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SI CCL ÍN IC A CI RÚ RG IC A GA ST RO EN TE RO LO GI A VO L. 3 Apresentação Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo. Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis- sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte- rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen- tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa. Um excelente estudo! Índice Capítulo 1 - Avaliação da função hepática ... 15 1. Introdução ...................................................................16 2. Exames laboratoriais ............................................... 16 3. Exames de imagem .................................................. 19 4. Avaliação global e prognóstico ...........................20 Resumo ............................................................................ 22 Capítulo 2 - Anatomia cirúrgica do fígado...23 1. Introdução .................................................................. 24 2. Anatomia topográfi ca ............................................ 26 3. Suprimento sanguíneo ............................................27 4. Drenagem venosa .................................................... 29 5. Drenagem linfática .................................................. 30 6. Inervação.................................................................... 30 7. Segmentação hepática de Couinaud .................. 30 8. Ressecções hepáticas ..............................................32 Resumo .............................................................................35 Capítulo 3 - Cirrose hepática e suas complicações ......................................................37 1. Introdução .................................................................. 38 2. Etiologia da cirrose .................................................. 38 3. Quadro clínico ...........................................................40 4. Classifi cação .............................................................40 5. Diagnóstico ................................................................ 42 6. Complicações ........................................................... 42 7. Outras complicações ............................................... 49 8. Tratamento ............................................................... 49 Resumo ............................................................................ 50 Capítulo 4 - Hipertensão portal ..................... 51 1. Introdução .................................................................. 52 2. Etiologia .......................................................................53 3. Fisiopatologia ............................................................ 54 4. Quadro clínico ........................................................... 54 5. Diagnóstico .................................................................57 6. Tratamento ................................................................ 59 Resumo ............................................................................64 Capítulo 5 - Tumores e abscessos hepáticos ....65 1. Abscessos hepáticos ............................................... 66 2. Tumores benignos de fígado ................................ 70 3. Neoplasias malignas de fígado .............................75 Resumo ........................................................................... 83 Capítulo 6 - Transplante hepático ................ 85 1. Introdução .................................................................. 86 2. Seleção de pacientes .............................................. 86 3. Indicações ................................................................... 86 4. Contraindicações ..................................................... 87 5. Avaliação pré-transplante..................................... 87 6. Seleção do doador ...................................................88 7. Técnica cirúrgica .......................................................88 8. Imunossupressão ....................................................90 9. Complicações .............................................................90 10. Seguimento pós-transplante ..............................93 Resumo ............................................................................ 94 Capítulo 7 - Icterícia obstrutiva .....................95 1. Introdução .................................................................. 96 2. Metabolismo da bilirrubina .................................. 96 3. Causas ........................................................................ 96 4. Aspectos clínicos ..................................................... 98 5. Diagnóstico ................................................................ 99 Resumo .......................................................................... 102 Capítulo 8 - Afecções da vesícula e vias biliares ...............................................................103 1. Litíase biliar ..............................................................104 2. Colelitíase ................................................................. 105 3. Colecistite aguda .................................................... 108 4. Colecistite acalculosa ............................................ 112 5. Colecistite enfi sematosa ..................................... 113 6. Síndrome de Mirizzi ............................................... 114 7. Íleo biliar ..................................................................... 115 8. Coledocolitíase ........................................................ 116 9. Pólipo da vesícula biliar ......................................... 119 10. Câncer da vesícula biliar ..................................... 121 Resumo ..........................................................................124 Questões: Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil. Anote: O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema. Questões Cirurgia do Trauma Atendimento inicial ao politraumatizado 2015 - FMUSP-RP 1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro- dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra- zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos- pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é: a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en- caminhar para laparotomia b) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo- ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomia c) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomia d) infundir mais 1L de cristaloide, iniciartransfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami- nhar o paciente para laparotomia Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - SES-RJ 2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis- mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta: a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motora b) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundos c) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundos d) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - UFES 3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau- matizado inconsciente é: a) verificar as pupilas b) verificar a pressão arterial c) puncionar veia calibrosa d) assegurar boa via aérea e) realizar traqueostomia Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - UFG 4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa- gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é: a) 6 b) 7 c) 8 d) 9 Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - UFCG 5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha- mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser: a) aplicar morfina b) promover uma boa hidratação c) perguntar o nome d) lavar a face e) colocar colar cervical Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2014 - HSPE 6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei- tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea Ci ru rg ia d o Tr au m a Q ue st õe s Comentários: Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones. Comentários Cirurgia do Trauma Atendimento inicial ao politraumatizado Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins- tável hemodinamicamente, com evidência de hemope- ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo- radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico. Gabarito = D Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con- ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow. Gabarito = D Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai- xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical. Gabarito = D Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow está resumida a seguir: Abertura ocular (O) Espontânea 4 Ao estímulo verbal 3 Ao estímulo doloroso 2 Sem resposta 1 Melhor resposta verbal (V) Orientado 5 Confuso 4 Palavras inapropriadas 3 Sons incompreensíveis 2 Sem resposta 1 Melhor resposta motora (M) Obediência a comandos 6 Localização da dor 5 Flexão normal (retirada) 4 Flexão anormal (decor- ticação) 3 Extensão (descerebração) 2 Sem resposta (flacidez) 1 Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8. Gabarito = C Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando- se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra- queal deve ser precoce. Gabarito = C Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí- neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in- tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso. Gabarito = A Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo ATLS®, a melhor sequência seria: A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man- tendo proteção à coluna cervical. B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência. C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi- vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal. D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial. E: manter o paciente aquecido. Logo, a melhor alternativa é a “c”. Gabarito = C Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo- tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as- sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ- mico ou o aminocaproico. Gabarito = A Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli- traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida- des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in- viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can- didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan- Ci ru rg ia d o Tr au m a C om en tá rio s Capítulo 9 - Anatomia e fisiologia do pâncreas ............................................................127 1. Anatomia ................................................................... 128 2. Anatomia microscópica ........................................ 131 3. Anomalias pancreáticas ........................................132 4. Fisiologia exócrina ..................................................133 5. Fisiologia endócrina ...............................................135 Resumo ...........................................................................135 Capítulo 10 - Pancreatite aguda .................. 137 1. Introdução ................................................................ 138 2. Etiologia .................................................................... 138 3. Quadro clínico e diagnóstico...............................140 4. Complicações ..........................................................143 5. Fatores de prognóstico ........................................143 6. Tratamento ...............................................................145 Resumo .......................................................................... 148 Capítulo 11 - Pancreatite crônica .................149 1. Definições ................................................................. 150 2. Etiologia .................................................................... 150 3. Patogenia ................................................................. 150 4. Quadro clínico e diagnóstico ............................... 151 5. Complicações............................................................153 6. Tratamento ...............................................................155 7. Pancreatite autoimune ..........................................1578. Pancreatite hereditária ........................................159 Resumo .......................................................................... 160 Capítulo 12 - Tumores pancreáticos e neuroendócrinos ............................................. 161 1. Introdução .................................................................162 2. Adenocarcinoma de pâncreas ............................162 3. Tumores de papila duodenal ...............................169 4. Lesões císticas ......................................................... 171 5. Tumores neuroendócrinos ...................................175 Resumo .......................................................................... 182 Capítulo 13 - Afecções do baço.....................183 1. Introdução ................................................................ 184 2. Abscesso esplênico ............................................... 184 3. Cistos esplênicos .....................................................185 4. Esplenectomia ....................................................... 186 Resumo .......................................................................... 188 Avaliação da função hepática José Américo Bacchi Hora Neste capítulo, serão abordados os principais exames (laboratoriais e de imagem) para a avaliação da função hepática. Entendê-los é fundamental para um adequado diagnóstico diferencial entre patologias do fígado, das vias biliares e até mesmo de outros órgãos e que pos- sam repercutir no trato hepatobiliar. Quanto aos exames laboratoriais, as enzimas hepatocelulares, aspartato aminotransferase (AST ou TGO) e alanina aminotrans- ferase (ALT ou TGP), servem para quantificar a lesão aos hepatócitos e tendem a se normalizar quando cessa o estímulo agressor. A ALT é praticamente encontrada só no fígado, enquanto a AST está presente também em músculos, ossos, rins, eritrócitos etc. As enzimas cana- liculares relacionam-se a lesão nos ductos hepáticos e colestase, sendo representadas pela fosfatase alcalina, ou FA (presente também em ossos, adrenais, placenta, rins e pulmões), e pela gamaglutamiltransferase, ou GGT (que pode se elevar por álcool e barbitúricos), além da 5’-nucleotidase, portanto não devem ser analisadas isoladamente. Quanto à interpretação de produtos da excreção hepática, os níveis totais de bilirrubina repre- sentam um balanço entre a produção e a excreção hepática, sendo as bilirrubinas plasmáticas divididas em direta (conjugada e hidrossolúvel) e indireta (não conju- gada e lipossolúvel); devido às suas múltiplas interações com as diversas funções do fígado (captação, conju- gação e excreção), podem oferecer uma visão geral da função do órgão. Quanto aos ácidos biliares, acredita- -se que o prurido comumente observado nas icterícias obstrutivas decorra da deposição desses ácidos na pele e os níveis séricos podem estar aumentados nas coles- tases. Os produtos de síntese hepática, como albumina plasmática (na deficiência, podem manifestar-se clinica- mente por perda da massa muscular e fadiga) e fatores de coagulação (fatores vitamina K-dependentes II, VII, IX e X), na alteração da função hepática costumam cau- sar alargamento no tempo de protrombina. Quanto aos marcadores de doenças congênitas e autoimunes, os principais são anticorpo antimitocôndria (cirrose biliar primária), transferrina sérica (hemocromatose), ceru- loplasmina (doença de Wilson) e anticorpo antimúsculo liso (hepatite autoimune). Sobre os exames de imagens, são úteis do clínico ao cirurgião, e os mais importantes na avaliação hepática são a ultrassonografia (1º exame em casos de icterícia) com e sem Doppler, tomografia de abdome com contraste (hipertensão portal, tumores e abscessos hepáticos), ressonância (tumores e diagnós- tico diferencial) e cintilografia (tumores). Dentre as classificações de gravidade de doença hepática, a mais conhecida é a de Child-Pugh, com pontuação de 3 a 15, considerando bilirrubina total, encefalopatia, ascite, TP (INR) e albumina. A nova classificação MELD considera níveis de bilirrubina e creatinina, o INR e a etiologia da doença hepática. 1 sic gastroenterologia16 1. Introdução Ao depararmos com um paciente com algum grau de disfunção he- pática, haverá uma série de exames de imagem, enzimas e sorologias a partir dos quais se deverá realizar o diagnóstico. Os aspectos da anamnese e do exame físico são de suma importância, mas, nos casos de doença hepática, é essencial a correta interpretação dos exames complementares. 2. Exames laboratoriais Enzimas hepatocelulares, bilirrubinas, proteínas plasmáticas e outras substâncias são frequentemente utilizadas para o estudo complemen- tar do paciente com doença no fígado e serão discutidas separada- mente (Tabela 1). Tabela 1 - Resumo da relevância dos principais exames de função hepática Avaliação de agressão aos hepatócitos AST (TGO) e ALT (TGP) Avaliação da função de sín- tese hepática Tempo de protrombina e albu- mina (e bilirrubinas – exames que denominados “função hepática” ver- dadeiramente) Avaliação da excreção hepática (e lesão/agressão canalicular) FA, GGT e 5’-nucleotidase Avaliação global Bilirrubinas AST: aspartato transaminase; TGO: Transaminase Glutâmico-Oxalacética; ALT: alanina transaminase; TGP: Transaminase Glutâmico-Pirúvica; FA: Fos- fatase Alcalina, GGT: gamaglutamiltranspeptidase. A - Enzimas hepáticas Há 2 grandes grupos de enzimas utilizados na avaliação hepática: as hepatocelulares e as canaliculares. a) Hepatocelulares As enzimas hepatocelulares, aspartato aminotransferase (AST ou TGO) e alanina aminotransferase (ALT ou TGP), servem para quantificarmos a lesão aos hepatócitos. Como estão presentes em grande quantidade no interior dessas células, sempre que estas são lesadas, os níveis sé- ricos se elevam. Altos níveis séricos (>500UI/L) geralmente estão as- sociados a hepatites agudas ou isquemia hepática. Já as elevações moderadas podem ser encontradas nos casos de hepatites crônicas e obstrução biliar. A ALT eleva-se mais do que a AST nos casos de hepati- tes virais e na esteato-hepatite não alcoólica (NASH), enquanto o nível da AST é, em geral, 2 vezes o da ALT nas hepatopatias alcoólicas. Dica A ALT é praticamente encontrada apenas no fígado, enquanto a AST está presente também em músculos, ossos, rins, eritrócitos etc. Deve-se notar que os níveis dessas enzimas estão tipicamente eleva- dos na presença de agressão aos hepatócitos e, portanto, costumam se normalizar quando cessa o estímulo agressor. b) Canaliculares As enzimas canaliculares estão relacionadas a lesão nos ductos hepá- ticos e colestase. São representadas pela FA e pela GGT, além da 5’-nu- avaliação da função hepática 17 cleotidase. A FA está presente nas células superficiais dos canalículos biliares e se eleva precocemente nas colestases e na lesão ou prolifera- ção de células ductais, geralmente 4 vezes seu valor normal. Pelo fato de estar presente em vários outros tecidos orgânicos (ossos, adrenais, placenta, rins e pulmões), deve ser avaliada em conjunto com altera- ções de outras enzimas hepáticas, ou com a separação das isoenzimas hepáticas e extra-hepáticas. A 5’-nucleotidase é uma enzima canalicu- lar específica do fígado, com localização canalicular e padrão de eleva- ção paralelo ao da FA. A GGT também se apresenta alta nos casos de colestase e lesão canalicular, mas tem seus níveis elevados com a inges- tão de algumas substâncias estimuladoras do citocromo P450, como o álcool e os barbitúricos, mesmo na ausência de alterações na excreção hepática. Pergunta 2011 - SES-RJ 1. Um famoso médico recebeu, em seu consultório, o pai de um co- lega de faculdade que clinicava no interior. Este, em seu enca- minhamento, dizia não dispor de exames para esclarecer se estava diante de doença óssea ou hepá- tica, dúvida nascida da análise de uma rotina laboratorial. O próprio médico colheu amostra de sangue para estudos adicionais, tendo um dosestudos apontado para hepatopatia, pois havia aumento significativo de: a) deoxipiridinolina b) 5’-nucleotidase c) hidroxiprolina d) telopeptídio C Resposta no final do capítulo B - Produtos de excreção hepática a) Bilirrubina A bilirrubina é um produto de degradação do núcleo heme, principal- mente da hemoglobina. No seu metabolismo, diversas etapas depen- dem do fígado, como captação, conjugação e excreção biliar (Figura 1), de modo que as bilirrubinas também podem oferecer uma visão geral da função do órgão. Devido à sua associação à hemólise, ao transporte plasmático e à própria função hepática, as alterações de seus níveis séricos devem ser analisadas individualmente. Em geral, seus níveis to- tais representam um balanço entre a produção e a excreção hepática. Figura 1 - Metabolismo da bilirrubina As bilirrubinas plasmáticas são divididas em 2 frações: direta (conju- gada e hidrossolúvel) e indireta (não conjugada e lipossolúvel). Devido às suas múltiplas interações com as diversas funções do fígado (capta- ção, conjugação e excreção), as bilirrubinas também podem oferecer uma visão geral da função do órgão. A elevação da fração indireta de bilirrubinas pode estar relacionada ao aumento de sua disponibilidade (hemólise e eritropoese deficiente), à Hipertensão portal Fábio Carvalheiro Eduardo Bertolli Allan Garms Marson Yeda Mayumi Kuboki Neste capítulo, serão discutidas a Hipertensão Portal (HP) e suas complicações, como a hemorragia digestiva alta. Esse assunto pode ser cobrado em provas de Cirurgia, Clí- nica Médica e Epidemiologia, principalmente quando a etiologia é esquistossomótica. O sistema porta é o único do nosso corpo contido entre sinusoides (do pâncreas, baço, intestinos, vesícula biliar, fígado) e percorre um sis- tema sem válvulas. A veia porta é responsável por 75% do fluxo sanguíneo do fígado e a artéria hepática apenas 25%, porém fornecendo 60% do oxigênio consumido pelo órgão. A pressão portal normal é de 10 a 15cm de água e na HP pode chegar a 25 a 30cm de água. A HP, em sua maioria, decorre da resistência ou obstrução ao fluxo sanguíneo no sistema porta e pode ser classificada em pré-hepática, intra-hepática (pré-sinusoidal, sinusoidal e pós-sinusoi- dal) e pós-hepática. A causa mais comum de HP no Brasil é a cirrose hepática por vírus, álcool ou outras condições e, em alguns estados do Nordeste, a esquistossomose em sua forma hepatoesplênica. O gradiente de pressão entre veia porta e veia cava varia entre 1 e 5mmHg, sendo que variações acima desses níveis já são consideradas HP por definição, porém, clinicamente, esta só se torna significativa quando o gradiente excede os 10mmHg, com o surgimento de circulação colateral exuberante, sobretudo de varizes esofágicas, sendo o sangramento das varizes decorrentes da HP visualizado quando o gradiente é superior a 12mmHg. As manifestações clínicas podem ser de acordo com a etio- logia da HP ou com as 4 maiores consequências clínicas: circulação colateral portossistêmica (alteração mais carac- terística da HP), esplenomegalia (indolor e visualizada em até 80%), encefalopatia hepática (associada a cirrose) e ascite, estes 2 últimos critérios de gravidade na classifica- ção de Child-Pugh. O desenvolvimento da HP é o 1º passo para retenção de líquido no quadro de cirrose. O diagnós- tico pode se dar de 2 maneiras: sinais clínicos das patologias que cursam com a condição, no Brasil principalmente a cir- rose hepática e a esquistossomose, ou complicação aguda em paciente sem conhecimento prévio da afecção, como em casos de hemorragia digestiva alta ou peritonite bacteriana espontânea. A determinação da severidade da hepatopatia se dá pela classificação de Child-Pugh, que leva em conta dados clínicos e laboratoriais, que se pontuam e resultam em uma soma. O método mais acurado para o diagnóstico de HP é o gradiente de pressão da veia hepática, obtido a partir da passagem de cateter com balão por fluoroscopia na veia hepática, aferindo-se a pressão da mesma ocluída pelo balão do cateter e depois com fluxo livre pelo balão desinsuflado, fazendo a relação entre ambas, que quando ≥6mmHg define a síndrome. Deve-se em seguida fazer endoscopia digestiva alta para investigação e classificação de varizes esofágicas. Os sinais clínicos são classicamente 4 Rodrigo Biscuola Garcia Rafael Izar Domingues da Costa Lúcia C. Barcellos Kunen os estigmas de hepatopatia crônica, como icterícia, varizes de parede abdominal, eritema palmar, ginecomastia, atro- fia testicular, ascite e esplenomegalia. Quando submetidos a exames laboratoriais, há evidências de disfunção hepá- tica, como alargamento da razão normatizada internacional (INR), aumento de bilirrubinas, hipoalbuminemia e sinais de hiperesplenismo. O que diferencia o paciente com esquistos- somose daquele com cirrose é que o primeiro tem a função hepática preservada, sem ascite (presente raramente em casos tardios da esquistossomose), peritonite bacteriana espontânea, encefalopatia ou distúrbios de coagulação. O tratamento no paciente esquistossomótico é a derivação ou shunt do fluxo portal para circulação sistêmica, deriva- ção seletiva esquerda com anastomose esplenorrenal distal (com erradicação do parasita prévia à cirurgia) e esplenecto- mia. O objetivo do tratamento no paciente cirrótico é evitar a hemorragia digestiva de alta morbimortalidade, respon- sável por 1/3 dos óbitos nesse grupo. No sangramento agudo, a endoscopia deve ser feita nas primeiras 12 horas, e, se sangramento confirmado, é indicada ligadura elástica como 1ª escolha terapêutica (escleroterapia nos casos em que tecnicamente não é possível realizar a ligadura ou esta não é disponível). Aos indivíduos com varizes de esôfago, indicam-se profilaxia primária com betabloqueadores não seletivos e ligadura endoscópica. Na ascite o tratamento é de abstinência alcoólica, dieta hipossódica, diuréticos (espi- ronolactona e furosemida) e paracentese de alívio em casos avançados. Na encefalopatia hepática, o tratamento é embasado na redução ou inibição na produção de amônia intestinal ou aumento na remoção de amônia com admi- nistração de lactulose. sic gastroenterologia52 1. Introdução O sistema porta inicia-se nos sinusoides do pâncreas, do baço, dos in- testinos e da vesícula biliar e percorre um sistema sem válvulas for- mado pela veia porta e suas tributárias, mesentéricas superior e inferior e esplênica, chegando aos sinusoides hepáticos, sendo o único sistema do nosso corpo contido entre sinusoides. Anatomicamente, a veia porta tem entre 6 e 6,5cm de extensão e até 0,8cm de diâmetro, formada pela junção das veias mesentérica supe- rior e esplênica, sendo que esta recebe a veia mesentérica inferior. Em sua fisiologia, o fígado recebe cerca de 1.500mL de sangue a cada mi- nuto, sendo a veia porta responsável por 75% desse fluxo e a artéria hepática, apenas 25%, porém fornecendo 60% do oxigênio consumido pelo órgão. Figura 1 - Sistema porta A pressão portal normalmente é baixa, em torno de 10 a 15cm de água pela baixa resistência dos sinusoides hepáticos, sofrendo influência de respiração, postura e pressão intra-abdominal e elevando-se anormal- mente quando há resistência ao fluxo sanguíneo no sistema, podendo chegar a níveis superiores a 25 a 30cm de água que definem Hipertensão Portal (HP). hipertensão portal 53 2. Etiologia A HP, em sua maioria, decorre da resistência ou obstrução ao fluxo san- guíneo no sistema porta, proporcionando uma classificação anatômica quanto ao local da obstrução em relação ao fígado (Tabela 1). Mais rara- mente, pode decorrer de aumento anormal do fluxo sanguíneo portal, como em casos de fístulas arteriovenosas, da artéria hepática para a veia porta. Tabela 1 - Classificação conforme o local de acometimento Categorias Exemplos Pré-hepática - Trombose de veia porta; - Trombose de veia esplênica (causada por pancreatite crônica): suspeitar quando paciente sem sinais de hepa- topatiae com sinais de HP, parti- cularmente hemorragia por varizes gástricas; - Esplenomegalia volumosa (provoca um fluxo hiperdinâmico); - Fístula arteriovenosa esplâncnica. Intra-hepática Pré-sinusoidal - Esquistossomose; - Fibrose portal não cirrótica idiopática; - Sarcoidose; - Cirrose biliar primária; - Malignidade. Sinusoidal - Cirrose hepática; - Hepatite crônica. Pós-sinusoidal Doença veno-oclusiva (deposição de fibronectina em torno das veias cen- trais dos lóbulos) Pós-hepática - Insuficiência cardíaca congestiva; - Síndrome de Budd-Chiari (trombose de veias pós-hepáticas); - Obstrução da veia cava inferior. Pergunta 2015 - SES-GO 1. A hipertensão portal pode ter diversas etiologias. Levando em conta a fisiopatologia da doença e a localização anatômica da re- sistência ao fluxo portal, qual das etiologias a seguir é responsável por hipertensão portal intra-he- pática, pré-sinusoidal? a) trombose da veia porta b) síndrome de Budd-Chiari c) cirrose alcoólica d) esquistossomose Resposta no final do capítulo A obstrução ao fluxo sanguíneo ocorre tanto no espaço porta como nos sinusoides e nas veias hepáticas. A fibrose portal causada evolutiva- mente pela doença compromete o espaço portal, assim como os nódu- los de regeneração alteram o fluxo das veias hepáticas, somando-se às alterações estruturais para aumento da resistência vascular. Na cirrose também se observa alteração da microcirculação hepática, com anastomoses intra-hepáticas entre ramos das veias porta e hepá- tica e entre ramos da veia porta e da artéria hepática, assim como capi- larização dos sinusoides, como tentativa de facilitar o fluxo sanguíneo. Outra causa da HP, a mais comum em alguns estados do Nordeste, é a esquistossomose em sua forma hepatoesplênica. Nessa patologia, a presença de ovos, vermes e granulomas nos espaços portais causa processo inflamatório que resulta em fibrose desse espaço (fibrose de Symmers), obstruindo os ramos venosos intra-hepáticos da veia porta. Em oposição ao paciente cirrótico, o portador da esquistossomose tem o parênquima hepático preservado, assim como o fluxo sanguíneo to- Dica A causa mais comum de HP no Brasil é a cirrose hepática por vírus, álcool ou outras condições. sic gastroenterologia54 tal, dependente do aporte arterial, sendo a HP pré-sinusoidal na maio- ria, com componente de bloqueio intra-hepático dos ramos portais e de hiperfluxo pela esplenomegalia. 3. Fisiopatologia O fluxo sanguíneo no sistema porta e sua resistência vascular consti- tuem um equilíbrio que determina a pressão desse sistema, fazendo que esta possa aumentar nos casos de resistência ou obstrução vas- cular ou aumento real do fluxo sanguíneo. Na maioria dos casos, o au- mento da resistência é responsável pela HP, visto que o sistema tem capacidade de adaptar-se às variações de pressão, podendo esta lo- calizar-se em qualquer segmento do eixo esplenoportal, da circulação intra-hepática e da drenagem venosa supra-hepática. O gradiente de pressão entre veia porta e veia cava varia entre 1 e 5mmHg, sendo que variações acima desses níveis já são consideradas HP por definição, porém, clinicamente, esta só se torna significativa quando o gradiente excede os 10mmHg, com o surgimento de circula- ção colateral exuberante, principalmente de varizes esofágicas. O sangramento das varizes decorrentes da HP é visualizado quando o gradiente é superior a 12mmHg. Pergunta 2014 - UFF 2. Assinale o fármaco que dimi- nui o fluxo sanguíneo esplâncnico indiretamente, pela redução dos níveis de outros fatores, como glucagon, peptídio vasoativo in- testinal e substância P, e não por vasoconstrição direta, sendo hoje considerado de escolha no trata- mento de hemorragia aguda por varizes: a) vasopressina b) propranolol c) nadolol d) 5-mononitrato de isossorbida e) octreotida Resposta no final do capítulo 4. Quadro clínico As manifestações clínicas apresentam-se em alterações específicas de cada doença de base, ou em 4 maiores consequências clínicas. A - Circulação colateral portossistêmica É a de alteração mais característica da HP, resultante de anastomoses naturais entre vasos do sistema portal e da circulação sistêmica, ge- rando dilatação de veias do plexo hemorroidário, da parede abdominal e da junção esofagogástrica. O surgimento das veias dilatadas na pa- rede abdominal, próximas à cicatriz umbilical (“cabeça de medusa”), é um importante sinal clínico de HP (Figura 2). Ao exame clínico, sopro venoso pode ser evidenciado na região do epi- gástrio ou mesogástrio, denotando circulação intensa nos vasos umbili- cais e paraumbilicais no ligamento falciforme e na região periumbilical, acentuado na inspiração, na sístole ou com o paciente em pé. Figura 2 - Circulação colateral na parede abdominal (“cabeça de medusa”) SI C Q UE ST Õ ES E C O M EN TÁ RI O S GA ST RO EN TE RO LO GI A VO L. 3 R 3 Provas - ALBERT EINSTEIN - Hospital Albert Einstein - AMP - Associação Médica do Paraná - AMRIGS - Associação Médica do Rio Grande do Sul - CERMAM - Comissão Estadual de Residência Médica do Amazonas - CREMESP - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo - EMESCAM - Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória - FESP-RJ - Fundação Escola de Serviço Público - FHEMIG - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - FMJ - Faculdade de Medicina de Jundiaí - FMUSP - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP-RP - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto - FURB - Universidade Regional de Blumenau - HC-ICC - Hospital do Câncer - Instituto do Câncer do Ceará - HCPA - Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCV-PR - Hospital da Cruz Vermelha Brasileira - Filial do Paraná - HECI - Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim - HFA - Hospital das Forças Armadas - DF - HFAG - Hospital da Força Aérea do Galeão - HFMO-SP - Hospital Francisco Morato de Oliveira - HIVS - Hospital Infantil Varela Santiago - HMOB - Hospital Municipal Odilon Behrens - HMRN - Hospital Militar do Rio Grande do Norte - HMSJ - Hospital Municipal São José - HNMD - Hospital Naval Marcílio Dias - HPM-MG - Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais - HSPE-SP* - Hospital do Servidor Público Estadual - HSPM-SP - Hospital do Servidor Público Municipal - HUEC - Hospital Universitário Evangélico de Curitiba - IAMSPE - Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual - IASERJ - Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro - IFF - FIOCRUZ - Instituto Fernandes Figueira - IMPARH - Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos de Fortaleza - INCA-RJ - Instituto Nacional do Câncer - IOG - Instituto de Olhos de Goiânia - IPSEMG - Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais - PM-MG - Polícia Militar de Minas Gerais - PUC-PR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-RS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - SANTA CASA-BH - Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte - SANTA CASA-SP - Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - SES-DF - Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal - SES-GO - Secretaria de Estado da Saúde de Goiás - SES-PE - Secretaria de Estado da Saúde do Pernambuco - SES-RJ - Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro - SES-SC - Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina - SÍRIO-LIBANÊS - Hospital Sírio-Libanês - SURCE - Seleção Unificada para Residência Médica do Estado do Ceará - SUS-BA - Sistema Único de Saúde da Bahia - SUS-CE - Sistema Único de Saúde do Ceará - SUS-SP - Sistema Único de Saúde de São Paulo - UCPEL - Universidade Católica de Pelotas - UEL - Universidade Estadual de Londrina - UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UFAL - Universidade Federal do Alagoas - UFAM - Universidade Federal do Amazonas - UFC - Universidade Federal do Ceará - UFCG- Universidade Federal de Campina Grande - UFES - Universidade Federal do Espírito Santo - UFF - Universidade Federal Fluminense - UFG - Universidade Federal de Goiás - UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora - UFMS - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFPE - Universidade Federal de Pernambuco - UFPR - Universidade Federal do Paraná - UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina - UMC - Universidade de Mogi das Cruzes - UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto - UNCISAL - Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNESP - Universidade Estadual Paulista - UNIAMRIGS - Universidade Corporativa AMRIGS - UNICAMP - Universidade de Campinas - UNIFESO - Centro Universitário Serra dos Órgãos - UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo - UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNITAU - Universidade de Taubaté * Em 2010, 2011 e 2013, a instituição não divulgou seu caderno de provas. As questões destes anos são baseadas nos temas e nos casos abordados nas provas. QUESTÕES Cap. 1 - Avaliação da função hepática ........................... 5 Cap. 2 - Anatomia cirúrgica do fígado ........................... 5 Cap. 3 - Cirrose hepática e suas complicações ...........8 Cap. 4 - Hipertensão portal ............................................. 11 Cap. 5 - Tumores e abscessos hepáticos .................... 14 Cap. 6 - Transplante hepático ........................................ 18 Cap. 7 - Icterícia obstrutiva............................................. 21 Cap. 8 - Afecções da vesícula e vias biliares ..............23 Cap. 9 - Anatomia e fi siologia do pâncreas ...............29 Cap. 10 - Pancreatite aguda ...........................................30 Cap. 11 - Pancreatite crônica ..........................................35 Cap. 12 - Tumores pancreáticos e neuroendócrinos ...38 Cap. 13 - Afecções do baço ............................................. 44 Outros temas ...................................................................... 44 COMENTÁRIOS Cap. 1 - Avaliação da função hepática .........................45 Cap. 2 - Anatomia cirúrgica do fígado .........................45 Cap. 3 - Cirrose hepática e suas complicações ........ 48 Cap. 4 - Hipertensão portal ............................................52 Cap. 5 - Tumores e abscessos hepáticos ....................56 Cap. 6 - Transplante hepático ........................................62 Cap. 7 - Icterícia obstrutiva.............................................66 Cap. 8 - Afecções da vesícula e vias biliares ..............69 Cap. 9 - Anatomia e fi siologia do pâncreas ...............76 Cap. 10 - Pancreatite aguda ........................................... 77 Cap. 11 - Pancreatite crônica ......................................... 84 Cap. 12 - Tumores pancreáticos e neuroendócrinos....88 Cap. 13 - Afecções do baço ..............................................95 Outros temas .......................................................................95 Índice Ga st ro en te ro lo gi a - Q ue st õe s R 3 Questões Gastroenterologia Avaliação da função hepática 2014 - UFPI - CLÍNICA CIRÚRGICA 1. Na avaliação pré-operatória de um homem de 55 anos com hérnia umbilical, encontraram-se baixos níveis de transaminase e relação aspartato–alanina transamina- se (AST/ALT) >2. Isso sugere: a) hepatite alcoólica b) hepatite A c) hepatite B d) hepatite C e) cirrose Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2012 - UFSC - CLÍNICA CIRÚRGICA 2. Com relação à alfafetoproteína, assinale a alternativa correta: a) pode estar aumentada nos pacientes com hepatites B e C b) está muito elevada nos pacientes com colangiocarci- noma hepático c) tem valor diagnóstico no carcinoma da vesícula d) tem valor prognóstico no carcinoma da junção das vias biliares e) é exame que diferencia seminoma de carcinoma Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2012 - UFRN - CLÍNICA CIRÚRGICA 3. No pré-operatório de pacientes portadores de cirrose é importante a avaliação da função hepática, pelo siste- ma de pontuação Child-Pugh. Um paciente que apresen- ta bilirrubinemia entre 2 e 3mg/dL; albuminemia entre 2,8 e 3,5g/L; tempo de protrombina entre 4 e 6 segun- dos; encefalopatia estágio zero e ascite leve, é classifi - cado como: a) Child-Pugh D b) Child-Pugh A c) Child-Pugh C d) Child-Pugh B Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder Anatomia cirúrgica do fígado 2016 - SES-RJ - CLÍNICA CIRÚRGICA 4. Durante uma trissegmentectomia à direita devido a metástase hepática colorretal, os segmentos remanes- centes são: a) I e IV b) I, II e III c) II, III e IVa d) V, VI, VII e VIII Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2016 - HNMD - CLÍNICA CIRÚRGICA 5. O fígado direito é dividido em um setor anterior e um posterior. Os segmentos do setor anterior do fígado di- reito são: a) V e VIII b) V e VII c) VI e VIII d) IV e V e) V e VI Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2016 - HNMD - CLÍNICA CIRÚRGICA 6. Os limites do triângulo de Calot são defi nidos por: a) ducto hepático comum, artéria cística e fígado b) ducto cístico, ducto hepático comum e fígado c) ducto cístico, artéria hepática comum e borda inferior do fígado d) ducto hepático comum, artéria hepática direita e fígado e) ducto cístico, infundíbulo da vesícula e fígado Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2016 - UFG - CLÍNICA CIRÚRGICA 7. O fígado é dividido anatomicamente pelo ligamento falciforme em lobos direito e esquerdo, enquanto, fun- cionalmente, é dividido em fígado direito e esquerdo transversalmente pelos ramos portais e longitudinal- mente pelas veias hepáticas. Dessa forma, o fígado di- reito corresponde aos segmentos: a) V, VI, VII e VIII b) VI, VII e VIII sic gastroenterologia6 R3 Gastroenterologia - Questões R3 c) IV, V, VI, VII e VIII d) IV, V, VI e VII Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2016 - SES-PE - CLÍNICA CIRÚRGICA 8. O lobo caudado: a) é também conhecido como segmento II (2) do fígado b) é visualizado entre o pedículo hepático e a veia cava inferior na tomografia c) fica, geralmente, atrofiado nas cirroses avançadas d) tem seu retorno venoso drenado pela veia hepática esquerda e) é irrigado pela artéria hepática acessória, ramo direto da aorta Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2016 - UFPI - CLÍNICA CIRÚRGICA 9. A linha de Cantlie é uma: a) linha no segmento IV que separa esse segmento em IV-A e IV-B b) linha que separa o colédoco da placa hilar c) linha que separa o setor anterior do setor posterior no lobo esquerdo d) linha que separa o fígado direito do esquerdo (da ve- sícula até a veia supra-hepática média) e) linha que separa os lobos direito e esquerdo, coinci- dindo com o ligamento falciforme Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2016 - UESPI - ACESSO DIRETO/CLÍNICA CIRÚRGICA 10. A trissegmentectomia hepática corresponde à res- secção dos seguintes segmentos: a) I, II, III b) II, III, IV c) V, VI, VII, VIII d) IV, V, VI, VII, VIII e) somente o segmento IV Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - UFF - CLÍNICA CIRÚRGICA 11. Tanto o colo da vesícula como o ducto cístico contêm pregas de mucosas orientadas espiralmente, as quais são conhecidas como valvas de: a) Mascagni b) Heister c) Callotd) Bud e) Hartmann Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2015 - UFF - CLÍNICA CIRÚRGICA 12. A causa mais comum de hemobilia é: a) biópsia percutânea do fígado b) trauma hepático fechado c) trauma hepático penetrante d) trauma iatrogênico do fígado e da árvore biliar e) rotura de hemangioma hepático Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2014 - UERJ - CLÍNICA CIRÚRGICA 13. Durante a realização das hepatectomias esquerdas, deve-se realizar a exposição adequada da base da veia hepática esquerda, onde há sua inserção na veia cava inferior. Essa exposição é facilitada ao ser executada a secção completa do ligamento: a) da veia cava inferior b) hepatoduodenal c) hepatocaval d) venoso Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2014 - UERJ - CLÍNICA CIRÚRGICA 14. Um paciente de 54 anos foi submetido a retossig- moidectomia por adenocarcinoma há 2 anos. Apresenta aumento dos níveis do CEA, e a tomografia evidenciou 4 lesões hepáticas hipovasculares, a maior de 8cm, acometendo o terço proximal das veias hepáticas direi- ta e média, 2 de 2cm no segmento 2 e outra de 4cm no segmento 3. A volumetria mostrou que o setor lateral esquerdo somado ao lobo caudado representa 19% do volume total do fígado. O tratamento adequado para o caso relatado, e que apresenta o melhor resultado onco- lógico, é a hepatectomia direita: a) estendida em 2 tempos b) com ressecções não anatômicas do 2 e 3 c) estendida e ressecções não anatômicas do 2 e 3 d) com ablação por radiofrequência do setor lateral es- querdo Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2014 - UFF - CLÍNICA CIRÚRGICA 15. A lobectomia hepática esquerda envolve a ressecção dos segmentos: a) I, II, III b) II, III, IV c) III, IV, V d) IV, V, VI e) V, VI, VII Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2014 - INCA - ACESSO DIRETO/CLÍNICA CIRÚRGICA 16. Um paciente, submetido a colectomia por adeno- carcinoma de sigmoide há 1 ano, apresentou metástase única no fígado, sendo indicada e realizada hepatecto- mia direita. Os segmentos ressecados, de acordo com a classificação de Couinaud, foram: Ga st ro en te ro lo gi a - Q ue st õe s gastroenterologia 7 R 3 a) I, II, III, IV b) IV, V, VI, VII, VIII c) V, VI, VII, VIII d) V, VI, VIII Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2014 - UFES - CLÍNICA CIRÚRGICA 17. Durante a colecistectomia por videocirurgia, a iden- tifi cação e a ligadura ou clipagem da artéria cística pas- sam pela sua abordagem dentro do triângulo cisto-he- pático ou triângulo hepatobiliar, o qual é delimitado por: a) colédoco, ducto cístico e artéria cística b) vesícula biliar, ducto hepático comum e borda hepática c) borda superior do duodeno, colédoco e artéria hepática d) ducto cístico, ducto hepático comum e borda hepática e) ducto hepático comum, artéria hepática e veia porta Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2013 - AMP - CLÍNICA CIRÚRGICA 18. A extensão do peritônio parietal que faz ponte entre a fáscia perirrenal e a parte posterior do fígado e que cobre o polo superior do rim direito é chamada de: a) ligamento hepatorrenal b) fáscia de Gerota c) ligamento redondo do fígado d) ligamento falciforme e) peritônio parietal Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2012 - UERJ - ACESSO DIRETO/CLÍNICA CIRÚRGICA 19. Tendo agendado uma hepatectomia parcial em pa- ciente com cistoadenocarcinoma lobar, o cirurgião re- comendou ao interno do leito que revisse a anatomofi - siologia do fígado. No dia da intervenção, enquanto mu- dava de roupa no vestiário, começou a fazer perguntas sobre o tema e logo notou que o jovem discípulo desde- nhara o seu conselho, visto que, acerca do suprimento sanguíneo, ele sequer sabia que: a) a pressão portal gira em torno de 50% da pressão na artéria hepática b) a artéria hepática contribui com pouco mais de 60% do afl uxo de sangue c) a veia portal é responsável por aproximadamente 75% do fl uxo para o órgão d) o sangue venoso transporta cerca de 25% dos nu- trientes que chegam a ele Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2012 - UFF - CLÍNICA CIRÚRGICA 20. Quando se procede à hepatectomia direita em pa- ciente com metástase hepática colorretal, retiram-se os seguintes segmentos do fígado: a) II, III, IV b) I, V, VI, VII, VIII c) I, II, III, IV d) IV, V, VI, VII e) V, VI, VII, VIII Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2011 - SES-SC - CLÍNICA CIRÚRGICA 21. Com relação à vascularização hepática, assinale a al- ternativa correta: a) o lobo caudado apresenta drenagem venosa da veia cava por meio de veias acessórias b) a artéria hepática comum ramifi ca-se, na grande maioria das vezes, em artéria hepática direita e es- querda c) a artéria cística geralmente origina-se da artéria he- pática esquerda d) a veia porta é formada pela junção das veias mesen- téricas superiores e inferiores e) as veias supra-hepáticas direita, esquerda, média e magna são responsáveis pela drenagem venosa he- pática Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2011 - SES-SC - CLÍNICA CIRÚRGICA 22. Assinale a alternativa correta a respeito da anato- mia hepática: a) o segmento 4 subdivide-se em 4A, 4B e 4C b) o segmento 8 localiza-se entre as veias supra-hepáti- cas média e direita c) o ligamento falciforme está entre os segmentos he- páticos 4 e 5 d) o fígado está subdivido em 8 segmentos mais o lóbulo caudado e) os ligamentos falciforme, triangular, coronal e trans- versal são responsáveis pela sustentação do fígado na cavidade abdominal Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei difi culdade para responder 2011 - UFG - CLÍNICA CIRÚRGICA 23. Analise a Figura a seguir: A ressecção operatória dos segmentos hepáticos, em destaque na Figura, é: a) setorectomia anterior direita sic gastroenterologia8 R3 Gastroenterologia - Questões R3 b) segmentectomia anterior direita c) bissegmentectomia medial direita d) bissegmentectomia posterior direita Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2011 - UFG - CLÍNICA CIRÚRGICA 24. A Figura a seguir ilustra detalhes da vascularização arterial de órgãos do sistema digestório: É notória, na Figura, uma variação anatômica na vascu- larização: a) do fígado b) do estômago c) da vesícula biliar d) do baço Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2011 - UFG - CLÍNICA CIRÚRGICA 25. Que artéria não é ramo da hepática? a) hepática própria b) gástrica direita c) gástrica esquerda d) gastroduodenal Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder Cirrose hepática e suas complicações 2016 - UNITAU - ACESSO DIRETO/CLÍNICA CIRÚRGICA 26. Na hipertensão portal por cirrose alcoólica, com varizes esofágicas sangrantes, qual é o melhor procedi- mento, após estabilização hemodinâmica? a) cirurgia de Warren b) derivação esplenorrenal proximal e esplenectomia c) desconexão ázigo-portal e esplenectomia d) derivação portocava e) ligadura elástica endoscópica e betabloqueador Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2016 - INCA - CLÍNICA CIRÚRGICA 27. O paciente com cirrose pode ser avaliado utilizando- -se a classificação de Child-Pugh, que estratifica o risco cirúrgico de acordocom, exceto: a) níveis alterados de albumina b) níveis alterados de bilirrubina c) grau de ascite d) níveis alterados de fosfatase alcalina Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2016 - UNIRIO - CLÍNICA CIRÚRGICA 28. A peritonite primária ou espontânea está relaciona- da com: a) pneumonite recorrente b) infarto do miocárdio c) infarto esplênico d) diálise peritoneal e) nasofaringite Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2016 - HEVV - ACESSO DIRETO/CLÍNICA CIRÚRGICA 29. Assinale a alternativa errada: a) pacientes hepatopatas crônicos candidatos à cirurgia para tratamento de obesidade extrema são melhor tratados pela gastrectomia vertical b) a escala MELD é calculada usando bilirrubina, INR e ascite c) hipertensão portal é definida como pressão esplênica maior que 15mmhg d) o melhor tratamento para paciente de 42 anos de ida- de com Cirrose Child B e um único carcinoma hepato- celular de 4cm no lobo direito é transplante hepático e) o fígado tem duplo suprimento sanguíneo: 25% pela artéria hepática e 75% pela veia porta Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder 2016 - UFSC - ACESSO DIRETO/CLÍNICA CIRÚRGICA 30. Com relação a peritonite primária bacteriana espon- tânea, é correto afirmar que: a) sempre pode ser detectada uma causa intra-abdo- minal b) os micro-organismos mais comuns são E. coli em adul- tos e S. pneumoniae em crianças c) o exame do líquido ascítico revela flora polimicro- biana d) o exame do líquido ascítico revela menos do que 250 polimorfonucleares e) se não há crescimento bacteriano na cultura, a ascite é chamada de leucopênica Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder G as tr oe nt er ol og ia - C om en tá rio s R 3 Comentários Gastroenterologia Avaliação da função hepática Questão 1. Analisando as alternativas: a) Correta. Os níveis de AST e ALT na hepatite alcoólica são tipicamente menores do que 300UI/L, com uma elevação desproporcional da AST comparada à ALT (razão ≥2). b) Incorreta. As anormalidades laboratoriais na hepati- te A incluem grandes elevações das aminotransferases (>1.000UI/L), sendo a ALT comumente mais alta do que a AST. c) Incorreta. Na fase aguda da hepatite B, as eleva- ções nas transaminases são maiores do que 1.000 a 2.000UI/L, sendo a ALT maior do que a AST. Já na fase crônica os exames podem ser normais, mas a maioria possui elevação leve a moderada das transaminases. d) Incorreta. Há grande variabilidade nos níveis de ami- notransferases na hepatite C crônica, sendo rara a apre- sentação de doença aguda. Mais de 1/3 dos pacientes têm ALT normal, sendo que o restante possui elevação leve. e) Incorreta. A AST e a ALT são usualmente moderada- mente elevadas no paciente com cirrose, sendo a AST mais frequentemente elevada do que a ALT. Muitas for- mas de hepatite crônica, com exceção da alcoólica, têm razão AST/ALT menor que 1. Gabarito = A Questão 2. Analisando as alternativas: a) Correta. A alfafetoproteína pode estar aumentada nas hepatopatias como a viral aguda e crônica, hepatite alcoólica, cirrose em atividade e em outros tumores ma- lignos (embrionários e metastáticos). b) Incorreta. Não se eleva no colangiocarcinoma. c) Incorreta. Não tem valor diagnóstico no carcinoma de vesícula. d) Incorreta. Não tem valor diagnóstico e nem prognósti- co no carcinoma da junção das vias biliares. e) Incorreta. No seminoma também há o aumento de al- fafetoproteína. Desse modo, não consegue diferenciar o seminoma de carcinoma. Gabarito = A Questão 3. Alternativa “d” correta: o paciente é Child B. Fez 9 pontos: Bilirrubina = 2/ albumina = 2/ tempo de pro- trombina = 2/ encefalopatia ausente = 1/ ascite leve = 2. Sistema de pontuação Child-Pugh. 1 2 3 Bilirrubina <2g/dL 2 a 3 >3 Albumina >3,5 3,5 a 2,8 <2,8 Tempo pro- trombina <4s 4 a 6s >6s Ascite Ausente Leve a mo-derada Moderada a severa Encefalopatia Ausente Leve (graus I e II) Severa (graus III e IV) - Child A: 5 a 6 pontos; - Child B: 7 a 9 pontos; - Child C: >10 pontos. Gabarito = D Anatomia cirúrgica do fígado Questão 4. A trissegmentectomia direita, ou hepatec- tomia direita estendida, implica a hepatectomia direita (segmentos V, VI, VII e VIII) mais a retirada do segmento IV. Portanto, os segmentos remanescentes são o I, II e III. Gabarito = B Questão 5. O plano da veia hepática direita subdivide o lobo direito do fígado em anterior (V e VIII) e posterior (VI e VII). (A) Visão anterior e (B) visão posterior do fígado Gabarito = A sic gastroenterologia46 R3 Gastroenterologia - Com entários R3 Questão 6. O triângulo de Calot (a seguir) é limitado pelo ducto hepático comum medialmente, ducto cístico late- ralmente e borda inferior do lobo hepático direito supe- riormente. Gabarito = B Questão 7. O plano da veia hepática direita subdivide o lobo direito do fígado em anterior (segmentos V e VIII) e posterior (segmentos VI e VII). (A) Visão anterior e (B) visão posterior do fígado Gabarito = A Questão 8. Analisando as alternativas: a) Incorreta. O segmento I (lobo caudado ou lobo de Spie- gel) é considerado à parte. Diferente dos demais, recebe sangue portal tanto do ramo direito quanto do esquerdo da veia porta e, frequentemente, tem uma própria e pe- quena veia hepática conectando diretamente à veia cava inferior. b) Correta. O lobo caudado localiza-se atrás do pedículo hepático e sobre a veia cava inferior. c) Incorreta. Na cirrose avançada, o lobo caudado se atrofia menos do que o lobo hepático direito. d) Incorreta. e) Incorreta. O lobo caudado é irrigado pelas artérias he- páticas direita e esquerda. Gabarito = B Questão 9. A linha de Cantlie é uma linha imaginária que passa medialmente à vesícula biliar e vai até a veia cava inferior, dividindo o fígado em lobos direito e esquerdo. Gabarito = D Questão 10. A trissegmentectomia direita, ou hepatecto- mia direita estendida, implica a hepatectomia direita (seg- mentos V, VI, VII e VIII) mais a retirada do segmento IV. Gabarito = D Questão 11. Analisando as alternativas: a) Incorreta. O linfonodo de Mascagni ou de Lund é o linfonodo-sentinela da vesícula biliar. b) Correta. As válvulas de Heister são pregas espirais na mucosa proximal do ducto cístico. c) Incorreta. O triângulo hepatobiliar ou de Calot é o es- paço anatômico entre o ducto hepático comum medial- mente, o cístico lateralmente e a borda hepática supe- riormente. d) Incorreta. Existe o linfonodo de Lund. e) Incorreta. Bolsa de Hartmann corresponde ao infundí- bulo da vesícula biliar. Gabarito = B Questão 12. Ainda que todas as situações listadas pos- sam causar hemobilia, a causa mais comum é o trauma iatrogênico de fígado e árvore biliar, principalmente após manipulação cirúrgica ou endoscópica. Gabarito = D Questão 13. Analisando as alternativas: a) Incorreta. O ligamento venoso também pode ser cha- mado de ligamento da veia cava inferior. b) Incorreta. O ligamento hepatoduodenal é formado pela artéria hepática, pela veia porta e pelos ductos bi- liares extra-hepáticos. c) Incorreta. A veia cava inferior está localizada acima da glândula adrenal, mais profundamente no fígado. O seu lado direito é coberto por um ligamento fibroso, chama- do hepatocaval, que se estende entre a borda posterior do fígado e a borda posterior da veia cava. d) Correta. O ligamento venoso (a veia umbilical obli- terada) corre junto ao ligamento redondo, ao longo da face anterior do lobo caudado, e liga-se à veia hepática esquerda, que mais frequentemente desemboca na veia cava inferior, como um tronco único, mas que pode ser independente em alguns casos. Na hepatectomia es- querda, o ligamento gastro-hepático é dividido, e a dis- secção continua até o ligamento venoso, o qual é disse- cado na sua entrada na veia hepáticaesquerda. Gabarito = D G as tr oe nt er ol og ia - C om en tá rio s gastroenterologia 47 R 3 Questão 14. Analisando as alternativas: a) Correta. Alguns consensos defi nem irressecabilida- de de metástases hepáticas se doença extra-hepática intratável, não apto para cirurgia, ou envolvimento de mais de 70% do fígado ou 6 segmentos. Em situações extremas, em que há múltiplas metástases em ambos os lobos hepáticos, ressecção em 2 tempos é a melhor solução. A recomendação é que primeiramente se realize a exérese do parênquima hepático que se pretende pre- servar; é uma ressecção poupadora do lobo em que há menos doença (geralmente o esquerdo). Esperam-se de 4 a 6 semanas e realiza-se a hepatectomia direita esten- dida, que envolve a ressecção do lobo hepático direito (segmentos V, VI, VII, VIII) e do lobo caudado (segmento I), ao longo de segmento IV. Indicação comum é a de le- são hepática direita, como colangiocarcinoma ou metás- tases de câncer colorretal, estendendo-se medialmente ao segmento hepático esquerdo. b) e c) Incorretas. Margens tumorais negativas são mais prováveis usando técnicas anatômicas do que não ana- tômicas; ressecções não anatômicas podem ser neces- sárias para manejar malignidades em que o volume he- pático residual será insufi ciente seguindo a ressecção anatômica. d) Incorreta. Ablação com radiofrequência ou criocirur- gia é às vezes aplicada após ressecção macroscópica in- completa das metástases hepáticas de câncer colorretal ou se há pequenas lesões achadas incidentalmente e que são cirurgicamente inacessíveis. Gabarito = A Questão 15. Analisando as alternativas: a) Incorreta e b) Correta. O plano da fi ssura umbilical (li- gamento falciforme) divide o lobo esquerdo em segmen- to medial (IV) e segmento lateral (II e III). O segmento I (lobo caudado ou lobo de Spiegel) é considerado à parte. A hepatectomia esquerda signifi ca a retirada dos seg- mentos II a IV (com ou sem a retirada do segmento I). c), d) e e) Incorretas. O plano da veia hepática direita sub- divide o lobo direito do fígado em anterior (V e VIII) e posterior (VI e VII). Assim, a hepatectomia direita corres- ponde à retirada dos segmentos V a VIII. Gabarito = B Questão 16. A segmentação hepática, proposta por Cou- inaud em 1957, divide o fígado em 8 segmentos indepen- dentes, com sua própria irrigação e drenagens venosa e biliar. O plano da veia hepática direita subdivide o lobo direito em anterior (segmentos V e VIII) e posterior (seg- mentos VI e VII). O plano da fi ssura umbilical (ligamento falciforme) divide o lobo esquerdo em segmento medial (segmento IV) e segmento lateral (segmentos II e III). O segmento I (lobo caudado ou lobo de Spiegel) é conside- rado à parte. Gabarito = C Questão 17. O triângulo hepatobiliar ou de Calot é um reparo anatômico utilizado para identifi car estruturas importantes durante a colecistectomia, sendo limitado pelo canal cístico, pelo ducto hepático comum e pela bor- da inferior do fígado. As artérias hepática e cística estão localizadas dentro do triângulo. Gabarito = D Questão 18. Analisando as alternativas: a) O ligamento hepatorrenal é a extensão do peritônio parietal que faz ponte entre a fáscia perirrenal e a parte posterior do fígado, e que cobre o polo superior do rim direito. b) A fáscia de Gerota é a camada de tecido conectivo en- capsulando os rins e as glândulas suprarrenais. c) O ligamento redondo do fígado é formado pela obli- teração da veia umbilical no feto e começa na cicatriz umbilical, percorrendo a linha mediana e se fi xando ao fígado abaixo do ligamento falciforme, até a veia porta esquerda. d) O ligamento falciforme é aquele que prende o fígado à parede abdominal anterior. e) O peritônio parietal é a camada do peritônio que re- veste a parede abdominal. Gabarito = A Questão 19. Analisando as alternativas: a) Incorreta. A pressão portal é em torno de 10mmHg e a pressão média arterial é em torno 90mmHg. b) Incorreta. Somente 30% do suprimento hepático são realizados pela artéria hepática. c) Correta. A veia porta é responsável por cerca de 70% do suprimento sanguíneo hepático. d) Incorreta. O sangue venoso (veia porta) transporta cerca de 40% de oxigênio e nutrientes. A artéria hepáti- ca transporta 60% do sangue oxigenado. Gabarito = C Questão 20. O fígado é dividido anatomicamente em lo- bos hepáticos direito e esquerdo através do ligamento falciforme. Existe outra divisão que é funcional e baseia- -se no fl uxo sanguíneo arterial, fl uxo sanguíneo portal, drenagem biliar e drenagem hepática. Divide funcional- mente o fígado em lobos hepáticos direito e esquerdo. Lobo hepático I: caudado; IV: quadrado: lobo hepático esquerdo: II e III; lobo hepático direito: V, VI, VII e VIII. Na hepatectomia direita realiza-se a ressecção do lobo hepático direito funcional. Gabarito = E Questão 21. A veia porta é responsável por 75 a 80% do fl uxo sanguíneo hepático, e o restante é atribuído à ar- téria hepática. É formada pela junção das veias mesen- térica superior e esplênica, dorsal ao colo do pâncreas. O tronco portal se divide em 2 ramos na fi ssura portal, o direito e o esquerdo. A artéria hepática nasce do tron- sic gastroenterologia48 R3 Gastroenterologia - Com entários R3 co celíaco e passa ao longo da margem superior do pân- creas em direção ao fígado. Seu principal ramo (artéria gastroduodenal) a divide em artéria hepática comum e artéria hepática própria. No ligamento hepatoduodenal (onde se localiza medialmente ao ducto biliar e anterior- mente à veia porta), ramifica-se em artérias hepáticas direita e esquerda. A drenagem venosa é feita pelas veias supra-hepáticas direita, média e esquerda. O lobo caudado drena diretamente para a veia cava. Gabarito = A Questão 22. O plano da veia hepática direita subdivide o lobo direito do fígado em anterior (V e VIII) e poste- rior (VI e VII). Portanto, considerando o fígado em sua posição anatômica, a borda direita é formada pelos seg- mentos VIII (superiormente) e V (inferiormente). Já o pla- no da veia porta subdivide o lobo direito em superior e inferior (formando os 4 segmentos – V a VIII). Tal plano também subdivide o segmento medial esquerdo em su- perior (IVa) e inferior (IVb). O plano da fissura umbilical (ligamento falciforme) divi- de o lobo esquerdo em segmentos medial (IV) e lateral (II e III). O segmento I (lobo caudado ou lobo de Spiegel) é considerado à parte. Diferentemente dos outros seg- mentos, ele recebe sangue portal tanto do ramo direito quanto do esquerdo da veia porta, e, frequentemente, uma própria e pequena veia hepática conectando-se di- retamente à VCI. Gabarito = B Questão 23. Pelo consenso da IHBPA de Brisbane, 2000, com relação à terminologia da anatomia hepática e de suas ressecções, a cirurgia é chamada setorectomia an- terior direita. Gabarito = A Questão 24. Observa-se a distribuição normal do tron- co celíaco, com a artéria hepática comum originando a artéria hepática própria e a artéria gastroduodenal. Entretanto, há uma 2ª artéria hepática, ramo da artéria mesentérica superior. Gabarito = A Questão 25. A artéria hepática comum é um ramo do tronco celíaco e emite os seguintes ramos: artéria hepá- tica própria, artéria gástrica direita e artéria gastroduo- denal. A artéria gástrica esquerda também é um ramo do tronco celíaco. Gabarito = C Cirrose hepática e suas complicações Questão 26. O tratamento cirúrgico no cirrótico com sangramento por varizes esofágicas deve ser evitado antes do transplante hepático, e, nos casos de hemorra- gia incontrolável ou ressangramentos, deve-se preferir a derivação portossistêmica por radiologia interven- cionista pelo TIPS (Transjugular Intrahepatic Portosys- temic Shunt) às derivações cirúrgicas portocavas ou mesentérico-cavas, por apresentar menor morbidade e não interferir no procedimento cirúrgico posterior de transplante. A desconexão ázigo-portal associada à es- plenectomia está indicada aosesquistossomóticos com hipertensão portal, assim como a cirurgia de Warren (derivação seletiva esplenorrenal distal). O shunt não seletivo esplenorrenal proximal não é indicado nesses casos. No sangramento agudo por varizes esofágicas, a endoscopia deve ser realizada nas primeiras 12 horas, e, se sangramento confirmado, é indicada ligadura elástica como 1ª escolha terapêutica. Aqueles que já apresenta- ram hemorragia digestiva alta devem ser encaminhados a um serviço de transplante hepático, pois esse é o único tratamento efetivo, e a mortalidade é elevada nos res- sangramentos. Até com o transplante, deve-se realizar o tratamento endoscópico, além de utilizar bloqueadores beta-adrenérgicos (propranolol) e protetores gástricos. Gabarito = E Questão 27. Segue a classificação de Child-Pugh: Critérios Escore numérico 1 2 3 Ascite Ausente Leve a moderada Tensa Encefalopatia Ausente 1 a 2 3 a 4 Bilirrubina (mg/ dL) <2 2 a 3 >3 Albumina (g/dL) >3,5 3,5 a 2,8 <2,8 INR <1,7 1,7 a 2,3 >2,3 Classes funcionais Pontuações Descrições A 5 a 6 Doença hepática menos grave B 7 a 9 Doença hepática modera-damente grave C 10 a 15 Doença hepática mais grave Gabarito = D Questão 28. A grande maioria daqueles com peritonite bacteriana espontânea tem cirrose avançada. Ascite re- lacionada a malignidade e ascite cardíaca pode se tornar infectada, mas isso é raro, assim como ascite nefrótica. Peritonite associada a diálise peritoneal pode ocorrer, mais comumente por contaminação por patógenos cutâ- neos; as causas seriam manipulação do cateter, presença de fluido não fisiológico na cavidade peritoneal e remo- ção constante de macrófagos e citocinas. Gabarito = D Sem nome GASTRO VOL 3 R3 QC 2017 P001 A 096 PB GRAFICA.pdf Sem nome
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