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4ºAula Avaliação de impacto ambiental Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer a importância da Avaliação de Impactos Ambientais; • compreender os conceitos e a elaboração do EIA/RIMA; • diferenciar e ter análise crítica sobre os diferentes métodos de avaliação de impactos ambientais. A Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente e tem por intuito a realização do controle de impactos negativos gerados por empreendimentos. O EIA/RIMA é considerado um estudo prévio que consta as características do empreendimento, seus possíveis impactos gerados, além das medidas e programas para mitigação, controle e monitoramento. Para avaliar e identificar os impactos ambientais existe métodos que auxiliam os empreendimentos na realização de um estudo prévio. Para escolha da metodologia devem ser avaliados alguns fatores, tais como, a disponibilidade de dados, os requisitos legais dos termos de referência, os recursos técnicos e financeiros e o tempo e as características dos empreendimentos. Leiam com atenção o material e se atentem aos objetivos de aprendizagem desta aula. Bons estudos! Planejamento e Gestão Ambiental 24 Seções de estudo 1 - Avaliação de impacto ambiental 2 - Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) 3 - Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental 1 - Avaliação de impacto ambiental A primeira aplicação de uma política de avaliação de impactos ambientais foi em 1970 nos Estados Unidos através do National Environmental Policy Act (NEPA). O NEPA determinou o controle das atividades federais geradoras de signifi cativo impacto ambiental, através de um estudo prévio incluindo a Avaliação de Impactos Ambientais. Após os Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia, em 1973, e Austrália em 1974, implantaram a Avaliação de Impactos Ambientais dentro das políticas ambientais nacionais. No Brasil, a primeira lei que exigiu um estudo prévio de impactos ambientais foi a 6.803 de 1980 de Zoneamento Industrial, na qual exigia o estudo para implantação e localização de atividades petroquímicas, cloroquímicas, carboquímicas e instalações nucleares. A Política Nacional de Meio Ambiente instituída pela lei 6.938/81 fortifi cou a importância da Avaliação de Impactos Ambientais, a referindo-se como uma ação preventiva de responsabilidade do Estado para atividades potencialmente poluidoras. Somente em 1986, com a Resolução CONAMA nº 001 foi estabelecido às defi nições, responsabilidades, critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental, a referindo como um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente. Segundo o art. 1º, da Resolução CONAMA de 1986, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais Conforme o IBAMA, a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é o processo de análise técnica que subsidia o licenciamento, por meio da análise sistemática dos impactos ambientais decorrentes de atividades ou empreendimentos. O Instrumento de Avaliação de Impacto Ambiental deve ser elaborado para qualquer empreendimento que possa acarretar danos ou impactos ambientais futuros, sendo executado antes da instalação do empreendimento. Com este enfoque, tem sido utilizado principalmente nos seguintes empreendimentos: minerações, hidrelétricas, rodovias, aterros sanitários, oleodutos, indústrias, estações de tratamento de esgoto e loteamentos (BITAR & ORTEGA, 1998). A Avaliação de Impactos Ambientais dentro do processo de licenciamento ambiental é requerida na licença prévia, ou seja, antes da construção e instalação do empreendimento deve ser realizado o estudo de todos impactos ambientais que ele pode vir a gerar em um determinado local, assim o órgão público responsável possui a tomada de decisão referente à aprovação da licença. Segundo Sanchez (1995) a Avaliação de Impacto Ambiental (Aia) deve ser compreendida como instrumento de planejamento, isto é, como uma atividade técnico-científi ca que tem por fi nalidade identifi car, prever e interpretar os efeitos de uma determinada ação humana sobre o ambiente. Ao mesmo tempo, para Verdum & Medeiros (2006), a Aia pode ser considerada como procedimento que se insere no âmbito das políticas públicas, e é caracterizada por um conjunto de procedimentos que englobam: • a seleção de ações ou projetos que devem ser submetidos à Aia; • a elaboração de termos de referência (Tr); • a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (Eia) e o consequente Relatório de Impacto Ambiental (Rima); • a revisão técnica do Eia/Rima realizada pelo órgão ambiental; • a Audiência Pública; • a decisão quanto à aprovação do empreendimento; • o plano de monitoramento e • as auditorias ambientais periódicas. Em termo de classifi cação de impacto ambiental, é importante ressaltar que ele somente envolve os impactos gerados por ações antrópicas. Por exemplo, o desatamento para utilização de áreas fl orestais para pecuária, a contaminação de rios por efl uentes domésticos ou industriais, a poluição atmosférica de determinadas indústrias, são fatores gerados por ações antrópicas, então podem ser classifi cados como impactos ambientais. O impacto ambiental é qualquer alteração nos meios físicos, químicos e biológicos gerado por ação antrópica, e existem vários tipos de impactos no meio ambiente, como apresentados no Quadro 1. O impacto nem sempre traz malefícios para o meio ambiente, um exemplo que podemos citar é o extrativismo que gera um impacto positivo para determinada região, pois ele auxilia na proteção e manejo de fl orestas, além de gerar empregos para a comunidade. Quadro 1. Tipos de impactos ambientais. IMPACTO CARACTERÍSTICA Positivo ou benéfi co Quando a ação resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parâmetro ambiental. Negativo ou adverso Quando a ação resulta em um dano à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental. Indireto Resultante de uma reação secundária, ou quando é parte de uma cadeia de reações. Regional Quando a ação se faz sentir além das imediações do sítio. 25 Local Quando a ação afeta o próprio sítio e suas imediações. Direto Resultado da simples ação causa e efeito. Estratégico Quando a ação tem relevância no âmbito regional e nacional. A médio e longo prazo Quando os efeitos da ação são verifi cados posteriormente. Temporário Quando o feito da ação tem duração determinada. Permanente Quando o impacto não pode ser revertido. Cíclico Quando os efeitos se manifestam em intervalos de tempo determinados. Reversível Quando cessada a ação, o ambiente volta à sua forma original. Fonte: <http://www.mabnacional.org.br/glossario/estudo-impacto-ambiental>. Adaptado pelo autor. Acesso em: 30 mar. 2019. 2 - Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) De acordo com a Constituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo obrigação do Poder Público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo. De acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impactos Ambientais são importantes instrumentos que auxiliam na preservação do meio ambiente. O EIA/RIMA nada mais é que um estudo multidisciplinar, preliminar, de caráter protetivo, que tem por objetivos principais: 1. Diagnosticar o ambiente (características físicas, biológicas e socioeconômicas) no qual um determinado empreendimento esta inserido; 2. Realizar o estudo de todos os possíveis impactos ambientaisque o mesmo pode gerar; 3. Buscar alternativas para não geração de impactos negativos ou defi nir ações de mitigação e compensação de impactos negativos; 4. Criar programas de monitoramento para avaliar se as ações de mitigação e compensação estão funcionando de acordo, e buscar aprimorar cada vez mais o sistema, buscando tecnologias e soluções ambientalmente corretas. A RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001/86 defi ne que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é o conjunto de estudos realizados por especialistas de diversas áreas, com dados técnicos detalhados. O acesso a ele é restrito, em respeito ao sigilo industrial. No artigo 6° dessa resolução defi ne que o EIA desenvolverá as seguintes atividades técnicas: I – Diagnóstico ambiental da área de infl uência do projeto completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a. o meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografi a, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b. o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a fl ora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científi co e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c. o meio socioeconômico – o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identifi cação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéfi cos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. III – Defi nição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a efi ciência de cada uma delas. IV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados). Disponível em: <egema.com.br/meio-ambiente/eia-rima-eiv/> . Acesso em: 06 de maio de 2019. O EIA/RIMA somente é realizado em empreendimentos geradores de impactos negativos potenciais, quem defi ne os empreendimentos que necessitam da realização do estudo é a Resolução CONAMA 001 de 1986. Segue no quadro 2 todas as atividades que necessitam do estudo. Quadro 2. Empreendimentos que necessitam da elaboração do EIA/RIMA de acordo com a Resolução CONAMA 001 de 1986. • Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; • Ferrovias; • Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; • Aeroportos, conforme defi nidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; • Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; • Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; • Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fi ns hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retifi cação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; • Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); • Extração de minério, inclusive os da classe II, defi nidas no Código de Mineração; • Aterros sanitários, processamento e destino fi nal de resíduos tóxicos ou perigosos; • Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; • Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de Planejamento e Gestão Ambiental 26 álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); • Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; • Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas signifi cativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; • Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; • Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia. Disponível em: <www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=8902> Acesso em: 06 de maio de 2019. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é realizado por uma equipe multidisciplinar e pode ser considerado um documento interno das atividades, pois consta de possíveis informações confi denciais das empresas. O EIA é um documento que possui linguagem técnica, e explica detalhadamente todas as operações do empreendimento com seus possíveis impactos gerados, além das medidas de programas para mitigação, controle e monitoramento. Segundo Fornasari Filho & Bitar (1995), o EIA na Legislação Federal segue os seguintes termos, apresentados aqui de forma sintetizada: • É referente a um projeto específi co a ser implantado em determinada área ou meio; • Trata-se de um estudo prévio, ou seja, serve de instrumento de planejamento e subsídio à tomada de decisões políticas na implantação da obra; • É interdisciplinar; • Deve levar em conta os segmentos básicos do meio ambiente (meios físico, biológico e socioeconômico); • Deve seguir um roteiro que contenha as seguintes etapas: Diagnóstico ambiental da área de infl uência do projeto; Avaliação de impacto ambiental (AIA); Medidas mitigadoras, e; Programa de monitoramento dos impactos. O Relatório de Impactos Ambiental (RIMA) nada mais é que um resumo do EIA, apresentando todas as informações de forma simples e objetiva, para toda população ter acesso e compreender os impactos que determinada atividade gera no ambiente. O RIMA utiliza imagens e gráfi cos para facilitar a compreensão do público. Ambos os documentos, o EIA e o RIMA, são realizados na licença prévia, e devem ser entreguem ao órgão público para análise da atividade. A resolução CONAMA n.º 009, de 03 de dezembro de 1987, estabelece que o RIMA deve ser apresentado a comunidade através de Audiência públicas, que tem por fi nalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito. Assim, segundo art. 2 da mesma resolução, sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de audiência pública. Figura 1. Diferenças básicas entre o EIA e o RIMA.. Fonte: Elaborado pelo Autor Para realização do EIA/RIMA deve-se seguir alguns passos, como apresentado na Figura 2. 1. Conter as informações gerais dos responsáveis e do empreendimento; 2. Necessitam da caracterização da atividade realizada pelo empreendimento, detalhando os processos de produção e/ou produtos produzidos; 3. Deve-se mapear a área de infl uência analisando todos os setores ambientais e sociais; 4. O diagnóstico ambiental deve ser completo, contendo aspectos, características, diversidades, abordando a fauna, fl ora, solo, lençol freático e corpos hídricos, e sociais; 5. De acordo com o diagnóstico ambiental e com as características do empreendimento, deve ser realizada a avaliação de impactos ambientais, para essa analise pode-se utilizar diversos métodos, que conheceremos na Seção 3 desta aula; 6. Após conhecer os impactosnegativos gerados deve- se elaborar medidas mitigadora para cada um deles, diminuindo assim os possíveis danos ambientais. 7. Programas de monitoramento são elaborados para o controle e melhorias nas medidas de controle e mitigatórias, pensando sempre em melhoras contínuas. Figura 2. Diretrizes para elaboração do EIA/RIMA. Disponível em:<http://meioambientetecnico.blogspot.com/2012/01/eia-rima. html>. Acesso em: 15 mar.2019. 3 - Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental A Avaliação de Impactos Ambientais é necessária para realização do EIA/RIMA, e ela pode ser elaborada com o auxílio de metodologias preestabelecidas. A escolha da metodologia aplicada caso a caso dependerá de vários fatores, 27 tais como, a disponibilidade de dados, os requisitos legais dos termos de referência, os recursos técnicos e financeiros e o tempo e as características dos empreendimentos. Podemos citar os principais métodos utilizados: 1. Ad Hoc; 2. Checklist; 3. Matrizes de Interação; 4. Redes de Interação; 5. Superposição de Cartas; 6. Modelos de Simulação. 3.1 Ad Hoc Neste método são promovidas reuniões com a participação de especialistas, os quais possuem conhecimento teórico e prático associados à temática em questão (BRAGA et al., 2005). Os impactos são identificados normalmente via brainstorming (uma atividade recreativa, semiestruturada do grupo), e apresentados por meio de tabelas ou matrizes. O método é adequado às situações com escassez de dados e quando a avaliação deve ser disponibilizada em um curto espaço de tempo (CARVALHO e LIMA, 2010). Pode ser considerado como um método indicado para uma análise prévia dos impactos prováveis de um projeto, sendo útil na definição da melhor alternativa a ser adotada. Vantagens: • Possibilidade de estimativa rápida da evolução de impactos de forma organizada; • Realizado em curto espaço de tempo; • Proporciona menores gastos; • Facilmente compreensível pelo público em geral. Desvantagens: • Possui grande subjetividade já que se baseia na opinião e julgamento humano; • Alto risco à tendenciosidade no momento de avaliação dos impactos; • Dificuldade de examinar todos os impactos. 3.2 Checklist São relações padronizadas de fatores ambientais, que permitem detectar os impactos provocados por projetos específicos, assim podem-se utilizar diversas listas de acordo com a natureza da atividade. Os checklists costumam ser apresentados em forma de questionário a ser preenchido, visando direcionar a avaliação. A finalidade das listagens é a padronização dos prováveis impactos para a utilização por determinados tipos de empreendimentos (BRAGA et. al., 2005). As listagens possuem variantes, são elas: Listagem Descritiva, que relaciona ação e atributos do ambiente que podem sofrer alteração; Listagem Comparativa, na qual é adicionada a relevância do impacto, ou seja, o nível de significância, por meio de letras ou números; Listagem em Questionário, este leva em consideração a interdependência dos impactos; Listagem Ponderal (Método Battelle), no qual a cada parâmetro ambiental é atribuído um peso. Vantagens: • Simplicidade de aplicação; • Número reduzido de dados necessários; • Identificação e enumeração dos impactos; • Serve de guia para o levantamento de dados e informações. Desvantagens: • Não permite projeções e previsões – avaliação qualitativa e não quantitativa; • Não permite identificar impactos de segunda ordem; • Não considera relações de causa e efeito. 3.3 Matrizes de Interação As matrizes de interação tem por objetivo a identificação das possíveis interações entre os componentes do projeto e os elementos do meio e são voltado para projetos com impactos que estendem-se por amplas extensões, daí sua inespecificidade para casos de projetos urbanos (BRAGA et al, 2005). Elas possuem a estrutura formada por uma coluna na qual ficam elencadas as ações com alta propensão à modificação do ambiente, e por linhas que contêm os elementos do sistema ambiental, o resultado é obtido pela interação entre as ações e os elementos do meio (SANCHEZ, 2006). Uma das primeiras ferramentas no formato de matrizes foi nomeada como Matriz de Leopold, sendo elaborada em 1971 para o Serviço Geológico do Interior dos EUA, com o intuito de avaliação de impactos associados a quase todos os tipos de implantação de projetos. Segundo Leopold et al. (1971), o método precisa ter as seguintes características: • Estabelecer uma escala que varia de 1 a 10, a magnitude e importância de cada impacto, identificando-o como positivo ou negativo. • Considerar a valoração da magnitude relativamente objetiva ou empírica, pois se refere ao grau de alteração provocado pela ação sobre o fato ambiental. • Assegurar que a pontuação da importância seja subjetiva ou normativa, uma vez que envolve atribuição de peso relativo ao fator afetado no âmbito do projeto. Vantagens: • Fácil compreensão do público em geral; • Aborda fatores biofísicos e sociais; • Acomoda dados qualitativos e quantitativos; • Fornece boa orientação para a realização de estudos e introduz a multidisciplinaridade. Desvantagens: • Não há uma exibição clara da base matemática utilizada nos cálculos das escalas de pontuação de importância e magnitude; • Baixa eficiência na avaliação de impactos indiretos; • Não apresenta as características temporais e a dinâmica dos sistemas. 3.4 Redes de Interação As Redes de Interação tem por objetivo orientar as Planejamento e Gestão Ambiental 28 medidas propostas para o gerenciamento dos impactos identifi cados, recomendando medidas mitigadoras, que podem ser aplicadas desde o momento de efetivação das ações causadas pelo empreendimento, além de propor programas de manejo, monitoramento e controle ambientais. São apresentadas através de gráfi cos ou diagramas, permitindo traçar o conjunto de ações que o causaram direta e indiretamente, estabelecendo uma sequência de impactos ambientais desencadeados por uma determinada ação, além de permite avaliar medidas mitigadoras. Vantagens: • Evidenciam os impactos indiretos; • Permite boa visualização de impactos secundários e demais ordens, sobretudo, quando computadorizadas, e a possibilidade de introdução de parâmetros probabilísticos, mostrando tendências. Desvantagens: • Não detectam a importância relativa dos impactos, os aspectos temporais e espaciais e a dinâmica dos sistemas. 3.5 Superposição de Cartas A metodologia de superposição de cartas consiste na montagem de uma série de mapas temáticos, esses mapas auxiliam em atividades que são relacionadas ao uso do solo, cobertura vegetal, recursos hídricos, delimitação da área de infl uência, entre outros. Como resultados tem-se a verifi cação de regiões de maior fragilidade a impactos ambientais. Essa metodologia é adequada para realização de diagnósticos e defi nições de áreas para implantação de determinadas atividades, além do planejamento territorial. A superposição de cartas também pode ser utilizada para reconhecer e proteger áreas de mananciais, e auxiliar no processo de expansão urbana. Vantagens: • Simples, rápida e com precisão superior aos métodos anteriores; • Apresenta visualização espacial e geográfi ca dos fatores ambientais, tal como da extensão dos impactos e proporciona fácil comparação de alternativas. Desvantagens: • Subjetividade dos resultados; • Limitação na quantifi cação dos impactos; • Difícil integração de impactos socioeconômicos; • Não considera a dinâmica dos sistemas ambientais; • Alto custo; • Não avalie a magnitude do impacto. 3.6 Modelos de Simulação O método de modelos de simulação busca a representação e funcionamento do sistema ambiental e sua interação com os meios biológicos, físicos e socioeconômicos. O método é utilizado para diversas atividades se destacando no âmbito da autodepuração de recursos hídricos e na dispersão de poluentes atmosféricos. Nos modelos de simulação pode ser caracterizado oestado ambiental antes e depois da ação humana (BRAGA et. al., 2005). Vantagens: • Possibilita o estudo das relações entre fatores físicos, biológicos e socioeconômicos; • Auxilia a tomada de decisão através de indicadores e tendências; • Método mais moderno em termos AIA, sendo usado para diagnósticos e prognósticos da qualidade ambiental. Desvantagens: • Exige dados e operadores capacitados; • Alto custo; • Exige equipamentos específi cos; • Representação imperfeita de qualidade ambiental; • Possibilidade de induzir o processo decisório. Retomando a aula Ao fi nal desta quarta aula, vamos recordar o que aprendemos até aqui. 1 - Avaliação de Impacto Ambiental A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é o processo de análise técnica que subsidia o licenciamento, por meio da análise sistemática dos impactos ambientais decorrentes de atividades ou empreendimentos. Ele deve ser elaborado para qualquer empreendimento que possa acarretar danos ou impactos ambientais futuros, sendo executado antes da instalação do empreendimento. 2 - Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é realizado por uma equipe multidisciplinar e pode ser considerado um documento interno dos empreendimentos, pois consta de possíveis informações confidenciais das empresas. O EIA é um documento que possui linguagem técnica, e explica detalhadamente todas as operações do empreendimento com seus possíveis impactos gerados, além das medidas de programas para mitigação, controle e monitoramento. O Relatório de Impactos Ambiental (RIMA) nada mais é que um resumo do EIA, apresentando todas as informações de forma simples e objetiva, para toda população ter acesso e compreender os impactos que determinada atividade gera no ambiente. O RIMA utiliza imagens e gráficos para facilitar a compreensão do público. 3 - Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental A Avaliação de Impactos Ambientais é necessária para realização do EIA/RIMA, e ela pode ser elaborada com o auxílio de metodologias preestabelecidas. A escolha da 29 metodologia aplicada caso a caso dependerá de vários fatores, tais como, a disponibilidade de dados, os requisitos legais dos termos de referência, os recursos técnicos e financeiros e o tempo e as características dos empreendimentos. Podemos citar os principais métodos utilizados: Ad Hoc, Checklist, Matrizes de Interação, Redes de Interação, Superposição de Cartas e Modelos de Simulação. Avaliação de impacto ambiental na legislação brasileira. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n2/ a10v35n2> Avaliação de impacto ambiental: caminhos para o fortalecimento do Licenciamento Ambiental Federal: Sumário Executivo/Diretoria de Licenciamento Ambiental – Brasília: Ibama, 2016 Disponível em: <.https://www. ibama.gov.br/phocadownload/noticias/noticias2016/ resumo_executivo.pdf> Metodologias de avaliação de impacto ambiental: aplicações e seus limites. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv. br/ojs/index.php/rap/article/viewFile/8812/7568>. Vale a pena ler RIMA da duplicação da BR-070: Disponível em: < http://www.dnit.gov.br/download/meio-ambiente/acoes- e-atividades/estudos-ambientais/rima-aguaslindas-final. pdf> RIMA aproveitamento hidrelétrico belo monte: Disponível em: <http://restrito.norteenergiasa.com.br/ site/wp-content/uploads/2011/04/NE.Rima_.pdf> Vale a pena acessar Vale a pena Minhas anotações