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Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII PATOLOGIA FÍGADO II Toda lesão deve ser identificada (se é uma necrose ou inflamação, por exemplo), quantificada (a extensão da lesão) e topografada (a localização da lesão). EXTENSÃO DA LESÃO • Lesões focais → acometem alguns hepatócitos • Lesões zonais → lesões que confluem e acometem uma maior extensão • Lesões panlobulares → acometem um lóbulo ou grande parte dele. São chamadas também de maciças. Exemplos: Na hepatite alcoólica há necrose focal (ou há focos de necrose) com exsudato de PMN na zona 3 do ácino hepático. Na desnutrição calórico proteica há esteatose hepática panlobular (ou pancinar). Nas hepatites virais agudas graves há necrose maciça (necrose panacinar) levando a um quadro de insuficiência hepática grave. DOENÇAS • Esteatose hepática macrovesicular Hepatócitos com uma grande gota de gordura no citoplasma deslocando o núcleo para a periferia, ficando semelhantes a adipócitos. Aumento da MEC (fibrose; setas vermelhas) em algumas áreas. A estetatose é discreta (30% dos hepatópcitos), moderada (entre 30 e 60%) ou grave (> de 60%). • Esteatose hepática microvesicular Hepatócitos tumefeitos com numerosos vacúolos contendo gordura (setas pretas) O núcleo é mantido em posição central → importante ressaltar que na esteatose hepática macrovesicular o núcleo se desloca para a periferia! Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII • Necrose hepática Causas: agressão química (etanol, radicais livres), autoimunidade (hepatite autoimune), vírus (hepatites virais), hipóxia e anóxia. Necrose lítica → os hepatócitos se esfacelam e observamos mais facilmente o exsudato de macrófagos e PMN → acontece quando temos uma causa por agressão química, viral e auto imunitária. Neutrófilos → mais presentes na necrose por agressão química e radicais livres. Mononucleares → mais presentes nas hepatites virais e auto imunitárias porque contém os linfócitos T citotóxicos que mataram os hepatócitos e os macrófagos que estão fagocitando os restos das células mortas. Nomenclatura das necrosas hepáticas de acordo com a extensão e topografia Necrose focal → acometimento de poucos hepatócitos. Necrose confluente → quando focos de necrose focal acabam se confluindo Necrose zonal com localização centrolobular (zona 3 dos ácinos hepáticos) Necrose zonal com localização periportal (zona 1 dos ácinos hepáticos) Necrose em ponte → quando a necrose acaba formando uma ponte entre o espaço porta e a veia central ou entre dois espaços porta ou entre duas veias centrais Necrose submaciça → extensa e compromete grande parte do lóbulo Necrose maciça → compromete todo o lóbulo Fig 4 Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII Na necrose focal temos a regeneração dos hepatócitos pois o retículo está mantido. Entretanto, nas necrosas zonais, submaciças e maciças, não temos regeneração de hepatócitos porque quando esses hepatócitos sofreram lise, o retículo colapsou pela pressão exercida pelos hepatócitos vizinhos. Necrose zonal, submaciça e maciça → lise de hepatócitos com acometimento do retículo → hepatócitos vizinhos vão começar um processo de regeneração → esses hepatócitos não vão encontrar fibras reticulares para que possa dar seguimento ao processo de regeneração → começam a formar nódulos → os nódulos são envoltos por tecido conjuntivo → temos a regeneração nodular → temos alteração do parênquima hepático → se esse processo se estender, temos a instalação de um quadro de cirrose hepática. A – demonstração dos acinos hepáticos e componentes do lóbulo hepático B – necrose focal na zona 3 do ácino hepático, zona centrolobular C – necrose zonal com localização na zona 3 dos ácinos hepáticos, zona centrolobular D – necrose em ponte, em que temos uma “ponte” entre espaços porta, entre veias centrais e entre espaço ponta e veia central. E – necrose submaciça Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII F – necrose maciça Necrose focal em caso de hepatite viral. Observar, nos dois focos de necrose identificados dentro dos círculos, que enxergamos os leucócitos exsudados (no caso mononucleares: linfócitos e macrófagos) mas não enxergamos os restos dos hepatócitos mortos, que sofreram lise. Necrose zonal na zona 3 dos ácinos hepáticos. Observamos bem os exsudato e mononucleares na área onde os hepatócitos sofreram lise mas não enxergamos os restos de hepatócitos mortos. Isso é possível de ser observado se observarmos uma área muito mais recente de necrose. • Fibrose É uma lesão frequente no fígado. Pode resultar de: processo cicatricial de lesões necróticas ou de uma produção excessiva de MEC. O fígado tem excelente capacidade regenerativa, mas como foi visto anteriormente, a regeneração de zonas de necrose só é perfeita se o retículo é conservado na sua posição; caso contrário, se houver colapso do retículo a regeneração vai ocorrer, mas com formação de nódulos que irão subverter a arquitetura do parênquima. Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII Quando a agressão é crônica (na hepatite alcoólica por ex.) a reação inflamatória persistente ativa as células estreladas e estas sintetizam colágeno que se localiza no espaço de Disse, formando fibrose subsinusoidal ou pericelular. A – fibrose portal com finos septos de colágeno entrando no lóbulo (setas pretas) B – fibrose em septos formando ponte ligando espaços porta (ep) entre si (seta preta)ou com veia central (VC; seta azul) C – fibrose com nódulos de hepatócitos (n) envoltos por tecido conjuntivo (setas). O espaço porta aparece comprimido entre dois nódulos caracterizando a subversão da arquitetura do parênquima hepático. Essa alteração é característica de cirrose hepática.
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