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PLA-GIO E A A-TICA ACADA-MICO-CIENTA-FICA

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Corporativo | Interno 
PLÁGIO E A ÉTICA ACADÊMICO-CIENTÍFICA 
 
INTRODUÇÃO 
 Aqui encontra-se um resumo dos artigos referenciadas ao final realizadas com o intuito de 
discutir sobre o plágio na atualidade, quais os impactos no mundo acadêmico e como 
contornar esse problema que se tornou tão sério. 
 
UMA ABORDAGEM HISTÓRICA AO PLÁGIO 
 O conceito de plágio que hoje é mais conhecido, refere- se ao modo romântico e iluminista, 
onde há a supervalorização do indivíduo e, bem assim, da originalidade que esse indivíduo é 
capaz de produzir, conforme apresentado por Posner (2009, p. 519). É resultado de uma 
questão cultural particular, e muitas vezes está mais relacionada a algo material do que 
ideológico. 
 As pessoas quando partilham esquecem que aquele bem é objeto de um árduo trabalho, 
que merece reconhecimento, e, portanto, não deve ser simplesmente copiado, pois isso além 
de ilegal é imoral (Keen, 2007, p. 145). 
 Na era da comunicação, onde a criação colaborativa e a produção própria, em especial 
diante das possibilidades tecnológicas pode transformar radicalmente o modo de produção e o 
modo de consumo, e a liberdade para criar não deixa de ser parte necessária a essa 
transformação. Nesse sentido, tanto é possível dizer que o plágio representa um desestímulo à 
criação, como também é possível dizer que o plágio pôde ser percebido, no passado, como 
uma mola propulsora de uma economia criativa, uma vez que a transformação das obras 
representava também criação. 
 A forma como uma recriação é percebida no mundo depende também ainda do modo 
como se concebe o direito do autor. Este, na medida em que cresce a proteção, aumentando o 
poder do autor ou titular sobre a obra originária, limita a possibilidade de transformações 
livres sobre a mesma, resultando em um maior número de violações, ou em menos 
desenvolvimento de obras derivadas, devido à inibição à criatividade (Lessig, 2004, p. 188). 
 
O SURGIMENTO DO AUTOR 
 Em tempos remotos as pessoas que se ocupavam em transmitir oralmente as obras que 
conheciam, não se preocupavam com a autoria e muito menos com plágio. 
 O conceito de autor foi surgindo e se formando historicamente (Carboni, 2010, p. 17). O 
desenvolvimento da escrita, dos direitos de propriedade e de personalidade, no contexto de 
ideias revolucionárias que trouxeram na época moderna a construção de um direito ao autor. 
Foi necessário um longo desenvolvimento histórico para que a produção e construção de 
palavras, obras literárias e artísticas pudessem ser vistas como um bem merecedor de 
proteção, por constituir o resultado de um trabalho humano e valioso, fazendo a figura do 
autor, para que posteriormente o direito passasse a se ocupar dele, concedendo e vinculando 
a ele um direito de propriedade. 
 O valor que passou a se vincular às obras intelectuais nasceu lentamente, e teve impulso a 
partir da invenção dos caracteres tipográficos, da máquina impressora, de modo que a 
 
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facilidade na multiplicação de obras que até então era realizada por escribas tornou mais 
perceptível o seu valor econômico agregado, ao mesmo tempo em que despertou a 
possibilidade de agregar cada vez mais valor por meio de normas proprietárias, garantindo aos 
detentores –- inicialmente não aos autores, mas aos editores – a possibilidade de alcançar 
renda com a obra. 
 
O PLÁGIO NA ATUALIDADE 
 Os avanços tecnológicos facilitaram muito a ocorrência do plágio, e o mundo acadêmico é 
um dos mais atingidos pelas mudanças provocadas pela Tecnologias da Informação e 
Comunicação. A cultura do “Ctrl+c Ctrl+v” tem se disseminado com muita rapidez no meio 
acadêmico. 
 Por um lado, vê suas atividades corriqueiras como produzir dissertações, teses, artigos e 
resenhas científicas ganharem abrangência jamais imaginado. Por outro, não tem mecanismos 
suficientes para “vigiar” a produção e garantir a proteção do direito do autor. 
 A ocorrência de plágio pode ser facilmente verificada nos casos em que o plagiador 
copia uma parte ou a íntegra do texto original, já o plágio conceitual, ou ideológico, que ocorre 
quando o aluno copia o conceito criado pelo autor, porém escrevendo com as suas palavras, 
sem citar a fonte, apropriando- se assim do conceito desenvolvido pelo autor originário, é de 
mais difícil verificação, podendo ser necessária a realização de uma perícia mais apurada. 
Muitas vezes o plágio das ideias é de difícil constatação – aquele plágio que não representa 
simplesmente cópia de ideias (que sequer estão protegidas pelo direito de autor, conforme o 
art. 8º, I, da Lei nº 9.610/1996), mas no sentido de um plágio envolvendo o próprio estilo ou 
modus de expressar conceitualmente uma obra de acordo com Gandelman. ( GANDELMAN, 
Henrique. O que é plágio? Revista da ABPI, ano 2005, n. 75.) 
 É uma questão que tem preocupado as instituições de ensino, que vêm buscando formas 
de conter uma avalanche de trabalhos plagiados, por meio da conscientização de seus alunos 
ou da aquisição de softwares capazes de detectar trabalhos plagiados, seja integralmente ou 
ainda, apenas alguns trechos. 
 As instituições de ensino, além de investirem em tecnologia, devem investir na 
conscientização dos seus alunos e em um programa de orientação focado na ética na pesquisa 
científica. Nesse sentido, Oliveira Júnior destaca (2009, p. 32) que o “furto intelectual”, termo 
utilizado por Pedro Orlando, tem contribuído para o baixo nível da produção acadêmica nas 
universidades “visto que o indivíduo capaz de cometer tal infração é um indivíduo com poucas 
possibilidades de contribuir num futuro próximo com a criação ou qualquer novidade 
intelectual. 
 Diniz e Munhoz (2011, p. 12) destacam violações que estão muitas vezes intimamente 
relacionadas, que academicamente pode se entender como “outras fraudes de autoria”, como 
as “publicações feijoadas” ( salami-slicing publication), pela qual os resultados de uma 
pesquisa são pulverizados em várias publicações, dando a falsa impressão de que se trata de 
uma diversidade de resultado. Há, ainda, a “autoria compadrio” (gift authorship), pela qual 
uma pessoa assina um artigo sem realmente ter participado da pesquisa ou da escrita do 
texto. Há ainda o autor fantasma (ghost authorship), que ocorre quando o nome de um autor 
não é incluído – seja porque foi pago por isso, e naturalmente a lei não sanciona esse ato, ou 
porque preferiu mesmo o silêncio. 
 São muitos os autores que indicam como podem ser encontrados sinais de plágio, o que 
didaticamente pode servir para conduzir à compreensão de atos que levem à conclusão pela 
 
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existência de plágio. Para Araújo Netto (1999, p. 150), plágio consiste em publicar como se sua 
fosse obra de outrem, “envolvendo a identidade de personagens, situações, forma de 
tratamento de episódios, esquematizações, desenvolvimentos de argumentos, diálogos, 
citações, referências e até caracteres, tendo ou não a obra o mesmo título”. 
 Paul Clough (2003, p. 2), nos oferece as formas do plágio, conforme um conceito acadêmico 
inglês: 
a) plágio de palavra a palavra: cópia direta de frases ou passagens de um texto publicado sem 
citação o reconhecimento da fonte; 
b) plágio de paráfrase: quando palavras ou sintaxe são alteradas (ou reescritas), mas a fonte 
do texto ainda pode ser reconhecida; 
c) plágio de recursos secundários: quando a fonte original é referenciada e citada, mas obtida 
de uma segunda fonte sem que seja esta citada ou tenha o original sido consultado; 
d) plágio da forma de uma fonte: a estrutura de um argumento é copiada (ou reescrita); 
e) plágio de ideias: a reutilização de um pensamento original de uma fonte sem nenhuma 
dependência de palavras ou forma da fonte. 
 Wachowicz1 nos aponta também outros tipos de plágio acadêmico, como o “plágio às 
avessas”, no qual se coloca o nome de uma autoridade ou de alguém reconhecidona sua 
própria frase; o “ghost writer”, quando um autor desconhecido é chamado para escrever a 
biografia de uma celebridade; o plágio consentido, quando por exemplo um aluno faz um texto 
e coloca na autoria o seu nome e o do seu orientador; e o autoplágio, quando o autor muda o 
título de um trabalho ou faz pequenas alterações no texto de uma mesma pesquisa e o publica 
em vários veículos como se fosse inédito. (WACHOWICZ, Marcos. Oficina de Direitos Autorais) 
 Plágio só surge quando a própria estruturação ou apresentação do tema é aproveitada. 
Refere-se, pois, àquilo a que outros autores chamam a “composição”, para distinguir quer da 
ideia quer da forma. (José de Oliveira Ascensão (1992, p. 65-66) 
 Por fim, arremata Bittar (2000, p. 150) de modo contundente: “Define-se plágio como 
imitação servil ou fraudulenta de obra alheia, mesmo quando dissimulada por artifício, que, no 
entanto, não elide o intuito malicioso” 
 Além disso, devemos atentar para o fato de que não é apenas a cópia literal, sem os 
devidos créditos, que configura o plágio. A figura do plágio conceitual nada mais é do que uma 
paráfrase sem a citação da devia fonte. 
O Professor José Artur Teixeira Gonçalves explica: 
 A paráfrase exige cuidados, como manter-se fiel à informação e à ideia do texto original 
parafraseado, além de se fazer remissão à fonte, sempre. Cuidado com este ponto, pois uma 
paráfrase não é plágio. No entanto, um texto parafraseado, sem a devida fonte, torna-se um 
plágio. Este pode ser voluntário (proposital) ou involuntário, fruto de uma citação indireta 
malfeita. (GONÇALVES, José Artur Teixeira. Citação indireta, a paráfrase. Disponível em: 
http://metodologiadapesquisa.blogspot.com.br/2009/06/citacao-indireta-parafrase.html) 
 Vale lembrar que as paráfrases apenas são livres quando, além de citado o autor, forem 
formuladas de forma a não representar reprodução da obra ou lhe implicar descrédito, nos 
termos do disposto no art. 47 da LDA (“Art. 47. São livres as paráfrases e paródias que não 
forem verdadeiras reproduções da obra originária nem lhe implicarem descrédito. ”) 
 
 
 
http://metodologiadapesquisa.blogspot.com.br/2009/06/citacao-indireta-parafrase.html
 
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A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL À AUTORIA E À LIBERDADE DE CRIAÇÃO 
 O ramo do Direito denominado Direitos Autorais tutela a autoria, estipula os limites do 
direito de autor e busca o equilíbrio entre os interesses públicos (divulgação do conhecimento) 
e os privados (direitos do autor). Os direitos autorais protegem a forma de expressão das 
ideias e sua materialização. Os direitos autorais integram o conjunto de direitos protegidos 
sobre o título de Propriedade Intelectual, no qual também se inserem os direitos industriais. 
 A doutrina brasileira define direitos de autor como “um conjunto de prerrogativas de 
ordem moral e de ordem patrimonial, que se interpenetram quando da disponibilização 
pública de uma obra literária, artística e/ou científica”, conforme aponta Abrão (2014, p.30). 
Disso decorre que os direitos autorais são frutos de duas vertentes distintas: uma tecnológica, 
fundada no surgimento das máquinas que propiciaram a reprodução em série de textos, de 
obras plásticas ou audiovisuais; e outra ideológica fundada nos princípios individualistas que 
inspiraram a Revolução Francesa. Essa natureza dúplice dos direitos autorais pode ser 
identificada na lei 9610/78 (LDA – Lei de Direitos Autorais), em seu artigo 22, quando dispõe: 
“pertencem ao autor, os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou” (STAUT 
JÚNIOR, 2006, p.59). 
 Os direitos autorais protegem, assim, tanto os direitos patrimoniais do autor (que tem 
direito de utilizar, fruir e dispor de sua obra), como seus direitos morais (a obra é criação do 
espírito humano). 
 Segundo Abrão (2014, p.31), dentre os direitos patrimoniais de autor, o mais importante é 
o direito de reprodução, que compreende a elaboração de cópias idênticas de qualquer obra 
fixada em suporte tal que se lhe permita a extração de exemplares. Os direitos morais 
asseguram ao autor o direito ao inédito, o de ter o seu nome vinculado à obra, o direito de se 
opor a quaisquer modificações que nela se pretendam introduzir, e outras disposições 
expressamente previstas na lei especial. 
 O direito do autor possui proteção constitucional, e o plágio é tratado em diversos 
dispositivos legais dentre eles a Constituição Federal, as Leis 9.610/98 (a lei dos Direitos 
Autorais), a 9.609/98 (a lei sobre programas de computador), a lei 6.533/78 (regulamenta a 
profissão de artistas), ou ainda o novo Código Civil e os decretos 75.699/75 e 76.905/75, que 
promulgaram as Convenções Internacionais de Berna e Genebra, além do decreto 1.355/94, 
que por sua vez promulgou o Tratado sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Industrial 
relacionados com o comércio, conhecidos pela sigla TRIPS (ABRÃO, 2014, p.30), sendo 
assegurado ao autor da obra a exclusividade em sua utilização, publicação ou reprodução, nos 
termos do que dispõe o art. 5º, inciso XXVII, da Constituição da República.( “XXVII – aos 
autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar.”) 
 A Carta Maior deixa clara a proteção ao autor, e, nessa via, também o repúdio àquele que 
de alguma forma ofende o autor por meio da cópia, modificação ou mesmo citação da sua 
criação, sem atribuição adequada da autoria. A caracterização da obra intelectual protegida 
dá-se pela originalidade, ou, em outras palavras, pelo modo como alguém expressa ou 
exterioriza a sua criação. 
 Contrapondo-se ao direito do autor, encontramos outros direitos, também 
constitucionalmente estabelecidos, como o da livre manifestação do pensamento e o da livre 
expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, previstos nos incisos 
IV e IX do art. 5º da Constituição da República (“IV – é livre a manifestação do pensamento, 
sendo vedado o anonimato; [...] IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.”) 
 
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 Naturalmente que as questões parecem entrar em confronto (Kretschmann e Sarlet, 2013, 
p. 17): 
Aquele direito fundamental do autor, que exige uma proteção especial, pois dotada da 
fundamentalidade, goza de aplicabilidade imediata e de uma eficácia que se espraia nos 
órgãos jurisdicionais, exigindo um poder-dever de aplicabilidade imediata, imunidade a 
qualquer restrição e ainda, a imposição dos limites materiais à reforma desses direitos. 
 Tratando-se de preservar o equilíbrio entre o direito do autor e o direito ao acesso à cultura 
e informação, deve-se lembrar de que todo bem ou propriedade possui uma função social a 
realizar, e com o direito autoral não é diferente. Carlos Costa Netto (2009, p. 1055), nesse 
sentido, destaca que “a função social do direito de autor envolve o interesse público resultante 
da evidente relevância da democratização do acesso aos bens culturais”. 
 Ascensão (1997) faz um estudo da Sociedade da Informação e conceitua as autoestradas da 
informação como veículos ou infraestrutura de base dessa sociedade e as “multimídias” como 
um tipo particular de obras desse novo modelo, para analisar a questão dos Direitos Autorais 
diante da colocação de obras em rede. Na sua análise, identificou uma nova modalidade de 
utilização da obra, que é a sua colocação à disposição por meios informáticos. 
 Em função dessa linha tênue entre uma transformação criativa da obra, um plágio, e o 
exercício regular do direito de manifestação do pensamento e da expressão da atividade 
intelectual, mostra-se indispensável o estudo da questão pelos estudantes, para que não 
incorram no plágio acadêmico. 
 A única possibilidade de reprodução integral de uma obra é concedida pelo art.46, VIII, da 
Lei nº 9.610/1998 e merece esclarecimentos. Na realidade, apenas não constitui ofensa ao 
direito autoral, como indica o inciso citado: 
 A reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer 
natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não 
seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra 
reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores. 
 Ou seja, quando há a reprodução em obra nova, a reprodução em si não pode ser o objeto 
principal da nova obra, assim como não pode ser realizada de forma capaz de causar danos 
injustificados ao autor da obra originária. 
 
A RESPONSABILIDDE CIVIL E OS DIREITOR AUTORAIS NA INTERNET 
 Ao tratar da responsabilidade civil pela violação dos direitos autorais na internet, Manuela 
Santos (2009, p.123), afirma que a responsabilidade civil constitui uma sanção civil de natureza 
compensatória por abranger indenização ou reparação de dano causado, o que faz que quem 
viole uma norma, fique exposto às consequências decorrentes dessa violação. A 
responsabilidade civil, segundo ela, está diretamente vinculada à liberdade de agir das pessoas 
no meio social. 
 Para Santos (2009), a responsabilidade civil por violação de direitos autorais na internet é, 
em regra, objetiva, por prescindir a culpa. A responsabilidade civil do agente (aquele que lesa o 
direito de autor) é objetiva, visto que deverá assumir os riscos advindos de suas atividades no 
mundo virtual, tendo ação repressiva contra o culpado. 
 O autor aponta os deveres que podem ser legalmente impostos aos provedores de serviços 
da internet, quais sejam o de utilizar tecnologias apropriadas, conhecer todos os dados dos 
 
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seus usuários, manter informações por tempo determinado, manter em sigilo os dados dos 
usuários, não monitorar, não censurar e informar em face de ato ilícito cometido por usuários. 
 As associações científicas, equiparadas a provedores de conteúdos, uma vez que publicam 
textos, pesquisas e trabalhos científicos de seus associados, são responsáveis pelo conteúdo 
que publicam em seus websites, ainda que não os tenha produzido ou editado. Rosa Maria 
Cardoso Dalla Costa Intercom - RBCC São Paulo, v.39, n.3, p.187-200, set./dez. 2016 195 
Mesmo que o dano tenha que ser provado, os provedores de conteúdo, respondem por danos 
causados por seus atos, tais como incorporação de conteúdos alheios como próprios e 
violação de direitos autorais (caso em análise aqui), entre outros. 
O MARCO CIVIL DA INTERNET 
 O Marco Civil da Internet é denominado a lei 12.965, de 23 de abril de 2014 “que regula o 
uso da Internet no Brasil, por meio da previsão de princípios, garantias, direitos e deveres para 
quem usa a rede, bem como da determinação de diretrizes para a atuação do Estado” 
(WACHOWICZ, 2015, s./p.). 
 Uma de suas principais inovações deve-se ao fato de reconhecer o papel crucial da internet 
na sociedade moderna ao elevar, em seu artigo sétimo, o acesso à internet à condição de 
direito fundamental imprescindível à cidadania. 
 Em seu artigo quinto, inciso VII considera “aplicações da internet: o conjunto de 
funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal conectado à internet”. 
Sobre a responsabilidade por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros, tratada na 
Seção III, prevê no seu artigo décimo oitavo que “o provedor de conexão à internet não será 
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdos gerados por terceiros”. Em 
seguida, acrescenta no artigo décimo nono: 
 “...no intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de 
aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes 
de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as devidas 
providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo 
assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as 
disposições em contrário” (MARCO CIVIL..., 2014). 
 Uma novidade do Marco Civil da Internet, segundo Wachowicz (2015), é o fato de apesar de 
prever sanções, ele não determina a interrupção dos serviços de internet. Diz o autor (2015, 
p.3),: “o Poder Judiciário não pode interromper a prestação de serviços ou retirar da Internet 
os espaços coletivos que são indispensáveis na Sociedade Informacional para o exercício 
democrático da cidadania, sob pretexto de tutelar interesses individuais”. 
 
PLÁGIO E A ÉTICA ACADÊMICO-CIENTÍFICA 
 Com a disseminação de informação cada vez mais em alta, há inconvenientes que precisam 
ser discutidos, como por exemplo, a apropriação indevida de autoria. Apesar deste empecilho 
em pesquisas ser antigo, hoje há mais facilidade para a ocorrência deste problema, uma vez 
que há mais acessibilidade a publicações, fato trazido pela internet. 
 O plágio acadêmico é uma fraude que lesa direitos morais e patrimoniais de autor, 
conforme prevê a legislação brasileira. O fato de estar contextualizado num cenário de 
Tecnologias da Informação e da Comunicação, que revolucionam as formas de acesso, 
tratamento e utilização do conhecimento, não o justifica nem tão pouco isenta quem o pratica 
 
Corporativo | Interno 
das responsabilidades civis previstas. Qualquer que seja a sua classificação, deve ser 
combatido e contra ele devem ser aplicadas as sanções previstas em lei. 
 A ministra Nancy Andrighi afirma que no universo virtual “não se pode considerar o dano 
moral um risco inerente à atividade dos provedores de pesquisa”. Em relação a fiscalização do 
conteúdo dos sites de internet, ela entende que “não se trata de uma atividade intrínseca ao 
serviço prestado”. Para ela, mesmo que fosse possível vigiar a conduta dos usuários sem 
descaracterizar o serviço prestado pelo provedor, haveria de se considerar que critérios seriam 
utilizados para o descarte ou não de determinada informação. Normalmente, as associações 
científicas fazem uma avaliação dos textos submetidos aos seus congressos e eventos, mas os 
critérios utilizados para aprovação dizem respeito à pertinência do tema, qualidade científica e 
não, necessariamente, é feita uma apuração para comprovação de plágio. 
 Assim, seguindo esse entendimento, no caso da associação científica que avalia e aprova 
um texto plagiado por terceiro, conclui-se ser coerente a aplicação da teoria do risco, como 
forma de coibir a prática do plágio que fere diretamente o Direito de Autor. Entende-se que 
essa associação pode ser responsabilizada também subjetivamente, por negligência, caso fique 
comprovado que deixou de agir com o cuidado necessário na aprovação dos textos que lhe são 
submetidos. 
 A acusação de plágio costuma ter um efeito devastador na vida das pessoas. Daí porque 
vale questionar a possibilidade de se conceber a existência de um “plágio involuntário”, no 
contexto de exigências ético-científicas da academia. 
 Uma das consequências do plágio, seja voluntário ou involuntário, é a quebra de confiança 
do educando com o seu professor, o que raramente é comentado na doutrina (Romancini, 
2007, p. 45). Efetivamente, mesmo que o aluno não saiba as sanções legais que envolvem a 
ação de plagiar, existem sanções de ordem ética que trazem efeitos, pois mesmo que não se 
aplique uma penalidade, no meio acadêmico, mesmo que o professor possa perdoar o seu 
aluno em função da ação, considerando o desconhecimento legal ou outra razão que julgue 
relevante para não punir, a diminuição da confiança pode ter também um efeito devastador. 
 Há indicações de que o plágio involuntário pode existir e ser bem aceito em rodas de 
samba, em alguma forma de apresentação familiar de algum texto ou música, até mesmo em 
desenhos ou relativamente a qualquer ato que se preste a facultarao agente a habilitar-se em 
alguma arte. 
 De qualquer forma, assim como o autor só pode surgir a partir de sua própria conduta de 
estudioso e pesquisador, pois a autoria será produto de seu desenvolvimento pessoal, o 
“plágio involuntário” só pode ser aceito em situações de brincadeiras familiares e entre 
amigos, mas jamais na academia e na sociedade, tendo em vista que, ao apresentar-se com a 
finalidade de reconhecimento, exige-se efetivamente uma originalidade própria. 
 É cada vez mais corriqueiro ouvir falar de pequenas desonestidades acadêmicas como a 
compra de trabalhos, ou até mesmo o próprio aluno que plagia descaradamente, e uma banca 
de avaliadores desatenta ou que confia na integridade moral dos discentes pode acabar 
aprovando um trabalho plagiado. 
 Segundo Prati (2014, p. 117), o CNPq, em 2011, se preocupou com os plágios em trabalhos 
científicos e publicou recomendações e diretrizes sobre a ética e integridade na pesquisa: 
 
a) Ações preventivas e pedagógicas (disciplinas em cursos de graduação e pós-graduação com 
orientações claras sobre ética na publicação; divulgação de cartilhas online com condutas 
adequadas para boas práticas de publicações); 
 
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b) Ações de desestímulo a más condutas, inclusive de natureza punitiva (a serem realizadas 
por comissão própria do CNPq). 
 Essas ações, e tantas outras, desenvolvidas por universidades e por órgãos que auxiliam à 
pesquisa científica servem para educar os pesquisadores acadêmicos, tornando-os cientes de 
todos os malefícios causados por esta ação desde o simples trabalho solicitado pelo professor 
até uma tese. Krokoscz (2011, p. 750) aponta que em estudos feitos por Donald McCabe, 
professor no curso de administração da Universidade de Rutgers, em 2001, constatou-se que 
em escolas que adotam códigos de honra para pesquisa, os alunos foram menos propensos a 
trapacear. Em seu artigo intitulado “Abordagem do plágio nas três melhores universidades de 
cada um dos cinco continentes e do Brasil”, o professor Dr. Krokoscz (2011, p.817) fez um 
estudo no qual ressalta seus resultados: Constatou-se que nas universidades da Oceania, 
Europa e América o plágio é abordado de forma diversificada e abrangente, envolvendo 
medidas institucionais, preventivas, diagnósticas e corretivas. Verificou-se que nas 
universidades brasileiras o assunto praticamente não é abordado. 
 As instituições têm responsabilidade em fornecer aos seus estudantes e pesquisadores 
informação acerca do assunto a fim de que se tornem seres éticos. Para isso, deve-se tomar 
iniciativas como o exemplo da Universidade Federal Fluminense (UFF), que por meio da sua 
Comissão de Avaliação de Casos de Autoria, que trabalham com educação e prevenção, lançou 
uma cartilha, disponível online, intitulada “Nem tudo que parece é: entenda o que é plágio” 
que aborda de forma clara o assunto afim de que seus discentes não incorram nesta situação 
prejudicial. 
 A ausência de ética na pesquisa científica traz para a comunidade científica sérias 
complicações aos novos trabalhos, que por sua vez darão origem a outros: uma fonte mal 
avaliada torna-se uma cadeia de trabalhos produzidos com informações errôneas. 
 
A PESQUISA CIENTÍFICA E SUA DIVULGAÇÃO ONLINE 
 São inegáveis as melhorias causadas pela pesquisa científica, e a iniciação na instituição de 
ensino deve ser de uma forma leve ao aluno não só interesse para o ato de pesquisar, mas 
também a ética que este tipo de pesquisa precisa, bem como os métodos e comportamentos 
que ela exige. 
 Além de métodos, a pesquisa científica precisa de mentes curiosas, cognitivas e críticas que 
veem, através desta, como solucionar questões e entendê-las, que não se limitam a “ler” a 
teoria e sim aplicá-la, conhecê-la na prática, e que possam ajudar na melhoria de vida da 
sociedade de modo geral. 
 Nos séculos anteriores, o conhecimento percorria uma longa jornada até chegar às mãos 
de um pesquisador, seja por sua geografia ou por sua falta de registro. Várias foram as práticas 
de pesquisas que provavelmente se perderam por falta de quem ou como a disponibilizasse. 
 Meadows (1999, p. 7) defende que a realização de pesquisas e a comunicação de seus 
resultados são atividades inseparáveis pois a esta não cabe reivindicar com legitimidade o 
nome de pesquisa, enquanto não houver sido analisada e aceita pelos pares. A pesquisa, 
então, não só deve ser praticada, como disponibilizada. Surge, então, a questão da 
disseminação de informações científicas que, outrora, ocorria através da troca de cartas entre 
pesquisadores, que usavam este meio de comunicação para discorrer sobre sua pesquisa e 
manter-se atualizado sobre o trabalho de seus pares. Com o correr do tempo, esta 
comunicação foi melhorada através dos periódicos científicos: 
 
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“Os periódicos científicos surgiram na segunda metade do século XVII devido a várias razões. 
Algumas eram específicas (como a expectativa de seus editores de que teriam lucro); algumas, 
gerais (como a crença de que para fazer novos descobrimentos era preciso que houvesse um 
debate coletivo). O motivo principal, contudo, encontra-se nessa necessidade de comunicação. 
Do modo mais eficiente possível, com uma clientela crescente interessada em novas 
realizações”. (MEADOWS, 1999, p.7) 
 Com o surgimento dos periódicos científicos, a disseminação ficou mais facilitada, uma vez 
que se sabia onde encontrar atualizações da área científica com seriedade em determinada 
obra. Em 2015, comemorou-se 350 anos das primeiras revistas científicas, intituladas de 
JournaldesSçavans e PhilosophicalTransactions, ambos lançados em 1665, e perduram até os 
dias atuais. Um deles, porém, sucumbiu à tecnologia, desde fevereiro de 2014:o 
JournaldesSçavans está disponível online na BibliothèqueNationale de France Gallica digital 
library. (SPINAK, 2015). 
 Assim, a internet e seus adventos estão se transformando em grandes meios divulgadores 
das informações, em especial as científicas, algo que há algum tempo, entre os idealizadores 
das primeiras revistas, já havia um consenso quanto a importância desta ação para a 
comunidade, em geral, e em especial para os próprios pesquisadores. 
 As ferramentas de acesso aos meios eletrônicos estão se adaptando e auxiliando os 
pesquisadores em suas práticas, tornando-os cada vez mais independentes entre si. Uma vez 
que o pesquisador encontrou uma fonte de informação de determinado assunto e faz sua 
pesquisa e a publica, ele passará também a colaborar com aquela fonte, tornando-se também 
fonte. Por isso, o acesso facilitado a este meio de comunicação como a internet produz, além 
de conhecimento, uma comunicação entre cientistas e sociedade necessária à perpetuação 
das pesquisas científicas. 
 
FRAUDE E O PLÁGIO EM PESQUISA E NA CIÊNCIA; MOTIVOS E REPERCURSSÕES 
O tema que tratado no artigo refere-se à ética na pesquisa e na ciência, em especial, às 
repercussões que as fraudes e plágios acarretam para a evolução do conhecimento científico 
nas diferentes áreas/disciplinas, evidenciando a necessidade de alerta à enfermagem. 
Como problema, foi evidenciado as repercussões no desenvolvimento do conhecimento 
científico, oriundo de falsos resultados de pesquisa. Tais resultados nem sempre ocorrem por 
erro, mas, por fraudes e plágios. Vaidades e a competitividade do mundo atual, por vezes, 
interferem nos valores e no ato moral, e, portanto, interferem no desenvolvimento das 
condutas humanas 
Desta forma, o objeto deste estudo são as fraudes e plágios nas pesquisas e na ciência e suas 
repercussões no desenvolvimento do conhecimento nas diferentes áreas. s. Os objetivos 
buscam caracterizar a fraude e o plágio em ciência, pesquisas científicas e publicações e 
analisar as repercussões desses fenômenos contra a ética na pesquisa científica e respectivas 
publicações. 
 
METODOLOGIA 
Foi realizada pesquisas qualitativa, descritiva edocumental. O método indutivo nas pesquisas 
envolve as regras gerais que são desenvolvidas a partir de casos individuais ou observação de 
um fenômeno, como explicita Minayo (2008), neste caso, a observação dos fenômenos 
socioculturais sobre fraude e plágio nas pesquisas científicas e na ciência. 
 
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 Os documentos constituíram-se de notícias de jornais, periódicos e revistas de grande 
circulação, nacionais e internacionais, localizadas em índices, como o http://google.com, 
através da busca pelos descritores fraude e plágio, na pesquisa e na ciência, constantes no 
MeSH (Medical Subjecy Headings), selecionados aleatoriamente. Tais descritores foram 
inseridos também na base de dados LILACS (Literatura LatinoAmericanas e do Caribe em 
ciências da saúde) e ainda, selecionados em publicações, em revistas assinadas pelos autores. 
As fontes secundárias foram utilizadas para dar respaldo às análises documentais e, somadas 
às fontes primárias, se constituíram nas bases necessárias para esta pesquisa. 
Após a categorização dos dados, procedeu-se à interpretação e análise dos mesmos. 
 
 
 
TIPOS DE FRAUDES 
 Os dados levantados referem fraude nas pesquisas científicas, tanto por autores quanto 
por coautores, se compreendermos que estes têm a responsabilidade por publicações 
oriundas dos resultados de pesquisa dos quais fazem parte. ...uma das revistas científicas mais 
conhecidas internacionalmente, ostentava 15 (quinze) coautores [...] era uma fraude e foi 
devidamente desmascarada. Doc. 1. ...descobriram que não tinham mantido cadernos de 
laboratório [...] encontraram evidências de que grupos inteiros de dados foram reutilizados em 
experiências diferentes. Doc. 2. ...tinham conhecimento direto de uso de dados falsos em 
pesquisas (...) de casos de plágio entre colegas(...)estudantes e (...)professores se referiam a 
episódios de má conduta, como falsos créditos de autoria, fechar os olhos ao uso de 
informações falsas, desvio de verbas [...] Doc. 4 
Após a leitura, selecionamos os dados que reportavam diferentes tipos de fraude, tais como: 
falso resultado de clonagem de embriões; dados duplicados em experiências distintas; falsa 
montagem de fóssil descoberto 40 anos após a fraude e uso de dados falsos nos trabalhos 
acadêmicos em universidades e faculdades. Tais dados foram coletados de revistas atuais, 
jornais e documentos eletrônicos que publicavam assuntos relacionados à pesquisa e à ciência. 
Conforme os dados citados convêm definir fraude, para que não seja confundida com erro. O 
erro é possível, embora não desejado, significando pouca seriedade ou desleixo na pesquisa, 
ou seja, depõe contra o pesquisador. Entretanto, as fraudes “geram informações incorretas 
que podem ser utilizadas como se fossem adequadas [...] é um agravante, devido à sua 
intencionalidade” (Goldim, 2002, p.1). 
O código de ética dos profissionais de enfermagem brasileiro (Conselho Federal de 
Enfermagem, 2007) determina que o enfermeiro deva ser honesto no relatório dos resultados 
da pesquisa. Além das considerações realizadas, ao abordarem o aspecto ético da pesquisa em 
enfermagem, precisam atentar para o fato de que “deve haver equilíbrio entre o rigor técnico 
e metodológico que o pesquisador deve manter em todas as fases da pesquisa, pois de 
contrário, poderia por em risco a credibilidade dos resultados” (Oguisso e Schmidt, 2007, p. 
157). 
Por se tratar de pesquisas envolvendo o cuidado aos seres humanos, os pesquisadores dessa 
área deverão atentar para as orientações e pesquisas que realizam para evitar erros que 
interfiram negativamente na construção do conhecimento na área. Essas pesquisas deverão 
primar pelos direitos dos cidadãos, tomando para si ações que integrem e acolham 
profissionais, clientes e familiares para o bem social. 
 
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MOTIVAÇÃO PARA FRAUDE 
 Algumas publicações referem diferentes motivadores para fraude na pesquisa, porém nos 
recortes das reportagens sobre fraude em publicações científicas, foi evidenciado como 
motivos principal a competitividade, com consequentes publicações rápidas e em grande 
quantidade, leituras superficiais sobre os autores e manuscritos encaminhados para 
publicação. Por se tratar de obrigação, sem um retorno imediato, nem financeiro, nem 
curricular, a maioria dos assessores apenas lêem os manuscritos superficialmente, sem se 
preocupar com a veracidade 
 Desta forma, pode-se visualizar no material analisado que, embora possam ter sido 
motivados por fatores externos, os pesquisadores estão afastados de algo que é característica 
essencial a esses profissionais, a motivação internalizada da ética da responsabilidade 
solidária, bem como, em uma visão mais tradicional, parecem não apresentar valores morais 
sólidos e para o bem e princípios essenciais para atuar como pesquisadores 
 
REPERCURSSÃO DA FRAUDE 
 Com relação aos resultados, consequências, ou ainda repercussões das fraudes na pesquisa 
ou na ciência para a sociedade e para os grupos sociais, foram selecionados os seguintes 
recortes: 
A evolução dos acontecimentos trouxe, como ocorrência esperada, o descrédito total à escola 
de [...] e a perda do auxílio oficial, além da queda final do pretenso descobridor e de seus 
colaboradores. Doc. 8 ...comprovou-se uma fraude [...] o autor dirigiu carta constrangedora ao 
New England Journal of Medcine (09 de junho de 1983), retratando-se dos atos e reconhecendo 
suas inaccuracies. Doc. 9 ... foi pilhado em flagrante falsificando os testes com o remédio [...] já 
perdeu parte de seu patrimônio, sua respeitabilidade e está ameaçado de ter cassada sua 
licença para exercer a medicina, em um julgamento que se arrasta há dez anos. Doc. 10 no 
exterior, a discussão está bem mais adiantada [...] divulga todos os casos, inclusive com nome, 
filiação e acaba que o autor, se tiver financiamento público, fica 10 anos sem recebê-los como 
pena... Doc. 11 A fraude na pesquisa em saúde é duplamente condenável [...] pela 
desonestidade científica, que podem levar outros cientistas a alterarem seus projetos de 
formações. É igualmente condenável, pois podem ser transpostas à prática assistencial 
colocando em risco a vida dos pacientes. 
 Dentre os casos de fraudes conhecidos e divulgados, as repercussões vão desde descrédito 
às instituições, pesquisadores e à própria ciência; passando por perdas de fomento à pesquisa, 
constrangimento, retratação, perda da reputação e de credibilidade, risco de perda do direito 
ao exercício profissional, até risco à vida de clientes na área da saúde. 
 Um pesquisador pode ter evoluído no domínio do conhecimento científico, mas pouco no 
amadurecimento moral: “Agir por temor à punição ou por desejo de elogio é indicativo do 
estágio de heteronomia, típico do comportamento infantil, enquanto se guiar pela justiça é 
admitir um princípio ético superior na escala do aprimoramento moral” (Galvão, 1997, p. 22). 
 Entretanto, a busca de uma evolução moral social inclui perceber que um movimento do 
indivíduo apenas não é suficiente, há que se buscar o aprimoramento da sociedade. Pudemos 
verificar como situação motivadora, a impunidade na nossa sociedade. Tais situações de 
impunidade terminam por se refletir nos atos de pesquisadores, estudantes e docentes como 
as ações de fraude, apontando para a máxima de uma sociedade onde “os fins justificariam os 
meios”, pois: ... não basta “reformar o indivíduo” para “reformar a sociedade”. 
 
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 Os dados levantados trouxeram à tona o fato de que as fraudes são mais comuns do que 
pensamos, especialmente no âmbito da pesquisa nas universidades e faculdades. 
 A questão que nos colocamos é a de que as repercussões dos atos podem ser maiores ou 
menores, levando maior ou menor risco à sociedade, mas, na nossa percepção, qualquer ato 
que se afaste da moral social instituída, ou que traga riscos à credibilidade das produções 
científicas e desenvolvimentodo conhecimento é muito grave. 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 O plágio é uma atitude que demonstra fragilidade intelectual e desrespeito à pesquisa 
acadêmica, e em tempos de livre acesso à informação e ao conhecimento, faz-se necessária 
uma tomada de posição cada vez mais clara de combate às práticas de todos os direitos 
conquistados no decorrer da história. E especial, os direitos sobre a Propriedade Intelectual, 
que trazem como principal característica, a própria essência humana, criativa e original 
 As instituições de ensino têm, entretanto, reforçado a caça aos plagiários adotando 
comissões de éticas, regras rígidas sobre sanções aplicáveis e o uso de softwares caça-plágio. 
Em outros casos, porém, e em maior número, o plágio não é tão simples de ser detectado, pois 
é resultado de inúmeras manobras e recursos do plagiador para esconder, ocultar e disfarçar a 
origem do texto. 
 A questão aqui trazida nos artigos para análise procurou demonstrar, por um lado, que no 
caso do plágio, seja ele acadêmico ou não, tanto o direito fundamental do autor merece ser 
visto como “trunfo” político, como esse mesmo “trunfo político” é o que garante reflexamente 
a proteção aos interesses da coletividade – em especial no que diz respeito ao plágio –, que 
não se pode confundir com pirataria, ou com o interesse em realizar cópias de obras por 
necessidade de acesso a bens culturais – o que é outra questão, não objeto deste artigo 
específico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ARTIGOS REFERÊNCIADOS: 
 
_ÉTICA NA PESQUISA CIENTÍFICA: PLÁGIO INVOLUNTÁRIO E DIREITO AUTORAL 
Autores: Angela Kretschmann e Ney Wiedemann Neto 
 
_Plágio acadêmico: a responsabilidade das associações científicas 
Autora: Rosa Maria Cardoso Dalla Costa 
_ O PLÁGIO NA PESQUISA CIENTÍFICA DO ENSINO SUPERIOR 
Autora: Elani Regis de Oliveira Araújo 
 
_Artigo de investigação_Fraude e plágio em pesquisa e na ciência: motivos e repercussões 
Autores: Marta Sauthier, Antonio José Almeida Filho, Mariana Pereira Matheus e Patrícia 
Matheus Lopes da Fonseca

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