Buscar

HISTÓRIA MODERNA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS - AULA 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
1 
 
 
 
 
 
História Moderna das Relações 
Internacionais 
 
Profa. Ana Paula Lopes 
Aula 1 
 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
2 
Conversa Inicial 
Olá, caro aluno! 
Diariamente, você deve se deparar com algumas notícias sobre a atual 
conjuntura internacional, na maioria das vezes relacionadas a decisões que 
representantes de Estados, em conjunto ou não, tomam em relação a assuntos 
de interesse global ou até mesmo em relação a outros Estados, seja sobre 
conflitos, causas ambientais ou sobre o comércio internacional. Não é segredo 
que os Estados têm papel fundamental no desenvolvimento do comércio e na 
manutenção de paz entre os povos. Devemos lembrar que isso não é um 
fenômeno recente – vem desde a Idade Moderna, quando os Estados passaram 
a ser os principais agentes das Relações Internacionais. 
Nesta aula, falaremos sobre o surgimento do Estado moderno como 
agente das Relações Internacionais a partir do século XV, tendo como objetivo 
conhecer e compreender os principais eventos que contribuíram para esse 
acontecimento. Para tanto, iremos explorar o fim da Idade Média, como se deu 
a consolidação do Estado moderno e o papel da Guerra de Trinta Anos e da Paz 
de Vestfália. 
 
 
 
Tema 1: 
Fim da Idade Média e o surgimento do Estado 
O fim da Idade Média ocorreu após o século X, período conhecido como 
Baixa Idade Média, quando o sistema feudal e o senhorial do período entraram, 
pouco a pouco, em uma crise. O antigo sistema foi dando lugar ao 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
3 
desenvolvimento e ao enriquecimento econômico, social e cultural dos novos 
centros urbanos. 
Os fatores que levaram ao fim da Idade Média são muitos e estão 
interligados entre si. A crise do feudalismo marcou a Baixa Idade Média (séc. XI 
ao XV). Abaixo listamos os principais fatores que desencadearam o fim deste 
período: 
 Liberação das rotas comerciais: com a liberação das rotas 
comerciais para o Oriente, houve crescimento do comércio e dos 
centros urbanos, que cada vez atraíam mais pessoas. 
 Surgimento de novos centros urbanos: cidades, vilas e feudos bem 
posicionados, como em rotas comerciais, pouco a pouco passaram a 
receber camponeses e outros viajantes que se libertavam dos laços 
feudais. 
 Enriquecimento das cidades e surgimento da classe burguesa: 
quando as cidades começaram a se formar e crescer, o comércio 
também cresceu e tornou-se uma das principais atividades 
econômicas do período, a burguesia ganhava cada vez mais espaço 
transformando-se gradualmente na classe governante. 
 Fragmentação política: ampliou as relações de diversos grupos 
regionais em busca de defesas comuns às ameaças externas. 
 Desenvolvimento comercial e nova estrutura político-econômica: 
com o aumento da produção nos campos, os camponeses começaram 
a praticar o escambo. Essa prática fez as moedas começarem a ser 
inseridas ao final da Baixa Idade Média, sendo controladas pelos 
governantes locais. 
 Peste negra: em meados de 1347, a Europa foi devastada pela peste 
negra que afetou diretamente a economia do período. 
A transição da Idade Média para Idade Moderna foi marcada pela 
transformação política, cultural, social e econômica. O mercado aos poucos 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
4 
tornou-se uma atividade substituta à produção agrícola feudal, trazendo a 
liberdade de enriquecimento por meio do comércio. Nesse momento, o sistema 
feudal passou a ser substituído pelo sistema capitalista em sua primeira fase 
moderna: o mercantilismo. 
Conflitos e disputas redesenharam o mapa europeu e deram vida a um 
novo ator: o Estado. Em 1648, as bases de compreensão do que seriam os 
Estados foram tratadas na Paz de Vestfália, marcando o início da Idade Moderna 
para as relações de poder em um cenário interestatal. Todavia, para 
compreender esse acordo, é preciso, primeiramente, expor o processo que 
culminou com sua realização: a Guerra dos Trinta Anos. 
 
 
Tema 2: 
Guerra de Trinta anos 
A Guerra de Trinta Anos (1618-1648) foi um conjunto de conflitos na 
Europa que teve início a partir de 1618, especialmente nos territórios da atual 
Alemanha, com o conflito entre o Sacro Império Romano-Germânico, dominado 
pela casa (dinastia) dos Habsburgos e várias cidades e principados alemães de 
religião protestante, os quais contavam com apoio da Suécia, dos Países Baixos 
e, posteriormente, da França católica, que mantinha antigas rivalidades com os 
Habsburgos. 
A liberdade de culto dos monarcas foi abalada com o surgimento de uma 
nova vertente religiosa protestante: o calvinismo, que rapidamente conquistou 
novos governantes. Como forma de conter a expansão da nova religião, os 
Habsburgos, como defensores do catolicismo, uniram-se contra os Estados 
reformistas da região, enquanto a França e outros Estados que haviam adotado 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
5 
vertentes protestantes do cristianismo – especialmente ao norte europeu – 
realizaram uma mobilização de coalizão contra as investidas dos Habsburgos. 
O início da guerra em si teve como marco a Revolta da Boêmia. 
O cenário que se sucedeu na Europa a partir de então foi de crises 
políticas intraestatais e interestatais recortadas entre dois grupos: os apoiadores 
do Sacro Império Romano-Germânico, católico e dominado pela dinastia dos 
Habsburgos e os monarcas alemães protestantes, que receberam apoio de 
potências como a Suécia, os Países Baixos e também da França – nação que 
se mantinha como católica, porém, temerosa aos interesses territoriais dos 
vizinhos Habsburgos (KENNEDY, 1989). A Guerra dos Trinta Anos dividiu-se, 
então, em quatro períodos: 
Período Palatino-
Boêmio 
Período 
Dinamarquês 
Período 
Sueco 
Período Francês 
(1618-1624) (1624-1629) (1630-1635) (1635-1648) 
 
Para as relações internacionais, a Guerra dos Trinta Anos é importante 
por ser a responsável pela configuração da Europa em termos geográficos e 
políticos, além de ser o evento que marca o desenvolvimento da diplomacia a 
partir das negociações de paz. 
 
 
 
Tema 3 
Paz de Vestfália 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
6 
Em 1648 foi firmada uma série de tratados que encerraram a Guerra dos 
Trinta Anos, episódio que ficou conhecido como Paz de Vestfália. A Paz de 
Vestália compreende os seguintes tratados: 
 Tratado Hispano-Holandês: assinado em 30 de janeiro de 1648, 
pôs fim à Guerra dos Oitenta Anos. 
 Tratado de Vestfália: assinado em 24 de outrubo de 1648, pôs fim 
ao conflito entre França e Suécia contra o Sacro Império Romano-
Germânico. 
 Tratado de Pirineus: assinado em 1659, pôs fim a guerra entre a 
França e a Espanha. 
A importância desse evento para as relações internacionais se dá pelo 
fato de terem inaugurado a diplomacia moderna e o moderno sistema 
internacional ao acatar consensualmente princípios e noções como o de Estado-
Nação, soberania territorial, não-interferência na política interna de terceiros 
Estados e tolerância entre unidades políticas dotadas de direitos iguais 
(PHILPOTT, 1999). Foi a partir destes acordos que surgiu o que viria a ser noção 
de equilíbrio de poder entre os Estados, da qual a paz duradoura viria. 
De um modo geral, a Paz de Vestfália permitiu a constituição do que viria 
a ser chamada “sociedade internacional”, com normas firmadas entre os Estados 
modernos, detentores de poder e autoridades. O sistema de Estados passa ter 
uma estrutura anárquica, tendo o Estado como principal agente. Com essa nova 
configuração do sistema de Estados a soberania foi uma das principais 
conquistas, garantindo aindependência política e integridade territorial, sem a 
interferência externa. 
Esse evento é um marco na transição da Idade Média para a Idade 
Moderna, ainda que não tenha sido instantânea, tais tratados definiram a nova 
estrutura internacional. Porém, devemos lembrar que a Paz de Vestfália não 
trouxe uma ruptura total em relação ao período anterior à Guerra dos Trinta 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
7 
Anos, tampouco trouxe a paz duradoura. Assim, a Paz de Vestfália ainda 
manteve uma importante caracteristica das relações internacionais: a busca 
pelos seus interesses (OSIANDER, 2001, p. 260-268; KRASNER, 1993, 1996). 
 
 
Tema 4: 
Consolidação do Estado Moderno 
O surgimento do Estado moderno e de suas relações de poder ocorreu 
em um cenário externo que, mais tarde, daria origem às relações internacionais 
tais como as conhecemos atualmente. O Estado soberano ainda não havia 
criado as relações internacionais que se fizeram presentes nos últimos séculos, 
mas, sim, um ambiente anárquico e de disputas de interesses e poder, disputas 
que quase sempre tratavam suas populações como peças em um tabuleiro. 
As guerras na Idade Moderna fizeram parte do próprio estabelecimento 
do Estado. Enquanto durante a Idade Média as forças dos feudos e suas 
coalizões eram em defesa da sobrevivência local, na Idade Moderna as guerras 
ocorriam tanto pela defesa contra invasões estrangeiras (como às árabes e 
mulçumanas), mas também para conquistar recursos e, sobretudo, demonstrar 
poder. Nos séculos XVII e XVIII, por exemplo, teve início o uso de um exército 
permanente nos Estados, que se institucionalizou como a força do governo, ao 
passo que a diplomacia institucionalizava como deveriam ser as estratégias para 
evitar os custos dessa força. A força bélica se tornara um dos principais símbolos 
culturais desses Estados que mediam sua saúde – desenvolvimento – por meio 
das guerras. 
Para as relações internacionais, foi na Idade Moderna que muitas raízes 
dos estudos de memória política se estabeleceram. O surgimento do Estado 
moderno absolutista na Europa foi marcado por conflitos internos, sobretudo, por 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
8 
membros coligados. Invasões, saques e outras formas de violência – que antes 
eram temidas pela ação dos povos bárbaros nos feudos – passaram a ser táticas 
de guerra entre os novos governantes. Segundo o autor Paul Kennedy (1989), o 
poder na Europa dividiu-se em poucas coroas, e nesse início da Idade Moderna 
elas tiveram um novo campo de batalha: a diplomacia. 
Portanto, no período moderno, o Estado surgiu para promover a 
segurança e financiar os interesses dos grupos no poder em coordenar políticas 
internas e, sobretudo, externas, como em busca de recursos e domínio sobre 
rotas comerciais com baixa ou nenhuma participação de suas populações no 
poder. 
 
 
Na Prática 
Apesar de a aula tratar dos séculos XV ao XVIII, podemos trazer para a 
atualidade a discussão sobre o papel do Estado nas Relações Internacionais. Na 
atual conjuntura internacional, o Estado, como ator unitário, não tem mais o 
mesmo poder que tinha há séculos atrás, sendo necessária a formação de 
coalizações e a criação de instituições internacionais para que demandas sejam 
atendidas. 
Sugiro que você se coloque como membro do corpo diplomático de um 
país presente em uma conferência internacional sobre paz. Você deve propor 
sugestões para a implementação de novas diretrizes para o estabelecimento da 
paz e termino de conflitos internacionais, levando em conta as necessidades do 
seu país e da sociedade internacional. Como qualquer demanda deve partir de 
uma boa análise, uma ação assim deve estar adequada aos critérios de 
soberania e não-intervenção existentes. 
 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
9 
Síntese 
Esta aula tratou da transição do período feudal para a Idade Moderna, 
focando no surgimento do Estado moderno na Europa, por ter sido onde se 
organizou uma estrutura de unidades políticas que elevou a jogos complexos as 
relações políticas e comerciais, transformando o continente em um palco de 
conflitos que redesenharam a Europa. 
Trouxemos o fim da Idade Média no início para mostrar que aquele 
sistema já não dava conta das demandas políticas, sociais e econômicas do 
período que, por meio de uma série de fatores, se esgotou, dando início a uma 
nova configuração: o Estado moderno. O Estado e seu papel nas relações 
internacionais é tratado a partir de dois acontecimentos importantes: Guerra dos 
Trinta Anos e Paz de Vestfália. Ambos eventos marcaram a consolidação do 
Estado e de seu papel como agente das relações internacionais. 
Nesta aula buscamos compreender um pouco mais da história da Europa 
e sua relação com os acontecimentos que fizeram do Estado a principal unidade 
política a iniciar as construções de relações internacionais em um nível global, 
além da ampliação do uso da diplomacia e da guerra como as duas principais 
formas de materializar os interesses do Estado moderno. 
Ressalta-se aqui o sistema de tratados que viria a dar origem aos 
protocolos, regimes e outras bases institucionais das relações internacionais 
contemporâneas. Como exemplo, podemos mencionar o conjunto de tratados da 
Paz de Vestfália, após a Guerra dos Trinta Anos, um marco do novo cenário 
político em construção e do reconhecimento do Estado como unidade política 
semelhante e autônoma diante de assuntos estrangeiros. 
 
 
 
 
 
ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO PÚBLICA, POLÍTICA, JURÍDICA E DE SEGURANÇA - ESGPPJ 
10 
Referências 
KENNEDY, P. Ascensão e queda das grandes potências. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 1989. 
KRASNER, S.D. Westphalia and all that. In: GOLDSTEIN, J.; KEOHANE, R. 
(Eds.) Ideas and foreign policy: beliefs, institutions and political change. Ithaca, 
Londres: Cornell University Press, 1993. 
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Editora Companhia das Letras, 2010. 
OSIANDER, A. Sovereignty, International Relations, and the Westphalian 
myth. International Organization, v. 55, n. 2, p. 251-287, primavera 2001. 
PERRY, M. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins 
Fontes, 2002. 
PHILPOTT, D. Westphalia, authority, and international society. Political 
Studies, v. XLVII, n. 3, p. 566-589, 1999. 
TILLY, C. Coerção, capital e Estados europeus. São Paulo: EDUSP, 1996.

Continue navegando