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Terapia de Família no Combate à Violência Doméstica

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE 
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A TERAPIA DE FAMÍLIA NO COMBATE À VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
– UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR 
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Por: Maria Regina Rodrigues Gonçalves 
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Orientadora 
Profa. Fabiane Muniz 
 
 
 
 
Niterói 
2009 
 
 
 
 
2
 
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE 
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A TERAPIA DE FAMÍLIA NO COMBATE À VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
– UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR 
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Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do 
Mestre – Universidade Candido Mendes como 
requisito parcial para obtenção do grau de 
especialista em Terapia de Família. 
Por: Maria Regina Rodrigues Gonçalves 
 
 
 
 
 
 
3
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço à grande amiga Lailda 
Buarque de Holanda, que me 
incentivou para que eu fizesse este 
curso de pós-graduação. 
 
Pelo apoio e carinho sempre 
demonstrados, e que fizeram acreditar 
no meu potencial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família (meu esposo e minha 
filha), que, de modo incansável me 
estimulou enormemente para a realização 
deste trabalho. 
 
À ilustre professora, Fabiane Muniz, 
pela enorme contribuição à minha jornada 
de criação desta monografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5
RESUMO 
 
 A violência doméstica e familiar contra a mulher é problema latente na 
sociedade mundial, representando uma das formas mais grave de violação dos 
direitos humanos. A Organização Mundial de Saúde – OMS, chega a tratar a 
questão como grave problema de saúde pública. 
 A parte inicial da presente monografia procura apresentar o leitor à 
problemática da violência, trazendo conceituações e dados históricos sobre o 
problema. 
 Posteriormente, busca-se demonstrar um panorama da violência 
doméstica no Brasil e no Mundo, apresentando-a como verdadeiro problema 
de saúde pública. 
 O terceiro capítulo faz uma ampla análise da evolução legislativa no 
Brasil, sem a pretensão de esgotar o tema, evidenciando a crescente 
preocupação das autoridades com a saúde e proteção da mulher. 
 O último capítulo, por sua vez, explora a terapia de família como um 
meio eficaz de recuperar a auto-estima de mulheres em situação de violência, 
bem como para possibilitar o diálogo com o agressor e a sua recuperação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6
METODOLOGIA 
 
O método utilizado no presente trabalho foi, basicamente, de pesquisa 
bibliográfica, visando filtrar os dados relevantes do tema em livros e no vasto 
material disponível na internet, principalmente no que se refere a pesquisas 
sobre o tema abordado. Buscou-se, assim, alcançar um enfoque teórico para 
fundamentar e delimitar o objeto de investigação. A metodologia teve um 
caráter de pesquisa explorativa, haja vista a necessidade de aprofundar o 
assunto, por meio da análise da legislação brasileira básica, de Tratados 
Internacionais e de trabalhos e pesquisas na seara da psicologia, 
estabelecendo diretrizes para a tese argumentativa que se pretendeu 
defender. 
 
Como fonte de pesquisa básica, portanto, foi utilizado acervo 
bibliográfico nas áreas do direito e da psicologia, bem como estudos 
disponibilizados na Internet, promovendo o debate interdisciplinar pretendido 
na presente monografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO..............................................................................................8 
 
CAPÍTULO I - A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
CONTRA A MULHER – ASPECTOS GERAIS.............................................10 
 
CAPÍTULO II - O QUADRO BRASILEIRO E MUNDIAL 
DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.........................................................18 
 
CAPÍTULO III – ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO PROTETIVA 
DA MULHER EM RELAÇÃO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR.......22 
 
CAPÍTULO IV – A CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA DE FAMÍLIA..................30 
 
CONCLUSÃO...............................................................................................34 
 
REFERÊNCIAS............................................................................................35 
 
 
FOLHA DE AVALIAÇÃO...............................................................................37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8
INTRODUÇÃO 
 
Vários casos de violência doméstica e familiar contra a mulher ocorrem 
diariamente no Brasil. A grande maioria deles, no entanto, fica no 
anonimato, por variados fatores: vergonha, medo, desamparo, etc. Esta 
triste realidade começa a se modificar, no entanto, com o caso emblemático 
que deu origem à Lei nº 11.340/06 – Lei Maria da Penha. 
 
Maria da Penha Fernandes sofreu duas tentativas de homicídio por 
parte do ex-marido. Primeiro, levou um tiro enquanto dormia, sendo que o 
agressor alegou que houve uma tentativa de roubo. Em decorrência do tiro, 
ficou paraplégica. Como se não bastasse, duas semanas depois de 
regressar do hospital, ainda durante o período de recuperação, Maria da 
Penha sofreu um segundo atentado contra sua vida: seu ex-marido, 
sabendo de sua condição, tentou eletrocutá-la enquanto se banhava. 
 
A punição do agressor só se deu 19 anos e 6 meses após o ocorrido. 
Essa situação injusta provocou a formalização de denúncia à Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos da OEA – órgão internacional 
responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de violação 
desses acordos internacionais, pelo Centro pela Justiça pelo Direito 
Internacional (CEJIL) e pelo Comitê Latino-Americano de Defesa dos 
Direitos da Mulher (CLADEM), juntamente com a vítima. 
 
Diante da denúncia, a Comissão da OEA publicou o Relatório nº 54, de 
2001, que dentre outras constatações, recomendou a continuidade e o 
aprofundamento do processo reformatório do sistema legislativo nacional, a 
fim de mitigar a tolerância estatal à violência doméstica contra a mulher no 
Brasil. Essa história ilustra toda a discussão que se deu nesses últimos anos 
a respeito do tema, em que se nota uma preocupação maior da sociedade e 
do Estado. 
 
 
 
 
9
Assim, a possibilidade de apresentar a terapia de família como mais 
uma aliada no combate a este tipo de violência, colocando-a sempre no 
contexto de um necessário trabalho interdisciplinar, é a principal razão deste 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10
 
CAPÍTULO I 
A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
CONTRA A MULHER – ASPECTOS GERAIS 
 
1.1. Conceito de violência 
 
A cada ano que passa, a violência reduz a vida de milhares de pessoas 
em todo o mundo e com isso, prejudica a vida de muitas outras. Ela não tem 
noção de fronteiras geográficas, raça, idade ou renda, atingindo, assim, 
crianças, jovens e idosos. A cada ano é responsável pela morte de milhões de 
pessoas em todo o mundo. Para cada pessoa que morre devido à violência, 
muitas outras são feridas ou sofrem devidoa vários problemas físicos, sexuais, 
reprodutivos e mentais. 
 
Neste primeiro item, tem-se como ponto de partida a controvérsia, a 
complexidade da locução violência. Essa polêmica tem dado causa a muitas 
teorias sociológicas, antropológicas, psicológicas e jurídicas, por isso, a imensa 
dificuldade de um tratamento científico do tema. 
 
O vocábulo violência é composto pelo prefixo vis, que significa força, em 
latim. Lembra idéias de vigor, potência e impulso. A etimologia da palavra 
violência, porém, mais do que uma simples força, a violência pode ser 
compreendida como o próprio abuso da força. Violência vem do latim violentia, 
que significa caráter violento ou bravio. O verbo violare, significa tratar com 
violência; profanar; transgredir, na dicção dos dicionaristas. 
 
É, outrossim, um ato de brutalidade, abuso, constrangimento, 
desrespeito, discriminação, impedimento, imposição, invasão, ofensa, 
proibição, sevícia, agressão física, psíquica, moral ou patrimonial contra 
alguém, e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela ofensa e 
 
 
 
 
11
intimidação pelo medo e terror. Segundo o dicionário Aurélio (2002), violência 
seria ato violento, qualidade de violento ou até mesmo ato de violentar. Do 
ponto de vista pragmático, pode-se afirmar que a violência consiste em ações 
de indivíduos, grupos, classes, nações que ocasionam a morte de seres 
humanos ou que afetam sua integridade física e/ou, a moral, a mental ou a 
espiritual. Em assim sendo, é mais preciso falar-se de violências, pois, se trata 
de uma realidade plural, diferenciada, cujas especificidades necessitam ser 
conhecidas. 
 
Alguns cientistas sociais acreditam que a violência é própria da essência 
humana (no estado de natureza). Enquanto fenômeno estritamente humano, a 
violência não pode ser percebida fora de um determinado quadro histórico-
cultural. Assim como as normas de conduta variam do ponto de vista cultural e 
histórico, a depender, sobretudo, do grupo que está sendo analisado. Atos 
considerados violentos por determinadas culturas não seriam assim percebidos 
por outras, como, por exemplo, as ablações do clitóris das crianças que 
ocorrem diariamente em alguns países de religião islâmica, consideradas 
práticas normais pela maioria da população, diferentemente da população 
ocidental, visto que tais atos são, para esta, de extrema violência, e, portanto, 
violadores dos direitos humanos. Durante muito tempo, os castigos físicos 
infligidos a crianças e negros foram considerados normais, de acordo com 
relatos históricos. Assim, também, ocorria a violência contra a mulher, que era 
considerada, até recentemente, como corriqueira e natural nas relações 
familiares, em virtude do poder que o homem detinha sobre a mulher, em face 
do pátrio poder e do próprio casamento. 
 
Pode-se afirmar que a consequência imediata disso, é que a violência 
pode ser percebida de forma heterogênea e multifacetada, à partir da própria 
estrutura simbólica vigente na sociedade. Verifica-se, ademais, que a 
percepção contemporânea da violência foi ampliada não apenas do ponto de 
vista de sua intensidade, mas, igualmente, na perspectiva de sua própria 
extensão conceitual. 
 
 
 
 
 
12
1.2. Da violência contra a mulher 
 
Como abordado anteriormente, a violência contra a mulher não é 
nenhuma novidade na atual sociedade. Desde os tempos mais remotos a 
violência já se fazia presente, não só no Brasil como também nos demais 
países de cultura reconhecida. A igreja, evidentemente teve uma grande 
influência na idéia de submissão da mulher ao homem. Na Bíblia Sagrada, em 
seu primeiro Livro chamado “Gênesis”, a mulher é criada a partir de uma 
costela do homem, vindo, portanto, depois da existência deste, para fazer-lhe 
companhia. No mesmo Livro bíblico, o primeiro pecado do mundo é provocado 
pelo desejo feminino, e pela desobediência de Eva ao oferecer do fruto 
proibido a Adão. 
 
A descrição da Escritura Sagrada impõe uma condição secundária à 
mulher, e ainda, atribui-lhe a culpa pela quebra do encanto do paraíso! Fato é, 
que, é uma interpretação literal, qual teologicamente não corresponde à 
verdadeira mensagem cristã. Porém, difundiu-se, a partir dessa simples 
interpretação, a condição de submissão feminina, ante a ascendência do 
homem em todas as relações. 
 
Antigamente, as mulheres eram tratadas como propriedade dos 
homens, perdendo assim, a sua autonomia, a sua liberdade e até mesmo a 
disposição sobre seu próprio corpo. Há registros na história de venda e troca 
de mulheres, como se fossem propriamente mercadorias. Eram escravizadas e 
levadas à prostituição pelos seus senhores (maridos). 
 
O século XX foi definitivo para o reconhecimento de um amplo leque de 
direitos humanos, responsável por profundas modificações na conduta dos 
diversos segmentos sociais, em diferentes partes do nosso planeta. 
 
Os frutos históricos colhidos pelos movimentos das mulheres no século 
passado são bastante evidentes. Um dos principais resultados é a positivação 
dos direitos humanos das mulheres junto à estrutura legislativa da ONU e da 
 
 
 
 
13
OEA , por meio de edição de inúmeras Declarações e Pactos, a partir, 
inclusive, de 1948, em que foi publicada a Declaração Universal de Direitos 
Humanos. A partir daí, isto é, desde a Declaração Universal de 1948, o sistema 
patriarcal ocidental passou gradativamente, às legislações posteriores, em 
ordem a reconhecer as diversidades biológica, social e cultural dos seres 
humanos, criando Declarações e Pactos específicos para as mulheres. 
 
Até a década de 1980, no Brasil, e em outros países, o estudo sobre a 
violência contra a mulher tinha como paradigma predominante o fato de tratar-
se de um problema privado, em que as ações do Estado se limitavam à sua 
capacidade de intervenção. A definição de violência contra a mulher mais 
utilizada atualmente, expressa na Conferência de “Beijing”, afirma que é 
qualquer ato de violência que tem por base o gênero, e que resulta ou pode 
resultar em dano ou sofrimento de natureza física, sexual e/ou psicológica, 
incluindo ameaças, a coerção ou a privação arbitrária da liberdade, quer se 
produzam na vida pública, quer na convivência particular. 
 
O referido conceito abrange as mais variadas agressões sob o aspecto 
físico, sexual e/ou psicológico, sendo perpetradas por incontáveis agentes, 
incluindo os de relacionamento íntimo e familiar, e bem assim, por pessoas da 
comunidade em geral, no mais das vezes toleradas e praticadas por agentes 
do Estado. Porém, apesar dos avanços na consolidação dos direitos da mulher 
no mundo, no início do século XXI ainda não se pode dizer que as mulheres 
conquistaram uma posição de igualdade perante os homens. O sexo 
masculino continua desfrutando de maior acesso à educação e a empregos 
bem melhor remunerados. Além disso, a violência física e psicológica contra a 
mulher continua a fazer parte do cotidiano da nossa vida contemporânea. 
 
Populações, que historicamente tiveram seus direitos negados 
passaram a dispor de proteção legal, capaz de assegurar-lhes amplos direitos 
fundamentais. Mulheres, crianças e idosos assumem, cada vez mais, a 
condição própria à dignidade humana e, portanto, de sujeitos de direitos e 
deveres. A dignidade humana, dessarte, e o princípio da igualdade são as 
 
 
 
 
14
molas mestras da ordem jurídica, política e social nos países, e, 
paulatinamente, começam a delinear os contornos de uma nova nação, 
permeando espaços públicos e privados, muito dos quais considerados 
inatingíveis na égide das velhas ordens constitucionais, mormente noBrasil. 
 
Não se pode olvidar que são inegáveis os avanços cognitivos e as 
conquistas obtidas pelo segmento feminino ao longo das últimas décadas do 
século passado, com a ampliação de sua participação na esfera pública, 
expressa pelo ingresso efetivo nos campos de trabalho, cultura e educação. 
Mas, infelizmente, ainda nos dias atuais, são muitas as barreiras para impedir 
a plena inclusão social da mulher. Fato é, tal comportamento está relacionado 
a posições de poder, liderança e negociação, assim como, de ocupação de 
espaços públicos, sobretudo, onde se tem de tomar decisões técnicas, 
científicas, empresariais ou políticas. 
 
No desabrochar do século XXI, lamentavelmente, assistimos a uma 
avalanche de atos de violência que afeta a vida de milhares em seus vários 
estágios de desenvolvimento, acarretando prejuízos, por vezes, irreversíveis à 
saúde física e mental. 
 
Ainda, no que tange ao conceito de violência contra a mulher, 
importante é que se faça a distinção, a saber, à pertinente à violência 
doméstica e familiar, porquanto aparentemente possuem o mesmo significado. 
De fato, a violência contra a mulher é um conceito mais amplo, podendo ser 
considerado crime ou não. É a chamada violência de gênero, pois abrange as 
várias formas de violência, tais como, a violência sexual, a moral, a 
psicológica, a familiar, a doméstica, entre outras. Compreendida na violência 
doméstica e familiar, posto que, consubstanciando uma das modalidades da 
violência contra a mulher. 
 
 
 
 
 
 
 
15
 
1.3. Formas de manifestação da violência contra a mulher 
 
As formas de manifestação da violência contra a mulher estão 
expressas em alguns textos normativos, como, por exemplo, na Lei 11.340 de 
07/08/2006, a qual é fruto da ratificação pelo Brasil da Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, 
conhecida como Convenção de Belém do Pará (1995). 
 
A aludida lei ampliou as formas de manifestação da violência doméstica 
e familiar contra a mulher, além das mais conhecidas e praticadas, que são a 
violência física, psíquica, moral, sexual e patrimonial. 
 
A atitude do legislador foi justa, pois a vítima ficava em uma situação 
difícil em face da sua família, do agressor e, principalmente diante da 
sociedade. Na maioria dos casos de violência contra a mulher existe uma 
relação de dependência econômica e financeira, o que minimiza a violação à 
intimidade. 
 
A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a 
Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará, 1994), prevê que a 
violência contra a mulher abrange a violência física, sexual e psicológica, 
podendo ocorrer ou no âmbito da família, ou da unidade doméstica, ou em 
qualquer relação interpessoal, quer o agressor compartilhe, tenha 
compartilhado, ou não, a mesma residência. Ademais, incluindo-se entre 
outras formas, o estupro, os maus-tratos, o abuso sexual, a tortura, o tráfico de 
mulheres, a exploração da prostituição forçada, dentre outras. 
 
A Recomendação Rec (2002) nº 5 do Conselho da Europa, por sua vez, 
assevera que a violência contra a mulher é a violência perpetrada na família e 
no lar, e, nomeadamente, as agressões de natureza física ou psíquica, os 
abusos de natureza emocional e psicológica, o abuso sexual, o incesto, a 
 
 
 
 
16
violação entre cônjuges, parceiros habituais, parceiros ocasionais ou co-
habitantes, os crimes cometidos em nome da honra, a mutilação de órgãos 
genitais ou sexuais femininos, bem como outras práticas tradicionais 
prejudiciais às mulheres, tais como os casamentos forçados. A violência 
perpetrada pela comunidade em geral, notadamente a violação, o abuso 
sexual, o assédio sexual e a intimidação no local de trabalho, nas instituições 
ou em outros locais, o tráfico de mulheres, com fim de exploração sexual e 
econômica, bem como, o turismo sexual; a violência perpetrada ou tolerada 
pelo Estado ou pelos seus agentes; a violação dos direitos fundamentais das 
mulheres em situação de conflito armado, particularmente, a que a torna 
refém, a deslocação forçada, a violação sistemática, a escravatura sexual, a 
gravidez forçada e o tráfico, com o fim de exploração sexual e econômica. 
 
Após a descrição das várias classificações contidas em Tratados 
Internacionais, e nas doutrinas brasileira e estrangeira, as quais dizem respeito 
aos tipos de violência contra as mulheres, conclui-se, que: 
 
a) Violência física, consistente em atos de cometimento físico sobre o corpo da 
mulher, podendo ser através de tapas, chutes, socos, queimaduras, 
mordeduras, punhaladas, estrangulamentos, mutilação genital, tortura, 
homicídios, incluindo ainda qualquer conduta que ofenda a integridade física 
ou saúde corporal da mulher. 
 
b) Violência psicológica, que é a ação ou omissão destinada a degradar ou 
controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa por 
meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, dentre outras, ou 
seja, é a violência entendida como qualquer conduta que lhe cause dano 
emocional e diminuição da auto-estima. 
 
c) Violência sexual, que se identifica como qualquer atividade sexual não 
consentida, incluindo o assédio sexual, ou seja, é qualquer conduta que 
constranja a mulher a manter conjunção carnal não desejada, mediante 
intimidação,fraude, etc. 
 
 
 
 
17
 
d) Violência moral, consistente no assédio moral, geralmente onde o patrão ou 
chefe agride física ou psicologicamente seu funcionário com palavras, gestos 
ou ações, sendo considerada qualquer conduta que configure injúria, calúnia 
ou difamação. 
 
e) Violência patrimonial, que é aquela praticada contra o patrimônio da mulher, 
sendo muito comum nos casos de violência doméstica e familiar, ou seja, a 
conduta que configura retenção, subtração, destruição dos bens da vítima. 
 
f) Violência institucional, praticada em instituições prestadoras de serviços 
públicos, como hospitais, postos de saúde, escolas, delegacias, no sistema 
prisional, etc. 
 
g) Violência de gênero, praticada em razão de preconceito e discriminação; e 
por fim a violência doméstica e familiar que é a ação ou omissão que ocorre no 
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, 
inclusive as esporadicamente agregadas. É aquela praticada por membros de 
uma mesma família. Vale lembrar que a família fica entendida com indivíduos 
que são ou se consideram parentes, unidos por laços consanguíneos ou por 
afinidade. 
 
 
 
 
 
 
18
CAPÍTULO II 
O QUADRO BRASILEIRO E MUNDIAL 
DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
Apesar de todos os estudos e pesquisas existentes acerca do assunto, 
há ainda quem acredite que a violência ocorra esporadicamente. Todavia, 
segundo pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo (2001), uma em 
cada cinco mulheres brasileiras, isto é, 19%, sofreu algum tipo de violência por 
parte de algum homem. A projeção da taxa de espancamento é de 11% dentre 
61,5 milhões de investigadas, esse percentual representa 6,8 milhões de 
mulheres. Dentre as mulheres que admitiram ter sido espancadas, 31% 
declararam que a última vez em que isso ocorreu foi no período dos 12 meses 
anteriores. 
 
Desta feita, pode-se ponderar que, com base nas pesquisas acerca do 
tema, em cada oito segundos ocorrem pancadarias dentro de casa, totalizando 
3.780.036 por ano; 315.003 por mês; 10.500 por dia; 438 por hora; 7 por 
minuto; a cada 12 segundos ocorre ameaça de espancamentos, totalizando 
2.433.970 por ano; 202.831 por mês; 6.761 por dia; 282 por hora; 5 por minuto; 
a cada 15 segundos umamulher é privada de sua liberdade, totalizando 
1.936.116 por hora; 161.343 por mês; 5.378 por dia; 224 por hora; 4 por 
minuto; a cada 20 segundos ocorrem ameaças à integridade física da mulher 
por arma de fogo, totalizando 1.327.622 por ano; 110.635 por mês; 3.6883 por 
dia; 154 por hora; 3 por minuto; a cada 7 segundos uma mulher é agredida 
com tapas e empurrões, totalizando 4.425.408 por ano; 368.784 por mês; 
12.293 por dia; 512 por hora; 9 por minuto; e a cada 15 segundos por 
espancamento, totalizando 2.286,461 por ano; 190.538 por mês; 6.351 por dia; 
265 por hora; 4 por minuto (Perseu Abramo, 2001). 
 
Importante observar, ademais, que a violência contra a mulher, ao 
contrário do que se possa imaginar, não acontece apenas em países pobres 
 
 
 
 
19
ou em desenvolvimento (emergentes). Vários casos foram difundidos nos 
meios de comunicação em todo o país e no mundo afora, sobre a violência 
contra a mulher. Mesmo em países como Noruega, Dinamarca e Escandinávia, 
que apresentam os melhores índices de equidade de gênero, a violência contra 
a mulher é uma prática cotidiana, prova de que a violência de gênero contra a 
mulher não é uma exclusividade de mulheres pobres latino-americanas (USP, 
2009). 
 
A Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena (1993), constatou 
que, anualmente, o número de mulheres vítimas de violência de gênero é 
maior que o de vítimas dos conflitos armados mundiais. Igualmente, em 1998, 
a Organização Mundial de Saúde – OMS, concluiu que, “[...] a violência contra 
a mulher no lar se registrou em todos os países e ambientes socioeconômicos, 
e as evidências existentes indicam que seu alcance é muito maior do que se 
supunha”. 
 
Por outro lado, estima-se que, no Canadá, uma a cada 4 mulheres sofre 
violência sexual ao longo da vida. Na Argentina, são registrados 6 mil estupros 
por ano. Nos Estados Unidos, anualmente, 1 milhão de mulheres sofrem 
violência doméstica, destas, 30.000 procuram atendimento em prontos-
socorros, 40.000 visitas médicas e 21.000 foram hospitalizadas. Foram 
contabilizados 100.000 dias de internações por ano (OMS, 2009). 
 
Na Europa, também não é diferente. A violência atinge cerca de 4 
milhões de mulheres por ano. Em Londres, por exemplo, 100.000 mulheres 
buscaram tratamento médico devido a lesões sofridas em casa. Na Dinamarca, 
25% dos divórcios requeridos por mulheres têm como causa a violência 
doméstica (OMS, 2009). 
 
Na China, até hoje ainda ocorre o femicídio de meninas recém-nascidas, 
e o aborto de feto do sexo feminino para que sua população seja constituída 
de maioria masculina, pois as mulheres são consideradas ônus para as 
famílias. Em Bangladesh, as meninas recebem alimentação inferior aos 
 
 
 
 
20
meninos. Na Índia, e em algumas tribos e países da África, como no Egito, 
ainda são comuns práticas de mutilação de clitóris das meninas, a fim de lhes 
restringir o desejo e o prazer sexual. Já foram mutiladas mais de 100 milhões 
de mulheres, em 26 países africanos, e a cada ano esse número aumenta em 
dois milhões. A Anistia Internacional estima que cerca de 5 mil mulheres sejam 
mortas anualmente na Índia, na disputa por dotes de noivas. Também relata 
que, nos campos de refugiados, os responsáveis pela distribuição de alimentos 
obrigam as mulheres a fazerem sexo em troca de víveres (Anistia 
Internacional, 2009). 
 
Segundo a UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre 
HIV/AIDS, 2009), as mulheres já representam a metade dos 40 milhões de 
portadores da doença em todo mundo. Ora, isso se deve à violência sexual de 
que são vítimas e, à sua condição de submissão, pois não conseguem 
convencer os parceiros a usarem preservativos. Ainda, segundo a UNAIDS, 
entre 20% e 50% de meninas jovens sexualmente ativas declaram que sua 
primeira relação sexual foi forçada. Em Uganda, por força da difusão da idéia 
de que adolescentes do sexo feminino transmitem menos Aids que as 
mulheres adultas, a taxa de contaminação entre elas é seis vezes maior que 
entre as adolescentes do mesmo sexo. 
 
As mulheres representam 80% do número de refugiados em todo o 
mundo. No México, a violência estrutural, política e de gênero é responsável 
por 50% da emigração daquele país para os Estados Unidos. As mexicanas 
buscam outros espaços para reconstruir sua dignidade e preferem a incerteza 
de seu futuro em um país estranho a permanecerem em situação de violência 
de gênero. 
 
Sucede, ainda, que, o problema da violência interfere diretamente nos 
cofres públicos. As mulheres em situação de violência têm muito mais 
dificuldade de ingressar no mercado de trabalho, e tendem a necessitar de 
medidas e programas assistenciais do governo e, por consequência, aumentar 
estatisticamente a linha da pobreza. A produtividade no trabalho de mulheres 
 
 
 
 
21
vitimadas reduz, e aumenta o índice de aposentadorias, licenças, consultas 
médicas e internações na rede pública, onerando sobremaneira os cofres 
públicos. 
 
De acordo com a pesquisa da Organização Mundial de Saúde (2009), 
crianças de 5 a 12 anos, filhas de mulheres agredidas, desenvolveram 
distúrbios comportamentais como pesadelos, chupar dedos, urinar na cama, 
timidez e agressividade, além de apresentar maior índice de repetência 
escolar. Os filhos podem ainda desenvolver problemas psicológicos e 
reproduzir o comportamento violento vivenciado em família. 
 
Apesar da alarmante estatística acerca dos números de violência contra 
a mulher, no Brasil, em especial, é comum serem repetidos provérbios 
populares como: “roupa suja se lava em casa” ou, “em briga de marido e 
mulher ninguém mete a colher”. Pensamentos como estes levam à omissão 
não só do Poder Público, como da Sociedade, e muitas mulheres continuam 
sendo ameaçadas, feridas, ou mortas, sem que se ouse romper a barreira do 
silêncio e os limites do espaço privado da convivência conjugal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22
CAPÍTULO III 
ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO PROTETIVA DA MULHER 
EM RELAÇÃO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
 
O primeiro passo brasileiro contra esse tipo de violência foi a ratificação 
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra a Mulher – Cedaw (Convention on the Elimination of All Forms of 
Discrimination against Women), em 1º de fevereiro de 1984, com reservas a 
alguns dispositivos. Posteriormente, em 1994, tendo em vista o 
reconhecimento pela Constituição Federal brasileira de 1988 da igualdade 
entre homens e mulheres, em particular na relação conjugal, o governo 
brasileiro retirou as reservas, ratificando plenamente o texto. 
 
O preâmbulo da Convenção assinalou o entendimento dos Estados-
Partes para a concepção do problema da desigualdade de gênero e da 
necessidade de solucioná-lo, ao assinalar que "a participação máxima da 
mulher, em igualdade de condições com o homem, em todos os campos, é 
indispensável para o desenvolvimento pleno e completo de um país, para o 
bem-estar do mundo e para a causa da paz". 
 
Seu apelo maior foi o reconhecimento de que "a discriminação contra a 
mulher viola os princípios de igualdade de direitos e do respeito à dignidade 
humana, dificulta a participação da mulher, nas mesmas condições que o 
homem, na vida política, social, econômica e cultural de seu país, constitui um 
obstáculo ao aumento do bem-estar da sociedade e da família e dificulta o 
pleno desenvolvimento das potencialidades da mulher para prestar serviço ao 
seu país e à humanidade". 
 
O segundo passo adotado pelo Brasil nessa direção foi a ratificação da 
Convenção Interamericana para Prevenir,Punir e Erradicar a Violência contra 
a Mulher – conhecida como "Convenção de Belém do Pará". 
 
 
 
 
23
 
Essa Convenção foi adotada pela Assembléia Geral da Organização dos 
Estados Americanos - OEA, em 6 de junho de 1994, e ratificada pelo Brasil em 
27 de novembro de 1995. O tratado complementa a CEDAW e reconhece que 
a violência contra a mulher constitui uma violação aos direitos humanos e às 
liberdades fundamentais, de forma a limitar total ou parcialmente o 
reconhecimento, gozo e exercício de tais direitos e liberdades. 
 
Seu texto assinala que "a violência contra a mulher é uma ofensa à 
dignidade humana e uma manifestação de relações de poder historicamente 
desiguais entre mulheres e homens", para então concluir que a "adoção de 
uma convenção para prevenir, punir e erradicar toda forma de violência contra 
a mulher, no âmbito da Organização dos Estados Americanos, constitui uma 
contribuição positiva para proteger os direitos da mulher e eliminar as 
situações de violência que possam afetá-las". 
 
Outro importante avanço foi a ratificação pelo Brasil, em 28 de junho de 
2002, do Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação Contra a Mulher (CEDAW), que ofereceu a 
possibilidade de as denúncias individuais serem submetidas ao Comitê. 
 
Esse mecanismo adicional firmado pelo Brasil veio integrar a sistemática 
de fiscalização e adoção de medidas contra Estados signatários desses 
acordos internacionais que estejam condescendentes com casos isolados de 
discriminação e violência contra a mulher. Um desses acontecimentos ganhou 
repercussão internacional: o caso Maria da Penha Maia Fernandes, que expôs 
as entranhas do lento processo judicial brasileiro ao mundo. 
 
Em 29 de maio de 1983, a biofarmacêutica Maria da Penha foi vítima de 
violência praticada por seu ex-marido, que disparou contra ela durante o sono 
e encobriu a verdade afirmando que houve uma tentativa de roubo. 
 
 
 
 
 
24
A agressão – na verdade, uma tentativa de homicídio de seu ex-marido 
– deixou seqüelas permanentes: paraplegia nos membros inferiores. Duas 
semanas depois de regressar do hospital, ainda durante o período de 
recuperação, a Maria da Penha sofreu um segundo atentado contra sua vida: 
seu ex-marido, sabendo de sua condição, tentou eletrocutá-la enquanto se 
banhava. 
 
Entre a prática dessa dupla tentativa de homicídio e a prisão do 
criminoso transcorreram nada menos que 19 anos e 6 meses, graças aos 
procedimentos legais e instrumentos processuais brasileiros vigentes à época, 
que colaboraram demasiadamente para a morosidade da Justiça. 
 
Em razão desse fato, o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional 
(CEJIL) e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher 
(CLADEM), juntamente com a vítima, formalizaram denúncia à Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos da OEA – órgão internacional 
responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de violação 
desses acordos internacionais. 
 
Assim, diante da leniência brasileira com a morosidade do 
processamento dos crimes domésticos contra a mulher, a Comissão da OEA 
publicou o Relatório nº 54, de 2001, em que concluiu o seguinte: 
 
 "(...) a República Federativa do Brasil é responsável da 
violação dos direitos às garantias judiciais e à proteção judicial, 
assegurados pelos artigos 8 e 25 da Convenção Americana em 
concordância com a obrigação geral de respeitar e garantir os 
direitos, prevista no artigo 1º do referido instrumento pela dilação 
injustificada e tramitação negligente deste caso de violência 
doméstica no Brasil. 
 
 Que o Estado tomou algumas medidas destinadas a 
reduzir o alcance da violência doméstica e a tolerância estatal da 
 
 
 
 
25
mesma, embora essas medidas ainda não tenham conseguido 
reduzir consideravelmente o padrão de tolerância estatal, 
particularmente em virtude da falta de efetividade da ação policial 
e judicial no Brasil, com respeito à violência contra a mulher. 
 
 Que o Estado violou os direitos e o cumprimento de seus 
deveres segundo o artigo 7 da Convenção de Belém do Pará em 
prejuízo da Senhora Fernandes, bem como em conexão com os 
artigos 8 e 25 da Convenção Americana e sua relação com o 
artigo 1º da Convenção, por seus próprios atos omissivos e 
tolerantes da violação infligida" 
 
Por fim, o Relatório recomendou a continuidade e o aprofundamento do 
processo reformatório do sistema legislativo nacional, a fim de mitigar a 
tolerância estatal à violência doméstica contra a mulher no Brasil e, em 
especial, recomendou "simplificar os procedimentos judiciais penais a fim de 
que possa ser reduzido o tempo processual, sem afetar os direitos e garantias 
do devido processo" e "o estabelecimento de formas alternativas às judiciais, 
rápidas e efetivas de solução de conflitos intrafamiliares, bem como de 
sensibilização com respeito à sua gravidade e às conseqüências penais que 
gera". 
 
As parcas mudanças promovidas no ordenamento jurídico levaram o 
País a debater profundas alterações na função jurisdicional do Estado para 
redefinir sua atuação na repressão à violência doméstica contra a mulher. 
Entretanto, essa atuação dependeria de um suporte normativo claro e eficaz. 
 
Assim, foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial, integrado pelos 
seguintes órgãos: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) da 
Presidência da República (coordenação); Casa Civil da Presidência da 
República; Advocacia-Geral da União; Ministério da Saúde; Secretaria Especial 
dos Direitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de 
 
 
 
 
26
Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República; 
Ministério da Justiça e Secretaria Nacional de Segurança Pública. 
 
O fruto desse esforço, capitaneado pela SPM, foi o projeto de lei nº 
4.559, de 2004, encaminhado ao Congresso pelo presidente da República em 
3 de dezembro daquele ano. 
 
Muitas inovações foram propostas no PL 4.559/04: definição de 
violência doméstica e familiar contra a mulher em cada uma de suas 
manifestações: física, sexual, psicológica, moral e patrimonial; equiparação 
desse tipo de violência a uma das formas de violação dos direitos humanos; 
alterações no procedimento das ocorrências que envolvam a violência 
doméstica e familiar contra a mulher, quando do atendimento da autoridade 
policial; estabelecimento de amparo à vítima através do atendimento por 
equipe multidisciplinar, formada por profissionais de diversas áreas de 
conhecimento, como psicólogos, assistentes sociais e médicos; participação 
ativa e mais veemente do Ministério Público nas causas envolvendo essa 
forma de violência doméstica e familiar; ampliação das formas de medida 
cautelares em relação ao agressor e de medidas de proteção à vítima com 
efeitos cíveis e penais; acréscimo de nova hipótese de prisão preventiva, 
quando o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, 
qualquer que seja a pena aplicada; entre outras medidas importantes; 
 
Em relação à lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais), o projeto 
originalmente continha soluções de adequação da legislação especial à 
necessidade de rápida resposta judicial e extrajudicial ao problema da violência 
doméstica e familiar contra a mulher, alterando apenas o procedimento do 
Juizado Especial Criminal. 
 
Uma das intenções do Poder Executivo era resgatar o inquérito policial 
previsto no Código de Processo Penal para abolir o Termo Circunstanciado 
previsto na lei nº 9.099/95, objetivando permitir uma visão mais aprofundada 
dosfatos à autoridade judicial. Também se buscou excluir a vedação à prisão 
 
 
 
 
27
em flagrante e permitir a decretação de prisão preventiva, resgatando-se essas 
figuras para os crimes de violência doméstica contra a mulher. 
 
Entre as inovações originalmente propostas, também havia a 
necessidade de uma audiência de apresentação, na qual a vítima seria ouvida 
pelo juiz antes do agressor e, mesmo diante de uma intenção conciliadora, não 
poderia a vítima ser compelida a transacionar. Em hipótese alguma, segundo o 
texto inicial, a audiência poderia ser presidida por servidor que não fosse juiz 
ou bacharel em Direito, além de capacitado na questão desse tipo de violência. 
 
Na audiência de instrução e julgamento do rito criminal especial, foi 
deslocado o momento para proposição da transação penal da primeira para a 
audiência seguinte, visando permitir, nesse intervalo, o encaminhamento da 
vítima à equipe multidisciplinar. 
 
Em relação às sanções, a proposta vedava claramente a aplicação de 
aplicação de penas restritivas de direito de prestação pecuniária, como o 
pagamento de cesta básica, e multa. 
 
A questão da fixação da competência criava um universo concorrente 
entre Juizados Especiais e Varas Cíveis e Criminais, com o dever de 
obediência às normas inovadoras consignadas na proposta. Ao final, abria 
caminhos para a criação de Varas e Juizados Especiais da Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher, com competência cível e penal, visando 
ao atendimento global e emergencial que as demandas exigiriam. 
 
Muito embora esse tenha sido, em linhas gerais, o teor das inovações 
pretendidas pelo Poder Executivo, muitas mudanças à proposta original foram 
implementadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. 
 
A Câmara dedicou-se às alterações de mérito por intermédio de três 
comissões analisadoras. Graças às mais de 14 reuniões, seminários e 
 
 
 
 
28
audiências públicas realizados em todo o País, ao projeto foram incorporados 
os verdadeiros anseios das entidades representativas das mulheres. 
 
O Senado, por sua vez, através unicamente de sua Comissão de 
Constituição, Justiça e Cidadania, promoveu uma verdadeira revisão no 
projeto, então denominado PLC 37, de 2006. Essas mudanças foram 
eminentemente redacionais, objetivando enxugar e harmonizar o texto, 
permitindo sua execução social com clareza e precisão, como, aliás, reza a lei 
complementar nº 95, de 1998. 
 
O projeto divide-se 46 artigos, distribuídos ao longo de 7 títulos: 
 
 1. Título I - Disposições Preliminares; 
 2. Título II - Da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; 
 3. Título III - Da Assistência à Mulher em Situação de Violência 
 Doméstica e Familiar; 
 4. Título IV - Dos Procedimentos; 
 5. Título V - Da Equipe de Atendimento Multidisciplinar; 
 6. Título VI - Disposições Transitórias; e 
 7. Título VII - Disposições Finais. 
 
Dentre os títulos da Lei, hoje já publicada e promulgada sob o n. 
11.340/06, o que se torna mais relevante para o presente estudo é o que trata 
da equipe de atendimento multidisciplinar, que, segundo os arts. 29 a 32, é 
formada "por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de 
saúde" que poderão integrar a estrutura das varas especializadas. Sua função 
é auxiliar e instruir o juízo, o MP e a própria Defensoria Pública, além de 
promover a orientação e o amparo psicossocial às famílias das vítimas, com 
especial atenção às crianças e adolescentes. Essa inovação reflete boas e 
bem sucedidas experiências em JECrim instalados em alguns estados 
brasileiros. 
 
 
 
 
 
29
Tal iniciativa legislativa é digna de aplausos, pois possibilita que 
psicólogos, operadores do Direito e assistentes sociais desenvolvam um 
trabalho conjunto e harmônico, com o fito não somente de reprimir condutas, 
mas, por muitas vezes, verdadeiramente recuperar instituições familiares em 
cheque diante da problemática da violência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV 
 
 
 
 
30
A CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA DE FAMÍLIA 
 
O trabalho terapêutico realizado no campo da violência doméstica, 
primordialmente com os casais, busca a compreensão dos problemas 
enfrentados pelas pessoas envolvidas, o que vai além da definição legal da 
violência e da noção de controle social. Deve considerar uma redefinição dos 
limites sobre o que é considerado aceitável em um relacionamento. Para Brito 
(2003) alguns casais consideram aceitável, até certo ponto, o uso da força 
física ou de ofensas verbais na resolução dos seus conflitos. Outros 
consideram apenas a ameaça desses comportamentos como violentos. 
 
Ao definir os limites do aceitável e do desejável, o casal define os limites 
do acordo de parceria que o constitui. Essa redefinição passa também pela 
compreensão do terapeuta a respeito dos riscos ainda oferecidos à integridade 
física da mulher. Medidas protetivas devem ser acionadas quando identificados 
os riscos. 
 
O processo terapêutico com as vítimas deve considerar que o 
sofrimento de viver em situação de violência doméstica pode configurar um 
sentimento de humilhação, como definido por Safra (2004), em que o individuo 
é impedido da participação plena no campo social, com a presença do sentido 
de inferioridade. Por consequência há o “sentimento de vergonha de si, que 
interdita os gestos que poderiam pôr em marcha a criatividade do paciente, 
tanto no sentido do seu devir, quanto para uma ação política que pudesse vir a 
transformar sua ação (Safra, 2000). Ressalta-se que a culpa e o sentimento de 
desamparo são queixas recorrentes das mulheres submetidas a longos 
períodos de dinâmicas relacionais violentas. 
 
Em relação aos homens agressores, o caráter de ressocialização 
definido pelo atendimento terapêutico no âmbito judicial pode assumir 
contornos de controle social ou a tentativa inocente de estabelecer um diálogo 
pedagógico pelo terapeuta a fim de promover o “convencimento” do autor da 
 
 
 
 
31
violência sobre as desvantagens do seu comportamento. A dinâmica da 
negação do problema, o não reconhecimento da própria agressividade e a 
minimização e justificação das agressões cometidas configuram um quadro 
comum apresentado pelos agressores, como foi mencionado anteriormente. O 
profissional tem diante de si o paciente que cumpre a determinação judicial, o 
que representa uma demanda terapêutica que não é própria e sem a qual ele 
mesmo não buscaria esse tipo de ajuda. Assim, o psicólogo precisa conciliar o 
fato de que houve o delito, existe um histórico de violência sobre o qual é 
necessário trabalhar, mas também a clara noção de que mudança depende do 
entendimento do paciente que existe um problema a ser trabalhado e que o 
mesmo queira mudar. 
 
A possibilidade da criação de um vínculo terapêutico com o homem 
agressor passa pela capacidade do terapeuta em se colocar frente ao paciente 
e estar com o paciente. Para Safra (2004), “Esse modo de estar é não só uma 
condição para o habitar humano, mas é em si uma intervenção, pois qualquer 
paciente, independente da situação existencial ou psíquica que se encontre, é 
capaz de perceber se seu analista está com ele”. O colocar-se frente ao 
paciente permite uma escuta honesta do seu sofrimento manifesto tantas 
vezes em quadros clínicos depressivos, com ideações suicidas, abuso de 
álcool e outras drogas, distúrbios do sono e alimentares, entre várias outras 
sintomatologias observadas no contexto do atendimento terapêutico a homens 
agressores. 
A posturado terapeuta de manter uma escuta respeitosa daquele 
paciente, o entendimento da violência doméstica como um fenômeno 
complexo multifacetado e a capacidade do terapeuta em lidar com a própria 
agressividade subjetiva favorecem a formação do vínculo e a configuração do 
processo terapêutico. 
 
A intervenção pode caminhar então para o sentido da reflexão sobre as 
concepções culturais que definem o homem tomando por base papeis sociais, 
que são pré-definidos, mas não são naturais. Este propósito ganha força 
dentro de grupos terapêuticos reflexivos com homens na situação de 
 
 
 
 
32
agressores, onde são discutidas temáticas relacionadas à violência doméstica 
como o alcoolismo, os estereótipos sociais de gênero, o controle da 
agressividade e a expressão assertiva dos sentimentos, os significados da 
violência, entre outros. O propósito do grupo é propiciar um ambiente vivencial 
e reflexivo baseando-se nos temas e na própria experiência dos homens, 
questionando modelos tradicionais de masculinidade pela desconstrução do 
seu aspecto determinante sobre o que significa ser homem na família e na 
sociedade, de maneira geral. 
 
Quanto às mulheres, é preciso destacar que um dos principais entraves 
à superação da violência contra a mulher é a própria atitude da mulher, seja 
por temor, seja por acreditar que a atitude violenta irá cessar, enfim, por 
diversos motivos a mulher continua sob a agressão durante vários anos e, em 
muitos casos, por toda a vida. 
 
 Devido a diversos traumas psicológicos causados pela violência, 
a mulher muitas vezes esquece ou desconhece seu papel dentro do núcleo 
familiar, tornando-se, assim, uma “presa fácil”. A ajuda psicológica, neste 
sentido, é um grande instrumento, uma vez que, com a auto-estima valorizada, 
a mulher pode reencontrar motivações outras, tanto profissionais como 
pessoais, e visualizar a sua real situação de vítima da violência. Este é o 
primeiro passo para vencer o problema. 
 
 Através da terapia de família, a mulher pode reunir condições de 
promover a sua condição de equidade, ou seja, encontrará as bases para que 
perceba sua igualdade de condições em relação ao homem, e este, por sua 
vez, poderá vislumbrar criticamente sua atitude agressiva, e, com o devido 
auxílio profissional, se propor a modificá-la. 
 
 A promoção da cidadania, com atividades de caráter participativo, 
em especial de movimentos de fortalecimento da família, são outros 
mecanismos extremamente válidos para serem utilizados pelos profissionais 
 
 
 
 
33
que atuam na área, a fim de auxiliar as famílias que passam por um histórico 
de violência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34
CONCLUSÃO 
 
 A violência, em especial contra as mulheres, é fato grave e que merece 
ser repudiado. 
 
 Para que a problemática seja compreendida e solucionada, não se pode 
deixar de observar que a violência está inscrita num quadro de inúmeras 
discriminações contra as mulheres, sejam elas no campo econômico, 
profissional, racial, cultural, político, dentre outros, com efeito direto em suas 
vidas. 
 
 Identificadas as origens da questão, é extremamente importante uma 
análise interdisciplinar, tendo em vista que é muito difícil o resgate de 
indivíduos nessa situação, seja pela resistência da família ou do próprio 
agressor, seja pela própria vítima, por medo e vergonha. 
 
 Neste sentido, a terapia de família pode ser um instrumento de 
recuperação de instituições familiares, atuando até mesmo no âmbito do Poder 
Judiciário, por meio das equipes interdisciplinares dispostas na conhecida Lei 
11.340/06. 
 
 Valorizar a mulher como um ser que precisa de cuidados e que é ainda 
uma das bases do núcleo familiar é uma tarefa que precisa ser orientada por 
profissionais. A eliminação da violência contra a mulher precisa ser tratada 
como sendo condição indispensável para o desenvolvimento da sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35
REFERÊNCIAS 
 
 
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<http://www.amnesty.org/es/campaigns/stop-violence-against-women>. Acesso 
em: 15mai2009. 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: 
promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao_Compil
ado.htm>. Acesso em: 13mai2009. 
 
BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a 
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 
da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana 
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a 
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera 
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá 
outras providências. 
 
BRITO, V. C. A. Nem Crime, Nem Castigo: O Atendimento Psicossocial de 
Casais em Situação de Violencia no Contexto da Justiça Criminal. Tese de 
Doutorado. Brasília: Instituto de Psicologia. Universidade de Brasília. 
Casa Abrigo do Distrito Federal, 2004. 
 
CONFERÊNCIA de Direitos humanos – Viena – 1993. Disponível em: 
<http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/viena/viena.html>. Acesso em: 
20mai2009. 
 
CONVENÇÃO para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, 
Convenção de Belém do Pará. Disponível em: 
<http://www.cidh.org/Basicos/Portugues/m.Belem.do.Para.htm>. Acesso em 
20mai2009. 
 
COSTA, L. F.. Reuniões multifamiliares: uma proposta de intervenção em 
psicologia clinica na comunidade. In: Paz, M. G. T.; Tamayo, A. (orgs.) 
Escola,Saúde e Trabalho: estudos psicológicos. Brasília. Ed. UnB, 1999. 
 
FERRARI, Dalka C. A. e VECINA, Tereza, C. C (orgs.). O fim do silêncio na 
violência familiar. Teoria e prática. São Paulo: Editora Ágora, 2002. 
 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. 
 
 
 
 
 
36
FUNDAÇÃO Perseu Abramo. Núcleo de Opinião Pública. Pesquisa por 
Amostragem sobre o Universo Feminino no Brasil.São Paulo. Ed. Fundação 
Perseu Abramo, 2001. 
 
MILLER, Mary Susan. Feridas invisíveis. Abuso não-físico contra mulheres. 
São Paulo: Summus 1999. 
 
SAFRA, G.. A po-ética na clínica contemporânea. São Paulo: Idéias e Letras, 
2004. 
 
VARELLA, Thiago. Violência contra as mulheres existe em todos os países, 
afirmam especialistas. Disponível em: 
<http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/03/08/ult1859u746.jhtm>. 
Acesso em: 12mar2009. 
 
 
 
 
37
 
FOLHA DE AVALIAÇÃO 
 
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes 
 
Título da Monografia: A terapia de família no combate à violência 
doméstica e familiar contra a mulher – uma abordagem interdisciplinar. 
 
Autora: Maria Regina Rodrigues Gonçalves 
 
Data da entrega: 31 de julho de 2009 
 
Avaliado por: 
____________________________________________________ 
 
Conceito: ______________________________ 
	AGRADECIMENTOS
	SUMÁRIO
	CAPÍTULO I	- A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
	CONTRA A MULHER – ASPECTOS GERAIS.............................................10
	CAPÍTULO II	 - O QUADRO BRASILEIRO E MUNDIAL
	DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.........................................................18
	CAPÍTULO III – ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO PROTETIVA
	DA MULHER EM RELAÇÃO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR.......22
	CAPÍTULO IV – A CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA DE FAMÍLIA..................30
	CONCLUSÃO...............................................................................................34REFERÊNCIAS............................................................................................35
	FOLHA DE AVALIAÇÃO...............................................................................37

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