Buscar

ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL - síntese

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
Autorização Decreto nº 9237/86. DOU 18/07/96. Reconhecimento: Portaria 909/95, DOU 01/08-95 
 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 
CAMPUS XII – GUANAMBI 
COLEGIADO DE PEDAGOGIA 
Gestão Educacional – Profa. Aline Oliveira Ramos 
 
 
Síntese 1 
 
Capítulo IV 
 
Título: ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
 A transformação social se dá na construção de competências da equipe de gestão junto à sociedade e a 
democratização da escola depende do envolvimento de todos: pais, alunos, funcionários e o administrador 
escolar. Para que isto aconteça, o olhar do administrador deve está no outro, para compreendê-lo, ouvi-lo, 
provendo ações para que a comunidade caminhe numa ação transformadora. A direção para ser democrática 
precisa ser coletiva, porque o domínio do outro é a forma autoritária de administrar, que é uma característica 
que não deve existir no gestor escolar. Enquanto que, para o aluno é necessário que proporcione condições 
que ele aprenda, porém, ele tem o direito de escolher se irá aprender ou não. Nesse viés não é fácil ser um 
facilitador do aprender, mas essa é maneira correta de ser democrático e este aluno não é uma matéria prima 
para ser industrializada. Porquanto, no mesmo tempo que ele é transformado também transforma o meio, 
nesse sentido, o professor e o aluno crescem juntos neste processo transformador. 
 
 
 
Palavras-chave: Administração. Aluno. Educação. Capitalista. Docente. Transformador. 
 
 
 
Desenvolvimento: 
 
 Nesse capítulo Paro (2010), traz que os trabalhos teóricos sobre Educação Escolar, publicados no 
Brasil, têm a presunção de que na escola deve utilizar o modelo da administração capitalista. Dessa forma, 
ela é chamada de administração geral que tem uma validade universal e é especificamente capitalista. No 
entanto, uma característica da escola está no seu caráter de instituição, como prestadora de serviços, que lida 
diretamente com o elemento humano. Ainda com outro diferencial, que o aluno não só é beneficiado dos 
serviços que presta, mas também participante de sua elaboração, o educador não pode restringir-se a 
condição de consumidor, pois no processo pedagógico legítimo, o professor além de estar presente, participa 
também das atividades que são desenvolvidas no ambiente estudantil. Portanto, este é um ato que precisa de 
ser produzido com afetividade e com a compreensão do que está sendo feito para o bem comum e coletivo. 
 
 Na sociedade capitalista a administração, “que é o proprietário,” compra a força trabalhista para obter 
lucros. Todavia, a escola não funciona da mesma forma da empresa, que fabrica um determinado objeto para 
 
1 Edna Barbosa dos Santos Pereira – 6ª semestre noturno. 
 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
Autorização Decreto nº 9237/86. DOU 18/07/96. Reconhecimento: Portaria 909/95, DOU 01/08-95 
 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 
CAMPUS XII – GUANAMBI 
COLEGIADO DE PEDAGOGIA 
Gestão Educacional – Profa. Aline Oliveira Ramos 
seus lucros, a escola não esta preocupada com esse lucro porque, o maior interesse dela é modificar a 
sociedade. Sabe-se que essa mudança é na sua forma de pensar, do cuidar e no respeitar os direitos do outro 
para o crescimento e bem estar desse indivíduo, também na função do aprender do ser humano, no modular 
do caráter desse sujeito e ainda no sentido completo dá sua singularidade e especificidade de opinar, decidir e 
criar seus saberes culturais e sociais no meio em que vive, sendo esse sujeito o próprio autor dessa 
transformação. 
 
 Nesse sentido, é necessário considerar à peculiaridade dos objetos da organização escolar, enquanto, 
as empresas visam a produção geral de um determinado serviço, a escola visa fins de difícil identificação e 
mensuração. O ato de dar aula não é separado da produção e não é também separada do consumo. Dessa 
forma, a aula é produzida e consumida no mesmo tempo. Mas, no que se refere à necessidade, cada escola 
carrega um diferencial, por estar localizada em diferentes pontos da cidade e ter um corpo discente com suas 
singularidades e particularidades que carrega nas suas vivências realidades diferentes. 
 
 Entretanto, essas observações não mostram o que é a realidade perceptível da força dominante, que 
não apresenta interesse no real desenvolvimento da educação escolar. Jugando os centros escalares sob o 
mesmo ponto de vista, é visível que o estado não tem tido interesse em priorizar a educação pública, nem de 
buscar compreender qual é a realidade de cada comunidade escolar. A pouca verba passada com um 
cronograma e cartilha de orientação para compra de materiais escolares, é distribuída sem que haja uma 
escuta dos gestores destas instituições e os benefícios são passados de formas iguais, a todas as escolas, não 
levando em conta esses pontos particulares de necessidade de cada escola e de cada educando. 
 
De certo, o que se observa, nas escolas de ensino fundamental e médio é o controle capitalista e o 
gerenciamento do trabalho alheio, embora, os níveis de posição fossem necessários para que as normas 
possam ser estabelecidas. Salienta-se ainda, nesse paradigma que o professor esforça nas suas ações 
profissionais demasiadamente para conseguir atender as classes superlotadas e ainda, por o seu baixo salário 
se vê obrigado a submeter a um excesso de carga horária. De modo que, muitas vezes trabalha em até três 
turnos em diferentes escolas, contudo, essa triste realidade é o resultado de profissionais frustrados, o qual 
gera uma desqualificação do educador escolar. 
 
 Na medida em que, a classe dominante do poder político e econômico generaliza os trabalhadores e o 
Estado e não prioriza a educação, o resultado é um ensino de baixa qualidade. Uma vez que, a escola se 
encurva diante dos interesses do capitalismo o que tende a cooperar para o contrassenso social, de forma que 
não leva em conta seu verdadeiro papel de ser transformadora da sociedade. Nesse viés, a Administração 
Escolar, na busca das práticas administravas, precisa trilhar nos métodos que a ela compete e para que isso 
aconteça, deve-se examinar a própria especificidade do exercício de trabalho. Porquanto, faz-se necessário 
que o administrador escolar conheça suas funções no processo de administrar, sendo que, a experiência é o 
diferencial que fundamentará seu trabalho, de maneira que, se ele é um bom professor também será um bom 
administrador. 
 
 Dessa forma, fica evidente que a administração escolar não é igual a uma administração de uma 
indústria. De certo, nela há especificações bastante precisas a respeito do objeto de trabalho, onde se podem 
conseguir no mercado proveniente a essas especificações, de modo que, é por meio da matéria prima que 
obterá o outro produto. No caso da escola, embora o aluno tenha características desejáveis para que tenha 
êxito ao processo educacional, não é possível exigir que todos tenham o mesmo aprendizado, pelo fato que 
cada um aprende de acordo com o meio em que vive a partir de suas culturas e particularidades. 
 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
Autorização Decreto nº 9237/86. DOU 18/07/96. Reconhecimento: Portaria 909/95, DOU 01/08-95 
 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 
CAMPUS XII – GUANAMBI 
COLEGIADO DE PEDAGOGIA 
Gestão Educacional – Profa. Aline Oliveira Ramos 
 
 Isso é a real diferenciação do ato de produção que acontece com a indústria na qual, se pode escolher 
a matéria prima para ser moldado de acordo o seu projeto. Mas, com aluno é diferente, ele como um ser 
pensante é o agente do seu viver. No entanto, a administração escolar é baseada na preocupação do cuidar de 
todos envolvidos nesse engajamento, não é controlar o trabalho dos outros delegando suas tarefas e dominar 
esse outro. A gestão escolar está para muito além do controlar, ela está na cooperação da mediação e na 
relação com todos que estão nesse meioeducativo. 
 
 Nesse sentido, é preciso, tomar cuidado para não acolher como verdadeiro aquilo que a ideologia 
dominante prega como interesse das camadas superiores e também é preciso saber diferenciar entre os 
interesses da classe e os pessoais. Mesmo que a sociedade dominada é maior que a dominante, a dominada 
raramente terá voz ativa, até em uma causa de emergência. Nesse contexto, a classe dominada tem sua voz 
abafada e sua boca amordaçada nos discursos do autoritarismo sem respeito ao mais frágil. A realidade é que 
em muitos momentos o capital é a voz mais ouvida, a classe dominada é massacrada por esse gigante que 
grita sem ter ninguém com força suficiente para calá-lo. 
 
 É nessa esfera que a Administração Escolar precisa estar comovida com os interesses da classe 
trabalhadora, que é na sua maioria pais dos estudantes que compõem o corpo estudantil. Faz-se necessário, 
criar meios para que a comunidade escolar escute e compreenda as propostas da classe trabalhadora. Fica 
evidente, que a Administração Escolar comprometida com a transformação social deverá estar, 
conscientemente, procurando meios que corroborem os interesses dessa classe. 
 
 Na escola o educador não produz um produto, porque o aluno não é um objeto que é transformado 
sem sua própria ação, ele tem o poder de escolher se irá aprender ou não. Desse modo, o gestor 
administrativo escolar não é um gerente de indústria, o trabalho do gestor é uma ação coletiva e democrática 
como prega a própria pedagogia, assim o poder político não deve ter autonomia para escolher o gestor 
educativo, mas, esse poder de escolha deve ser dado à comunidade escolar junto aos pais e estudantes que já 
tenham a maturidade para essa ação. 
 
 
Conclusões: 
 
 Exercer um papel democrático na escola não é uma tarefa fácil, devido à existência de diferentes 
interesses das pessoas envolvidas. Certamente, é na busca de implantar práticas democráticas de coordenação 
baseada na coletividade humanitária que se pode combater à tendência imobilista, de forma que, essa ação 
resultará em uma administração que consiga trabalhar com as contradições existentes dentro e fora da escola. 
A partir desse plano de ação, deverá ser preconizada a união e o esforço mútuo de funcionários, professores, 
pessoal técnico-pedagógico, alunos e pais. 
 
A democracia só existirá quando houver a contribuição de todos na instância coletiva de participação, 
portanto, a administração se configura como mediação. É diante disso, que esse processo de administração 
terá que utilizar métodos para que o aluno, o objeto que é transformado no processo de produção, aprenda no 
processo pedagógico os passos para viver dignamente como um transformador da sociedade em que vive. 
Portanto, é no processo de participação coletiva que está a base pertinente na instauração de uma 
administração democrática, que vai desde o respeito a todas as classes, às diversidades existentes na 
 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
Autorização Decreto nº 9237/86. DOU 18/07/96. Reconhecimento: Portaria 909/95, DOU 01/08-95 
 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 
CAMPUS XII – GUANAMBI 
COLEGIADO DE PEDAGOGIA 
Gestão Educacional – Profa. Aline Oliveira Ramos 
sociedade, até seus posicionamentos divergentes. Dessa maneira, toda gestão é uma mediação, que precisa ter 
ouvidos sensíveis a necessidade da comunidade. 
 
Por conseguinte, a escola como lugar que se produz o ser humano, a partir de vivências e culturas 
diferentes, essa aceitação e respeito precisa estar evidenciada nas práticas educativas e conscientes. Sob esse 
prisma, para que uma administração ocorra de forma excelente, o coordenador precisa se envolver nesse 
meio que é a sociedade, no sentido de ouvir, perceber a necessidade da família do aluno e a necessidade 
intelectual das pessoas que compõe o bairro da escola. Nesse sentido, a excelência da capacidade 
administrativa, está na capacidade de conviver com o outro democraticamente. Dessa maneira, o papel da 
escola é proporcionar meios para que o aluno cresça intelectualmente e humanamente como sujeito pensante, 
capaz de apropriar da cultura a ele apresentada de forma crítica e construtora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
Autorização Decreto nº 9237/86. DOU 18/07/96. Reconhecimento: Portaria 909/95, DOU 01/08-95 
 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 
CAMPUS XII – GUANAMBI 
COLEGIADO DE PEDAGOGIA 
Gestão Educacional – Profa. Aline Oliveira Ramos 
 
PARO, Vitor Henrique. Administração escolar e transformação social. In: ADMINISTRAÇÃO escolar: 
introdução crítica. 16ª. ed. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro, 2010. cap. IV, p. 185-263. ISBN 976-85-
249-1611-3.

Continue navegando

Outros materiais