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Gestão da Qualidade e Acreditação Hospitalar W B A 0 2 3 1_ V 1. 2 2/209 Gestão da Qualidade e Acreditação Hospitalar Autoria: Ana Paula Keller de Matos Como citar este documento: MATOS, Ana Paula Keller. Gestão da Qualidade e Acreditação Hospi- talar. Valinhos: 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Fundamentos da gestão de qualidade 05 Unidade 2: Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares 33 Unidade 3: Ferramentas de gestão de qualidade 59 Unidade 4: Planejamento e sistematização da qualidade 90 2/209 Unidade 5: Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde 109 Unidade 6: Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar 134 Unidade 7: Processo e implantação do sistema de acreditação 158 Unidade 8: Etapas da acreditação e organização dos serviços 185 3/209 Apresentação da Disciplina Desde a pré-história, a humanidade apre- senta interesse em aperfeiçoar a maneira como são feitos os produtos. No desenro- lar do tempo, o ser humano mostrou cada vez mais a desejo de melhorar a produção de seus bens, produtos e serviços, buscando qualidade no que oferece. A grande mudan- ça advinda do início da produção em gran- de escala, com início na Revolução Indus- trial até as novas demandas de um mundo pós-guerra fez com que, cada vez mais, fos- se necessário pensar em como controlar os processos para garantir qualidade. A mesma busca por melhorias se desenvol- veu nas organizações hospitalares. No prin- cípio, a gestão destas instituições era reali- zada por pessoas de boa fé, médicos e enfer- meiros, na maioria das vezes, sem nenhuma formação em gestão. Todavia, atualmente, os hospitais são vistos como empresas e, portanto, devem buscar o crescimento com foco nas necessidades do cliente. A palavra cliente é chave quando discorremos sobre os serviços prestados por instituições hos- pitalares, uma vez que a qualidade do servi- ço tem como foco principal a satisfação das necessidades do cliente. Ou seja, oferecer um serviço que satisfaça determinados pa- drões e normas e, consequentemente, res- ponda as expectativas e necessidades do cliente que procura tal serviço. Afinal, no mercado competitivo como é o atual, aquele hospital que oferecer maior qualidade em seus serviços sairá na fren- te. Isto ocorre porque o cliente de hoje tem acesso rápido e fácil à informação, conhece 4/209 as novas tecnologias existentes, bem como sabe seus direitos. Para satisfazer esse cliente mais exigente, há a necessidade de uma gestão eficiente, eficaz e efetiva. Nes- se sentido, há grandes estudiosos e teorias que podem contribuir ricamente para que compreendamos a gestão da qualidade em serviços de saúde, são eles: Juran, Crosby, Deming e Donabedian. Além disso, a gestão da instituição deve demonstrar que busca a qualidade de seus processos constantemente. Uma das for- mas de garantir e demonstrar aos clientes essa busca é por meio da certificação e da acreditação. Obter o selo de acreditação exige um processo longo de preparo, co- nhecimento de cada passo e norma e a apli- cação de intervenções que visam corrigir e melhorar processos internos. Convido você a compreender ainda mais sobre esse tema tão importante na ges- tão hospitalar. Ao longo desta disciplina, discorreremos de maneira pormenorizada conceitos e elementos primordiais para que você tenha uma base conceitual sobre essa área do conhecimento. 5/209 Unidade 1 Fundamentos da gestão de qualidade Objetivos 1. Compreender a definição de qualida- de. 2. Entender a evolução histórica da ges- tão de qualidade. 3. Refletir sobre a gestão da qualidade em serviços de s Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade6/209 Introdução Provavelmente você deve ter uma ideia já pré-formada quando pensa na palavra “qualidade”. Afinal, é uma característica que buscamos nos mais diversos ambitos de nosso cotidiano, desde a qualidade da comida que comemos, da roupa que vesti- mos até no âmbito mais subjetivo, como a qualidade nos nossos relacionamentos, se- jam eles profissionais ou pessoais. Portanto, não é algo distante para você, é algo pre- sente no seu dia a dia e pela qualidade ou ausência dela, continuamos com um mes- mo produto/serviço ou buscamos algo dife- rente. Dentre as muitas definições que o Dicioná- rio Michaelis da Língua Portuguesa (2017) apresenta, destacamos como qualidade o “grau de perfeição, de precisão ou de con- formidade a certo padrão”. Segundo a As- sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR ISO 9000 (2005, p. 8), qualida- de é definida como “grau no qual um con- junto de características inerentes satisfaz a requisitos”. Por sua vez, teóricos e pesqui- sadores, definem qualidade de formas dife- rentes, como veremos a seguir. Para saber mais A palavra qualidade vem do latim ‘qualitate’, que significa natureza das coisas. Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade7/209 Para William Edwards Deming, o termo sig- nifica “perseguição às necessidades dos clientes e homogeneidade dos resultados do processo. A qualidade deve visar as necessi- dades do usuário, presentes e futuras” (DE- MING, 1990, p. 87). Para Juran (1992 apud MEZOMO, 1992), o termo designa a satis- fação do cliente e ausência de defeitos de um produto ou serviço. Crosby (1990 apud MEZOMO, 1992) acredita que qualidade é conformidade com os requisitos e Kaoru Ishikawa (1993 apud MEZOMO, 1992) que o termo denomina “um sistema de métodos de produção que, economicamente, produz bens ou serviços de qualidade, atingindo as expectativas dos consumidores”(p. 130). Com estas definições em mente, podemos afirmar que gestão da qualidade implica uma administração que enfoque também a satisfação do cliente em relação aos pro- dutos ou serviços recebidos. No processo de gestão da qualidade hospitalar, deve-se pensar em todos os atores, desde o cliente, que é o foco principal, até os acompanhan- tes, funcionários, acionistas, fornecedores, enfim, todos aqueles que estão direta ou in- diretamente envolvidos para que a institui- ção funcione adequadamente. E, para que você entenda o presente e a ma- neira como a gestão da qualidade é pensa- da no contexto hospitalar, faz-se necessário olhar para a história e ver como chegamos até aqui. Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade8/209 1. A evolução histórica na gestão da qualidade Já na pré-história, pensava-se a qualidade no sentido de buscar produzir um objeto/ ferramenta cada vezmais eficiente, fun- cional e fácil de ser utilizado. Porém, nes- se período não havia um pensamento ou um conceito organizado sobre a qualidade. A clareza sobre tal concepção surge ape- nas quando artesãos começam a produzir e vender roupas e sapatos. Isso porque era o próprio artesão quem dominava todo o pro- cesso, desde a produção da matéria-prima até a entrega ao consumidor. Por esse moti- vo, quando um consumidor percebia defei- tos no produto, o mesmo dizia diretamente ao artesão, que investigava quais processos precisavam ser melhorados na produção para alcançar a satisfação daquele clien- te. Essa foi considerada a era da inspeção (ESOBRE, s.d.; LONGO, 1996). Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade9/209 Figura 1 – Ferramentas confeccionadas na pré-história Fonte: Pinterest, 2017. A relevância dos artesãos diminuiu com a Revolução Industrial, no final do século XVIII e início do século XIX, pois estes foram substituídos pela produção nas indústrias têxteis e pelo trabalho Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade10/209 fragmentado e repetitivo que tinha por objetivo produzir, em larga escala, uma mesma mer- cadoria (ESOBRE, s.d.). Esse foi o início da era do controle estatístico, pois as indústrias pas- saram a criar setores específicos para o controle da qualidade de seus produtos e a implantar técnicas de amostragem, que têm por base a análise estatística (LONGO, 1996). Na década de 1920, o estatístico Walter A. Shewhart destacou-senos Estados Unidos por se preocupar com a variação que encontrava entre os produtos produzidos e dedicou-se a de- senvolver sistemas de mensuração da qualidade. Shewhart desenvolveu, então, o Controle Estatístico de Processo (CEP) e o Ciclo PDCA (Plan, Do,Check e Action)(LONGO, 1996). Nos Estados Unidos, Eli Whitney criou uma linha de produção de - mosquetes e ficou conhe- cido no século XIX como o primeiro a iniciar a produção em massa no país. Porém, foi outro norte-americano, o engenheiro mecânico Frederick Winslow Taylor quem ganhou ainda mais destaque na gestão da produção industrial ao desenvolver métodos para melhorar a eficiên- cia na indústria e publicar o livro Os Princípios da Administração Científica, em 1911. Por suas contribuições científicas, Taylor até hoje é consagrado como o precursor da Administração Científica. Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade11/209 Além deste, outros nomes se destacaram por aproximar as práticas de gestão de qua- lidade às linhas de montagem, como Henry Ford e Karl Friedrich Benz, dois grandes pro- dutores de automóveis (ESOBRE, 2017). O período pós-guerra exigiu modificações no planejamento das empresas, pois haviam compatibilidades entre seus produtos e as necessidades do mercado, sendo inevitável que se estabelecesse um melhor planeja- mento estratégico. Nesse período, podemos destacar o Japão, que estava destruído pela guerra e precisava ser reconstruído, como ponto focal para tais mudanças. Por esse motivo, em 1950, a Japanese Union of Scien- tistsand Engineers (JUSE) convidou WilliamE. Deming, considerado por muitos o precur- sor do controle de qualidade moderno, a ensinar executivos japoneses como aplicar métodos estatísticos no controle da produ- ção, tais como teste de hipóteses e análise de variantes(LONGO, 1996). Esta medida auxiliou o Japão a alcançar o sucesso indus- trial percebido até hoje, destacando-se em 2016 como a 8a nação entre as mais com- petitivas economicamente no mundo (G1, 2016). Na década de 1990, com a maior globaliza- ção da economia e abertura do Brasil para o mercado externo, as empresas brasileiras passaram a adotar sistemas de gestão ins- pirados no sucesso do Japão, como a Ges- tão da Qualidade Total. Nesse sentido, em 1991, foi criada no Brasil a Fundação para o Prêmio Nacional de Qualidade que, em 2005, veio a se tornar a Fundação Nacio- Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade12/209 nal da Qualidade (FNQ)(ALVES, 2006; FNQ, 2017; PDCA, 2017). Esta instituição tem por missão “inspirar, mobilizar, capacitar e orientar as organizações para que busquem continuamente, a excelência por meio da melhoria na sua gestão” (FNQ, s.d., n.p.). 2. O contexto hospitalar A lei número 8.080 de 19/09/1990, que dispõe sobre as condições para o funciona- mento da saúde no Brasil através do Siste- ma único de saúde (SUS), garante assistên- cia hospitalar a toda pessoa em território nacional (Brasil, 1990). A Portaria nº 3.390, de 30 de dezembro de 2013,que Institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) no âmbito do SUS, estabelecendo as diretrizes para a organização do compo- nente hospitalar da Rede de Atenção à Saú- de (RAS), em seu artigo 3º,define hospitais como: Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade13/209 instituições complexas, com densidade tecnológica especifica, de caráter multiprofissional e interdisciplinar, responsável pela assistência aos usu- ários com condições agudas ou crônicas, que apresentem potencial de instabilização e de complicações de seu estado de saúde, exigindo-se as- sistência contínua em regime de internação e ações que abrangem a pro- moção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação (BRASIL, 2013,n.p.). A PNHOSP está construída sob seis eixos, são eles: I. Assistência hospitalar. II. Gestão hospitalar. III. Formação, desenvolvimento e gestão da força de trabalho. IV. Financiamento. V.Contratualização. VI. Responsabilidades das Esferas de Gestão. Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade14/209 Destes, destacamos o eixo gestão hospitalar, que visa garantir a qualidade da assistência através das metas pactuadas na “contratualização com o gestor, transparência da aplicação de recursos e no planejamento participativo e democrático” (PORTAL DA SAÚDE, 2017, n.p.). Atualmente, o hospital é visto como uma empresa moderna, mas não foi sempre assim. As or- ganizações hospitalares tiveram origem nas tradicionais instituições de caridade e, por esse motivo, durantes muitos anos, a administração era comumente realizada por médicos, enfer- meiros, religiosos ou até mesmo por pessoas da comunidade. Era comum que não existisse a figura do gestor, mas sim de alguém que cuidava da estrutura física e financeira com os escas- sos recursos que dispunham (SEIXAS; MELO, 2004). Para saber mais Para maiores detalhes da PNHOSP, acesse diretamen- te a portaria nº 3.390, de 30 de dezembro de 2013, que Institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) no ambito do Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecendo as diretrizes para a organização do com- ponente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade15/209 Para saber mais Os hospitais de caridade mais conhecidos são as Santas Casas de Misericórdia. As primeiras Santas Casas do Brasil foram fundadas em Santos (SP), Olinda (PE) e Salvador (BA), no século XVI. Atualmente, ainda é possível encontrar ins- tituições que convivem com essa realidade, porém, a maioria das organizações de saúde se conscientizaram a respeito da existência da figura do(s) gestor(es) e que este(s) pro- fissional(is) precisa(m) ter conhecimentos especializados. Além disso, um gestor hos- pitalar precisa ter em mente a magnitude e a complexidade que engloba a gestão de um serviço de saúde. Seja pública ou privada, a organização de saúde deve contar com ferramentas de ges- tão adequadas para oferecer um serviço de qualidade aos seus clientes, o que, obriga- toriamente, atrela-se à uma assistência hu- manizada e gestão financeira associada ao crescimento da instituição (SEIXAS; MELO, 2004). Entretanto, há um impasse na gestão da qualidade em serviços de saúde. A assistên- cia à saúde envolve a interação entre seres humanos, os quais são diferentes e têm his- tórias de vida e expectativas distintas quan- to ao que procuram e o que esperam como qualidade. Além disso, a gestão da quali- dade precisa contrabalancear tais caracte- rísticas com as demandas organizacionais, operacionais, econômicas e, salvas as exce- Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade16/209 ções, no caso das instituições públicas, as demandas do mercado consumidor. Nesse contexto, destaca-se Avedis Dona- bedian, um dos pioneiros no estudo da qua- lidade em saúde. Este afirma que o conceito de qualidade em saúde “necessariamente envolve aspectos técnicos e interpessoais, remetendo tanto à aplicação de conheci- mentos e de tecnologias médicas, quanto à maneira de gerir a interação social e psi- cológica entre profissionais e seus pacien- tes”(SILVA et al, 2010, p. 7). Para saber mais Avedis Donabedian nasceu em 07 de janeiro de 1919 e morreu no dia 09 de novembro de 2000. Foi físico e fundador de estudos da qualidade em saúde e pesquisas médicas. Autor de diversos li- vros, seu trabalho mais famoso foi o Modelo de Cuidado Donabedian. Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade17/209 Glossário Caridade: Disposição para ajudar o próximo; tendência natural para auxiliar alguém que está numa situação desfavorável; benevolência, piedade. Gestão: Administração; ação de gerir, de administrar, de governar ou de dirigir negócios públi- cos ou particulares. Mosquete: arma de fogo, similar a uma espingarda, usada sobre um apoio ou forquilha por pe- sar demasiado. Questão reflexão ? para 18/209 Pense e reflita sobre como é a realidade dos hospitais brasileiros, sejameles públicos ou privados. Como você se sentiu nas últimas vezes que você ou um familiar pre- cisou utilizar os serviços de alguma instituição hospi- talar? Os textos a seguir ajudam você a refletir sobre o contexto hospitalar no Brasil e a importância da gestão da qualidade no hospital. Questão reflexão ? para 19/209 Link MIGOWSKI, E. et al. Gestão hospitalar: alternati- vas de melhoria na assistência à saúde. In: XIII SE- PROSUL – Semana de laIngeniería de Producci- ón Sudamericana. Gramado, RS, junho de 2013. Disponível em: <https://www.researchgate. net/publication/281376853_Gestao_hospi- talar_alternativas_de_melhoria_na_assis- tencia_a_saude>. Acesso em: 19 mar. 2017. https://www.researchgate.net/publication/281376853_Gestao_hospitalar_alternativas_de_melhoria_na_assistencia_a_saude https://www.researchgate.net/publication/281376853_Gestao_hospitalar_alternativas_de_melhoria_na_assistencia_a_saude https://www.researchgate.net/publication/281376853_Gestao_hospitalar_alternativas_de_melhoria_na_assistencia_a_saude https://www.researchgate.net/publication/281376853_Gestao_hospitalar_alternativas_de_melhoria_na_assistencia_a_saude Questão reflexão ? para 20/209 Link BONATO, V. L. Gestão de qualidade em saúde: melhorando assistência ao cliente. O Mundo da Saúde. São Paulo: 2011;35(5):319-331. Dispo- nível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ artigos/gestao_qualidade_saude_melho- rando_assistencia_cliente.pdf>. Acesso em: 6 maio 2017. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/gestao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/gestao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/gestao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf 21/209 Considerações Finais • Diversos pensadores têm estudado a qualidade. • A busca por qualidade faz parte do nosso diaadia e também deve acompa- nhar a oferta de serviços de assistência à saúde. • A busca por qualidade é tão antiga que nos remete aos tempos pré-históri- cos e prevalece até os dias atuais. • Antigamente, a gestão de hospitais era realizada por profissionais variados. Porém isso mudou atualmente, devendo ser realizada por profissional que tenha especialização para fazer uma gestão adequada. • A gestão da qualidade no contexto hospitalar deve ser realizada como em uma empresa, entendendo que ao mesmo tempo lida com pessoas. Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade22/209 Referências ALVES, T. 15 anos da qualidade no Brasil. Revista Classe Mundial, especial, [s.n.] [S.l.]p. 6-20, 2006. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9000: Sistema de gestão da qualida- de- fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro, 2005. 35 p. BONATO, V. L. Gestão de qualidade em saúde: melhorando assistência ao cliente. O Mundo da Saúde. São Paulo, [s.n.] v. 35, n. 5, p. 319-331, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/artigos/gestao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf>. Acesso em: 6 maio 2017. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços corresponden- tes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília:. Disponível em: <http://www.planal- to.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm>. Acesso em: 19 mar. 2017. BRASIL. Portaria nº 3.390, de 30 de dezembro de 2013. Institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) no ambito do SUS, estabelecendo- se as diretrizes para a organização do componente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (RAS). 2013a. Diário Oficial da União, Bra- sília:.Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt3390_30_12_2013. html>. Acesso em: 19 mar. 2017. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/gestao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/gestao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt3390_30_12_2013.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt3390_30_12_2013.html Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade23/209 DICIONÁRIO MICHAELIS. Dicionário de língua portuguesa online. Disponível em: <http://mi- chaelis.uol.com.br/busca?id=4bw5z>. Acesso em: 13 mar. 2017. DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990. ESOBRE: Administração e negócio.A Historia da Gestão da Qualidade. S.d. Disponível em: <http:// adm.esobre.com/historia-da-gestao-da-qualidade>. Acesso em: 13 mar. 2017. EXAME. Quais serão as maiores potências econômicas até 2030? Publicada em 11 out 2012. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/economia/quais-serao-as-maiores-potencias-eco- nomicas-ate-2030/>. Acesso em 13 mar. 2017. FNQ. Gestão para Excelência. Fundação Nacional da Qualidade. [s.d.] [S.l.] . Disponível em: <http://www.fnq.org.br/sobre-a-fnq/historia>. Acesso em: 19 mar. 2017. G1. GLOBO.Brasil cai para a 81ª posição em ranking de competitividade de países. Publicado em: 27set. 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/09/brasil-cai-pa- ra-81-posicao-em-ranking-de-competitividade-de-paises.html>. Acesso em: 13 mar. 2017. LONGO, R.M.J. Gestão da Qualidade: Evolução Histórica, Conceitos Básicos e Aplicação na Edu- cação.TEXTO PARA DISCUSSÃO No397, [S.l.] Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 1996. http://michaelis.uol.com.br/busca?id=4bw5z http://michaelis.uol.com.br/busca?id=4bw5z http://adm.esobre.com/historia-da-gestao-da-qualidade http://adm.esobre.com/historia-da-gestao-da-qualidade http://exame.abril.com.br/economia/quais-serao-as-maiores-potencias-economicas-ate-2030 http://exame.abril.com.br/economia/quais-serao-as-maiores-potencias-economicas-ate-2030 http://www.fnq.org.br/sobre-a-fnq/historia http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/09/brasil-cai-para-81-posicao-em-ranking-de-competitividade-de-paises.html http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/09/brasil-cai-para-81-posicao-em-ranking-de-competitividade-de-paises.html Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade24/209 MEZOMO, J. C. Qualidade Hospitalar: Reinventado a Administração Hospitalar. São Paulo: CE- DAS, 1992. 217 p. MIGOWSKI, E. et al. Gestão hospitalar: alternativas de melhoria na assistência à saúde. In: XIII SEPROSUL – Semana de La Ingeniería de Producción Sudamericana. Gramado: junho de 2013. Dis- ponível em: <https://www.researchgate.net/publication/281376853_Gestao_hospitalar_alterna- tivas_de_melhoria_na_assistencia_a_saude>. Acesso em: 19 mar. 2017. PDCA. Empresa especializada em %S e TPM. Disponível em: <http://www.pdca.com.br/site/arti- gos-haroldo-ribeiro/o-movimento-da-qualidade-no-brasil.html>. Acesso em: 19 mar. 2017. PORTAL DA SAÚDE. Gestão hospitalar. Disponível em:<http://portalsaude.saude.gov.br/index. php/o-ministerio/principal/secretarias/964-sas-raiz/dahu-raiz/atencao-hospitalar/l3-atencao- -hospitalar/13479-eixo-gestao-hospitalar>. Acesso em: 19 mar. 2017. RIBEIRO; J. L. D.; CATEN, C. S. ten. Controle Estatístico do Processo. Porto Alegre: FEENG/UFRGS, 2012. 172p. (Série Monográfica Qualidade) ISBN 85-88085-10-0. SILVA, A.M.B.S. et. al. Gestão da qualidade do serviço hospitalar em organizações privadas de saúde do estado do Rio de Janeiro: estudo de caso comparativo. In: VI Congresso Nacional de Excelência Em Gestão, Niterói: 2010.. Disponível em: <http://www.inovarse.org/sites/default/fi- les/T10_0215_1049_5.pdf>. Acesso em: 12 maio 2017. https://www.researchgate.net/publication/281376853_Gestao_hospitalar_alternativas_de_melhoria_na_assistencia_a_saude https://www.researchgate.net/publication/281376853_Gestao_hospitalar_alternativas_de_melhoria_na_assistencia_a_saude http://www.pdca.com.br/site/artigos-haroldo-ribeiro/o-movimento-da-qualidade-no-brasil.html http://www.pdca.com.br/site/artigos-haroldo-ribeiro/o-movimento-da-qualidade-no-brasil.htmlhttp://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/964-sas-raiz/dahu-raiz/atencao-hospitalar/l3-atencao-hospitalar/13479-eixo-gestao-hospitalar http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/964-sas-raiz/dahu-raiz/atencao-hospitalar/l3-atencao-hospitalar/13479-eixo-gestao-hospitalar http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/964-sas-raiz/dahu-raiz/atencao-hospitalar/l3-atencao-hospitalar/13479-eixo-gestao-hospitalar http://www.inovarse.org/sites/default/files/T10_0215_1049_5.pdf http://www.inovarse.org/sites/default/files/T10_0215_1049_5.pdf Unidade 1 • Fundamentos da gestão de qualidade25/209 SEIXAS, M. A. S; MELO, H. T. Desafios do administrador hospitalar. Revista Gestão e Planeja- mento, v. 5, n. 9, p. 16-20, [S.l.] 2004. 26/209 1. “Grau de perfeição, de precisão ou de conformidade a certo padrão”. À que se refere a definição anterior? Assinale a alternativa correta: a) Qualidade. b) Mosquete. c) Perfeccionismo. d) PDCA. e) CEP. Questão 1 27/209 2. Qual o nome do estatístico conhecido por ter desenvolvido o Controle Estatístico de Processo (CEP) e o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Action)? a) Eli Whitney. b) Frederick W. Taylor. c) Eli Whitney. d) W. A. Shewhart. e) Karl F. Benza. Questão 2 28/209 3. Em que período histórico começa a busca por qualidade na fabricação de ferramentas? a) Revolução Industrial. b) Pré-história. c) Primeira Guerra Mundial. d) Feudalismo. e) Idade Média. Questão 3 29/209 4. Qual dos nomes abaixo é considerado um dos pioneiros no estudo da qua- lidade em saúde? a) Frederick Taylor. b) Martinho Lutero. c) Albert Einstein. d) Patch Adams. e) Avedis Donabedian. Questão 4 30/209 5. Sobre hospitais, considere: ( ) Antigamente, os hospitais eram vistos como entidades de caridade. ( ) A Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP), no âmbito do SUS, estabelece as diretri- zes para a organização do componente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde. ( ) Atualmente, o hospital é visto como uma empresa moderna. ( ) Na administração de um hospital, atualmente, há a figura do gestor (ou gestores), um profis- sional com conhecimentos especializados. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, respectivamente: a) V – F – V – V. b) V – V – F – V. c) V – V – V – V. d) V – F – F – F. e) F – V – F – V. Questão 5 31/209 Gabarito 1. Resposta: A. A definição apresentada é uma definição de qualidade. 2. Resposta: D. W. A. Shewhart foi o estatístico que desen- volveu as ferramentas e o Controle Estatís- tico de Processo (CEP) e o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Action). 3. Resposta: B. Na pré-história, pensava-se na qualidade no sentido de buscar produzir um objeto/ ferramenta cada vez melhor, útil e fácil de ser utilizado. 4. Resposta: E. Avedis Donabedian é considerado um dos pioneiros no estudo da qualidade em saúde. 5. Resposta: C. Antigamente os hospitais eram vistos como entidades de caridade. Por esse motivo sua administração era realizada por médicos, enfermeiros, religiosos ou até mesmo pes- soas da comunidade. Não existia a figura do gestor e sim, alguém que cuidava da es- trutura física e financeira com os escassos recursos que tinham. Atualmente a admi- nistração do hospital é realizada por gestor qualificado, com especialização. A lei nú- mero 8.080 de 19/09/1990, que dispõe so- 32/209 Gabarito bre as condições para o funcionamento da saúde no Brasil através do Sistema único de Saúde (SUS), garante assistência hospitalar a toda pessoa em território nacional (Brasil, 1990). A Portaria nº 3.390, de 30 de dezem- bro de 2013, que Institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) no ambito do SUS, estabelecendo as diretrizes para a organização do componente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (RAS). 33/209 Unidade 2 Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares Objetivos 1. Refletir sobre a importância da satis- fação do cliente com o serviço; e 2. Compreender os modelos de gestão da qualidade em saúde. Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares34/209 Introdução A busca por qualidade é algo constante no cotidiano. Quando você pensa em na quali- dade do alimento que você consume em um restaurante, que características vêm à sua mente? O que é importante para que você entenda que esse restaurante oferece um serviço de qualidade? Todos os detalhes influenciam: a fachada do restaurante, o tratamento dispensado pelos atendentes desde a chegada ao local, a lim- peza, o tempo entre o atendimento, o pre- paro e entrega do pedido, a apresentação do prato, o sabor, a temperatura do prato, a decoração, a música, o conforto das cadei- ras, entre outros tantos elementos. Agora reflita sobre o que você busca ou buscaria em termos de qualidade ao utilizar um serviço de saúde. Quais elementos e ca- racterísticas fazem ou fariam com que você considerasse esse serviço de qualidade? 1.A qualidade nas organizações hospitalares Segundo Bonato (2011, p.320) os hospitais são “instituições prestadoras de serviços de grande importância social, possuindo alta complexidade e peculiaridade”. Por- tanto, mesmo que possamos afirmar que a busca por qualidade também está presente em serviços de saúde, nestas instituições, o processo adquire enfoques específicos. Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares35/209 Nesse sentido, quando um cliente busca qua- lidade em um serviço, ele imediatamente as- socia qualidade à cortesia, atenção, rapidez, conforto, ambiência, profissionalismo e ca- pacitação. São características desta natureza que satisfazem os consumidores ou clientes, mas não esgotam o sentido da “qualidade”. O termo tem sido definido a partir de diver- sas perspectivas que, na verdade, podemos entender como complementares. Para saber mais A palavra hospital é de origem latina “Hospitalis”, a qual é uma derivação da palavra “hospes”, que significa hóspede. Esse nome foi dado porque es- sas casas recebiam os doentes, pobres e peregri- nos. Avedis Donabedian, um importante expo- ente do pensamento sobre a qualidade em serviços de saúde, afirmava que qualidade na atuação do cuidado à saúde se refere ao ponto em que há mais benefícios e menos riscos para os clientes, contrabalanceando os custos para a oferta deste serviço. Es- tes benefícios são definidos de acordo com o que a instituição pode alcançar com re- cursos que dispõe e os valores sociais que apresenta (MEZOMO, 1992). Nas últimas décadas, as instituições de saúde passaram a redobrar sua atenção na busca por qualidade. O avanço da tecnolo- gia possibilitou à população maior acesso a informações e, por esse motivo, a busca e a seleção por um serviço adequado passou a ser mais criteriosa e fez crescer a competiti- Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares36/209 vidade entre as organizações. Além disso, o avanço tecnológico possibilitou o desenvol- vimento de novas formas, métodos e técni- cas para agilizar e/ou melhorar a assistên- cia à saúde. Deste modo, é possível perce- ber que o perfil do cliente de hoje, ainda que muito variado, é mais exigente. O cliente se informa, questiona, conhece seus direitos e em situações em que se sente lesado, inicia ação judicial contra a instituição. Tais mudanças obrigaram os gestores das organizações hospitalares a buscar novos conhecimentos e implementarem uma ges- tão voltada a prover uma percepção de mais segurança e satisfação ao cliente. Ao mes- mo tempo, há um crescente interesse em mensurar a satisfação dos clientes com os serviços oferecidos. Nesse sentido, a quali- dade tem a crítica como guia, incentivo para a instituição perceber onde precisa melho- rar e investir (BONATO, 2011; SOUSA et al., 2008). Ademais, presenciamos o surgimento de políticas públicas que impulsionam a bus- ca por qualidade nos serviçosde saúde, incitando a responsabilidade dessas ins- tituições frente à sociedade (SOUSA et al., 2008). Como exemplo, temos a Política Na- cional de Humanização (PNH), lançada no ano de 2003 com o objetivo de colocar em prática os princípios do Sistema Único de Saúde no dia a dia dos serviços de saúde e repensar sua gestão e o cuidado prestado. Outro exemplo é o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) instituído pela Portaria GM/MS nº 529/2013, que visa colaborar com a qualificação do cuidado Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares37/209 em saúde em todos os estabelecimentos do território brasileiro. Mezomo (1992) destaca que a incorporação da qualidade como elemento da gestão in- centivou os teóricos a repensarem os fun- damentos da administração, mudando o foco do produto/serviço final para as pesso- as, com destaque para o cliente. Sendo as- Para maiores detalhes sobre a Política Na- cional de Humanização (PNH), acesse o site do Portal da Saúde. Para saber mais sobre o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), acesse o site do Ministério da Saúde. Para saber mais A partir da Constituição Federal Brasileira, em 1988, a saúde passou a ser um direito de todos os cidadãos e, assim, constitui-se o Sistema Úni- co de Saúde (SUS) como meio de prover tal aces- so universal. Caso queira saber mais sobre o SUS, acesse o site do Portal da Saúde. Para saber mais Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares38/209 sim, a experiência do consumidor torna-se o centro de todo esforço do gestor. Do mesmo modo, oferecer um serviço de qualidade demanda o envolvimento de to- dos, ou seja, este deve ser o objetivo prin- cipal da organização. Logo, uma missão compartilhada entre todos os profissionais ligados direta ou diretamente à assistência à saúde, qualquer seja o setor/departamen- to (ex.: nutrição, limpeza, farmácia, lavan- deria, central de materiais, centro cirúrgico, recursos humanos, segurança do trabalho, etc.), desde o nível estratégico até o opera- cional, pois todos, salvas as devidas propor- ções, são responsáveis pelo alcance ou não deste objetivo (BONATO, 2011). Dessa forma, é possível afirmar que a qua- lidade não compreende apenas uma nova pintura ou decoração, poltronas confortá- veis ou um cafédamanhã mais farto. Com- preende um compromisso mais amplo e, ao mesmo tempo, mais detalhado estrategi- camente para o alcance do objetivo final. A determinação das ações a serem realizadas deve se respaldar em conhecimentos técni- cos, informações e indicadores e na cons- trução conjunta, o que só é possível em um ambiente onde há fortalecimento do traba- lho em equipe (BONATO, 2011). Ao seu tempo, Avedis Donabedian (2003) inovou ao ampliar o conceito de qualidade para além do controle estatístico e incorpo- rar novos elementos, como as expectativas, os desejos e os valores dos clientes/pacien- tes e seus familiares, a justiça e a legitimi- dade social. Pensando em termos assisten- Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares39/209 ciais, segundo este teórico, a assistência à saúde deve promover o máximo de bem-es- tar ao paciente, levando em consideração um equilíbrio ideal entre benefícios e riscos e os custos desse cuidado. A partir de seus estudos, Donabedian (2003) também descreveu os sete pilares da quali- dade, que são: I. Eficácia: o melhor que se pode reali- zar em condições ideais (não há de- ficiências ou escassez de recursos), dado o estado do cliente, ou seja, aquilo que se entende como assis- tência à saúde (serviço) ideal. II. Efetividade: grau de alcance de me- lhoria nas condições de saúde por meio do serviço prestado em condi- ções reais (cotidianas, ou seja, leva em consideração possíveis deficiên- cias e escassez de recursos) em re- lação aos níveis estabelecidos como ideais (eficácia). III. Eficiência: agrega eficácia e efetivi- dade na relação com os custos, ou seja, entre diversas possibilidades igualmente eficazes e efetivas, a mais eficiente é a de menor custo. IV. Otimização: ponto (ou momento) em que adicionar mais ações para alcançar melhores benefícios é des- proporcional ao custo. V. Aceitabilidade: adaptação da assis- tência à saúde às expectativas, dese- jos e valores dos clientes/pacientes e seus familiares. Tem relação com os Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares40/209 conceitos anteriores, com a acessi- bilidade do cuidado e com as carac- terísticas da relação profissional de saúde-paciente. VI. Legitimidade: faz referência à acei- tabilidade do cuidado em saúde da forma como a sociedade em geral entende que ele deveria ser e ocor- rer. VII. Equidade: princípio que auxilia a de- terminar o que é justo na distribui- ção do cuidado e de seus benefícios. Apresenta ligação direta com a acei- tabilidade e legitimidade perante a sociedade. Outra maneira de pensar em qualidade é como “processo de melhoria continuada” (MEZOMO, 1992, pag.53), uma filosofia que garante bom desempenho organizacional. No sentido de contribuir e organizar esse processo de melhoria, destacamos a Nor- ma Brasileira (NBR) ISO 9001 da Associação Brasileira de Normas Técnicas(ABNT, 2015). Essa norma pode auxiliar gestores hospita- lares a perceberem claramente quem são seus clientes, como o serviço oferecido os impacta e o que eles esperam da institui- ção. Com esse conhecimento é possível de- linear metas e identificar possibilidades de negócios. 2. Princípios da gestão de quali- dade A seguir, expomos os sete princípios da ges- tão da qualidade apresentados na ISO 9001 (ABNT, 2015): Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares41/209 I. Foco no cliente: responder e/ou su- perar as atuais e futuras necessida- des do cliente. A satisfação conquis- ta a confiança do cliente e faz com que ele retorne. Com isso, compre- ende-se que o resultado será o su- cesso à longo prazo. II. Liderança: Uma liderança forte con- segue deixar claro o objetivo para todos os envolvidos no processo. Para tanto, é importante que seja claro para todos qual é a missão da empresa. Bonato (2011) ressalta que muitas vezes os gestores parecem tomar atitudes baseados muito mais pela intuição do que do conjunto prática e teoria. Para esse problema, a autora propõe como resolução que gestores busquem o benchmarking para ter projetos e ações consisten- tes e adequados ao contexto da ins- tituição. O benchmarking legitima as ações e dá base forte para validar as ações propostas. III. Engajamento das pessoas: Coope- radores envolvidos, qualificados, competentes e dedicados em os se- tores da instituição faz com que seja mais fácil atender adequadamente o cliente e assim satisfazê-lo. Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares42/209 IV. Abordagem de processo: Entende-se que vários processos juntos formam um sistema maior que alcança resultados mais satisfatórios. Todas as pessoas envolvidas nesse pro- cesso devem conhecer todas as atividades da empresa para que o resultado final seja alcançado com eficiência. Afinal, a qualidade não é um estado concreto de um serviço, mas sim um processo e a administração na busca por qualidade gera um ciclo (MEZOMO, 1992, p. 94). Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares43/209 Figura 1 – Um modelo de processo genérico Fonte: Adaptado de ISO e IAF, 2007, p. 3. Para saber mais Para saber mais detalhes a operacionaliza- ção deste processo, acesse o documento da International Organization for Standardi- zation (ISO) e da International Accreditation Forum (IAF) Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares44/209 V. Melhoria. Um hospital que queira sucesso deve buscar melhoria cons- tante. No mundo de tantas evolu- ções e mudanças rápidas, é preciso responder à essas alterações exter- nas e também internas para conti-nuar oferecendo um serviço de qua- lidade aos clientes. VI. Decisão baseada em evidências. As decisões dentro de uma empre- sa devem ser tomadas baseadas em dados. Assim é importante utilizar ferramentas para ter dados concre- tos sobre como estão os processos. VII. Gestão de relacionamento. A rela- ção não somente com o cliente é im- portante, mas também com parcei- ros e fornecedores de um hospital. Ter um bom relacionamento com to- dos os envolvidos com os processos para um bom funcionamento de um hospital é fundamental. Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares45/209 Glossário Benchmarking: processo de avaliação da empresa em relação à concorrência, por meio do qual incorpora os melhores desempenhos de outras firmas e/ou aperfeiçoa os seus próprios méto- dos. Consumidor: palavra utilizada como sinônimo de cliente ou freguês; refere-se ao indivíduo que adquire um produto ou serviço para uso próprio, familiar ou coletivo; freguês. Processo: ação continuada, realização contínua e prolongada de alguma atividade; seguimen- to, curso, decurso. Sequência contínua de fatos ou operações que apresentam certa unidade ou que se reproduzem com certa regularidade; andamento, desenvolvimento, marcha. Questão reflexão ? para 46/209 Você consegue ver como os princípios da qualidade pro- postos por Donabedian ou os princípios apresentados na ISO 9001 podem contribuir para a qualidade da as- sistência hospitalar? Há diferenças entre o público e pri- vado? Questão reflexão ? para 47/209 Link O artigo de Souza e Scatena (2014) com o objeti- vo de verificar a satisfação dos pacientes cobertos pelo SUS internados nos hospitais públicos, priva- dos e filantrópicos pode ajudar você na sua refle- xão. Disponível em: <http://www.uel.br/revis- tas/uel/index.php/espacoparasaude/article/ viewFile/18048/pdf_38>. Acesso em:14 maio 2017. http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/espacoparasaude/article/viewFile/18048/pdf_38 http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/espacoparasaude/article/viewFile/18048/pdf_38 http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/espacoparasaude/article/viewFile/18048/pdf_38 Questão reflexão ? para 48/209 Link O estudo de caso de Rosa et al (2011) com ob- jetivo de identificar os problemas mais comuns no setor de Radiologia Hospitalar e as situações rotineiras que prejudicam a gestão do setor e afetam a qualidade dos serviços prestados a fim de propor melhorias mostra de maneira prática como identificar falhas e propor melhorias em um setor específico de um hospital. Disponível em: <https://periodicos.ufrn.br/reb/article/ view/1492/1143>. Acesso em: 14 maio 2017. https://periodicos.ufrn.br/reb/article/view/1492/1143 https://periodicos.ufrn.br/reb/article/view/1492/1143 49/209 Considerações Finais • O foco da gestão para qualidade é satisfazer as necessidades do clien- te. • Os clientes, atualmente, tem mais acesso às informações. Isso faz com que eles sejam mais exigentes e saibam seus direitos. • Alguns pilares como os apresentados por Donabedian e ABNT podem direcionar a gestão da qualidade em hospitais. Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares50/209 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DENORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9001:2015-Como usar., São Paulo: 12 p. BONATO, V.L. Gestão de qualidade em saúde: melhorando assistência ao cliente. O Mundo da Saúde, v. 35, n. 5, 319-331, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/ges- tao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf>. Acesso em: 6 mai. 2017. BRASIL. História e evolução dos hospitais. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro: [s.n.], 1965. 588 p. DICIONÁRIO MICHAELIS. Dicionário de língua portuguesa online. Disponível em: <http://mi- chaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=&t=&palavra=hospital>. Acesso em: 20 mar. 2017. DONABEDIAN, A. An introduction to quality assurance in health care. New York: Oxford Univer- sity Press, 2003. ISO. International Organization for Standardization; IAF. International Accreditation Forum. Abor- dagem de Processo:conceitos e diretrizes para sua implementação. 2007, 12p. Disponível em: <http://www.qsp.org.br/biblioteca/pdf/abordagem_processo.pdf>. Acesso em: 7 maio 2017. MALIK, A.M.; SCHIESARI, L.M.C. Qualidade na gestão local de serviços e ações de saúde. Série Saúde & Cidadania, v.3. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 1998. 241 p. Disponível em: <www.saude.mt.gov.br/arquivo/2950>. Acesso em: 4 maio 2017. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/gestao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/gestao_qualidade_saude_melhorando_assistencia_cliente.pdf http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=&t=&palavra=hospital http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=&t=&palavra=hospital http://www.qsp.org.br/biblioteca/pdf/abordagem_processo.pdf www.saude.mt.gov.br/arquivo/2950 Unidade 2 • Gestão com foco na qualidade em organizações hospitalares51/209 MEZOMO, J.C.Qualidade Hospitalar: Reinventado a Administração Hospitalar. São Paulo: CEDAS, 1992______.Qualidade nas Instituições de Ensino: Apoiando a Qualidade Total. São Paulo: CE- DAS, 1993 MIRSHAWKA, V. HOSPITAL: Fui Bem Atendido, a vez do Brasil. São Paulo: Makron Books, 1994. ROSA, J.R.C. et al. Gestão da qualidade em um setor de radiologia hospitalar: um estudo no centro de diagnóstico por imagem (Santa Catarina). Revista Brasileira de Inovação Tecnológica em Saúde, On-Line.p 1-13, 2011. Disponível em:<https://periodicos.ufrn.br/reb/article/view/1492/1143>. Acesso em: 14 maio 2017. Souza, C.S.; Scatena, J.H.G. Satisfação do Usuário da Assistência Hospitalar no mixpúblico-pri- vado do Sus do estado de Mato Grosso. Revista Espaço para a Saúde, v. 15,n. 3,p. 30-41, 2014. SOUSA, P. et al. Avaliação da qualidade em saúde: a importância do ajustamento pelo risco na análise de resultados na doença coronária. Revista Portuguesa de Saúde Pública, v. 7, p. 57-65, 2008. https://periodicos.ufrn.br/reb/article/view/1492/1143 52/209 1. São instituições prestadoras de serviços de grande importância social, pos- suindo alta complexidade e peculiaridade. A descrição refere-se à que tipo de instituição de saúde? a) Posto de Saúde. b) Unidades de Saúde da Família. c) Hospitais. d) Ambulatório especializado. e) Clínica oncológica. Questão 1 53/209 2. Qual das alternativas é um dos “sete pilares da qualidade” proposta por Donabedian? Assinale a alternativa correta: Questão 2 a) Longanimidade. b) Paciência. c) Prática baseada em evidência. d) Eficácia. e) Paz. 54/209 3. Leia e analise o trecho abaixo: Questão 3 Com o avanço da ________________, com pessoas mais informadas sobre seus direitos e que buscam os melhores serviços fez com que os gestores das organizações hospitalares buscassem novos conhecimentos e implementassem uma gestão voltada a prover uma percepção de mais ________________ e satisfação ao ________________. Em seguida, assinale a alternativa cujas palavras completam as lacunas corretamente: a) Tecnologia; segurança; cliente. b) Radiologia; investimento; paciente. c) Educação; conhecimento; residente. d) Diminuição da pobreza; dinheiro; enfermeiro. e) Economia; interesse; administrador. 55/209 4. O conceito: “aceitabilidade do cuidado da forma em que é visto pela co- munidade ou sociedade em geral”, refere-se a qual dos sete pilares da qua- lidade proposto por Donabedian? Questão 4 a) Eficiência. b) Legitimidade. c) Otimização. d) Equidade. e) Efetividade. 56/209 5. Sobre a Gestão de relacionamento, considere as afirmações abaixo: Questão 5 I. Somente a relação com o cliente que é importante. II. A relação com o cliente e com todos os envolvidos no processo é importante. III. Refere-se ao relacionamento apenas do gestor com seus funcionários. IV. Pode contribuir para o sucesso contínuo da empresa e bom funcionamento de um hospital. Estão corretas somente as afirmações: a) I, II, III e IV. b) IIIe IV. c) I e III. d) I, II e III. e) II e IV. 57/209 Gabarito 1. Resposta: C. Os hospitais são “instituições prestadoras de serviços de grande importância social, possuindo alta complexidade e peculia- ridade”. Portanto, mesmo que possamos afirmar que a busca por qualidade também está presente em serviços de saúde, nestas instituições, o processo adquire enfoques específicos. 2. Resposta: D. Os sete pilares da qualidade proposta por Donabedian são: eficácia, efetividade, efici- ência, otimização, aceitabilidade, legitimi- dade e equidade 3. Resposta: A. Com o avanço da tecnologia e pessoas mais informadas sobre seus direitos e que bus- cam os melhores serviços fez com que os gestores das organizações hospitalares buscassem novos conhecimentos e imple- mentassem uma gestão voltada a prover uma percepção de mais segurança e satis- fação ao cliente. 4. Resposta: B. Aceitabilidade do cuidado da forma em que é visto pela comunidade ou sociedade em geral. 58/209 Gabarito 5. Resposta: E. Gestão de relacionamento. A relação não somente com o cliente é importante, mas também com parceiros e fornecedores de um hospital. Ter um bom relacionamento com todos os envolvidos com os processos para um bom funcionamento de um hospi- tal é fundamental. 59/209 Unidade 3 Ferramentas de gestão de qualidade Objetivos 1. Conhecer as principais ferramentas empregadas na implementação do processo da Gestão de Qualidade. 2. Descrever os princípios gerais que cada uma delas apresenta. 3. Refletir sobre o uso e a importância dessas ferramentas. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade60/209 1. Ferramentas empregadas na implementação do processo de gestão de qualidade Você já viu nas aulas anteriores o conceito de qualidade e da gestão de qualidade no contexto hospitalar. Pensando no hospital também como uma empresa relacionada à saúde, a gestão de qualidade nesse contex- to, tenta buscar ferramentas que possam ser aplicadas na gestão de maneira a ter o melhor serviço possível oferecido aos seus clientes. A proposta dessa aula é apresentar as prin- cipais ferramentas utilizadas atualmente na busca da gestão da qualidade em saúde. Na gestão dos processos de avaliação da qualidade das organizações hospitalares, as ferramentas funcionam como técnicas que desempenham um importante auxílio nos processos de trabalho (PERTENCE; MELLEI- RO, 2010). São várias as ferramentas que podem ser utilizadas, nesta aula serão destacadas aquelas que consideramos as de maior rele- vância para serviços de saúde, são elas: A. Metodologia do programa 5s B. Método PDCA C. Folha de verificação D. Brainstorming E. Diagrama de Pareto F. Fluxograma G. Gráficos de dispersão H. Diagrama de controle I. Diagrama de causa e efeito Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade61/209 2. Metodologia do programa 5S O termo 5S é uma abreviação das cinco pa- lavras japonesas: Seiri, Seiton, Seisou, Sei- ketsu e Shitsuke. Essas palavras constituem um método que foi empregado no Japão no setor de manufaturas e posteriormente foi trazido para ser utilizado no Ocidente na década de 1980. Ele é basicamente usado para organizar o ambiente de trabalho, au- mentando a produtividade. (KANAMORI et al., 2016). Na área da saúde os 5S também são empre- gados como uma ferramenta para manu- tenção e consolidação da qualidade, crian- do as possíveis condições para a aplicação da organização do ambiente. No Brasil, os 5S japoneses foram traduzidos para o por- tuguês em 5 sensos, similares a cada um dos conceitos que cada palavra em japonês representa (PERTENCEI; MELLEIRO, 2010). Os 5 sensos são (CAMPOS et al., 2005): 2.1. Seiri – Senso de utilização Consiste em separar o necessário do des- necessário, deixando no ambiente apenas o que for ser utilizado, otimizando o espaço e uso de equipamentos. Vamos exemplificar a aplicabilidade dos 5 S pensando em um cô- modo de uma casa por exemplo: pense você em cômodo, um quarto de estudos que você precisa organizar e vai utilizar os 5 S. O pri- meiro “S” seria a separação do que você usa e descarta ou encontra outro lugar para ser utilizado algo não tem mais utilidade na- quele local. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade62/209 2.2. Seiton – Senso de arruma- ção Organizar o ambiente, colocando cada ma- terial em seu devido lugar, de maneira que você ou qualquer outra pessoa consiga en- contrar esse material quando for procurá- -lo. Se aqui pensarmos no exemplo no Pron- to Atendimento de um hospital essa seria a etapa em que você organiza o local, coloca cada coisa no seu devido lugar. O torpedo estará em fácil acesso, o carrinho de emer- gência organizado e de fácil acesso, sem macas nos corredores. A foto a seguir apresenta bem a diferença antes e depois de arrumado, seguindo o senso de arrumação Fonte: Qualityway – Ronin Consultoria, 2017. 2.3. Seiso – Sensode limpeza Manter o ambiente limpo com o apoio da equipe e aprender a sujar o mínimo possível desse local. Aqui entra a conscientização de toda a equipe para que cada um tenha sua responsabilidade na manutenção da lim- Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade63/209 peza, não delegando a outros membros a função de cada, sendo assim a coletividade e o comprometimento de todos fundamen- tal para esse passo. Nessa etapa, hospital é responsável por acionar a equipe de limpe- za quando percebe a necessidade de deixar um ambiente limpo . Ou se, por exemplo, uma técnica de enfermagem prepara um medicamento e por acidente espirra tudo na parede e móveis, ela limpa onde conse- gue e pede ajuda da equipe da limpeza para ter certeza de que tudo ficará como limpo. Cada funcionário tem sua responsabilida- de e se compromete a fazer o possível para tentar manter aquele local limpo. 2.4. Seiketsu – Senso de saúde e higiene Manter o ambiente de trabalho favorável à saúde física e mental, mantendo assim a qualidade de vida nesse local. Através de um ambiente agradável, com um mínimo de poluição visual e auditiva, estimulando atividades para a manutenção de um am- biente agradável. Por exemplo, pense na di- ferença de você trabalhando em um local que está livre de barulhos irritantes, de su- jeira e de bagunça. Pense como é mais agra- dável viver nesse ambiente favorável ao seu bem-estar e como consequência é possível ofertar um cuidado de maior qualidade. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade64/209 2.5. Shitsuke– Senso de auto-disciplina Consiste na aplicabilidade dos 4S anteriores em um ambiente de trabalho e no comprometimento de cada membro da equipe em manter tais metas cotidianamente. Através da conscientização da equipe, conhecimento da metodologia do programa 5S, incentivando em cada um o despertar do autoconhecimento e da disciplina. Aqui é quando você termina o processo de organização e tenta se disciplinar para manter cada coisa no seu lugar, fazendo disso um hábito no seu cotidiano. Ou seja, o Programa 5S, adotado nas empresas, tende a ser um importante processo que contribui para uma melhora no funcionamento da equipe e consequentemente auxilia na qualidade (CAM- POS et al., 2005). Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade65/209 3. Método PDCA Método PDCA é utilizado para gerencia- mento de processos, por meio de quatro fases específicas que partem do planeja- mento (5) e são similares ao significado das palavras em inglês: • Planejar (Plan). • Desenvolver (Do). • Controlar (Check). • Aprimorar (Act). 3.1. PLANEJAR (PLAN) O planejamento é o primeiro passo para a execução de uma meta, sendo que nessa fase serão definidos os métodos a serem utilizados a fim de alcançar a meta estabe- lecida. Para saber mais Método é “uma palavra de origem grega composta pela palavra meta, que significa “além de” e pela palavra hodos, que significa caminho”. Portanto método significa “caminho para se chegar a um ponto além do caminho” (CAMPOS, 1992, p. 29). Unidade3 • Ferramentas de gestão de qualidade66/209 3.2. DESENVOLVER (DO) É a fase de execução das metas estabeleci- da no planejamento. É nessa etapa do pro- cesso que os membros envolvidos devem ser treinados se necessário para a execução dos planos e todos devem conhecer as me- tas e métodos que serão utilizados a fim de se obter sucesso nessa fase. 3.3. CONTROLAR (CHEK) É a fase na qual se faz uma análise dos re- sultados obtidos até então e um comparati- vo entre a execução das metas e o planeja- mento elaborado para elas. É também aqui que se pode perceber se houve sucesso em atingir as metas planejadas anteriormente. 3.4. APRIMORAR (ACT) Também conhecida como fase de aprimora- mento, é a última etapa do processo. Nes- se momento que podem ser feitas as ações corretivas a partir dos resultados alcança- dos. É nessa fase que as ações podem ser to- madas de acordo com duas possibilidades, sendo entre elas, a de que os resultados ob- tidos não sejam positivos e a partir daí seria necessário rever o método, identificar as fa- lhas e refazer o planejamento. Ou, sendo os resultados positivos e as metas alcançadas, o processo pode ser então padronizado. A figura abaixo resume os principais passos do Método PDCA em um esquema gráfico: Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade67/209 Figura 1 - Resumo dos principais passos do Mé- todo PDCA em um esquema gráfico Fonte: MARIANI, 2005, p.113. 4. Folha de verificação Para fazer uma análise de uma determinada situação é necessário primeiramente reali- zar uma coleta dos dados disponíveis. Com isso em mãos é possível perceber a situação de maneira mais exata e ver os pontos críti- Veja um relato de caso da utilização do PDCA por equipe de enfermagem apresentado por Couti- nho e Bohomol (2013) no V Simpósio de Terapia Infusional da InfusionNursesSociety em 2013. Disponível na internet. Para saber mais Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade68/209 cos que precisam de maior atenção por par- te do gestor (RÊGO, 2007). A folha de verificação é um dos instrumen- tos que podemos utilizar para essa coleta de dados. Nela, dispomos basicamente de um quadro para indicar a frequência de um determinado evento (LINS, 1993). Um exemplo simples de como poderia se montar uma folha para a verificação de um evento: Figura 2: Exemplo simples da montagem de uma folha de verificação de um evento ITEM OCORRÊNCIAS EM NÚMEROS DE VEZES OCORRIDAS X 10 Y 22 Z 5 Fonte: autora. 5. Brainstorming Também conhecido como “chuva de ideias” é outro recurso que pode ser utilizado para coleta de dados. O Brainstorming é uma técnica na qual um grupo levanta inúmeras possibilidades para uma determinada ques- tão. Ela permite a participação de todos do grupo, influencia no envolvimento coletivo e analisa um problema através da ótica de cada um dos membros desse grupo (MALIK; SCHIESARI, 1998). A aplicação dessa ideia cnsiste na reunião dos membros de um grupo e na abordagem de um problema. A partir daí, estimular que cada um deles opine a respeito das possíveis causas para o problema em questão. E por fim enumerar as tais razões que surgirem Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade69/209 dessa discussão, comprovando a relevância das mesmas. A partir desse ponto, discu- tir possíveis soluções com o grupo (MALIK; SCHIESARI, 1998). Para saber mais Para não esquecer a palavra inglesa Brainstorming é interessante sabermos o que significa literal- mente as duas palavras que compõe essa palavra: Brain em inglês significa cérebro. Storming, tradu- zido literalmente para o português é chovendo. Se traduzíssemos ao pé da letra, brainstorming seria “chovendo cérebros”. 6. Diagrama de pareto É utilizado para identificar as causas de si- tuações problema, colocando-as em uma escala decrescente de frequência ou valor. Ele é representado por um gráfico em for- ma de barras, por isso é conhecido também por Gráfico de Pareto, pode ser elabora- do a partir da coleta de dados feita através da folha de verificação, ou de outra fonte de coleta de dados como o Brainstorming (MALIK; SCHIESARI, 1998; MARIANI, 2005). O Diagrama de Pareto ajuda a focar na re- solução do problema mais importante. O gráfico abaixo mostra um exemplo de como seria um gráfico de Pareto a partir de um problema imaginário (alto índice de peças danificadas numa linha de produção). Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade70/209 Figura 3: Exemplo de como seria um gráfico de Pareto de um problema imaginário Fonte: MARIANI, 2005, p.117. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade71/209 7. Fluxograma É uma representação gráfica destinada à descrição de processos, apresentando cada passo, des- creve uma sequência do trabalho envolvido em cada processo. Nesse sentido, auxilia na compa- ração do fluxo real do processo e aquele ideal, planejado. Assim, é possível identificar problemas e melhorar processos (MALIK; SCHIESARI, 1998; RÊGO, 2007). Malik e Schiesari (1998, p. 75) apresentam como vantagem de utilizar tal ferramenta: Define claramente os limites do processo. Útil no treinamento de novos funcionários. Utiliza símbolos simples (linguagem padrão de comunica- ção). Visão global do processo. Assegura solução para todas as alternati- vas. Identifica ciclos de retrabalho. Facilita a identificação de clientes e for- necedores. Usualmente, um processo (retângulo) só tem uma saída. Caso contrário, é uma decisão (losango). Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade72/209 Figura 4 – Figuras básicas para construção de um fluxograma Fonte: MALIK; SCHIESARI, 1998, p. 75. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade73/209 Figura 5: Modelo prático de um fluxograma imaginário sobre uma lâmpada que não funciona Fonte: Fluxograma, s. d. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade74/209 8. Diagrama de causa e efeito Também conhecido por Diagrama de Ishi- kawa, pois foi criado por Kaoru Ishikawa ou Diagrama de Espinha de Peixe, por causa de sua aparência gráfica. Ele mostra a relação do efeito e da causa, ou seja, a relação en- tre uma característica da qualidade e fato- res que a influenciam (MALIK; SCHIESARI, 1998). A vantagem de utilizar essa ferramenta é que ela permite mapear, explorar fatores Para saber mais Fluxograma é a palavra em português. Porém, al- gumas pessoas também utilizam em ambientes de trabalho a palavra em inglês: flowchart. que entendemos afetar um problema, pois ela separa a causa dos efeitos e pode ajudar a identificar muitos motivos para um mes- mo efeito, além de ser de fácil visualização (MALIK; SCHIESARI, 1998). O diagrama pode ser montado através dos dados levantados de um brainstorming. Consiste em uma seta na qual o possível problema se localiza na ponta e os ramos dispostos ao longo dessa seta representam as causas. Essa forma lhe confere a aparên- cia de uma “espinha de peixe”. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade75/209 Figura 6: Exemplo de como seria um diagrama de causa e efeito no qual o problema identi- ficado é a atraso entre cirurgias e as possíveis causas para esse efeito Fonte: MALIK, SCHIESARI, 1998, p. 86. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade76/209 Para saber mais Kaoru Ishikawa, o criador do Diagrama de Ishi- kawa (também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama Espinha de Peixe)nas- ceu em Tóquio (Japão), em 1915. Foi engenheiro de controle de qualidade, teórico da administra- ção das companhias japonesas. Ishikawa faleceu em 1989. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade77/209 Glossário Abordagem: qualquer tipo de aproximação, visão de um assunto; ponto de vista sobre uma questão, modo de lidar com algo. Poluição visual: é o excesso de elementos visuais criados pelo homem espalhados, geralmente, em grandes cidades e que promovem certo desconforto visual e espacial. Ela pode ser causada por anúncios, propagandas, placas, postes, fios elétricos, lixo, torres detelefone, entre outros. Poluição auditiva: refere-se ao efeito danoso provocado por sons em determinado volume que superem os níveis considerados normais para os seres humanos. Similares: que possui o mesmo teor; que se assemelham ou se equivalem; semelhante: o amor é um sentimento sem similar. Da mesma natureza; análogo, equivalente, semelhante. Questão reflexão ? para 78/209 Você viu na aula de hoje algumas ferramentas utilizadas para gerenciar o processo de qualidade, entre elas falamos da Me- todologia do Programa 5S. Você imagina como essa ferramenta poderia ser empregada dentro de um ambiente hospitalar? Você acha que essa implantação poderia ser feita de que maneira? O artigo a seguir pode ajudá-lo a refletir a respeito deste tema: PERTENCE, P.P.; MELLEIRO, M.M. Implantação de ferramenta de gestão de qualidade em Hospital Universitário. Rev. esc. enferm. USP.v.44, n.4, p. 1024-1031, 2010. A pesquisa de Monteiro (2016), teve por objetivo identificar as ferramentas da qualidade utilizadas em organizações hospita- lares do Brasil e te ajudar a refletir sobre a questão proposta. 79/209 Considerações Finais • Na aula foram apresentadas algumas ferramentas utilizadas para gestão da qualidade. Essas ferramentas são alguns modelos que podem ser utilizados para a prática da gestão de qualidade em organizações hospitalares. Entre- tanto, ressaltamos que há outras ferramentas que não foram aqui citadas que podem ser utilizadas como o gráfico de dispersão, diagrama de contro- le, histograma entre outros. • Essas ferramentas auxiliam o gestor a fazer a gestão da qualidade. • Relembrando algumas delas: Metodologia do Programa 5S, Método PDCA, Diagrama de Pareto, Folha de verificação, Diagrama de causa e efeito, Brains- torming. • A participação dos membros de uma equipe e a sua capacitação para co- nhecer e saber utilizar as ferramentas é muito importante para o sucesso da implantação de qualquer ferramenta. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade80/209 Referências CAMPOS, R. et al. A ferramenta 5S e suas implicações na gestão da qualidade total. In: Simpep–Simpósio de Engenharia de Produção, 12, Bauru: 2005. Anais do XII SIMPEP. Bauru:U- NESP,2005. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais_simpep_aux.php?e=12>. Acesso em: 30 abr. 2017. CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992. Coutinho, A.F.; Bohomol, E. Aplicação do ciclo PDCA para melhoria do cuidado de enferma- gem no acesso venoso periférico: relato de caso. In: V Simpósio de Terapia Infusional da Infusion Nurses Society, São Paulo: 2013. Anais V Simpósio de Terapia Infusional da Infusion Nurses Society, São Paulo, 2013, n.p. Disponível em <http://www.insbrasil.org.br/arquivos/ANAIS%20INS/3_pos- ter.pdf>. Acesso em: 14 maio 2017. HADDAD, M. C. L. Qualidade da assistência de Enfermagem- o processo de avaliação em hos- pital universitário público. 2004. 201f. Tese (Doutorado em Enfermagem) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2004. http://www.simpep.feb.unesp.br/anais_simpep_aux.php?e=12 http://www.insbrasil.org.br/arquivos/ANAIS%20INS/3_poster.pdf http://www.insbrasil.org.br/arquivos/ANAIS%20INS/3_poster.pdf Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade81/209 KANAMORI, S. et al. Impact of the Japanese 5S management method on patients’ and care- takers’ satisfaction: a quasi experimental study in Senegal. Glob Health Action,v.9, n. 32852, 2016. Disponível em: <http://www.tandfonline.com/doi/full/10.3402/gha.v9.32852>. Acesso em: 30 abr. 2017. LINS, B.F.E. Ferramentas básicas da qualidade. Ciência da Informação, v. 22, n. 2, p.153-161, [S.l.] [s.n.] 1993. MALIK, A.M.; SCHIESARI, L.M.C. Qualidade na gestão local de serviços e ações de saúde. Série Saúde & Cidadania, v.3. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 1998. 241 p. Disponível em: <www.saude.mt.gov.br/arquivo/2950>. Acesso em: 4 maio 2017. MARIANI, C.A. Método PDCA e ferramentas da qualidade no gerenciamento de processos industriais: um estudo de caso. RAI -Revista de Administração e Inovação, [S.l.] [s.n.] v. 2, n. 2, p. 110-126, 2005. MARQUES, J.C. et al. Ferramentas da Qualidade. Universidade da Madeira, [S.l.] [s.n.] 2012. PERTENCE, P.P.; MELLEIRO, M.M. Implantação de ferramenta de gestão de qualidade em Hos- pital Universitário. Rev. esc. enferm. USP, [S.l.] [s.n.] v.44, n.4, p. 1024-1031, 2010. Unidade 3 • Ferramentas de gestão de qualidade82/209 Quality Way. Ronin Consultoria. Disponível em: <https://qualityway.wordpress. com/2016/02/29/5s-em-hospitais-por-felipe-setlik/>. Acesso em: 5 maio2017. RÊGO, G.L. Gestão da qualidade: análise da implantação no serviço de enfermagem de um hos- pital de ensino. 2007.137f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Universidade Federal da Bahia, Salvador: 2007. Fluxograma. Fluxograma. s.d. Disponível em: <http://fluxograma.net/>. Acesso em: 4 maio 2017. 83/209 1. A metodologia do Programa 5S, uma abreviação das cinco palavras japo- nesas Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke, consiste, basicamente, em: a) Montar um gráfico em barras com apoio da equipe. b) Aumentar a produtividade a qualquer custo. c) Cada membro da equipe cuidar e manter organizado apenas o seu espaço dentro de uma instituição. d) Organizar o ambiente de trabalho, aumentando a produtividade. e) Estudar palavras de origem japonesa. Questão 1 84/209 2. O Método PDCA é utilizado para gerenciar processos dentro de uma em- presa e consiste de quatro passos básicos para ser elaborado: Planejar (Plan), Desenvolver (Do), Controlar (Check) e Aprimorar (Act). O planejamento é a primeira fase desse método e consiste em: a) Definir os métodos que devem ser utilizados para alcançar a meta estabelecida. b) A fase de execução das metas estabelecidas. c) Fase onde se faz uma análise dos resultados obtidos até então e um comparativo entre me- tas e planejamento. d) Última etapa do processo onde podem ser feitas as ações corretivas a partir dos resultados alcançados. e) Fase na qual organiza-se o ambiente de trabalho. Questão 2 85/209 3. Também conhecida como “chuva de ideias”, esta é uma técnica na qual um grupo levanta inúmeras possibilidades para uma determinada questão: a) Método PDCA. b) Diagrama de Pareto. c) Brainstorming. d) Programa 5S. e) Fluxograma. Questão 3 86/209 4. Sobre a o Diagrama de Ishikawa, também conhecido por Diagrama de Es- pinha de Peixe, considere as afirmações abaixo: I. É conhecido por Diagrama de Espinha de Peixe por causa de sua aparência gráfica similar à uma espinha de peixe. II. Foi usado pela primeira vez em 1901. III. Foi criado por Kaoru Ishikawa. IV. Os dados para fazer o gráfico podem ser levantados pelo brainstorming. Estão corretas apenas as afirmações: a) III e IV. b) I, II, III e IV. c) I, II e III. d) II e III. e) I, III e IV. Questão 4 87/209 5. O Diagrama de Pareto, também pode ser chamado de _____________ e é utilizado para identificar as causas de situações problema. Pode ser re- presentado por ____________________. A partir da frase acima, assinale a alternativa que contém as palavras adequadas às lacunas: a) Fluxograma; uma tabela enumerada. b) Gráfico de Pareto; um gráfico em forma de barras. c) Brainstorming; um quadro de ideias. d) Diagrama de Espinha de Peixe; uma sequência de ações sequenciais. e) Diagrama de Ishikawa; uma tabela numerada. Questão 5 88/209 Gabarito 1. Resposta: D. É uma ferramenta utilizada para organizar o ambiente de trabalho, contribuindo para a gestão de qualidade. 2. Resposta: A. O Método PDCA ajuda a definir as metas es- tabelecidas pelo gestor. 3. Resposta: C. Chuva de ideias é tradução aproximada para o conceito de Brainstorming. 4. Resposta: E. Também conhecido por Diagrama de Ishi- kawa, pois foi criado por Kaoru Ishikawa ou por Diagrama de Espinha de Peixe, por cau- sa de sua aparência gráfica. Ele mostraa re- lação do efeito e da causa, ou seja, a relação entre uma característica da qualidade e fa- tores que a influenciam (MALIK; SCHIESARI, 1998). O diagrama pode ser montado através dos dados levantados de um brainstorming. Consiste em uma seta na qual o possível problema se localiza na ponta da mesma e os ramos dispostos ao longo dessa seta re- presentam as causas. Esta forma lhe confe- re a aparência de uma “espinha de peixe”. 89/209 Gabarito 5. Resposta: B. O Diagrama de Pareto, também pode ser chamado de Gráfico de Pareto e é utilizado para identificar as causas de situações pro- blema. Pode ser representado por gráfico em forma de barras. 90/209 Unidade 4 Planejamento e sistematização da qualidade Objetivos 1. Conhecer a definição de planejamen- to. 2. Entender a evolução histórica do pla- nejamento na qualidade. 3. Refletir sobre o planejamento e a sis- tematização da qualidade. Unidade 4 • Planejamento e sistematização da qualidade91/209 Introdução Provavelmente você já pensou em planejar algo e estabeleceu metas a serem alcan- çadas. Por esse motivo o seu planejamento girou em torno dessa meta.Tomemos como exemplo uma festa de aniversário surpresa. A meta é que o aniversariante não saiba que uma festa está sendo preparada para ele. A encomenda do bolo, a maneira para levar o aniversariante até a festa e como os convi- dados serão chamados, ou seja, todo o pla- nejamento é feito com foto na surpresa, ou seja, sua meta. Assim também acontece quando é feito o planejamento e sistematização da qualida- de. Planejamento, segundo o Dicionário Mi- chaelis da Língua Portuguesa (2017) é “de- terminação de ações para atingir as metas estipuladas por uma empresa”. Pensando na qualidade como uma meta a ser alcança- da o planejamento poderá ser direcionado para ações em busca dessa meta. A partir do momento que as empresas adequaram o foco da produção para a busca das neces- sidades do cliente tornando-o assim prota- gonista no cenário da produção empresa- rial, elas precisaram adequar seus concei- tos de qualidade e dessa maneira evoluir na gestão do processo da mesma (MARTINS; COSTA NETO, 1998). 1. Princípios de Deming Os modelos atuais de gestão adotados em muitas empresas seguem os fundamentos dos princípios propostos por W. E. Deming, já mencionado anteriormente em outra Unidade 4 • Planejamento e sistematização da qualidade92/209 aula como um dos “gurus da qualidade”. As ideias de Deming quanto ao planejamento da qualidade foram utilizadas nas empre- sas japonesas e mostraram um resultado muito positivo no período, sendo aplicadas posteriormente nos Estados Unidos (SUGO, 1989). A Teoria da Qualidade proposta por Deming apresenta, entre outras abordagens da ad- ministração em Qualidade, os 14 princípios de Deming, enumerados abaixo (ANTUNES; TREVIZAN, 2000): 1. Crie constância de propósitos para melhoria do produto e do serviço. 2. Adote a nova filosofia. 3. Cesse a dependência da inspeção em massa. 4. Acabe com a prática de aprovar orça- mentos apenas com base no preço. 5. Melhore constantemente o sistema de produção e de serviços. 6. Institua treinamento. 7. Adote e institua a liderança. 8. Afaste o medo. Para saber mais William Edwards Deming foi um importante nome da administração e um dos pioneiros a estudar a implantação da Qualidade. Ele foi responsável pela divulgação do Método PDCA, que vimos na aula anterior. Esse método ficou conhecido tam- bém por ciclo de Deming, já que ele foi o principal responsável por sua popularização. Unidade 4 • Planejamento e sistematização da qualidade93/209 9. Rompa as barreiras entre os diversos setores de pessoal. 10. Elimine slogans, exortações e metas para a mão de obra. 11. Suprima as cotas numéricas para a mão de obra. 12. Remova as barreiras que privam as pessoas do justo orgulho pelo traba- lho bem executado. 13. Estimule a formação e o autoapri- moramento de todos. 14. Tome a iniciativa para realizar a transformação. Esses pontos podem ser utilizados na elabo- ração de um instrumento para verificação da qualidade em uma empresa ou institui- ção de saúde (ANTUNES; TREVIZAN, 2000). 2. Sistematização do processo de trabalho visando a qualida- de – Desdobramento da Função Qualidade (QFD) Nas aulas anteriores falamos da defini- ção de qualidade e de ferramentas utiliza- das para auxiliar na gestão da mesma. No processo de planejamento da qualidade, a equipe pode utilizar as ferramentas conhe- cidas e também focar a gestão nas ideias modernas de administração voltadas para a qualidade, entre elas destacamos o desdo- bramento da função qualidade (QFD). Unidade 4 • Planejamento e sistematização da qualidade94/209 Quality Function Deployment – QFD foi criado na década de 1960 no Japão por Yoji Akao e Shigue- roMizuno, utilizado como ferramenta de planejamento nas indústrias automobilísticas em uma época de grande crescimento e desenvolvimento que necessitava garantir a qualidade em todas as fases da produção. O QFD busca alcançar a qualidade e atingir as necessidades do cliente con- tando com o envolvimento dos profissionais da equipe (VOLPATO et al., 2010). Para isso ele utiliza o sistema de matrizes, lembrando que uma matriz é sempre o resultado do cruzamento de duas tabelas (PEIXOTO; CARPINETTI, 1998). Para estabelecer uma correlação entre as necessidades dos usuários com as formas que a equipe precisa trabalhar para desenvolver os produtos, otimizando assim a produção e o tempo gasto na produção. Unidade 4 • Planejamento e sistematização da qualidade95/209 Para saber mais Para mais detalhes sobre o QDF acesse o traba- lho de Pinto e Fontenelle (2013) apresentado no XXXIII Encontro nacional de Engenharia de Pro- dução que tinha como objetivo aplicar o método QFD dentro do projeto de um novo produto, tra- çado com base nos resultados os requisitos bási- cos a serem levados ao produto final. Disponível na internet. 3. Stakeholders e processos de planejamento Os processos de busca pela qualidade das empresas seguem os exemplos das empre- sas japonesas e norte-americanas, as quais têm embasamento nos fundamentos teóri- cos de Deming e Juran e tem como objetivo atender as necessidades dos stakeholders, que seriam as partes interessadas com as práticas da empresa, não necessariamente de maneira direta, mas que estão envolvi- das no processo e seriam elas, clientes, em- pregados, acionistas, fornecedores e a so- ciedade. (MARTINS; NETO, 1998). Portanto o processo de planejamento da gestão da qualidade visa atender a necessidade dos stakeholders. Unidade 4 • Planejamento e sistematização da qualidade96/209 Assim como Deming, J.M. Juran, também foi um nome de destaque nos processos de fundamentos para a gestão de qualidade. Ele destacou a importância do planejamen- to em uma série de passos descritos breve- mente: a) Estabelecer metas de qualidade. b) Identificar os clientes. c) Determinar as necessidades dos clien- tes. d) Desenvolver características do produ- to que atendam às necessidades dos clientes. e) Prover medições. f) Desenvolver características dos pro- dutos. g) Desenvolver características dos pro- cessos. h) Desenvolver controles de processos. Para saber mais Joseph Moses Juran foi um dos mestres da ges- tão da qualidade. Nasceu em 24 de dezembro de 1904, na Romênia e trabalhou junto com Deming como precursores dos processos de gestão da qualidade. Unidade 4 • Planejamento e sistematização da qualidade97/209 Glossário Meta: alvo, mira; objetivo, finalidade. Constância: persistência, insistência, obstinação. A quantidade de vezes que alguma coisa se repete. Processo: procedimento; maneira de se fazer alguma coisa: processo de criação. Questão reflexão ? para 98/209 Link VOLPATO, L. F. et al., Planejamento da qualidade nas unidades de saúde da família, utilizando o Desdobra- mento da Função Qualidade (QFD). Cad. Saúde Pública, v.26, n.8, pp.1561-1572,2010. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S- 0102-311X2010000800010>. Acesso em 8 mar. 2017. Aplicar a teoria na prática nem sempre é tão simples. A ferramenta QFD, muito utilizada nas empresas para planejamento da qualida- de, também pode ser utilizada no planejamento da qualidade nos serviços de saúde. Como você pensa que essa ferramenta poderia ser aplicada no setor da saúde? O texto abaixo pode ajudá-lo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2010000800010 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2010000800010 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2010000800010 99/209 Considerações Finais • Nesta aula tivemos uma ideia da definição do que seria o planejamento. • Mostramos um pouco do processo histórico de onde surgiram as bases da gestão de qualidade atuais. • O uso da (QFD) Desdobramento da Função Qualidade, uma ferramenta im- portante na sistematização do planejamento da qualidade. • O planejamento da qualidade envolve vários membros dentro e fora da em- presa (stakeholders). Unidade 4 • Planejamento e sistematização da qualidade100/209 Referências ANTUNES, A.V.; TREVIZAN, M.A. Gerenciamento da qualidade: utilização no serviço de enfer- magem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v.8, n.1, p.35-44, [S.l.] [S.n.] 2000. DICIONÁRIO MICHAELIS. Dicionário de língua portuguesa online. Disponível em: <http://mi- chaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=planejamento>. Acesso em: 8 maio 2017. FNQ. FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (FNQ). Posicionamento estratégico e a sistema- tização da gestão de stakeholders. Disponível em: <http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos- -e-entrevistas/artigos/posicionamento-estrategico-e-a-sistematizacao-da-gestao-de-stakehol- ders>. Acesso em: 8 maio 2017. GONÇALVES, P.C. et al. Stakeholders na atividade hospitalar: uma investigação setorial no es- tado de São Paulo: FACES R. Adm., [S.l] [S.n]v. 7, n. 2, p. 84-101, 2008. MARTINS, R.A.; NETO, P.L.O.C. Indicadores do desempenho para a gestão pela qualidade total: uma proposta de sistematização. [S.l.] Gest. Prod., v.5, n.3, p. 298-311, dez. 1998. MARTINS, F. A.; FERREIRA-DA-SILVA, A.C.; MACHADO-SANTOS, C. Relevância e influência dos Stakeholders dos Hospitais Filantrópicos e Religiosos.E3- Revista de Economia, Empresas e Em- preendedores na CPLP, [S.l.] [S.n.] v.1, n. 1, p. 5-16, 2015. http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=planejamento http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=planejamento http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/artigos/posicionamento-estrategico-e-a-sistematizacao-da-gestao-de-stakeholders http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/artigos/posicionamento-estrategico-e-a-sistematizacao-da-gestao-de-stakeholders http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/artigos/posicionamento-estrategico-e-a-sistematizacao-da-gestao-de-stakeholders Unidade 4 • Planejamento e sistematização da qualidade101/209 PEIXOTO, M.O. C.; CARPINETTI, L.C.R. Aplicação de QFD integrando o modelo de akao e o mo- delo QFD estendido. [S.l.] Gest. Prod. v.5, n.3, p.221-238, 1998. SUGO, A. I. O método Deming de administração: W. Edwards Deming, o gênio americano que revitalizou a indústria japonesa. [S.l.] Rev. adm. empres., v.29, n.4, p.89-90,1989. VOLPATO, L.F. et al. Planejamento da qualidade nas unidades de saúde da família, utilizando o Desdobramento da Função Qualidade (QFD). [S.l.] Cad. Saúde Pública, v.26, n.8, p.1561-1572, 2010. 102/209 1. Sobre a teoria da qualidade proposta por Deming, identifique se as afir- mativas abaixo são (V) verdadeiras ou (F) falsas: ( ) É composto por um total de 20 princípios. ( ) Um dos princípios é adote e institua a liderança. ( ) Um dos princípios é oprima e não incentive a formação e o auto-aprimoramento de todos. ( ) Um dos princípios é esperar sempre o empregado realizar a transformação. Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) F – F – F – V. b) V – V – F – V. c) F – V – F – F. d) V – V – V – F. e) V – F – V – F. Questão 1 103/209 2. Leia e analise o trecho abaixo: Quando as empresas adequaram o ____________ da produção para a busca das necessidades do _______________ tornando-o assim protagonista no cenário da produção empresarial, elas precisaram adequar seus conceitos de qualidade e dessa maneira _______________ na gestão do processo da mesma. A partir da análise do texto acima, assinale a alternativa que contém as palavras adequadas às lacunas: a) processo; gestor; pensar. b) jeito; empresário; focar. c) sentido; empregado; revolucionar. d) foco;cliente; evoluir. e) fluxograma; stakeholder; repensar. Questão 2 104/209 3. O Desdobramento da Função Qualidade (QFD), foi criado na década de 60 no Japão por YojiAkao e ShigueroMizuno para ser utilizado como fer- ramenta de: a) Planejamento na indústria de automóveis. b) Aprimoramento da produção em série. c) Planejamento na indústria têxtil. d) Produtividade máxima. e) O QFD não foi criado no Japão. Questão 3 105/209 4. Na busca pela qualidade, as empresas buscam o atendimento aos cha- mados stakeholders, dos quais fazem parte: a) Banqueiros, professores, intelectuais da área administrativa. b) Clientes, empregados, acionistas, fornecedores e a sociedade. c) Clientes da área administrativa. d) Somente os empregados e acionistas da empresa. e) Apenas os fornecedores. Questão 4 106/209 5. Assim como W.E. Deming, outro importante nome nos fundamentos gestão de qualidade foi: a) C.Darwin. b) G. Washington. c) A.Smith. d) A.Admati. e) J.M. Juran. Questão 5 107/209 Gabarito 1. Resposta: C. A teoria da qualidade proposta por Deming é bastante abrangente e representativa do pensamento da qualidade e apresenta den- tre outras coisas “Os 14 princípios de De- ming”. São alguns princípios: adote e ins- titua a liderança, estimule a formação e o auto-aprimoramento de todos e tome a ini- ciativa para realizar a transformação. 2. Resposta: D. Quando as empresas adequaram o foco da produção para a busca das necessidades do cliente tornando-o assim protagonista no cenário da produção empresarial, elas pre- cisaram adequar seus conceitos de quali- dade e dessa maneira evoluir na gestão do processo da mesma. 3. Resposta: A. QFD (QualityFunction Deployment), foi criado na década de 1960 no Japão por Yoji Akao e Shiguero Mizuno e utilizado como ferra- menta de planejamento nas indústrias au- tomobilísticas. 4. Resposta: B. Dos Stakeholders, partes interessadas com as práticas da empresa, fazem parte os clientes, empregados, acionistas, fornece- dores e a sociedade. 108/209 5. Resposta: E. Assim como Deming, J.M. Juran, também foi um nome de destaque nos processos de fundamentos para a gestão de qualidade. 109/209 Unidade 5 Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde Objetivos 1. Entender as características dos Indi- cadores de Qualidade em Saúde. 2. Conhecer as principais normas da ISO/ ABNT. 3. Conhecer o Sistema Brasileiro de Cer- tificação (SBC). Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde110/209 Introdução Na busca pela qualidade as empresas pro- curam cada vez mais atender as necessi- dades dos seus clientes. Serviços de saúde geralmente utilizam meios para avaliar a qualidade do atendimento oferecido aos pacientes, à população e a sociedade em geral e melhorar o que for necessário. Atra- vés de indicadores de qualidade, normas e padrões estabelecidos para adequar o aten- dimento e órgãos responsáveis por certi- ficação, os serviços de saúde conseguem aprimorar o processo de atendimento e sa- tisfação do cliente. De acordo com BITTAR (2001), medir quali- dade e quantidade em programas e serviços de saúde é imprescindível para o planeja- mento, organização, coordenação/direção e avaliação/ controle das atividades de- senvolvidas. Sendoassim, iremos conhecer nesta aula os princípios de como funcionam os indicadores de saúde e como eles podem ser utilizados para avaliar e certificar a qua- lidade do atendimento em saúde. Para saber mais A preocupação com a qualidade em saúde é uma prática antiga na nossa sociedade e, uma das precursoras em buscar estabelecer padrões de qualidade no atendimento em saúde foi Floren- ce Nightingale, durante a Guerra da Criméia em 1854. Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde111/209 1. Indicadores da qualidade em serviços em saúde Indicadores “são medidas utilizadas para descrever uma situação existente, avaliar mudanças ou tendências durante um perí- odo de tempo e avaliar, em termos de qua- lidade e quantidade, as ações de saúde exe- cutadas” (ROSSANEIS et al, 2014). Eles são elementos básicos para se avaliar a qua- lidade (PALADINI 2011). Lembrando que o indicador não mede de maneira direta a qualidade, na verdade ele indica onde ou quais processos precisam ser melhorados. Portanto, ele pode ser um número absoluto, uma taxa, um coeficiente, um índice ou até mesmo um fato (BITTAR, 2001). Quando pensamos em indicadores de qua- lidade nos serviços de saúde, a partir da de- finição geral do que seria um indicador, po- demos pensar em elementos que medirão a qualidade dos serviços prestados aos clien- tes e a população. Os critérios envolvidos na avaliação da saúde utilizados para mensu- rar a adequação, benefícios, desempenho, serviços, programas, produtividade, entre outros, constituem indicadores de qualida- de em saúde e eles são primordiais para a decisão de gestores de organizações hos- pitalares sobre como melhorar processos e ter como resultado um cliente mais satisfei- to (PORTELA, 2000; ROSSANEIS et al, 2014). Os indicadores possibilitam também a comparação entre os serviços de saúde. Uma prática utilizada para comparar in- Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde112/209 formações sistematicamente é a de Ben- chmarking, a qual seria também a utilização de um padrão de referência para comparar as instituições (VIEIRA et al. 2011). O Benchmarking pode ser chamado de inter- no, quando ele compara processos dentro da mesma instituição. Por exemplo, quando comparamos a qualidade no atendimen- to em duas áreas dentro de um hospital: rapidez no atendimento no ambulatório e no pronto atendimento. Ou podemos cha- má-lo de externo ou competitivo, quando compara processos semelhantes entre con- correntes. Seguindo o primeiro exemplo, é como se comparássemos o controle de es- toques de dois hospitais e analisássemos qual seria o melhor deles (BITTAR, 2001). 1.1 Características de indicado- res Um indicador adequado e que responda bem à sua função deve ter as seguintes ca- racterísticas (BITTAR, 2001; SOLLER; REGIS FILHO, 2011): Para saber mais Relembrando, o benchmarking pode ser definido como o ato de comparar sistematicamente infor- mações segundo Bittar (2001). A técnica de ben- chmarking foi, originalmente, desenvolvida pela Xerox, no setor privado e após algumas décadas o setor público passou a usar essa técnica também. Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde113/209 I. Objetividade: possuir um objetivo cla- ro, expressando de maneira simples e direta a situação a que se refere. Isso faz com o achado apontado pelo indi- cador seja fidedigno ao proposto. II. Simplicidade: ele precisa ser fácil de calcular, buscar e analisar. Quanto mais simples ele for, maiores são as chances de ele ser utilizado por todos os envolvidos. III. Validade: cumprir o propósito de iden- tificar as situações que devem ser me- lhoradas; IV. Sensibilidade: é a acurácia do indica- dor em identificar os problemas exis- tentes; V. Baixo custo: valor financeiro acessível para viabilizar a sua execução. Aque- les indicadores que são muito caros acabam não sendo utilizados no dia a dia. Além de ser necessário ter características específicas, é importante que quando for montar o indicador seja seguida uma se- quência lógica e aqui sugiro o raciocínio de Bittar (2001, p. 23): a. Nome do indicador (ou item de con- trole). b. Fórmula (maneira de expressão, de- pendendo do tipo). c. Tipo (taxa, coeficiente, índice, percen- tual, número absoluto, fato). Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde114/209 d. Fonte de informação (de onde foi reti- rada essa informação?). e. Método (retrospectivo, prospectivo, transversal). f. Amostra. g. Responsável (pela elaboração). h. Frequência (número de vezes que será medido em determinado período). i. Objetivo/meta (motivo, valor, tem- po, prazo do item que se quer medir). Além disso, é importante saber quem é o meu cliente e o que ele procura para que meu objetivo seja claro. 2. Certificação É interessante destacar que na busca pela qualidade, além de indicadores as organi- zações hospitalares buscam certificação. Segundo a ABNT (2017, n.p.) certificação é “um processo no qual uma entidade de 3ª parte avalia se determinado produto atende as normas técnicas. Esta avaliação se baseia em auditorias no processo produtivo, na co- leta e em ensaios de amostras”. Se tudo estiver de acordo com as regras pro- postas, o hospital recebe a certificação. Esse processo é diferente de laudos ou relatórios que mostram se a instituição obedece ou não à certas normas. A certificação garante que aquele determinado hospital tem con- trole rigoroso de seus processos e atende às normas propostas (ABNT, 2017, n.p.). Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde115/209 2.1. Normas do ISO As normas da Associação Brasileira de Nor- mas Técnicas (ABNT) ISO 9001 têm como objetivo definir “os requisitos para colocar um sistema de gestão da qualidade em vi- gor” (ABNT, 2015, n. p.). Portanto, contri- buem para que a instituição hospitalar seja mais eficiente e consequentemente tenha um cliente mais satisfeito com o serviço. Bonato (2011, p.327) diz que a norma ISO da ABNT “[…] é uma norma com boa am- plitude, não se restringindo a indicadores e padronizações de processos assistenciais. […] é uma das mais conhecidas e tem sido utilizada pelos diferentes segmentos em- presariais, inclusive na área da saúde”. As normas da ABNT NBR ISO 9001 (ABNT, 2015) auxiliam a ter ciência dos processos realizados na instituição e fazer um movi- mento de alinhá-los, o que resulta em au- mento da produtividade e diminuição de custos. Sempre respeitando os aspectos legais e regulamentadores. Ainda, permite ter uma postura em que coloca o cliente em primeiro lugar, o que resulta em cliente sa- tisfeito. Um cliente feliz com o negócio que realizou voltará, trará outros usuários resul- tando em mais negócios e aumentando os lucros. Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde116/209 A ISO 9001 se baseia nos sete princípios de gestão de qualidade apresentados e deta- lhados na ABNT NBR ISO 9001, os quais po- dem ser usados para organizar e conduzir de maneira mais eficiente uma empresa e são eles: foco no cliente, liderança, engajamen- to das pessoas, abordagem do processo, melhoria, decisão baseada em evidências e gestão de relacionamento (ABNT, 2015, n.p.). Para saber mais O Hospital Belvedere em Belo Horizonte é um dos hospitais no Brasil que foi certificado pela norma ISO 9001. A ABNT (2017, n.p.) ressalta que ter a certi- ficação traz vantagens pois: • “Promove o comprometimento com a qualidade. • É um método gerencial que lhe permi- te medir a melhoria continua do de- senvolvimento do negócio. • Assegurar eficiência e eficácia do pro- duto, serviço ou sistema. • Introduzir novos produtos e marcas Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde117/209 no mercado. • Reduzir perdas no processo produtivo e melhorar a sua gestão. • Diminuir controlese avaliações por parte dos clientes. • Fazer frente à concorrência desleal. • Melhorar a imagem da organização e de seus produtos ou atividades junto aos seus clientes. • Assegurar que o produto, serviço ou sistema atende às normas. • Tornar a organização altamente com- petitiva com produtos em conformi- dade às normas técnicas”. Ter a certificação da ISO 9001 é benéfico para a empresa, pois mostra aos seus clientes que o hospital tem foco na qualidade, é aberto para mudanças e tem visão de futuro. 3. O sistema brasileiro de certifi- cação. O sistema brasileiro de certificação - SBC foi instituído em 1992 pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial através da Resolução O8/1992. O objetivo era estabelecer no Brasil uma estrutura de certificação de conformidade adequada às necessidades do país (INME- TRO, 2017, n.p.). É “um sistema reconhecido pelo Estado Brasileiro e possui suas próprias regras e procedimentos de gestão” (INME- TRO, 2017, n.p.). Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde118/209 Lembrando que certificação de conformidade seria um documento que atesta a qualidade de um sistema, processo, produto ou serviço, emitido por um organismo de certificação (INMETRO 2017, n.p.). O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO é o responsável pelo reconhecimento internacional do SBC. Quando uma empresa busca seu certificado conforme uma norma da ISO, dentro do SBC ela precisa estar em conformidade com os certificados do IN- METRO e assim recebe o selo com a logomarca do INMETRO (INMETRO 2017, n.p.). Segundo a SBC, ter esse selo é relevante, pois leva a busca constante por qualidade, orienta qua- lidade nos processos e serviços oferecidos o que melhora a produtividade e competitividade. Para o cliente, o hospital que tem esse selo significa que é um hospital que tem padrões mínimos de qualidade (INMETRO 2017, n.p.). Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde119/209 Glossário Indicadores: que ou aquilo que indica; livro de indicações. Norma: regra que fixa o tipo de um objeto fabricado, as condições técnicas de produção. Certificação: declarar certo; averiguar, adquirir a convicção de. Questão reflexão ? para 120/209 Link SILVEIRA T. V. L., et al. Opinião dos enfermeiros sobre a utiliza- ção dos indicadores de qualidade na assistência de enferma- gem. Rev Gaúcha Enferm, v. 36, n. 2, p. 82-8, jun. 2015. Dispo- nível em: <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/Revis- taGauchadeEnfermagem/article/view/47702/34192>. Acesso em: 21 maio 2017. Com base no conteúdo que você viu na aula e de acordo com seus conhecimentos e com os conteúdos aprendidos nas aulas anterio- res, você tem ideia de como seria um indicador de saúde na prática cotidiana de um hospital, por exemplo? O artigo abaixo pode aju- dá-lo a refletir sobre esse tema, pois aborda a opinião dos enfer- meiros sobre a utilização de indicadores. http://www.seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/47702/34192 http://www.seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/47702/34192 Questão reflexão ? para 121/209 Questão reflexão ? para 122/209 Link Você pode acessar também o manual da Organização Pan- -Americana da Saúde, o qual discorre sobre indicadores bá- sicos para a saúde no Brasil. Dessa maneira é possível pensar no contexto do seu hospital, mas sempre lembrando que ele faz parte de um contexto maior e como articular suas neces- sidades específicas com a realidade do nosso país. Disponí- vel em: <http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroi- db/2ed/indicadores.pdf>. Acesso em: 21 maio 2017. http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/indicadores.pdf 123/209 Considerações Finais • Os Indicadores da qualidade em saúde são uma importante ferramenta para se comparar e aprimorar a qualidade nos serviços de saúde em geral. • As normas da ABNT NBR ISO 9000 foram desenvolvidas formam um sistema de gestão de qualidade focado no cliente e que melhora os resultados da empresa. • Os princípios das normas ABNT NBR ISO 9000 direcionados a atender em- presas podem ser utilizados em qualquer unidade empresarial, incluindo instituições hospitalares. • Sistema Brasileiro de Certificação (SBC) é responsável pela emissão do do- cumento de certificação de qualidade e o INMETRO é encarregado do seu reconhecimento internacional. Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde124/209 Referências ABNT. Sítio da Associação Brasileira de Normas Técnicas. S.d. Disponível em: <http://www. abnt.org.br/certificacao/o-que-e>. Acesso em: 19 maio 2017. BITTAR, O. J. N. V. Indicadores de qualidade e quantidade em saúde. Revista de Administração em Saúde, [S.l.] [S.n.] v. 3, n. 12, p. 21-28, 2001. QSQ. Centro De Qualidade, Segurança e Produtividade. S.d. Disponível em: <http://www.qsp. org.br/biblioteca/certsist_esclar.shtml>. Acesso em: 10 maio 2017. DICIONÁRIO AURÉLIO. Dicionário de português online. Disponível em: <https://dicionariodoau- relio.com/>. Acesso em: 14 maio 2017. INMETRO. Avaliação da Conformidade. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/qualidade/ comites/sbc.asp>. Acesso em: 10 maio 2017. MACIEL FILHO, A. R.; DE AQUINO, M. C.; SALES, N. K. Benchmarking e a indústria do conheci- mento: um estudo de caso. Perspectivas em Ciência da Informação, [S.l.] [S.n.] v. 21, n. 2, p. 215- 236, 2016. PALADINI, E. P. Avaliação estratégica da qualidade / Edson Pacheco Paladini. – 2ª Edição – São Paulo: Atlas, 2011. http://www.abnt.org.br/certificacao/o-que-e http://www.abnt.org.br/certificacao/o-que-e http://www.qsp.org.br/biblioteca/certsist_esclar.shtml http://www.qsp.org.br/biblioteca/certsist_esclar.shtml https://dicionariodoaurelio.com https://dicionariodoaurelio.com http://www.inmetro.gov.br/qualidade/comites/sbc.asp http://www.inmetro.gov.br/qualidade/comites/sbc.asp Unidade 5 • Indicadores e Certificações da Qualidade em Serviços em Saúde125/209 PORTELA, M. C. Fundamentos da Vigilância Sanitária. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000. PINTO, S. H. B.; CARVALHO, M.M.; HO, L.L. Implementação de programas de qualidade: um sur- vey em empresas de grande porte no Brasil. Gestão & Produção, [S.l.] [S.n.] v. 13, n. 2, p. 191-203, 2006. ROSSANEIS, MA. et al. Indicadores de qualidade utilizados nos serviços de enfermagem de hospitais de ensino. Rev. Eletr. Enf. [Internet], v.16, n. 4, p. 769-776, 2014. Disponível em: <http:// dx.doi.org/10.5216/ree.v16i4.22956>. Acesso em: 15 maio 2017. SILVEIRA T. V. L. et al. Opinião dos enfermeiros sobre a utilização dos indicadores de qualidade na assistência de enfermagem. Rev Gaúcha Enferm. [S.l.] v. 36, n. 2: p.82-8, 2015. SOLLER, S. A. D. L.; REGIS FILHO, G. I. Uso de indicadores da qualidade para avaliação de pres- tadores de serviços públicos de odontologia: um estudo de caso. Revista de Administração Pú- blica, [S.l.] v. 45, n. 3, p. 591-610, 2011. VIERA, D. K.; DETONI, D. J.; BRAUM, L. M. S. Indicadores de Qualidade em uma Unidade Hospita- lar. In: III SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, [S.l.] [S.n.] 2016. VIEIRA, K. F. et al. A utilidade dos indicadores da qualidade no gerenciamento de laboratórios clínicos. J. Bras. Patol. Med. Lab., [S.l.] [S.n.] v. 47, n. 3, p.201-210, 2011. http://dx.doi.org/10.5216/ree.v16i4.22956 http://dx.doi.org/10.5216/ree.v16i4.22956 126/209 1.Sobre indicadores, leia e analise as afirmações abaixo: I. São elementos básicos para se avaliar a qualidade. II. Indicadores de qualidade nos serviços de saúde são elementos que irão medir a qualidade dos serviços prestados aos clientes e a população. III. São primordiais para a decisão de gestores de organizações hospitalares sobre como ver como agradar o governo federal. IV. A apresentação de um indicador geralmente é através de uma fotografia. EstãoCORRETAS somente as afirmações: a) I, II, III e IV. b) I e IV. c) I e II. d) II e III. e) I, II e III. Questão 1 127/209 2. Considerando as características de indicadores de saúde, identifique se as afirmativas abaixo são (V) verdadeiras ou (F) falsas: Questão 2 ( ) Objetividade: ele precisa ser fácil de calcular, buscar e analisar. Quanto mais simples ele for, maiores são as chances de ele ser utilizado por todos os envolvidos. ( ) Validade: cumprir o propósito de identificar as situações que devem ser melhoradas. ( ) Sensibilidade: é a acurácia do indicador em identificar os problemas existentes. ( ) Alto custo: Deve ser caro pois apenas os indicadores que são caros são verdadeiramente efe- tivos. Em seguida, assinale a alternativa que corresponde a sequência correta: a) F – V – V – F. b) V – V – F – F. c) F – V – F – V. d) F – F – F – V. e) V – V – V – F. 128/209 3. “Processo no qual uma entidade de 3ª parte avalia se determinado pro- duto atende as normas técnicas. Esta avaliação se baseia em auditorias no processo produtivo, na coleta e em ensaios de amostras” (ABNT, 2017, n.p.). Essa definição refere-se ao que? Assinale a alternativa correta: Questão 3 a) Acreditação. b) Certificação. c) Auditoria. d) Garantia. e) Coleta de dados. 129/209 4. Assinale a alternativa que apresenta uma das vantagens de ter o selo da ABNT NBR ISO 9001: Questão 4 a) Fica esteticamente bonito ter o selo. b) Torna a concorrência mais leal. c) Diminuir a competitividade da empresa trazendo mais tranquilidade para o gestor. d) Aumentar controles e avaliações por parte dos trabalhadores. e) Assegurar eficiência e eficácia do produto, serviço ou sistema. 130/209 5. Leia e analise o trecho abaixo: Questão 5 O Sistema Brasileiro de Certificação - SBC foi instituído em __________ pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. O objetivo era estabelecer no Brasil uma estrutura de certificação de conformidade adequada às necessidades do ___________. Em seguida, assinale a alternativa cujas palavras completam as lacunas: a) 1850; regime militar. b) 1808; republicano. c) 1988; cidadão. d) 1992; país. e) 2002; gestor. 131/209 Gabarito 1. Resposta: C. Indicadores são elementos básicos para se avaliar a qualidade. Lembrando que o indi- cador não mede de maneira direta a quali- dade, na verdade ele indica onde ou quais processos precisam ser melhorados. Por- tanto, ele pode ser um número absoluto, uma taxa, um coeficiente, um índice ou até mesmo um fato. Quando pensamos em in- dicadores de qualidade nos serviços de saú- de, a partir da definição geral do que seria um indicador, podemos pensar em elemen- tos que irão medir a qualidade dos serviços prestados aos clientes e a população. Os critérios envolvidos na avaliação da saúde utilizados para mensurar a adequação, be- nefícios, desempenho, serviços, programas, produtividade, entre outros, constituem in- dicadores de qualidade em saúde e eles são primordiais para a decisão de gestores de organizações hospitalares sobre como me- lhorar processos e ter como resultado um cliente mais satisfeito. 2. Resposta: A. São características de indicadores de saúde. Objetividade: possuir um objetivo claro, ex- pressando de maneira simples e direta a si- tuação a que se refere. Isso faz com o acha- do apontado pelo indicador seja fidedigno ao proposto. Simplicidade: ele precisa ser fácil de calcular, buscar e analisar. Quanto mais simples ele for, maiores são as chances de ele ser utilizado por todos os envolvidos. Validade: cumprir o propósito de identificar 132/209 Gabarito as situações que devem ser melhoradas. Sensibilidade: é a acurácia do indicador em identificar os problemas existentes. Baixo custo: valor financeiro acessível para viabili- zar a sua execução. Aqueles indicadores que são muito caros acabam não sendo utiliza- dos no dia a dia. 3. Resposta: B. Segundo a ABNT (2017, n.p.) certificação é “um processo no qual uma entidade de 3ª parte avalia se determinado produto atende as normas técnicas. Esta avaliação se baseia em auditorias no processo produtivo, na co- leta e em ensaios de amostras”. 4. Resposta: E. Assegurar eficiência e eficácia do produto, serviço ou sistema; Diminuir controles e ava- liações por parte dos clientes; Fazer frente à concorrência desleal; Melhorar a imagem da organização e de seus produtos ou ati- vidades junto aos seus clientes; Assegurar que o produto, serviço ou sistema atende às normas; Tornar a organização altamente competitiva com produtos em conformida- de às normas técnicas. 5. Resposta: D. O sistema brasileiro de certificação - SBC foi instituído em 1992 pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade 133/209 Gabarito Industrial através da Resolução O8/1992. O objetivo era estabelecer no Brasil uma estrutura de certificação de conformidade adequada às necessidades do país. 134/209 Unidade 6 Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar Objetivos 1. Apresentar os conceitos de acredita- ção. 2. Conhecer as características básicas da acreditação hospitalar. 3. Apresentar os principais órgãos de acreditação nacionais. Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar135/209 Introdução A busca pelo aprimoramento da qualidade nos serviços de saúde tornou-se cada vez maior com o passar dos anos. Se pensar- mos no atendimento nas primeiras institui- ções de saúde, comparando-as aos serviços prestados atualmente, será possível perce- ber as nítidas mudanças que aconteceram no decorrer do tempo. Como você viu nas aulas passadas, existem inúmeras ferra- mentas que podem ser usadas para garan- tir e melhorar a qualidade. Uma ferramen- ta moderna de avaliação de qualidade é a Acreditação. Palavra originada do idioma inglês, accreditation. Segundo Viera e colaboradores. (2011, p. 36) “A acreditação hospitalar configura-se como uma metodologia desenvolvida para apreciar a qualidade da assistência ofere- cida em todos os serviços de um hospital”. É um procedimento de avaliação da quali- dade em saúde por meio de padrões deter- minados, de maneira voluntária, periódica e reservada. Estudos sobre a origem histórica do processo de acreditação mostraram que as primeiras iniciativas de busca de um pro- cesso de avaliação de qualidade em saúde buscavam avaliar e organizar a prática mé- dica e mostravam a necessidade de mudan- ças essenciais e de novos padrões para o atendimento em saúde (FELDMAN; GATTO; CUNHA, 2005). Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar136/209 1. História da acreditação No início do século passado o Colégio ame- ricano de cirurgiões decidiu fazer uma lista de padrões mínimos de qualidade para as salas de cirurgia. Os dados que surgiram fo- ram tão preocupantes que eles decidiram queimar os resultados dessa avaliação. Esse acontecimento contribuiu para uma reor- ganização e regulamentação dos hospitais Para saber mais Você sabia que no início do século XX as campa- nhas de saúde eram realizadas de uma maneira muito diferente de como as conhecemos hoje? Ao contrário das campanhas atuais de caráter livre e informativo, elas tinham uma intenção maior em delimitar as doenças e uma visão até mesmo mili- tarista da saúde. A Revolta da vacina em 1904, na qual as pessoas eram obrigadas a se vacinarem, é um exemplo claro do caráter militarista das cam- panhas de saúde. Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar137/209 e escolas médicas nos Estados Unidos, ini- ciando assim um dos primeiros passos para uma tentativa de busca em padrões de qua- lidade em saúde, incluindo no ambiente hospitalar (FORTES; BAPTISTA, 2012). Desde então, a avaliação da qualidade é um tema de fundamental importância dentro do sistema moderno de produção, incluin- do os sistemas de saúde. Com a preocupa- ção constante em métodos para avaliaçãoem saúde, destaca-se a acreditação como uma ferramenta moderna para avaliação da qualidade dos serviços (OLIVEIRA; MATSU- DA, 2016). Em 1950 surgia nos Estados Unidos o Joint Commission on Accreditation of Hospitals (JCHA), inicialmente como um órgão de acreditação voluntária em hospitais. Poste- riormente em 1953 foi criado o Joint Com- mission International(JCI) como um órgão de ambito internacional para acreditação em qualidade em saúde. (FORTES; BAPTIS- TA 2012). O JCI atualmente é o maior órgão de acreditação dos cuidados de saúde nos Estados Unidos e está associado há diversas organizações de saúde no mundo todo ofe- recendo processos objetivos com base em padrões para a avaliação dos cuidados em saúde (JCI, s.d.). No Brasil, até meados da década de 1980, o conceito de atendimento à saúde era basi- camente voltado para o atendimento médi- co e hospitalar e o conceito de atendimento multidisciplinar em saúde era bastante ar- caico. Esse quadro começou a mudar a partir da criação do Sistema Único de Saúde- SUS Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar138/209 e das novas diretrizes que aí seriam aplica- das, com o foco no cliente, descentralização do atendimento, aumento da produtividade e redução de custos com uma otimização da qualidade. Com essa nova visão do atendi- mento em saúde e da importância da qua- lidade, surge então em 1998, do Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar (COS- TA; 2011). Também no final da década de 1980, a Or- ganização Mundial da Saúde (OMS) e a Or- ganização Pan-americana da Saúde (OPAS) desenvolveram dois projetos com o objeti- vo de estabelecer padrões para os serviços hospitalares na AméricaLatina e a promo- ção de programas para incentivo da acre- ditação em hospitais. Esse Segundo projeto levou a década de 1990 praticamente intei- ra para ser desenvolvido (ANISA, s.d.). Definida como um sistema de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde (ONA s.d.). Um método de avaliação periódico e voluntário que busca a garantia da qualidade da assistência através de cri- térios pré-estabelecidos e da melhoria con- tínua por meio da educação dos profissio- nais de saúde (CALDANA; GABRIEL, 2017). Portanto, podemos entender a acreditação em dois âmbitos diferentes, interligados, relacionados ao: I. Processo de educação e conscienti- zação da equipe de saúde levando a busca pela melhoria da qualidade e comprometimento de profissionais conscientizados. II. Processo de avaliação e certificação da qualidade por meio de padrões Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar139/209 previamente definidos (MANZO, BRI- TO, CORRÊA; 2012). 2. Características da acreditação Para saber mais Atualmente no Brasil somente cerca de 4,5% dos hospitais são acreditados. Uma característica fundamental deste pro- cesso é seu caráter voluntário. Por organi- zação voluntária entende-se que a institui- ção de saúde tem a liberdade de escolher a busca pelo certificado de acreditação, ou seja, para ser acreditada a instituição pre- cisa passar por uma avaliação e cabe a ela decidir se deseja participar desse processo, o qual pode ser desenvolvido pela própria instituição, desde que passe por uma ava- liação preliminar realizada pela agência que irá fazer a certificação (ANVISA, s.d.) A acreditação também possui a caracterís- tica de ser periódica, ou seja, a avaliação da instituição de saúde é realizada antes para estabelecer o seu certificado e durante todo o período de validade dele (ONA, s.d.). Além de fornecer esse certificado, a acredita- ção também se compromete com o processo de educação continuada da equipe de saú- de, de maneira que os profissionais quando capacitados e informados da importância do processo para qualidade, tornam-se mais comprometidos com a sua implementação (MANZO; BRITO; CORRÊA, 2012). Outra característica definidora do processo Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar140/209 de acreditação é o fato dele ser reservado. Nesse contexto reservado tem o sentido de representar o sigilo durante a avaliação de uma instituição de saúde, sendo que “as in- formações coletadas em cada instituição no processo de avaliação não são divulga- das”(ONA, s.d., n.p.). O processo de acreditação pode ser realiza- do em qualquer setor do hospital, desde a ala cirúrgica até a central de materiais, por exemplo. Para ser acreditado o hospital pre- cisa primeiramente passar por um processo avaliativo e conforme normas e padrões es- tabelecidos por instituições certificadas e ao final do processo de avaliação o hospital irá receber um selo que certifica os padrões de qualidade que ele conseguiu (LUONGO, 2001). 3. ONA No Brasil, esse processo é coordenado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Porém, são as Instituições Acredita- doras Credenciadas as responsáveis por re- alizar as avaliações hospitalares (ONA, s.d.). Criada em 1999, é uma entidade não gover- namental e sem fins lucrativos que busca classificar as unidades hospitalares em ní- veis de acordo com os padrões do Manual Brasileiro de Acreditação (FELDMAN; GAT- TO; CUNHA, 2005). Esse manual teve sua primeira edição edi- tada em 1998 pelo Ministério da Saúde, após os primeiros passos do processo de Acreditação no Brasil e de iniciativas de Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar141/209 consolidação da qualidade. Ele foi criado basicamente com o intuito de consolidar a implantação das medidas de qualidade em assistência nas instituições hospitalares (DE LIMA; ERDMANN, 2006). Desde que foi criada a ONA coordena o Siste- ma Brasileiro de Acreditação – SBA que “que reúne organizações e serviços de saúde, en- tidades e instituições acreditadoras em prol da segurança do paciente e da melhoria do atendimento” (ONA, s.d., n.p.). A SBA e a ONA coordenam as Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACs), as Organizações Pres- tadoras de Serviços de Saúde e a sociedade em geral. É importante lembrar que a ONA é quem regulamenta a acreditação no país e as IACS são as organizações responsáveis por realizar a visita e avaliação aos hospitais que se candidatam e indica a acreditação da qualidade (ONA, s.d.). Para saber mais O Hospital Santa Paula, foi o primeiro hospital no estado de São Paulo a ser acreditado pela ONA (em setembro de 2001) e é um exemplo de aprimora- mento ao longo dos anos. Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar142/209 O processo de avaliação para acreditação consiste na garantia da qualidade seguin- do padrões pré-existentes estabelecidos de acordo com o grau de complexidade para avaliação da infraestrutura, dos processos e dos resultados. No caso de um hospital ele pode ser cer- tificado em três níveis de complexidade (MENDES; MIRANDOLA, 2015). O processo de acreditação da ONA define os três níveis em: a) Nível 1 (Acreditação): demonstra que a instituição atende aos requisitos es- senciais de qualidade. b) Nível 2 (Acreditação Plena): refere-se que a organização além de atender aos requisitos principais de qualida- de e já ter atingindo o nível 1, também passa a adoção de um plano de me- lhorias nos pontos avaliados. c) Nível 3 (Acreditação com Excelência): comprova que a instituição atingiu a excelência máxima em gestão da qua- lidade e que, após já ter atingido os níveis anteriores, demonstra também uma busca por melhoria contínua. Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar143/209 Figura 1 – Símbolos da acreditação da ONA Fonte: ONA, s.d., n.p. Disponível em: <https://www.ona.org.br/Pagina/33/Acreditacao>. Acesso em: 20 maio 2017. https://www.ona.org.br/Pagina/33/Acreditacao Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar144/209 Glossário Periódico: que sucede ou aparece com intervalos regulares. Voluntário: que é feito espontaneamente,por vontade própria, sem obrigação ou controle; es- pontâneo. Reservado: em que há reserva; reservativo; muito discreto; não exposto; de caráter confiden- cial. Questão reflexão ? para 145/209 De que maneira a acreditação mudou o rumo da qualidade das organizações hospitalares no Brasil? Como a acreditação muda a orientação da assistência à saúde? Os textos a seguir podem te ajudar nesta reflexão: Fortes, M.T.R. Acreditação no Brasil: seus sentidos e significados na organização do sistema de saúde. Tese (Doutorado). Escola Nacio- nal de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2013. 190 f. Link PAIM, J.; TRAVASSOS, C.; ALMEIDA, C; BAHIA, L.; MACINKO, J. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios”. The Lancet, Séries saúde no Brasil 1, Online, 2011. Disponível em: <http://actbr.org.br/uploads/ conteudo/925_brazil1.pdf>. Acesso: 20 maio. 2017. http://actbr.org.br/uploads/conteudo/925_brazil1.pdf http://actbr.org.br/uploads/conteudo/925_brazil1.pdf 146/209 Considerações Finais • Na aula de hoje apresentamos um pouco de como nasceu a Acreditação no decorrer das mudanças que o processo de saúde enfrentou no decorrer da história. • O berço do conceito da Acreditação que surgiu na busca pela qualidade no atendimento em saúde. • A história de como surgiram as entidades acreditadoras no mundo (JCI) e no Brasil (ONA). • O surgimento da ONA (Organização Nacional de Acreditação) no Brasil e os níveis do seu processo para certificação. Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar147/209 Referências ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Entrevista. Sistema Brasileiro de Acredita- ção. S.d. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/acreditacao/entrevista.htm>. Acesso em: 21 maio 2017. CALDANA, G.; GABRIEL, C. S. Evaluation of the hospital accreditation program: face and con- tent validation. [S.l.] Rev Bras Enferm.v. 70, n. 1, p. 41-7, 2017. COSTA, C. F. S. et al. Significados das hierarquias no trabalho em hospitais públicos brasileiros a partir de estudos empíricos. [S.l.] Acta Paul Enferm, v. 24, n. 1, p. 87-93, 2011. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Acreditação: a busca pela qualidade nos ser- viços de saúde. [S.l.] Rev Saúde Pública, v. 38, n. 2, p. 335-6, 2004. DE LIMA, S. B. S.; ERDMANN, A. L. A enfermagem no processo da acreditação hospitalar em um serviço de urgência e emergência. [S.l.] Acta Paul Enferm, v. 19, n. 3, p. 271-8, 2006. FELDMAN, L. B., GATTO, M. A. F., CUNHA, I. C. K. O. História da evolução da qualidade hospitalar: dos padrões a acreditação. [S.l.] Acta Paul Enferm, v. 18, n. 2, p. 213-9, 2005. FORTES, M. T. R.; BAPTISTA, T. W. F. Acreditação: ferramenta ou política para a organização dos sistemas de saúde? [S.l.] Acta paul. enferm., v. 25, n. 4, p. 626-631, 2012. http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/acreditacao/entrevista.htm Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar148/209 FORTES, M. T. R. Acreditação no Brasil: seus sentidos e significados na organização do sistema de saúde. 190 f. Tese (Doutorado). Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janei- ro, 2013. JCI. Joint CommissionInternational. S.d. Disponível em: <http://www.jointcommissioninternatio- nal.org/>. Acesso em: 20 maio 2017. LUONGO, J. Gestão de qualidade em saúde. 1.ed. São Paulo: Editora Rideel, 2011. MANZO, B. F.; BRITO, M. J. M.; DOS REIS CORRÊA, A. Implicações do processo de Acreditação Hospitalar no cotidiano de profissionais de saúde. [S.l.] Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 46, n. 2, p. 388-394, 2012. MENDES, G. H. de S.; MIRANDOLA T. B. de S.; Acreditação hospitalar como estratégia de melho- ria: impactos em seis hospitais acreditados. Gest. Prod., v. 22, n.3, São Carlos: 2015. OLIVEIRA, J. L. C.; MATSUDA, L. M. Vantagens e dificuldades da acreditação hospitalar: A voz dos gestores da qualidade. [S.l.] Esc. Anna Nery, v. 20, n. 1, p.63-69, 2016. ONA. Organização Nacional de Acreditação. S.d. Disponível em <https://www.ona.org.br/Pagi- na/27/O-que-e-Acreditacao>. Acesso em: 17 maio 2017. http://www.jointcommissioninternational.org http://www.jointcommissioninternational.org https://www.ona.org.br/Pagina/27/O-que-e-Acreditacao https://www.ona.org.br/Pagina/27/O-que-e-Acreditacao Unidade 6 • Conceitos e descrição do sistema de Acreditação Hospitalar149/209 PAIM, J.; TRAVASSOS, C.; ALMEIDA, C; BAHIA, L.; MACINKO, J. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios”. The Lancet, Séries saúde no Brasil 1, Online, 2011. Disponível em: <http://actbr.org.br/uploads/conteudo/925_brazil1.pdf>. Acesso em: 20 maio 2017. http://actbr.org.br/uploads/conteudo/925_brazil1.pdf 150/209 1. Acreditação origina-se da palavra accreditation, da língua: Questão 1 a) Francesa. b) Dinamarquesa. c) Inglesa. d) Árabe. e) Turca. 151/209 2. Sobre a história da acreditação, considere as afirmações abaixo: Questão 2 I. Colégio Americano de Cirurgiões fez uma pesquisa sobre os padrões de qualidade e os dados foram tão assustadores que eles queimaram os resultados. II. Em 1901 surgia na França o Joint Commission on Accreditation of Hospitals (JCHA), inicialmente como um órgão de acreditação obrigatória em hospitais. III. No final da década de 1980, a Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-americana da Saúde desenvolveram dois projetos com o objetivo de estabelecer padrões para os serviços hospitalares na AméricaLatina e a promoção de programas para incentive de acreditação em hospitais. IV. Com a nova visão do atendimento em saúde depois da instituição do SUS e da importância da qualidade, surge então em 1998, do Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar. 152/209 Questão 2 Estão CORRETAS somente as afirmações: a) I, II e IV. b) II e III. c) III e IV. d) I e IV. e) II, III e IV. 153/209 3. Leia e analise o trecho abaixo: Questão 3 A acreditação é definida como um sistema de __________ e certificação da qualidade de serviços de saúde. É ___________ e voluntário, busca a garantia da qualidade da assistência através de critérios ____________ e da melhoria contínua por meio da educação dos profissionais de saúde. Em seguida, assinale a alternativa cujas palavras completam as lacunas acima corretamente: a) controle; intenso; verdadeiros. b) reavaliação; único; rígido. c) teste; constante; flexíveis. d) qualidade; pago; secretos. e) avaliação; periódico; pré-estabelecidos. 154/209 4. Qual órgão é coordenado pela Organização Nacional de Acreditação desde que esta foi criada? Questão 4 a) Colégio Internacional de Cirurgiões. b) Sistema Brasileiro de Acreditação. c) Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar. d) Joint Commission on Accreditation of Hospitals. e) Sistema Internacional de Certificação. 155/209 5. O processo de acreditação da ONA define quantos níveis de acredita- ção? Questão 5 a) 5. b) 7. c) 33. d) 3. e) 1. 156/209 Gabarito 1. Resposta: C. Acreditação é uma palavra originada do idioma inglês, accreditation. 2. Resposta: A. No início do século passado o Colégio Ame- ricano de Cirurgiões decidiu fazer uma lis- ta de padrões mínimos de qualidade para as salas de cirurgia. Os dados que surgiram foram tão preocupantes que eles decidiram queimar os resultados dessa avaliação. Em 1950 surgia nos Estados Unidos o Joint Com- mission on Accreditation of Hospitals (JCHA), inicialmente como um órgão de acreditação voluntária em hospitais. Com uma nova vi- são do atendimento em saúde e da impor- tância da qualidade, surge então em 1998, do Programa Brasileiro de Acreditação Hos- pitalar. Também no final da década de 1980, a Organização Mundial da Saúde e a Orga- nização Pan-americana da Saúde desen- volveram dois projetos com o objetivo de estabelecer padrões para os serviços hospi- talares na AméricaLatina e a promoção de programas para incentive de acreditação em hospitais. 3. Resposta: E. A acreditação é definidacomo um sistema de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde. É periódico e voluntário, busca a garantia da qualidade da assistên- cia através de critérios pré-estabelecidos e da melhoria contínua por meio da educação dos profissionais de saúde. 157/209 Gabarito 4. Resposta: B. Desde que foi criada a ONA coordena o Sis- tema Brasileiro de Acreditação – SBA que “que reúne organizações e serviços de saú- de, entidades e instituições acreditadoras em prol da segurança do paciente e da me- lhoria do atendimento”. 5. Resposta: D. O processo de acreditação da ONA define os três níveis de acreditação. 158/209 Unidade 7 Processo e implantação do sistema de acreditação Objetivos 1. Compreender o processo da acredita- ção hospitalar; 2. Detalhar os passos da implantação da acreditação hospitalar. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação159/209 Introdução O Programa Brasileiro de Acreditação Hos- pitalar (PBAH) vem sendo desenvolvido pelo Ministério da Saúde e está dentro do Progra- ma de Garantia e Aprimoramento da Quali- dade em Saúde criado pela Portaria GM/MS nº 1.107, de 14 de junho de 1995. Ainda, segundo a Portaria GM/MS nº 538, de 17 de abril de 2001. Ele reconhece a Organização Nacional de Acreditação (ONA) como insti- tuição autorizada a operacionalizar o de- senvolvimento do Processo de Acreditação Hospitalar. Nesse sentido tem a PORTARIA Nº 1970, de 25 de outubro de 2001 aprova a terceira edição Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar que é uma ferra- menta para avaliação da qualidade dos ser- viços hospitalares (BRASIL, 2001; MANZO; BRITO; CORRÊA, 2012). O manual tem uma proposta adequada à realidade do Brasil, tanto para hospitais públicos quanto privados e, permite uma evolução dos hospitais de maneira que pas- sa pelas estruturas e chega aos processos (CHAVES; ROCHA, 2009). A 3a edição do Manual Brasileiro de Acre- ditação Hospitalar foca no binômio avalia- ção – educação. A parte de avaliação serve como ferramenta para orientar os avaliado- res e também para a auto-avaliação das ins- tituições que estejam na fase de preparação para acreditação. Na parte de educação são apresentados instrumentos para despertar questionamentos e mudanças na assistên- cia através de novas práticas e postura, pois apresenta a descrição para um nível míni- mo aceitável para acontecer o processo de Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação160/209 acreditação (BRASIL, 2002; MANZO; BRITO; CORRÊA, 2012). “As seções representam os serviços, seto- res ou unidades com características seme- lhantes para que a instituição seja avalia- da segundo uma consistência sistêmica; as subseções tratam do escopo de cada ser- viço, setor ou unidade, segundo três níveis, do mais simples ao mais complexo, sempre com um processo de incorporação dos re- quisitos anteriores de menor complexida- de” (MANZO; BRITO; CORRÊA, 2012, p. 390). A lógica das subseções é a de que todas pos- suem o mesmo grau de importância dentro do processo de avaliação. Por esse motivo, os itens têm o mesmo valor de importância na pontuação. As subseções são compostas por itens que avaliam a estrutura, processos e resultados dentro da unidade avaliada. Es- ses itens formam uma lista que ajudam da Para saber mais A 1a edição do Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar foi lançada em 1998, a 2a edição em 1999 e a 3a edição em 2002. ‘Assim, os princípios gerais e diretrizes do processo de acreditação são discutidos na parte I. Esse conteúdo serve tanto para o hospital candidato quanto para a equipe de avaliadores (BRASIL, 2002). Na parte II é apresentado o instrumento de Avaliação que tem como objetivo sistematizar o método de avaliação dos hospitais, assim são definidos níveis, padrões, seções e subseções. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação161/209 orientação sobre o que será avaliado dentro da instituição e nesse sentido apresenta pa- drões que ajudam o hospital na preparação para a acreditação (BRASIL, 2002; MANZO; BRITO; CORRÊA, 2012). As seções são fundamentadas em sete pila- res (BRASIL, 2002): • Liderança e administração: seção que tem em suas subseções questões li- gadas ao sistema de governo da insti- tuição como liderança, planejamento, relação com o cliente. • Serviços profissionais e organização de assistência: seção com foco em to- dos os serviços de assistência prestada de maneira direta ao cliente. Exemplo: apoio de diagnóstico, administrativo, ensino e pesquisa entre outros. • Serviços de atenção ao paciente/ cliente: Seção que agrupa as unida- des e serviços que são tipicamente assistenciais “todos aqueles em que Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação162/209 existe o contato direto com o usuário, um processo ou serviço médico as- sistencial desenvolvido, uma equipe médica e multiprofissional envolvida, um conjunto de insumos tecnológicos específicos e um(ns) espaço(s) insti- tucional(is) especificamente reserva- do(s)” (BRASIL, 2002, p. 26). • Serviços de apoio ao diagnóstico: essa seção trata de serviços de apoio ao diagnóstico. • Serviços de apoio técnico e abaste- cimento: seção que agrupa serviços que necessita de ações técnicas espe- cializadas que geralmente tem como característica o envolvimento de pro- cessos de abastecimento, forneci- mento entre outros. • Serviços de apoio administrativo e in- fraestrutura: seção relacionada aos serviços de apoio aos processos e téc- nicoprofissional como segurança, fi- nanceiro entre outros. • Ensino e pesquisa: seção que tem como objetivo integrar os componen- tes relacionados às ações educativas e de formação de recursos humanos. De acordo com o Manual Brasileiro de Acre- ditação, o processo de acreditação é dividi- do em 3 níveis. Cada nível apresenta princí- pios norteadores. Com requisitos essenciais para qualidade na assistência ao cliente. Cada item norteador tem um padrão que tem uma definição e uma lista que auxilia na avaliação para saber se há cumprimento da exigência estabelecida. Só é possível alcan- Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação163/209 çar o próximo nível quando tiver alcançado plenamente o anterior (BRASIL, 2002; LIMA; ERDMANN, 2006). Os níveis são: a) Nível 1: Tem como princípio a segu- rança e envolve (BRASIL, 2002, p. 26): • Habilitação do corpo funcional. • Atendimento aos requisitos funda- mentais de segurança para o clien- te nas ações assistenciais e procedi- mentos médico-sanitários. • Estrutura básica (recursos) capaz de garantir assistência para a execução coerente de suas tarefas. b) Nível 2: tem como princípio a seguran- ça e organização. Envolve ações na ges- tão da assistência quando à documenta- ção, treinamento, estatística e práticas de auditoria interna (BRASIL,2002, p. 27): Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação164/209 • Existência de normas, rotinas e pro- cedimentos documentados, atuali- zados e disponíveis e, aplicados. • Evidências da introdução e utilização de uma lógica de melhoria de pro- cessos nas ações assistenciais e nos procedimentos médicos-sanitários. • Evidências de atuação focalizada no cliente/paciente. c) Nível 3: tem como princípio a seguran- ça, organização e práticas de gestão. As exigências aqui requeridas são relacio- nadas à política da instituição quanto à melhoria de estrutura, da assistência e de atualização dos colaboradores. Além disso, deve apresentar rotinas padro- nizadas com foco na excelência (BRA- SIL,2002, p. 27): • Evidências de vários ciclos de melhoria em todas as áreas, atingindo a organi- zação de modo global e sistêmico. • Utilização de sistema de informação institucional consistente, baseado em taxas e indicadores, que permitam análises comparativas com referen- ciais adequados e a obtenção de in- formação estatística e sustentação de resultados. • Utilização de sistemas de aferiçãoda satisfação dos clientes (internos e ex- ternos) e existência de um programa institucional da qualidade e produti- vidade implantado, com evidências de impacto sistêmico. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação165/209 1. Etapas da acreditação Uma vez que já abordamos brevemente como funciona o manual, é hora de preparar a instituição para a o processo. Compreender as etapas desse processo faz com que o planejamento seja foca- do e tenha o resultado esperado. De maneira resumida, as etapas consistem em ter a vontade de receber a acreditação, fazer o diagnóstico situacional da instituição, preparar documentação, fa- zer auditoria interna e agendar a visita da instituição acreditadora. As figuras a seguir apresentam duas metodologias para o preparo para acreditação. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação166/209 Figura 1 – Etapas propostas para conseguir a acreditação Fonte: CHAVES; ROCHA, 2009, p. 20. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação167/209 A figura a seguir apresenta as etapas necessárias para prepara-se para a implantação da acredi- tação Figura 2: Roteiro preliminar para implantação dos requisitos de Acreditação Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação168/209 Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação169/209 Fonte: Alástico e Toleto; 2013, p. 821. Primeiramente a instituição deve ter a vontade de receber a acreditação. Assim como fala- mos na outra aula, a acreditação é voluntária, então, a iniciativa deve partir da instituição interessada. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação170/209 1.1 Primeira etapa: Diagnóstico situacional Nesse diagnóstico situacional é possível ver qual a real situação da instituição. É como se fosse um raio x do hospital. Nesse processo será possível ver onde será necessário ter mais atenção para estar nos padrões exigidos na acreditação (PEREIRA GRACIANO, VERRI, 2016). Já abordamos em aulas anteriores sobre processos. É importante lembrar que o processo são as ações que estão inter-relacionadas e que transformam insumos em produtos adequados. São as ações que vão permitir a entrada de um cliente com uma necessidade e a saída dele satisfeito. Figura 2 – Representação do que é um processo Fonte: CHAVES; ROCHA, 2009, p. 20 Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação171/209 Portanto, podemos pensar em processos de um hospital as ações que são realizadas ao cliente, com os insumos recebidos de um fornecedor. O resultado esperado é um cliente satisfeito. Entretanto, para identificar quais são os processos em cada unidade ou os mais essenciais para que as ativida- des diárias sejam concluídas com sucesso é importante fazer o mapa de processo. Ele é a base para o auditor conhecer cada parte do hospital (CHAVES; ROCHA, 2009). 1.2 Segunda etapa: Elaboração de documentos do setor Deve-se dar a devida importância à documentação. Um dos documentos que destacamos é o Pro- cedimento Operacional Padrão – POP. Ele descreve o passo a passo de cada atividade desenvolvida na unidade, permite a padronização dos processos e o entendimento das atividades de modo a melhorar a execução das mesmas (CHAVES; ROCHA, 2009; PEREIRA GRACIANO, VERRI, 2016). Para saber mais Em inglês POP é chamado de Standard Operation Procedure. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação172/209 Além disso, deve ser realizado o plano de ação, tendo como alvo orientar as ações que serão imple- mentadas. Assim, detalha a ação, pessoas envolvidas na execução, data de início, de fim, os resul- tados esperados e a metodologia que será utilizada para alcançar tais resultados (CHAVES; ROCHA, 2009; PEREIRA GRACIANO, VERRI, 2016). Depois do diagnóstico situacional, a organização de toda documentação e implantação do plano de ação, deve ser realizada uma auditoria interna para validar todo esse processo e atestar se de fato o hospital para a visita da instituição acreditadora (Pereira Graciano, Verri, 2016). Para saber mais No artigo de Alástico e Toledo (2013), na página 823 é apresentada uma descrição das tarefas que devem ser executadas em cada fase do processo de acreditação. ALASTICO, G. P.; TOLEDO, J. C. Acreditação Hospitalar: proposição de roteiro para im- plantação. Gest. Prod., v. 20, n. 4, p. 815-831, 2013. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação173/209 Glossário Auditoria: processo de exame e validação de um sistema, atividade ou informação. Metodologia: é uma palavra derivada de “método”, do Latim “methodus” cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”. Método é o processo para se atingir um deter- minado fim ou para se chegar ao conhecimento. Operacionalizar: preparar, treinar para realizar uma função; tornar apto para concluir uma ta- refa. Questão reflexão ? para 174/209 O processo de preparo para a acreditação hospitalar não é fácil, apresenta muitos desafios que são contrapostos com as vantagens de ter a acreditação. Como é o contex- to do local que você trabalha? Você consegue começar a fazer o planejamento do processo de acreditação para a instituição onde você trabalha? Como seria o fluxograma com as etapas da implantação da acreditação? É possível perceber quais processos mais precisam da sua atenção? 175/209 Considerações Finais • Conhecer o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar é importante, pois ele é a referência para o processo de acreditação. • As etapas da implantação, de maneira geral, referem-se à vontade de re- ceber a acreditação, fazer o diagnóstico situacional da instituição, prepa- rar documentação, fazer auditoria interna e agendar a visita da instituição acreditadora. • A organização, o preparo e a participação de todos são elementos chaves no processo de implantação da acreditação. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação176/209 Referências ALASTICO, G.P.; TOLEDO, J.C. Acreditação Hospitalar: proposição de roteiro para implanta- ção. Gest. Prod., v. 20, n. 4, p. 815-831, 2013 . BRASIL. PORTARIA Nº 1970, DE 25 DE OUTUBRO DE 2001. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual Brasileiro de Acredita- ção Hospitalar/ Secretaria de Assistência à Saúde. – 3. ed. rev. e atual. – Brasília: Ministério da Saú- de, 2002. 108 p. CHAVES, J. G; ROCHA, M. I. C.[Coordenação]. Acreditação. Fundação Hospitalar do Estado de Mi- nas Gerais,[s.n] [S.l] 2009. LIMA, S.B.S.; ERDMANN, A.L. A enfermagem no processo da acreditação hospitalar em um serviço de urgência e emergência. Acta Paul Enferm,[S.l] [S.n]v. 19, n. 3, p. 271-278, 2006. MANZO, B. F.; BRITO, M. J. M; CORRÊA, A. R. Implicações do processo de Acreditação Hospita- lar no cotidiano de profissionais de saúde. Rev. esc. enferm. [S.l] [S.n]USP, v.46, n.2, p.388-394, 2012. MELO, W. O. S. et al. Gestão da qualidade na saúde. Uningá Review, [S.l] [S.n] v.18, n.1, p.24-28, 2014. Unidade 7 • Processo e implantação do sistema de acreditação177/209 PEREIRA, J.A.; GRACIANO, D.A.; VERRI, R.A.O processo de preparação para a implantação de um sistema de gestão da qualidade: estudo das dificuldades na ótica do pessoal do setor de gestão da qualidade. GEPROS. Gestão da Produção, Operações e Sistemas, [S.l] [S.n] Ano 11, n. 4, p. 61-81, 2016. 178/209 1. O que significa a sigla PBAH? Assinale a alternativa correta: Questão 1 a) Política Brasileira de Atendimento em Hospitais. b) Programa Básico de Atendimento Hospitalar. c) Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar. d) Princípios Básicos de Acreditação e Hotelaria. e) Política Bivalente de Atendimento em Hospitais. 179/209 2. Em relação ao Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar, considere as seguintes afirmações: Questão 2 I) Tem uma proposta adequada à realidade do Brasil. II) A 3a edição do Manual Brasileirode Acreditação Hospitalar foca no binômio avaliação – edu- cação. III) A proposta do manual é adequada apenas para a realidade de hospitais particulares no Brasil. IV) Na parte de educação são apresentados instrumentos para despertar questionamentos e mudanças na assistência através de novas práticas. Assinale a alternativa que apresenta as alternativas corretas: a) I e II. b) III e IV. c) I, II, III e IV. d) II e III. e) I, II e IV. 180/209 3. Sobre o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar: a lógica das _________ é a de que todas possuem o mesmo grau de importância den- tro do processo de_______________. Por esse motivo, os itens têm o mesmo valor de importância na _______________. Questão 3 a) subseções; avaliação; pontuação. b) seções; reavaliação; subseção. c) repartições; acreditação; seção. d) seções; auditoria externa; acreditação. e) subseções; auditoria interna; avaliação. 181/209 4. É possível ver qual a real situação da instituição,como se fosse um raio x do hospital. Nesse processo será possível ver onde será necessário ter mais atenção para estar nos padrões exigidos na acreditação. Esse trecho descreve o que? Questão 4 Assinale a alternativa correta. a) Auditoria interna. b) Procedimento Operacional Padrão. c) Mapa de processo. d) Diagnóstico situacional. e) Acreditação. 182/209 5. O Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar é fundamentado em quantos pilares? Assinale a alternativa correta. Questão 5 a) 2. b) 7. c) 14. d) 21. e) 5. 183/209 Gabarito 1. Resposta: C. O Programa Brasileiro de Acreditação Hos- pitalar (PBAH) vem sendo desenvolvido pelo Ministério da Saúde e está dentro do Progra- ma de Garantia e Aprimoramento da Quali- dade em Saúde criado pela Portaria GM/MS nº 1.107, de 14 de junho de 1995. 2. Resposta: E. O manual tem uma proposta adequada à realidade do Brasil, tanto para hospitais públicos quanto privados e, permite uma evolução dos hospitais de maneira que pas- sa pelas estruturas e chega aos processos. A 3a edição do Manual Brasileiro de Acre- ditação Hospitalar foca no binômio avalia- ção – educação. A parte de avaliação serve como ferramenta para orientar os avaliado- res e também para a autoavaliação das ins- tituições que estejam na fase de preparação para acreditação. Na parte de educação são apresentado instrumentos para despertar questionamentos e mudanças na assistên- cia através de novas práticas e postura pois apresenta a descrição para um nível míni- mo aceitável para acontecer o processo de acreditação. 3. Resposta: A. Sobre o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar: a lógica das subseções é a de que todas possuem o mesmo grau de im- portância dentro do processo de avaliação. 184/209 Gabarito Por esse motivo, os itens têm o mesmo valor de importância na pontuação. 4. Resposta: D. No diagnóstico situacional é possível ver qual a real situação da instituição. É como se fosse um raio x do hospital. Nesse pro- cesso será possível ver onde será necessá- rio ter mais atenção para estar nos padrões exigidos na acreditação. 5. Resposta: B. As seções são fundamentadas em sete pi- lares. 185/209 Unidade 8 Etapas da acreditação e organização dos serviços Objetivos 1. Abordar brevemente as etapas da acreditação. 2. Aprofundar os conhecimentos em au- ditoria interna. 3. Esclarecer o papel da instituição acre- ditadora. Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços186/209 Introdução Na aula anterior compreendemos melhor a estrutura do Manual Brasileiro de Acredita- ção Hospitalar e como ele orienta e detalha o processo de implantação da acreditação. Ficou claro que a instituição precisa prepa- rar-se para a visita da instituição acredita- dora antes da visita propriamente dita. Nesta aula vamos detalhar alguns itens que são importantes de serem compreendidos para a que o processo de acreditação seja bem-sucedido. Para relembrar cada etapa do processo de acreditação, será apresentado a seguir o esquema de etapas da implantação da acreditação em hospitais: Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços187/209 Figura 1 – Roteiro detalhado das etapas da implantação do processo de acreditação hospitalar Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços188/209 Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços189/209 Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços190/209 Fonte: Pereira, Graciano e Verri (2016, p. 828-289) Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços191/209 1. Auditoria interna Na aula anterior ressaltamos que ao final do processo de preparo para a acreditação, era importante a auditoria interna, que na figu- ra apresentada é a etapa 16. Vamos saber com mais detalhes sobre o que é isso. Para saber mais No ano de 1.314, na Inglaterra surgiu a auditoria. O governo fazia um exame sistemático e periódi- co das contas públicas. A auditoria, segundo Pereira, Graciano e Verri (2016, p. 67) é “uma forma de verificar o sistema de gestão da qualidade. [...] a audi- toria é um processo sistemático, documen- tado e independente para obter evidências sobre a consistência do processo, visando avaliar o trabalho realizado” e o alvo de tal vistoria é melhorar o processo. Na auditoria interna é verificado quanto à instituição está pronta para a auditoria ex- terna. Nesse momento é possível identifi- car se é necessário mais treinamento, mu- danças ou melhoria nos processos ou mais conhecimento prático. É nessa fase que é possível aperfeiçoar o sistema de gestão da qualidade de do aprendizado. Além disso, a auditoria interna avalia o processo de acre- ditação para evitar não conformidades du- rante todo o processo da auditoria.. Esse processo de auditoria interna pode ser realizado por um funcionário capacitado da instituição ou pode ser terceirizado tal Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços192/209 serviço. Geralmente, opta-se por terceirizar tal serviço se não há funcionário capacitado para realizar a auditoria interna, um funcio- nário que esteja bem familiarizado com as exigências, padrões e normas para receber a acreditação. Ou quando não há funcio- nário e nem tempo hábil para capacitar um funcionário do hospital, Caso o hospital opte por um por um funcio- nário que fará todo o processo de acredita- ção, tal pessoa deve estar bem preparada, conhecer a fundo as normas e padrões que serão exigidos na visita da auditoria exter- na, ter clareza da seriedade do processo de acreditação, deve ter avaliado a consistên- cia do projeto desenvolvido para preparar o hospital para a acreditação e finalmente deve validar a eficácia do sistema escolhi- do para atingir os resultados esperados. Se a empresa optar por terceirizar o processo, deve escolher uma empresa de confiança que faça isso. Além disso, deve ter um ges- tor de qualidade que acompanhará o traba- lho dessa empresa externa (PEREIRA; GRA- CIANO; VERRI, 2016). Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços193/209 2. Instituições acreditadoras A instituição acreditadora é uma organi- zação de direito privado, que pode ou não ter fins lucrativos e deve estar credencia- da à Organização Nacional de Acreditação (ONA). Dentro do processo de acreditação, é ela que tem a responsabilidade de realizar a visita para avaliar e certificar a qualidade na instituição a nível nacional, independen- temente da localização da sede (ONA, s.d.). Ou seja, quando o hospital alinha todos os seus processos e a gestão entende que es- tão prontos para iniciar o processo, os ges- tores selecionam e contratam a instituição acreditadora. Esta instituição passará a co- letar as informações do hospital, formulará uma proposta e a encaminhará para o hos- pital contratante, que por sua vez, analisará as propostas recebidas (BRASIL, 2002). Além de avaliar e certificar o hospital, as ins- tituições acreditadorastambém têm como função fazer um diagnóstico organizacional e promover atividades de sensibilização e capacitação de colaboradores (ONA, s.d.). Para saber mais As instituições acreditadoras credenciadas na ONA são: DNV GL Business Assurance Avaliações e Certificações Brasil Ltda; Fundação Carlos Al- berto Vanzolini – FCAV; Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde – IBES; Instituto de Acredi- tação Hospitalar e Certificação em Saúde – IAH- CS; Instituto de Planejamento e Pesquisa para Acreditação em Serviços de Saúde – IPASS; Insti- tuto Qualisa de Gestão – IQG Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços194/209 3. A visita para a acreditação Depois de contratada a instituição acredi- tadora, deve ser confirmada a visita para a acreditação. Assim, a instituição acredita- dora prepara o processo para a visita. Ela indicará uma equipe de avaliadores que en- trará em contato direto com hospital para determinar os detalhes da visita (BRASIL, 2002). Após acordados os detalhes da visita, será desenvolvido um plano de visita. Este pla- no deve ser flexível para permitir eventu- ais mudanças necessárias e incluir (BRASIL, 2002, p. 19): a) os objetivos e propósitos da avaliação. b) data da execução da avaliação. c) identificação e apresentação dos membros da equipe de avaliadores. d) identificação dos responsáveis de cada serviço da organização presta- dora de serviços de saúde. e) identificação dos documentos de re- ferência, tais como: normas, procedi- mentos, rotinas, atas de reuniões, etc. f) definição de sala exclusiva para as reuniões dos avaliadores. g) programação de cada etapa da visita. Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços195/209 h) programação das reuniões com a alta administração da prganização pres- tadora de serviços de saúde. i) tempo previsto e duração de cada ati- vidade da avaliação. j) previsão de entrega do Relatório de Avaliação para a Instituição Acredita- dora. Diante de qualquer desacordo, o hospi- tal pode entrar em contato com a intuição acreditadora para modificar o plano. Em seguida, deve haver a confirmação da ONA que a taxa de inscrição foi recolhida para que seja iniciado o processo de visita. Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços196/209 Figura 2 – Taxa para o processo de avaliação para certificação de 2016 Fonte: ONA, s.d.Disponível em: <https://www.ona.org.br/Pagina/368/Taxa-de-Certificacao>. Acesso em: 30 maio 2017. Após a visita, a instituição acreditadora apresentará um relatório ao hospital, o qual deverá con- firmar e registrar ciência. Caso haja irregularidades, o hospital tem 90 dias para regular os pro- blemas (também conhecidos como não conformidades) e, depois, requisitar uma nova visita da instituição acreditadora. https://www.ona.org.br/Pagina/368/Taxa-de-Certificacao Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços197/209 Quando há a aprovação do elatório de avaliação pela instituição acreditadora, os documentos são entregues à ONA e o processo de avaliação chegou ao fim. Os documentos serão homologados junto à ONA e o hospital receberá um certificado de acreditação. Para saber mais No processo de acreditação, as “não conformida- des” podem ser divididas em não conformidade maior e não conformidade menor. A maior refe- re-se à incapacidade do hospital de atender um requisito/norma da qualidade ou a presença de muitas não conformidades menores. A não con- formidade menor refere-se ao não cumprimen- to de requisitos/normas que não impactam em grande medida a qualidade dos processos. Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços198/209 Glossário Flexível: que se acomoda facilmente às circunstâncias. Terceirizado: transferência de um determinado serviço à outra empresa. Privado: que pertence a um indivíduo particular. Questão reflexão ? para 199/209 No decorrer desta aula você aprendeu sobre qualidade e o pro- cesso de implantação da acreditação em uma instituição hospi- talar. Porém, uma vez acreditado o que acontece depois? Como fazer para que as ações realizadas para preparar a instituição para o processo seja permanente? Como manter o selo ? Link O artigo de Emídio et al. (2013) intitulado “Acredi- tação hospitalar: estudo de casos no Brasil” pode te ajudar nessa reflexão. Disponível em: <http:// periodicos.ufpb.br/index.php/pgc/article/ view/13822>. Acesso em: 29 maio 2017. http://periodicos.ufpb.br/index.php/pgc/article/view/13822 http://periodicos.ufpb.br/index.php/pgc/article/view/13822 http://periodicos.ufpb.br/index.php/pgc/article/view/13822 200/209 Considerações Finais • A auditoria interna tem papel importante no processo de preparo para acre- ditação. • A auditoria interna pode ser realizada por um funcionário da empresa ou por uma empresa terceirizada. • O hospital deve escolher a instituição acreditadora credenciado na ONA. • Quando a instituição tiver se adequado a todas as normas, deverá agendar a visita para a acreditação. Unidade 8 • Etapas da acreditação e organização dos serviços201/209 Referências ALASTICO, G. P.; TOLEDO, J. C. Acreditação Hospitalar: proposição de roteiro para implanta- ção. Gest. Prod., v. 20, n. 4, p. 815-831, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual Brasileiro de Acredita- ção Hospitalar/ Secretaria de Assistência à Saúde. – 3. ed. rev. e atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 108 p. EMÍDIO, L. F. et al. Acreditação hospitalar: estudo de casos no Brasil. Perspectivas em Gestão & Conhecimento,[S.l] [S.n] v. 3, n. 1, p. 98-113, 2013. BRITO, M. F.; FERREIRA, L. N. A importância da auditoria interna hospitalar na gestão estraté- gica dos custos hospitalares. 2006. 16 f. (Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Contá- beis). Universidade Católica de Brasília, 2006. ONA. Organização Nacional de Acreditação. S.d. Disponível em: <https://www.ona.org.br/Pagi- na/20/A-ONA>. Acesso em: 29 maio 2017. PEREIRA, J. A.; GRACIANO, D. A.; VERRI, R. A. O processo de preparação para a implantação de um sistema de gestão da qualidade: estudo das dificuldades na ótica do pessoal do setor de gestão da qualidade. GEPROS. Gestão da Produção, Operações e Sistemas, Ano 11, n. 4, p. 61-81, 2016. https://www.ona.org.br/Pagina/20/A-ONA https://www.ona.org.br/Pagina/20/A-ONA 202/209 1. Processo sistemático, documentado e independente para obter evidên- cias sobre a consistência do processo, visando avaliar o trabalho realizado refere-se à que atividade? Assinale a alternativa correta: a) Projeto de implantação da acreditação. b) Diagnóstico situacional. c) Visita da instituição acreditadora. d) Auditoria. e) Acreditação. Questão 1 203/209 2. Leia e analise o trecho abaixo: Questão 2 A instituição acreditadora é uma organização de direito _____________, que pode ou não ter _______________ e deve estar credenciada na Organização Nacional de Acreditação (_______). Assinale a alternativa cujas palavras completam corretamente as lacunas acima: a) privado; fins lucrativos; ONA. b) público; gestão da qualidade; OGNA. c) total; sede; ONA. d) parcial; fins lucrativos; ONAB. e) irrestrito; funcionários terceirizados; OGA. 204/209 3. Além de avaliar e certificar o hospital, as instituições acreditadoras tam- bém têm como função: Questão 3 a) Entregar o certificado de acreditação nas mãos do gestor do hospital. b) Fazer o pagamento da taxa de avaliação. c) Receber o pagamento da taxa de avaliação. d) Organizar a documentação específica para acreditação do hospital. e) Fazer diagnóstico organizacional e promover atividades de sensibilização e capacitação de colaboradores. 205/209 4. Sobre o que deve incluir um plano de visita de acreditação, considere as afirmações abaixo e julgue-as (V) verdadeiras ou (F) falsas: Questão 4 ( ) Os objetivos e propósitos da avaliação. ( ) Programação de cada etapa da visita.( ) Identificação dos documentos de referência, tais como: normas, procedimentos, rotinas, atas de reuniões. ( ) Data da execução da avaliação; Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) F – F – V – F. b) V – V – V – V. c) V – V – F – F. d) F – F – V – V. e) F – V – F – V. 206/209 5. Após a vista da instituição acreditadora, caso haja irregularidades, o hos- pital tem quanto tempo para resolvê-las? Questão 5 a) 60. b) 30. c) 90. d) 70. e) 120. 207/209 Gabarito 1. Resposta: D. Auditoria é um processo sistemático, do- cumentado e independente para obter evi- dências sobre a consistência do processo, visando avaliar o trabalho realizado. 2. Resposta: A. A instituição acreditadora é uma organi- zação de direito privado, que pode ou não ter fins lucrativos e deve estar credenciada na Organização Nacional de Acreditação – ONA 3. Resposta: E. Além de avaliar e certificar o hospital, as ins- tituições acreditadoras também têm como função fazer diagnóstico organizacional e promover atividades de sensibilização e ca- pacitação de colaboradores. 4. Resposta: B. Os objetivos e propósitos da avaliação; data da execução da avaliação; identificação e apresentação dos membros da equipe de avaliadores; identificação dos responsáveis de cada serviço da Organização Prestado- ra de Serviços de Saúde; Identificação dos documentos de referência, tais como: nor- mas, procedimentos, rotinas, atas de reuni- ões, etc.; definição de sala exclusiva para as reuniões dos avaliadores; programação de cada etapa da visita. 208/209 Gabarito 5. Resposta: C. Após a vista a instituição acreditadora apre- sentará o relatório da visita ao hospital que deverá registrar que está ciente. Caso haja irregularidades, o hospital tem 90 dias para regular o problema, ou as não conformida- des e depois, requisitar nova visita da insti- tuição acreditadora.