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DOR Ana Clara Silva Freitas Cefaleias Secundárias: São o sintoma de uma doença subjacente neurológica ou sistêmica. Ex.: meningite, dengue, tumor cerebral. Primárias: Migrânea (enxaqueca) Prevalência entre 30 e 50 anos; Bandeiras vermelhas: Sintomas premonitórios: Precedem a cefaleia por horas ou até dia; Pode apresentar irritabilidade, raciocínio e memorização lentos; Desânimo e avidez por alguns tipos de alimentos. Aura: Sintomas neurológicos que se desenvolve gradualmente (ao longo de 5 minutos) e dura até 60 minutos. Típica: distúrbio visual constituído por pontos de fosfenos, perda ou distorção de um dos hemicampos visuais ou parte deles. As vezes tem associação com disfasia e parestesia unilateral. Aura também pode ser motora, sensorial, da linguagem. A enxaqueca com aura tem sido associada a shunts cardíacos direito-esquerdo. Cefaleia: Forte intensidade, latejante/pulsátil. Piora com as atividades do dia a dia. A duração da fase da dor é de 4 a 72 h; Geralmente, a dor é unilateral e muda de lado de uma crise para outra. Sintomas associadas: Náuseas e/ou vômitos; Foto e fonofobia; Alodínea cutânea. Fase de recuperação: Fase de exaustão requer repouso. DOR Ana Clara Silva Freitas Complicações: Estado migranoso: o Cefaleia intensa que dura mais que 72 h, com intervalos livres inferiores a 12 h; o Associada a náuseas e vômitos; o Leva a desidratação e suas consequências. Infarto migranoso: o Ataque idêntico aos outros episódios, mas os sintomas da aura persistem por mais de 60 minutos o São associados a um infarto demonstrado no exame de neuroimagem. Migrânea crônica: o Frequência diária de crises; o Crises >_15 dias por mês com dor por mais de 3 meses. Fisiopatologia: Está ligada com a depressão alastrante cortical (onda autopropagante de despolarização neuronal e glial que se espalha pelo córtex cerebral). Essa depressão ativa a vias dos aferentes do trigêmeo, que ocasiona alterações inflamatórias nas meninges sensíveis à dor que geram a cefaleia da dor. Fatores precipitantes e exacerbantes: Estresse, menstruarão, estímulos visuais, mudanças climáticas, nitratos, jejum e vinho Fatores desencadeantes; Distúrbios de sono e aspartame desencadeadores de enxaqueca; Movimentos rápidos da cabeça, espirros, esforço para evacuar, movimento constante ou esforço físico agravos. Critérios diagnósticos: Enxaqueca sem aura: o Pelo menos 5 ataques B a D: o Crises de cefaleia com duração de 4 a 72 h (não tratadas ou tradas com sucesso); o Cefaleis com pelo menos uma das seguintes características: localização unilateral, qualidade pulsante; intensidade intensa ou moderada; o Durante a cefaleia, pelo menos um das seguintes: náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. Enxaqueca com aura: o Pelo menos dois ataques preenchendo os critérios B e C; o Um ou mais dos seguintes sintomas de aura totalmente reversíveis: visual, sensorial, fala e/ou linguagem, motor, tronco cerebral e retina; o Quando a aura inclui fraqueza motoraEnxaqueca hemiplégica; o Quando os sintomas vem do tronco cerebralenxaqueca com aura do tronco cerebral; o Quando a aura envolve fenômenos visuais monoculares documentados enxaqueca retiniana. OBS: Os critérios da ICHD-3 para enxaqueca sem aura são os seguintes: A) Pelo menos cinco ataques preenchendo os critérios B a D B) Crises de cefaleia com duração de 4 a 72 horas (não tratadas ou tratadas sem sucesso) DOR Ana Clara Silva Freitas C) A cefaleia tem pelo menos duas das seguintes características: •Localização unilateral •Qualidade pulsante •Intensidade moderada ou intensa da dor •Agravamento por ou evitando atividade física de rotina (por exemplo, caminhar ou subir escadas) D) Durante a cefaleia pelo menos um dos seguintes: •Náuseas, vômitos ou ambos •Fotofobia e fonofobia E) Não melhor explicado por outro diagnóstico ICHD-3 Os critérios da ICHD-3 para enxaqueca com aura são os seguintes: A) Pelo menos dois ataques preenchendo os critérios B e C B) Um ou mais dos seguintes sintomas de aura totalmente reversíveis: •Visual •Sensorial •Fala e/ou linguagem •Motor •Tronco cerebral •Retina C) Pelo menos três das seis características a seguir: •Pelo menos um sintoma de aura se espalha gradualmente por ≥5 minutos •Dois ou mais sintomas ocorrem em sucessão •Cada sintoma de aura individual dura de 5 a 60 minutos •Pelo menos um sintoma de aura é unilateral •Pelo menos um sintoma de aura é positivo •A aura é acompanhada, ou seguida dentro de 60 minutos, por dor de cabeça D) Não melhor explicado por outro diagnóstico ICHD-3 Testes de diagnóstico: A neuroimagem não é necessária, na maioria das vezes; Solicitado em casos de características atípicas de cefaleia ou cefaleias que não atendem à definição estrita enxaqueca ou outro transtorno de cefaleia primária. TC ou ressonância magnética; Situações clínicas que justificam a neuroimagem: o “Primeira ou pior” dor de cabeça; o Mudança significativa recente no padrão da dor de cabeça; o Cefaleia que iniciou após os 50 anos; o Dor de cabeça sempre no mesmo lado; o Não resposta ao tratamento; o Cefaleia de início recente em paciente com câncer ou com HIV; DOR Ana Clara Silva Freitas o Febre, rigidez de nuca, papiledema, comprometimento cognitivo ou alteração de personalidade. Tratamento: Profilaxia da enxaqueca episódica: Indicada para aqueles com enxaquecas frequentes (≥4 dores de cabeça/mês) ou de longa duração (por exemplo, ≥12 horas) e aquelas que causam incapacidade significativa ou diminuição da qualidade de vida); Farmacoterapia + medidas de estilo de vida são a base da prevenção; Betabloqueadores: metroprolol, propranolol e timolol indicados maisem hipertensos não fumantes e < de 60 anos; Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina e venlafaxina indicação para enxaqueca episódica; Anticonvulsivantes: valproato (não utilizar em idade fértil e na gravidez) e topiramato; Antagonistas do CGRP: erenumab, fremanezumab, galcanezumab, etc. OBS: o Iniciar a farmacoterapia sempre em dosagem baixa. O aumento é gradual. o Evitar o uso excessivo de terapias de dor de cabeça aguda. o Opióides não devem ser usados. o Dê ao medicamento escolhido um teste adequado em termos de duração e dosagem. o Considerar as preferências do paciente. o Se a enxaqueca estiver bem controlada, reduza lentamente o medicamento, se possível. Mudanças no estilo de vida: boa higiene de sono, horários de refeições de rotina, exercícios regulares e gerenciamento de gatilhos de enxaqueca. Para pacientes que não respondem a terapia farmacológica acima, sugere-se: o Bloqueadores dos canais de cálcio: verapamil e flunarizina; o Inibidores da enzima conversora da angiotensina/bloqueadores dos receptores da angiotensina; o Gabapentina; o Opções não farmacológicas: exercícios aeróbicos, biofeedback, outras formas de treinamento de relaxamento, terapias cognitivo-comportamentais, acupuntura e neuromodulação. Tratamento agudo: A terapia abortiva (sintomática) da enxaqueca varia desde o uso de analgésicos simples, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) ou acetaminofeno, até triptanos, antieméticos, antagonistas do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), lasmiditano e diidroergotamina . Ataques leves a moderados não associados a vômitos: o Analgésicos simples (AINE’s, acetaminofeno) ou alnagésicos combinados; Ataques leves a moderados associados a vômitos: o Antiemético pode ser usado com alnagésicos simples ou combinados. Ataques moderados a graves não associados a vômitos: o Primeira linha: triptanos orais e a combinação de sumatriptanos-naproxeno. Para os que não toleram triptanos, usa-se um antagonista dopeptídeo relacionado ao gene de calcitonina (CGRP) ou lasmiditano. Ataques moderados a graves associados a vômitos: https://www.uptodate.com/contents/verapamil-drug-information?search=enxaqueca&topicRef=3345&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/flunarizine-united-states-not-available-drug-information?search=enxaqueca&topicRef=3345&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/gabapentin-drug-information?search=enxaqueca&topicRef=3345&source=see_link DOR Ana Clara Silva Freitas o Antiemético ou medicamentos não orais, incluindo sumatriptano subcutâneo, nasal. Estado de enxaqueca (ataques de enxaqueca intratáveis graves): o Combinação de fluidos intravenosos mais medicamentos parenterais, como cetorolaco e um bloqueador do receptor de dopamina. Situações de emergência: o Sumatriptano (subcutâneo); o Antieméticos-bloqueadores dos receptores de dopamina; o Dexametasona (parenteral): reduz a taxa de recorrência precoce da cefaleia. OBS: Ação dos triptanos (agonistas serotoninérgicos): Todos os triptanos inibem a liberação de peptídeos vasoativos, promovem vasoconstrição e bloqueiam as vias de dor no tronco cerebral. Os triptanos inibem a transmissão no núcleo trigeminal caudal, bloqueando assim a entrada aferente para os neurônios de segunda ordem. Este efeito é mediado pela redução dos níveis de peptídeo relacionado ao gene de calcitonina. Ex.: sumatriptano, zolmitriptano, naratriptano, etc. OBS: a escolha do triptano deve ser individidualizada. Pacientes que não respondem bem a um triptano podem responder a outro. Tratamento para enxaqueca crônica: Evitar uso excessivo de medicamentos; Agentes profiláticos de primeira linha: propranolol, amitriptilina e topiramato; Agentes de segunda linha: injeções de toxina onabotulínica, erenumabe, verapamil, venlafaxina, gabapentina. Cefaleia do tipo tensional episódica Quadro clínico: Cefaleia em pressão, halocraniana; Dor leve a moderada pode melhorar com atividade física; Aparece, geralmente, no final do dia, durante 30 minutos a sete dias; Pode haver foto e/ou foofobia; Náuseas e vômitos estão ausentes; Exame neurológico é normal. Tratamento: Farmacológica: o Analgésicos (paracetamol ou dipirona) e/ou AINE’s (ibuprofeno, diclofenaco, cetoprofeno, naproxeno). Associações com cafeína aumentam a eficácia analgésica. Não farmacológica: o Orientação de: sono regular, evitar bebidas alcoólicas, controle de estresse e lazer. Cefaleia em salvas É a cefaleia trigêmino-autonômica mais frequente; Inicia-se após 20 anos, mas é mais frequente entre a 3ª e 5ª década; A doença evolui em surtos de um a três meses de duração (salvas), quando o paciente experimenta de uma a oito crises por dia e frequentemente é despertado à noite pela crise; DOR Ana Clara Silva Freitas Quadro clínico: Crises com duração de 15 a 180 minutos; Dor excruciante e unilateral; Sensação de inquietude e agitação; Alterações autonômicas: o Hiperemia conjutival e/ou lacrijemante; o Congestão ocular e nasal; o Rinorreia, etc. Tratamento: Administrar oxigênio a 100% ou sumatriptano por via subcutânea; Evitar fatores desencadeantes: bebidas alcoólicas e substâncias voláteis. Neuralgia pós-herpética Dor que persiste além de três meses desde o início inicial da erupção associada a um episódio prévio de herpes zoster agudo; As alterações que podem contribuir para a dor persistente da NPH incluem hiperexcitabilidade espinal ou ganglionar e alterações pós-infecciosas na expressão gênica neuronal; Existem três fases de dor associadas ao herpes zoster A neuralgia herpética aguda refere-se à dor que precede ou acompanha a erupção da erupção cutânea que pode persistir por até 30 dias. A neuralgia herpética subaguda refere-se à dor que persiste além da cicatrização da erupção, mas que desaparece dentro de quatro meses após o início. NPH refere-se à dor que persiste além de quatro meses desde o início inicial da erupção. Fatores de risco: Idade>60 anos; Dor intensa e severa; Erupção cutânea com um episódio anterior de herpes zoster agudo; Quadro clínico: Dor localizada em dermátomo; Nervos torácicos (principalmente T4 a T6), cervical e trigêmeo são mais comumente afetados; A dor pode ser em queimação, pruriginosa, aguda lancinante, constante ou intermitente; Pode haver alodínea. Tratamento: Terapia multimodal; Os tratamentos dever ser individualizados; Terapias iniciais: o Gabapentinoide: gabapentina ou pregabalina; o Antidepressivos tricíclicos; o Tratamento tópico para quadros mais leves: capsaicína e lindocaína. Terapias alternativas: o Anticonvulsivantes: ácido valpróico, carbamazemopipina; o Inibidores da receptação de serotonina-norepinefrina: duloxetina, venlafaxina. DOR Ana Clara Silva Freitas Terapias adjuvantes para sintomas refratários: o Opióides orais ou transdérmicos; o Injeções intratectais de glicocorticoides; o Injeções de toxina botulínica; o Crioterapia e neuromodulação. Diagnóstico: é baseado na história clínica. A neuroimagem, tipicamente RM com contraste só é necessária para pacientes com apresentações clínicas atípicas. OBS: a inflamação associada a herpes zoster aguda pode induzir a fibrose e outras alterações estruturais nos nervos, que resultam na atividade espontânea capaz de manter a dor na ausência de lesão tecidual. Fibromialgia É uma dor musculoesquelética generalizada (multissítio). Sintomas somáticos principais: Fadiga Distúrbios do sono apneia obstrutiva, síndrome das pernas inquietas. Distúrbios cognitivos e psiquiátricos; Dor crônica contínua. O exame físico revela sensibilidade em vários locais anatômicos dos tecidos moles; Os exames laboratoriais são normais na ausência de outras doenças; Diagnóstico: Mais de três meses de dor difusa ou multissítio; Quando não há evidência d eoutra condição que explique essa dor; Não existe teste laboratorial de diagnóstico para FM Tratamento: Deve ser individualizado e multidisciplinar; Higiene do sono; Tratamento de comobirdades; Redução de peso, se necessário; Terapia cognitivo-comportamental; Treinamento e condicionamento cardiovascular aeróbico; Atividades aeróbicas de baixo impacto: caminhada, ciclismo, natação...; Para pacientes que não tem doença leve: amtriptilina, duloxetina, milnaciprano ou pregabalina iniciar com dose baixa; Para pacientes com problemas mais graves devido a fadiga: duloxetina ou milnaciprano; Pacientes com problemas mais graves de sono: pregabalina na hora de dormir; Pacientes que não respondem: o Intervenções adicionais: combinações de medicamentos, intervenções psicológicas e fisioterapia supervisionada e consulta com outros especialistas. DOR Ana Clara Silva Freitas Lombalgia Os pacientes com dor lombar são categorizados em 3 grupos: Dor lombar aguda – Dor com duração de até 4 semanas; Dor lombar subaguda – Dor com duração entre 4 a 12 semanas; Dor lombar crônica – Dor com duração superior a 12 semanas. Muitos pacientes com dor lombar podem não apresentar sintomas incapacitantes; Tratamento: Para todos os pacientes: recomendar a prática de exercício físico de acordo a disponibilidade de cada um, de forma individualizada; Recomenda-se terapia cognitivo comportamental, biofeedback e outros para pacientes com risco de desenvolver lombalgia crônica; Terapia adjuvante para lombalgia subaguda: AINE1s ou acetaminofeno; Para pacientes com resposta inadequada a AINE’s: duloxetina e/ou tramadol; Terceira linha: relaxantes musculares esqueléticos; OBS: O opióide deve ser restrito a pacientes não altamente vulneráveis à dependência de drogas Dor perioperatória Objetivos do manejo: Aliviar o sofrimento; Alcançar amobilização precoce após a cirurgia; Reduzir o tempo de internação; Alcançar a satisfação do paciente; Estratégia ideal: terapia multimodal para minimizar a necessidade de opióides. A dor perioperatória resulta de inflamação causada por trauma tecidual (ou seja, incisão cirúrgica, dissecção, queimaduras) ou lesão direta do nervo; O trauma tecidual libera mediadores inflamatórios locais que podem produzir aumento da sensibilidade a estímulos na área ao redor de uma lesão (hiperalgesia) ou percepção errônea da dor devido a estímulos não nocivos (alodinia); Tratamento: Analgesia regional, AINE’s, paracetamol e gabapentinoiides antes da indução de anestesia geral; Após cirurgia ambulatorial: analgésicos sistêmicos não opióides, seguidos de opióides intravenosos. Na alta, se necessário: AINE’s, paracetamol e opióide oral; Após cirurgias intra-abdominais pouco invasivas: analgesia controlada pelo paciete (PCA) ou bolus de opióides; Para cirutgias abdominais ou torácicas aberta e pacientes dependentes de opióides: analgesia preventiva (analgesia epidural contínua); Para analgesia neuroaxial: morfina por via epidural, se necessário – AINES; DOR Ana Clara Silva Freitas Para pacientes obesos mórbidos submetidos à cirurgia abdominal ou torácica, sugerimos analgesia peridural pós-operatória ou uma técnica analgésica regional alternativa para reduzir a necessidade de opióides sistêmicos e o risco de depressão respiratória.
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