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1 BIOLOGIA CELULAR 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA ................................................................................................................................ 2 1.0 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 3 2.0 A HISTÓRIA DA BIOLOGIA CELULAR ........................................................................................ 4 2.1 A Importância da Biologia Celular ............................................................................................. 5 2.2 Célula: O Material de Estudo da Biologia Celular ................................................................. 7 2.3 A Microscopia na Biologia Celular ......................................................................................11 3.0 QUÍMICA DA CÉLULA .................................................................................................................14 3.1 Divisão Celular ...................................................................................................................16 3.2 Importância da Meiose ............................................................................................................17 3.3 Mitose ...............................................................................................................................19 3.4 Importância da Mitose .......................................................................................................24 4.0 MEMBRANA CELULAR ...........................................................................................................25 4.1 Composição e Estrutura da Membrana .................................................................................26 4.2 Fluidez da Membrana ..............................................................................................................31 5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................37 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1.0 INTRODUÇÃO A citologia clínica é o estudo das doenças através das células que são provenientes de um processo de raspagem, descamação natural de uma superfície epitelial, cavitária ou obtidas por punção aspirativa por agulha fina. A citologia clínica foca no estudo e pesquisa de células neoplásicas (malignas), além oferecer diversos subsídios importantes no diagnóstico de doenças da vagina, doenças que acomete o colo do útero, enfermidades de etiologia inflamatória, além de poder determinar nível hormonal. A citologia clínica iniciou-se através de pesquisas realizadas pelo médico George Papanicolau, sendo atualmente um d os métodos de diagnósticos com maior importância na prática médica atual. As pesquisas iniciais do médico George Papanicolau tinham como objetivo alvo, o conhecimento dos efeitos hormonais sobre a mucosa vaginal, utilizando como meio de investigação esfregaços vaginais provenientes de animais de laboratórios e posteriormente de mulheres. Através das pesquisas realizadas, George Papanicolau desenvolveu uma técnica chamada “esfregaço de Pap” que posteriormente passou a ser utilizada na detecção de células malignas de câncer cervical. Em 1943, os conceitos de câncer precoce e “carcinoma in situ” já eram amplamente conhecidos, e finalmente houve grande entusiasmo da comunidade médica, especialmente ginecologistas, que aprenderam o potencial do “esfregaço de Pap” na prevenção do câncer cervical. No início do s éculo, o câncer de colo uterino constituía -se como a principal causa de morbidade e mortalidade por câncer, em mulheres, com a prática da citologia gerou um grande impacto, modificando o perfil dessa situação. O método de esfregaço de Pap, também conhecido com o exame de Papanicolau ainda é considerado o método mais confiável na prevenção do câncer de colo uterino. 4 2.0 A HISTÓRIA DA BIOLOGIA CELULAR No ano de 1930, os cientistas alemães Matthias Jakob Schleiden e Theodor Schwann propuseram a teoria celular, na qual afirmam que a célula é a unidade básica estrutural e funcional de todos os seres vivos, e que todas as células se originam de células preexistentes. Muitos autores consideram esse fato como o marco do nascimento da biologia celular. Entretanto, muitos anos antes, outros pesquisadores também realizaram importantes estudos nessa área e que merecem destaque, como é o caso do estudo de Robert Hooke, que, no ano de 1665, publicou o primeiro trabalho usando a microscopia como uma ferramenta de análise do material biológico. É importante destacar que Hooke foi quem utilizou primeiramente o termo “célula”, dando esse nome aos espaços vazios que observava em um material de cortiça. O que Hooke observava, na verdade, eram as paredes celulares de células, estando elas mortas; por isso, o espaço vazio. No entanto, tempos depois, descobriu- se que aqueles espaços vazios continham material vivo, e a célula passou a ser considerada uma estrutura viva. Além de Hooke, podemos destacar Antonie van Leeuwenhoek, pesquisador holandês, que relatou a descoberta dos protozoários, no ano de 1674; além da descoberta dos glóbulos vermelhos sanguíneos em peixes, anfíbios e alguns mamíferos, como o ser humano, em 1675; também desenvolveu uma série de microscópios e lentes especiais, entre outras contribuições. A primeira organela celular descrita foi o núcleo celular. Alguns autores creditam essa descrição ao pesquisador botânico Robert Brown, que visualizou o núcleo de células de orquídeas no ano de 1836. Entretanto, outros autores creditam essa descoberta ao pesquisador Antonie van Leeuwenhoek, que já havia visualizado o núcleo em hemácias de salmão (diferentemente das hemácias em mamíferos, nos salmões elas são nucleadas), em seus trabalhos realizados no século XVII. 5 Inúmeros outros cientistas fizeram grandes contribuições para a biologia celular, e, à medida que novas tecnologias surgem, novas descobertas são realizadas e colaboram para o desenvolvimento dessa área. O desenvolvimento da microscopia, por exemplo, trouxe considerável avanço para a biologia celular, como veremos no próximo tópico. 2.1 A Importância da Biologia Celular A biologia celular é de vital importância para a compreensão dos processos biológicos básicos envolvidos na composição e função dos organismos, mas seu ensino em sala de aula tende a dar prioridade à nomenclatura da estrutura e dos fenômenos celulares, ao invésde seu significado e contextualização. O ensino é feito de forma fragmentada, tentando entender o todo de cada parte, mas geralmente não é dado no final para mostrar a integração dessas partes e como é complicado. A membrana celular, o citoesqueleto e as organelas e suas respectivas funções são estudadas separadamente. Finalmente, quando os alunos precisam entender que as células são as unidades morfológicas e funcionais da vida e têm todas as características necessárias para manter as células, geralmente não conseguem fazê- lo. Além disso, a célula costuma se apresentar de forma estereotipada, ou seja, uma 6 "célula protótipo", como se todas tivessem o mesmo conjunto de estruturas, embora cada célula tenha muitas características comuns, por exemplo, a hemácia - sem núcleo verdade célula nuclear. Devido ao tamanho microscópico das células, a pesquisa com células requer um certo grau de abstração e imaginação de professores e alunos. O aparecimento do microscópio tornou este mundo microscópico anteriormente invisível e desconhecido visível e perceptível, mas a tridimensionalidade deste mundo requer mais compreensão do que é observado. Portanto, métodos de ensino são necessários para promover o processo de ensino, mas os mais utilizados são os livros didáticos. Muitos professores utilizam os livros didáticos como "guia principal" para a prática (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2011), mas nem todos estão satisfeitos com os livros disponíveis para o ensino (AMARAL, 2006). Isso deve-se ao fato de que, nos últimos anos, as coleções de obras didáticas não sofreram mudanças substanciais nos aspectos essenciais que derivam de fundamentos conceituais e isso, muitas vezes, acaba por dificultar o processo de aprendizagem dos alunos, pois o conteúdo presente nos livros não se relaciona com a realidade vivenciada por eles (MEGID NETO; FRACALALANZA, 2003). Como resultado, é óbvio que, ao final da educação básica, o conhecimento prévio na área de biologia celular claramente não está bem estabelecido. Conforme Palmero (2003, p. 244, tradução própria) “os desenhos habituais nos livros didáticos e materiais curriculares não têm facilitado a aquisição de uma entidade celular dinâmica, funcional, ativa, que é o que a caracteriza”. Diante desse impasse, é necessário encontrar novas alternativas metodológicas de ensino que estimulem o processo de ensino dessa disciplina na educação básica. No entanto, parece que nem todos os professores parecem estar totalmente preparados para se adaptarem à situação real dos alunos do curso de biologia celular na universidade, destacando assim novas descobertas sobre o assunto, facilitando assim a conversão efetiva do ensino em sala de aula. Escola, isso acabará interferindo em sua prática de ensino. Portanto, o objetivo deste trabalho é pesquisar e refletir sobre a existência de conteúdos de biologia celular nos cursos de graduação em ciências biológicas das universidades públicas brasileiras, por meio da análise de horários, semestres e cardápios disponibilizados. As disciplinas oferecidas 7 na grade curricular e como isso interfere na formação inicial dos graduandos em ciências biológicas. 2.2 Célula: O Material de Estudo da Biologia Celular As células são as unidades básicas estruturais e funcionais dos organismos. Alguns deles são constituídos por apenas uma célula, sendo denominados unicelulares, como bactérias, protozoários e alguns fungos e algas. Já outros organismos apresentam mais de uma célula, sendo denominados multicelulares, como animais, plantas e alguns fungos e algas. Ilustração de uma célula animal e algumas de suas principais partes. 8 As células podem ser classificadas em dois tipos: procarióticas e eucarióticas. As células procarióticas não apresentam um sistema de endomembranas, assim, seu núcleo não é delimitado e seu material genético encontra-se disperso no citosol, além disso, não apresenta organelas membranosas. No seu citoplasma estão presentes os ribossomos, estruturas celulares responsáveis pela síntese de proteínas. Essas células são encontradas em bactérias e cianobactérias. As células eucarióticas apresentam um sistema de endomembranas, assim, seu núcleo, onde se encontra o material genético, é delimitado; apresentam também diversas organelas celulares, como mitocôndria e complexo golgiense. Essas células estão presentes em algas, protozoários, fungos, animais e plantas. 9 Todos os seres vivos são formados por células, estruturas consideradas a unidade fundamental da vida. Cada uma dessas estruturas, no entanto, apresenta-se de forma diferente de organismo para organismo. Os seres procariontes, por exemplo, apresentam células sem núcleo definido. Já os seres eucariontes possuem seu material genético envolto por membrana, formando um núcleo individualizado. Entre as células eucariontes, podemos destacar dois tipos principais: a célula animal e a célula vegetal. Esses dois tipos celulares apresentam várias características que permitem sua diferenciação. Analisando as células animal e vegetal, podemos perceber que ambas apresentam membrana plasmática constituída por lipídios e proteínas. Vale destacar que essa característica está presente em todos os tipos celulares. Nas células vegetais, no entanto, percebe-se ainda um envoltório que protege a membrana plasmática externamente, a chamada parede celular. Essa parede é formada principalmente por celulose e é responsável, entre outras funções, por garantir resistência e forma à célula e protegê-la contra patógenos. 10 Observando internamente as células animais e vegetais, percebe-se uma grande e diversificada quantidade de organelas celulares. Algumas dessas estruturas são comuns a ambas as células; outras, no entanto, são exclusivas e, consequentemente, servem como parâmetro para a classificação. Veja a seguir um quadro que evidencia as organelas encontradas em cada tipo celular: Como pode ser observado na tabela acima, as organelas marcantes de uma célula animal são o lisossomo e o centríolo. O lisossomo é uma organela responsável pela digestão intracelular e está relacionado com a nutrição da célula e reciclagem de componentes celulares. Já o centríolo é uma organela que se relaciona com o processo de divisão celular. Vale frisar que os centríolos são encontrados na maioria das células animais e também em briófitas e pteridófitas. Nas gimnospermas e angiospermas os centríolos estão ausentes. As organelas exclusivas das plantas são os plastos, os vacúolos de suco celular e o glioxissoma. Os plastos são organelas formadas por dupla membrana e que apresentam DNA próprio. Entre os plastos conhecidos, destaca-se o cloroplasto, que, 11 por sua vez, está relacionado com a fotossíntese – processo no qual a energia luminosa transforma-se em energia química e ocorre a fixação do carbono. Nas células vegetais, também se encontra o vacúolo de suco celular, uma estrutura saculiforme que apresenta a função de armazenar substâncias, degradar macromoléculas, manter o pH adequado da célula, garantir a regulação osmótica, entre outras funções. Por fim, temos o glioxissoma, que está relacionado com a síntese de glicídios a partir de lipídios. São encontrados em maiores quantidades em células das sementes, onde exercem papel fundamental na germinação. 2.3 A Microscopia na Biologia Celular Os primeiros microscópios eram bastante simples, constituídos apenas por uma lente, o que restringia bastante os resultados dos trabalhos realizados. Apenas no final do século XIX surgiram os primeiros microscópios binoculares e com um conjunto de lentes objetivas que permitiam uma melhor visualização do material estudado. Com o passar dos anos, surgiram novos aparelhos, no entanto, para a visualização de diversas estruturas, era necessáriaa utilização de corantes na célula, o que acabava por levá-la à morte. A criação do microscópio de contraste de fases, em 1932, pelo físico holandês Frits Zernike, foi um grande marco para a biologia celular, pois a tecnologia desse novo instrumento permitia a visualização de algumas estruturas celulares sem o uso de corante e, assim, o estudo da célula viva. Frits Zernike recebeu o prêmio Nobel de física, no ano de 1953, por sua criação. Durante muito tempo, apenas microscópios ópticos eram utilizados nos mais diversos estudos. Nesse tipo de microscópio, a luz visível passa através do material de estudo e, em seguida, por lentes de vidro que refratam a luz, de modo que a imagem do material é aumentada à medida que é projetada para dentro do olho ou de uma câmera. O microscópio óptico tem a capacidade de aumentar, de forma eficaz, até mil vezes o tamanho do material que está sendo analisado. 12 Abordagem humanista é valorização da vida. Concepções de caráter estritamente humanista como compaixão, humildade, honestidade e valorização da vida emergiram dos textos, dando fundamentação a filosofia de cuidados paliativos como um cuidado que se aproxima do ideal de um cuidar/cuidado sensível e eficiente, entendido aqui, como a adoção de medidas e condutas que respeitem e compreendam o indivíduo como ser social, portador de valores, crenças e necessidades individuais. A valorização da vida traz o conceito de significação, ou seja, o senso e a convicção de uma vida com propósito, onde cada um desempenha um papel, sendo o viver compreendido como presente de Deus e, por fim, conceber o significado da vida como um viver em toda a sua dimensão. O microscópio eletrônico é um equipamento sofisticado que permite a visualização de estruturas que não podem ser vistas por outros equipamentos. A partir dos anos 1950, surgiram os microscópios eletrônicos, que utilizam em sua tecnologia feixes de elétrons, o que contribuiu para a detecção de estruturas ainda não reveladas pelo microscópio óptico. Essa tecnologia vem sendo sempre aprimorada, refletindo no avanço constante da biologia celular. 13 Nesta seção, você poderá aprofundar seus conhecimentos a respeito das células, suas organelas, suas funções, dos processos que ocorrem no interior dessas estruturas, entre outros temas relacionados ao ramo da biologia celular. 14 3.0 QUÍMICA DA CÉLULA Todos os seres vivos do planeta são compostos por células, a menor parte viva desses organismos. Essas estruturas são extremamente complexas e formadas por várias substâncias, que só foram descobertas graças ao avanço da Bioquímica, parte da Biologia que estuda todos os processos químicos que ocorrem nos organismos. Diversas substâncias participam da composição de uma única célula e podem ser classificadas em dois tipos básicos: substâncias orgânicas e substâncias inorgânicas. As inorgânicas são aquelas que não possuem carbono em sua composição, enquanto as orgânicas apresentam esse elemento. As substâncias inorgânicas encontradas na célula são a água e os sais minerais. A água é a substância mais abundante em todos os seres vivos e é fundamental para sua sobrevivência, pois é um excelente solvente, além de atuar transportando substâncias e participando de reações químicas. Já os sais minerais possuem as mais variadas funções, tais como condução do impulso nervoso e atuação na coagulação. Dentre as substâncias orgânicas, destacam-se as proteínas, lipídios e carboidratos. As proteínas são formadas por aminoácidos — moléculas constituídas por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Elas possuem diversas funções em nosso corpo, como a função estrutural e de transporte, atuação como enzimas e formação dos anticorpos. Os lipídios, conhecidos popularmente como gorduras, são substâncias insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, como álcool e clorofórmio. Atuam como reserva de energia e isolante térmico, participam de processos metabólicos, formam as membranas celulares e alguns hormônios, protegem órgãos contra impactos, entre outras funções. Os carboidratos, que também recebem a denominação de glicídios ou açúcares, são, sem dúvidas, a principal fonte de energia das células, além de atuarem formando a parede celular e os ácidos nucleicos. Eles são classificados em monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. 15 Nesta seção aprofundaremos no estudo das substâncias orgânicas e inorgânicas encontradas nas células. Daremos ênfase principalmente na estrutura e importância dessas substâncias para a nossa sobrevivência e para a de outros seres vivos. 16 3.1 Divisão Celular O processo de divisão celular é responsável pela reprodução das células e faz parte do ciclo celular, ou seja, do ciclo de vida de uma célula, que se inicia na sua formação por meio da divisão da célula-mãe e vai até a sua própria divisão, com a formação das células-filhas. O processo de divisão celular apresenta diversas funções importantes nos organismos, como originar um novo indivíduo e renovar as células mortas. Esse processo ocorre de forma diferente nas células dos organismos procariontes e nos organismos eucariontes. Nos organismos procariontes, como as bactérias, o DNA duplica-se e o citoplasma divide-se em duas partes, ficando cada célula com uma cópia do DNA. Nos organismos eucariontes, como os animais, o processo de divisão é um pouco mais complexo e pode ocorrer de duas formas: Meiose é o processo de divisão celular através do qual uma célula tem o seu número de cromossomos reduzido pela metade. Mitose: uma célula-mãe origina duas células-filhas com o mesmo número de cromossomos e as mesmas informações genéticas da célula-mãe. 17 Esse processo é observado, por exemplo, no crescimento de organismos, na regeneração de partes do corpo e na substituição de células mortas. Nos organismos de reprodução sexuada a formação de seus gametas ocorre por meio desse tipo de divisão celular. Quando ocorre fecundação, pela fusão de dois desses gametas, ressurge uma célula diplóide, que passará por numerosas mitoses comuns até formar um novo indivíduo cujas células serão, também, diplóides. Nos vegetais, que se caracterizam pela presença de um ciclo reprodutivo haplodiplobionte, a meiose não tem como fim a formação de gametas,[1] mas, sim, a formação de esporos. Curiosamente, nos vegetais a meiose relaciona-se com a porção assexuada de seu ciclo reprodutivo. A meiose permite a recombinação gênica, de tal forma que cada célula diplóide é capaz de formar quatro células haplóides (três no caso da orogênese) geneticamente diferentes entre si. Isso explica a variabilidade das espécies de reprodução sexuada. A meiose conduz à redução do número dos cromossomos à metade. A primeira divisão é a mais complexa, sendo designada divisão de redução. É durante esta divisão que ocorre a redução à metade do número de cromossomos. Na primeira fase, os cromossomos emparelham-se e trocam material genético (entrecruzamento ou crossing-over), antes de separar-se em duas células filhas. Cada um dos núcleos destas células filhas tem só metade do número original de cromossomos. Os dois núcleos resultantes dividem-se na Meiose II (ou Divisão II da Meiose), formando quatro células (três células no caso da orogênese). Qualquer das divisões ocorre em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase. 3.2 Importância da Meiose A meiose é fundamental para a manutenção da vida dos seres pluricelulares, pois é através dela que se formam as células de reprodução (gametas: espermatozoide e óvulo) que se juntam para formar o ovo, ou também conhecido como zigoto. 18 Na Interfase que precedeu a Meiose, tal como na que precede a mitose durante a Fase S, a quantidade de DNA duplica por replicação. Só durantea Meiose vai ser reduzida duas vezes: primeiramente na Anáfase I - com a segregação dos Homólogos - e a seguir na Anáfase II - com a separação das cromátides, Meiose e Fecundação como fontes de variabilidade. A meiose e a fecundação na reprodução sexuada são processos complementares, pois permitem que o número de cromossomos da espécie se mantenha constantes ao longo de gerações. No ciclo de vida de um ser com reprodução sexuada, ocorrem duas fases: Haplófase - Que se inicia com a Meiose e leva à formação de células haplóides. Diplófase - Que se inicia com a Fecundação e leva à formação de células diplóides. As células haplóides resultantes da Meiose, apesar de conterem o mesmo número de cromossomos, não são iguais a nível genético, pois na Metáfase I a orientação dos cromossomos homólogos é aleatória. Cada par de homólogos orienta- se independentemente da orientação dos outros pares. O número de combinações possíveis de cromossomos nas células haplóides depende do número de cromossomos da célula diplóide, que é igual a 2n (em que n é o número de pares de homólogos). Se tiver em linha de conta que ainda pode ocorrer crossing-over, de tal modo que se podem formar cromossomos com associações de genes completamente novas, então a possibilidade de combinações genéticas é extraordinariamente alta. Logo, a meiose permite novas recombinações genéticas e possibilidade de aumentar a variabilidade das características da espécie. 19 3.3 Mitose Mitose (do grego mitos, fio, filamento) é uma etapa na qual as células eucarióticas dividem seus cromossomos entre duas células menores do corpo. Este processo dura, em geral, 52 a 80 minutos e é dividido em quatro fases. Nota Prófase, metáfase, anáfase e telófase. É uma das fases do processo de divisão celular ou fase mitótica do ciclo celular. Um dos pressupostos fundamentais e principais da biologia celular é o de que todas as células se originam a partir de células pré-existentes, à excepção do ovo ou 20 zigoto que, nos seres vivos com reprodução sexuada, resulta da união de duas células reprodutivas (gametas), cada qual com metade da informação genética de seus pais. A mitose é um processo de divisão celular, já que, a partir de uma célula formada, originam-se duas células com a mesma composição genética (mesmo número e tipo de cromossomos), mantendo assim inalterada a composição e teor de DNA característico da espécie (exceto se ocorrer uma mutação, fenômeno menos comum e acidental). Este processo de divisão celular é comum a todos os seres vivos, dos animais e plantas multicelulares até os organismos unicelulares, nos quais, muitas vezes, este é o principal, ou até mesmo o único, processo de reprodução. Walther Flemming, estudando células epidérmicas de salamandra, notou alterações no núcleo de uma célula que se divide. Primeiro, os cromossomos tornavam-se visíveis como fios finos e longos no interior do núcleo (neste estágio, quando é possível ver apenas um filamento, denominamos tal filamento como cromatina), ficando progressivamente mais curtos e grossos ao longo da divisão celular (vulgarmente: condensação). Os primeiros citologistas concluíram, acertadamente, que isso se deve ao fato de os fios cromossômicos enrolarem-se sobre si. Flemming notou que, quando os cromossomos se tornam visíveis pela primeira vez, no início da divisão celular, eles estão duplicados, o que se torna evidente à medida que a condensação progride. Em uma etapa seguinte do processo de divisão, o limite entre o núcleo e o citoplasma (Membrana nuclear), bem evidente nas células que não estão se dividindo, desaparece e os cromossomos espalham-se pelo citoplasma. Uma vez libertados do núcleo, os cromossomos deslocam-se para a região equatorial (metáfase) da célula e prendem-se a um conjunto de fibras, o fuso mitótico. Imediatamente após terem se alinhado na região equatorial da célula, os dois fios que constituem cada cromossomo, denominados cromátides-irmãs, separam-se e deslocam-se para polos opostos da célula (anáfase), puxados por fibras do fuso mitótico, presas a seus centrômeros (região onde as cromátides irmãs se unem). Assim, separam-se dois grupos de cromossomos equivalentes, cada um deles contendo um exemplar de cada cromossomo presente no núcleo original. 21 Ao chegarem nos polos da célula, os cromossomos descondensam-se, em um processo praticamente inverso ao que ocorreu no início da divisão. A região ocupada pelos cromossomos em descondensação torna-se distinta do citoplasma, o que levou os primeiros citologistas a concluir que o envoltório nuclear era reconstituído após a divisão. O emprego do microscópio eletrônico, a partir de segunda metade do século XX, confirmou a existência de uma membrana nuclear, que se desintegra no início do processo de divisão celular e reaparece no final. Enquanto os dois núcleos-filhos se reestruturam nos polos da célula, o citoplasma divide-se, dando origem a duas novas células. Estas crescem até atingir o tamanho originalmente apresentado pela célula- mãe. Os primeiros estudiosos da mitose logo verificaram, que o número, o tamanho e a forma dos cromossomos variam de espécie para espécie. Os indivíduos de uma espécie, entretanto, geralmente apresentam em suas células conjuntos cromossômicos semelhantes. Por exemplo, uma célula humana tem 46 cromossomos (como as células são diplóides, tais cromossomos são divididos em 23 pares) com tamanho e formas características, de modo que se pode identificar uma célula de nossa espécie pelas características de seu conjunto cromossômico (exceção feita a casos excepcionais como, por exemplo, trissomias). Os conjuntos cromossômicos típicos de cada espécie são denominados cariótipos. O ciclo celular compreende duas fases: a Interfase e o Período de Divisão Celular ou Fase Mitótica, este segundo também designado por mitose. Na Mitose existem processos durante o qual ocorrem transformações que levam à divisão da célula, dando origem a duas outras com o mesmo número de cromossomos, com quatro principais fases: Prófase; Metáfase; Anáfase; Telófase. 22 Prófase No início da mitose, numa célula diplóide, o centrossomo e os cromossomos encontram-se duplicados. Na prófase os cromossomos começam a se condensar, tornando-se visíveis ao microscópio óptico. Cada cromossomo é constituído por dois cromatídeos unidos pelo centrômero, chamados cromossomos dicromatídeos. Depois, os centríolos deslocam-se para polos opostos da célula, iniciando-se, entre eles, a formação do fuso acromático ou fuso mitótico. Entretanto, o invólucro nuclear desorganiza-se e os nucléolos desaparecem. Essencial para a divisão dos cromossomos. Prometáfase A dissolução do envelope nuclear em fragmentos e seu desaparecimento marca o início da segunda fase da mitose, a prometáfase. Os microtúbulos que emergem dos centrossomas (centríolos), nos polos do aparelho mitótico, atingem os cromossomas, agora condensados. Na região do centrómero, cada cromátide irmã possui uma estrutura proteica denominado cinetócoro. Alguns dos microtúbulos do aparelho ligam-se ao cinetócoro, arrastando os cromossomas. Outros microtúbulos do aparelho fazem contacto com os microtúbulos vindos do polo oposto. As forças exercidas por motores proteicos associados a estes microtúbulos do aparelho movem o cromossoma até ao centro da célula. Já se tornam visíveis por meio do microscópio óptico. Metáfase A metáfase é a fase mitótica em que os centrômeros dos cromossomos estão ligados às fibras cinetocóricas que provêm dos centríolos, que se ligam aos microtúbulos do fuso mitótico. É a fase mais estável da mitose. Os cromatídeos tornam-se bem visíveis e logo em seguida partem-se para o início da anáfase. É nesta altura da mitose que os cromossomos condensados se alinham no centro da célula,formando a chamada placa metafásica ou placa equatorial, antes de terem seus centrômeros duplicados e da ocorrência do encurtamento das fibras cinetocóricas pelas duas células-filhas, fazendo com que cada cromátide-irmã vá para cada polo das células em formação. 23 Essa é a etapa em que os estudos do cariótipo são realizados, pois os cromossomos estão totalmente condensados, tornando-se visíveis. Ocorre a duplicação dos centrômeros no final da metáfase e no início da anáfase. Anáfase O centrômero duplica-se, separando dois cromatoplastídeos que passam a formar dois cromossomos independentes. As fibrilas ligadas a estes dois cromossomos encolhem, o que faz com que estes se afastem e migrem para polos opostos da célula - ascensão polar dos cromossomos-filhos. O que leva a que no final, em ambos os polos haja o mesmo número de cromossomos, com o mesmo conteúdo genético e igual ao da célula mãe. Telófase Na Telófase os cromossomos se descondensam, os cromossomos filhos estão presentes nos dois polos da célula e uma nova membrana nuclear organiza-se ao redor de cada conjunto cromossômico.[8] Com a descondensação, os cromossomos retornam à atividade, voltando a produzir RNA, e os nucléolos reaparecem. Durante a telófase, os cromossomos descondensam tornando-se menos visíveis. O invólucro nuclear reorganiza-se em torno de cada conjunto de cromossomos e reaparecem os nucléolos. O fuso acromático desaparece e dá-se por concluída a cariocinese. No final da Telófase inicia-se o processo de Citocinese. A Citocinese consiste na divisão do citoplasma que leva à individualização das células-filhas. Nas células animais (sem parede celular) forma-se na zona equatorial um anel contrátil de filamentos proteicos que se contraem puxando a membrana para dentro levando de início ao aparecimento de um sulco de clivagem que vai estrangulando o citoplasma, até se separarem as duas células-filhas. Como a divisão é feita em forma de "estrangulamento", é chamada de citocinese centrípeta. Nas células vegetais (com parede celular) como a parede celular não permite divisão por estrangulamento, um conjunto de vesículas derivadas do complexo de 24 Golgi vão alinhar-se na região equatorial e fundem-se formando a membrana plasmática, o que leva à formação da lamela mediana entre as células-filhas. Posteriormente ocorre a formação das paredes celulares de cada nova célula que cresce da parte central para a periferia. (Como a parede das células não vai ser contínua, vai possuir poros — plasmodesmos, que permitem a ligação entre os citoplasmas das duas células). Como a citocinese é feita de dentro para fora, é chamada citocinese centrífuga. 3.4 Importância da Mitose Permite renovar as células com o mesmo material genético. Nos seres unicelulares a mitose já possui o papel da reprodução em si, uma vez que gera dois seres idênticos a partir de um. Nos seres pluri ou multi celulares, a mitose possui três funções básicas e são elas: Crescimento corpóreo; Regeneração de lesões; Renovação dos tecidos. Utilização da mitose pelos seres humanos. Este processo biológico é rentabilizado pelo homem de diferentes modos: como uma técnica agrícola - regeneração de plantas inteiras a partir de fragmentos (por exemplo, cultivo de begónias, roseiras, árvores de fruta e outras); em laboratório - onde bactérias geneticamente modificadas são postas a reproduzirem-se rápida e assexuadamente, através de duplicação mitótica (por exemplo, para produzir insulina); na exploração de cortiça - a casca dos sobreiros é regenerada por mitose; e em muitas outras atividades que se tornam possíveis graças à existência deste processo de duplicação celular. 25 4.0 MEMBRANA CELULAR Definição Membranas celulares: são estruturas fluídas e delgadas que variam de 6 a 10 nm de espessura e que delimitam e compartimentam diversas organelas celulares (incluindo o núcleo, o sistema de endomembranas, os cloroplastos e as mitocôndrias), bem como a própria célula Eletromiografia de células observadas ao microscópio eletrônico de transmissão (MET), destacando a membrana celular. A dupla camada da membrana de cada célula pode ser identificada como uma região clara bordeada por duas regiões escuras. Responsável pela constância do meio intracelular e do interior de organelas. • Participa do processo de reconhecimento celular e da adesão entre células e elementos da matriz extracelular através de proteínas e glicoproteínas específicas. • Participa do mecanismo de sinalização celular, devido à presença de receptores para fatores de crescimento, hormônios, dentre outras moléculas sinalizadoras, além da presença de alguns elementos do sistema de transdução de sinal (ex.: proteínas G e receptores com função de quinases) . • Funciona como suporte para enzimas pertencentes a uma mesma via metabólica ou cadeia transportadora de elétrons permitindo uma melhor dinâmica sequencial do processo. 26 • Promove o controle da entrada e saída de moléculas e íons na célula, bem como, em suas organelas, Membrana Celular. • através da propriedade de permeabilidade seletiva conferida pela estrutura básica da membrana e por proteínas transportadoras; • Participa dos processos de endocitose, transcitose e exocitose, além de promover processos de deslocamentos de compostos pelo citoplasma e envio de moléculas de uma organela para outra, através da formação e fusão de vesículas contendo o elemento a ser transportado; • Participa de processos de comunicações entre as células. • Funciona como isolante elétrico na bainha de mielina. • Possui outras funções específicas particulares de algumas membranas. Espaço Extracelular Citosol TRANSPORTADORES PROTEÍNAS DE ADESÃO RECEPTORES ENZIMAS. Esquema gráfico da membrana citoplasmática celular ilustrando componentes proteicos que executam diversas funções na membrana celular, tais como: transportadores de solutos através da membrana, elementos que participam da ligação de uma célula com elementos citosólicos ou extracelulares, receptores de sinais e proteínas de membrana com função enzimática. Composição e estrutura das membranas. Exemplos de membranas celulares são compostas basicamente de uma bicamada lipídica, associada a proteínas e carboidratos. Diagrama de uma membrana plasmática através da propriedade de permeabilidade seletiva conferida pela estrutura básica da membrana e por proteínas transportadoras. • Participa dos processos de endocitose, transcitose e exocitose, além de promover processos de deslocamentos de compostos pelo citoplasma e envio de moléculas de uma organela para outra, através da formação e fusão de vesículas contendo o elemento a ser transportado. • Participa de processos de comunicações entre as células. • Funciona como isolante elétrico na bainha de mielina. 4.1 Composição e Estrutura da Membrana 27 Apesar das diferenças nas funções desempenhadas pelas membranas citoplasmáticas que envolvem diferentes tipos celulares, assim como, entre as membranas de diversas organelas, podemos observar que todas as membranas compartilham, invariavelmente, a mesma composição e estrutura básica. Algumas membranas possuem quase 80% de lipídios, como a membranas das células da bainha de mielina, enquanto a membrana interna da mitocôndria é constituída de 80% de proteínas e possui uma quantidade de colesterol bem menor que a membrana citoplasmática. Além disso, algumas membranas possuem elementos específicos como a cardiolipina (difosfatidilglicerol), típica da membrana de mitocôndrias, e o dolicol, um lipídio que está presente na membrana do retículo endoplasmático. O colesterol não está presente nas membranas das células vegetais, onde podemos encontrar os fitoesteróis (outrotipo de esteroide). Por outro lado, em procariontes raramente encontramos esteróis na membrana. Mosaico Fluido é como é chamada a dupla camada lipídica nas membranas biológicas; uma estrutura fluida, dinâmica, onde estão distribuídas moléculas proteicas. Em geral, a fração lipídica corresponde a 50%, do mesmo modo que a fração proteica, enquanto os carboidratos, menos numerosos, se encontram associados a proteínas ou aos lipídios (como glicoproteínas ou glicolipídios, respectivamente). Entretanto, existem diferenças quantitativas e qualitativas na composição das membranas que envolvem os diferentes tipos celulares ou diferentes organelas. A disposição dos elementos na membrana é assimétrica e permite o deslocamento principalmente da fração lipídica, motivo pelo qual as membranas são consideradas mosaicos fluidos. De fato, como será discutido posteriormente neste capítulo, existem alguns tipos de proteínas localizadas na superfície voltadas para o meio extracelular (ectoproteínas), enquanto outras estão localizadas na camada em contato com o citoplasma (endoproteínas). Do mesmo modo, a disposição dos diferentes tipos de lipídios na bicamada é assimétrica e a fração de carboidratos está preferencialmente exposta no meio extracelular, assim como as proteoglicanos. Esquema demonstrativo da assimetria da bicamada lipídica da membrana. Note que a fosfatidilserina (com carga negativa) , a fosfatidiletanolamina e o fosfatidilinositol são mais frequentes na face da membrana em contato com o citosol, enquanto o glicolipídio, a fosfatidilcolina e a esfingomielina são mais frequentes na superfície da membrana em contato com o lado externo da célula (meio extracelular) .A maioria dos lipídios que compõem a bicamada lipídica (glicerofos- 28 folipídios, esfingofosfolipídios e glicolipídios) possuem cabeça polar ou hidrofílica e caudas apolares ou hidrofóbicas (compostas de longas cadeias de hidrocarboneto), sendo assim, anfipáticos. Esta característica é essencial para formação e manutenção da bicamada lipídica, uma vez que, as caudas apolares tendem a se localizar no interior da bicamada, enquanto as cabeças polares ficam expostas ao meio aquoso citoplasmático ou extracelular. Vale dizer que esta organização também pode ser observada em lipossomas, estruturas compostas por uma bicamada lipídica fechada, com diâmetro de 0,25 até 1 µm, que se formam quando fosfolipídios são adicionados a soluções aquosas. Uma estrutura distinta que se forma quando lipídios que possuem uma única cauda de hidrocarboneto são expostos a condições semelhantes são as micelas, vesículas de diâmetro menor (geralmente de 0,001 até 0,1 µm de diâmetro) compostas de uma única monocamada fechada, com a cabeça exposta para a fase aquosa e as caudas voltadas para o interior da vesícula. A bicamada lipídica das membranas é composta de diferentes grupos de lipídios anfipáticos, os fosfolipídios (glicerofosfosfolípideos e esfin-gofosfolipídios), os glicolipídios (cerebrosídeos e gangliosídeos) e o colesterol. Embora exista a estrutura de cada tipo de lipídio , vale lembrar que os glicerofosfolipídios, principais componentes da membrana, possuem longas cadeias hidrofóbicas de hidrocarbonetos dos ácidos graxos, associadas com uma parte hidrofílica, composta de glicerol e um álcool (serina, colina, etanolamina ou inositol). Desta forma, dependendo do álcool associado, os glicerofosfo-lipídios podem ser chamados de fosfatidilserina, fosfatidilcolina, fosfa-tidiletanolamina ou fosfatidilinositol, cujas disposições na membrana ocorrem de forma assimétrica. A fosfatidilserina, a fosfatidiletanolamina e o fosfatidilinositol são predominantes na face da membrana voltada para o citosol, enquanto a fosfatidilcolina está em maior concentração na face da membrana voltada para o meio extracelular. Vale mencionar, também, que a assimetria na disposição de fosfolipídios carregados. Lipossomas são utilizados em técnicas para introduzir DNA recombinante em células animais. Neste caso, após provocar a formação de lipossomas em meio aquoso contendo o DNA recombinante, os lipossomas produzidos terão o DNA incorporado ao seu interior. Assim, ao promover a fusão destes lipossomas (contendo o DNA recombinante) com as células, o DNA recombinante pode ser transferido para o interior das células. Do mesmo 29 modo, a indústria farmacêutica e de cosmética também propõe a utilização dos sistemas de lipossomas, como veículo para introdução de outros compostos no interior da célula, assim como, fármacos e cosméticos. Micelas baseado no conceito de organização de fosfolipídios em solução aquosa é possível construir membranas artificiais, compostas apenas da bicamada lipídica. Estas membranas artificiais favorecem o estudo permeabilidade da membrana celular e das propriedades fisioquímicas dos elementos na membrana. A fosfatidilserina, que é carregada negativamente, contribui para diferença de cargas entre as duas faces da membrana, em que a face voltada para o citosol é carregada negativamente, enquanto a face voltada para o meio extracelular possui 30 carga positiva. Outro tipo de fosfolipídio, o esfingofosfolipídio, possui longas cadeias hidrofóbicas de hidrocarbonetos, associadas com uma parte hidrofílica, composta de serina e um álcool (colina), sendo denominado esfingomielina. Este lipídio apresenta-se em grande quantidade na face da bicamada voltada para o meio extracelular de células formadoras da bainha de mielina, promovendo o isolamento elétrico dos axônios. Por sua vez, os cerebrosídeos e os gangliosídeos, os quais possuem em sua composição um resíduo (galactose ou glicose) ou vários resíduos de monossacarídeos, respectivamente, encontram-se na face externa da membrana citoplasmática ou na face da membrana de organelas voltada para o lúmen das mesmas, do mesmo modo que a fração glicídica de glicoproteínas. Nestes locais, estes compostos desempenham importantes funções como: •Reconhecimento celular; • Adesão celular; • Proteção química contra enzimas hidrolíticas e outros compostos proteção mecânica; • Determinação do tipo sanguíneo (participação da identidade de eritrócitos), contribuem para o isolamento elétrico de neurônios, atração de íons (principalmente cátions) e água. Na face da membrana citoplasmática voltada para o meio extracelular, podemos observar uma grande quantidade da fração glicídica da membrana, chamada glicocálix ou glicocálice, que possui muitas das funções descritas anteriormente. Eletromicrografia destacando a presença do glicocálix (glicocálice) e das microvilosidades na membrana citoplasmática de células do epitélio intestinal. Representação gráfica da determinação do tipo sanguíneo no sistema AB0, promovida por diferenças no monossacarídeo terminal. Esquema dos oligossacarídeos determinantes do tipo sanguíneo AB0, presentes em eritrócitos. Note que a diferença é determinada pela presença N-Aceligalac-tosamina no tipo A, Galactose no tipo B e a ausência de monossacarídeo nesta posição no tipo 0. O colesterol, outro tipo de lipídio anfipático que compõe as membranas, um pouco menos numeroso que os fosfolipídios de membrana, organiza-se entre os 31 fosfolipídios, com seu grupamento hidroxila do C3 do núcleo cíclico orientado para a solução aquosa do citosol ou do meio extracelular. Este grupo de lipídio possui grande importância para a manutenção da fluidez da membrana. 4.2 Fluidez da Membrana A fluidez da membrana está relacionada com os movimentosdas moléculas constituintes, principalmente da fração fosfolipídica. Os fosfolipídios de membrana podem mover-se por difusão lateral, deslocando-se ao longo da superfície de uma das camadas da membrana, rotacionalmente em volta do próprio eixo, promover flexão dos ácidos graxos, ou até, mais raramente, passar de uma camada para outra, em um movimento chamado flip-flop (semelhante a uma cambalhota). Principais funções das membranas: Adesão celulares membranas citoplasmáticas de inúmeras células participam do mecanismo de ligação da célula 32 com outra célula ou com elementos da matriz extracelular, através de diferentes tipos de proteínas de membrana, como as caderinas, lectinas, ocludinas, claudinas, conexinas, dentre outras. Esses mecanismos de ligação permitem não somente manter as células unidas entre elas e com a matriz extracelular, impermeabilizando ou dando sustentação e resistência mecânica ao tecido, como também promovem meios de comunicação e troca de elementos entre as células Reconhecimento celular participação da membrana no sistema de reconhecimento celular ocorre principalmente devido à presença de glicoproteínas e glicolipídios de membrana, as quais permitem a identificação de células diferentes do mesmo organismo, inclusive células cancerígenas, ou a identificação de células de indivíduos da mesma espécie ou de outra espécie. As regiões das proteínas integrais em contato com as caudas dos lipídios de membrana geralmente exibem uma estrutura secundária em α-hélice, ricas em aminoácidos hidrofóbicos. Ao contrário, as regiões expostas ao meio aquoso apresentam uma proporção maior de resíduos hidrofílicos. Além disso, quando as proteínas de membrana se associam para formar um “túnel”, com abertura nas duas faces da membrana para permitir a passagem de elementos hidrofílicos, podemos notar uma prevalência de aminoácidos hidrofílicos na superfície interna do túnel. Contudo, a região destas proteínas exposta aos ácidos graxos dos lipídios de membrana é rica em aminoácidos hidrofóbicos. Células de defesa do organismo são capazes de reconhecer células exógenas ou células “defeituosas e cancerígenas” e promover mecanismos para eliminá-las. Do mesmo modo, as células de um determinado grupo do mesmo organismo são capazes de se reconhecer e se agrupar para desenvolver um determinado tecido ou órgão, durante o desenvolvimento embrionário. Transporte através da membrana quando dois meios entram em contato, os solutos tendem a passar, por difusão, do meio em que estão mais concentrados (meio hipertônico) para o meio em que estão menos concentrados (meio hipotônico), até que os meios atinjam o equilíbrio e apresentem a mesma concentração (meios isotônicos). Nesse contexto, a permeabilidade seletiva é uma das características mais importantes da membrana celular, que funciona como uma barreira semipermeável, na qual apenas um pequeno grupo de moléculas é capaz de atravessar a membrana diretamente, atravessando a bicamada lipídica sem o auxílio de proteínas transportadoras ou de um sistema de formação e fusão de vesículas que ocorre durante a endocitose ou exocitose. 33 Esquema da passagem de moléculas através da bicamada lipídica da membrana, através de difusão simples. Note que a hidrofobicidade e o pequeno tamanho da molécula são relevantes para que o elemento possa atravessar a membrana por difusão simples. Transporte através da membrana. terminologia se aplica sempre de forma comparativa entre dois meios. Contudo, na presença de uma barreira semipermeável (como a membrana plasmática), que impede apenas a passagem do soluto, o solvente passa do meio hipotônico para o meio hipertônico. Este tipo especial de difusão é denominado osmose. Transporte através da membrana. Quando dois meios entram em contato, os solutos tendem a passar, por difusão, do meio em que estão mais concentrados (meio hipertônico) para o meio em que estão menos concentrados (meio hipotônico), até que os meios atinjam o equilíbrio e apresentem a mesma concentração (meios isotônicos). Nesse contexto, a permeabilidade seletiva é uma das características mais importantes da membrana celular, que funciona como uma barreira semipermeável, na qual apenas um pequeno grupo de moléculas é capaz de atravessar a membrana diretamente, atravessando a bicamada lipídica sem o auxílio de proteínas transportadoras ou de um sistema de formação e fusão de vesículas que ocorre durante a endocitose ou exocitose . A propriedade de permeabilidade seletiva é fundamental para a fisiologia celular, permitindo a célula controlar, através de carreadores específicos ou transporte através de vesículas, a passagem de diversos moléculas e íons para o interior ou exterior das células e organelas, assim como, diversos metabólitos (ex. glicose e aminoácidos), algumas moléculas sinalizadoras (ex. hormônios e fatores de crescimento), dentre outros elementos, além de promover a manutenção de gradientes de concentração e de voltagem. Nesse contexto, dependendo do gradiente eletroquímico, os íons e moléculas atravessam a membrana, a favor desse gradiente por meio de transporte passivo (sem gasto de energia) ou contra este gradiente, via transporte ativo (com gasto de energia, geralmente derivado da quebra da molécula de ATP). O transporte passivo envolve mecanismos de difusão com a ajuda de moléculas carreadoras (difusão facilitada) ou sem ajuda, diretamente através da membrana (difusão simples), em uma velocidade proporcional ao gradiente eletroquímico. Já o transporte ativo sempre envolve a participação de moléculas carreadoras e gasto de energia para que os solutos possam se deslocar para o meio 34 mais concentrado, ou seja, contra o gradiente eletroquímico. Transporte passivo sem ajuda de proteínas carreadoras, o transporte passivo de moléculas através da membrana, a favor de um gradiente e sem auxílio de carreadores, é chamado de difusão simples. Em geral, moléculas pequenas e hidrofóbicas (não polares) são transportadas desta forma, embora algumas poucas pequenas moléculas polares não carregadas, como o glicerol e a ureia, sejam capazes de atravessar a bicamada. A água também pode atravessar a membrana diretamente, como solvente devido ao fenômeno de osmose, como discutido previamente. Assim, quando células são expostas a meios hipertônicos ou hipotônicos, a ocorrência de osmose promove intensas mudanças na fisiologia e na tonicidade da célula, geralmente levando à morte celular, em processos denominados plasmólise e crenação (saída excessiva de água). A plasmólise é caracterizada pela retração do volume das células devido à perda de água por osmose, quando a célula é exposta a um meio exterior mais concentrado (hipertônico). No caso de hemácias, este processo é conhecido como crenação, ocorrendo danos irreversíveis à célula, que podem levá-la à morte. Por outro lado, a turgência é caracterizada pelo aumento do volume devido à entrada de água na célula, através de osmose, quando a célula gradiente eletroquímico é resultado do balanço entre o gradiente de concentração e o gradiente de voltagem. Por sua vez, o gradiente de concentração refere-se a diferenças na concentração de um ou mais solutos entre dois meios, enquanto o gradiente de voltagem (elétrico) corresponde a diferenças entre o balanço de cargas entre dois meios. No caso do gradiente de concentração, gera-se uma força motriz dirigindo os solutos relacionados em direção ao meio de menor concentração do soluto em questão. Por outro lado, no caso do gradientede voltagem, o movimento ocorre em direção à carga oposta ao soluto, até que os meios se equilibrem. Contudo, na existência de ambos os gradientes, a migração do soluto é determinada pelo gradiente eletroquímico. Desta forma, quando um gradiente de concentração impulsiona um íon para migrar em um determinado sentido, enquanto o gradiente de voltagem favorece o deslocamento para o sentido oposto, o fluxo do íon deverá respeitar o gradiente que corresponder a uma maior diferença entre os meios. Caso as forças se equilibrem, o fluxo do íon será interrompido. 35 Na difusão simples, a velocidade de passagem dos solutos é proporcional do grau de solubilidade do soluto na bicamada lipídica e ao gradiente eletro-químico estabelecido. Dependendo do gradiente eletroquímico, os íons e moléculas atravessam a membrana, a favor desse gradiente por meio de transporte passivo (sem gasto de energia) ou contra este gradiente, via transporte ativo (com gasto de energia, geralmente derivado da quebra da molécula de ATP). É exposta a um meio exterior é menos concentrado (hipotônico) que o seu citoplasma. No caso de hemácias, este processo é denominado hemólise, devido ao rompimento de hemácias em resposta à entrada excessiva de água. Vale ressaltar que, na célula vegetal, podemos perceber que a célula permanece intacta, devido à proteção da parede celular, e que a mesma pode sofrer um processo de deplasmólise, se a célula for novamente exposta a um meio hipotônico ou isotônico. No entanto, vale frisar que, embora seja possível à água passar através da bicamada lipídica da membrana impulsionada por osmose, a passagem de grandes quantidades de água pela membrana envolve carreadores específicos, chamados aquaporinas. O sistema de regulação desse transporte não envolve o controle da abertura desses 36 transportadores (estando sempre abertos para a passagem de água) e, sim, o controle do número de aquaporinas presente na membrana da célula. 37 5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Calvo, Mercedes Pardo "Divisão celular. 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