público: a remessa necessária e o regime de precatórios. Âmbito Jurídico, 
São Paulo, 11 set. 2019. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-
-processual-civil/incompatibilidades-sistemicas-a-concessao-de-tutela-provisoria-
-contra-o-poder-publico-a-remessa-necessaria-e-o-regime-de-precatorios/. Acesso 
em: 18 maio 2020.
15A tutela de urgência nos tribunais e contra a fazenda pública
DICA DO PROFESSOR
O CPC de 2015, ao falar das tutelas provisórias que podem ser requeridas em fase recursal, não 
faz distinção entre as medidas 
de urgência e de evidência, apenas se refere à tutela como gênero. Sendo assim, se o direito da 
parte estiver evidente e coadunar com 
as hipóteses dispostas no art. 311, é possível a utilização da tutela 
de evidência, inclusive em fase recursal.
Assista à Dica do Professor e saiba mais sobre a aplicação da tutela provisória da evidência na 
fase recursal. 
 
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
A Súmula 729 do STF e o CPC/2015
Leia neste artigo uma análise dos impactos do novo Código de Processo Civil na Súmula 729 do 
STF, identificando as origens dessa súmula e seu uso pela jurisprudência do STF e do STJ.
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Terceira Turma define conceito de decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória 
no CPC
A Terceira Turma do STJ definiu que a decisão interlocutória que versar sobre tutela provisória 
deve abranger as decisões que examinem a presença ou não dos pressupostos, os quais 
justificam o seu deferimento, indeferimento, revogação ou alteração. Leia mais no link a seguir.
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Suspensão em repetitivo não impede apreciação de tutelas de urgência
O Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1657156, decidiu que a suspensão processual em 
virtude de determinação de julgamento de ação sob o rito dos recursos repetitivos não impede a 
concessão de tutelas provisórias urgentes. Leia mais no link a seguir.
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Da legalidade da antecipaçãode tutela contra o Poder Público: controle efetivo dos atos 
administrativos
Neste artigo, o advogado Mauro Roberto Gomes de Mattos explica como funciona a antecipação 
de tutela contra o Poder Público, tanto no âmbito interno como no externo, via Poder Judiciário, 
visto que a finalidade essencial e a característica do controle jurisdicional visam à proteção do 
indivíduo em face da Administração Pública.
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Características e prerrogativas de Direito 
Público Administrativo
APRESENTAÇÃO
Ao estudar o Direito Administrativo a respeito dos contratos públicos que expressam acordos do 
Poder Público com o particular (pessoa física ou pessoa jurídica), é preciso fazer uma 
interpretação da identificação das características e prerrogativas contratuais administrativas para 
formalizar seus termos, a fim de atender a uma finalidade pública. As características gerais e 
especiais dos contratos administrativos, como os contratos administrativos, se assemelham com 
os demais contratos com alguns elementos em comum, e depois especificidades próprias, como 
caráter de contrato de adesão, caráter pessoal, Administração Pública como Poder Pública, 
presença das cláusulas exorbitantes, finalidade pública e mutabilidade. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai verificar a relevância do estudo do Direito Público 
interno da Administração Pública, especificando sobre os acordos que o Poder Público realiza 
com terceiros e que se exteriorizam como contratos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar a relevância das prerrogativas de Direito Público nos contratos administrativos.•
Descrever as características gerais dos contratos administrativos.•
Definir as características especiais aplicadas aos contratos administrativos.•
INFOGRÁFICO
Todo contrato administrativo deve se enquadrar nas características de acordo com a sua natureza 
contratual pública. A Administração Pública, quando faz seus acordos com particulares, deve 
atentar por força de lei que os contratos celebrados estejam com dispositivos de cláusulas que 
assim o tipifiquem. 
Neste Infográfico, saiba quais são as cláusulas especiais dos contratos administrativos.
CONTEÚDO DO LIVRO
A Administração Pública, quando estudada em acordos negociais, precisa se atentar em 
detalhamento de cláusulas que expressem suas prerrogativas, características gerais e especiais, a 
fim de elaborar e formalizar os contratos administrativos de modo juridicamente seguro e 
preciso para a devida execução contratual. 
No Capítulo Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo, da obra 
Licitações e contratos, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, serão abordadas as 
características gerais e especiais dos contratos administrativos.
Boa leitura.
LICITAÇÃO E 
CONTRATOS 
Lúcio Rangel Alves Ortiz
Características e 
prerrogativas de Direito 
Público Administrativo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar a relevância das prerrogativas de Direito Público nos con-
tratos administrativos. 
  Descrever as características gerais dos contratos administrativos.
  Definir as características especiais aplicadas aos contratos 
administrativos. 
Introdução
O Direito Público — mais precisamente o Direito Administrativo — tem regras 
e normas que determinam prerrogativas e características para a concretização 
dos contratos administrativos. A instituição do contrato administrativo pela 
Administração Pública é originária dos contratos privados no Direito Civil, 
sendo que, para os negócios do Estado, teve que adaptar a formalização dos 
acordos até que constituiu os contratos públicos, ou contratos administrativos, 
que seguem regras bem distintas no mundo jurídico privado dos contratos. 
Neste capítulo, você vai ler sobre a relevância do estudo do Direito 
Público interno da Administração Pública e as características gerais e 
especiais dos contratos administrativos. 
1 Identificação das prerrogativas do Direito 
Público nos contratos administrativos
O contrato administrativo é uma espécie de contrato, com características e 
prerrogativas com traços próprios. Ao destrinchar a defi nição de contrato 
administrativo, observamos que os sujeitos ou agentes do contrato, o elemento 
da vontade e o elemento da obrigação convergem na celebração do negócio. 
Para o negócio jurídico ter validade, os elementos citados precisam estar bem 
expressos e indispensáveis para ter suas devidas qualidades indispensáveis. 
Não podemos esquecer que, em todo tipo de contrato, há acordo de von-
tades; portanto, há uma relação jurídica, em que as partes se obrigam, reci-
procamente, a prestações uma para com a outra. Logo, todo contrato é uma 
forma de composição pacífica entre as partes, com traços de capacidade, 
objeto lícito e forma prescrita em lei. O art. 104 do Código Civil aborda essas 
qualidades contratuais:
Art. 104 A validade do negócio jurídico requer:
I — agente capaz;
II — objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III — forma prescrita ou não defesa em lei (BRASIL, 2002, documento 
on-line).
O agente capaz é toda pessoa, física ou jurídica, que tem capacidade de 
vontade, gozo e exercício de direitos e obrigações, sendo legítimo agir em 
seu nome e sua pessoa. Para agir, precisa seguir normas contratuais, legais 
e constitucionais a fim de estar de acordo com a norma jurídica no sentido 
amplo, o que confere e acarreta validar um negócio, logo, um acordo e um 
contrato, seja até contrato administrativo. 
O objeto lícito, possível, determinado ou determinável é a delimitação do 
objeto em si no contrato, seja a entrega de bem, produto ou patrimônio, seja a 
prestação de serviço por tempo determinado, determinável ou indeterminado, 
de modo totalmente legal e lícito. Assim, deve ser de acordo com a lei (normas 
administrativas, normas legais e normas constitucionais, além das estipulações 
contratuais conforme a própria lei) e ser possível, sendo tangível ou intangível, 
e determinado. Assim, deve ser bem delimitado e definido ou determinável, a 
se determinar conforme certa condição ou situação, que pode ser tempo, fase 
ou diante de determinado cenário ou conjuntura. 
A forma prescrita ou não defesa em lei é a forma determinada, expressa, 
explícita e formalizada de acordo com a lei em si (seja legislação ordinária 
ou extraordinária, comum ou especial, seja de conteúdo administrativo ou 
de conteúdo material ou formal na tipificação legal). Para isso, não deve ser 
defeso, ou seja, não deve ser proibido ou vedado por devida norma legal. São 
as cláusulas expressas na formalização do contrato de acordo com a lei. 
Assim, os contratos têm elementos subjetivos e objetivos. Os primeiros se 
referem às partes que celebram o acordo e os segundos se referem a:
Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo2
  termos do contrato;
  seu objeto, seus prazos e suas condições de execução;
  obrigações atribuídas a cada uma das partes contratantes;
  data de sua celebração;
  instância ou fórum de comarca em que será resolvido, caso haja litígios 
judiciais. 
Os contratos administrativos essencialmente têm os mesmos ele-
mentos subjetivos e objetivos dos contratos em geral. Há muito tempo, a 
Administração Pública percebe a necessidade de firmar acordos com
entidades privadas em vista do desempenho de suas atividades, como reali-
zação de obras, aquisição de bens ou prestação de serviços. Os objetivos dos 
acordos de vontade são para atender às demandas internas da Administração 
Pública. O Poder Público sempre precisou da colaboração dos particulares 
para o fornecimento de bens e de serviços. 
Os traços nucleares dos contratos são a consensualidade e a autoridade, que 
impõem aos contratantes vínculos para a devida formalização. Nas relações 
jurídicas entre Administração Pública e terceiros,há situações jurídicas em 
que predomina a unilateralidade do Poder Público. Em outras situações, são 
apenas contratos (os contratos privados da Administração e os contratos 
administrativos atípicos). Para o contrato ter validade eficaz, a formalidade 
é essencial para sua concretude. 
Para saber como se situam os contratos administrativos no mundo do Direito de modo 
geral, acesse o link abaixo.
https://qrgo.page.link/rQx1E
Os contratos administrativos se situam no campo da atuação do Direito 
Administrativo (Direito Público) como um evento humano, considerado ato 
jurídico estrito senso e fato jurídico no sentido amplo do estudo do Direito. 
Em termos específicos dos contratos administrativos, suas características são 
estudadas pelo Direito Administrativo, que são filtradas na sua formalidade e 
disciplina com normas específicas. Segundo Mello (2010, p. 615):
3Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo
Uns e outros estão parificados pelo menos quanto às condições e formalidades 
para estipulação e aprovação, disciplinadas pelo Direito Administrativo do 
que resultam, caso violadas as normas pertinentes, vícios específicos a estas 
figuras; vale dizer: caracterizados de acordo com os princípios e normas do 
Direito Administrativo.
Ditos contratos diferem entre si quanto à disciplina do vínculo. Isto é: enquan-
to os contratos de Direito Privado travados pela Administração regulam-se 
em seu conteúdo pelas normas desta província do Direito — ressalvados os 
aspectos supra-referidos —, os “contratos administrativos” assujeitam-se às 
regras e princípios hauridos no Direito Público, admitida, tão-só, a aplicação 
supletiva de normas privadas compatíveis com a índole pública do instituto.
Para Mello (2010), as formalidades contratuais, na área do Direito Adminis-
trativo, são transformadas para se estipular e aprovar, como natureza de contrato 
administrativo, suas devidas normas, prerrogativas e princípios do próprio Direito 
Administrativo. Os contratos administrativos têm vínculos com particulares quando 
se realizam, sujeitando-se a princípios inerentes do Direito Público Administrativo, 
como também a normas privadas e públicas ao mesmo tempo, o que caracteriza 
um contrato administrativo atípico. Conforme Mello (2010, p. 616) diz:
Ambas as formas de instabilização constituem um direito da Administração, 
ressalvadas a identidade do objeto da avença e a plena garantia dos interesses 
patrimoniais da outra parte. Estas prerrogativas derivariam ou da sistemática 
normativa, que protege acentuadamente determinadas atividades públicas, ou 
de cláusulas “contratuais” concebidas como “exorbitantes”. Tanto poderiam ser 
colhidas nos textos que diretamente regulem a matéria — quando existentes 
— como deduzidas dos princípios retores de certas atividades públicas. Vale 
dizer: ou se reputam implícitas, seja na ordenação normativa, seja no bojo do 
contrato, ou estão realmente explícitas na lei ou em cláusula expressa do contrato.
Portanto, as prerrogativas mostram, no caso, a identidade do objeto do acordo, 
a plena garantia de interesses patrimoniais, a proteção de atividades públicas 
com as cláusulas exorbitantes e os princípios convincentes implícitos e explí-
citos nas regras normativas contratuais nas cláusulas ou na própria legislação. 
Assim, as prerrogativas dos contratos administrativos tornam-se imperativas 
diante de regras e normas do Direito Privado (seja civil ou comercial), o que as 
caracterizam como cláusulas exorbitantes com devida ligação do Poder Público.
As situações jurídicas demonstram que são as cláusulas contratuais que estabe-
lecem os contratos administrativos e que é possível estabelecer relação jurídica em 
algo de instabilização quando se estipulam os objetos contratuais como serviços 
Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo4
públicos. A Administração Pública, em suma, pode dispor do serviço público na 
utilização do bem público e da finalidade pública, o que lhe proporciona prerro-
gativa idônea, além de uma questão característica extracomercial. 
Todo contrato tem seu objeto pelo pacto, conforme se convencionou em 
uma relação jurídica. Ora, em todo contrato administrativo, há uma relação 
jurídica da Administração Pública com um particular, e certas figuras jurídicas 
são submetidas por critérios e princípios distintos. As relações convencionais 
dos contratos administrativos por força legal e o objeto têm posição jurídica 
própria de interesse administrativo. Tendo em mente a identificação dos traços 
contratuais e dos princípios do Direito Público nos contratos administrativos, 
faz-se necessário compreender suas características.
2 Características gerais dos contratos 
administrativos
As características gerais dos contratos administrativos se assemelham com o 
mundo dos contratos privados. Contudo, não devemos confundir as caracte-
rísticas gerais dos contratos administrativos com as características especiais 
dos contratos administrativos. Todo contrato administrativo, então, tem ca-
racterísticas de consensualidade, formalidade, onerosidade, comutatividade 
e pessoalidade. O Quadro 1 apresenta uma dica muito interessante para me-
morizar as características gerais dos contratos administrativos.
CoFOCoI
Co nsensuais
F ormais
O nerosos
Co mutatividade
I ntuitu personae
 Quadro 1. Características gerais dos contratos administrativos 
5Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo
De modo geral, os contratos administrativos — parecidos com os demais 
contratos do Direito Privado (civil e comercial) — são:
  consensuais (de comum vontade e bilaterais); 
  formais (exigido, prescrito e escrito por força de lei); 
  onerosos (exige pagamento em dinheiro pela prestação realizada);
  comutativos (recíprocos entre as partes, de modo que estabelece o 
vínculo da relação jurídica);
  pessoais (intuitu personae), ou seja, o contrato administrativo deve ser 
executado pela própria pessoa do contratante, não podendo terceirizar, 
delegar ou subcontratar total ou parcialmente, salvo autorização por lei 
ou por cláusulas expressas contratuais. 
Assim, o contrato administrativo tem as seguintes características, conforme 
Furtado (2013).
  Consensual — de acordo de vontades, ou seja, cada parte tem vontade 
própria e objetivo de vontade para realizar o contrato de acordo com seu 
interesse, sua vontade e sua necessidade; é o que tipifica a bilateralidade 
da vontade das partes, que podem e buscam negociar seus propósitos e 
suas vontades, fazem negócio de acordos que podem ceder certos pontos 
ou não para alcançar objetivos pretendidos ou determinadas finalidades.
  Formal — não é só o acordo das partes que valida o contrato, mas é 
necessário obedecer aos requisitos legais na formalização dos contratos 
prescritos nos arts. 60 a 62 da Lei nº. 8.666, de 21 de junho de 1993. 
Logo, os contratos devem ser lavrados, escritos e expressos em órgãos, 
unidades ou repartições públicas, de modo organizado e cronológico, 
com devido instrumento formal feito em cartório de notas, e suas vias 
devem ser guardadas no lugar de origem.
  Oneroso — o contrato deve ser remunerado na forma convencionada 
e acordada, com seu devido pagamento estipulado em valor ou valores 
que constam em local apropriado, o que implica, na maioria dos casos, 
que o contrato não é gratuito, ou seja, alguém vai pagar pelos custos da 
formalização, realização e lavratura em repartição pública adequada ou em 
cartório de imóveis, se for o caso de registrar imóvel em escritura pública.
  Comutativo — envolve compensações recíprocas e equivalentes para as 
partes, ou seja, as compensações de que cada parte efetuará na execução 
do contrato e seus equivalentes, que são aditamentos, anexos, planilhas 
e instruções, o que estipula para cada parte sua devida reciprocidade e 
Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo6
equivalência, dando oportunidade para cada parte cumprir o avençado;o princípio da reciprocidade e o princípio cumulativo são decorrentes
da consensualidade e bilateralidade do contrato.
 Sinalagmático — é a reciprocidade de obrigações, ou seja, cada parte
terá que cumprir sua obrigação, conforme o que assinou no contrato,
podendo cada parte esperar que a outra parte cumpra sua obrigação,
por questão legal e de acordo com o interesse de um com o outro, o
que estabelece a relação jurídica de cláusulas com devidos direitos,
obrigações e responsabilidades; o caráter sinalagmático do contrato é
a troca entre as partes por causa do vínculo da reciprocidade.
 De adesão — as cláusulas são impostas unilateralmente por força
legal, o que faz a Administração Pública ser a parte com a devida
supremacia na relação jurídica em relação à parte contratada particular,
o que confere a estipulação das cláusulas exorbitantes, de acordo com
os arts. 55 a 58 da Lei nº. 8.666/1993; isso vai fazer a parte contratada
concordar, pois, caso não concorde, o contrato não prosperará; é um
tipo de relação jurídica em que a Administração Pública tem o direito
supremo e de império sobre terceiros particulares.
 Personalíssimo — exige confiança recíproca entre as partes, ou seja, cada 
parte deve confiar uma na outra para o cumprimento do contrato e não pode 
atribuir a outrem sua devida obrigação de cumprimento, salvo o estipulado
contratualmente. É algo pessoal de cada parte do contrato, e o contrato deve 
representar a melhor proposta entre as apresentadas na negociação para
que cada pessoa intrinsecamente aceite e concorde para validar o contrato.
 Exige licitação prévia — salvo em hipóteses excepcionais previstas
em lei, o procedimento licitatório é exigível e imprescindível para a
formalização dos contratos administrativos, seguindo devidamente todas
as regras legais e os dispositivos preestabelecidos na Lei nº. 8.666/1993 
e estabelecidos no edital do certame de licitação, a fim de proporcionar
a devida legitimidade e o procedimento em prol do interesse público.
Considerando os contratos administrativos, não apenas no sentido da Lei nº. 
8.666/1993, há um sentido próprio e restrito, que, conforme Di Pietro (2015), 
abrange apenas ajustes e convenção entre as partes, no caso, a Administração 
Pública e a parte contratada, de acordo com o regime jurídico administrativo 
que derroga e tem cláusulas exorbitantes, não sendo do Direito comum, se-
guindo totalmente as regras de publicidade do Direito Administrativo. 
Meirelles (1995, p. 194) menciona uma das características principais de 
todo contrato, conforme seu entendimento:
7Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo
Contrato é todo acordo de vontades, firmado livremente pelas partes, para 
criar obrigações e direitos recíprocos. Em princípio, todo contrato é negócio 
jurídico bilateral e comutativo, isto é, realizado entre pessoas que se obrigam 
a prestações mútuas e equivalentes em encargos e vantagens. Como pacto 
consensual, pressupõe liberdade e capacidade jurídica das partes para se 
obrigarem validamente; como negócio jurídico, requer objeto lícito e forma 
prescrita ou não vedada em lei. 
De forma resumida, podemos considerar como características gerais dos 
contratos administrativos:
  consensualidade;
  formalidade;
  onerosidade;
  comutatividade. 
Meirelles (1995), ao conceituar contrato, esclarece que a origem do contrato administra-
tivo é do campo do Direito Privado e que a Administração Pública, ao realizar negócios 
jurídicos, teve que se adaptar para celebrar, formalizar e se resguardar, juridicamente, 
ao consagrar os contratos públicos. 
A teoria geral dos contratos serve também para os contratos administra-
tivos, além de utilizá-la para contratos de natureza do Direito Civil, Direito 
Comercial, Direito Empresarial e Direito Internacional público e privado. 
Meirelles (1995) atenta que todo contrato segue a regra do princípio lex inter 
partes, que, em tradução livre, diz que a lei serve entre as partes para ser 
observada e respeitada. Isso segue como regra geral em um contrato entre a 
Administração Pública e o particular. 
Todo contrato também segue o princípio pacta sunt servanda; ou seja, de 
que se cumpram todos os termos do contrato, que foi assinado, concordado 
e ratificado. Outro princípio decorrente é o rebus sic stantibus; ou seja, em 
tradução livre, “estando assim as coisas”. Assim, reconhece-se o dever moral 
e jurídico da manutenção do equilíbrio econômico e financeiro do contrato, 
devendo ser então promovida a recomposição do equilíbrio inicial, conforme 
Furtado (2013), em relação às características contratuais administrativas. 
Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo8
Por fim, a Administração Pública — por seguir regras estritas e normas 
legais e constitucionais determinantes de procedimentos de celebração dos 
contratos administrativos — está limitada nos requisitos legais rígidos na sua 
formalização e está obrigada a fixar as cláusulas de interesse público. Além disso, 
tem a prerrogativa de rescindir o contrato ou tomar providências para executar 
o contrato de acordo com as necessidades e a finalidade do interesse público. 
Para memorizar as cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos, basta seguir 
o esquema constante no link a seguir.
https://qrgo.page.link/Cnkf1
 As características gerais dos contratos administrativos não correspondem às 
cláusulas exorbitantes. Tais cláusulas exorbitantes correspondem às caracterís-
ticas especiais dos contratos administrativos, o que vai enfatizar a presença da 
Administração Pública com o uso de seu poder de supremacia em relação à parte 
contratada. Por isso, terá privilégios contratuais quando alterar ou rescindir por 
conveniência, discricionariedade e necessidade de utilidade pública.
3 Características especiais dos contratos 
administrativos
Os contratos administrativos têm características especiais, específi cas, por 
causa de sua relevância na relação do Poder Público com os particulares ou 
entes da própria Administração Pública. Essas características são:
  presença da Administração Pública;
  finalidade pública;
  forma prescrita em lei;
  natureza de contrato de adesão;
  natureza intuito personae;
  presença de cláusulas exorbitantes;
  mutabilidade. 
9Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo
As características especiais dos contratos administrativos são abordadas 
a seguir.
Presença da Administração Pública com o Poder 
Público
Nos contratos administrativos, a Administração Pública aparece com uma 
série de prerrogativas que garantem a sua posição de supremacia sobre o 
particular e são expressas precisamente por meio de cláusulas exorbitantes 
ou de privilégios ou de prerrogativas, uma vez que tais cláusulas tipifi cam a 
natureza pública, o poder supremo e imperial da Administração Pública e a 
garantia do interesse da fi nalidade pública.
Finalidade pública
Essa característica está presente em todos os atos e contratos da Administra-
ção Pública, ainda que regidos pelo Direito Privado. Às vezes, pode ocorrer 
que a utilidade direta seja usufruída apenas pelo particular, como ocorre na 
concessão de uso de sepultura, mas indiretamente é sempre o interesse público 
que a Administração deve ter em vista, sob pena de desvio de poder. O caso 
do sepultamento adequado, nos termos da lei, é do interesse de todos e, por 
isso mesmo, colocado sob tutela do Poder Público.
Obediência à forma prescrita em lei
Para os contratos celebrados pela Administração Pública, encontram-se na lei 
inúmeras normas referentes à sua forma, o que é essencial não só por parte do 
interessado, mas também por parte da própria Administração Pública, com a 
devida fi nalidade de controle legal. Além de outras leis referentes a contratos 
específi cos, a Lei nº. 8.666/1993 (BRASIL, 1993) estabelece uma série de leis 
normativas referentes ao aspecto formal, dentro do princípio da legalidade. 
Essas leis serão abordadas a seguir.
Característicase prerrogativas de Direito Público Administrativo10
Normas referentes às exceções dos contratos relativos a direitos 
reais sobre imóveis
Essas normas se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas 
e cartório de imóveis, sendo que os demais contratos serão lavrados nas 
repartições públicas adequadas, as quais manterão arquivo cronológico dos 
seus registros sistematizados e assinados. Assim, somente serão permitidos 
contratos verbais para pequenas compras de pronto pagamento, em que se 
estipula valor não superior a 5% do limite estabelecido no art. 23, II, a, da Lei 
de Licitações, que é o caso de licitação de convite em regime de adiantamento 
(BRASIL, 1993).
Normas publicadas no Diário Oficial
No prazo máximo de 20 dias a contar da data da assinatura do contrato e 
antes disso, o contrato não tem efi cácia. Se ultrapassado o prazo de 20 dias, 
sem publicação, o ajuste negociado deixa de adquirir efeitos e então perde 
a validade. As publicações dos contratos administrativos no Diário Ofi cial 
(seja da União, do Estado, do município, do Poder Executivo, do Poder 
Legislativo e do Poder Judiciário) devem ser perfeitamente publicizados 
para o conhecimento de todos os cidadãos, ou seja, ser acessível a todos os 
interessados.
Norma de formalização do termo de contrato
Para todo contrato ter sua validade, deve ser formalizado com termo de con-
trato, no qual vão ser estipuladas as cláusulas. Ora, o contrato é obrigatório 
em caso de concorrência e de tomada de preços, assim como nas dispensas e 
inexigibilidades compreendidas nas referidas duas modalidades de licitação 
em seu limite, sendo dispensável a critério da Administração Pública e inde-
pendentemente de seu valor.
11Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo
Norma de redação do termo de contrato ou outro instrumento 
equivalente
As condições do instrumento convocatório licitatório deverão ser observadas, já que 
a Lei nº. 8.666/1993 (BRASIL, 1993) assim estabelece, a não ser que haja cláusula 
com dispositivo legal que não prevê a precedente licitação, sob pena de nulidade 
do contrato administrativo, pois, caso aconteça a contratualização que burle os 
demais licitantes, o contrato é nulo. Se o contrato for celebrado sem licitação, deve 
estar assim previsto na Lei das Licitações e no próprio edital para celebração do 
contrato administrativo, a fi m de obedecer aos termos do ato que o autorizou.
Normas obrigatórias de cláusulas consideradas necessárias
Conforme art. 55 da Lei nº. 8.666/1993 (BRASIL, 1993), determinadas cláu-
sulas são consideradas regulamentares, principalmente as que se referem a:
  objeto contratual; 
  forma de execução;
  rescisão; 
  responsabilidade das partes; 
  equilíbrio econômico contratual, principalmente preço e critérios de 
reajustamento. 
Não existe prazo indeterminado e há limite da duração contratual e vigência 
dos créditos orçamentários, exceto quanto (BRASIL, 1993): 
  aos projetos contemplados nas metas do plano plurianual, que poderão 
ser prorrogados se houver interesse da Administração Pública; 
  à prestação de serviços a serem executados de forma contínua com 
vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a Admi-
nistração Pública; 
  ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, 
prorrogável por mais 48 meses após o início da vigência contratual;
  às hipóteses previstas de comprometimento de segurança nacional, compras 
de material para Forças Armadas, bens e serviços de complexidade tecno-
lógica e alianças estratégicas de contratações para construção de ambientes 
especializados e cooperativos de inovação, cujos contratos poderão ter 
vigência por até 120 meses, caso haja interesse da Administração.
Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo12
Procedimento legal
A lei determina procedimentos obrigatórios para a celebração de contratos, 
que podem mudar de uma modalidade para outra, o que compreende medidas 
como (BRASIL, 1993):
  autorização legislativa; 
  avaliação; 
  motivação; 
  autorização pela autoridade competente;
  indicação de recursos orçamentários;
  licitação. 
A própria Constituição Federal contém exigências para o procedimento, 
que exige licitação para os contratos de obras, serviços, compras, alienações 
e concessão de serviços públicos.
A exigência é feita por leis ordinárias, como a Lei nº. 8.666/1993. Quanto 
aos recursos orçamentários, embora a sua indicação deva constar do contrato, 
as cláusulas necessárias são, na realidade, a verificação de sua existência para 
a Administração Pública, como a prévia averiguação de verbas para atender à 
despesa. O procedimento do contrato administrativo segue as regras e normas 
de procedimentos e processos administrativos como regra.
Natureza de contrato de adesão
As cláusulas dos contratos administrativos são fi xadas unilateralmente pela 
Administração Pública, quando há restrição da autonomia de vontade, não 
sendo o contrato, portanto, paritário entre as partes, ou seja, há uma parte de 
maior supremacia em relação à outra, no caso, o Poder Público. O contrato de 
adesão é decorrente do poder do Direito Público, que possui supremacia em 
relação ao Direito Privado, pois o Poder Público é o Estado, que deve agir de 
acordo com a fi nalidade pública. 
Natureza intuitu personae
Todos os contratos por lei exigem ser fi rmados intuitu personae, ou seja, de acordo 
com as condições pessoais do contratado, apuradas no procedimento da licitação. 
É a condição da pessoalidade do contratado e da contratante nos contratos admi-
nistrativos. Por isso, o art. 78, VI, da Lei nº. 8.666/1993 proíbe (BRASIL, 1993):
13Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo
  a subcontratação, total ou parcial, do seu objeto;
  a associação do contratado com terceiro;
  a cessão ou transferência, total ou parcial, salvo se expressamente 
previstas no edital da licitação e no contrato. 
Assim, são proibidas a fusão, cisão ou incorporação que afetem a boa 
execução do contrato. Se descumpridas as regras do contrato intuito personae, 
a rescisão unilateral pode proceder. 
Presença de cláusulas exorbitantes
As cláusulas exorbitantes não são comuns, ou seja, ilícitas em contrato celebrado 
entre particulares, por conferirem prerrogativas a uma das partes (a Administração 
Pública em relação à outra). As cláusulas exorbitantes colocam a Administração 
Pública em posição de supremacia sobre o contratado. Assim, as cláusulas exor-
bitantes constam na Lei nº. 8.666/1993 (BRASIL, 1993). Um exemplo de cláusula 
exorbitante é a faculdade de exigir garantia nos contratos de obras, serviços e 
compras, que está prevista no art. 56, § 1º, da Lei nº. 8.666/1993 (BRASIL, 1993). 
Mutabilidade
Um traço característico marcante do contrato administrativo é a sua mutabilidade, 
que decorre de determinadas cláusulas exorbitantes, ou seja, daquelas que confe-
rem à Administração Pública o poder de alterar as cláusulas regulamentares ou 
rescindir o contrato antes do prazo estabelecido, por motivo de interesse público.
A mutabilidade pode decorrer também por outras circunstâncias, como 
a aplicação das teorias do fato do príncipe e da imprevisão. O assunto é 
analisado por circunstâncias que fazem mutável o contrato administrativo 
e a consequência da referida mutabilidade, com o direito do contratado à 
manutenção de equilíbrio financeiro-econômico. 
O equilíbrio econômico-financeiro se estabelece, no momento da celebração 
do contrato, entre o encargo do contratado e a contraprestação assegurada pela 
Administração Pública. Por isso, a contraprestação é assegurada por parte do 
contratado e não é devida pela Administração Pública, porque nem sempre 
Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo14
é a que paga em determinados contratos. É o usuário do serviço público que 
paga a prestação devida, por meio da tarifa. Um exemplo são os contratos de 
concessão de serviçopúblico.
Meirelles (1995, p. 195) explica as características dos contratos administrati-
vos, quando aborda suas características, distinguindo o contrato administrativo 
dos contratos do Direito Privado:
O contrato administrativo é sempre consensual e, em regra, formal, oneroso, 
comutativo e realizado intuitu personae. É consensual, porque consubstancia 
um acordo de vontades, e não um ato unilateral e impositivo da Administração; 
é formal porque se expressa por escrito e com requisitos especiais; é oneroso 
porque é remunerado na forma convencionada; é comutativo porque estabelece 
compensações recíprocas e equivalentes para as partes; é intuitu personae 
porque deve ser executado pelo próprio contratado, vedadas em princípio, a 
sua substituição por outrem ou a transferência de ajuste. 
Além dessas características substanciais, o contrato administrativo possui 
uma outra que lhe é própria, embora externa, qual seja a exigência da prévia 
licitação, só dispensável nos casos previstos em lei. Mas o que realmente o 
tipifica e o distingue do contrato privado é a participação da Administração 
na relação jurídica com supremacia de poder fixar as condições iniciais do 
ajuste. Desse privilégio administrativo na relação contratual decorre para a 
Administração a faculdade de impor as chamadas cláusulas exorbitantes do 
Direito Comum.
Meirelles (1995) explica as características dos contratos administrativos, 
agregando características gerais às especiais, a fim de demonstrar a nítida 
diferença entre os contratos administrativos e os comuns do Direito Privado. 
Ele frisa as características da consensualidade, formalidade, onerosidade, 
comutatividade e personalíssima (intuitu personae), que são mais gerais dos 
contratos administrativos, que o autor entende que são substanciais. 
Depois, Meirelles (1995) aborda as características mais específicas, 
as especiais dos contratos administrativos, que são a exigência da prévia 
licitação, a supremacia da Administração na relação jurídica e a presença 
de cláusulas exorbitantes. As características gerais e especiais dos contratos 
administrativos complementam umas às outras, o que faz a tipificação 
jurídica ser exclusiva dos contratos da Administração Pública em seus 
negócios jurídicos. 
15Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo
Figura 1. Características dos contratos administrativos para melhor elucidação.
Fonte: Contratos... (2019, documento on-line).
Assim, os contratos administrativos, por possuírem características es-
peciais, devem ser bem elaborados, celebrados com a devida atenção e bem 
observados, conforme a legislação e as normas que os regulamentam, a fim 
de não serem anulados ou extintos por invalidade ou ineficácia. Além disso, 
todo gestor público deve agir com eficiência e cuidado, pois o Poder Público 
deve primar pelo bom andamento dos negócios do Estado. 
Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo16
BRASIL. Lei nº. 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da 
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração 
Pública e dá outras providências. Diário Oficial da União, 22 jun. 1993. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 17 fev. 2020.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da 
União, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 17 fev. 2020.
CONTRATOS administrativos. Blog Entendeu Direito, 2019. Disponível em: https://www.en-
tendeudireito.com.br/topico/10/7/1/contratos-administrativos. Acesso em: 17 fev. 2020.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 27. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2015.
FURTADO, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013. 
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo brasileiro. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 1995.
MELLO, C. A. B. Curso de Direito Administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
17Características e prerrogativas de Direito Público Administrativo
DICA DO PROFESSOR
É importante distinguir as características gerais das características especiais dos contratos 
administrativos, principalmente sobre a pessoalidade (característica intuitu personae). Também 
é preciso não confundir a característica da formalidade das características gerais com a 
característica da obediência à forma prescrita em lei das características especiais dos contratos 
administrativos. 
Na Dica do Professor, aprenda a distinguir e não confundir as características no estudo sobre 
prerrogativas do Direito Público e características dos contratos administrativos. 
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Contratos administrativos: conceitos e características 
Nesta videoaula, o professor Roberto Rezende Amaral explica, de modo didático, os conceitos e 
as características dos contratos administrativos.
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Contratos administrativos: características
Nesta videoaula, a professora Luciana Correa, de modo resumido, aborda as características dos 
contratos administrativos. A aula deve ser vista como revisão dos estudos. 
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Características dos contratos administrativos
Neste artigo, são abordadas as características dos contratos administrativos. O artigo 
complementa o estudo para fixação, compreensão e síntese. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 Contratos administrativos
Neste artigo jurídico, o professor José Carlos de Oliveira explana sobre a definição e as 
características dos contratos administrativos de modo aprofundado, didático e esclarecedor.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Dos crimes contra a administração 
pública estrangeira e contra as finanças 
públicas
APRESENTAÇÃO
O objeto jurídico das infrações contra a administração pública estrangeira é a honestidade nas 
relações do comércio exterior, visando a uma economia mundial, que seja moralmente hígida, 
nas palavras de André Estefam (2018). No que concerne aos crimes de finanças públicas, busca-
se proteger a higidez das contas públicas, a boa gestão da receita decorrente dos tributos, além 
do respeito à legalidade, probidade e moralidade. O sujeito passivo desses crimes é sempre o 
Estado.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá os crimes contra a administração pública 
estrangeira, bem como os contra as finanças públicas. Também, estudará o contexto histórico e a 
importância da tipificação desses delitos, bem como a análise de cada tipo penal, verificando 
uma análise jurisprudencial nesse tipo de delito.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer a importância do estudo dos crimes contra a administração pública estrangeira 
e as finanças públicas. 
•
Analisar os tipos penais dos crimes contra a administração pública estrangeira e as 
finanças públicas. 
•
Explorar a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes contra a 
administração pública estrangeira e as finanças públicas. 
•
INFOGRÁFICO
Para a compreensão dos crimes praticados contra a administração pública estrangeira (arts. 337-
B ao 337-D) do Código Penal, é necessário atentar-se ao conceito de funcionário público 
estrangeiro.
Desse modo, você verá, no Infográfico, o conceito previsto no próprio

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