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AUDITORIA PARA QUALIDADE Autoria: Luciano Trentin Indaial - 2022 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2022 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Jairo Martins Marcio Kisner Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Auditoria Para Qualidade ............................................................. 7 CAPÍTULO 2 Metodologias de Certificação .................................................. 47 CAPÍTULO 3 Diversidade e Inovação ............................................................... 91 APRESENTAÇÃO Caro acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Auditoria para Qualidade. O livro que agora está disponível para você servirá de subsídio para que possa dar início ao seu processo de aprendizagem na temática de auditoria para qualidade, temática esta que vem conquistando cada vez mais notoriedade nas organizações por meio de assessoria das principais lideranças como colaboradora, levando da- dos e informações confiáveis e isentas sobre as atividades das organizações na área da saúde, seja de ordem: administrativa, operacional ou gestão. A procura por melhorias do bem-estar das pessoas tem sido cada vem mais enfática nas diversas áreas da saúde, em particular no atendimento hospitalar que usualmente se encontra em um processo incessante de desenvolvimento de novas técnicas para assegurar maiores expectativas de vida aos usuários. Essa busca por melhoria contínua tem demonstrado especial efeito sobre os métodos de gestão e controle de qualidade dos produtos e serviços prestados. Evidencia- -se que a auditoria para qualidade se destaca como um instrumento de gestão e avaliação propício para garantir a eficiência de processos e de atividades hospita- lares, com o propósito de gerar dados e informações pertinentes em um mercado altamente competitivo a fim de direcionar a maneira mais assertiva de proceder estrategicamente e também nas respectivas especificidades. Para melhor entendimento de todo esse processo de aquisição de conheci- mento, no Capítulo 1 abordaremos de forma abrangente a Gestão da Qualidade. Vamos iniciar nossa aprendizagem assimilando os conceitos gerais sobre a ges- tão da qualidade nas organizações, com o propósito de compreender as técnicas e estratégias que buscam assegurar de forma sistematizada que a qualidade dos produtos, processos e serviços sejam entregues conforme as expectativas dos clientes. No Capítulo 2, abordaremos as Metodologias de certificação, compreen- dendo os procedimentos de avaliação do nível de qualidade de uma organização hospitalar, além de entender as principais formas de avaliar a capacidade técnica- -operativa e as principais formas de avaliar os processos e a gestão das organiza- ções hospitalares. No Capítulo 3, versaremos sobre a Auditoria propriamente dita, assimilando os princípios que representam os controles processuais que visam assegurar que os produtos e serviços sejam entregues de maneira consistente com o nível de qualidade pretendido. O conhecimento disponível em suas mãos por intermédio deste livro servirá como alicerce para iniciar seu aprendizado no extenso campo de conhecimento das práticas e tendências de auditoria para qualidade, campo do saber este que são dignos de notoriedade quando se versa sobre gerir e direcionar os processos e atividades de uma organização na área da saúde para atender às exigências regulatórias e do usuário e também melhorar sua eficiência ininterruptamente. Bom estudo! CAPÍTULO 1 Auditoria Para Qualidade A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender as estratégias e ações de forma sistematizada a fim de melhorar produtos, processos e serviços. � Conhecer os preceitos que norteiam a qualidade da assistência em saúde. � Identificar a importância da qualidade de assistência médico-hospitalar. 8 Auditoria para Qualidade 9 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO As organizações da área de saúde estão compelidas a melhorar a eficiência de suas operações, instituindo objetivos compreensíveis e adotando estratégias que assegurem alguma vantagem competitiva. Tais ações têm considerado algu- mas demandas atuais, decorrentes de modificações sociais e políticas, que in- cluem a necessidade de incentivar formas de aperfeiçoar os processos, produtos e serviços por intermédio da implementação de sistemas que contribuam com a gestão e a garantia da qualidade. Na contemporaneidade, para obter qualidade dos processos, produtos e serviços, não é suficiente realizar somente quaisquer atividades da melhor forma possível, exigindo das organizações da área de saúde uma participação mais efe- tiva das pessoas, visto que a qualidade, além de se tornar uma temática obrigató- ria, deve permear todos os processos, áreas e equipes da organização. Conceitualmente, a gestão da qualidade é uma ferramenta estratégica com foco no usuário e visão sistêmica de todo o negócio na área de saúde. Seu prin- cipal objetivo é aperfeiçoar o controle dos processos, empreender melhorias nas organizações da área de saúde e criar um planejamento assertivo para atender às necessidades dos usuários. Ao implementarem a gestão da qualidade, as organizações da área de saúde podem ser beneficiadas com o desenvolvimento de práticas e atitudes voltadas à melhoria contínua. Segundo Cândido (1998, p. 97), as organizações que “garan- tirem efetividade na implantação destas ações, evoluem rapidamente, e, quando alcançam o estágio superior da qualidade, adquirem um elevado diferencial com- petitivo em relação aos seus concorrentes”. De acordo com Robles Jr. e Bonelli (2006), a gestão da qualidade pode ser considerada como um conjunto de ações direcionadas com a finalidade de ser adquirir características do produto ou serviço com capacidade de satisfazer inte- gralmente as necessidades e expectativas dos usuários. Para Carvalho e Paladini (2012), a gestão da qualidade engloba o planeja- mento, o controle, a garantia e a melhoria da qualidade, fundamentada na partici- pação de todas as pessoas da organização, de forma sustentável, por intermédio da satisfação dos usuários. Esperamos que o presente livro não seja o fim de um ciclo de aprendiza- gem, mas que possa continuar sendo um instrumento de compreensão, revisão e aperfeiçoamento à medida em que amplie o desenvolvimento de competências e futuras práticas de gestão da qualidade. 10 Auditoria para Qualidade 2 GESTÃO DA QUALIDADE A aplicação dos conceitos de qualidade, conforme descrito no livro A History of Managing for Quality de Joseph Moses Juran, publicado em 1995, foram iden- tificados na China, no Egito, na Grécia, em Roma, na Escandinávia, entre outros países. À vista disso, qualidade não é considerada uma novidade, muito menos um modismo. É sim um conceito milenário presente a todo momento na história da humanidade (AVELINO, 2005). Na área da saúde, na Grécia Antiga, existe determinados exemplos do que teriam sido os serviços de saúde que prestavam atendimento de excelente qua- lidade. A enfermeira Florence Nightingale, na metade do século XIX, lançou as bases da moderna profissão de enfermagem, que visava (e visa ainda hoje) ao máximo a qualidade(BURMESTER, 2017). A inquietude com a qualidade passou a ser efetivamente foco das organi- zações, sobretudo desde o início do século XX, entretanto, “as diversas formas pelas quais as empresas planeiam, definem, obtêm, controlam, melhoram con- tinuamente e demonstram a qualidade, tem sofrido grandes evoluções ao longo dos últimos tempos, respondendo a mudanças políticas, econômicas e sociais” (MENDES, 2007, p. 12). Com a intensificação do consumo e dos mercados, as organizações viram-se compelidas a tratarem da temática qualidade com mais sensatez (OAKLAND, 1994). Os conceitos mais recentes de gestão da qualidade foram desenvolvidos essencial- mente no processo de recuperação do Japão, após a Segunda Guerra Mundial, dis- seminando-se primeiramente pelos Estados Unidos e posteriormente pelo mundo a partir da década de 1950. Contudo, as organizações de serviços de saúde, muito lentas em incorporar novos desenvolvimentos de técnicas e métodos administrativos e de gestão, somente iniciaram a incorporação da gestão da qualidade no final da década de 1960, começo da década de 1970 (BURMESTER, 2017). Avelino (2005) destaca que entre os principais nomes na área de qualidade, alguns se tornaram mais populares e, consequentemente, influenciaram de modo considerável a história da qualidade, sendo eles: William Edwards Deming; Philip Bayard Crosby; Joseph Moses Juran; Kaoru Ishikawa; e Genichi Taguchi. A qualidade tem sido um conceito que vem se transformando no decorrer do tempo. No início a qualidade era vista sob a ótica da inspeção, na qual, através de instrumentos de medição, tentava-se alcançar a uniformidade do produto; num outro momento, buscava-se por intermédio de instrumentos e técnicas estatísticas conseguir um controle estatístico da qualidade; na etapa seguinte, a qualidade está mais preocupada com a sua própria garantia (GARVIN, 2002). 11 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 A complexidade tecnológica, o aumento do volume de investimentos e a ne- cessidade de segurança contribuíram para a ampliação do conceito de qualidade. Tornou-se absolutamente fundamental assegurar, previamente, a qualidade dos produtos, serviços, instalações e equipamentos, o que deu origem a Gestão da Qualidade (FERNANDES, 2011). Burmester (2017) destaca que os antecedentes das práticas contemporâne- as de Gestão da Qualidade em saúde têm três origens genéricas: o método cien- tífico, as associações profissionais e os modelos organizacionais, com destaque para a gestão da qualidade total e a melhoria contínua da qualidade. O tema qualidade é voltado para a gestão estratégica da qualidade no qual a inquietude maior é poder garantir os processos operativos e disponibilizar produ- tos e serviços qualidade, buscando tanto satisfazer as necessidades dos usuários como a do próprio mercado (MACHADO, 2012). Na Figura 1 apresenta-se a evolução da gestão da qualidade ao longo dos anos. FIGURA 1 – EVOLUÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE FONTE: Adaptado de Fernandes (2011, p. 14) Segundo Garvin (2002, p. 3), professor na Harvard Business School (USA), a evolução da qualidade está dividida em 4 etapas (Inspeção; Controle Estatístico da Qualidade; Garantia da Qualidade; e Gestão Estratégica da Qualidade), deno- minadas “Eras da Qualidade”. 12 Auditoria para Qualidade No Quadro 1 são descritas as 4 Eras da Qualidade descritas por Garvin (2002). QUADRO 1 – ERAS DA QUALIDADE Era Descrição 1ª – Inspeção Massiva No início do século XIX, como consequência do surgimento de um sistema de pro- dução mais eficiente que o artesanal — produção em massa — “a inspeção eviden- cia-se formalmente como uma atividade necessária para o controlo da qualidade, sendo vista pela primeira vez como uma responsabilidade distinta da gestão e como uma função independente” (GARVIN, 2002, p. 4-5). No entanto, durante este perí- odo, que se voltava unicamente para o produto acabado, “o conceito de qualidade prendia-se essencialmente com a conformidade dos bens ou serviços vendidos aos clientes. A resolução de problemas não era uma competência das atividades de inspeção (GARVIN, 2002, p. 4-6). Sendo assim, “os produtos considerados de- feituosos, ou seja, aqueles que não correspondessem aos padrões de qualidade previamente estabelecidos pela gestão, eram desperdiçados” (LONGO, 1996, p. 7). 2ª – Controle Estatístico da Qualidade Durante a década de 30, “inicia-se o controle do processo produtivo, recorrendo-se as técnicas estatísticas de análise de amostras que possibilitaram uma inspeção mais eficiente, capaz de identificar os eventuais desvios da qualidade e apontar as suas causas” (MENDES, 2007, p. 13). “Nesta fase foram pensados, esquematiza- dos, implementados e melhorados os primeiros sistemas de qualidade” (LONGO, 1996, p. 8). Garvin (2002, p. 6) considera que Walter Andrew Shewhart, juntamente com Joseph Moses Juran, foram os responsáveis pelo desenvolvimento do controle estatístico da qualidade dando à disciplina o fundamento científico que merecia. No seu livro “Economic Control of Quality of Manufactured Products de 1931, Walter Andrew Shewhart fornece uma definição precisa e mensurável do controle da pro- dução, apresenta técnicas de monitorização e avaliação da produção diária, e iden- tifica a variabilidade como um fator da vida industrial que pode ser previsto usando princípios de probabilidade e estatística” (GARVIN, 2002, p. 6-7). 3ª – Garantia da Qualidade O objetivo principal é “a prevenção de defeitos ao longo de toda a cadeia produti- va, buscando o envolvimento de todos os departamentos e grupos funcionais das organizações” (MARTINS; COSTA NETO, 1998, p. 302); SILVA, 2009, p. 18). “A partir da década de 50, surge uma nova filosofia de gestão com base no desenvol- vimento e na aplicação de conceitos, métodos e técnicas adequados a uma nova realidade” (MENDES, 2007, p. 13), denominada Gestão da Qualidade Total. Nesta fase, o conceito de qualidade “incorpora não só as especificidades do produto, como também as necessidades do mercado e dos consumidores. A gestão de topo deve exercer forte liderança apelando para o envolvimento de todos os colaboradores da organização” (MARTINS; COSTA NETO, 1998, p. 302). A gestão da qualidade total como modelo de gestão teve origem no Japão e foi adaptado posteriormente por empresas norte-americanas e europeias. Segundo Juran (1988), os custos para se obter um determinado nível da qualidade podem ser divididos em custos evitáveis e custos inevitáveis. Os custos inevitáveis são associados à prevenção e avaliação (custos de desenvolvimento de fornecedores, de inspeção, de controle do processo, de revisão do projeto, entre outros). 13 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 4ª – Gestão Estratégica da Qualidade Nesta era a qualidade assume importância relevante junto à alta administração, fazendo parte das estratégias de negócios da empresa e sendo vista como uma arma agressiva de concorrência, associada ao lucro e a produtividade. Nesta era, segundo o autor, passa-se cada vez mais a valorizar a identificação de expectativas e exigências do consumidor e sua incorporação às especificações dos produtos ou serviços. Desenvolveu-se e disseminou-se o conceito de melhoria contínua de processos, produtos e serviços, motivada tanto pela necessidade de superar as pressões da concorrência, quanto de satisfazer as exigências dos consumidores. Outro ponto a ressaltar é o de que nesta fase passou-se a priorizar também a cons- cientização da alta administração com relação ao fato de que o investimento na qua- lidade é uma arma poderosa para a sobrevivência da organização (GARVIN, 2002). FONTE: Adaptado de Lopes (2014), Barbosa (2015) e Maciel (2015) Afinal, o que devemos entender por Qualidade? O termo qualidade deriva da palavra latina qualitate, considerada “sinônimo da procura contínua de melhoria em todas as vertentes, desdea política e estra- tégia da organização até aos indicadores financeiros mais relevantes, passando pelos níveis de satisfação de todos os stakeholders” (SILVA, 2009, p. 11). No Quadro 2 são apresentadas as principais definições do termo qualidade por alguns dos principais autores na área de qualidade, os quais influenciaram de modo considerável da gestão da qualidade ao longo da história. QUADRO 2 – DEFINIÇÕES DE QUALIDADE Autor Definição Ênfase William Edwards Deming Grau previsível de uniformização e fiabilidade a um custo baixo, adequado às necessidades do mercado. - Conformidade do produto com as suas especificações técnicas; - Empenho continuado da gestão de topo. Joseph Moses Juran Adequação ao uso. - Satisfação das necessidades dos clientes. Armand Vallin Feigenbaum Total das características de um produto ou serviço, referentes a marketing, enge- nharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando em uso, atenderá às expectativas do cliente. - Satisfação do cliente; - Melhoria da colaboração e Comunica- ção entre departamentos funcionais da organização. Philip Bayard Crosby Conformidade com as exigências (requi- sitos, especificações). - Produção sem defeitos; - Envolvimento e motivação dos recursos humanos da organização. FONTE: Adaptado de Lopes (2014) 14 Auditoria para Qualidade De acordo com Lima (2009), a gestão estratégica da qualidade é uma ex- tensão dos movimentos que a precederam, podendo nela serem vistos aspectos tanto da garantia da qualidade quanto do controle estatístico da qualidade, con- tudo, dentro de uma perspectiva mais ampla ligada à lucratividade, aos objetivos organizacionais estratégicos, à concorrência, ao ponto de vista do consumidor e, sobretudo, à melhoria contínua. A qualidade é um termo habitual que faz parte das organizações, a despeito do ramo de atividade. A principal dissemelhança entre a abordagem do início do século XX e a atual é que qualidade agora está relacionada às necessidades e aos anseios dos usuários. Seja qual for o porte da organização, observam-se pro- gramas de qualidade e de melhoria de processos na maioria dos setores econô- micos. Não importa fazer o melhor produto com os melhores processos, se o que se faz não vai ao encontro do consumidor, razão de ser de todos os processos organizacionais (JUNIOR et al., 2021). O Quadro 3 sintetiza as principais características associadas a gestão de cada uma das quatro eras da qualidade, além da atribuição da respetiva respon- sabilidade. QUADRO 3 – COMPARAÇÃO ENTRE AÇÃO AFIRMATIVA E GESTÃO DA DIVERSIDADE Era 1ª – Inspeção Mas- siva 2ª – Controle Esta- tístico da Qualidade 3ª – Garantia da Quali- dade 4ª – Gestão Estratégica da Qualidade Ca ra cte rís tic as P rin cip ais A qualidade era as- segurada somente através de uma inspeção massiva realizada após a finalização do pro- cesso de fabrica- ção do produto. Esta era pode ser caracterizada por dois elementos bá- sicos: o controle estatístico do pro- cesso e a inspeção por amostragem. Nesta fase, os instrumen- tos da qualidade deixaram de ser vistos como de uso exclusivo dos trabalhado- res operacionais de chão de fábrica, e alcançaram o nível de gerenciamento da empresa. A qualidade assume impor- tância relevante junto à alta direção, fazendo parte das estratégias de negócios da organização, sendo vista como uma arma competitiva de concorrência, associada ao lucro e à produtividade. At rib uiç ão da re sp on sa bil ida de pe la ge stã o d a q ua lid ad e A responsabilidade pela qualidade era atribuída somente aos inspetores das fábricas. A qualidade ainda era vista essencial- mente como res- ponsabilidade do departamento de produção, especial- mente os trabalha- dores operacionais A responsabilidade pela qualidade não é mais atri- buída especificamente a um departamento, mas a todos os trabalhadores de uma organização Passou-se a priorizar tam- bém a conscientização da alta administração com rela- ção ao fato de que o inves- timento na qualidade é uma arma poderosa para a so- brevivência da organização. FONTE: Adaptado de Barbosa (2015) 15 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 De acordo com Alexandre (1999), é plausível considerar que cada fase evo- lutiva do conceito de qualidade como um incremento da fase anterior. A evolução da qualidade pode, então, ser assimilada como um processo de aprendizagem, em que se coaduna os conhecimentos obtidos na fase antecedente. A Figura 2 ilustra este processo, identificando as características principais de cada etapa desta evolução. FIGURA 2 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE CADA ETAPA DA EVOLUÇÃO DA QUALIDADE FONTE: Adaptado de Alexandre (1999) Para Junior et al. (2021) existem uma grande variedade de conceitos e de- finições de qualidade na literatura especializada e áreas afins. Segundo Garvin (2002, p. 40), no seu livro Managing Quality, a qualidade pode ser definida através de diferentes abordagens: Transcendente; Baseada no produto; Baseada no utili- zador; Baseada na construção; Baseada no valor (Figura 3). 16 Auditoria para Qualidade FIGURA 3 – PRINCIPAIS ABORDAGENS PARA A DEFINIÇÃO DA QUALIDADE FONTE: Adaptado de Junior et al. (2021) Embora haja variações no que diz respeito ao significado do termo gestão da qualidade para autores distintos, existe uma validade convergente, uma concor- dância substancial entre os fundadores do movimento, a respeito dos princípios e práticas envolvidos na gestão da qualidade (HACKMAN; WAGEMAN, 1995). Para Flynn, Schroeder e Sakakibara (1994), a gestão da qualidade pode ser definida como uma abordagem integrada para alcançar e sustentar altos níveis de resultados de qualidade, focando na melhoria contínua e prevenção de defeitos em todos os níveis e funções da organização, com o objetivo de atingir ou exce- der as expectativas dos usuários. No mesmo sentido, Burmester (2017) menciona que a expressão gestão da qualidade tem significados específicos em diferentes setores da atividade huma- na, inclusive na área da saúde. Entretanto, de acordo com o autor, existem qua- tro componentes principais que sempre devem estar presentes na concepção de gestão da qualidade: Planejamento da qualidade; Controle da qualidade; Garantia da qualidade; e Melhoria contínua da qualidade. Na Figura 4 encontra-se descrito a interrelação entre o conceito de qualida- de, gestão da qualidade e elementos que a compõem. 17 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 FIGURA 4 – INTER-RELAÇÃO ENTRE O CONCEITO DE QUALIDADE, GESTÃO DA QUALIDADE E ELEMENTOS QUE A COMPÕEM FONTE: Adaptado de Freitas (2009) É essencial notar que a gestão da qualidade não deve estar apenas preo- cupada com a qualidade do serviço ou do produto em si, mas, também, e, prin- cipalmente, com a maneira como se chega até ela. Dessa forma, a gestão da qualidade em organizações hospitalares, não pode ser compreendida como um fim em si, mas sim como consequência prática de modelos de gestão e assisten- cial integrados, coerentes e sistêmicos que permitam o planejamento, o controle, a garantia e a busca pela melhoria contínua da qualidade (BURMESTER, 2017). A gestão da qualidade é definida por Dean e Evans (1994) como uma dedi- cação conjunta de toda a organização, incluindo colaboradores, fornecedores e clientes, no propósito de ininterruptamente melhorar a qualidade dos produtos, processos e serviços para atender às necessidades e expectativas dos clientes. Os autores definem os atributos básicos da gestão da qualidade como: Foco no cliente; Planejamento estratégico e liderança; Melhoria contínua; e Empowerment e trabalho em equipe. A definição de gestão da qualidade descrita por Dean e Evans (1994), de acordo com Puffer e McCarthy (1996), compreende os fatores chave internos e externos, além de levar em consideração também os stakeholdersde uma orga- nização, e reconhece o papel primordial da liderança, incluindo a importância do empowerment de todos os colaboradores. 18 Auditoria para Qualidade A gestão da qualidade deve estar sob a égide do principal executivo da orga- nização da área de saúde. Essa é uma ação em tal grau de importância que deve ser exercida pelo gestor responsável por toda a organização da área de saúde e não apenas parte dela (BURMESTER, 2017). Fique por dentro das conhecimento! O que é Empowerment? O termo empowerment vem do verbo inglês “empower”, que sig- nifica dar poder ou a autoridade para que alguém faça algo. Você já pode ter ouvido falar dessa palavra também como empoderamento. Pensando dessa forma, ela pode ser atribuída a diversas situações. Para uma empresa, por exemplo, essa condição consiste em delegar poder aos colaboradores da organização. Se aplicada corretamente, é uma estratégia muito eficiente para quem deseja capacitar e de- senvolver seus colaboradores. A palavra empowerment foi utilizada pela primeira vez por uma professora de Gestão na Harvard Business School, a socióloga Ro- sabeth Moss Kanter, que nasceu em 1943. Doutorada na University of Michigan, Kanter defende que a organização atual deve ter um modelo com menos níveis de gestão e ser magra, mas com força de um elefante e agilidade de um bailarino atlético. Apesar de o conceito empowerment ser relativamente novo, re- ferido por Kanter em um de seus artigos publicados em 1990 pela Harvard Business Review, alguns dos princípios que fazem parte des- ta tecnologia de gestão já eram anteriormente utilizados ao redor do mundo por nomes conhecidos do campo de estudos administrativos. Além desta definição, o termo empowerment vem também da administração de empresas e se configura quando a organização tem como premissa básica a adoção de um modelo de gestão mais descentralizado, ou seja, o poder de decisão não fica apenas nas mãos de uma pessoa ou de um pequeno grupo de pessoas, que ge- ralmente ocupa cargos de gestão. Basicamente, o que encontramos em sua essência é uma es- tratégia que visa dar cada vez mais poder e capacitação a todos os profissionais que fazem parte da organização, com o objetivo de que eles mesmos desenvolvam a autonomia necessária, para uma toma- 19 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 da de decisão verdadeiramente assertiva e um gerenciamento de ta- refas responsável e ao mesmo tempo otimizado. FONTE: Adaptado de Marques (2020) e Pôncio (2017) Para Barbosa (2015), é essencial determinar alguns termos classificados sob o conceito de gestão da qualidade, em particular, os princípios, as práticas e as ferramentas da qualidade. Dean e Bowen (1994) declaram que a gestão da quali- dade pode ser estabelecida como uma filosofia ou abordagem de gestão, consti- tuída de um conjunto de princípios mutuamente reforçadores, cada qual apoiado por um conjunto de práticas e técnicas. Sousa e Voss (2002) demonstram esta relação, dizendo que o princípio melhoria contínua pode ser suportada pela prá- tica de gestão do processo que, por sua vez, se utiliza de diversas técnicas, tais como: Controle Estatístico de Processo - CEP e Princípio de Pareto. A Figura 5 elucida os 7 princípios de gestão da qualidade com base na ISO 9001:2015. FIGURA 5 – OS 7 PRINCÍPIOS DE GESTÃO DA QUALIDADE FONTE: Adaptado de Segantini (2016) 20 Auditoria para Qualidade Gambi (2014) define princípios da qualidade como regras fundamentais ad- mitidas como base para gestão da qualidade; práticas da qualidade como a exe- cução padrão convencionada de técnica(s) de gestão da qualidade; e técnicas como ferramentas e ou métodos (que podem ser intelectuais) que auxiliam no processo de gestão. Na Figura 6 se apresentam 7 ferramentas da qualidade, as quais serão estu- dadas de forma pormenorizada nos próximos capítulos, que auxiliam no processo de gestão da qualidade. FIGURA 6 – 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE FONTE: Adaptado de Coutinho (2019) Livro: Planejamento avançado da qualidade: sistemas de ges- tão, técnicas e ferramentas 21 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 Autor(s): Marcos Albertin e Viviane Guertzenstein Editora: Alta Books (1ª edição, 2018). Sinopse: Ao aceitarmos o desafio de elaborar este Planeja- mento Avançado da Qualidade, percebemos uma ótima oportunida- de para atualizar nosso material didático utilizado em treinamentos, nas disciplinas de Gestão da Qualidade e para compilar anotações e experiências acumuladas em empresas e projetos de consultoria ao longo de 20 anos. Nosso principal objetivo foi elaborar um manu- al com muitos exemplos, de fácil leitura e compreensão, e que des- pertasse o interesse de universitários e profissionais pela Gestão da Qualidade, funcionando como um guia para a implementação bem- -sucedida de programas de qualidade nas organizações brasileiras. Este livro descreve conceitos, ferramentas, técnicas da qualidade e os diversos elementos do sistema de gestão da qualidade (SGQ) ba- seado na ISO 9001 e nos Prêmios da Qualidade. Para melhor com- preensão dos conteúdos, usou-se o recurso de estudos de caso, fi- guras e descrição de exercícios. As soluções de inúmeros exercícios reforçam nosso compromisso com o aprendizado. 2.1 QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE Prestar assistência em saúde a qualquer usuário provavelmente seja a mais complexa atividade desenvolvida pela sociedade humana na contemporaneidade. O conhecimento disponível na atualidade a respeito do diagnóstico e tratamento das diversas enfermidades se tornou imensamente amplo. Enfermidades se acu- mulam em uma mesma pessoa, e as possibilidades para resolvê-las são renova- das a uma celeridade comparável às transformações no mundo digital com o qual convivemos (IBSP, 2015). O processo de cuidar de um simples usuário é, hoje, uma equação de variá- veis dispares. À vista disso, um sistema de assistência à saúde que cuida de inúme- ras pessoas prova-se ainda mais complexo, bem como se espera que esse sistema propicie uma assistência à saúde de qualidade aos usuários (ZANON, 2001). Para Berti e Almeida (2005), o principal propósito da assistência à saúde é o de atender ao usuário com a melhor qualidade factível, isto é, com efetividade, eficiência, equidade, aceitabilidade, acessibilidade e adequabilidade. 22 Auditoria para Qualidade Fique por dentro das informações! Usuário, cliente ou paciente? Qual termo utilizar? As pessoas que necessitam de serviços de saúde são usual- mente designadas por estes três termos. Cada um tem sua espe- cificidade e não se trata apenas de questão semântica, pois as de- nominações propiciam e induzem diferentes maneiras de olhar e compreender os objetos nomeados, ou como construímos a realida- de (SOAR FILHO, 1998). A relação profissional conota a ideia de que o paciente é so- bretudo um cliente, ou seja, um usuário, um comprador de serviços, qualquer que seja o contexto em que é atendido (SOAR FILHO, 1998). Segundo Saito et al. (2013), não existe consenso nas concep- ções dos termos cliente, paciente e usuário nas relações da pessoa que utiliza o serviço de saúde e o profissional da área. Dessa forma, é preciso atenção no uso das expressões, sendo necessário pontuar algumas diferenças, já que os três termos têm raízes diversas, ainda que usados habitualmente como sinônimos. • Termo Paciente: o termo paciente começou a ser utilizado no século XIV e está relacionado com a pessoa que tem paciência, sereno, conformado (HOUAISS, 2009). Além da ideia do termo paciente sugerir uma relação mais íntima, este também é o termo universalmente mais utilizado. Entretanto, a sua utilização pode sugerir implicitamente uma posição passiva e hierarquicamente inferior em relação ao profissional, visto que a origem do termo se refere à palavra sofredor, derivada do Latim: patiens, de patior, que significa sofrer (SAITO et al.,2013). • Termo Cliente: procede do vocabulário próprio da economia libe- ral de mercado (HOUAISS, 2009). Marca o “exercício liberal” e ou privado da atenção à saúde, implicando a pessoa que necessitam dos serviços de saúde, em certa medida, o caráter de consumi- dor, e à saúde a característica de um bem de consumo, não de direito social (GRACIA, 1988). • Termo Usuário: é cada um daqueles que usam ou desfrutam de alguma coisa coletiva, ligada a um serviço público ou particular (FERREIRA, 1999). Assim, pode-se compreender o termo usuá- rio como mais amplo, capaz de ultrapassar o ideário passivo ou liberal, que percebe a saúde como um bem de consumo regulado pelas leis de mercado, no sentido de avançar para uma concep- 23 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 ção de saúde enquanto direito humano e social, regulado pelas relações de cidadania (SAITO et al., 2013). De acordo com Goulart (1993) e Leitão (1995), a utilização de um destes termos não elimina o uso dos demais. Habitualmente, vi- vencia-se, nas organizações de serviços de saúde, a mescla dos três termos sem que os profissionais se deem conta do que representam, como se complementam ou se contrapõem. Mediando pesquisa realizada por Saito et al. (2013), o termo mais utilizado entre os profissionais da área de saúde foi “USUÁ- RIO”, entretanto, indiferentemente do termo a ser empregado na prá- tica do cuidado, é importante ressaltar que os conceitos comuns de respeito à autonomia e serviço de saúde como um direito devem ser considerados. Fonte: Adaptado de Saito et al. (2013, p. 176) (1) Neste livro será utilizado o termo “usuário” para assuntos específicos da área de saúde De acordo com o IBSP (2015), nos últimos decênios, a qualidade da assis- tência à saúde foi abordada aquém das expectativas dos usuários quanto dos profissionais de saúde envoltos nesse processo. Um direcionamento mais estra- tégico sobre o que se deveria alcançar em termos de qualidade na assistência à saúde manifestou-se por intermédio do Institute of Medicine (Instituto de Medici- na, uma organização não governamental sem fins lucrativos) dos Estados Unidos, que, em 2001, publicou um relatório denominado Crossing the Quality Chasm: A New Health System for the 21st Century (em tradução livre: Cruzando o abismo da qualidade: um novo sistema de saúde para o século 21). O relatório estabelece a necessidade de modificações consideráveis no sis- tema de saúde, e, para esse fim, foram propostas metas que deveriam nortear a assistência empreendida a contar do simples consultório até as complexas orga- nizações hospitalares (IBSP, 2015). No Quadro 4 se encontram descritas as seis dimensões mais importantes para que a assistência à saúde possa ser considerada de qualidade, com base no relatório do Institute of Medicine. Isto posto, essas seis dimensões pressupõem que a assistência à saúde deva ser: 24 Auditoria para Qualidade QUADRO 4 – SEIS DIMENSÕES DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE Dimensão Descrição Segura Primeira e sem dúvida mais importante característica que a assistência à saúde ao usuário deve ter, por ser a base para as demais. Segurança do usuário se traduz por tudo aquilo que deve ser feito para evitar que os estes sofram danos desnecessários causados pela assistência que deveria apenas ajudá-los. Efetiva A assistência à saúde deve ser realizada com base nas melhores evidências científicas, com foco em fazer a coisa certa para quem precisa. Em outras palavras, é não cometer excessos, muito menos deixar de realizar quaisquer medidas, desde que sempre seja observado o princípio de fazer a coisa certa, para a pessoa certa, na hora certa. Centrada no cliente/usuário O usuário deve ser capaz de ser ativo nas decisões sobre qualquer intervenção. Suas vontades e dúvidas devem ser sempre levadas em conta. Os valores e preferencias de uma pessoa sempre devem estar contemplados para as tomadas de decisão. Oportuna Qualquer perda ou atraso de tempo deve ser evitado a todo custo, tanto do ponto de vista do usuário, quanto do ponto de vista de quem presta a assistência à saúde. Eficiente A assistência à saúde ao usuário deve ser racional, sem desperdícios, sem excessos. Não devem ser gastos quaisquer recursos sem real necessidade, seja a realização de um simples exame, o uso de um equipamento, uma complexa cirurgia, leitos hos- pitalares ou até recursos humanos. Igualitária A qualidade da assistência à saúde prestada deve ser igual para qualquer ser huma- no, não importando gênero, raça, idade, religião, condição econômica ou caracterís- tica social ou cultural. FONTE: Adaptado de IBSP (2015) A qualidade da assistência em saúde é um componente diferenciador no pro- cesso de atender às expectativas dos diversos usuários, devendo ser avaliada por um conjunto de fatores que envolvem elementos individuais e coletivos na insti- tuição de conformidades ou adequações pré-estabelecidas por um grupo social e não exclusivamente em termos técnicos ou da prática específica da assistência (BRASIL, 2002). Neste sentido, os programas de qualidade nas organizações da área de saú- de retratam maneiras de mensurar e qualificar componentes organizacionais rela- cionados à estrutura, aos processos e aos resultados esperados, colaborando na melhoria da assistência em saúde (DONABEDIAN, 1980; PADILHA, 2001; CAR- LA, 2016). No Quadro 5 se apresenta a descrição dos conceitos de estrutura, processo e resultado, desenvolvidos por Donabedian (1980), considerados uma tríade, que corresponde às noções do enfoque sistêmico de entrada-processo-saída. 25 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 QUADRO 5 – CONCEITOS DE ESTRUTURA, PROCESSO E RESULTADO Compo- nentes Descrição Estrutura Refere-se aos recursos físicos, humanos, materiais, equipamentos, e financeiros neces- sários para a assistência em saúde. Em resumo, a estrutura é todos os recursos usados, corresponde às características mais estáveis da assistência à saúde porque envolve des- de a estrutura física e disponibilidade de equipamentos, que inclui o financiamento até a disponibilidade de pessoas qualificadas que prestam a assistência, passando pela organi- zação dos serviços. De acordo com o conceito de estrutura, pode-se dizer que cabem tan- to dados numéricos em termos de recursos disponíveis quanto dados relacionados com a qualidade, como capacitação profissional, qualidade do equipamento, existência de manutenção predial e de equipamentos, entre outros. A influência ou contribuição exata do componente estrutura na qualidade final da assistência prestada é difícil de ser quanti- ficada, mas é possível avaliar em termos de tendências, por exemplo, uma estrutura mais adequada aumenta a probabilidade de a assistência prestada ser de melhor qualidade. Processo Abrange um conjunto de todas atividades desenvolvidas entre os profissionais de saúde e usuários, com base em padrões aceitos, resulta na entrega do serviço de saúde, onde se obtém os resultados de assistência à saúde que servem de base para a valoração da qualidade. No processo, entre outros fatores aparecem os aspectos éticos e da relação médico/profissional/equipe de saúde–usuário. Pode ser considerado como processo tudo o que diz respeito ao tratamento de saúde diretamente e no momento em que ele está ocorrendo. A análise do componente processo pode ser realizada sob o ponto de vista técnico ou administrativo. Resultado É o produto final da assistência prestada, considerando saúde, satisfação de padrões estabelecidos e de expectativas. É o resultado da experiência de cuidado à saúde. FONTE: Adaptado de Donabedian (1980) e Carla (2016) Segundo Deus (2016), mesmo que os resultados consistam em um conjunto de indicadores de qualidade da assistência aos clientes/usuários, faz-se necessá- rio realizar avaliações simultâneas das estruturas e dos processos para conhecer as razões das diferenças encontradas,de forma a elaborar planos de interven- ções, que levem não apenas à melhoria da assistência à saúde, mas também ao alcance da eficiência no gerencial de todos os serviços que envolvem as organi- zações de saúde. Para Carla (2016), no conceito de estrutura se avalia a relação das proprie- dades físicas e organizacionais do local onde o cuidado é oferecido, o número e a educação dos profissionais de saúde e os equipamentos disponíveis. Está rela- cionado principalmente com as condições físicas, humanas e organizacionais em que o cuidado se dá; No processo considera-se as atividades realizadas no cuida- do ao cliente/usuário, sendo considerados os testes e procedimentos apropriados para o diagnóstico, a terapêutica e o acompanhamento, ou seja, a inter-relação 26 Auditoria para Qualidade entre prestador e receptor dos cuidados; e por fim, os resultados são geralmente medidos pelo estado de saúde e satisfação do usuário, usando indicadores como taxa de mortalidade, taxa de satisfação do paciente, entre outros. Na Figura 7 pode-se observar um exemplo de aplicação dos conceitos de estrutura, processo e resultado, desenvolvidos por Donabedian (1980) no proces- so de diagnóstico e tratamento. Carla (2016) destaca que esses três conceitos só podem ser utilizados se existir uma relação causal entre eles: a estrutura apoia a execução do processo e o processo é executado para gerar resultado. FIGURA 7 – ELEMENTOS DA ESTRUTURA, DO PROCESSO E DO RESULTADO NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO FONTE: Adaptado de Carla (2016) Você sabia? Na assistência à saúde, os Riscos estão em incidentes que po- dem acontecer durante o atendimento ao usuário. São exemplos de riscos: quedas, administração incorreta de medicamentos, erro na rea- 27 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 lização de um procedimento cirúrgico, troca do nome do cliente/usuário na realização de um exame laboratorial ou de imagem, entre outros. Para evitar eventos adversos foram estabelecidos seis protoco- los básicos de segurança do cliente/usuário: 1) Identificação do cliente/usuário: objetiva garantir a correta identificação do usuário para assegurar que o cuidado seja pres- tado para a pessoa a qual realmente se destina. 2) Prevenção de úlcera por pressão: visa prevenir a ocorrência de feridas que ocorrem por falta de oxigenação na superfície da pele e outras lesões. 3) Segurança na prescrição, uso e administração de medica- mentos: objetiva promover práticas seguras no uso de remédios em estabelecimento de saúde, visando administrar o medicamen- to correto para a pessoa certa, na dose correta. 4) Cirurgia segura: visa reduzir a ocorrência de incidentes e even- tos adversos e a mortalidade cirúrgica por meio da realização do procedimento certo, no local e no paciente corretos. 5) Prática de higiene das mãos em serviços de saúde: objetiva prevenir e controlar as infecções relacionadas à assistência à saúde, tanto para usuários quanto para os profissionais envolvi- dos nos cuidados destes. 6) Prevenção de quedas: objetiva reduzir a ocorrência de queda de usuários nos pontos de assistência à saúde e, principalmente, reduzir o dano decorrente delas. Fonte: Adaptado de ABRAMED (2020) A busca por qualidade pelos serviços de assistência à saúde é uma neces- sidade técnica e social, e a adoção de um sistema de gestão da qualidade é uma decisão estratégica das organizações da área de saúde (CARVALHO et al., 2004). O conceito de gestão da qualidade foi ampliado por Donabedian (1990), uti- lizando-se de dimensões de qualidade denominadas sete pilares da qualidade (Eficácia; Efetividade; Eficiência; Otimização; Aceitabilidade; Legitimidade; e Equi- dade), que podem ser usadas como critérios de avaliação da gestão da qualidade pelas organizações hospitalares, apresentadas no Quadro 6. 28 Auditoria para Qualidade QUADRO 6 – CONCEITOS DE ESTRUTURA, PROCESSO E RESULTADO Dimensões de Qualidade Descrição Eficácia É a capacidade do cuidado, na sua forma mais perfeita, de contribuir para a melho- ria das condições de saúde, ou seja, capacidade de a arte e a ciência da medicina produzirem melhorias na saúde e no bem-estar. Significa o melhor que se pode fazer nas condições mais favoráveis, dado o estado do cliente/usuário e mantidas constantes as demais circunstâncias. Efetividade É o quadro de melhorias possíveis nas condições de saúde obtido. Melhoria na saúde, alcançada ou alcançável nas condições usuais da prática cotidiana. Ao definir e avaliar a qualidade, a efetividade pode ser mais precisamente especificada como sendo o grau em que o cuidado, cuja qualidade está sendo avaliada, alça-se ao nível de melho- ria da saúde que os estudos de eficácia têm estabelecido como alcançáveis. Eficiência É a medida do custo com o qual uma dada melhoria na saúde é alcançada. Se duas estratégias de cuidado são igualmente eficazes e efetivas, a mais eficiente é a de menor custo. Otimização Sinônimo de adaptação do cuidado aos desejos, expectativas e valores dos clien- tes/usuários e de suas famílias. Depende da efetividade, eficiência e otimização, além da acessibilidade do cuidado, das características da relação médico-usuário e das amenidades do cuidado, aos efeitos e ao custo do cuidado prestado. Legitimidade Aceitabilidade do cuidado da forma em que é visto pela comunidade ou sociedade em geral. É a conformidade com as preferências sociais. Equidade Princípio pelo qual se determina o que é justo ou razoável na distribuição do cui- dado e de seus benefícios entre os membros de uma população. A equidade é parte daquilo que torna o cuidado aceitável para as pessoas e legítimo para a sociedade. Igualdade na distribuição do cuidado e de seus efeitos sobre a saúde. FONTE: Adaptado de Donabedian (1990), Donabedian e Nogueira (1994), e Carla (2016) Fique por dentro do conhecimento!!! Conheças as diferenças entre os modelos de gestão da qualidade estabele- cidos para organizações de saúde e industriárias? Os modelos concebidos de gestão da qualidade para a indústria japonesa ou américa requerem uma séria de adequações para a realidade brasileira além de um conhecimento mais detalhados a respeito das diferenças, vantagens, desvan- tagens e da real aplicabilidade, entretanto, mais difícil se torna sua aplicação para o universo da área de saúde (MALIK; SCHIESARI, 1998). Berwick, Godfrey e Roessner (1994) afirma que é possível adaptar os con- ceitos de gestão da qualidade utilizados na indústria, para as organizações de saúde, até com certa facilidade, dando exemplos concretos da utilização das tra- dicionais ferramentas da qualidade. 29 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 No Quadro 7 são apresentadas algumas considerações elaboradas por Do- nabedian (1993) relacionadas com as diferenças entre os modelos de gestão da qualidade estabelecidos para organizações industriárias e de assistência à saúde. QUADRO 7 – DIFERENÇAS DE GESTÃO DA QUALIDADE NOS MODELOS INDUSTRIÁRIOS E DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE Enfoque Modelo industriário Modelo da assistência à saúde Natureza da qua- lidade Aquilo que o consumidor deseja e compra Aquilo que é bom para o usuário, definido por ele e pelo prestador de serviços (organizações de serviços de saúde) Interação cliente / fornecedor Relevante Relação médico-usuário muito complexa Consumidor Coprodutor de qualidade via uso Idem, com maior peso Baixo custo Componente da qualidade Menor importância Otimização e equidade Menor importância Grande importância, dependendo de políticas e de sua implementação Ênfase no escopo qualidade Qualidade Total: baixar custos e atender o consumidor, envolve todas as pessoas e os processos da Organização Desempenho profissional e técnica, interação usuário-profissional, contri- buição do usuário, acesso/equidade Valorização – riscos Atividades meio Procedimentos médicos em detrimento dos demais profissionaisProblemas decorrentes ou caracterizados por Defeitos no desenho dos sistemas, produtos e processos de produção Competência do profissional e varia- bilidade na prática clínica Estratégias de garantia e melhoria da qualidade Mudanças estruturais, incluindo treinamento Influência da performance profissio- nal através da educação, treinamen- to e supervisão Modelo de gestão Gestão participativa, delegação de responsabilidades, educação e Treinamento e recompensas Realidade vivida pelos profissionais da saúde, sobretudo por médicos, poucos com treinamento em méto- dos de qualidade Métodos de monitoramento da qualidade Por meio da medição de processos e resultados, comparação com padrão; periodicidade contínua Processos e resultados por meio de padrões análogos; dificuldade de minimizar resultados a posteriori; periodicidade contínua Metodologia Métodos específicos para identifica- ção de problemas, desenvolvimento de consenso, determinação de causa; controle estatístico muito desenvolvido e utilizado Métodos semelhantes (epidemiolo- gia), reduzido emprego da estatís- tica, revisão de caso clínico muito empregada FONTE: Adaptado de Donabedian (1993) 30 Auditoria para Qualidade A percepção da qualidade oferecida pelas organizações de saúde pode ser reconhecida por intermédio da satisfação do usuário, como um indicador significa- tivo de qualidade na assistência à saúde. Criar uma forma exata de medir a satis- fação do usuário demonstra aspectos dispares de cuidados recebidos por estes. Para se aferir a satisfação dos usuários deve-se integrar dimensões de aspectos de cuidado técnico, interpessoal, social e moral (MARLEY et al., 2004). Para verificar os atributos de qualidade relacionados aos serviços prestados de assistência à saúde, Arroyo (2007) retrata uma lista de atributos descritos pelos usuários, considerados necessários no processo avaliatório, em sua trajetória per- corrida nas organizações de saúde durante o processo de atendimento (Quadro 8). QUADRO 8 – ATRIBUTOS NECESSÁRIOS DE QUALIDADE RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA DA SAÚDE Acesso à consulta: agendamento, rapidez do agendamento, aspecto geográfico (localização do hospital), atendimento pelo telefone e internet. Tempo dispendido na sala de espera. Atendimento na recepção demora, tratamento (linguagem, gentileza, atenção). Atenção em enfermagem: tratamento (cordialidade, gentileza, atenção) e informação. Atenção de outros profissionais de saúde: nutricionista, assistente social, psicólogo etc. Sala de espera: conforto, limpeza, iluminação, ruído etc. Visitantes: horário, número de visitantes e dias. Acompanhantes: instalações, refeições etc. Alimentação: qualidade, quantidade, gosto, aparência, temperatura e água. Tecnologia: equipamentos médicos. Serviços extras: estacionamento, lanchonete, restaurante etc. Limpeza: prédio, quarto, roupa, banheiro, corredores e sala. Atenção médica: atenção dada às queixas, rapidez no ato de responder as suas necessidades, dúvidas e solicitações. Habilidade médica: exame clínico (completo), prognóstico – resultado da avaliação médica, recei- ta – prescrição médica e confiança. Informação: sobre o que vai acontecer durante os exames ou procedimentos do hospital. Explicações: com respeito à doença e quanto ao prognóstico. Equipamentos: telefone, televisão, frigobar etc. Instalações físicas (prédio, banheiro, quarto, corredor, sala): arquitetura agradável, ruído, conforto etc. Apoio (assistente social, psicólogo) ao paciente ou família e enquanto estiver internado. Rapidez no processo de admissão da internação. Tempo de permanência no hospital – consulta ou internação. Previsão da estimativa de preço. Custos. FONTE: Adaptado de Arroyo (2007) 31 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 Araújo et al. (2014) mencionam que o processo de avaliação da qualidade, necessita de critérios, métodos e indicadores para análise e aferição da qualidade da assistência à saúde a todos os cidadãos, seja em termos de políticas, procedi- mentos específicos ou de uma rede de serviços. De acordo com Burmester (2017), é importante destacar o papel das orga- nizações da área de saúde na busca pela melhoria da qualidade dos serviços de assistência à saúde, sendo essencial o desenvolvimento do raciocínio crítico e reflexivo de todos os profissionais envoltos no atendimento, tornando-os capa- zes de desenvolver e aperfeiçoar ações centradas na integralidade do cuidado ao usuário e de implementar maneira de analisar e aferir os processos de trabalho e gestão de saúde baseados nos resultados assistenciais, permitindo assim alcan- çar a excelência na prestação de serviços de assistência à saúde. Livro: Gestão da qualidade. Ferramentas utilizadas no contexto contemporâneo da saúde. Autor(s): Vera Lucia de Souza Alves. Editora: Martinari (1ª edição, 2012). Sinopse: Este livro apresenta de maneira objetiva aos profis- sionais que atuam em instituições de saúde, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, administradores, en- genheiros, tecnólogos, dentre outros, os principais programas de qua- lidade e as ferramentas que estão sendo utilizadas para subsidiar o planejamento estratégico e embasar a gestão focada em resultados. 2.2 QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR Os princípios da qualidade da assistência médico-hospitalar passaram por um processo evolutivo semelhante ao da indústria de bens e serviços. Influencia- da pelas mudanças introduzidas no ensino da medicina no Estados Unidos por intermédio do Relatório de Flexner, no início do século passado, a qualidade da assistência médico-hospitalar era pressuposta pela excelência dos agentes. Era, e em determinados casos ainda é, a especialização dos médicos, a complexidade 32 Auditoria para Qualidade do equipamento e a atualização da planta física que confere status de excelência a uma organização hospitalar (ZANON, 2001). A primeira tentativa de avaliar objetivamente a assistência médico-hospitalar foi feita em 1912 por Codman, um cirurgião de Boston, que propôs, pela primeira vez, o conceito de quality of care, colocando, já naquela época, o usuário como principal foco da atenção dos profissionais da saúde (ZANON, 2001). Na década de 1970, a Joint Comissiono on Accreditation of Health Care Or- ganization (JCAHCO), dos Estados Unidos, introduziu, pela primeira vez, com re- quisito para a acreditação, a exigência de métodos objetivos para verificação e documentação da qualidade nas organizações de saúde do país (NOGUEIRA, 2014). No Brasil, a partir do ano de 1993, o Ministério da Saúde criou o Sistema Nacional de Auditoria (Artigo 6º da Lei 8.689 de 27/07/1993, regulamentada pelo Decreto 1.651 de 28/09/1995). De acordo com o Ministérios da Saúde a auditoria é uma análise prévia, concomitante ou subsequente da legalidade dos diferentes atos (administração orçamentária, financeira, patrimonial e técnico-profissionais) (BRASIL, 1993). Por intermédio dessa análise pretende-se avaliar a qualidade dos processos, sistemas e serviços, além de verificar a necessidade de melhoria ou de ação preventiva, corretiva e saneadora (SILVA; BORINI; PIEPER, 1996). A implementação da gestão e controle de qualidade nas organizações hos- pitalares não é considerado um processo simples devido à complexidade da área da saúde. Embora o processo de gestão das organizações hospitalares seja se- melhante a de organizações de manufatura e serviços, deve-se levar em consi- deração a existência da área médico-assistencial. Em função dessa diferença, diversos especialistas da área industrial e vinte e uma organizações de serviço em saúde dos Estados Unidos reuniram-se na cidade de Boston, em 1987, para discutir como a gestão e controle de qualidade, que levou o setor industrial a al- cançar resultados significativos na década de 1980, poderia ser útil na assistência médico-hospitalar (NOGUEIRA, 1994). Desse encontro, nasceuo National Demonstrative Projeto n Quality Improve- ment in Health Care, cujos resultados serviram de referência para que Donald M. Berwick, um pediatra de Harvard University, lançasse, em 1990, uma obra pionei- ra sobre gestão da qualidade na assistência médico-hospitalar, intitulada Curing Health Care (ZANON, 2001). Neste mesmo ano, a Joint Comission on Accredi- tation of Health Care Organization (JCAHCO) incluiu os conceitos de gestão e controle da qualidade no processo de acreditação dos hospitais americanos (NO- GUEIRA, 2014). 33 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 Fique por dentro do conhecimento!!! A gestão e o controle de qualidade com foco na organização hospitalar foram caracterizados, de acordo com Nogueira (2014), em oito pontos básicos: Gestão estratégica; Gestão de informação; Ges- tão de pessoas; Gestão de infraestrutura; Gestão de materiais; Ges- tão financeira; e Gestão clínica; e Foco no usuário (Quadro 9). QUADRO 9 – 8 PONTOS BÁSICOS DE GESTÃO E O CONTROLE DE QUALIDADE Pontos Descrição Gestão estra- tégica Definição clara de propósitos; diretrizes precisas, metas bem estabelecidas de so- brevivência e competitividade, emanadas da alta administração; adesão e imple- mentação por todos os níveis hierárquicos, dando sentido ao trabalho das pessoas e enorme sinergia nas ações cotidianas. Gestão de informação Utilização sistemática e racional de bancos de dados, livros, planilhas, tabela, etc. (que geralmente são produzidos, mas não usados), para a tomada de decisões gerenciais. Destaca-se a importância da gestão de informação do usuário acerca da sua enfermidade, para corrigir noções populares falsas e torná-lo capaz de co- laborar conscientemente no processo de cura. Gestão de pessoas O investimento no desenvolvimento dos colaboradores mediante formação, edu- cação continuada, seminários, reuniões de grupo de trabalho, etc., é fundamental para quem quiser produzir qualidade. Gestão da infraestrutura Todas as obras, reformas, adaptações, modificações devem ser previstas em um plano global coerente com as diretrizes da organização hospitalar. O mesmo pode ser dito em relação aos equipamentos, cada vez mais caros e sofisticados, tanto no que diz respeito à sua aquisição quanto à forma e grau de utilização. Gestão de materiais Esse importantíssimo componente dos custos na assistência médico-hospitalar tem seu gerenciamento muitas vezes fragmentado e deficiente. Gestão finan- ceira Contabilidade, faturamento, folha de pagamento, custos precisam estar ligados e funcionando sob as premissas da gestão e controle de qualidade para haver um alinhamento de ações, com resultados significativos. Gestão clíni- co-cirúrgica e paramédica Os cuidados médico-assistências são uma atividade multidisciplinar que requer a interação dos profissionais de saúde e dos pacientes, sob a liderança do médico, a fim de que possa ser obtido o máximo de efetividade. Foco no cliente Entre todos os clientes das organizações hospitalares, o mais importante é o usuá- rio. Ele é a razão da existência do serviço em saúde. FONTE: Adaptado de Zanon (2001) e Nogueira (2014) 34 Auditoria para Qualidade Para Júnior e Vieira (2002), são poucos os segmentos de mercado que têm experenciado inúmeras e profundas mudanças ao longo dos tempos quanto as organizações do setor de saúde: novas tecnologias, novos desafios, concorrên- cia acirrada, recursos escassos, processos mais complexos e usuários mais exi- gentes. Essa realidade requer que as organizações da área de saúde instituam métodos que possibilitem uma gestão da qualidade ágil e abrangente, focada em resultados (JÚNIOR; VIEIRA, 2002). À vista disso, o gerenciamento efetivo da qualidade propicia a estruturação e a organização do fluxo de atividades de forma assertiva, desde a atividades realizadas pelas equipes multifuncionais de saúde aos usuários na organização hospitalar até a atuação realizada pelo médico na promoção e proteção da saúde e na recuperação e reabilitação de doentes, otimizando assim a qualidade dos resultados gerados e assegurando a consistência e o aperfeiçoamento das prá- ticas da assistência médico-hospitalar (MALAGÓNO-LONDOÑ; LAVERDE; LON- DOÑO, 2018). A assistência médico-hospitalar é aquela prestada no hospital, aos usuários internados ou não. A assistência médico-hospitalar possui dois tipos de clientes: internos e externos. Os clientes internos da área médico-assistencial (isto é, da assistência médica, cirúrgica e paramédica) são os usuários e seus familiares, e os clientes externos são todas as pessoas que por determinados fatores internos e externos, extra atendimento, que permeiam a relação entre médico-usuário (ZA- NON, 2001). Afinal, o que devemos entender por qualidade da assistência médico-hospitalar? Qualidade da assistência médico-hospitalar é muito mais do que: apresentar belíssimas instalações e equipamentos sofisticados, que impressionem qualquer visitante; ter usuários e colaboradores satisfeitos, manter todos os formulários corretamente preenchidos e, ainda, exibir uma certificação pendurada na parede. É algo tangível, que depende da capacidade de diagnosticar, tratar, melhorar ou curar enfermidades físicas e mentais. É algo que tem a ver com a solidariedade humana, a vida e a morte, mas que, todavia, precisa ser avaliado objetivamente (BOWEN, 1987). A qualidade de assistência médico-hospitalar, de acordo com Lorenzi, Pinson e Starmer (2007) pode contribuir para a diminuição do desperdício de materiais, recursos financeiros, tempo e espaço garantindo um bom relacionamento entre as equipes multifuncionais e o atendimento de qualidade aos usuários. Além das questões estruturais, bem como gestão e administrativas, a qualidade de assis- tência médico-hospitalar proporciona a aperfeiçoamento do talento humano, ob- jetivando uma mudança comportamental das pessoas no ambiente laboral, no sentido de conferir aos envolvidos, independentemente do nível hierárquico ou 35 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 competência, uma ampla participação, distribuindo responsabilidades e canali- zando esforços a fim de que não somente as tarefas necessárias sejam executa- das, mas que todo trabalho seja coordenado e controlado da forma mais huma- nizada possível para se atingir assim os objetivos da organização hospitalar de forma mais eficiente e eficaz. Para Alástico (2011), a qualidade da assistência médico-hospitalar deve abran- ger e permear todos os processos das organizações hospitalares de forma sistêmi- ca (processos administrativos, de apoio, assistenciais, médico-sanitários etc.). Com a finalidade de melhorar a qualidade da assistência médico-hospitalar, segundo Lorenzi, Pinson e Starmer (2007), as organizações hospitalares devem se conscientizar de que: a) Os métodos e ferramentas de melhoria da qualidade podem funcionar nos serviços de assistência médico-hospitalar. b) As equipes multifuncionais são valiosas na melhoria dos processos de assistência médico-hospitalar, pois auxiliam na tomada de decisões e por serem compostas por profissionais que atuam em diferentes áreas de conhecimento, reúnem pontos de vista distintos, podendo assim dis- cutir meios de ampliar a satisfação dos usuários e ações corretivas para solução de problemas com maior probabilidade de sucesso. c) Dados úteis para melhoria da qualidade da assistência médico-hospitalar existem em grande quantidade. d) Custos da má qualidade são elevados e formas de reduzi-los estão ao alcance de todos. e) Existe necessidade de submeter as equipes multifuncionais a formação adequada. f) Organizações da área de saúde podem necessitar de uma definição mais ampla de qualidade. g) Tanto nas organizações da área de saúde, como na indústria, o processo de melhoria da qualidade está, acima de tudo, e deve ter o apoio incondi- cional das lideranças. Segundo D’Innocenzo et al.(2006), a relação entre a utilização de recursos e a qualidade do atendimento prestado ao usuário, exigem um método efetivo de gerir a qualidade da assistência médico-hospitalar que atenda aos seguintes aspectos: • Uma estratégia da atenção em saúde, que deve combinar a eficiência clínica, onde os serviços são programados e controlados utilizando-se uma quantidade prevista de recursos como materiais, equipamentos e recursos humanos produzindo maior eficácia no atendimento ao usuário, com a eficiência em serviços de diagnósticos e tratamentos. 36 Auditoria para Qualidade • Uma estratégia da atenção em saúde que inclua os custos e os benefí- cios recebidos, tanto para o usuário, para o seu bem-estar físico, psíqui- co e social, quanto para a sociedade (custos relativos a programas de seguro e assistência pública). • O planejamento de um sistema de monitoração interna e externa do atendimento ao usuário, por meio da definição de padrões flexíveis e adaptáveis às peculiaridades clínicas e organizacionais, os quais permi- tam à organização de saúde prevenir, identificar e corrigir os seus erros. A gestão da qualidade da assistência médico-hospitalar, para Macinati (2008) deve envolver todas as pessoas em todos os níveis organizacionais, desde a alta administração até os profissionais de apoio, no planejamento, medição e controle da assistência aos usuários, visando fornecer a estes uma assistência médico- -hospitalar livre de falhas e que atenda às expectativas. De acordo com a autora, a gestão da qualidade da assistência médico-hospitalar deve ser caracterizada por intermédio de determinados elementos, descritos no Quadro 10. QUADRO 10 – ELEMENTOS QUE CARACTERIZAM A QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR Elementos Descrição Liderança e com- prometimento para com a qualidade Membros da alta administração e da área da qualidade devem estar comprome- tidos e liderar toda a mudança cultural que a gestão da qualidade exige. Dessa forma, a organização hospitalar como um todo será estimulada a atingir eleva- dos padrões de desempenho em níveis individuais e organizacionais. Planejamento estratégico da qualidade A qualidade deve ser compreendida pela alta administração como meta estraté- gica da organização hospitalar. Uma vez considerando a qualidade como parte integrante do planejamento, a organização hospitalar será capaz de identificar seus pontos fortes e fracos da assistência médico-hospitalar, além de otimizar a utilização de recursos (materiais, financeiros, mão de obra e equipamentos). Capacitação dos recursos humanos Os profissionais devem ser conscientizados de que a prestação de uma assis- tência médico-hospitalar de qualidade depende, principalmente, das habilidades individuais e de trabalho em equipe das equipes de profissionais multidiscipli- nares. Assim, a alta administração deve fornecer, aos profissionais multidisci- plinares, apoio e recursos necessários para prestação dos serviços, além de comunicar claramente metas e expectativas e de oferecer programas de capaci- tação e de educação em práticas e procedimentos da qualidade que devem ser seguidos por todos, visando à padronização de rotinas e atividades. Dados e informa- ções A manutenção de dados e informações confiáveis se faz necessário para que medições e dados sejam comparados a padrões de referência existentes e para que seja possível avaliar o desempenho das atividades rotineiras, tendo-se como foco principal: o usuário, um padrão excelente de qualidade para os serviços prestados e a melhoria contínua destes. Informações médicas de usuários e indi- cadores de desempenho fornecem subsídios aos profissionais multidisciplinares 37 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 da organização hospitalar, possibilitando que estes tomem decisões baseadas em fatos e identifiquem oportunidades de melhoria. Coordenação organizacional Busca mudar o foco da gestão, de uma abordagem voltada para estrutura para uma abordagem focada em processos, a fim de se coordenar serviços e res- ponsabilidades em prol da qualidade final da assistência médico-hospitalar. Essa mudança de foco deve ser apoiada pela área de gestão da qualidade da organização hospitalar, por intermédio de indicadores, relatórios de desempe- nho clínico e de iniciativas de melhoria contínua, contribuindo assim para que a assistência médico-hospitalar tenha níveis de desempenho em qualidade cada vez mais elevados. Gestão de fornece- dores A gestão da qualidade da assistência médico-hospitalar deve estimular uma política de compra que privilegie a qualidade, ao invés de preço, dos recursos adquiridos, mantendo uma relação de proximidade e fidelidade com seus for- necedores. Gestão de proces- sos Ao considerar a assistência médico-hospitalar como um conjunto interdepen- dente de processos, a gestão da qualidade deve ser monitorada através de protocolos de atendimento, prontuários médicos, fichas de atendimento, proce- dimentos operacionais padrão, entre outros, a fim de manter a melhoria contínua dos serviços prestados. FONTE: Adaptado de Macinati (2008) Livro: Gestão da qualidade hospitalar Autor(s): Haino Burmester Editora: Saraiva (1ª edição, 2013). Sinopse: Gestão da qualidade hospitalar discute a qualidade nos serviços hospitalares sob a ótica da gestão, propondo uma abor- dagem integrada, sistêmica e coerente de um modelo que harmonize gestão e assistência, mediante práticas configuradas dentro de uma proposta que entenda a organização como um todo. Centramos o estudo no aspecto micro do atendimento, ou seja, aquele prestado nas unidades (hospitais, clínicas ou ambulatórios), apresentando um modelo para que essas organizações atinjam a excelência. Nesse modelo, não focamos apenas a resolução dos problemas após sua ocorrência, mas, sim, um sistema que se antecipa, que busca criar condições para que esses problemas não ocorram. Muito do que se encontra neste livro foi captado em mais de 20 anos de convivência 38 Auditoria para Qualidade com o programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), mantido pela Associação Paulista de Medicina e pelo Conselho Re- gional de Medicina do Estado de São Paulo. 1 A qualidade tem sido um conceito que vem se transformando no decorrer do tempo. No início a qualidade era vista sob a ótica da inspeção, na qual, através de instrumentos de medição, tentava-se alcançar a uniformidade do produto; num outro momento, busca- va-se através de instrumentos e técnicas estatísticas conseguir um controle estatístico da qualidade; na etapa seguinte, a qualidade está mais preocupada com a sua própria garantia (GARVIN, 2002). Quais são os principais nomes na área de qualidade, que influen- ciaram de modo considerável a história da qualidade? 2 Atualmente, o tema qualidade é voltado para a gestão estratégica da qualidade no qual a inquietude maior é poder garantir os pro- cessos operativos e disponibilizar produtos e serviços qualidade, buscando tanto satisfazer as necessidades dos clientes/usuários como a do próprio mercado (MACHADO, 2012). Segundo Garvin (2002, p. 3), professor na Harvard Business School (USA), a evo- lução da qualidade está dividida em 4 etapas, denominada Eras da Qualidade. Quais são as 4 etapas, denominada “Eras da Qua- lidade” por Garvin (2002)? 3 A definição de gestão da qualidade defina por Dean e Evans (1994), de acordo com Puffer e McCarthy (1996), compreende os fatores chave internos e externos, além de levar em consideração também os stakeholders de uma organização, e reconhece o pa- pel primordial da liderança, incluindo a importância do empower- ment de todos os colaboradores. O que a expressão empower- ment pressupõe? 4 As pessoas que necessitam de serviços de saúde são, usualmen- te, designadas por estes três termos. Cada um tem sua espe- cificidade e não se trata apenas de questão semântica, pois as 39 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para QualidadeCapítulo 1 denominações propiciam e induzem diferentes maneiras de olhar e compreender os objetos nomeados, ou como construímos a re- alidade (SOAR FILHO, 1998). Qual a definição do termo usuário? 5 Os programas de qualidade nas organizações da área de saúde retratam maneiras de mensurar e qualificar componentes organi- zacionais, colaborando assim na melhoria da assistência em saú- de (DONABEDIAN, 1980; PADILHA, 2001; CARLA, 2016). Quais são as três maneiras de mensurar e qualificar componentes orga- nizacionais, considerados uma tríade por Donabedian (1980)? 6 Para verificar os atributos de qualidade relacionados aos serviços prestados de assistência à saúde, Arroyo (2007) retrata uma lista de atributos descritos pelos clientes/usuários, considerados ne- cessários no processo avaliatório, em sua trajetória percorrida nas organizações de saúde durante o processo de atendimento. Cite no mínimo três atributos de qualidade relacionados aos serviços prestados de assistência à saúde, descritos por Arroyo (2007)? 7 A primeira tentativa de avaliar objetivamente a assistência médi- co-hospitalar foi feita por Codman, um cirurgião de Boston, que propôs, pela primeira vez, o conceito de quality of care, colocan- do, já naquela época, o usuário como principal foco da atenção dos profissionais da saúde (ZANON, 2001). A partir de qual ano foi realizada a primeira tentativa de avaliar objetivamente a assis- tência médico-hospitalar por Codman? 8 De acordo com Bowen (1987), a qualidade da assistência médi- co-hospitalar é muito mais do que: apresentar belíssimas instala- ções e equipamentos sofisticados, que impressionem qualquer vi- sitante; ter usuários e colaboradores satisfeitos, manter todos os formulários corretamente preenchidos e, ainda, exibir uma certifi- cação pendurada na parede. O que devemos entender por quali- dade da assistência médico-hospitalar segundo Bowen (1987)? 40 Auditoria para Qualidade ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Finalizamos, agora, nosso primeiro capítulo de estudo sobre a Auditoria para Qualidade. Neste capítulo compreendemos um pouco mais sobre a concepção do campo de conhecimento da qualidade e seu significado. Assim apreendemos que a gestão da qualidade é uma ferramenta estratégica, com foco no usuário e visão sistêmica de todo o negócio na área de saúde. Na sequência, pudemos observar que a inquietude com a qualidade, passou a ser efetivamente foco das organizações, sobretudo desde o início do século XX, entretanto, “as diversas formas pelas quais as empresas planeiam, definem, ob- têm, controlam, melhoram continuamente e demonstram a qualidade, tem sofrido grandes evoluções ao longo dos últimos tempos, respondendo a mudanças políti- cas, económicas e sociais” (MENDES, 2007, p. 12). Mencionamos que William Edwards Deming define a qualidade como um “grau previsível de uniformização e fiabilidade a um custo baixo, adequado às necessidades do mercado” (LOPES, 2014, p. 22). Dissertamos que a gestão da qualidade é definida por Dean e Evans (1994) como uma dedicação conjunta de toda a organização, incluindo colaboradores, fornecedores e clientes, no propósito de ininterruptamente melhorar a qualidade dos produtos, processos e serviços para atender às necessidades e expectati- vas dos clientes/usuários. Os autores definem os atributos básicos da gestão da qualidade como: Foco no cliente; Planejamento estratégico e liderança; Melhoria contínua; e Empowerment e trabalho em equipe. Aprendemos que a qualidade da assistência em saúde é um componente diferenciador no processo de atender às expectativas dos diversos clientes/usu- ários, devendo ser avaliada por um conjunto de fatores que envolvem elementos individuais e coletivos na instituição de conformidades ou adequações pré-esta- belecidas por um grupo social e não exclusivamente em termos técnicos ou da prática específica da assistência (BRASIL, 2002). Por fim, compreendemos que a gestão da qualidade da assistência médico- -hospitalar deve envolver todas as pessoas em todos os níveis organizacionais, desde a alta administração até os profissionais de apoio, no planejamento, medi- ção e controle da assistência aos usuários, visando fornecer a estes uma assis- tência médico-hospitalar livre de falhas e que atenda as expectativas dos usuários (MACINATI, 2008). A partir dos conceitos apreendidos, iremos para o próximo capítulo estabele- cer discussões sobre metodologia de certificação. Até o próximo capítulo! 41 Auditoria Para QualidadeAuditoria Para Qualidade Capítulo 1 REFERÊNCIAS ABRAMED. Gestão da qualidade é importante para assistência segura em saúde. Gestão de Riscos, 2020. Disponível em: https://abramed.org.br/1044/ gestao-da-qualidade-e-importante-para-assistencia-segura-em-saude. Acesso em: 10 jan. 2022. ALÁSTICO, G. P. 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