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Concreto Protendido e Pontes Método dos Estados Limites (ELS) Michael Leone Madureira de Souza michael.souza@ibmr.br 1 / 30 Sumário 1 Introdução 2 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial 2 / 30 1 Introdução 2 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial 3 / 30 Introdução Conceitos A tabela abaixo recomenda o tipo de concreto estrutural de acordo com as exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em função das classes de agressividade ambiental (CAA). Concreto armado: as aberturas máximas caracteŕısticas wk das fissuras podem atingir valores entre 0,2 a 0,4 mm, calculadas sob combinações frequentes de ações. Os valores de aberturas estimadas das fissuras podem ser calculados conforme NBR 6118. 4 / 30 Introdução Conceitos 5 / 30 Introdução Concreto Protendido Ńıvel 3: Protensão Completa Aplicado na Pré-tração com CAA III e IV, o concreto protendido Ńıvel 3 deve ser verificado para os seguintes Estados Limites de Serviço (ELS): * ELS-F, sob combinação rara de serviço (CR); * ELS-D, sob combinação frequente de serviço (CF). As equações que representam as condições destes ELS: * ELS-F: σc,max,CR ≤ fctk, f ; * ELS-D: σc,max,CF ≤ 0. Essas equações podem ser escritas no Estádio I (regime linear elástico), pois a seção de concreto não está fissurada. Os efeitos da protensão serão calculados com a força de protensão final, descontadas todas as perdas. 6 / 30 Introdução Concreto Protendido Ńıvel 2: Protensão Limitada Aplicado na Pré-tração com CAA II ou na Pós-tração com CAA III e IV, o concreto protendido Ńıvel 2 deve ser verificado para os seguintes Estados Limites de Serviço (ELS): * ELS-F, sob combinação frequente de serviço (CF); * ELS-D, sob combinação quase-permanente frequente de serviço (CQP). As equações que representam as condições destes ELS: * ELS-F: σc,max,CF ≤ fctk, f ; * ELS-D: σc,max,CQP ≤ 0. Essas equações também podem ser escritas no Estádio I (regime linear elástico), pois a seção de concreto não está fissurada. 7 / 30 Introdução Concreto Protendido Ńıvel 1: Protensão Parcial Aplicado na Pré-tração com CAA I ou na Pós-tração com CAA I e II, o concreto protendido Ńıvel 1 deve ser verificado para os seguintes Estados Limites de Serviço (ELS): * ELS-W, wk ≤ 0, 2 mm, sob combinação frequente de serviço (CF); As equações que representam as condições destes ELS: * ELS-W: wc,max,CF ≤ 0, 2 mm; Diferentemente dos casos anteriores, a equação acima considera a seção fissurada, devendo atender às regras de cálculo e projeto estabelecidas na NBR 6118, descritas na sequência na forma de um roteiro. 8 / 30 1 Introdução 2 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial 9 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos No dimensionamento e verificação de seções transversais com armaduras ativas Ap e armaduras passivas As, dentro das hipóteses dos ELU, a equação de equiĺıbrio é dada por: Ap · σpd +As · σsd = Ntd Essa equação possibilida diversas proporções para Ap e As que garantem o ELU e podem ser testadas nos cenários do ELS aplicáveis. 10 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos Passo 1: Escolha o par Ap e As definindo as bitolas dos aços e respectivo arranjo dentro da seção transversal. Para calcular a força de protensão utilize a tensão provocada pelo pré-alongamento do cabo (hipóetese da neutralização), Np∞ = Ap ·∆εpi · Ep. Passo 2: Verificar se para o par Ap e As, sob combinação frequente de ações (CF), a seção de fato ultrapassou o ELS-F, atingindo o Estádio 2 com o aparecimento de fissuras. Se σc,max,CF ≤ fctk, f , com fctk, f = 0, 3f 2/3 ck : não haverá fissuras, a seção estará no Estádio I. Nestas condições deverá ser escolhido um novo valor para Ap e As com redução da protensão e aumento da armadura passiva. Se σc,max,CF > fctk, f , com fctk, f = 0, 3f 2/3 ck : haverá fissuras, a seção estará no Estádio 2. 11 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos Passo 3: Cálculo do acréscimo de tensão das armaduras ativas aderentes (excluindo-se os cabos protendidos que estejam dentro das bainhas) e armadura passiva, que controlam a fissuração do elemento estrutural no Estádio 2. O cálculo é feito considerando um diagrama linear para o concreto comprimido e desprezando a resistência à tração do concreto. 12 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos Equação de compatibilidade: εc = x ds − x · εs Equações constitutivas: Aço: σs = Es · εs → εs = σs Es Concreto: σc = Ec · εc → σc = Ec · x ds − x · εs Final: σc = Ec · εc → αe = Es Ec → σc = 1 αe · x ds − x · σs Equações de equiĺıbrio: Forças resultantes: Nc = Acc · σc 2 = Acc · 1 2αe · x ds − x · σs Np = Np∞ = Ap ·∆εpi · Ep (força correspondente ao pré-alongamento) Ns = As · σs 13 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos Equiĺıbrio de forças: Nc = Np +Ns Acc · 1 2αe · x ds − x · σs = Ap ·∆εpi · Ep +As · σs Final: σs = Ap ·∆εpi · Ep Acc · 1 2αe · x ds − x −As Equiĺıbrio de momentos: Ns · zs +Np · zp = ∆M (momentos) ∆M : acréscimo de momento entre o Estado Limite de Descompressão e o carregamento considerado (combinação frequente). ∆M ≈MCF −Np∞ · ep ∆M = As · σs ( ds − x 3 ) +Ap ·∆εpi · Ep · ( dp − x 3 ) 14 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos Final: σs = 1 As · ( ds − x 3 ) · [∆M −Ap ·∆εpi · Ep · (dp − x 3 )] As duas equações permitem calcular de forma interativa o valor da tensão σs para cada posição da linha neutra x. A resposta é aquela que dá a posição de equiĺıbrio, ou seja, o par (σs , x) que atende simultaneamente às duas equações, a saber: equiĺıbrio de forças e momentos. A partir de σs, calcula-se o valor provável de wk. 15 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos Passo 4: Para cada elemento ou grupo de elementos das armaduras passivas e ativa aderente (exclúıdos os cabos protendidos que estejam dentro das bainhas) que controlam a fissuração do elemento estrutural, deve ser considerada uma área Acr do concreto de envolvimento, constitúıda por um retângulo cujos lados são distem mais de 7,5φ do eixo da barra da armadura. 16 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos Figure: Concreto de envolvimento da armadura que controla a fissuração. 17 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos Passo 5:O valor caracteŕıstico da abertura das fissuras wk, determinado na região de envolvimento das armaduras, é o menor entre os obtidos pelas expressões: wk = φi 12,5·η1 · σsi Esi · 3σsifctm ou wk = φi 12,5·η1 · σsi Esi ( 4 ρri + 45 ) φi é o diâmetro da barra da armadura passiva; η1 é o coeficiente de conformação superficial (1,0 para barras lisas, 2,25 para nervuradas e 1,2 para cordoalhas de 3 e 7 fio (pré-tração sem bainha); σsi tensão de tração na armadura, calculada no Estádio 2; Esi módulo de elasticidade do aço; ρri é a taxa de armadura passiva, ou ativa aderente, em relação a área englobada pela influência da armadura Acri; fctm resistência média à tração. 18 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Conceitos Exemplo: A seção retangular ilustrada abaixo foi dimensionada no ELU, com Ap e As resultando na seguinte equação de equiĺıbrio: 1, 502Ap + 435As = 16290 com áreas em cm. Verifique os ELS relativos à fissuração, ou não, do concreto, considerando 3 situações: a) Seção armada somente com As; b) Seção armada somente com Ap; c) Seção com As e Ap fissurada com protensão parcial. Materiais: C30, Aço CP190 e CA50, ∆εpi = 0, 55%. Dados: Mg1k = 350 kN.m, Mg2k = 227 kN.m, Mq1k = 350kN.m (Ψ1 = 0, 6; Ψ2 = 0, 4) e Mq2k = 350 kN.m (Ψ1 = 0, 7; Ψ2 = 0, 6). 19 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo Momento fletor da combinação frequente de serviço MCF : (combinação mais cŕıtica) MCF = (350 + 227) + 0, 6 · 220 + 0, 6 · 120 = 781 kN.m Verificação dos ELS relativos à fissuração do concreto: a) Seção armada somente com As: 435As = 16290→ As = 37, 4 cm2 (adotado 8 φ 25 mm) [As = 40 cm2] σc,max,CF = 781·0,5 0,3·13/12 = 15620 kPa , com fctk, f = 0, 3 · (30)2/3 = 2, 895 MPa = 2895 kPa σc,max,CF > fctk, f . Portanto, haverá fissuras, Estádio 2. 20 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo Arranjo da armadura na seção: Acr Centro de gravidade: y0 = (6 · 4, 25 + 2 · 9, 25)/8 → y0 = 5, 5 cm. Acr = 30 · 28 = 840 cm2 21 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo Cálculo do acréscimo de tensão σs no Estádio 2. Equações de equiĺıbrio: Nc = 0, 3 · x · σc 2 σc = Ec ·Nc = 0, 3 · x · Ec · εc 2 Ns = As · σs Equação de compatibilidade: εs = ds − x x · εc Equação constitutiva: σs = Es · ds − x x · εc 22 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo Forças: Nc = Ns → 0, 15 · x · Ec · εc = As · Es · ds − x x · εc ds = h− y0 = 100− 5, 5 → ds = 0, 945 m. Tomando Es/Ec = 15 Equação final: x2 + 0, 4x− 0, 378 = 0 → x = 0, 45 m. Momentos: Ns · zs = MCF → σs = MCF /(As · zs) σs = 781 40 · 10−4 · (0, 945− 0, 45/3) = 245.600 kN/m2 23 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo Formulação 1: wk = φ 12, 5 · η1 · σsi Esi · 3σsi fctm φ = 25 mm, η1 = 2, 25, Esi = 210.000 MPa, fctm = 0, 3 · 301/2 = 2, 896 MPa wk = 25 12, 5 · 2, 25 · 245, 6 210000 · 3 · 245, 6 2, 896 = 0, 27 mm Formulação 2: wk = φ 12, 5 · η1 · σsi Esi · ( 4 ρri + 45 ) ρri = As Acr = 40 840 → ρri = 0, 0476 wk = 25 12, 5 · 2, 25 · 245, 6 210.000 · ( 4 0, 0476 + 45 ) = 0, 13 mm Resultado wk = 0, 13 mm 24 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo Supondo protensão parcial (ELS-Wk = 0, 2 mm) a verificação da abertura de fissuras em serviço está adequada. b) Seção armada somente com Ap (protensão parcial): 1502 ·Ap = 16290 → Ap = 10, 85 cm2 (adotado 8 φ 15,2 mm) [Ap = 11, 5 cm 2] Força de protensão: Np∞ = 11, 5 · 0, 0055 · 20.000 → Np∞ = 1265 kN fctk, f = 0, 3 · (30)2/3 = 2, 895 MPa = 2895 kPa Tensão na fibra inferior: σc,max,CF = − 12650,3·1 − 1265·(0,5−0,08)·0,5 0,3·13/12 + 781·0,5 0,3·13/12 σc,max,CF = 777, 3 kPa σc,max,CF < fctk, f . Portanto, não haverá fissuração, Estádio 1. 25 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo c) Seção cpm As e Ap (protensão parcial): 1502 ·Ap + 435As = 16290→ As = 18, 11 cm2 (8 φ 20 mm) e Ap = 5, 6 cm 2 (6 φ 15,2 mm) Força de protensão: Np∞ = 4 · 1, 434 · 0, 0055 · 20.000 → Np∞ = 631 kN fctk, f = 0, 3 · (30)2/3 = 2, 895 MPa = 2895 kPa Tensão na fibra inferior: σc,max,CF = − 6310,3·1 − 631·(0,5−0,08)·0,5 0,3·13/12 + 781·0,5 0,3·13/12 σc,max,CF = 8216 kPa σc,max,CF > fctk, f . Portanto, haverá fissuração, Estádio 2. 26 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo Equações de equiĺıbrio: Nc = 0, 3 · x · σc 2 σc = Ec ·Nc = 0, 3 · x · Ec · εc 2 Ns = As · σs Equação de compatibilidade: εs = ds − x x · εc Equação constitutiva: σs = Es · ds − x x · εc 27 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo Então: Nc = b · x · Ec 2 · x ds − x · σs Es Np = Ap ·∆εpi · Ep = 5, 6 · 0, 0055 · 20.000 → Np = 616 kN Ns = As · σs = 18, 9 · σs Tomando Es/Ec = 15 Forças: Nc = Ns +Np → 0, 01 · x2 ds − x · σs = 18, 9 · 10−4 · σs + 616 σs = 616 0, 01 · x 2 ds − x − 18, 9 · 10−4 . Unidades em [kN] e [m]. Momentos: ∆M = MCF −Np · ep = 781− 616 · (0, 5− 0, 08) → ∆M = 522, 3 kN.m Ns · zs +Np · zp = ∆M → σs ·As · ( ds − x 3 ) +Np · ( dp − x 3 ) = ∆M 28 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo σs ·As · ( ds − x 3 ) +Np · ( dp − x 3 ) = ∆M Igualar σs obtido no somatório de forças com o σs no de momentos e colocando x como incógnita a ser calculada (altura da linha neutra). −33x3 − 7, 21x2 − 16, 7x+ 16 = 0 Atingir meta Excel: → x = 0, 534 m σs = 616 0, 01 · 0, 534 2 0, 96− 0, 534 − 18, 9 · 10−4 → σs = 128, 2 MPa. εc = 128, 2 · 0, 534 210.000.000 · (0, 96− 0, 534) → εc = 7, 7 · 10−4 εs = 0, 96− 0, 534 0, 534 · 7, 7 · 10−4 → εs = 6, 1 · 10−4 29 / 30 Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial Exemplo Acr = 19 · 30 = 570 cm2 As = 18, 9 cm 2 ρri = As/Acri = 0, 0331 Formulação 1: wk = 20 12, 5 · 2, 25 · 128, 2 210000 · 3 · 128, 2 2, 896 = 0, 058 mm Formulação 2: wk = 20 12, 5 · 2, 25 · 128, 2 210.000 · ( 4 0, 0331 + 45 ) = 0, 072 mm Resultado wk = 0, 058 mm < 0, 2 mm (ELS-W), ok! 30 / 30 Introdução Cálculo de Fissuras em Seções com Protensão Parcial
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