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ROC - THAGATTY CARNEIRO

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AO JUÍZO DA 3ª VARA FEDERAL DE BRASÍLIA- DF 
 
 
 
 
AUTOS N°: 555769-88.2020 
Recorrente: SALOMON SIMON FRYDMAN 
Recorrido: REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA 
 
 
 
 SALOMON SIMON FRYDMAN, já qualificado nos autos do 
processo n° 555769-88.2020, vem, por intermédio de seu advogado que esta subscreve 
(procuração anexa), vem respeitosamente a este juízo, inconformado com o a r. 
decisão, interpor 
 
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 
 
 Com fulcro no art. 105, inciso II, alínea “b”, CF, conforme razões 
anexas. Requer que seja recebido e processado o presente recurso, encaminhando os 
autos processuais ao Colendo Superior Tribunal de Justiça. 
 
Nestes termos, 
pede e espera deferimento. 
 
Brasília, 06 de dezembro de 2021. 
 
 
 
 
ADVOGADO “…” 
OAB “…” 
 
 
 
 
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 
 
 
 
Protocolo n. 555769-88.2020 
Recorrente: SALOMON SIMON FRYDMAN 
Recorrido: REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA 
ORIGEM: 3ª VARA FEDERAL DE BRASÍLIA – DF 
 
 
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
 
COLENDA TURMA 
ILUSTRES MINISTROS 
 
I. PRELIMINARES 
 O presente recurso é tempestivo e foi interposto no prazo de 15 dias 
contado a partir da intimação nos termos do Art. 1003, §5º. Ademais, segue em anexo 
a guia de custas recursais, conforme Art. 1.007 do CPC. 
 
II – FATOS 
 O recorrente é brasileiro naturalizado, nasceu na França em 12 de 
maio de 1931, pouco antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Em 1940, 
com a ocupação da França pelas tropas nazistas, o ora recorrente afirma que, 
por força de sua etnia judaica, sofreu todo tipo de perseguições e humilhações 
na cidade de Paris, onde habitava. Assim, com pouco mais de nove anos de 
idade viu seu pai ser humilhado, agredido e preso pela Gestapo; 
 Teve de deixar o apartamento onde habitava com sua família, sem 
que lhes fosse dado o direito sequer de recolher seus pertences pessoais; era 
forçado a utilizar, na lapela, a Estrela de Davi, para que fosse sempre identificado 
como judeu, sofrendo com isso inúmeras humilhações nas ruas de sua cidade. 
 Presenciou, com pouco mais de dez anos de idade, seu tio ser 
igualmente agredido e preso por membros da Gestapo; foi, ele mesmo, ainda 
criança, agredido e preso pela polícia alemã; teve sua mãe capturada e morta 
pelo regime nazista; foi privado de estudos e de oportunidades; passou fome, foi 
obrigado a viver escondido e teve, com isso, toda a sua vida comprometida. 
 Diante desse fato, Salomon promoveu ação de indenização por 
danos materiais e morais em desfavor da República Federal da Alemanha. 
Pleiteou, portanto, indenização por dano material e a reparação do dano moral 
sofridos. A ação foi distribuída para 3ª Vara Federal de Brasília, protocolo n. 
555769-88.2020. 
 O MM juiz extinguiu, sem apreciação do mérito, ação por ele 
proposta em face da República Federal da Alemanha. O fundamento foi o de que 
a composição da lide não seria da competência da autoridade judiciária 
brasileira, vide: 
 
O que se constata da narrativa detalhada da inicial é que se pleiteia a 
indenização por danos materiais e morais que o autor, por causa de sua 
ascendência judia, alega ter sofrido, em território estrangeiro, em virtude 
da omissão estatal em seu dever de valorizar a vida humana da 
população civil, mesmo em estado de guerra declarada. Desse modo, 
não resta tipificado qualquer dos elementos previstos no referido 
dispositivo legal para submissão do feito à jurisdição brasileira, visto que 
a ré não possui domicílio no território brasileiro (inciso I), não há, por ora, 
qualquer obrigação de fazer, nem subsunção do Estado Alemão, em 
relação ao autor pelos atos praticados durante a 2ª Guerra Mundial 
(inciso II), e todos os fatos e atos que ensejam a presente ação 
ocorreram em território estrangeiro (inciso III). Ademais, não versa a 
demanda sobre imóvel situado no Brasil ou sobre inventário e partilha de 
bens aqui situados, como dispõe o artigo 89, do mesmo Diploma 
Processual Civil. 
 
 Assim sendo, em razão do error in procedendo proferido no momento em 
que não foi dada liberdade para que o Estado da Alemanha se manifestasse no 
feito. 
 
III. IMUNIDADE RELATIVA E AUSÊNCIA DE CITAÇÃO 
 A Imunidade de Jurisdição consiste no impedimento relativo para 
que um Estado exerça a jurisdição sobre pessoa jurídica de Direito Internacional 
Público, em seus próprios tribunais. É, em suma, os privilégios e garantias dos 
representantes de um país junto ao outro. A limitação da jurisdição para que 
nenhum Estado soberano tenha mais alcance de jurisdição em relação ao 
império de outro. É inegável a relativização da competência de um Estado 
soberano frente ao outro na doutrina majoritária atual. 
 No caso em questão, em que a autoridade judiciária do Brasil 
extinguiu o feito com fundamento em diploma legal brasileiro, caracterizou-se um 
cenário equivocado de competência plena, que sequer permitiu que a autoridade 
alemã se manifestasse no feito. Neste cenário retrógrado de imunidade total de 
um país sobre o outro, o Estado seria soberano frente a todos os demais. 
 Atualmente, essa soberania é dividida e classificada atos de 
império e os atos de gestão, que são classificados da seguinte forma 
 
(...) todo ato praticado em nome da soberania do Estado estrangeiro, na 
qualidade de agente diplomático em outro país, bem como aqueles 
decorrentes de contratos públicos firmados em outro Estado em nome 
do próprio Estado estrangeiro são atos de império desse. Por outro 
lado, os atos de gestão são aqueles nos quais o Estado estrangeiro age 
em outro Estado como particular em atividades tipicamente negociais, 
privadas, que não têm relação direta com a soberania do Estado 
estrangeiro, nem com as suas atividades estritamente diplomáticas ou 
consulares; ou seja, “quando um estado exerce atividade que, por 
natureza, se acha aberta a todos [os particulares do outro Estado]” (Cfr. 
Mello Bolson, A imunidade de Jurisdição do Estado, in Revista LTr, n.º 
35, São Paulo: LTr, p. 600). 
 
 Sendo os atos de império uma decorrência do exercício do direito 
da soberania estatal, estes não permitem a relativização sem a permissão do 
Estado. Mas os atos de gestão admitem a relativização da imunidade de 
jurisdição. Curiosamente, a discussão nos autos se trata sobre atos de gestão, 
os quais não foram devidamente relativizados, ou seja, não foi oportunizada a 
manifestação pelo Estado recorrido. 
 A orientação adotada pelo Ministro Rezek e acolhida pelos demais 
Ministros do Supremo logo foi abraçada pelo E. Superior Tribunal de Justiça, 
inclusive em acórdão da 4ª Turma, relatado pelo Ministro Barros Monteiro, 
encimado pela seguinte ementa 
 
Sofrendo o princípio da absoluta imunidade de jurisdição 
certos temperamentos em face da evolução do direito 
consuetudinário internacional, não é ele aplicável a 
determinados litígios decorrentes de relações rotineiras 
entre Estado estrangeiro e os súditos do país em que o 
mesmo atua, de que é exemplo a reclamação trabalhista. 
Precedentes do STF e do STJ. Apelo a que se nega 
provimento. 
 
 Sendo assim, entende-se que a evolução do direito acarretou a 
limitação da competência dos Estados frente aos demais, o que não ocorreu na 
sentença em que o Brasil decidiu por si só matéria de competência de ambos os 
Estados. 
 O fato é que a imunidade foi relativizada a partir da promulgação 
do State Immunity Act, em 1978 no Reino Unido, em que foi convencionado que 
tal soberania não alcançaria os desdobramentos de toda espécie de interação 
contratual, trabalhista, entre a missão diplomática ou consular e pessoas 
recrutadas in loco, bem como as ações indenizatórias resultantes da 
responsabilidade civil, nos termos dos artigos 4 e 5 da International Legal 
Materials, vol. XVII, 1978, pp. 1123-1125. Sendo assim, a imunidade de 
jurisdição dos Estados estrangeiros passou a comportar certas exceções, bem 
como certospreceitos fundamentais. 
 A independência nacional traz o conceito de soberania política e 
econômica do país, que no presente caso é relativa, uma vez que o recorrido 
deveria exercer a soberania no presente caso; a autodeterminação dos povos 
garante aos Estados o direito de defender a sua existência e condição de 
independente. 
 No caso em tela, é notória a ausência de cooperação entre os 
países, vez que o processo foi extinto mediante a ausência de interesse da 
República Federativa do Brasil, sem a devida manifestação do país igualmente 
competente, contrariando a regra que aufere entendimento majoritário na 
doutrina do Direito Internacional 
 
Quanto, ainda, à imprescindibilidade de citação do Estado estrangeiro 
quando é demandado, considerando-se que “nenhum Estado soberano 
pode ser submetido, contra sua vontade, à condição de parte perante 
foro doméstico” (grifei) (Francisco Rezek, Direito Internacional Público, 
São Paulo: Ed. Saraiva, 1991, p. 175) 
 
 No presente caso, também é possível a aplicação do princípio da 
submissão, decorrente da relativização da imunidade do Estado soberano do 
recorrido. O princípio admite que o Estado estrangeiro exerça sua jurisdição nas 
causas em que as partes aceitarem se submeter a sua jurisdição. Havendo a 
devida citação da República Federal da Alemanha, ocorreria o devido exercício 
de sua competência, motivo pelo qual a sentença deverá ser desconstituída. 
 
IV. PEDIDO 
 Diante do exposto, requerer-se que o presente recurso seja 
CONHECIDO e PROVIDO, e que, consequentemente, seja INTEGRALMENTE 
REFORMADA A SENTEÇA ATACADA para permitir a correta citação e 
manifestação da REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA no feito para, 
querendo, contestar a ação inaugural. 
 
Nestes termos, 
pede e espera provimento. 
 
Brasília, 06 de dezembro de 2021. 
 
ADVOGADO “…” 
OAB “…”

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