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1 Natasha Ferreira ATM25 TIREOIDE ANATOMIA E FISIOLOGIA Peso glandular: 15-20g • Glândula única, com 2 lobos unidos pelo istmo − Maior em homens • Tendência a aumento do tamanho (e TSH) proporcional a idade e peso • Redução com a ingesta de iodo Unidade funcional: Folículo tireoideano • No qual encontra-se o coloide (armazenamento de tireoglobulina e hormônios) • É ricamente irrigada por capilares, para que a secreção seja absorvida a partir do epitélio e passe para o sangue Tireoglobulina: • Principal proteína da tireoide • Veículo para estocagem hormonal (2- 3meses) • Matriz para a síntese de T3 e T4 Iodo • Fundamental para o funcionamento normal da glândula • É ingerido na alimentação na forma de iodeto • No Brasil e em grande parte dos países, é lei o sal ser iodado (desde 1953) • Ingesta diária recomendada de iodo: − Adultos: 150mcg − Grávidas: 200mcg − Crianças: 90-120mcg Obs: É importante destacar que há inúmeros medicamentos que possuem alta quantidade de iodo em sua composição. Em vista disso, deve-se ficar atento aos medicamentos utilizados pelo paciente e também com relação a prescrição. • Ex: cp de Amidarona tem 75mg de iodo • Ex: Solução de lugol tem 6mg/gota Adaptação fisiológica ao Iodo: Efeito do Wolff-Chaikoff • Exposição súbita a excesso de iodo (para de captar iodo) • Inibição da biossíntese hormonal: mecanismo fisiológico de proteção a flutuações por curto tempo da ingesta de iodo • Se o excesso da ingesta for contínuo, as ações inibitórias são transitórias: escape em 2-4 semanas • Incapacidade de escape pode ocorrer em pessoas com tireoidite autoimune ou predisposição hipotireoidismo • Em situações específicas, como em pré- operatórios de cirurgias tireoidianas de grande bócio, é usado este efeito dando altas doses de iodo para o paciente, com o intuito de diminuir o tamanho da tireoide e sua vascularização (não é iodo radiotivo) 2 Natasha Ferreira ATM25 Efeito de Jod-Basedow • Contrário • Aumento da biossíntese hormonal secundário a exposição de excesso de iodo • Hipertireoidismo pode ocorrer em pessoas com bócio multinodular, doença de graves latente, moradores de regiões endêmicas e raramente em pessoas com glândula aparentemente normal para de captar iodo (está sedento por iodo, então capta tudo) SÍNTESE DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS ❶ A captação e transporte de iodeto do sangue para as células e folículos a tireoide ocorre pela bomba sódio-iodeto Regulada pelo TSH, o qual estimula a bomba ❷ Após isso, ocorre a oxidação do Iodeto em Iodo pela enzima Peroxidase ❸ Ocorre então a ligação do Iodo ao aminoácido tirosina da tireoglobulina (organificação da Tg) através da enzima Peroxidase Tireoidiana ❹ Ocorre então a proteólise da tireoglobulina e então liberação desses hormônios na corrente sanguínea. Obs: Esses hormônios se ligam a proteínas plasmáticas HORMÔNIOS TIREOIDIANOS 100% do T4 é formado pela tireoide 20% do T3 provém diretamente da tireoide • Isso ocorre pois, o T3 é 4-10x mais potente (formado na periferia) • Tem uma meia vida mais curta (por isso não é utilizado no hipotireoidismo) • Maior afinidade pelo receptor (ação) • 80% é formado por desiodação periférica do T4 (deiodinases) Existem 3 tipos de Deiodinases (D1, D2 e D3) • Regulação da ação dos hormônios • T4 em T3 (D1 e D2) • T4 em T3 reverso (D3): metabolicamente inativo − mecanismo de proteção como na placenta Ligação a proteínas plasmáticas • Proteína chamada globulina ligadora de Tiroxina (TBG) – na sua maioria • Albumina e transtirretina • A maioria dos hormônios tireoidianos circulam ligados as proteínas plasmáticas, apenas 0,004% do T4 e 0,4% do T3 circulam na forma livre (metabolicamente ativa) • Devido a essas ligações, eles são liberados de forma lenta para os tecidos, T3 em 1 dia, T4 em até 6 dias. Após entrar na célula, ligam-se novamente as proteínas intracelulares e são novamente armazenados. Em média, esses hormônios levam 3 dias para terem efeitos fisiológicos, tendo seu pico em 15 dias. 1. Tirosina + I = Monoiodotirosina (MIT) 2. Monoiodotirosina + I = Di-iodotirosina (DIT) DIT+DIT = Tiroxina (T4) – 93% MIT+DIT = Triiodotironina (T3) – 7% DIT+ MIT= T3reverso 3 Natasha Ferreira ATM25 AÇÃO DOS HORMÔNIOS TESTE DE FUNÇÃO TIRE OIDIANA TSH • Principal teste • Teste de triagem. É o método mais sensível • Produzido pela hipófise e alterado por pequenas variações de T3 e T4. T4 Livre • É detectado a fração do T4 não ligado a proteínas • Cerca de 0,004% do T4 total T4 Total • Principal hormônio da tireoide • Fração ligada a proteínas T3 Total • Semelhante ao T4 total, útil na avaliação do hipertireoidismo • T3 livre não é dosado ALTERAÇÃO DA TBG 4 Natasha Ferreira ATM25 HIPOTIREOIDISMO Síndrome clínica resultante da produção ou ação deficiente dos hormônios tireoidianos Patologia comum. Mais comum em mulheres Idade superior a 65 anos: Prevalência 6% em mulheres e 2% dos homens Lentificação de todos os processos metabólicos do corpo Pode levar a um ganho ponderal, mas não pelo hipotireoidismo em si Hipotireoidismo primário 95% dos casos - Ocorre falência tireoidiana 90% destes casos são causados pela Tireoidite de Hashimoto (etiologia mais frequente) • Doença autoimune • Cursa com Bócio • Pode cursar também com atrofia tireoidiana idiopática (estágio final de alguma doença autoimune, como Graves não tratado por anos, por ex) • Hipotireoidismo Neonatal (transmissão de anticorpos bloqueadores do TSH-R advindos da mãe) Outros 10% dos casos podem ser por: • Tireoidite subaguda, silenciosa e pós- parto • Deficiência de iodo • Terapia com iodo radioativo (I¹³¹) e tireoidectomia • Doenças infiltrativas (ex: Tireoidite de Riedel) • Drogas (lítio, interferon, amiodarona, contrastes radiológicos) • Hipotireoidismo congênito: problema de formação da glândula (ectopia, agenesia, hipoplasia e disormoniogênese) Hipotireoidismo central 5% dos casos Hipotireoidismo secundário (hipófise) • Hipopituitarismo por adenoma • Cirurgia hipofisiária, radioterapia, trauma • Doenças infiltrativas hipofisiárias • Síndrome de Sheehan (necrose hipofisiária pós-parto) Hipotireoidismo Terciário (hipotálamo) • Disfunção hipotalâmica (raro) • Resistencia periférica aos hormónios tireoidianos • Muito raro (cerca de 1000 casos descritos) Resistencia periférica aos hormónios tireoidianos • Muito raro (cerca de 1000 casos descritos) QUADRO LÍNICO Cardiovascular • Bradicardia • ECG com baixa voltagem • Redução da força de contração • Cardiomegalia e derrame pericárdico • Edema intersticial por acúmulo de glucosaminoglicanos e redução do metabolismo basal • Risco aumentado de DAC • Resistência vascular periférica (elevação da PA diastólica e HAS convergente – 150/110) 5 Natasha Ferreira ATM25 Perfil lipídico • Dislipidemia (elevação do CT, LDL e TG) • Elevação da lipoproteína A e homocisteína Sistema respiratório • Hipoventilação, dispneia, derrame pleural • Baixa resposta a hipercapnia e hipóxia • Falência respiratória em casos severos (coma mixedematoso) • Rouquidão Sistema gastrointestinal • Constipação crônica e impactação fecal • Íleo adinâmico • Inapetência e ganho ponderal (associação direta com obesidade é incomum) Pele e Fâneros • Pele seca, unhas quebradiças e redução da sudorese • Madarose: rarefação da porção distal das sobrancelhas • Alopecia, cabelos secos e quebradiços • Edema palpebral, rouquidão (acúmulo de proteínas nas cordas vocais), intolerância ao frio Função renal • Redução da TFG • Hiponatremia dilucional por retenção hídrica Sistemareprodutor • Redução da conversão de precursores do estrogênio − Altera a secreção de LH e FSH • Menorragia (inicialmente), amenorreia • Ciclos anovulatórios e infertilidade • Redução da libido e disfunção erétil Sistema osteomuscular • Fraqueza muscular com hiporreflexia (reflexos profundos) • Mialgias, artralgias, câimbras, parestesias • Síndrome do túnel do carpo, derrame articular Sistema nervoso central • Fadiga crônica e letargia • Dificuldade de concentração • Labilidade emocional e depressão • Diagnóstico diferencial sempre com patologias psiquiátricas: transtornos de humor, psicose, ... Alterações laboratoriais • Aumento de TGP, TGO e CPK • Aumento de prolactina (50%) -> galactorreia (15%) • Anemia leve a moderada normo, micro ou macrocíticca − Redução da síntese de hemoglobina − Perda de ferro por menorragia e redução da absorção TGI − Redução da absorção de folato − Associação com anemia perniciosa (auto-imune deficiência de vit B12, tem-se um anticorpo contra a célula parietal do estômago responsável pela produção do fato intrínseco) Anti-Tireoperoxidase (anti-TPO) • Anticorpo principal • É um marcador de autoimunidade • Presente em 25% das pessoas saudáveis • Não auxilia no seguimento dos pacientes com hipotireoidismo • Pode auxiliar na definição da causa do hipotireoidismo • Solicitar especialmente em casos de bócio sem hipotireoidismo, no hipotireoidismo subclínico e em alguns casos de tireoidites (predizer a chance de evolução para hipotireoidismo franco) • Considerar solicitar, se risco de doença tireoidiana autoimune 6 Natasha Ferreira ATM25 DIAGNÓSTICO Rastreio para pacientes sem suspeita é controverso, cada associação recomenda algo: • AAFP e ACP recomendam rastreio em mulheres de idade avançada • ATA e AACE recomenda dosar TSH em qualquer paciente de risco, como DMI e outras doenças autoimune, HF, história de radiação cabeça-pescoço, história de cirurgia tireoide, etc TRATAMENTO Metas • Melhora dos sintomas e normalização do TSH • Redução do tamanho do bócio (se presente) • Evitar overtreatment (hipertireoidismo iatrogênico) Reposição de Tiroxina (T4) em jejum (ou 3h após a última refeição) • Meia vida mais longa que o T3 (7 dias) • T3 será administrado em raras situações (coma mixedematoso) • Deve ser administrado separadamente dos outros medicamentos • Melhora clínica inicial em aproximadamente 2-4 semanas • Melhora clínica total de alguns sintomas pode demorar meses • Dose inicial calculada por faixa etária e peso Se suspeita inicial de Hipotireoidismo central, pedir T4L 7 Natasha Ferreira ATM25 Ajuste de dose de Levotiroxina • Objetivo: manter o TSH dentro dos valores da normalidade • Reavaliar TSH após 6 semanas de mudança de dose (é o período em média que alterará o TSH) • Controle anual após chegar na dose ideal • Na gravidez, em geral, há necessidade de aumento de dose. Valor de referência do TSH • O limite superior do TSH é controverso • Valor normal: até 4.5 – 5.0mU/L (em não gestantes) • Estratificar por idade HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO Aumento dos níveis de TSH associado a concentrações normais dos hormônios tireoidianos (T4L) Prevalência estimada em 4-20% e maior em pessoas idosas 90% tem valores de TSH entre 4-10mU/L (62% normalizam TSH em 5 anos) Quadro inespecífico, com sintomas em 1 a cada 3 pacientes (semelhantes ao hipotireoidismo, e presentes em 25% da população sem alteração de TSH) Para diagnóstico, é necessário persistência do > TSH (repetir em 2-3 meses), bem como: • Ausência de doenças hipotalâmicas e hipofisiárias: TSH pode estar pouco elevado em alguns destes casos • Ausência de doenças não tireoidianas: repetir exames após 4-6 semanas de doenças agudas Doses iniciais de 1-1,2 mcg/Kg/dia (adulto) COMA MIXEDEMATOSO Perfil do paciente: mulher idosa com hipotireoidismo de longa data Mortalidade elevada Desencadeantes: • Infecções • Cirurgias • Anestesias • Eventos cardiovasculares (AVC, IAM) • Sedação • Sangramento trato gastrointestinal Quadro clínico • Redução do nível de consciência (até coma) • Hipotermia • Hipoventilação, hipoglicemia, hipoxemia • Leucopenia, hiponatremia (SIADH) – redução da concentração plasmática de sódio Manejo • Suporte (temperatura, ventilação, dis. Hidroeletrolíticos, choque, hipoglicemia) • T4 endovenoso (se disponível) em dose de ataque e posterior manutenção + T3 EV • Hidrocortisona EV (possibilidade de insf. Adrenal associada) 8 Natasha Ferreira ATM25 HIPOTIREOIDISMO SECUNDÁRIO Diagnóstico • Suspeitar quando doença hipofisiária conhecida, evidência de tumor hipofisiário ou na presença de outros déficits hormonais, sugerindo Hipopituitarismo • TSH pode estar normal ou baixo • Dosagem de T4Livre e total pois a hipófise não está produzindo Manejo • Reposição de Levotiroxina e controle do tratamento pelos níveis de T4 (manter valores no limite superior da normalidade) HIPOTIREOIDISMO EM GESTANTES TSH de 2,5 com TPOAb positivo já será tratado HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO Diferente dos casos de Hashimoto em que a mãe passa os anticorpos via placenta para o bebê Rastreio faz parte do teste do pezinho – essencial para a formação do SNC Causas • Tireoide ectópica, agenesia • Erros inatos da biossíntese tireoidiana • Exposição materna a iodo radioativo ou a iodetos, etc Quadro clínico • Dificuldade respiratória • Icterícia persistente, hérnia umbilical • Queda tardia do coto umbilical • Choro rouco (principal), macroglossia • Dificuldade para se alimentar • Atraso do desenvolvimento neurológico • Atraso para fechamento das fontanelas • Atraso da calcificação das epífises Teste do pezinho • TSH no papel filtro • Confirmação com dosagem sérica de TSH neonatal • Tratamento com tiroxina (50mg – dose inicial) • Consequência se não tratado: Cretinismo (déficit neurológico significativo) TIREOIDITES Grupo heterogêneo de doenças inflamatórias da tireoide Pode estar associado a disfunção transitória ou permanente hormonal da tireoide Etiologia Dor tireoidiana presente • Tireoidite infecciosa (aguda ou crônica) • Tireoidite granulomatosa subaguda • Tireoidite secundária a outras causas (radiação, trauma, palpação) Dor tireoidiana ausente • Tireoidite indolor ou Linfocítica subaguda • Tireoidite linfocítica crônica (Hashimoto) • Tireoidite fibrosante (Riedel) • Tireoidite secundária a medicações (amiodarona, interferon, lítio, ...) • Tireoidite pós-parto TIREOIDITE AGUDA Conhecida como tireoidite infecciosa, supurativa Quadro raro de infecção da tireoide Mais comum quando doença tireoidiana existente (câncer, bócio multinodular) ou defeitos anatômicos (fistula do seio piriforme, persistência do cisto tireoglosso) Disseminação por via hematogênica, linfática ou por estruturas adjacentes Fatores predisponentes: defeitos anatômicos, idade avançada e imunossupressão Etiologia bacteriana na maioria dos casos: 9 Natasha Ferreira ATM25 • Streptococcus piogenes, Staphylococcus Aureus, Streptococcus pneumoniae • Organismos anaeróbicos e fungos: em geral são casos crônicos e em indivíduos imunodeprimidos Quadro clínico • Dor cervical anterior intensa e de início súbito • Massa unilateral cervical dolorosa • Toxicidade sistêmica, febre alta • Disfagia, sintomas constitucionais (fraqueza, dor articular,..) • Adenomegalias cervicais, sinais flogísticos Diagnóstico • Leucocitose com desvio, aumento de VHS (velocidade de hemossedimentação - marcador inflamatório inespecífico) • Função tireoidiana normal, na maioria dos casos • Hipertireoidismo é incomum • Cintilografia e RAIU/24hs normais • Ultrassonografia:localização do abscesso ou processo supurativo e diagnostico diferencial • PAAF (punção aspirativa por agulha fina) Tratamento • Internação hospitalar e antibioticoterapia EV de amplo espectro • Drenagem de abscesso e cultura para identificação de agente patológico TIREOIDITE SUBAGUDA GRANULOMATOSA Também conhecida como tireoidite de Quervain/ de células gigantes Causa mais comum de tireoidite dolorosa 5x mais frequente em mulheres, 30-50anos acometimento sazonal (mais casos no inverno) Diagnóstico diferencial com tireoidite aguda Doença autolimitada, etiologia viral Quadro clínico • Dor cervical abrupta e intensa + bócio de consistência firme e doloroso, 1 a 3 semanas após quadro de infecção de vias aéreas superiores • O paciente procura o médico por dor, e não por sintomas de hipo/hipertireoidismo. • A dor pode irradiar para regiões superiores do pescoço, com piora ao tossir, deglutir, ou ao movimentar a cabeça. • Pode cursar com disfunção tireoidiana (na aguda é incomum), com evolução trifásica! • Em geral, precedido por fase prodrômica (astenia, mal-estar, artralgias, febre baixa) • Febre alta (até 40ºC) Sintomas relacionados a disfunção tireoidiana, conforme a fase da doença Evolução trifásica clássica (variável) • Aproximadamente 60% tem sintomas e sinais de hipertireoidismo (de 1-2 meses) − Dor é predominante nesta fase da doença • Fase de hipotireoidismo em 70% dos casos, em geral transitória, procedida por curto período de eutireoidismo • Maioria dos casos sem sintomas de hipotireoidismo • Podendo chegar a 6 meses • O hipotireoidismo permanente 5-15% casos Evolução trifásica Apresentação clínica de disfunção tireoidiana de alguns tipos de tireoidite: • Tireoidite subaguda granulomatosa • Tireoidite indolor e tireoidite pós-parto 10 Natasha Ferreira ATM25 1ª Fase: Hipertireoidismo • Dano folicular e proteólise da tireoglobulina com liberação de T3 e T4 na circulação em quantidade elevada (destruição da tireoide e liberação hormonal) 2ª Fase: Hipotireoidismo • Aumento do TSH acima do normal • Posterior a destruição de células foliculares 3ª fase: Recuperação (eutireoidismo) • Regeneração folicular, não ocorre em todos os casos Laboratório e Imagem • Discreta anemia, leucocitose ausente ou discreta • Elevação significativa de VHS (> 50-100 mm/h) • Elevação de tireoglobulina (por destruição da glândula) • RAIU/24h: baixa (processo agudo) − RAIU: captação de Iodo • Aumento de T4 desproporcional ao T3 • Relação T3/T4 <20 (reduzida) Tratamento • AINES para controle da dor • Prednisona, caso dor refrataria • β-bloqueador, caso hipertireoidismo sintomático (para controle dos sintomas adrenérgicos) • Drogas antitireoidianas e iodo radioativo NÃO estão indicados (a produção não está aumentada, apenas a liberação) • Levotiroxina: caso hipotireoidismo sintomático (reavaliar, pois, é transitório) TIREOIDITE LINFOCÍTICA SUBAGUDA Conhecida como tireoidite indolor, tireoidite silenciosa Lembrando que a linfocítica crônica é a de Hashimoto Variante da tireoidite autoimune crônica Infiltrado linfocitário semelhante a tireoidite de Hashimoto Corresponde a 1-5% dos casos de tireotoxicose Mais frequente em mulheres (2x), 30-40 anos Quadro clínico • Hipertireoidismo leve e de curta duração (1-4 semanas) • Bócio difuso (50%), discreto e indolor • Fase de hipotireoidismo em 40%, seguida de recuperação completa e maior chance de hipotireoidismo futuro • Diagnostico diferencial com Doença de Graves Tratamento • β-bloqueador: caso hipertireoidismo sintomático • Drogas antitireoidianas e iodo radioativo não estão indicados • Levotiroxina: caso hipotireoidismo sintomático (reavaliar) TIREOIDITE PÓS-PARTO Ocorre dentro do primeiro ano após o parto ou aborto 11 Natasha Ferreira ATM25 É uma variante da tireoidite silenciosa Curso clínico e achados patológicos semelhantes a tireoidite silenciosa Ocorre em 8-10% das gestações Tendência a recorrência em gestações subsequentes (70%) Aproximadamente 50% evoluem para hipotireoidismo permanente TIREOIDITE LINFOCÍTICA CRÔNICA Também conhecida como tireoidite de Hashimoto/ Crônica Autoimune Infiltração linfocítica tireoidiana e presença de células de Hurthle Patogênese parcialmente esclarecida, 70% genética, 30% ambiente Etiologia autoimune, predisposição genética (HLA) Associação com outras doenças autoimunes (vitiligo, artrite reumatoide, anemia perniciosa, LES...) Mais frequente causa de tireoidite e de hipotireoidismo É a principal causa de hipotireoidismo com bócio em adultos Doença comum, 5-20x mais frequente em mulheres (5-15%) do que em homens (1-5%), idade 40-60 anos Anti-TPO + em 90-95% dos casos e anti- tireoglobulina em 20-50% Quadro clínico • Bócio difuso com consistência firme e superfície irregular • Dor e desconforto cervicais são raros • Sintomas de hipotireoidismo ao diagnóstico em 20% • Manifestação de hipertireoidismo é rara (5%) • Linfoma de tireoide: raro (atentar para bócio de rápido crescimento) Curso variável da doença • Função tireoidiana normal • Hipotireoidismo subclínico • Hipotireoidismo franco TIREOIDITE FIBRÓTICA INVASIVA Também conhecida como tireoidite de Riedel Raro e de etiologia desconhecida Extenso processo fibrótico da tireoide e estruturas vizinhas Tireoide aumentada e endurecida Compressão de vias aéreas Diagnóstico diferencial com carcinoma anaplásico de tireoide Tratamento: tireoidectomia total TIREOIDITE MEDICAMENTOSA Quadro clínico agudo ou subagudo e com mecanismo variável O principal exemplo é a Amiodarona 12 Natasha Ferreira ATM25 HIPERTIREOIDISMO Produção excessiva de hormônios tireoidianos pela tireoide Não confundir com Tireotoxicose • Síndrome clínica resultante da exposição a altos níveis de hormônios tireoidianos (exógenos ou endógenos) • Doses exacerbadas de medicações, tireotoxicose factícia, etc • Quem tem hipertireoidismo descompensado, terá tireotoxicose • Principais causas são: − Bócio difuso tóxico (Doença de Graves) − Adenoma Tóxico (Doença de Plummer) − Bócio multinodular tóxico − Tireoidites, formas raras Quadro clínico de qualquer Tireotoxicose Ocorre por sensibilização as Catecolaminas • Insônia, fadiga extrema • Fraqueza muscular proximal (hiperreflexia) • Diarreia ou polievacuações • Sudorese excessiva, intolerância ao calor • Emagrecimento não intencional • Tremores finos • Ansiedade, nervosismo • Hipertensão divergente, palpitações • Desmineralização óssea • Microcitose com ou sem anemia • Sinal de Lid Lag (atraso palpebral) • Olhar assustado, retração palpebral (é diferente da oftalmopatia de graves) • Onicólise (unhas de plummer) DOENÇA DE GRAVES É a causa mais comum de Tireotoxicose e de Hipertireoidismo 13 Natasha Ferreira ATM25 É uma doença autoimune Predisposição familiar Associação com HLA, fatores ambientais e endógenos Pode acometer pessoas de qualquer idade Mais comum em jovens, entre 20-40 anos Prevalência 5x maior em mulheres Fatores desencadeantes • Tabagismo, estresse, infecções, exposição ao iodo, gestação Evolução natural • Remissão espontânea em 10-20% • Hipotireoidismo em 20-30 anos por destruição autoimune em 50% Patogênese • Os mesmos antígenos encontrados na tireoide são encontrados nos tecidos dos olhos (fibroblastos orbitais e músculos das órbitas) Quadro clínico específico de Graves Baseiam-se nos sintomas de Tireotoxicose + manifestações específicas • Bócio difuso - 98% • Oftalmopatia - 20-40% • Dermopatia - 5-10% • Acropatia - 1% − Dermopatia proliferativa, edema de partes moles de pése mãos, baqueteamento digital, periostite Oftalmopatia de Graves • É agravada pelo tabagismo • Percebe-se nas imagens abaixo a diferença entre o olhar assustado e a Oftalmopatia de Graves • Caracterizado por hiperemia, edema, quemose, exoftalmia Dermopatia tireoidiana • Principal é o Mixedema pré-tibial • Pele com textura de couro ou casca de laranja, hiperqueratose, formação de fissuras, nódulos verrucosos e alteração no pigmento Apresentações atípicas da doença de Graves • Crianças: crescimento rápido + aceleração da maturação óssea • Mulheres: infertilidade e amenorreia • Idosos: Pequeno bócio, depressão, FA leve, fraqueza (hipertireoidismo apatético) Achados laboratoriais • TSH baixo/suprimido + T4L, T4 e T3 Total elevados (intracelular) • T3-toxicose (apenas o T3 estará elevado) → TSH baixo/suprimido + T4 T e T4L normais e T3 T elevado − Ocorre em quadros iniciais do Hipertireoidismo, quando o TSH e T4 estão normais − Por esse motivo, na suspeita de Hipotireoidismo, é pedido apenas TSH e T4, enquanto que na suspeita de Hipertireoidismo é pedido TSH, T4 e T3 Obs: Hipertireoidismo subclínico Oftalmopatia Olhar assustado (tireotoxicose) 14 Natasha Ferreira ATM25 • TSH baixo/suprimido • T4 L, T4 e T3 Total normais Anti-Receptor de TSH (TRAb) Geralmente são TRAb estimulatório, ou seja, o anticorpo se ligará a glândula e fazer o aumento da produção de hormônios Pode ser TRAb inibitório • É relativamente específico da doença de Graves • Solicitar em casos selecionados − Gestantes − Eutireoidismo + exoftalmia − Quadro clínico inicial não permitir diagnóstico Anti-TPO e anti-tireoglobulina • Podem estar presentas na doença de Graves (baixos títulos) • Tireoidite Silenciosa e tireoidite de Hashimoto Prevalência dos anticorpos Captação de Iodo em 24hs (RAIU/24Hs) • Utilizado na dúvida de diagnóstico • Diagnóstico diferencial com tireoidites e bócio multinodular não toxico US de tireoide com Doppler • Não é indicado rotineiramente • Pode auxiliar no diagnostico diferencial • Geralmente indicado quando percebe-se alterações na palpação ADENOMA TÓXICO (DOENÇA DE PLUMMER) Nódulo autônomo produtor de T3 e T4 • Neoplasia folicular benigna • T3-Toxicose • Supressão da secreção de TSH − Inibição do funcionamento normal do restante da glândula • Maior prevalência em torno dos 40 anos • Em geral os nódulos >2,5cm Obs: pode ser um adenoma folicular Achados laboratoriais • TSH baixo/suprimido • T4/T4L e T3 elevados • Relação T3/T4 >20 BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO Múltiplos nódulos autônomos produtores de T3 e T4 • Maior prevalência a partir dos 40 anos É semelhante a doença de Graves (com exceção dos achados específicos) Achados laboratoriais 15 Natasha Ferreira ATM25 • TSH baixo/suprimido • T4/T4L levemente elevados • T3 T elevado Sinal/manobra de Pemberton • Distensão venosa por compressão (grandes bócios) • Dificuldade respiratória e hiperemia facial ao elevar os braços OUTRAS CAUSAS Tireotoxicose com ou sem hipertireoidismo • Tumor hipofisário produtor de TSH • Tumor trofoblástico/mola • Tireoidite silenciosa ou subaguda (fase inicial) • Tireoidite factícia (tireoglobulina baixa ou indetectável) • Struma ovarii (teratoma ovariano) • Metástase funcionante de CA folicular de tireoide (raro) • Síndrome de secreção inapropriada de TSH • Drogas: iodo, interferon, amiodarona DIAGNÓSTICO 16 Natasha Ferreira ATM25 TRATAMENTO DROGAS ANTITIREOIDIANAS (DAT) **Betabloqueadores (atenolol, propranolol...) • Controle sintomático dos efeitos adrenérgicos (tremor, palpitação,..), mas depois da doença controlada ele já não faz mais diferença (1 mês) • Em altas doses, o propranolol (>160mg/dia) bloqueia a conversão periférica de T4 T3 (reduz fração ativa) 1ª linha de tratamento na doença de Graves, principalmente em pacientes jovens, doença leve e com pequeno bócio Metimazol • Inibe o processo de iodação da Tg mediada pela TPO • Primeira escolha, menor hepatotoxicidade Propiltiuracil • Semelhante ao metimazol + bloqueio periférico da conversão de T4 em T3 • Escolha no primeiro trimestre da gestação (aplasia cútis congênita com tpz) ou reação alérgica ao tapazol. Tempo de uso • 12-18 meses (taxa de remissão: 30-50%) Sinais de remissão • Normalização da função tireoidiana após 1 ano da suspensão do tratamento • Redução do bócio • Normalização dos níveis de TRAb (principal) – pode dizer se suspendemos ou não o uso do medicamento Efeitos adversos • Rash cutâneo (5%): prescrever anti- histamínico e manter droga, se tolerável. • Agranulocitose • Icterícia colestática (metimazol) raro • Lesão hepática celular e vasculite raro • Artrite aguda → raro Obs: suspender a droga e prescrever terapia definitiva Obs: essas drogas não são utilizadas nas tireoidites O que é agranulocitose • Febre e dor de garganta (fazer hemograma) • Diagnóstico: Leucopenia • Conduta: suspender medicamento, tratar possível infecção associada e associar um fator estimulador de colônias de granulócitos IODO RADIOATIVO Considerada terapia definitiva de escolha em não gestantes, e na ausência de Oftalmopatia moderada ou grave, recidiva após DAT Pode ser considerada para tratamento inicial (individualizar) Drogas antitireoidianas: controle da doença previamente ao iodo, especialmente em idosos e cardiopatas • Lesão celular tireoidiana com efeito em 2- 6 meses • Hipotireoidismo permanente (>80%) em 6-12 meses Obs: objetivo é levar a um hipotireoidismo por ser mais fácil de tratar e não ter tantos efeitos adversos dos medicamentos e complicações Contraindicações • Lactação, gestação ou plano de gestar em até 6 meses • Oftalmopatia severa, lesões suspeitas para malignidade 17 Natasha Ferreira ATM25 TIREOIDECTOMIA Terapia definitiva Tratamento de escolha em • Bócios volumosos, sintomas compressivos • Nódulos suspeitos de malignidade, alergia a tionamidas • Contraindicação ao iodo, preferência do paciente • Gestantes com doença severa Complicações • Hipotireoidismo • Lesão do nervo laríngeo recorrente (unilat: rouquidão/bilat: ins. respiratória) • Hipoparatireoidismo transitório ou permanente (diminuição do Ca) TRATAMENTO DE SUPORTE Oftalmopatia de Graves • Lágrimas artificiais (umectante ocular) • Fechamento mecânico das pálpebras a noite • Cabeceira elevada e uso de diuréticos Oftalmopatia severa • Prednisona ou metilprednisolona em pulsoterapia • Se refratária a corticoterapia: radioterapia ou cirurgia descompressiva • Alteração visual importante: cirurgia descompressiva TRATAMENTO DA CRISE TIREOTÓXICA Exacerbação aguda de todos os sinais e sintomas de Tireotoxicose Quadro clínico marcado por resposta adrenérgica e hipermetabolismo • Febre (38-41oC), taquicardia, sudorese, flush (rubor cutâneo) • FA e aumento da pressão de pulso • SNC: agitação, confusão, delirium, coma • Icterícia, diarreia, náuseas e vômitos • Desfecho fatal: insuficiência cardíaca e choque Fatores predisponentes • Má adesão ao tratamento • Cirurgias • Tireoidectomia sem o preparo adequado • Uso de iodo radioativo sem o preparo adequado em doença grave + bócio volumoso • Trauma • Infecções • Trabalho de parto sem preparo adequado Tratamento • Suporte hemodinâmico • B-bloqueador EV, glicocorticóides, propiltiuracil, doses saturadas de iodo (após bloqueio periférico). • Tireoidectomia, caso não responda ao tratamento clínico NÓDULOS DE TIREOIDE É a principal manifestação clínica de uma série de doenças da tireoide (condição de alta prevalência) • O objetivo da avaliação é excluir possívelmalignidade • Nódulos palpáveis são mais frequentes nas mulheres (4 - 7%) do que nos homens (1%) • Aumenta a prevalência em idosos, mulheres e em áreas deficientes em iodo 90-95% dos nódulos de tireoide são benignos • Bócio multinodular (adenoma colóide) • Tireoidite de Hashimoto (crônica linfocítica) • Cistos (coloide, simples ou hemorrágico) • Adenoma folicular (macro ou microfolicular) • Adenoma de cel. Hurtle Mesmo quando são malignos, 95% correspondem a carcinomas bem diferenciados (papilar e folicular) 18 Natasha Ferreira ATM25 Quando detectada presença de nódulo único palpável ao exame físico, 20-40% dos pacientes apresentarão nódulos adicionais na investigação com US. A maioria das pessoas será assintomática Anamnese e exame físico para detecção de nódulo de tireoide • História clínica completa, HF, características clínicas sugestivas de câncer, padrão de crescimento do nódulo, idade, irradiação cervical • Realização de um exame físico minucioso, palpando a tireoide, avaliando nódulos e comparando com estruturas adjacentes. • Palpar região cervical, identificar linfadenopatias e determinar suas características • Nódulos são palpáveis geralmente quando superiores a 1cm Obs: Nódulos são mais comuns em mulheres, porém, se tem suspeita de câncer, é mais provável em homens Avaliação clínica • Características clínicas sugestivas de maior chance de malignidade em nódulos • Nódulos de tireoide são 8x mais comum em mulheres, já o risco de malignidade é 3x superior em homens Avaliação laboratorial TSH • Deve ser solicitado sempre ao detectar-se nódulo de tireoide • Excluir a presença de autonomia nodular (nódulos funcionantes), que ocorre em ~5% dos casos • T4 e T3 complementam a investigação, solicitados de acordo com valores de TSH Outros exames • Calcitonina, tireoglobulina (casos específicos como carcinoma medular de tireoide) • Sem recomendações específicas, não devem ser solicitados, de forma geral, na investigação inicial dos nódulos de tireoide Quando solicitar Utrassonografia de tireoide • Presença de bócio • Suspeita de nódulo a palpação tireoidiana no exame físico • Achado incidental em exames realizados por outros motivos − US de carótidas, tomografia, ressonância, PET-SCAN... Sua função é avaliar as características suspeitas de malignidade do nódulo (sensibilidade 95%) • Investigação da região cervical e extensão da doença 19 Natasha Ferreira ATM25 • Pode ainda guiar a realização de PAAF (punção aspirativa), quando indicada • O rastreio sistemático de câncer de tireoide com US não está indicado, os riscos superam os benefícios Abordagem diagnóstica Nódulo frio Aquele que não tem capacidade de captação de iodo, ou seja, na cintilografia ele capta menos radiação (ficando opaco) Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) • Método mais acurado disponível para distinguir nódulos benignos de malignos • Sensibilidade de 65-98% e especificidade de 72-100%, dependendo da experiência do examinador e do citopatologista que interpreta o material aspirado • Procedimento relativamente fácil, de baixo custo e praticamente sem riscos de complicações mais sérias • Os nódulos hipercaptantes (quentes) e os puramente císticos não devem ser puncionados para exclusão de malignidade Quando devo puncionar um nódulo de tireoide? • Deve levar em consideração a história clínica (em especial, os fatores de risco para malignidade) • Tamanho do nódulo e os achados da ultrassonografia • TSH alto ou quando tivermos nódulos frios (TSH baixo) PADRÕES AO US E RISCO DE MALIGNIDADE Alta suspeita (risco >70%) • Puncionar se tamanho ≥ 1cm (as vezes 0,5) • Nódulo sólido hipoecóico (mais escuro que o parênquima tireoidiano) ou componente sólido hipoecóico de nódulo parcialmente cístico associado a pelo menos uma das seguintes: − Margens irregulares − Microcalcificações − Formato “mais alto do que largo” − Extrusão através de calcificação de borda − Evidência de extensão extratireoidiana Suspeita Intermediária (risco 10-20%) • Nódulo sólido hipoecóico com margens bem definidas, sem as características descritas naqueles com alta suspeita • Puncionar se tamanho ≥ 1cm Suspeita Baixa (risco 5-10%) • Nódulo sólido isoecoico (mesma cor) ou hiperecoico ou parcialmente cístico com áreas sólidas excêntricas, sem características suspeitas • Puncionar se tamanho ≥ 1,5cm Baixo < 1 20 Natasha Ferreira ATM25 Suspeita muito Baixa (risco <3%) • Nódulo espongiforme ou parcialmente cístico, sem outros padrões ao US descritos em risco alto, intermediário ou baixo • Puncionar se tamanho ≥ 2cm (observação pode ser aceitável) Benigno (risco <1%) • Nódulo puramente cístico, sem qualquer componente sólido • Sem indicação de PAAF, exceto para esvaziamento do conteúdo cístico, quando volumoso e sintomático TI-RADS tem sensibilidade inferior para detecção de CA de tireoide, porém apresenta menor taxa de falsos negativos em comparação a ATA Estudos a longo prazo para avaliação da eficácia do acompanhamento não cirúrgico de nódulos de tireoide CLASSIFICAÇÃO DE BETHESDA É utilizada para a descrição dos resultados da análise citológica após a PAAF - 1,0 cm 21 Natasha Ferreira ATM25 Conduta de Bethesda Bethesda III • Lobectomia, se resultado mantido após repetição da PAAF, 3-6 meses da inicial • Considerar tireoidectomia total − Mutação positiva (estudo molecular), nódulo > 4cm, alto risco para câncer, doença bilateral Bethesda IV • *Somente em casos de condições clínicas desfavoráveis ou imagem tranquilizadora • **Cirurgia é o padrão ouro (lobectomia ou tireoidectomia total) Bethesda V • *Somente para complementar risco • **Cirurgia é o padrão ouro (lobectomia ou tireoidectomia total) Bethesda VI • Considerar acompanhamento − Microcarcinoma papilar de baixo risco − Curta expectativa de vida − Outras intervenções médicas prioritárias − Alto risco cirúrgico 22 Natasha Ferreira ATM25 CÂNCER DE TIREOIDE CARCINOMA PAPILAR DE TIREOIDE (80%) Carcinoma diferenciado Apresentação • Nódulo firme e sólido, ocasionalmente com calcificações, hemorragia, necrose e formação cística. • Pode ser encontrado como achado ocasional em tireoidectomia por outros motivos (microcarcinomas) Evolução • A maioria confinado a tireoide e linfonodos regionais • Pode exibir metástases intraglandular e em linfonodos cervicais (disseminação linfática) • Costuma ser mais agressivo em idosos Acompanhamento • Secretam tireoglobulina − o único local do corpo que produz a tireoglobulina é a tireoide, então após tireoidectomia, se ainda for detectável essa proteína no sangue, é indicativo de metástases • São radiossensiveis. Além da cirurgia, pode-se prescrever Iodo radioativo • Além disso, no tratamento para carcinomas diferenciados, deve-se suprimir o TSH com altas doses de Levotiroxina para diminuir o risco de recidiva. CARCINOMA FOLICULAR DE TIREOIDE (10%) Carcinoma diferenciado Apresentação • Avaliação de nódulos de tireoide ou metástases. Evolução • Potencial metastático para ossos, pulmões e outros sítios (disseminação hematogênica) Acompanhamento • Secretam tireoglobulina e são radiossensiveis, e raramente secretam T3 ou T4. Microscopia • Pequenos folículos com pouco colóide Diagnóstico • Anatomopatológico: diferenciar adenoma de carcinoma (invasão capsular ou vascular) 23 Natasha Ferreira ATM25 CARCINOMA MEDULAR DE TIREOIDE Apresentação • 80% esporádicos 20% familiares Evolução • Tumores mais agressivos, com invasão local, tecidos adjacentes e linfonodos Acompanhamento • Secretam calcitonina e antígenocarcinoembrionario (CEA) • NÃO são radiossensíveis e não secretam Tireoglobulina CARCINOMA ANAPLÁSICO DE TIREOIDE Apresentação • Geralmente acometem idosos, com histórico de bócio há vários anos. • Crescimento abrupto em semanas a meses, levando a dor, disfagia e dispneia Acompanhamento • Morte em 6-36 meses com invasão local e metástases. • Resistente a terapias atuais • Traqueostomia
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